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MIRA SCHENDEL
A obra de Mira Schendel sempre sofreu o estigma do hermetismo, da dificuldade de compreensão por parte de um público mais amplo. Pudera. Um mundo que se fatiga sobrecarregado diante de imagens de impacto, que não se permite ao exercício do "olhar", dificilmente compreenderia o quase-nada que permeia a maior parte dos trabalhos da artista. Além disso, suas obras resistem à reprodução fotográfica e gráfica pela sutileza de suas variáveis, o que exige um "olhar de perto", uma parceria entre autor/espectador, convite à percepção e à imaginação. Mira praticamente começa a pintar no Brasil, onde chega após a 2ª guerra. Nos anos 50, já em São Paulo, pinta naturezas mortas e fachadas feitas em matéria densa, o que já a diferencia dos artistas concretos paulistas da sua época. Poucas cores e nenhum contraste. Uma pintura que não remete a nada a não ser a ela mesma, segundo palavras da própria artista, "uma matéria porosa que suga para baixo esse sujeito em pleno estado de imanência, o chão que não o deixa desprender-se em direção ao céu dos conceitos", como observa Sônia Salztein 1 . E quanto aos desenhos, esquematizados e com contornos fortes, parecem nos mostrar que "a tinta que ultrapassa a margem quer esvaziar o volume e não preenchê-lo", como já observou Lorenzo Mammi 2 .
CARACTERÍSTICAS
FORMAS DE LINGUAGEM A obra sem nome da artista plástica Mira Schendel, de 1960, é uma das que estarão expostas no MoMA, em Nova York, ao lado também dos trabalhos de Léon Ferrari
INTELECTUAL Droguinhas, série de trabalhos célebres feitos com papel japonês retorcido
Sem título , da série Amélia no Mar,1964-65, caneta hidrográfica sobre papel.
Título:   Toquinho Técnica:  letraset e ecoline sobre papel Medida:  47 x 25 cm Data:  1973
Título:   S/T Técnica:  Monotipia sobre papel Medida:  34 x 24 cm Data:  1963
Título:   S/T Técnica:  Monotipia sobre papel de arroz japonês Medida:  49x24 cm Data:  1964
•  ADÔNIS RICCIARDI •  THIAGO M. DIAS •  FELIPE D. •  GABRIEL BELIZOTI •  MAURÍCIO C.

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Obra de Mira Schendel

  • 2. A obra de Mira Schendel sempre sofreu o estigma do hermetismo, da dificuldade de compreensão por parte de um público mais amplo. Pudera. Um mundo que se fatiga sobrecarregado diante de imagens de impacto, que não se permite ao exercício do "olhar", dificilmente compreenderia o quase-nada que permeia a maior parte dos trabalhos da artista. Além disso, suas obras resistem à reprodução fotográfica e gráfica pela sutileza de suas variáveis, o que exige um "olhar de perto", uma parceria entre autor/espectador, convite à percepção e à imaginação. Mira praticamente começa a pintar no Brasil, onde chega após a 2ª guerra. Nos anos 50, já em São Paulo, pinta naturezas mortas e fachadas feitas em matéria densa, o que já a diferencia dos artistas concretos paulistas da sua época. Poucas cores e nenhum contraste. Uma pintura que não remete a nada a não ser a ela mesma, segundo palavras da própria artista, "uma matéria porosa que suga para baixo esse sujeito em pleno estado de imanência, o chão que não o deixa desprender-se em direção ao céu dos conceitos", como observa Sônia Salztein 1 . E quanto aos desenhos, esquematizados e com contornos fortes, parecem nos mostrar que "a tinta que ultrapassa a margem quer esvaziar o volume e não preenchê-lo", como já observou Lorenzo Mammi 2 .
  • 4. FORMAS DE LINGUAGEM A obra sem nome da artista plástica Mira Schendel, de 1960, é uma das que estarão expostas no MoMA, em Nova York, ao lado também dos trabalhos de Léon Ferrari
  • 5. INTELECTUAL Droguinhas, série de trabalhos célebres feitos com papel japonês retorcido
  • 6. Sem título , da série Amélia no Mar,1964-65, caneta hidrográfica sobre papel.
  • 7. Título: Toquinho Técnica: letraset e ecoline sobre papel Medida: 47 x 25 cm Data: 1973
  • 8. Título: S/T Técnica: Monotipia sobre papel Medida: 34 x 24 cm Data: 1963
  • 9. Título: S/T Técnica: Monotipia sobre papel de arroz japonês Medida: 49x24 cm Data: 1964
  • 10. • ADÔNIS RICCIARDI • THIAGO M. DIAS • FELIPE D. • GABRIEL BELIZOTI • MAURÍCIO C.