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Sobre o autor
• Gustavo Dourado é presidente da Academia Brasileira de Letras de Cordel;
presidente da Academia Taguatinguense de Letras, autor de 15 livros e de centenas
de cordeis na internet. Colunista de Cronópios. E-mail:
gustavo.dourado@gmail.com Telefone: 61 – 993281839
• Coordena o site www.gustavodourado.com.br
• Quem quiser conhecer um pouco sobre a poesia popular e apreciar a criação em
cordel de Gustavo Dourado, visite:
www.gustavodourado.com.br/cordel.htm
www.gustavodourado.com.br/patriciaaraujo.htm
www.gustavodourado.com.br/cordelnaInternet.htm
www.gargantadaserpente.com/cordel/
www.triplov.com/poesia/gustavo_dourado/
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Origens do cordel
• Cordel, cordelos. Vem de corda, cordão,
cordium, cordial, toca a alma e o coração.
• As origens da literatura de cordel estão na
Europa Medieval. Tem suas bases na
França (Provença), do século XI e
posteriormente na Espanha, Portugal,
Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra.
• Chegou ao Brasil Colônia com os
navegadores portugueses, depois
incorporou a poética nativa do índio, a
criatividade e o ritmo da poesia do negro,
dos bandeirantes, garimpeiros, dos
vaqueiros e tropeiros (o aboio). Tornou-se
um ritmo sertanejo-tropical, integrando-se
a outros ritmos como o baião, o xote, o
xaxado, o maracatu e o forró.
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Polêmica e complexidade dos ciclos temáticos
• Os principais temas e ciclos do cordel
abordam assuntos diversos (síntese de
classificações): abcs; pelejas, cantorias e
desafios; religiosidade; costumes; romances;
história(estórias); circunstância(s), heroísmo
(façanhas, grandes feitos); cavalaria
(vaqueiros, bois, cavaleiros, tropeiros,
vaquejadas);
• Os cinco temas mais frequentes na
classificação popular da literatura de cordel
são os seguintes: romance, desafio, valentia,
encantamento e gracejo. Ariano Suassuna
classifica sinteticamente a literatura de
cordel nos seguintes ciclos temáticos:
histórico, heróico, moral/religioso, satírico e
maravilhoso, entre outras variações.
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Complexidade dos ciclos temáticos
• Erudito:
1) Ciclo heróico, trágico e épico;
2) Ciclo do fantástico e do maravilhoso;
3) Ciclo religioso e de moralidades;
4) Ciclo cômico, satírico e picaresco;
5) Ciclo histórico e circunstancial;
6) Ciclo de amor e de fidelidade;
7) Ciclo erótico e obsceno;
8) Ciclo político e social;
9) Ciclo de pelejas e desafios.
• Popular:
1) Romances de Amor;
2) Romances de Safadeza e Putaria;
3) Romances Cangaceiros e Cavalarianos;
4) Romances de Exemplo;
5) Romances de Espertezas, Estradeirices
e Quengadas;
6) Romances Jornaleiros;
7) Romances da Profecia e Assombração.
Classificação temática do cordel, por Ariano Suassuna:
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Mitologia e Trovadorismo
• A Literatura de Cordel, mais que centenária no Brasil (ultrapassou cem mil títulos
publicados, segundo Joseph Luyten), tem suas origens ocidentais e pré-medievais,
no universo poético de Provença, França, com os trovadores albigens (com
destaque para Arnaud Daniel, Bertran de Born, Guiraut de Bornelh e Rimbaud
Daurenga).
• As influências sobre o cordel e a poesia popular contemporânea são multidiversas:
desde a poesia mesopotâmica árabe-fenício-semítica, mediterrânea, hindu e persa, à
poética egípcio - caldaica – hebréia – greco - latina e afro - indígena... Não se pode
esquecer a influência bíblica (Pentateuco, Salmos de Davi, Provérbios de Salomão,
Cântico dos Cânticos, Apocalipse), do Lunário Perpétuo, enciclopédias,
dicionários, almanaques, dos grandes livros religiosos e belos cânticos de todos os
tempos, presentes nas diversas civilizações ao longo do processo histórico.
• A Poesia de Cordel demonstra a sua força e pujança na expressão ibero-lusitana -
afro - brasilíndia e galego - castelã... Sem esquecer da verve provençal e italiana
(latina). Os romanos com suas epopeias fecundaram a semente da poesia ocidental,
herdada dos gregos, etruscos, celtas, gauleses, bretões, normandos, nórdicos e dos
povos bárbaros da antiga Europa, Ásia e África.
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• Os trovadores foram os principais precursores e alicerces para a futura Literatura de
Cordel nos países de língua portuguesa, principalmente no Nordeste do Brasil, a
partir de Salvador-Bahia, dos portos marítimos e do Rio São Francisco, até chegar
em Barra, Petrolina, Caruaru, Campina Grande e Juazeiro do Norte, onde criou
raízes e imortalizou-se na verve dos poetas cordelistas e cantadores repentistas.
• A Literatura de Cordel foi enriquecida pela criatividade e maestria de Gil Vicente,
Camões, Rabelais, Gregório de Matos, Bocaje, Castro Alves, Gonçalves Dias,
Cervantes, José de Alencar, Tobias Barreto, Catulo da Paixão Cearense, Juvenal
Galeno, Ascenso Ferreira, Leandro Gomes de Barros, Cego Aderaldo, Patativa do
Assaré, além da contribuição incomensurável dos trovadores provençais e do
romanceiro medieval.
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Presença no Brasil
• “Por volta de 1873 o poeta cantador Silvino Pirauá publica o primeiro folheto do
Nordeste, contando histórias tradicionais em versos rimados. Silvino nasceu em
1841 no Teixeira e faleceu em 1913. Durante sua vida fez muitas inovações na
cantoria. Silvino Pirauá é considerado um gênio em seu mundo cultural, não só
pelas inovações, mas também pelas obras que publicou em versos: História de
Zezinho e Mariquinha e História do Capitão do Navio.” ( Ivonete Barros de Sousa)
• A arte de rimar e imprimir histórias tradicionais foram aprimorada por Leandro
Gomes de Barros (1865? - 1918)
• Francisco Chagas Batista publicou um folheto, no ano de 1902, em Campina
Grande, que está catalogado na Casa de Rui Barbosa - no Rio de Janeiro. É
registrado como o primeiro folheto de cordel brasileiro publicado. Muitos outros
anteriores, se perderam na poeira do tempo.
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Cordel na Pós-modernidade
José Severino da Silva
• Foi requisito para a obtenção de grau de Mestre em Letras e Ciências Humanas.
• Para alguns poetas, como Gustavo Dourado, o computador é mais um meio que
pode ajudar na divulgação do cordel, aumentando o acesso do público-leitor,
culturalizando, ultrapassando fronteiras e propagando aquilo que é o mais
importante ‘o conhecimento’.
• Segundo Gustavo Dourado, “A informática, o computador e a Internet deram
impulso fenomenal à Literatura de Cordel. Criou uma nova arte e facilitou a
divulgação e distribuição das ideias. Agora, além dos folhetos tradicionais, surgem
os folhetos virtuais e eletrônicos. É preciso integrar as duas formas. O computador
é a tipografia do cordelista. O correio eletrônico e os sites/sítios são os jornais do
poeta popular, que agora tem em suas mãos uma ferramenta maravilhosa para
desenvolver e divulgar o seu trabalho, com velocidade impressionante”.
• Para Dourado (2009) a mídia convencional, das editoras é muito seletiva e não
investe em novos talentos da poesia, se tornando uma "mera reprodutora comercial
e publicitária dessa forma arcaica e ultrapassada de divulgação cultural".
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Resumo de alguns folhetos
• São livros do povo (alicerçados no
pensamento do mestre Luís da Câmara
Cascudo e deste poeta cordelista). Fontes da
Poesia Popular do Nordeste do Brasil. Alguns
são adaptações e recriações do romanceiro
europeu. Quintessências da Literatura de
Cordel.
“Eram doze cavaleiros
Homens muito valorosos
Destemidos, animosos,
Entre todos os guerreiros
Como bem fosse Oliveiros
Um dos pares de fiança
Que sua perseverança
Venceu todos os infiéis
Os doze leões cruéis”
— Os doze pares de França
Leandro Gomes de Barros
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“Eu vou contar uma história
De um pavão misterioso
Que levantou vôo na Grécia
Com um rapaz corajoso
Raptando uma condessa
Filha de um conde orgulhoso”
- Romance do Pavão Misterioso
José Camelo de Melo Rezende
“Avistei uma cidade
como nunca vi igual
toda coberta de ouro
e forrada de cristal
ali não existia pobre
é tudo rico geral.”
- Viagem a São Saruê...
Manoel Camilo dos Santos
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“ABC é gênero antigo:
Psalmus Abecedarius
Desde Santo Agostinho:
Língua gen vocabularius
Poiesis anti-donatista:
Perfectissimus Dicionarius.”
- ABC de Vladimir Carvalho
Gustavo Dourado
Citado por Dad Squarisi:
http://blogs.correiobraziliense.com.br/dad/abc_e_isto_aqui/
, útlimo acesso 16/07/2016
“A cidade foi sonhada:
Profetas a visionaram...
Poetas a anteviram:
Muitos a preconizaram...
Juscelino a construiu:
‘Anjos’ a eternizaram...”
-Brasília 5.0
Gustavo Dourado
Eletrogravura
Toninho de Souza
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“Renato Russo fez história:
Deu ao rock poesia
Cantou em verso e prosa
Em ritmo de filosofia
Foi Trovador Solitário
Impulsionou a fantasia”
- Cordel para Renato Russo
Gustavo Dourado
Xilogravura
Padre Mourão do Cordel
“Alfredo Moacyr Uchoa
Grande Ufólogo General
100 anos no Espaço-Tempo:
Pesquisador genial
Lá no céu é uma Estrela
Galáxia do universal...”
- Grande Cordel da Ufologia Brasileira
Gustavo Dourado
Fotogravura
Pepe Chaves
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“Ariano romancista:
Poeta e professor.
Dramaturgo e filósofo:
Luminoso pensador
Cultivador da estética:
Universal criador.”
- Cordel para Ariano Suassuna
Gustavo Dourado
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Influências e confluências
• O cordel ganhou o mundo por meio do estudo, pesquisa e divulgação de mestres,
leitores, amantes e pesquisadores da cultura popular, nomes como: Luís da Câmara
Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr, Ariano Suassuna, Rodrigues de
Carvalho, Gustavo Barroso, Átila de Almeida, José Alves Sobrinho, Manoel
Florentino Duarte, Rogaciano Leite, Jorge Amado, Glauber Rocha (pai do Cinema
Novo).
• João Cabral de Melo Neto(Morte e Vida Severina), Rachel de Queiroz (O Quinze),
José Américo de Almeida(A Bagaceira), José Lins do Rego (Fogo Morto),
Graciliano Ramos (Vidas Secas), Mário de Andrade (Macunaíma), Guimarães
Rosa(Grande Sertão: Veredas) e tantos outros destaques do mundo culturaliterário.
• Na música, além de Villa-Lobos, a presença do cordel é marcante em Luiz
Gonzaga, Elomar, Zé Ramalho, Raul Seixas, Antônio Nóbrega, Quinteto Violado,
Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ednardo, Xangai, Fagner, Elba Ramalho,
Belchior, Caçulinha, Mário Zan, Zeca Baleiro, Lenine, Chico Science, Chico César,
Amelhinha, Juraíldes da Luz, Chico Buarque, Geraldo Vandré, João do Vale,
Jackson do Pandeiro, Jorge Mautner, Tom Zé, Dominguinhos, A lista é
quilométrica.
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Bibliografia
• DOURADO, Gustavo. www.gustavodourado.com.br,
último acesso em 16/07/2016
• FERREIRA, Jerusa Pires. Cavalaria em cordel: o
passo das águas mortas. 2. ed. São Paulo: Hucitec,
1993.
• FREIRE, João Lopes. A história de Carlos Magno e
os Doze Pares de França. Rio de Janeiro: [s.n., 19 - -].
• SAMPAIO, Marcos. A morte dos 12 Pares de França.
Juazeiro do Norte: Tipografia São Francisco, 1954.
• SILVA, Antonio Eugenio da. O cavaleiro Roldão.
Campina Grande: A Estrela da Poesia, 1960