O documento discute três princípios estruturantes do partenariado: 1) o sentido da diligência coletiva baseada na ação coletiva, envolvimento livre e responsabilidade compartilhada; 2) o lugar igual dos atores no partenariado com renegociação de estatutos e cultura comum; 3) a ação partenarial baseada em projetos com regras próprias e adaptação ao contexto. Também descreve três níveis de relações interinstitucionais no continuum do partenariado.
2. PARTENARIADO
FABRICE DHUME (2001)
• CONSTRUÇÃO CONCEPTUAL
• INSTRUMENTO PARA A MUDANÇA DE
PRÁTICAS E PARA A CONSTRUÇÃO DE
ESPAÇOS COLECTIVOS DE
PROFISSIONALIDADE
3. 3 PRINCIPIOS ESTRUTURANTES
• O SENTIDO DA DILIGÊNCIA COLECTIVA
• O LUGAR DOS ACTORES NO
PARTENARIADO
• A ACÇÃO PARTENARIAL
4. O SENTIDO DA DILIGÊNCIA
COLECTIVA
•ACÇÃO COLECTIVA COMO SUPORTE DE UMA COMUNIDADE
DE INTERESSE
•ENVOLVIMENTO LIVRE E CONTRATUAL
•ENVOLVIMENTO MÚTUO E NÃO RECÍPROCO (LÓGICA DE
INVESTIMENTO DE UM CAPITAL QUE REVERTE NUM OUTRO PLANO,
PARCIALMENTE SIMBÓLICO)
•PARTILHA DE UMA RESPONSABILIDADE COLECTIVA (LÓGICA DE
COMPLEMENTARIDADE)
5. O LUGAR DOS ACTORES NO
PARTENARIADO
• IGUALDADE DE ESTATUTO DOS PARCEIROS, RENEGOCIAÇÃO DE
ESTATUTOS, RUPTURA COM UM SISTEMA DE ACÇÃO
PROTOCOLAR
• OS ACTORES PERMANECEM DIFERENTES. ELABORA-SE UM
PROJECTO COERENTE A PARTIR DE UMA VISÃO
CALEIDOSCÓPICA. OPERA-SE A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA
IDENTIDADE.
• A REGULAÇÃO DO CONFLITO LEVA À EMERGÊNCIA DE UMA
CULTURA COMUM E DE RESPEITO PELAS DIFERENÇAS.
• OCORRE O NASCIMENTO DE UM NOVO ACTOR QUE CONDUZ A
UMA NOVA PRODUÇÃO
6. A ACÇÃO PARTENARIAL
• A ACÇÃO RESULTA DE UM QUADRO ESPECÍFICO COM REGRAS
PRÓPRIAS
• O PROJECTO É CONDIÇÃO FUNDADORA DO COLECTIVO E
GARANTE DA COERÊNCIA DA ACÇÃO.
• EXISTE UMA LÓGICA DE MUDANÇA EXTERIORIZADA, COM
ADAPTAÇÃO DA ACÇÃO AO SENTIDO E AO CONTEXTO DE
COMPLEXIDADE.
7. O PARTENARIADO
SITUA-SE NUM CONTÍNUUM DE
RELAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÕES
A. TRABALHO INTER-INSTITUCIONAL
B. TRABALHO EM INTER-
INSTITUCIONALIDADE
C. TRABALHO TRANS-INSTITUCIONAL
8. A - TRABALHO INTER-
INSTITUCIONAL
• O TRABALHO EM REDE
Noção de Rede: Relação entre profissionais
ou entre serviços no quadro da sua função
ou missão. A rede caracteriza os laços
(afectivos, organizacionais, comunicacionais)
entre as pessoas ou as estruturas. O laço
pode ser formal (contratualizado) ou não.
9. O FUNCIONAMENTO DE UMA
REDE ESTRUTURADA EXIGE
• ACTORES DIFERENTES COM LAÇOS ENTRE SI.
• NECESSIDADE DE FAZER APELO A UMA 3ª PESSOA
COMPETENTE OU DISPONÍVEL PARA RESOLVER UMA SITUAÇÃO
• UMA CHEFIA QUE GARANTA O FUNCIONAMENTO DA REDE E UMA
RESPOSTA SATISFATÓRIA EM RELAÇÃO À SOLICITAÇÃO
10. ALMEIDA, Helena (2001). Conceptions et pratiques de la médiation sociale. Les
modèles de médiation dans le quotidien professionnel des assistants sociaux,
Coimbra, Fundação Bissaya-Barreto / Instituto Superior Bissaya-Barreto (132-134).
“O conceito de rede pode ser entendido como um paradigma necessário à
compreensão de um novo princípio de organização da sociedade. Nesta
modalidade de trabalho descobre-se a força dos laços, a estruturalidade
e funcionalidade do quotidiano em relação à globalidade da organização
social (Sanicola, 1994). O trabalho de rede é a configuração mais ou
menos estável e permanente de interacções entre indivíduos que se
conhecem e reconhecem como actores, e que privilegiam as relações
sociais primárias. Consiste num conjunto de intervenções que permitem
que os recursos estabeleçam conexões entre si e que desenvolvam
estratégias capazes de produzir relações significativas num dado
território. Através da cooperação voluntária entre actores, a rede
assegura a conjugação de energias individuais, o que exige um
confronto de lógicas profissionais num dado momento. A necessidade
de uma acção global exige que tais lógicas sejam trabalhadas de forma
interactiva, promovendo o conhecimento interpessoal e uma dinâmica
de mudança de atitudes, de perspectivas e de acção.
Podem identificar-se três tipos de redes: a) rede de actores institucionais,
como recursos mobilizáveis - a lógica do partenariado; b) rede de inter-
conhecimentos - rede de actores no terreno para assegurar uma
abordagem global e aberta dos problemas; c) rede informal tecida pelos
sujeitos num dado território” (2001:132)
11. Porquê trabalhar em rede? Quais
as suas vantagens?
“Aquilo que mobiliza uma rede não são os objectivos institucionais strito sensu mas uma
lógica de qualidade de serviços e rapidez de acção, articulando esforços entre os vários
parceiros formais ou informais. Não são os compromissos formais que ligam os diversos
intervenientes, mas a vontade de encontrar alternativas de forma criativa para ultrapassar
problemas que embora apresentem um carácter individual também são sociais e afectam
todos os que vivem na comunidade. É a autonomia técnica e o sentimento de identidade
de interesses partilhado tanto pelos profissionais como pelas instituições que anima e
impulsiona um trabalho de rede e lhe confere eficácia. Por vezes é necessário construir
uma dupla rede de actores locais, mobilizados sobre a inserção dos sujeitos:
uma rede de actores económicos que representam o mundo do trabalho
(empresas, associações) e que permitem o enquadramento e o apoio a uma mão de obra
com características distintas (por exemplo, os deficientes)
uma rede de actores (políticos, económicos, sociais, associativos) susceptíveis de
serem pessoas-recursos, que tenham em vista o acompanhamento social e profissional
dos sujeitos e que sejam simultaneamente capazes de dar respostas práticas aos
problemas que se colocam no quotidiano. Estes actores locais são diversificados: eleitos
locais, trabalhadores sociais, formadores, professores, médicos, entre outros.
• Esta dupla rede de actores locais potenciam o trabalho de apoio e inserção social e criam
condições para um protagonismo social dos utentes dos serviços. No entanto, pressupõe
um acordo tácito entre as partes , que permita rentabilizar serviços e assegurar uma
marcação atempada das situações de risco social. O trabalho em rede permite reavivar a
esperança na construção de um futuro diferente ou renovado.” (2001:133-134)
12. B - TRABALHO EM INTER-
INSTITUCIONALIDADE
(REORGANIZAÇÃO DE COMPETÊNCIAS)
CONJUNTO DE RELAÇÕES DE COLABORAÇÃO ENTRE INSTITUIÇÕES
CUJA ORIGEM DA PROCURA PROVEM DE UMA DELAS E CUJA
FINALIDADE É A INTERVENÇÃO DE UMA OUTRA INSTITUOÇÃO-
RECURSO NA RESOLUÇÃO DE DIFICULDADES E
QUESTIONAMENTOS INTERNOS (DHUME, 2004:122).
OBJECTO DO TRABALHO EM REDE : RESPOSTA A SITUAÇÕES
DOS UTENTES
OBJECTO DO TRABALHO EM INTER-INSTITUCIONALIDADE:
NECESSIDADES INTERNAS DA INSTITUIÇÃO INICIADORA
13. C - TRABALHO TRANS-
INSTITUCIONAL
INSTITUIÇÃO INSTITUIÇÃO
1 2
Negociação das orientações
e contratualização
• ORGANIZAÇÃO DE Afectação de meios
UM PARTENARIADO
Pré-projecto Pré-projecto
Quadro especifico ao
Diagnóstico de projecto em partenariado Diagnóstico de
uma uma
necessidade necessidade
Realização do projecto
Retorno da informação
Avaliação interna
14. NÍVEIS DO COLECTIVO ATÉ AO
PARTENARIADO
CONEXÃO
CONEXÃO
DINÂMICA
IDENTIFICAÇÃO
DO OUTRO COESÃO COESÃO
RELAÇÃO DE DINÂMICA
PROXIMIDADE
COMPLEXIDADE