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Tratado de Terapia
de Vidas Passadas


   Volume Único




    Hugo Lapa
1ᵃ edição - 2012


                   2
Observação importante:
        Este material é o resultado de um esforço
que tem como principal objetivo divulgar o estudo
teórico da Terapia de Vidas Passadas. A totalidade
das informações aqui contidas poderá ser utilizada
livremente em cursos de formação para terapeutas
de regressão e também como informativo para a
propagação da Terapia de Vidas Passadas junto ao
público em geral.
        Seu conteúdo está devidamente protegido
pela lei dos direitos autorais. Qualquer citação de
partes desse texto deve obrigatoriamente conter a
indicação da fonte. O infrator estará sujeito à pena-
lidade conforme a legislação brasileira.
        O conteúdo aqui exposto não pode ser con-
siderado suficiente para a formação de um profis-
sional de terapia de vidas passadas. Este Tratado
deve ser encarado apenas como um manual teórico
do nosso campo de estudos, e não como material
que basta para a certificação do terapeuta. De igual
forma, não há possibilidade de que as informações
aqui contidas possam servir para o ensino das téc-
nicas terapêuticas hipnóticas, regressivas ou psí-
quicas, pois estas só podem ser aprendidas em
cursos regulares e oficiais de formação.
        Este material não foi escrito numa sequên-
cia de ideias. Isso significa que a leitura dos primei-
ros capítulos não é pré-requisito para entendimento
dos subsequentes. O leitor pode sentir-se à vontade
para ir a qualquer ponto que seja de seu interesse.
        Desejamos a todos uma leitura edificante!
Que todos possam encontrar o objetivo máximo da
existência: a natureza divina eternamente presente
no interior de cada um.




                                                     3
Contato com Hugo Lapa


Telefone: (11) 9502 2176

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                                                                4
Certa vez perguntaram ao Dalai Lama:
"O que o surpreende mais na humanidade?"
Ele respondeu:
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e
depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, e
acabam por não viver nem no presente e nem no futuro...
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tives-
sem vivido."


"Para ser grande, sê inteiro
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim, em cada lago,
a lua inteira brilha,
Porque alta vive."
(Poeta e Místico Fernando Pessoa)


“Sede vós mesmos vossa própria bandeira e vosso próprio refúgio.
Não confieis a nenhum refúgio exterior a vós. Apegai-vos fortemente
à Verdade. Que ela seja vossa bandeira e vosso refúgio. Aqueles que
forem eles próprios sua bandeira e seu refúgio, que não se confiarem
a nenhum refúgio exterior a eles, que, apegados à Verdade, a tenham
como bandeira e refúgio, atingirão a meta suprema.” (Buda)


“A fonte corre cantando
Da nascente para o mar,
Serve e luta no percurso
Para ser pura ao chegar...”
(Chico Xaver; Emmanuel)


“Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer
uma história nova.”
(Mahatma Gandhi)


“Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
6
  Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
7
  Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
8
  Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
9
  Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de
Deus.” (Jesus)



                                                                    5
Dedicatória




Este tratado é dedicado ao nosso querido
Morris Netherton, o primeiro sistematizador da Terapia de Vidas
Passadas.




                                                             6
Agradecimentos


          Agradeço a minha esposa Camila pelo grande incentivo que
me deu durante a elaboração desta obra e pela disposição em criar
as condições para que ela pudesse ser escrita. No cerne de seu
esforço está a certeza de que a Terapia de Vidas Passadas é um
instrumento eficaz para o aperfeiçoamento e a purificação da huma-
nidade.




                                                                7
ÍNDICE

Capítulo 1 – Introdução     -------------------------------------------------- 16

A Terapia de Vidas Passadas
As Contraindicações
As Distorções da Terapia de Vidas Passadas
A História da Terapia de Vidas Passadas

Capítulo 2 – As Leis Naturais      -------------------------------------- 67

A Reencarnação
A Metempsicose
O Conceito Annata Budista
O Karma ou Lei de Causa e Efeito
O Karma Coletivo
O Karma Bumerangue
O Livre arbítrio
A Evolução Espiritual
O Dharma
O Princípio Holonômico
A Sincronicidade
A Coincidência

Capítulo 3 - As Correntes Espirituais        ---------------------------- 106

O Espiritismo
A Teosofia
Budismo Tibetano (O Livro Tibetano dos Mortos)
As Ordens Iniciáticas

Capítulo 4 - A Ciência    --------------------------------------------- 120

Considerações sobre o Saber Científico
O Empirismo

Capítulo 5 - A Hipnose     ------------------------------------------- 130

O Mesmerismo de Franz Anton Mesmer
A Hipnose
O Transe
A Amnésia pós-hipnótica
A Hipnose Regressiva
A Hipnose Ericksoniana
As Ondas cerebrais

Capítulo 6 - Tempo, Memória e História Oculta             ------------- 141


                                                                               8
O Tempo
A Memória Extracerebral
Os Arquivos Akashicos
O Continente Perdido da Atlântida
O Continente Perdido de Mu (Lemúria)

Capítulo 7 – O Psiquismo Humano         ------------------------------- 153

O Ego
A Personalidade
O Inconsciente
O Caráter
A Aptidão
As Emoções
Os Skandhas
Os Sonhos
O COEX

Capítulo 8 – A Anatomia Sutil     ----------------------------------- 172

A Anatomia Sutil
O Espírito
A Alma
O Eu Superior
O Corpo Astral
O Cordão de Prata
O Corpo Etérico
O Corpo Físico
A Aura
Os Chakras
Os Nadis
Os Átomos Permanentes

Capítulo 9 – As Terapias dos Estados Incomuns             ------------- 190

Os Estados Incomuns
O Isolamento Sensorial
A Terapia Primal
A Respiração Holotrópica
Treinamento Autógeno
EMDR
Método Silva de Controle Mental
A Psicologia Transpessoal
A Psicossíntese
O Psicotranse
O Renascimento
A Psicorregressão
A Captação Psíquica

                                                                            9
A Acupuntura
A Astrologia Kármica
O Clearing

Capítulo 10 – Os Tipos de Regressão    ----------------------------- 222

A Análise de Vidas Passadas
A Regressão
A Regressão espontânea
A Regressão em grupo
A Regressão Simbólica
A Regressão à vida animal
A Regressão à vida mineral
A Regressão em Espíritos
A Regressão a vidas felizes
Regressão a vidas paralelas
Progressão a vidas futuras
A Autorregressão
Outros tipos de vidas
Vida imediatamente anterior à atual
Vidas de drenagem
Vida mais espiritual
Vida Extraterrestre
Vida mais insignificante e simples
A Autorregressão

Capítulo 11 – As Fases da Regressão    ---------------------------- 252

O Roteiro Kármico (ou Plano de Vida)
Os Senhores do Karma
A Vida intrauterina
O Nascimento
A Descida
O Aborto
A Morte
A Morte consciente
A Revisão de vida
O Suicídio
A Experiência de Quase-Morte
O Kamaloka
O Bardo
O Devachan
O Entrevidas
A Metaconsciência de Joel Whiton

Capítulo 12 - A Influência das Vidas Passadas     --------------- 301

A Personalidade de vida passada
O Véu do Esquecimento

                                                                    10
A Família de Almas
As Almas Gêmeas
O Povo da Luz
As Doenças
A Carga
As Marcas de Nascença
As Marcas de Nascença Experimentais
Os Samskaras
O Spot
Os Opostos Psíquicos
O Padrão e Contrapadrão
O Engrama
O Complexo
A Ressonância Simbólica
A Repercussão kármica
O Trauma
O Hangover
A Alienação
O Postulado de caráter
A Pseudo-Obsessão
Inversão de Papel
Os Votos de Fidelidade ou Compromisso
O Pacto de Sangue
O Voto de Celibato
O Voto de Pobreza
O Voto de Silêncio
A Homossexualidade
As Habilidades de Vidas Passadas
A Iniciação Espiritual
Os Padrões de Evolução
Os Arquétipos

Capítulo 13 - Vida Afetiva e Familiar   ------------------------------- 371

O Amor de Vidas Passadas
A Dependência Emocional
Os Conflitos Familiares
O Reconhecimento de Familiares
A Nossa Missão com a Família
O Ciúme
A Culpa
Relações de Poder Familiar
Sacrifício pelo outro
Aversão e Raiva
Familiar Esponja

Capítulo 14 - Os Papéis de Vidas Passadas        -------------------- 406

A Vítima

                                                                       11
O Algoz
O Salvador
O Observador
O Perpetrador

Capítulo 15 - As Explicações Alternativas        ----------------------- 409

O Materialismo
O Coletivismo Psíquico
O Criacionismo
O Traducionismo
A Transferência Psíquica
A Fraude
A Criptomnésia
A Memória Genética
O Efeito Placebo
A Fantasia

Capítulo 16 - A Parapsicologia    -------------------------------------- 423

Os Poderes Psíquicos
O Treinamento de Templo
A Telepatia
A Precognição
A Glossolalia
O Médium
A Experiência fora do corpo

Capítulo 17 - A Psicopatologia    -------------------------------------- 433

A Psicopatologia
A Depressão
O Transtorno de Pânico
A Fobia
A Adicção às Drogas
A Paranóia
O Transtorno Dissociativo de Identidade
Obsessões e Compulsões
O Racismo

Capítulo 18 - A Influência Espiritual     ------------------------------- 464

O Mestre
Os Anjos
Os Devas
Os Elementais
Obsessão espiritual
A Incorporação
A Possessão Espiritual

                                                                         12
A Possessão Animal
Os Implantes
O Vampirismo
O Umbral
Os Demônios
Maya (A Ilusão Cósmica)

Capítulo 19 - Os Extraterrestres       ------------------------------------ 491

Os Extraterrestres
Os Exilados
A Abdução

Capítulo 20 - A Magia     --------------------------------------------------- 502

A Influência Psíquica
A Magia
A Magia Negra

Capítulo 21 - O Terapeuta de Regressão            ------------------------- 510

A Ética do Terapeuta
A Relação Terapêutica
A Empatia
A Equipe Espiritual do Terapeuta
A Intuição
Como encontrar um bom terapeuta

Capítulo 22 - O início da sessão       ------------------------------------ 521

A Influência das Vidas Passadas
A Questão da Cobrança
Tempo da sessão
Registrar as sessões
A questão do barulho
Posição para a regressão
Ingestão de substâncias
Identificação do transe
A Iluminação do local
A Música de fundo
A Anamnese
A Indução
O Comando
A Experiência Transpessoal
O Ponto de entrada
As Pontes
O Bloqueio
A Catarse
O Insight

                                                                             13
A Terapia da Catarse e Terapia do Insight

Capítulo 23 - Técnicas de Indução      --------------------------------- 566

O Relaxamento
O Relaxamento Progressivo
Visualização Criativa
A Concentração em pontos específicos e nos chakras
A Focalização no sintoma ou problema
A Verbalização e repetição do conteúdo
A Regressão por meio de objetos
As Mind Machines
A Cinesiologia Aplicada

Capítulo 24 - Técnicas de Condução e Tratamento             ---------- 585

O Anfiteatro
A Consciência Elíptica
A Dissociação
A Imagem de Filme
A Visão de Pássaro
As Imagens Catatímicas
Os Estados de Ego
Atravessar o Problema
O Homing
A Exploração da Aura
A Exploração Verbal
O Tratamento das “presenças” espirituais
A Ancoragem
A Técnica ISIS
O Resgate da Alma
A Terapia da Pré-Criação
A Transação Kármica
A Viagem Xamânica
A Reprogramação do Roteiro Kármico
O Perdão

Capítulo 25 - Terapia de Vidas Passadas com Crianças               ---- 616

As Crianças e suas Vidas Passadas
A Terapia de Vidas Passadas Infantil
O Amigo Invisível

Capítulo 26 - Personalidades     ---------------------------------------- 626

Sigmund Freud
Hans Tendam
Helen Wambach
Roger Woolger

                                                                         14
Edith Fiore
Brian Weiss
Morey Berstein
Morris Netherton

Bibliografia




                   15
Capítulo 1

                  Introdução à Terapia
                   de Vidas Passadas

         Definição e Aspectos Gerais

           A Terapia de Vidas Passadas (TVP) é uma abordagem te-
rapêutica, ainda não vinculada à Psicologia e à Medicina, que tem
como hipótese fundamental a realidade do renascimento sucessivo,
ou a teoria da reencarnação.
           A Terapia de Vidas Passadas usa técnicas semelhantes à
Hipnose regressiva, que tem como meta regressar no tempo até os
primeiros períodos da vida atual – como infância, nascimento e vida
intrauterina. A TVP, por sua vez, declara ser possível conduzir o ser
humano a estados de consciência anteriores ao nascimento físico e a
fase intra-uterina; estados que transcendem a perspectiva de sua
personalidade atual. A TVP deriva seu nome da experiência de re-
gressar à vidas passadas, tendo como objetivo o tratamento de outras
existências, para o alívio de sintomas físicos e psíquicos.
           A Terapia de Vidas Passadas trabalha com o pressuposto
de que muitas experiências originárias de encarnações passadas
podem ter criado marcas profundas em nosso psiquismo. Essas
marcas podem ter sua gênese em momentos determinados durante a
vida ou no momento da morte. Com a amnésia pós-nascimento da
vida seguinte, nossa memória fica velada, mas as repercussões
decorrentes das marcas deixadas de vidas passadas continuam
ressoando em nosso ser, gerando múltiplos e variados problemas,
como dores, fobias, traumas, angústia, ansiedade, sintomas físicos e
emocionais.
           Os dois pilares do tratamento da Terapia de Vidas Passa-
das ou TVP são a catarse e o insight. Catarse é a descarga de ener-
gias emocionais e psíquicas não elaboradas e não digeridas do pas-
sado recente ou remoto. Insight é uma compreensão súbita e inefável
de uma grande verdade sobre nós mesmos, uma percepção panorâ-
mica de nossa condição, algo que muda radicalmente nossa visão de
perspectiva. Tanto a catarse como o insight são fundamentais para
que ocorra o alívio dos sintomas e o autoconhecimento.
           A Terapia de Vidas Passadas é considerada por muitos
como uma modalidade expandida da Terapia de Regressão. Porém,
vai um pouco além disso. A TVP trata das personalidades do nosso
passado encarnatório, trata de nossos complexos ou subpersonalida-
des (parte dissociadas do eu atual) e também pode tratar entidades
obsessoras ou possessoras. Alguns autores chamam essas consci-


                                                                 16
ências externas ao cliente de “presenças” espirituais. Há muitas
evidências clínicas de que boa parte dos problemas enfrentados pelo
ser humano sejam reforçados e alimentados pelas “más companhias”
espirituais.
            O Objetivo da TVP não é apenas conhecer intelectualmente
nosso passado além da vida atual. Durante a regressão, entramos
num processo mais profundo que nos permite atravessar novamente
uma situação, revivenciar, reatualizar os eventos passados e senti-los
com grande intensidade, sem, no entanto, perder a referências de
nossa mente objetiva atual e nos mantendo conscientes durante todo
o processo. Diz-se que a intensidade da experiência, seja ela física,
emocional ou psíquica, é proporcional ao efeito terapêutico. Essa
revivência é como um psicodrama, ou seja, uma retomada do drama
inicial reproduzido pelo nosso psiquismo.
            A TVP pode tratar diversas fases de nossa vida ou vidas
passadas. A fase adulta, a adolescência, a infância, o nascimento, a
fase intrauterina, o plano de vida, o espaço entrevidas, as vidas pas-
sadas, a morte na vida passada, dentre outras possibilidades. É
interessante mencionar como os hipnotizadores que trabalham com a
regressão de idade (sem a hipótese das vidas passadas), muitas
vezes ouvem relatos dos seus clientes que aparentam ser reminis-
cências de vidas passadas.
            Mesmo quando encontramos uma aparente causa da quei-
xa do paciente em algum evento da vida atual, como, por exemplo, a
infância, ainda existe a chance de esse acontecimento ter uma ori-
gem ainda anterior à infância desta vida. É possível que apanhar de
cinto na vida atual possa evocar emoções fortíssimas de uma vida de
escravo, quando apanhávamos de chicote. Assim, dizemos que
existem algumas situações traumáticas da vida atual que são reesti-
muladores de traumas ainda mais antigos.
            O paciente que se submete à TVP não precisa ter qualquer
crença em reencarnação nem em vida após a morte. Pode mesmo
ser cético ou agnóstico, não ter qualquer crença religiosa. Mesmo
assim os efeitos terapêuticos se fazem presentes. Ou seja, a TVP
funciona independente das crenças dos indivíduos. Por outro lado, a
TVP é uma terapia mais curta do que as psicoterapias convencionais,
mas cada sessão regressiva é mais intensa do que as sessões de
psicologia clínica.
            Sobre a rapidez da TVP, o psiquiatra Denis Kelsey disse
que, comparando seu trabalho (como terapeuta de regressão a vidas
passadas e como psiquiatra) com o trabalho de seus colegas, ele
afirmou que "Em um período máximo de doze horas de terapia de
regressão, eu posso realizar aquilo que um psicanalista demoraria
três anos." As palavras de Denis Kelsey refletem a observação de
muitos terapeutas que trabalham diariamente com a TVP. Trata-se de
uma terapia rápida e eficiente na maioria dos casos.
            A Terapia de Vidas Passadas não tem como foco de traba-
lho a produção de evidências que venham a comprovar a reencarna-
ção. Embora isso seja uma consequência natural do processo tera-

                                                                  17
pêutico, não é isso o que se busca. Por outro lado, a TVP nada tem a
ver com religiões e os terapeutas são unânimes em declarar que a
TVP não herdou conceitos religiosos de nenhuma corrente mística ou
confessional, embora existam paralelos muito significativos entre a
TVP e certos princípios de algumas correntes religiosas. É preciso
dizer que dificilmente uma pessoa conseguirá, através da TVP, a
comprovação da realidade das vidas passadas; aqueles que entram
na terapia com esse objetivo, podem não a estar buscando pelo
motivo correto.
          As pessoas procuram a regressão pelos mais variados mo-
tivos. Há uma ideia falsa que circula em alguns meios espiritualistas
de que a maioria das pessoas procura a TVP por curiosidade, mas
esse equívoco é facilmente contestável pela experiência diária dos
terapeutas que acolhem as mais diferentes queixas. Há um percen-
tual extremamente reduzido de indivíduos que buscam a TVP apenas
por curiosidade ou para saber quem eram no passado. Uma pesquisa
realizada em 1988 por instituições americanas, sendo conduzida por
terapeutas como Rabia Clark (1995), Garritt Oppenheim (1990), Hans
Ten Dam (1993) e Shakuntala Modi (1998) revelaram que existem
alguns motivos mais comuns da procura por esse tipo de terapia.
Esses motivos são:

         1) Medos e fobias
         2) Problemas de relacionamento
         3) Depressões
         4) Sintomas físicos sem explicação médica ou que não res-
         pondem a nenhum tratamento medicamentoso.
         5) Problemas sexuais
         6) Vícios
         7) Obesidade e transtornos alimentares.

           Não me estenderei muito nessa introdução, até por que os
mais variados aspectos da TVP estarão descritos com detalhes nas
páginas que se seguem nesta obra. Desejamos que sua leitura seja
rica, profunda e inspiradora, pois o objetivo da TVP é elevar o homem
a sua real identidade: a de Homem Primordial, criado a imagem e
semelhança de Deus, num vínculo indissociável com o Universo.


         As Contraindicações

          As Contraindicações se referem a casos onde a Terapia de
Vidas Passadas não pode ser realizada. Os terapeutas não aconse-
lham a realização da Terapia de Vidas Passadas em alguns casos
especiais, como segue:

Gravidez: a energia despedida em momentos de catarse forte pode
influenciar o feto de várias formas. Há ainda o agravante do espírito
que espera à reencarnação ser uma das pessoas envolvidas na vida

                                                                 18
que será evocada. No entanto, existem terapeutas no Brasil que
trabalham com grávidas e relatam que, em sua experiência, nunca
tiveram qualquer problema nos atendimentos.

Psicose e pré-psicose: Uma das principais razões para se evitar a
regressão em psicóticos e pré-psicóticos é a ausência de uma estru-
tura de ego bem formada. Outra justificativa citada pela literatura e
pelos terapeutas é a incapacidade do psicótico em concentrar sua
atenção nos procedimentos terapêuticos, nos comandos e na trama
resgatada de sua memória. Diz-se que alguns psicóticos e esquizo-
frênicos não conseguem manter o foco de sua consciência num dado
aspecto por muito tempo, perdendo-se em seguida numa rede de
associações mentais aparentemente desconexas. ―Num surto psicó-
tico não é geralmente possível uma concentração suficiente para
obter uma entrada em transe hipnótico e, portanto, a terapia regres-
siva não pode ser tentada‖, diz Lívio Túlio Picherle no livro “Terapia
de Vida Passada”. De qualquer modo, há pesquisas na literatura que
apontam para a possibilidade de tratamento do psicótico ou esquizo-
frênico com a regressão.

Problemas Cardíacos: Pessoas com problemas cardíacos acentua-
dos não devem realizar a TVP. Esse impedimento se justifica no fato
de que, durante a TVP, muitos núcleos traumáticos serão remexidos,
muita emoção virá à tona e o cardíaco pode ter complicações nesse
momento. Uma forte taquicardia pode levar a pessoa a algum preju-
ízo. É aconselhável somente aceitar pessoas com descompensações
cardíacas com autorização médica em laudo.

Surdez: Infelizmente, o surdo não pode acompanhar a fala do tera-
peuta de olhos abertos. A comunicação através da linguagem dos
sinais também não é possível. Por isso, coloca-se a surdez, não
como contraindicação, mas como impossibilidade ao tratamento
regressivo.

Epilepsia: Há perigo de um ataque epilético durante a regressão, o
qual o terapeuta pode não estar apto a lidar. No caso de ocorrer um
ataque epilético, deve-se ligar imediatamente ao hospital e solicitar
ajuda especializada.

Asma: A asma só deve ser realizada quando o cliente possuir o
aparelho de contenção da crise. Caso contrário, durante a TVP a
crise pode vir à tona e provocar sérios problemas à pessoa.

Pressão Alta: Com as emoções ao extremo, indivíduos com esse
problema podem ter um aumento significativo da pressão, o que pode
acarretar problemas clínicos diversos. Da mesma forma que nos
problemas cardíacos, um atestado médico poderá ser solicitado pelo
terapeuta ao médico.



                                                                  19
Deficiências mentais, retardamento: O indivíduo com retardo men-
tal, pela sua própria condição, não está apto a realizar uma regressão
terapêutica. Pessoas com problemas degenerativos cerebrais, como
Mal de Alzheimer, infelizmente também estão incapacitadas de pas-
sar pelo processo.

Pós-prandial: período que sucede refeições copiosas ou “pesadas”.
De acordo com alguns terapeutas, aumenta-se o risco de transtornos
gastrointestinais ao cliente.


          As Distorções Da Terapia de Vidas Passadas

           A Terapia de Vidas Passadas, infelizmente, ainda é muito
incompreendida pelo público em geral. Por isso, é importante men-
cionar as mais comuns distorções que ocorrem na percepção do
público perante a TVP. Muitos utilizam a palavra “mito” como signifi-
cando falso, mentiroso, irreal - “os mitos da TVP” - mas a palavra mito
não possui o sentido que comumente lhe emprestam. Assim, certas
ideias falsas ou destituídas de embasamento sobre as técnicas re-
gressivas podem atrapalhar muitas pessoas necessitadas de trata-
mento. As principais ideias distorcidas são as seguintes:

Posso ficar preso ao passado ou a uma vida passada: Essa é
uma distorção muito comum, mas é totalmente irreal. Ninguém pode
ficar preso ao passado pelo simples motivo de que ninguém se des-
loca ao passado. A pessoa em regressão não quebra a barreira do
tempo físico, mas apenas acessa arquivos de memória não digeridos
ou traumáticos que permanecem até o momento presente. O que
pode ocorrer é o cliente ficar tão relaxado após o tratamento de seu
passado; tão desprendido de várias cargas passadas que o molesta-
vam, que ele pode apresentar certa dificuldade de retornar e perder
aquele estado “nirvânico”. Lívio Túlio Picherle comenta no livro ―Psi-
coterapias e Estados de Transe‖ que, em 25 anos de prática de Hip-
nose e regressão, nunca seus atendidos demoraram mais de 5 minu-
tos para retornar à consciência objetiva. Além disso, as pessoas já
estão, de certa forma, presas a muitas experiências passadas. O que
a Terapia de Vidas Passadas realiza é retirar as pessoas desse
passado e fazê-las viver mais plenamente no presente. De qualquer
forma, se por acaso uma pessoa tiver dificuldade em retornar do
estado regressivo, o máximo que pode ocorrer é a passagem do
estado regressivo para o estado de sono, adormecendo e acordando
naturalmente algum tempo depois, não resultando desse processo
qualquer dano ao psiquismo.

Reviver uma vida passada pode fazer a pessoa surtar ou enlou-
quecer: Se uma pessoa tem uma pré-disposição à loucura, qualquer
evento ou acontecimento de sua vida que provoque um estado emo-
cional mais forte – levando-a a conteúdos psíquicos que ela deseja

                                                                   20
dissimular, esconder de si mesma, reprimir e até esquecer por com-
pleto – pode, ao menos em tese, levar a pessoa ao surto e à loucura.
Qualquer coisa em nossa vida pode provocar um surto quando temos
essa pré-disposição. No entanto, a loucura, enquanto estrutura psi-
cológica, já estava presente na constituição do indivíduo. A possibili-
dade do surto já existia dentro da pessoa em estado potencial, e ao
menor estímulo, esse depósito de emoções poderia ser ativado a
qualquer momento, levando a pessoa a um possível “surto” de maior
ou menor intensidade. Aqui estamos nos referindo, obviamente, ao
surto psicótico. Lembrando que o termo surto psicótico pressupõe
sempre um desequilíbrio com o poder de provocar uma desestrutura-
ção da organização psíquica. Trata-se de um episódio que marca
uma dissociação na estruturas psíquica, e não o despertar de uma
torrente de emoções que ficam mal assimiladas pelo ego. Um surto é,
na maioria das vezes, temporário e tem algumas características
principais como um comportamento paranóide, alucinações, confusão
mental, dissociação, emoções confusionais e delírios. Assim, não
podemos dizer que foi a TVP ou qualquer técnica associada que
provocou aquele estado de loucura, mas sim a estrutura ou constitui-
ção própria da pessoa. Porém, os terapeutas de regressão devem
ficar sempre atentos a indivíduos que demonstrem a uma clara condi-
ção de pré-psicose, e esses sujeitos devem ser encaminhados à
Logoterapia, às terapias de reestruturação psíquica e à avaliação de
psiquiatras e psicólogos. De qualquer forma, o autor deste tratado
desconhece qualquer caso em que a regressão tenha levado uma
pessoa ao surto. Essa parece ser mais uma ideia criada por pessoas
que não se deram ao trabalho de pesquisar e não têm qualquer expe-
riência na área.

Posso dizer ou fazer coisas que não quero: Esse é outra distorção
muito comum, mas que não encontra qualquer base na realidade. Os
pesquisadores do Hipnotismo sempre procuram desconstruir essa
ideia de que a pessoa fica submetida ao domínio do terapeuta e é
enfraquecida em sua vontade consciente. Ninguém vai expor durante
a TVP nada do que não deseje. Vários experimentos já foram realiza-
dos a esse respeito e já está amplamente demonstrado que isso não
passa de uma falsa noção sobre a Hipnose e a regressão. Porém,
todos os conteúdos de vidas passadas que interfiram de algum modo
na harmonia da vida presente devem ser atravessados, revistos e
purificados, para se atingir os almejados objetivos terapêuticos.

Ficarei inconsciente e não me lembrarei de nada depois: Nas
técnicas de indução com Hipnose ativa, relaxamento e outras técni-
cas de concentração verbal, emocional, somática e de visualizações,
a pessoa mantém total consciência de todo o processo, mas mergu-
lha num estado mais profundo que a permite acessar dados além do
limiar da vida atual. Assim, geralmente as pessoas permanecem
conscientes e recordam de toda a vida. São muito raros os casos da
chamada “amnésia pós-hipnótica” dentro das técnicas de indução

                                                                   21
mental utilizada pela maior parte dos terapeutas de regressão. Esta
só ocorre em alguns indivíduos e mesmo assim a pessoa precisa
entrar num estado de transe mais profundo.

A maior parte das pessoas que fazem regressão diz ter sido
pessoas famosas: Essa é uma noção tão difundida quanto irreal e
centenas de vezes já demonstrou ser algo sem qualquer sentido. As
pesquisas empíricas de Helen Wambach e centenas de terapeutas
respeitados ao redor do mundo sugerem que a maioria das pessoas
em regressão se depara com existências simples e comuns, por
vezes até chatas e sem graça. Raríssimos são os casos em que nos
percebemos como alguém famoso, tal como um ícone da História.
Porém, no caso disso ocorrer, não se pode descartar a hipótese do
sujeito ter acessado uma memória coletiva da humanidade.

A TVP é uma técnica perigosa: Não há qualquer perigo em se
realizar uma regressão com um profissional capacitado e bem for-
mado. Sempre faço a analogia da rua onde passam os carros. Se
uma pessoa atravessa a rua sem olhar para os lados, há o perigo de
sermos atropelados por um carro. Mas se olhamos para os dois
lados, nos certificamos de que nenhum veículo está vindo e então
passarmos de um lado a outro, não pode existir qualquer perigo. Na
TVP ocorre a mesma coisa. Quando um profissional é bem formado e
experiente, não há qualquer possibilidade de riscos ao atendido.
Mesmo quando algumas pessoas passam mal após a regressão, isso
pode ser uma catarse, ou seja, pode fazer parte da descarga de
energias próprias de todo processo de desintoxicação mental e emo-
cional. Porém, esse processo de descarga das energias pós-regres-
são tem uma duração média de 2 a 4 dias e depois desse período,
tudo volta ao normal e a pessoa sente-se melhor.

Conhecer uma vida de algoz pode causar culpa ou remorso: Em
alguns meios espiritualistas costuma-se afirmar equivocadamente que
conhecer vidas de algoz pode causar culpa ou remorso. Se faço uma
regressão e me vejo fazendo mal a pessoas que me são caras (como
parentes e amigos), eu poderia desenvolver um sentimento de culpa
após essa percepção, situação que atrapalharia para sempre a minha
relação com essa pessoa. Não há nada mais falso do que essa ideia.
É preciso deixar claro que, no caso de uma ou várias vidas de algoz,
a culpa ou o remorso já existe na pessoa antes de fazer a TVP. A
pessoa sente uma culpa inconsciente perante as pessoas que ela
feriu ou provocou sofrimento no passado atual ou encarnatório. A
culpa está presente antes da realização do tratamento e o que acon-
tece após a regressão terapêutica é o tratamento, diminuição ou a
remissão completa dessa culpa. Muitas pessoas supõem que conhe-
cer eventos traumáticos ativa novamente as emoções originais do
trauma. Isso é verdadeiro por um lado, porém, trazer à tona as emo-
ções envolvidas no trauma é uma condição definitiva para a sua cura.
Após a revivência ou reatualização do trauma, ele desaparece, pois

                                                                22
pode ser descarregado e conscientizado pelo cliente. Assim, essa
ideia da culpa pós-tratamento em vidas de algoz não possui nenhuma
base empírica e só é difundida por pessoas que desconhecem com-
pletamente a TVP.

A TVP só deve ser procurada em último caso: É verdade que, em
casos de doença física, devemos procurar em primeiro lugar uma
ajuda médica e realizar um diagnóstico, com seu conseqüente trata-
mento. Porém, nada impede que a pessoa busque paralelamente e
de forma complementar ao tratamento médico um tratamento psicoló-
gico e espiritual como a Terapia de Vidas Passadas. Por outro lado,
muitas pessoas passam anos recorrendo a tratamentos médic os e
psicológicos caros e prolongados, quando já poderiam optar por
encararem seu problema sob um prisma novo e amplificado. Essa
ideia equivocada parece supor que a TVP, por ser um tratamento
mais forte e intenso, só deve ser procurada em circunstâncias extre-
mas, igualmente fortes e intensas. ―Como já estou muito mal, nada
pode me fazer piorar. O que vier a partir de agora é ganho‖ pensam
alguns. A TVP só é forte por que nos coloca frente a frente com o que
somos. A intensidade da experiência é diretamente proporcional à
intensidade do problema que já está presente dentro do indivíduo.
Por isso, um problema mais forte, pede uma intervenção de nível
mais profundo e capaz de penetrar mais diretamente na raiz do pro-
blema.
Procurar a TVP em último caso é sem dúvida um erro que só atrasa o
tratamento das vidas e prolonga o sofrimento dos indivíduos. Deze-
nas de pessoas já comentaram comigo que, em apenas algumas
sessões de regressão, já tinham conquistado mais resultados do que
em anos de tratamentos convencionais. Então, qual o motivo de adiar
um método que tem se mostrando eficaz ao longo das últimas três
décadas?

Os espíritos de luz podem bloquear o processo quando a pessoa
não está preparada: Não há nenhuma referência mais contundente
na bibliografia que indique tal possibilidade. O que os autores costu-
mam enfatizar é sobre os mecanismos de defesa do ego, que blo-
queiam a passagem de certas informações que poderiam desestrutu-
rar a pessoa. Quando isso ocorre, não é nenhum mestre ou espírito
de luz que bloqueia, mas a própria pessoa que criou uma barreira
natural protetora. Mas no caso de supor que os espíritos de luz pos-
sam bloquear o processo, eles não farão nada mais do que a própria
pessoa já fez ou faria com os recursos de suas defesas naturais.
Assim, não parece haver qualquer possibilidade do espírito de luz
fazer algo que a própria pessoa já faz.
Certa vez estava conduzindo uma regressão e o cliente perguntou ao
seu mestre: ―posso ver as verdades a meu respeito? Isso me será
concedido?‖ O mestre respondeu: ―Você pode ver tudo o que você
quiser, a questão é que você não quer conhecer muitas coisas sobre



                                                                  23
você. Então, naturalmente, você verá dentro dos limites do seu pró-
prio desejo‖.

É preciso equilibrar a pessoa antes de fazer a regressão a vidas
passadas: Esse é outro erro corrente. Se a terapia de vidas passa-
das necessitasse de um equilíbrio ou uma harmonização antes de ser
realizada, não seria ela mesma uma forma de terapia, mas necessita-
ria de outra terapêutica prévia que lhe desse sustentação. Mas na
realidade, é a própria TVP que realiza esse equilíbrio e essa susten-
tação.
Algumas pessoas conservam esse equívoco por acreditar que a TVP
pode representar certos riscos, o que já vimos ser falso. A TVP serve
justamente para a conquista do equilíbrio e da harmonia do psi-
quismo. Além disso, qual forma de psicoterapia convencional daria
base para se tratar as vidas passadas se nenhuma delas faz das
encarnações anteriores seu objeto de tratamento?
Na TVP, geralmente as vidas passadas mais brandas e menos gra-
ves vem primeiro, como defende Roger Woolger. Provavelmente
nosso psiquismo vai liberando os conteúdos mais leves para que nos
acostumemos com o processo. Logo depois, emergem os conteúdos
mais arraigados, porém igualmente com mais poder transformador.
Assim, quanto mais adiantado estiver o tratamento, mais a pessoa
conseguiu penetrar, remexer e purificar seu lado obscuro de vidas
passadas.


          A História da Terapia de Vidas Passadas

          Para que se possa contar a História da Terapia de Vidas
Passadas é necessário dividi-la em três fases distintas: a primeira é a
fase pré-mesmerismo, quando a regressão era usada nos templos
antigos e nas religiões. A segunda é a fase pós-mesmer, quando o
magnetismo animal foi descoberto na Europa. A terceira fase teve
início após o lançamento do livro do psicólogo clínico americano
Morris Netherton, “Past Live Therapy”, considerado o primeiro codifi-
cador da terapia de regressão a vida passadas. Netherton foi o pri-
meiro pesquisador que deu um formato a TVP, criando os principais
conceitos, estabelecendo uma linha de atuação definida e criando
uma distinção entre a técnica de hipnose regressiva e a técnica do
que ficou então conhecido como terapia de vidas passadas.
          Decidimos denominar cada uma das fases da seguinte for-
ma: Em primeiro lugar, chamaremos de “História antiga” a fase em
que o transe, o êxtase e a regressão eram usados nos templos por
sacerdotes, religiosos, magos, místicos, iniciados, dentre outros. Esse
momento histórico é muito vasto, e pode ser considerado como todas
as referências que se apresentaram na História antes de Mes mer
criar o Magnetismo animal, ou Mesmerismo. Isso ocorreu antes do
final do século XVIII. A outra fase chamaremos de “História Moder-
na”, que começou depois da definição do método mesmérico. Essa

                                                                   24
foi a etapa considerada “científica” do magnetismo ou da Hipnose. A
terceira fase chamaremos de “História Recente”, que se deu após a
formulação do método de Morris Netherton, onde foram estabelecidas
os princípios e o método da Terapia de Vidas Passadas como é
conhecida até os dias atuais.
            Por esse motivo, é preciso ter em mente que a TVP, tal co-
mo era praticada na antiguidade, pouco se assemelhava a terapia de
vidas passadas da forma como é praticada pelos médicos, psicólogos
e terapeutas nos dias de hoje. As sociedades pré-industriais, feudais
ou tribais conheciam métodos diversos de indução ao êxtase espiritu-
al, mas nenhum destes pode ser comparado a TVP tal como foi for-
mulada por Morris Netherton. Quando muito, os antigos praticavam
técnicas que lembravam a Hipnose da época de Mesmer e depois. De
qualquer forma, é preciso considerar que as técnicas arcaicas do
êxtase detêm o potencial de ativar memórias ocultas, e quando esse
processo é conduzido de uma forma organizada, o efeito pode ser de
cura e libertação. Um bom exemplo são algumas formas de medita-
ção onde, em consequência do desenvolvimento e aprofundamento
do estado meditativo, as reminiscências de vidas passadas podem
ser experimentadas e assimiladas. Neste contexto, o efeito terapêuti-
co não é central, mas é apenas um dos seus benefícios. Esses tam-
bém podem ser filosóficos, metafísicos, religiosos, de harmonização
espiritual, autoconhecimento, dentre outros.
            Por esse motivo, não podemos denominar certas práticas,
mesmo que envolvam o resgate de vidas passadas, de terapia de
regressão a vidas passadas, pois esta possui uma série de caracte-
rísticas que a distinguem das técnicas arcaicas dos antigos. Isso se
faz claro pelo motivo de que, nessa época, o conhecimento era as-
sistemático (sem a formulação de um sistema) e a finalidade religiosa
era preponderante, enquanto os resultados terapêuticos (que são
características centrais da TVP) ficavam sempre em segundo plano.
Para os antigos, não havia essa divisão que hoje se faz entre o êx-
tase místico que busca o contato com o divino e a cura de uma do-
ença: ambos estão interligados e um não poderia ocorrer sem o outro.
A função do ritual, o êxtase, o desdobramento da alma, o conheci-
mento das regiões celestiais e a comunhão mística com o divino eram
os pilares que norteavam a maior parte dos ritos na antiguidade.
            Começaremos então citando algumas referências históricas
do êxtase religioso ou místico onde o indivíduo abria as portas do
inconsciente e suas vidas passadas podiam lhe ser reveladas.

         História Antiga

           Buscaremos nossa primeira referência no oriente, berço da
mística profunda contemplativa e fonte de duas das cinco maiores
religiões do planeta, o Budismo e o Hinduísmo. O Budismo teve seu
impulso inicial nas palavras originais de Buda, compiladas por seus
discípulos, conservadas e passadas adiante nas escrituras sagradas.
No Hinduísmo, temos a prática milenar da Yoga, um conjunto de

                                                                  25
técnicas diretas de estados de êxtase através do despertar das capa-
cidades latentes do espírito humano. A grande figura inicial da Yoga é
sem dúvida o sábio Patânjali, considerado o primeiro codificador da
Yoga; o indivíduo que organizou um conhecimento de práticas que
até então se encontravam dispersas por toda a Índia arcaica.
           Já nos referimos a essas palavras originais de Buda no Tra-
tado volume 1, mas pelo valor deste texto, devemos insistir aqui em
seus pontos fundamentais, que são:
           1) a percepção de Buda de suas vidas passadas;
           2) a percepção de Buda das relações de causa e efeito, o
resultado de cada ato humano em regresso a si mesmo e,
           3) a percepção de Buda sobre as condensações da mente,
os cancros, ou samskaras em sânscrito, as feridas mentais, formadas
por impressões gravadas no plano mental e emocional, moderna-
mente denominados de “complexos” por Jung, que funcionam como
grilhões para a consciência aprisionando-a ao mundo de maya (ilu-
são).
           Um dos relatos mais antigos que sobreviveram até os dias
de hoje, é, provavelmente, a referência à regressão de memória
espontânea realizada por Sidharta Gautama, o Buda, quando estava
meditando durante seis anos e tentando encontrar a verdade da
libertação dos sofrimentos. A explicação de Buda sobre esse estado
nos informa não apenas sobre uma regressão espontânea em si, mas
também sobre uma clara percepção dos mecanismos que sustentam
o retorno das ações e reações do mundo, que produzem nascimentos
e mortes, e, também muito importante, uma percepção de como se
pode vencer, superar, libertar-se dessas correntes mentais. Desde
essa época, Buda havia redescoberto o grande mecanismo da ―roda
de samsara‖ e qual seria o caminho para se sair dela, uma extraordi-
nária lucidez que até hoje serve de base ou princípio para a libertação
dos samskaras de vidas passadas no trabalho dos próprios terapeu-
tas de regressão. Vejamos essa incrível experiência mística de Buda:
           ―Com o coração assim resoluto, assim aclarado e purifi-
cado, limpo e purgado de coisas impuras, manso e apto a servir, firme
e imutável – foi assim que adeqüei meu coração ao conhecimento de
minhas existências passadas – um só nascimento, depois dois … [e
assim sucessivamente até] … cem mil nascimentos, muitas eras de
desintegração do mundo, muitas eras de sua reintegração, e nova-
mente muitas eras de sua desintegração e de sua reintegração. Nesta
ou naquela existência passada, lembrava-me de meu nome, meu clã,
minha casta, meu regime alimentar, minhas alegrias e sofrimentos, e
duração da minha vida. Depois passei a outras existências subse-
qüentes nas quais tais e tais eram meus nomes e assim por diante.
Depois passei à minha vida atual. E assim recordei-me de minhas
diversas existências passadas em todos os detalhes e características.
Este, Brâmane, foi o primeiro conhecimento que alcancei na primeira
vigília daquela noite – a dissipação da ignorância e a conquista do
conhecimento, a dissipação da escuridão e a conquista da ilumina-



                                                                   26
ção, como convinha à minha vida estrênua e fervorosa, purgada do
eu.
           Com esse mesmo coração resoluto eu procurava agora en-
tender a partida de outros seres, deste local, e seu reaparecimento
alhures. Com o Olho Celestial, que é puro e em muito transcende a
visão humana, vi criaturas no ato de partir deste local e reaparecer
alhures – criaturas nobres e abjetas, agradáveis ou abomináveis à
vista, bem-aventuradas ou desgraçadas; todas elas colhendo o que
semearam. Havia seres comprometidos com o mal em suas ações,
palavras e pensamentos, que denegriram o Sublime; foram vítimas de
sua falsa perspectiva; na dissolução do corpo após a morte, esses
seres reapareciam em estado de sofrimento, infortúnio e adversidade,
e no purgatório. Por outro lado, havia também seres afeiçoados ao
bem em suas ações, palavras e pensamentos, que não denegriam o
Sublime; tinham a perspectiva correta e recebiam a justa recom-
pensa; na dissolução do corpo após a morte, reapareciam em estado
de bem-aventurança no céu. Tudo isso vi com o Olho Celestial; e
este, brâmane, foi o segundo conhecimento que alcancei na segunda
vigília daquela noite – a dissipação da ignorância e a conquista do
conhecimento, a dissipação da escuridão e a conquista da ilumina-
ção, como convinha à minha vida estrênua e fervorosa, purgada do
eu.
           Com o mesmo coração resoluto eu procurava agora o co-
nhecimento de como erradicar os samskaras. Compreendi o mal
corretamente e em toda sua extensão, a origem do mal, a cessação
do mal e o caminho que leva a cessação do mal. Compreendi corre-
tamente e em toda a sua extensão o que eram os samskaras, sua
origem, cessação, e o caminho que leva a sua cessação. Quando
percebi isso e quando vi isso, meu coração libertou-se do samskara
dos sentidos, do samskara do retorno à existência e do samskara da
ignorância; e assim liberto, veio-me o conhecimento de minha Salva-
ção na convicção de que cessara o ciclo dos renascimentos; vivi na
plenitude da virtude; minha tarefa está terminada; aquilo que fui não
sou mais. Este, Brâmane, foi o terceiro conhecimento que alcancei na
terceira vigília daquela noite – a dissipação da escuridão e a con-
quista da iluminação, como convinha à minha vida estrênua e ferv o-
rosa, purgada do eu.‖ (“Majjhima-nikaya”, VI [“Bhaya-bherava-
sutta”]) Tradução para o inglês de Lord Chalmers, Futher Dialogues
of the Buddha, I (Londresm 1926), pp. 15-17.
           Além dessa experiência de Buda antes de consolidar o es-
tado nirvânico de iluminação espiritual, encontramos um trecho de um
livro de Yoga chamado de ―Yoga Sutras‖ de Patanjali. Como já dis-
semos, Patanjali foi o primeiro compilador das técnicas de Yoga. Não
existem informações adicionais históricas sobre esse personagem,
que alguns chegam até mesmo a considerá-lo como mítico. De qual-
quer forma, é provável que Patanjali tenha sido o autor do primeiro
tratado conhecido que organizou a Yoga com um formato mais ou
menos definido.



                                                                 27
Esse texto é uma coleção de aforismos e está dividido em
quatro partes. A obra não faz qualquer referência a ritualismos ou a
sacrifícios, muito comuns à Índia antiga - rompendo assim com uma
característica da tradição hindu pré-clássica - e trata de definir e
ensinar apenas as técnicas mais básicas do Yoga. Na terceira parte,
em que são abordados os ―siddhis‖, ou poderes supranormais, Pa-
tanjali dá indicações precisas de como cada praticante pode desen-
volver cada um dos siddhis descritos por ele. Já falamos sobre os
siddhis no Tratado volume 2, e por esse motivo, não nos deteremos
mais nesse ponto. Vamos mencionar apenas a parte onde se fala do
desenvolvimento de percepções sobre as existências prévias. É na
terceira parte, (Livro III), no aforismo 18, onde vemos uma exposição
sobre como se pode adquirir o conhecimento do que patanjali chama
de ―nascimentos prévios‖ na tradução para o português. Esse afo-
rismo diz o seguinte:

         18 Pela realização das impressões latentes, o conheci-
         mento dos nascimentos prévios é adquirido.

          Essa foi a primeira vez na história escrita e oficial em que
foi apresentado uma espécie de técnica ou uma metodologia definida
para se recordar de nossas vidas passadas. Observamos que a ideia
de um método específico capaz de trazer à tona reminiscências do
passado anterior ao nascimento físico é bastante antiga. Patanjali
escreveu o Yoga Sutras, provavelmente, em 150 antes de Cristo.
Porém, alguns autores consideram-no anterior.
          A técnica conhecida nas tradições orientais, em especial a
tradição Hindu e yogue, para se reativar as impressões latentes de
vidas passadas é chamada de prati prasav sadhana, em sânscrito,
que significa basicamente “tomar o nascimento novamente”, ou seja,
“renascimento”. A prática do prati prasav vem sendo experimentado
há séculos ou talvez milênios pelos yogues. Ela parece ter sido bas-
tante conhecida na Índia arcaica. Consiste essencialmente em remon-
tar no tempo psicológico a fases anteriores de nossa existência atual
e das existências prévias, a fim de que se possa atingir a origem de
alguma impressão latente e dessa forma esgotá-la e pôr-lhe um fim.
          Na tradição hindu há duas visões gerais sobre o tempo
passado e sua natureza: a primeira é que passado, presente e futuro
existem todos no eterno agora, sendo o momento presente o instante
em que se vive na eternidade. Quando nossa mente está dispersa
nos termos da memória do passado e da expectativa do futuro, então
não estamos vivendo na eternidade, mas nos fragmentos esparsos do
campo temporal. A outra visão declara que nós somos como um
reflexo de tudo aquilo que vivemos em nosso passado. Essa segunda
visão é a perspectiva mental que permite a acumulação do karma
passado. O karma sobrevive em nós em estado potencial e tem sua
raiz nas impressões latentes da consciência, os cancros ou samska-
ras, dessa ou de vidas passadas, que devem ser buscados em sua
origem e liberados em seguida. De acordo com Swami Veda Bharati,

                                                                  28
no livro ―Yoga Sutras of Patanjali with the Exposition of Vyasa‖ as
dissoluções das impressões latentes são o caminho para se atingir os
diferentes graus de samadhi (estado de consciência de união com o
real). A prática do prati prasav vem sendo experimentado há séculos
ou talvez milênios pelos yogues.
           Esse retorno em busca da origem das impressões latentes,
as sementes primordiais do karma, os conteúdos mentais, podem ser
dissolvidos de dois modos distintos: 1) através da prática da medita-
ção, onde se atinge uma consciência mais integral e nossa mente se
abre para todo o campo mental de impressões latentes da consciên-
cia; é quando um yogue ou místico recorda, em perspectiva, todos os
seus nascimentos prévios. 2) através da prática do prati prasav s a-
dhana, que consiste em remontar as origens de uma impressão
latente em particular, situar-se nessa origem e vencer esse samskara
dentro dele mesmo, obtendo-se assim a libertação dele e de sua
influência sobre nós. Essa segunda via é hoje muito semelhante ao
que se faz na terapia de vidas passadas.
           Não é apenas Patanjali que menciona a recordação de e-
xistências anteriores na tradição Hindu. Além dele, há também outras
citações sobre a capacidade de recordar-se de prévias existências no
Bhagavad Gita, porém sem o recurso de um método. Nessa obra,
considerada uma pérola da literatura espiritual de todos os tempos,
Krishna chega a aludir em várias partes do texto a respeito da reali-
dade de outras existências, e chega a dizer que ele próprio lembrava-
se de suas vidas passadas.

          Arjuna: ―Tu, Senhor, nasceste muito depois de Vivasvan (o
deus do sol); como, pois, devo entender que foste tu a revelar esta
doutrina?‖ Krishna: ―Muitas vezes já nascemos, eu e tu; mas tu, ó
vencedor, esqueceste os teus nascimentos; eu, porém, conheço
todos os meus. Após dizer isso, Krishna acrescenta: “Toda vez que a
ordem morre e a desordem impera, torno a nascer em tempo opor-
tuno – assim exige a Lei.‖ (Bhagavad Gitá Cap: IV; 4, 5 e 7)

          Em seu diálogo com Arjuna, Krishna deixa claro que possui
a lembrança de todas as suas vidas passadas, uma característica
comum que pode ser encontrada em todos os grandes avatares. O
conhecimento das vidas passadas por parte dos mestres espirituais,
como no caso de Buda e Krishna, parece ser uma constante e até
mesmo uma pré-condição para a iluminação espiritual. Tanto é assim
que Buda recordou-se de suas existências pretéritas antes de atingir
a iluminação.
          Além de Krishna, Agni também ―conhece todos os seus
nascimentos anteriores‖ (visva veda janima, Rig Veja, VI, 15, 13) ―e é
onisciente‖ (visvavit, Rig Veda, III, 29, 7). agni significa “fogo”, mas
não se trata apenas do fogo físico, mas também do fogo no sentido
da renovação periódica da natureza, o fogo do renascimento cíclico.
Diz-se que Agni é eternamente jovem, pois o fogo vem do “nada” e
para o “nada” retorna, assim como a alma. O fogo pode ser aceso

                                                                    29
todos os dias; como a essência, ele vem do desconhecido e para o
desconhecido retorna. O fogo nunca se perde e nunca se destrói,
como a alma, pois sua essência não pertence a este mundo.
           De qualquer forma, para a tradição oriental, incluindo o Bu-
dismo e o Hinduísmo, a capacidade de lembrar-se de vidas passadas
não é um fim em si mesmo, mas apenas um conhecimento que pode
contribuir no caminho espiritual. Porém, para se chegar ao estado de
perfeição, é preciso ativar a memória de todos os nascimentos pré-
vios, mas não só isso: é preciso restabelecer a memória do tempo
primordial, ou seja, do Tempo além do tempo. Isso implica em, de
uma sucessão temporal encaminhar-se para a eternidade; aqui de-
vemos entender a eternidade não como um tempo infinito, bilhões ou
trilhões de anos, mas como um estado além de qualquer tempora-
lidade.
           Essa noção fica patente no diálogo de Buda com os brâma-
nes de sua época. Os brâmanes (líderes da casta sacerdotal do
Hinduísmo), por terem o conhecimento de algumas de suas existên-
cias prévias, acreditavam que o mundo era estável e sempre o mes-
mo. Como eles viram apenas algumas de suas vidas, pensavam que
o mundo sempre lhes aparecera com uma forma definida, e a partir
dessa experiência especulavam sobre o funcionamento univer sal do
mundo. Mas o Buda, que tinha o conhecimento de todas as suas
existências, podia ver além do tempo, uma percepção total que os
brâmanes e pessoas comuns, que vislumbraram algumas de suas
vidas, ainda não possuíam.
           Mircea Eliade afirma que Buda se lembrava de todas as su-
as vidas passadas, enquanto os arhats se lembravam apenas de um
número considerável de vidas, mas não de todas. Além de Buda,
alguns de seus discípulos, como ananda e outros, eram chamados de
jarissara (“aqueles que recordam seus nascimentos”).
           Se Buda e Krishna lembraram de fato de suas vidas passa-
das, seria possível que Jesus também tivesse essas recordações?
Pela altitude do espírito do Cristo, é bem provável que sim. Mas
parece que Jesus jamais mencionou o conhecimento de suas pró-
prias existências passadas, pelo menos nada consta nos evangelhos
canônicos sobre isso. No entanto, ele era capaz de revelar as vidas
passadas de outras pessoas, como fez no caso de João Batista, na
famosa passagem de Mateus 17,12-13. Nessa passagem, Jesus fala
que "Elias já veio, e não o reconheceram". "Então, os discípulos
entenderam que lhes falara a respeito de João Batista". Jesus estava
falando de João Batista e deu a entender que João Batista havia sido
Elias numa outra encarnação, mas que ninguém o havia reconhecido,
posto que Elias, no passado, estava agora no corpo de João Batista.
Então, se Jesus conseguia saber das existências prévias de outras
pessoas, provavelmente também conhecia as suas próprias vidas.
           Assim, observamos que o oriente místico possui muito bem
assentado em seus pilares a ideia do renascimento cíclico. E o mais
importante: a possibilidade de sua recordação, seja espontânea ou
provocada por técnicas específicas, como no caso da Yoga e de

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práticas psicoespirituais de meditação, algo semelhante ao que se faz
modernamente com a ajuda dos profissionais médicos e psicólogos
da terapia de regressão, mas com algumas diferenças significativas.
           Vale ressaltar que a Índia não é integralmente reencarna-
cionista nos dias de hoje e tampouco o foi no passado. É verdade que
uma boa parte dos indianos acredita em reencarnação, mas as no-
ções que o povo indiano possui sobre esse tema são diferentes umas
das outras, até mesmo contraditórias. Não há um consenso bem
definido, uma teoria muito bem organizada e codificada do seja a
reencarnação. Os textos clássicos sagrados do Hinduísmo citam a
ideia do renascimento sucessivo, mas não formulam uma teoria
uniforme sobre ela.
           Além disso, na Índia muitos camponeses jamais ouviram f a-
lar da ideia do renascimento. Por outro lado, muitas escolas budistas
chegam até mesmo a negar o renascimento, e fazem isso tomando
por base a ideia de annata, o não-eu, que já citamos no Tratado
volume 1. Se não existe um eu, uma individualidade, ou uma alma
que renasce, então fica difícil acreditar num retorno cíclico a essa vida
de uma pessoa. Se não há uma alma, ou um espírito, o que reencar-
na? Na falta de uma explicação sobre isso, há um ceticismo sobre o
renascimento, principalmente a ideia da reencarnação tal como é
propagada no ocidente. Alguns budistas acreditam que não é uma
alma que reencarna, mas sim o karma do indivíduo, a sua memória,
ou mesmo um “fluxo de consciência”. Isso serve para ilustrar o fato de
que, apesar dos cânones das religiões orientais darem sustento a
noção reencarnacionista, há muita diversidade de ideias a esse res-
peito, além da diferença notória que há entre o renascimento oriental
e o princípio da reencarnação dentro do Espiritualismo moderno.
           A História do oriente é extremamente vasta e muita coisa foi
perdida ao longo dos séculos. Mas alguns escritores modernos se
empenharam em desvendar a mística sagrada do oriente e trouxeram
ao ocidente alguns resquícios de uma sabedoria transcendente perdi-
da na noite dos tempos. Um exemplo disso é o livro de Glycia Modes-
ta de Arroxellas Galvão, cujo pseudônimo era Chiang Sing, uma
jornalista e escritora brasileira que visitou vários países, como China,
Senegal, Tibete, Índia, Japão, Egito. Mas foi provavelmente no Tibet
onde ela teve suas mais extraordinárias experiências com a tradição
secreta do Budismo.
           Dentre várias situações que viveu no Tibet, Chiang Sing re-
latou a seguinte experiência: após ser convidada por um dos lamas,
ela entrou numa parte de um dos mosteiros. Viu famosas pinturas de
Budas. Depois encontrou-se com uma mulher de idade indefinível e
esta lhe disse ―Há vários ciclos que estávamos à tua espera, peque-
nina irmã! Os pés do deus do destino foram lentos em conduzir-te...
Mas chegou o tempo, não é mesmo?‖ Sing nada entendeu das pala-
vras da mulher. Então, o Lama pegou sua mão direita e murmurou
uma oração mágica desconhecida. Sing sentiu que estava se afas-
tando de si mesma, viu uma névoa e cores diferentes. Então o Lama
disse ―Em nome de todos os Budas eu te confiro o poder de lembrar

                                                                     31
existências passadas, através da imensidão do tempo... Regressa ao
passado! Fixa tua mente e lê o teu passado.‖
           Sing conta que, após essas palavras ―Visões se desenrola-
ram ante meus olhos assombrados. Não sabia se estava acordada ou
sonhando. Vi-me como uma princesa chinesa, vestida com sedas
macias e jóias raras. Senti como se fosse uma vestal de um templo
perdido nas montanhas. E toda uma encarnação de 4.000 anos atrás
foi recordada. (...) Tive uma visão das pirâmides... Vi o templo do
deus Amon... E logo, como se eu fosse um sacerdote desse templo‖.
―Depois, vi um templo da deusa Kali, a mãe dos mundos, às margens
do rio Ganges. Um grupo de bailarinas sagradas dançava diante da
estátua da deusa... E uma delas era eu. A visão desapareceu. Outra
pesada névoa passou antes meus olhos. Vi uma terra muito estranha
com pessoas de pele cor de cobre avermelhada... Numa colina, um
menino apascentava cabras. E, de repente, o menino era eu!‖ ―Estás
na velha Atlântida - disse uma voz – agora volta!‖
           O lama explicou-lhe que ela teve a oportunidade de ver vá-
rias de suas vidas passadas, uma delas no continente perdido da
Atlântida. Disse também que ela não encarnou novamente desde que
foi vestal no templo e isso foi há 4.000 anos. Ou seja, Sing passou
4.000 anos no período entrevidas e isso ocorreu por que ela traiu os
votos de castidade e por conta disso acabou sendo amaldiçoada.
Uma forte magia negra se abatia sobre ela, mas naquele momento o
Lama havia quebrado aquela maldição. Essa experiência de Sing
indica que a regressão de memória era usada no Tibet há muito
tempo, provavelmente muitos séculos e realizada por processos
místicos desconhecidos.
           Na antiguidade, além da Índia e Tibet, havia muitos santuá-
rios que ficaram posteriormente conhecidos como ―templos de sono‖.
O epíteto “sono” nada tem a ver com dormir, mas com um estado
profundo de consciência que lembrava o sono físico, assim como o
estado hipnótico lembra o estado do adormecer. Há indícios da exi s-
tência de templos como esse na Grécia, Roma, Egito, Oriente Médio
e Índia. Nos templos do sono, os indivíduos eram colocados num
estado alterado de consciência, o “sono dos mistérios”. Isso era feito
como forma de abrir um canal do homem com os deuses. Naquela
época não havia terapeutas; todo o processo do sono místico era
conduzido pela figura do “mistagogo”, o mestre dos mistérios, o inic i-
ador da Grécia antiga, aquele que ensinava as cerimônias religiosas e
os ritos. Esse é o correspondente do que no Egito se chama de “hie-
rofante”, o mestre da iniciação espiritual.
           O que ficou atualmente conhecido como o “sono mágico”
existe desde épocas imemoriais. Livio Túlio Picherle afirma que ―Os
hebreus, os astecas, os índios americanos Chippewas e os Arauca-
nos do Sul do Chile sabiam induzir o ―sono mágico‖ e outras formas
de transes grupais e individuais. Podiam produzir analgesia, gravar
sugestões pós-hipnóticas e curar dores físicas ou patologias psíqui-
cas‖.



                                                                   32
Na mitologia grega, lembramos quase automaticamente da
figura da medusa. Tratava-se de um ser sobrenatural, um mostro
ctônico, ou seja, um ser do mundo subterrâneo, que vivia nas profun-
dezas da terra. Possuía cobras no lugar de seus cabelos. Aqueles
que olhassem diretamente para ela se transformariam imediatamente
em pedra. Ela fascinava os homens com sua aparência para colocá-
los a sua mercê. Esse pode ser um símbolo do poder que o olhar
magnético de alguns indivíduos exerce sobre algumas pessoas mais
sensíveis. Essa capacidade é explorada na Hipnose com o método da
fixação do olhar, e também da fascinação, técnicas de indução hipnó-
tica, porém quase nunca são utilizadas na TVP. Outro exemplo de
fascinação exercida por um ser lendário é o poder do canto de uma
sereia. Reza a lenda que as sereias podem afundar embarcações
fascinando os homens com seu canto suave e hipnótico.
           No Egito antigo, existem indícios da utilização do transe te-
rapêutico em alguns documentos históricos. No papiro de Erbs, por
exemplo, podemos ler informações sobre os antigos sacerdotes dos
templos que dominavam a técnica da indução e dos estados não
ordinários com finalidades de alívio da dor e cura de males físicos e
psíquicos. Esse documento contém aproximadamente 700 fórmulas
mágicas de cura e muitas receitas de medicamentos que eram usa-
dos na época, além de uma descrição do sistema circulatório que
muito se assemelha a descobertas recentes da medicina. Dentre suas
fórmulas mágicas, há técnicas para se expulsar os maus espíritos
causadores de doenças físicas e mentais. Dizemos doenças mentais
porque também consta no papiro a descrição de alguns transtornos
mentais, como depressão e demência.
           Esse papiro é um dos mais antigos do mundo e nos dá uma
ideia remota de como era praticada a medicina egípcia por volta do
ano 1550 A.C. em seus vários aspectos. Porém, alguns autores,
como Jennifer Gordetsky, acreditam que esse papiro tenha sido
copiado de documentos ainda mais antigos, que remontam o ano de
3.400 A.C., bem antes do que se acredita. Para se ter uma ideia da
importância desse registro, doenças como diabete e vitiligo já se
encontravam descritas nesse pergaminho, assim como o uso medici-
nal do alho, que hoje é amplamente aceito.
           Neste documento, encontra-se uma passagem onde o sa-
cerdote egípcio colocava suas mãos sobre a cabeça de um homem,
recitava fórmulas mágicas, com o uso de sons sagrados, e a cura do
mal era obtida. Essa é uma das primeiras, senão a primeira referência
histórica do uso da indução ao transe de que se tem notícia. Pelos
nossos estudos com a terapia de vidas passadas sabemos que, uma
vez em estado alterado, o sujeito pode entrar naturalmente em re-
gressão e percorrer várias de suas vidas passadas. Durante a história
do magnetismo e da hipnose, podem ser encontrados muitos casos
onde os sujeitos hipnotizados regressaram espontaneamente a uma
ou várias vidas passadas. Se isso ocorria sem uma intenção na Euro-
pa, também deveria ocorrer na antiguidade, quando o “sono dos
mistérios” era abundantemente induzido nos templos. Neste sentido,

                                                                    33
embora não haja nenhum registro documental que aponte nessa
direção, se o uso do “sono terapêutico” era utilizado em larga escala
no Egito e em outros países, é muito provável que a regressão a
vidas passadas também já fosse conhecida e até mesmo aplicada
com finalidades curativas.
           No livro ―O Sono do Templo: o sono hipnótico das escolas
de mistério do Egito‖ a autora Gabriele Quinque explica sobre o sono
misterioso provocado nos templos sagrados: ―No autêntico sono dos
mistérios faz-se com que o corpo da pessoa adormeça, mas fique
espiritualmente acordada. O mistagogo libera a força da imaginação
do seu protegido na câmara secreta da identificação do eu e leva
essa imaginação, que tem o peso de uma pena, para os espaços
sutis da estrutura da consciência, aos quais normalmente não se tem
acesso. Em épocas antigas, tratava-se de uma viagem astral extra-
corpórea; atualmente é um estado afastado da realidade predomi-
nante semelhante ao dos sonhos lúcidos, nos quais a visão da pes-
soa se abre para o seu interior. Seu espírito vai buscar os valiosos
tesouros na profundeza úmida primordial da alma.‖
           Outro exemplo de utilização do sono dos mistérios era du-
rante o cerimonial de iniciação espiritual. Já falamos sobre a iniciação
no Tratado volume um. Mas nesse momento pode ser importante
abordar mais alguns de seus aspectos, de uma forma mais resumida,
para que nos seja possível desenvolver uma compreensão mais
ampla do sagrado sono iniciático e sua relação com a terapia de vidas
passadas.
           Sabemos que, no antigo Egito, as iniciações aconteciam
dentro das pirâmides. Ao contrário do que se pensa, as pirâmides
jamais foram locais para se guardar as tumbas dos faraós. Essa tese
demonstra apenas a incapacidade dos arqueólogos e historiadores
de compreender os profundos princípios da iniciação templária. A
pirâmide forma a geometria ideal para a canalização de níveis eleva-
dos de energias sutis. A forma piramidal é a mais perfeita para se
entrar em contato com os planos superiores. Dentro desse clima
vibratório adequado, ocorreram num período de vários milênios,
provavelmente 9.000 anos, a iniciação dos mistérios em milhares ou
mesmo milhões de candidatos. A iniciação espiritual, como já disse-
mos, são ritos de morte e nascimento: a morte para o eu físico da
personalidade, o velho homem, e o nascimento de um novo homem,
regenerado, sutilizado e espiritualizado.
           Como disse Jesus ―Na verdade, na verdade te digo que a-
quele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus‖ (João
3:3). Algumas pessoas acreditam que essa passagem fala apenas da
reencarnação, mas seu significado mais profundo nos remete ao
segundo nascimento, o nascimento iniciático, o nascimento da vida
espiritual regenerada. Essas iniciações podem ocorrer nos templos,
sendo provocadas pelos mestres (mistagogos, hierofantes, etc) du-
rante um ritual específico programado para ativar uma transformação
interior, ou podem ocorrer naturalmente, quando a pessoa já se en-
contra preparada para um novo nascimento; quando ela está apta a

                                                                    34
“trocar de pele”, ou a romper a casca da ignorância, do materialismo
ou da ilusão do ego, ou a fazer a transição de um estado a outro,
como a lagarta se torna borboleta, entendendo aqui o símbolo das
asas como um símbolo da ascensão ou do “vôo da consciência” às
alturas espirituais.
           Na mais famosa iniciação do antigo Egito, o candidato era
colocado num sarcófago e, por meio da indução ao “sono dos misté-
rios”, que era produzido por recursos místicos especiais, e não ape-
nas por hipnose sugestiva, ele entrava no processo iniciático. Nesse
processo, o objetivo é fazer o iniciando entrar em contato consigo
mesmo e experimentar, de uma vez só, uma parte do seu karma
acumulado; parte essa que ainda o estaria impedindo de subir a um
nível espiritual mais adiantado. Então, o candidato era colocado
diante da sua grande dificuldade: se tivesse medo de ser desprezado,
logo apareciam em sua consciência as cenas em que foi objeto de
desprezo; se tivesse um trauma de abuso sexual, cenas de abuso
atravessavam com toda intensidade a sua consciência; se tivesse
qualquer outro bloqueio, essas barreiras eram rompidas e determina-
das circunstâncias lhe vinham a mente com toda a realidade. Ou seja,
tudo aquilo que ele possuía dentro de si como conteúdo mental em
desequilíbrio lhe era apresentado, em toda a vivacidade, por meio de
cenas e experiências que ele vivia como se elas de fato estivessem
ocorrendo. Se tivesse medo de enfrentar uma pessoa, essa pessoa
lhe apareceria; se tivesse medo de cobras, centenas de cobras pode-
riam passar por ele; se tivesse ódio de uma pessoa que muito o
prejudicou, essa pessoa se faria presente para “assombrá-lo” até que
ele fosse capaz de perdoá-la e transcender seu ódio. O que ele deti-
nha dentro de si, como uma impureza, imperfeição de caráter, ações
negativas ou qualquer conteúdo mental sujo, pecaminoso, sórdido,
limitante etc aparecia a ele dotado de intenso realismo.
           O objetivo da iniciação era descobrir se o discípulo iria su-
cumbir às tentações de sua materialidade e de suas tendências psí-
quicas, ou se conseguiria colocar a vida espiritual e o plano divino
como prioridade. Caso tivesse superado as provas, nada mais pode-
ria abalá-lo dentro do nível que foi vencido, tornando-se assim um ser
renascido que superou uma parte de suas imperfeições. Como exis-
tiam vários níveis de iniciação, cada um deles buscava transcender
os grilhões de um degrau da grande escada da consciência, e se
iniciava uma preparação para outras etapas mais elevadas. Por conta
do estado de “sono” iniciático, ou estado alterado de consciência
profundo, tudo que visse lhe pareceria muito real, como se estivesse
de fato ocorrendo com ele.
           Então, assim que essas visões assaltavam sua consciência,
com um conteúdo reprimido ou inconsciente, ele deveria enfrentar as
cenas e finalmente vencer esses conteúdos mentais desarmônicos.
Isso não era nada fácil para o candidato, mas quanto maior a dificul-
dade vencida, maior o mérito atingido e também maior o benefício
espiritual conquistado. As correntes mentais que fluem de forma
antagônica no psiquismo começavam a fluir numa mesma direção; o

                                                                    35
discípulo conseguia vencer a natureza fragmentária de sua mente e
passava a assumir o controle de sua energia e seu psiquismo. Além
disso, após vencer as provas, ele conquistava poderes incomuns e
recebia um influxo espiritual elevado, que o fazia renascer em vários
planos, mental, emocional e até físico, com a recuperação da saúde e
bem estar.
          Na realidade, esse aspecto da iniciação dos mistérios mos-
trava o enfrentamento de uma realidade puramente psíquica do indi-
víduo, algo que muito se assemelha ao que hoje se faz nos con-
sultórios de terapia de regressão a vidas passadas. Por outro lado,
esse processo continha certos aspectos que obviamente transcen-
dem o que acontece num consultório, pois existem leis mais profun-
das envolvidas e a presença e orientação de verdadeiros Mestres
Realizados. Iniciações como essa também são comparadas com o
estado do bardo, o estado descrito da vida após a morte da tradição
tibetana (falamos sobre o bardo e o Livro dos Mortos Tibetano no
Tratado volume 1).
          A grande chave da iniciação é essa: tudo aquilo que se
passa em nosso plano mental, em forma de tendências, pensamen-
tos, sentimentos, crenças, enfim, todo nosso conteúdo psíquico, um
dia se tornará manifesto na Terra; se transformará em expressão no
mundo. Isso significa que, de alguma forma, esses conteúdos vão
passar do plano da consciência para o plano da ação e da experiên-
cia no mundo. Do mundo subjetivo se traduz ao mundo objetivo. O
mental passa para o físico, em forma de acontecimentos e experiên-
cias terrenas. Em suma, o que nos ocorre no exterior nada mais é do
que uma exteriorização do que já ocorreu ou ocorre em nosso interior.
A grande vantagem da iniciação é antecipar a manifestação desses
conteúdos, experimentá-los, desgastá-los e vencê-los no próprio
mundo interior, antes que se materializem como circunstâncias da
vida, formando o cenário e o contexto de nossa existência. Esse
processo abrevia nossa caminhada e nos dá a oportunidade sagrada
de vencer dentro da consciência aquilo que invariavelmente, de forma
inequívoca, se materializará na Terra.
          ―Em essência, você experimentaria seu própria karma pes-
soal desde o início de sua primeira encarnação. Em lugar de deixá-lo
surgir em seu futuro você teria a oportunidade de experimentá-lo em
sonhos que lhe pareceriam reais. Assim, a iniciação era um processo
de descer as profundezas da alma para confrontar tudo o que não
fosse de Deus.” (Joshua David Stone) Neste ponto começa a ficar
mais clara a relação estreita entre a iniciação dos mistérios e a tera-
pia de vidas passadas. Antes que o karma de nossas vidas passadas
tome forma no mundo exterior, com o regresso de nossas ações,
podemos tratá-lo durante a regressão e harmonizar nossos conteúdos
mentais. Por isso dissemos que a TVP é uma terapia iniciática. Ou
também pode ocorrer o contrário: após a manifestação dos conteúdos
mentais criando os arredores de nossa existência, por meio de técni-
cas específicas, visitando nosso passado kármico, é possível trans-
mutar o karma e anular os efeitos que ele teria sobre o rumo dos

                                                                   36
acontecimentos da vida, regendo nosso corpo, nossa mente e nosso
destino.
           Existem duas formas de se evoluir, desenvolver-se espiri-
tual ou ascender. O primeiro é deixando que o karma se manifeste no
mundo e que nós o enfrentemos no campo da existência material,
através de provas, expiações, sofrimentos, desafios, experiências,
doenças, limitações, deformidades, confusão, brigas, medo, angústia,
etc. Essa é a via natural, a via da experiência no campo da existência.
A segunda forma é a via iniciática, que abrange todo esse processo
que nós descrevemos nas linhas precedentes; são recursos que
provocam crises de despertar, provas de experiência de nossa pró-
pria realidade interior, antes mesmo que elas ocorram no mundo da
materialidade, no campo de experiências da vida humana.
           Infelizmente, a maioria das pessoas prefere a primeira via,
o caminho natural, e espera que seu karma e seus conteúdos mentais
conscientes ou inconscientes se concretizem no mundo. Como já
dissemos, a terapia de vidas passadas também é uma forma de se
resolver nosso karma antes que ele se manifeste ou, caso as lições
ainda não tenham sido bem assimiladas, antes que ele volte a se
repetir. Dizemos “repetir” porque sabemos que tudo aquilo que não
for bem compreendido e assimilado tende a ser reeditado em nossa
vida. O mesmo problema aparece com uma nova roupagem no futuro,
caso as lições e aprendizados não tenham sido devidamente entendi-
dos. Por outro lado, a maioria dos indivíduos do nosso tempo aguarda
até que o karma aperte e cause sofrimento, para só depois procurar
harmonizar seu material psíquico desarmônico e seu karma passado
através da regressão. Dessa forma, compreendemos como o trata-
mento kármico de nossas vidas passadas estava presente, de uma
forma ou de outra, nas antigas iniciações dos mistérios e se configura
como uma parte importante da História dos estados não ordinários de
consciência e da regressão a vidas passadas.
           Após o declínio da sociedade Egípcia, até onde sabemos
há pouquíssimas referências sobre o uso dos estados incomuns que
podem evocar vidas passadas. É certo que os estados de transe e os
estados alterados foram abundantemente utilizados ao longo dos
séculos. Porém, infelizmente, há pouquíssimo material histórico des-
critivo a esse respeito. É preciso lembrar que estamos falando sem-
pre de estados de consciência que detêm um potencial terapêutico, e
não apenas os ritos religiosos que envolvem práticas de adoração à
divindade ou contato com espíritos (embora em algum momento ou
nível estes também possam ter efeitos terapêuticos). Porém, aqui nos
interessa trazer à tona alguns resquícios de uma história tão ampla e
ainda muito pouco conhecida do público.
           Na Grécia antiga, conhecemos a figura do filósofo Empédo-
cles. Esse filósofo dizia que existiam apenas quatro princípios na
natureza, ar, água, terra e fogo. Dizia que o amor une todas as coi-
sas, enquanto o ódio separa. Afirmava também que tudo faz parte de
um todo e que esse todo se renovava em ciclos. Ensinava o filósofo
que a vida humana se desenrolava numa série imensa de nascimento

                                                                   37
e mortes sucessivos, confirmando assim a crença na reencarnação.
Sua filosofia pode ter sido influenciada pelas suas recordações do
passado. Suas recordações incluíam a lembrança de ter sido rapaz e
moca em vidas passadas. Outro filósofo que acreditava e defendia a
reencarnação foi Pitágoras. Diz-se que Pitágoras se lembrava de três
de suas vidas passadas. Parece que suas recordações indicavam
que ele havia sido Hermotine, Euphorbe e um dos Argonautas.
          Ainda na Grécia antiga, dizem que Heráclito também era
um reencarnacionista e acreditava nas vidas sucessivas. A filosofia
desse grande pensador indica de forma clara os elementos essenci-
ais do renascimento cíclico. Heráclito já mencionava que na natureza
tudo se move, tudo flui, tudo está sempre numa corrente, tal como um
rio, sendo impossível algo estar completamente ausente de movi-
mento. E o mais importante, o grande fluir da vida é sempre uma
consequência da alternância entre os contrários. Segundo o filósofo,
não pode existir vida sem antagonismo e o ser profundo das coisas é
uma unidade de opostos. Porém, para Heráclito, essa contradição
sempre se harmoniza de acordo com as leis da vida. A mesma ideia
serve de base para a compreensão do renascimento cíclico, onde
vida e morte se unem num fluir infinito de contrários que sempre
encontra uma harmonia na unidade da existência. Nada há mais
próximo da reencarnação do que o pensamento de que a ideia da
vida e morte sucessiva e a constante renovação da natureza.
          Na antiguidade romana, sabemos que o imperador Juliano,
o apóstata, que governou Roma por 20 meses, afirmava ter recorda-
ções de suas vidas passadas. Ele dizia ter sido ninguém menos que
Alexandre, o Grande.
          Avançando vários séculos após os templos do sono e as i-
niciações espirituais, chegamos à idade média, a época que ficou
conhecida como a idade das trevas. Nessa época o sistema feudal
impunha um modo de vida extremamente precário à população, com
quase nenhuma chance de progressão de classe social. Havia ape-
nas três classes, a nobreza, o clero e o povo. A Igreja dominava a
cultura e definia os valores e normas morais a serem seguidas, assim
como determinava a filosofia, a ciência e as crenças vigentes.
          Dentro desse cenário, havia pouquíssima chance de um es-
tudo mais aprofundado dos estados de transe. No entanto, como os
estados incomuns fazem parte da natureza humana, eles se expres-
sam de uma forma ou de outra, dentro da cadeia de significantes da
cultura de uma época. Na idade média, os senhores do êxtase foram
os santos católicos, reconhecidos ou não reconhecidos em sua santi-
dade. Mas nada sobre vidas passadas foi mencionado nessa época,
a não ser com os cátaros ou albigenses, os cristãos místicos, que
acreditavam na reencarnação e possuíam ensinamentos divergentes
aos da Igreja Romana.
          A expansão dos cátaros ocorreu rapidamente e atingiu o
seu auge no final do século XI. Logo eles foram considerados heréti-
cos pela Igreja Romana e acabaram sendo inteiramente exterminados
por recusarem-se a abrir mão de suas crenças, sendo uma delas a

                                                                38
reencarnação. Pesquisas mostram que o catarismo possuía um
conjunto de práticas rigorosas que previam, dentre outras coisas, a
renúncia de si mesmo em favor do outro, o vegetarianismo, o jejum
periódico, a resistência ao sofrimento do corpo e uma vida de po-
breza. Uma informação interessante sobre o catarismo é que os
cátaros acreditavam que esse mundo, impuro e imperfeito, havia sido
criado não por Deus, mas pelo Diabo. Segundo os cátaros, Deus cria
os mundos felizes e elevados, mas só o diabo pode criar os mundos
corrompidos como esse em que vivemos.
          Ainda na Idade Média, e um pouco antes dos cátaros, no
século X D.C., Avicena, um grande médico e filósofo árabe, já men-
cionava o poder que a mente e a imaginação poderiam conferir ao ser
humano. Certa vez Avicena disse o seguinte: "A imaginação pode
fascinar e modificar o corpo de um homem, tornando-o doente ou
restaurando-lhe a saúde". Suas palavras confirmam muitas desco-
bertas da psicoterapia atual, em especial as que lidam com os esta-
dos incomuns dentro da imaginação ativa ou visualização criativa.

          História Moderna

           Começaremos agora a descrever a história moderna da Te-
rapia de Vidas Passadas. Podemos localizar seu início temporal nas
pesquisas iniciais de uma figura genial chamada de Franz Anton
Mesmer. Ao longo de sua vida, Mesmer foi chamado de bruxo, char-
latão, louco, mágico, prestidigitador, por alguns; e de gênio, inovador,
revolucionário e benfeitor da humanidade por outros. O mesmo acon-
tece com a maior parte das personalidades ilustres que estiveram à
frente de seu tempo e só tiveram seu trabalho reconhecido décadas
depois, ou mesmo mais de um século ou nos séculos posteriores.
           Mesmer nasceu em 1734. Formou-se em medicina e escre-
veu uma tese em 1766 sobre a influência dos planetas sobre os seres
humanos. Foi maçom e freqüentou a mesma loja que o jovem Mozart
em Viena na época. Era também astrólogo, alquimista e um estudioso
voraz das ciências ocultas. Não era nem perto de um médico conven-
cional. No início de sua carreira, começou a tratar seus pacientes com
o magnetismo irradiado por imãs, uma prática que não era rara em
sua época. Foi então que, refletindo sobre isso, começou a deduzir
que, se o corpo humano também é dotado de magnetismo (já que
absorve o magnetismo do imã), por que não usar o magnetismo
humano para tratamento de doenças? Mesmer então se pôs a aplicar
constantemente suas mãos sobre as pessoas e a imaginar que esta-
va emitindo uma espécie mais sutil de magnetismo, diferente do
magnetismo mineral. Mesmer denominou essa energia de “magne-
tismo animal”. Futuramente, seu método seria chamado de “Mesme-
rismo”, em homenagem ao criador (ou redescobridor) da técnica do
magnetismo.
           Dizem que Mesmer teria baseado suas pesquisas do mag-
netismo animal nas obras de Paracelso, Van Helmont, Robert Fludd,
Maxwell e do Padre Kircher. Ele acreditava que esse fluido magnético

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era universal, sutil, gravitacional e poderia ser encontrado como
emanação dos planetas, das estrelas, da lua, de todos os corpos
celestes e também dos seres humanos. Tratava-se de um remédio
invisível, imponderável, mas não menos capaz de produzir efeitos
terapêuticos em diversas pessoas. Esse magnetismo foi chamado de
“agente geral” e teria uma influência sobre a saúde e a doença hu-
mana. Esse fluido se manifesta sobre várias formas, sendo as mais
comuns a eletricidade, o magnetismo, a gravidade, o magnetismo
animal, etc.
           Algumas pessoas possuem-no mais fortemente que outras,
por isso elas seriam mais “magnéticas” em sua forma de agir. É
possível a transferência direta desse fluido de uma pessoa a outra e a
partir dessa emanação, modificar e harmonizar o fluido positivo e
negativo que existe em todas as pessoas (para Mesmer, a desarmo-
nia do fluido positivo e negativo seria a causa das doenças). Mesmer
usava não apenas a transferência do fluido magnético pelas mãos,
mas também por objetos, água, vaso, e até árvores. Bastaria que
uma pessoa ou um grupo de pessoas entrassem em contato com
uma árvore para serem beneficiadas com esse magnetismo.
           Neste caso, Mesmer já falava sobre a possibilidade de se
“carregar” objetos, impregnar-lhes de energias magnéticas e fazer
com que elas fossem posteriormente assimiladas por indivíduos
necessitados de uma corrente do magnetismo em seu corpo.
           A teoria de Mesmer é obviamente muito próxima de algu-
mas ideias ancestrais de povos tribais e orientais que falam a respeito
de um maná universal, como na Oceania, na Índia (com o prana), na
China (t´chi) no Japão (ki), dentre vários outros. A crença num fluido
místico de natureza divina e desconhecida remonta aos primórdios da
humanidade e talvez à pré-história. A cura pela imposição de mãos
sempre foi uma constante em algumas religiões.
           O prestígio de Mesmer logo de espalhou pela Europa, pri-
meiramente em Viena, onde residia, e depois em Paris, onde a alta
classe da sociedade européia o procurava para experimentar um
pouco da nova e polêmica terapia mesmeriana. Mas não eram ape-
nas os cidadãos abastados que tinham o privilégio de se submeterem
ao mesmerismo. Apesar de Mesmer ter sido acusado, durante toda a
sua vida, de interesseiro, charlatão, megalomaníaco, sabe-se que ele
dedicava boa parte do seu tempo para atender os pobres de forma
gratuita, o que irritava ainda mais os críticos sedentos na tentativa de
encontrar seus erros e desmerecê-lo em público. É verdade que
Mesmer tinha, de fato, um jeito muito pouco ortodoxo de expor seus
métodos. Fazia apresentações públicas de forma muito extravagante
e teatral, o que lhe conferiu um rótulo de egocêntrico e pedante. Mas
essa sua atitude se dava, acreditam alguns autores, para explorar o
fator sugestivo de suas curas, já se aproximando do fenômeno que
surgiria posteriormente com Puysegur e Braid, com o advento da
Hipnose.
           Mesmer atraiu muitos seguidores, fez muitos discípulos em
Paris e logo a terapia mesmérica foi difundida pela Europa. O mesme-

                                                                    40
rismo atraía seguidores prestigiados, inclusive ganhara o respeito da
Rainha Maria Antonieta. Vários centros de cura mesmérica começa-
ram a abrir em diversas partes de Paris e nos arredores. Rapida-
mente os médicos ortodoxos da época começaram a sentir-se amea-
çados pela nova terapia. Por esse motivo, as autoridades resolveram
avaliar mais de perto o pretenso sucesso do magnetismo animal.
           Foi então que duas comissões de cientistas da época foram
designadas para testar e dar um veredicto sobre a eficácia de suas
curas. Estavam presentes na comissão cientistas como Lavoisier,
Bejamin Franklin, o Dr. Guillotin (inventor da guilhotina), o astrônomo
Bailly, dentre outros. Com a impossibilidade de negarem as curas
efetuadas por Mesmer (devido ao imenso registro de curas guardado
por Mesmer), a comissão optou por considerar que os efeitos do
magnetismo animal não provinham de um magnetismo real, mas
eram tão somente o efeito da “imaginação” das pessoas. Poucos
sabem disso, mas esse veredicto não foi unânime. O botânico Jus-
sieu publicou um relatório separado dos seus colegas e apresentou-
se contrário as conclusões da comissão, asseverando que, de acordo
com sua análise, existia de fato um agente desconhecido atuando nas
curas pelo magnetismo animal.
           Não se pode negar que a imaginação é um componente
importante em todas as curas magnéticas. No entanto, diversas
pesquisas atuais sugerem que o magnetismo animal ou humano não
é apenas efeito da sugestão, posto que ele funciona também em
animais e vegetais. O Dr. Bernard Grad produziu pesquisas científicas
sobre a capacidade de cura do magnetismo que emana das mãos de
curadores. Uma dessas experiências foi com sementes de cevada.
Dentro da pesquisa, Grad verificou que as sementes de cevada que
eram tratadas por curadores magnéticos cresciam mais rapidamente
do que outras sementes que não haviam se submetido ao magne-
tismo humano.
           Em outra pesquisa, Grad deu água pura para pacientes
psiquiátricos segurarem durante certo tempo. Essa mesma água foi
jogada na areia em que as sementes de cevada cresciam. Grad
observou que o crescimento da cevada foi sensivelmente menor do
que a cevada que havia sido tratada com água normal e bem menor
do que a cevada tratada pelo magnetizador. Em outra experiência,
Grad fez uma análise da composição química da água e descobriu
que, após a magnetização da mesma, ocorreu uma alteração física
mensurável na diminuição da tensão das pontes de hidrogênio. Numa
pesquisa realizada com ratos, Grad provocou a doença conhecida
como bócio nos animais e pediu ao famoso curador Oskar Stabany
para que pegasse em todos os ratos de um grupo durante 15 minutos
todos os dias, por 40 dias. Os ratos do outro grupo não foram pegos
ou tratados pelo curador. O resultado foi que os ratos que tiveram
contato com Stabany apresentaram uma proporção mais baixa de
aumento da tireóide.
           Há ainda uma pesquisa muito interessante, conduzida na
USP, pelo psicobiólogo Ricardo Monezi. A pesquisa procurava verifi-

                                                                   41
car se o Reiki poderia ter um efeito em ratos independente da fé de
uma pessoa. No caso da pesquisa com ratos, efeito placebo é iso-
lado, pois esses animais não possuem crenças, fé e nem empatia
pelos curadores. Monezi fez uma pesquisa parecida com as experi-
ências de Grad, dividiu três grupos de ratos e provocou tumores em
todos eles. No primeiro grupo, nenhum tratamento foi feito; no se-
gundo grupo, Monezi fez uma intervenção com luva e chamou de
“controle-luva” (a luva posta sobre os ratos poderia talvez ter o efeito
de fazer os roedores se sentirem cuidados e, por isso, desenvolveram
algum tipo de melhora); e no terceiro grupo aplicou o Reiki. Após o
sacrifício dos animais, os pesquisadores procuraram medir a resposta
imunológica dos animais aos três tipos de tratamento. No grupo que
foi tratado com Reiki a análise revelou que o sistema imunológico
estava operando com o dobro da capacidade dos outros dois grupos
que não haviam recebido o tratamento com Reiki. Esse experimento,
realizado com rigor científico, mostrou que o Reiki funciona indepen-
dente do efeito da sugestão e contribui para o fortalecimento do
sistema de defesas do organismo. Todas essas experiências suge-
rem que a existência das energias sutis dos seres humanos não é um
mito e que elas ultrapassam o efeito da sugestão, indicando que
Mesmer estava correto desde o final do século XVIII.
           Uma informação interessante sobre Mesmer e que nos re-
mete a uma técnica muito usada nas regressões de memória a vida
atual e a vidas passadas é a de que, segundo Mesmer, o caminho da
cura dos sintomas passa necessariamente por uma espécie de “crise”
ou de variadas e sucessivas crises. Mesmer dizia que, antes de
sobrevir a cura, era preciso “purgar o mal”, e isso se fazia pelo con-
curso de uma crise onde se colocava todo o mal da doença para fora,
de forma expressiva. A incrível intuição de Mesmer e suas constantes
observações o haviam levado a compreender a importância da ca-
tarse no processo de cura muito antes de Freud. Muitos não possuem
essa informação, mas Mesmer também se valia da prática da catarse
para obter os resultados terapêuticos. Os detratores de Mesmer, no
entanto, acusaram-no de “fabricar crises” e de provocar efeitos con-
vulsivos em pessoas como parte de seu show particular. Mas para
aqueles que compreendem o valor da catarse no caminho da cura é
simples perceber o quanto é necessário expressar as desarmonias
existentes em nosso interior, desvelando as impurezas de nosso
inconsciente, para depois obter o alívio dos sintomas. Portanto, a
catarse já existia na época de Mesmer, e era representada pelas
crises com as quais ele criava as condições para que a cura fosse
estabelecida.
           Após o Mesmerismo, o ponto mais marcante da História da
Terapia de Vidas Passadas foi a descoberta ou redescoberta da
Hipnose por Armand Marie Jacques de Chastenet, ou apenas Mar-
quês de Puysegur. Puysegur foi discípulo fiel de Mesmer e atendia
com o magnetismo animal até que um acontecimento inesperado
mudou completamente o rumo do seu trabalho. Certo dia, ele estava
atendendo um jovem camponês, cujo nome era Victor Race, que

                                                                    42
sofria de pneumonia. Puysegur aplicou a técnica mesmérica normal-
mente, mas de pronto percebeu que Race havia caído numa espécie
de sono, porém conservando sua consciência. Puysegur foi conver-
sando com Race e notou que o rapaz falava com ele com uma lucidez
maior do que o habitual e respondia a várias perguntas nesse “estado
de sono”. Depois dessa experiência, Puysegur ficou admirado em
constatar que Race não possuía qualquer recordação do fato. Essa
teria sido a primeira experiência catalogada do transe, ou estado
alterado de consciência, após uma sessão de magnetismo.
           Puysegur notou que esse “sono” se constituía de um efeito
terapêutico e reparador por si mesmo. Pessoas submetidas a esse
sono eram capazes de responder a várias perguntas de forma lúcida,
como também pareciam ser capazes de dar o diagnóstico da própria
doença de que eram portadores. E não só isso: algumas pessoas
eram capazes de diagnosticar outras pessoas, e elas sequer precisa-
vam estar presentes para que esse diagnóstico se tornasse possível.
Essas experiências indicavam que havia uma inteligência maior
trabalhando durante os períodos em que alguém se encontrasse
nesse sono misterioso. O tratamento da doença também era prescrito
pelas pessoas dentro desse estado incomum.
           Dizem que, no meio de diversas experiências, algumas
pessoas, porém em número bem reduzido, eram capazes de prever
certos acontecimentos com bastante exatidão, o que nos leva a cogi-
tar a possibilidade do despertar de certa intuição superior e tam bém
de uma precognição, ou visão do futuro. Esse fenômeno é estudado
hoje em dia na terapia de vidas passadas e recebe o nome de ―pro-
gressão ao futuro‖. Falaremos sobre a progressão ao futuro ou a
vidas futuras em capítulo próximo. De qualquer forma, parece que o
Marquês havia começado a descobrir o estado de transe provocado,
e por meio deste aberto as portas da consciência para a descoberta
de vários fenômenos que até então eram muito pouco conhecidos e
aceitos na Europa. Nesse sentido, tudo indicava que todo um uni-
verso novo e amplo de possibilidades estava se revelando aos olhos
atentos do observador.
           Após o ano de 1850, o magnetismo animal assistiu a uma
queda expressiva de interesse, e boa parte dessa tendência se deve
ao desenvolvimento considerável da ciência após um bom número de
novas descobertas científicas e tecnológicas. Darwin houvera desfe-
rido um golpe fatal no criacionismo ao lançar o clássico ―A Evolução
das Espécies‖. Começou a florescer com bastante força a ideia de
que o racionalismo seria a ideologia dominante e que a ciência ins-
trumental seria a chave para a resolução de todos os problemas
humanos. A metafísica e a metapsíquica começaram a ser postas de
lado em troca do crescente espírito positivista que invadia toda a
Europa e aumentava as pretensões de uma ciência de pura racionali-
dade em oposição às tradições místicas e esotéricas. O mesmerismo
foi então relegado a alguns círculos de entusiastas que jamais perde-
ram a fé nas capacidades inatas de cura do homem.



                                                                 43
Terapia de Vidas Passadas
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Terapia de Vidas Passadas

  • 1. Tratado de Terapia de Vidas Passadas Volume Único Hugo Lapa
  • 3. Observação importante: Este material é o resultado de um esforço que tem como principal objetivo divulgar o estudo teórico da Terapia de Vidas Passadas. A totalidade das informações aqui contidas poderá ser utilizada livremente em cursos de formação para terapeutas de regressão e também como informativo para a propagação da Terapia de Vidas Passadas junto ao público em geral. Seu conteúdo está devidamente protegido pela lei dos direitos autorais. Qualquer citação de partes desse texto deve obrigatoriamente conter a indicação da fonte. O infrator estará sujeito à pena- lidade conforme a legislação brasileira. O conteúdo aqui exposto não pode ser con- siderado suficiente para a formação de um profis- sional de terapia de vidas passadas. Este Tratado deve ser encarado apenas como um manual teórico do nosso campo de estudos, e não como material que basta para a certificação do terapeuta. De igual forma, não há possibilidade de que as informações aqui contidas possam servir para o ensino das téc- nicas terapêuticas hipnóticas, regressivas ou psí- quicas, pois estas só podem ser aprendidas em cursos regulares e oficiais de formação. Este material não foi escrito numa sequên- cia de ideias. Isso significa que a leitura dos primei- ros capítulos não é pré-requisito para entendimento dos subsequentes. O leitor pode sentir-se à vontade para ir a qualquer ponto que seja de seu interesse. Desejamos a todos uma leitura edificante! Que todos possam encontrar o objetivo máximo da existência: a natureza divina eternamente presente no interior de cada um. 3
  • 4. Contato com Hugo Lapa Telefone: (11) 9502 2176 E-mail: lapapsi@gmail.com Blog: http://hugolapa.wordpress.com Site: www.terapiadevidaspassadas.net Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100001215440079&ref=ts Twitter: @HugoLapa Msn: hugolapatvp@hotmail.com Skype: Hugo-lapa Entre em minha lista de discussão sobre TVP: terapiadevidaspassadastvp@yahoogrupos.com.br 4
  • 5. Certa vez perguntaram ao Dalai Lama: "O que o surpreende mais na humanidade?" Ele respondeu: "Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, e acabam por não viver nem no presente e nem no futuro... Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tives- sem vivido." "Para ser grande, sê inteiro Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a lua inteira brilha, Porque alta vive." (Poeta e Místico Fernando Pessoa) “Sede vós mesmos vossa própria bandeira e vosso próprio refúgio. Não confieis a nenhum refúgio exterior a vós. Apegai-vos fortemente à Verdade. Que ela seja vossa bandeira e vosso refúgio. Aqueles que forem eles próprios sua bandeira e seu refúgio, que não se confiarem a nenhum refúgio exterior a eles, que, apegados à Verdade, a tenham como bandeira e refúgio, atingirão a meta suprema.” (Buda) “A fonte corre cantando Da nascente para o mar, Serve e luta no percurso Para ser pura ao chegar...” (Chico Xaver; Emmanuel) “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.” (Mahatma Gandhi) “Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Jesus) 5
  • 6. Dedicatória Este tratado é dedicado ao nosso querido Morris Netherton, o primeiro sistematizador da Terapia de Vidas Passadas. 6
  • 7. Agradecimentos Agradeço a minha esposa Camila pelo grande incentivo que me deu durante a elaboração desta obra e pela disposição em criar as condições para que ela pudesse ser escrita. No cerne de seu esforço está a certeza de que a Terapia de Vidas Passadas é um instrumento eficaz para o aperfeiçoamento e a purificação da huma- nidade. 7
  • 8. ÍNDICE Capítulo 1 – Introdução -------------------------------------------------- 16 A Terapia de Vidas Passadas As Contraindicações As Distorções da Terapia de Vidas Passadas A História da Terapia de Vidas Passadas Capítulo 2 – As Leis Naturais -------------------------------------- 67 A Reencarnação A Metempsicose O Conceito Annata Budista O Karma ou Lei de Causa e Efeito O Karma Coletivo O Karma Bumerangue O Livre arbítrio A Evolução Espiritual O Dharma O Princípio Holonômico A Sincronicidade A Coincidência Capítulo 3 - As Correntes Espirituais ---------------------------- 106 O Espiritismo A Teosofia Budismo Tibetano (O Livro Tibetano dos Mortos) As Ordens Iniciáticas Capítulo 4 - A Ciência --------------------------------------------- 120 Considerações sobre o Saber Científico O Empirismo Capítulo 5 - A Hipnose ------------------------------------------- 130 O Mesmerismo de Franz Anton Mesmer A Hipnose O Transe A Amnésia pós-hipnótica A Hipnose Regressiva A Hipnose Ericksoniana As Ondas cerebrais Capítulo 6 - Tempo, Memória e História Oculta ------------- 141 8
  • 9. O Tempo A Memória Extracerebral Os Arquivos Akashicos O Continente Perdido da Atlântida O Continente Perdido de Mu (Lemúria) Capítulo 7 – O Psiquismo Humano ------------------------------- 153 O Ego A Personalidade O Inconsciente O Caráter A Aptidão As Emoções Os Skandhas Os Sonhos O COEX Capítulo 8 – A Anatomia Sutil ----------------------------------- 172 A Anatomia Sutil O Espírito A Alma O Eu Superior O Corpo Astral O Cordão de Prata O Corpo Etérico O Corpo Físico A Aura Os Chakras Os Nadis Os Átomos Permanentes Capítulo 9 – As Terapias dos Estados Incomuns ------------- 190 Os Estados Incomuns O Isolamento Sensorial A Terapia Primal A Respiração Holotrópica Treinamento Autógeno EMDR Método Silva de Controle Mental A Psicologia Transpessoal A Psicossíntese O Psicotranse O Renascimento A Psicorregressão A Captação Psíquica 9
  • 10. A Acupuntura A Astrologia Kármica O Clearing Capítulo 10 – Os Tipos de Regressão ----------------------------- 222 A Análise de Vidas Passadas A Regressão A Regressão espontânea A Regressão em grupo A Regressão Simbólica A Regressão à vida animal A Regressão à vida mineral A Regressão em Espíritos A Regressão a vidas felizes Regressão a vidas paralelas Progressão a vidas futuras A Autorregressão Outros tipos de vidas Vida imediatamente anterior à atual Vidas de drenagem Vida mais espiritual Vida Extraterrestre Vida mais insignificante e simples A Autorregressão Capítulo 11 – As Fases da Regressão ---------------------------- 252 O Roteiro Kármico (ou Plano de Vida) Os Senhores do Karma A Vida intrauterina O Nascimento A Descida O Aborto A Morte A Morte consciente A Revisão de vida O Suicídio A Experiência de Quase-Morte O Kamaloka O Bardo O Devachan O Entrevidas A Metaconsciência de Joel Whiton Capítulo 12 - A Influência das Vidas Passadas --------------- 301 A Personalidade de vida passada O Véu do Esquecimento 10
  • 11. A Família de Almas As Almas Gêmeas O Povo da Luz As Doenças A Carga As Marcas de Nascença As Marcas de Nascença Experimentais Os Samskaras O Spot Os Opostos Psíquicos O Padrão e Contrapadrão O Engrama O Complexo A Ressonância Simbólica A Repercussão kármica O Trauma O Hangover A Alienação O Postulado de caráter A Pseudo-Obsessão Inversão de Papel Os Votos de Fidelidade ou Compromisso O Pacto de Sangue O Voto de Celibato O Voto de Pobreza O Voto de Silêncio A Homossexualidade As Habilidades de Vidas Passadas A Iniciação Espiritual Os Padrões de Evolução Os Arquétipos Capítulo 13 - Vida Afetiva e Familiar ------------------------------- 371 O Amor de Vidas Passadas A Dependência Emocional Os Conflitos Familiares O Reconhecimento de Familiares A Nossa Missão com a Família O Ciúme A Culpa Relações de Poder Familiar Sacrifício pelo outro Aversão e Raiva Familiar Esponja Capítulo 14 - Os Papéis de Vidas Passadas -------------------- 406 A Vítima 11
  • 12. O Algoz O Salvador O Observador O Perpetrador Capítulo 15 - As Explicações Alternativas ----------------------- 409 O Materialismo O Coletivismo Psíquico O Criacionismo O Traducionismo A Transferência Psíquica A Fraude A Criptomnésia A Memória Genética O Efeito Placebo A Fantasia Capítulo 16 - A Parapsicologia -------------------------------------- 423 Os Poderes Psíquicos O Treinamento de Templo A Telepatia A Precognição A Glossolalia O Médium A Experiência fora do corpo Capítulo 17 - A Psicopatologia -------------------------------------- 433 A Psicopatologia A Depressão O Transtorno de Pânico A Fobia A Adicção às Drogas A Paranóia O Transtorno Dissociativo de Identidade Obsessões e Compulsões O Racismo Capítulo 18 - A Influência Espiritual ------------------------------- 464 O Mestre Os Anjos Os Devas Os Elementais Obsessão espiritual A Incorporação A Possessão Espiritual 12
  • 13. A Possessão Animal Os Implantes O Vampirismo O Umbral Os Demônios Maya (A Ilusão Cósmica) Capítulo 19 - Os Extraterrestres ------------------------------------ 491 Os Extraterrestres Os Exilados A Abdução Capítulo 20 - A Magia --------------------------------------------------- 502 A Influência Psíquica A Magia A Magia Negra Capítulo 21 - O Terapeuta de Regressão ------------------------- 510 A Ética do Terapeuta A Relação Terapêutica A Empatia A Equipe Espiritual do Terapeuta A Intuição Como encontrar um bom terapeuta Capítulo 22 - O início da sessão ------------------------------------ 521 A Influência das Vidas Passadas A Questão da Cobrança Tempo da sessão Registrar as sessões A questão do barulho Posição para a regressão Ingestão de substâncias Identificação do transe A Iluminação do local A Música de fundo A Anamnese A Indução O Comando A Experiência Transpessoal O Ponto de entrada As Pontes O Bloqueio A Catarse O Insight 13
  • 14. A Terapia da Catarse e Terapia do Insight Capítulo 23 - Técnicas de Indução --------------------------------- 566 O Relaxamento O Relaxamento Progressivo Visualização Criativa A Concentração em pontos específicos e nos chakras A Focalização no sintoma ou problema A Verbalização e repetição do conteúdo A Regressão por meio de objetos As Mind Machines A Cinesiologia Aplicada Capítulo 24 - Técnicas de Condução e Tratamento ---------- 585 O Anfiteatro A Consciência Elíptica A Dissociação A Imagem de Filme A Visão de Pássaro As Imagens Catatímicas Os Estados de Ego Atravessar o Problema O Homing A Exploração da Aura A Exploração Verbal O Tratamento das “presenças” espirituais A Ancoragem A Técnica ISIS O Resgate da Alma A Terapia da Pré-Criação A Transação Kármica A Viagem Xamânica A Reprogramação do Roteiro Kármico O Perdão Capítulo 25 - Terapia de Vidas Passadas com Crianças ---- 616 As Crianças e suas Vidas Passadas A Terapia de Vidas Passadas Infantil O Amigo Invisível Capítulo 26 - Personalidades ---------------------------------------- 626 Sigmund Freud Hans Tendam Helen Wambach Roger Woolger 14
  • 15. Edith Fiore Brian Weiss Morey Berstein Morris Netherton Bibliografia 15
  • 16. Capítulo 1 Introdução à Terapia de Vidas Passadas Definição e Aspectos Gerais A Terapia de Vidas Passadas (TVP) é uma abordagem te- rapêutica, ainda não vinculada à Psicologia e à Medicina, que tem como hipótese fundamental a realidade do renascimento sucessivo, ou a teoria da reencarnação. A Terapia de Vidas Passadas usa técnicas semelhantes à Hipnose regressiva, que tem como meta regressar no tempo até os primeiros períodos da vida atual – como infância, nascimento e vida intrauterina. A TVP, por sua vez, declara ser possível conduzir o ser humano a estados de consciência anteriores ao nascimento físico e a fase intra-uterina; estados que transcendem a perspectiva de sua personalidade atual. A TVP deriva seu nome da experiência de re- gressar à vidas passadas, tendo como objetivo o tratamento de outras existências, para o alívio de sintomas físicos e psíquicos. A Terapia de Vidas Passadas trabalha com o pressuposto de que muitas experiências originárias de encarnações passadas podem ter criado marcas profundas em nosso psiquismo. Essas marcas podem ter sua gênese em momentos determinados durante a vida ou no momento da morte. Com a amnésia pós-nascimento da vida seguinte, nossa memória fica velada, mas as repercussões decorrentes das marcas deixadas de vidas passadas continuam ressoando em nosso ser, gerando múltiplos e variados problemas, como dores, fobias, traumas, angústia, ansiedade, sintomas físicos e emocionais. Os dois pilares do tratamento da Terapia de Vidas Passa- das ou TVP são a catarse e o insight. Catarse é a descarga de ener- gias emocionais e psíquicas não elaboradas e não digeridas do pas- sado recente ou remoto. Insight é uma compreensão súbita e inefável de uma grande verdade sobre nós mesmos, uma percepção panorâ- mica de nossa condição, algo que muda radicalmente nossa visão de perspectiva. Tanto a catarse como o insight são fundamentais para que ocorra o alívio dos sintomas e o autoconhecimento. A Terapia de Vidas Passadas é considerada por muitos como uma modalidade expandida da Terapia de Regressão. Porém, vai um pouco além disso. A TVP trata das personalidades do nosso passado encarnatório, trata de nossos complexos ou subpersonalida- des (parte dissociadas do eu atual) e também pode tratar entidades obsessoras ou possessoras. Alguns autores chamam essas consci- 16
  • 17. ências externas ao cliente de “presenças” espirituais. Há muitas evidências clínicas de que boa parte dos problemas enfrentados pelo ser humano sejam reforçados e alimentados pelas “más companhias” espirituais. O Objetivo da TVP não é apenas conhecer intelectualmente nosso passado além da vida atual. Durante a regressão, entramos num processo mais profundo que nos permite atravessar novamente uma situação, revivenciar, reatualizar os eventos passados e senti-los com grande intensidade, sem, no entanto, perder a referências de nossa mente objetiva atual e nos mantendo conscientes durante todo o processo. Diz-se que a intensidade da experiência, seja ela física, emocional ou psíquica, é proporcional ao efeito terapêutico. Essa revivência é como um psicodrama, ou seja, uma retomada do drama inicial reproduzido pelo nosso psiquismo. A TVP pode tratar diversas fases de nossa vida ou vidas passadas. A fase adulta, a adolescência, a infância, o nascimento, a fase intrauterina, o plano de vida, o espaço entrevidas, as vidas pas- sadas, a morte na vida passada, dentre outras possibilidades. É interessante mencionar como os hipnotizadores que trabalham com a regressão de idade (sem a hipótese das vidas passadas), muitas vezes ouvem relatos dos seus clientes que aparentam ser reminis- cências de vidas passadas. Mesmo quando encontramos uma aparente causa da quei- xa do paciente em algum evento da vida atual, como, por exemplo, a infância, ainda existe a chance de esse acontecimento ter uma ori- gem ainda anterior à infância desta vida. É possível que apanhar de cinto na vida atual possa evocar emoções fortíssimas de uma vida de escravo, quando apanhávamos de chicote. Assim, dizemos que existem algumas situações traumáticas da vida atual que são reesti- muladores de traumas ainda mais antigos. O paciente que se submete à TVP não precisa ter qualquer crença em reencarnação nem em vida após a morte. Pode mesmo ser cético ou agnóstico, não ter qualquer crença religiosa. Mesmo assim os efeitos terapêuticos se fazem presentes. Ou seja, a TVP funciona independente das crenças dos indivíduos. Por outro lado, a TVP é uma terapia mais curta do que as psicoterapias convencionais, mas cada sessão regressiva é mais intensa do que as sessões de psicologia clínica. Sobre a rapidez da TVP, o psiquiatra Denis Kelsey disse que, comparando seu trabalho (como terapeuta de regressão a vidas passadas e como psiquiatra) com o trabalho de seus colegas, ele afirmou que "Em um período máximo de doze horas de terapia de regressão, eu posso realizar aquilo que um psicanalista demoraria três anos." As palavras de Denis Kelsey refletem a observação de muitos terapeutas que trabalham diariamente com a TVP. Trata-se de uma terapia rápida e eficiente na maioria dos casos. A Terapia de Vidas Passadas não tem como foco de traba- lho a produção de evidências que venham a comprovar a reencarna- ção. Embora isso seja uma consequência natural do processo tera- 17
  • 18. pêutico, não é isso o que se busca. Por outro lado, a TVP nada tem a ver com religiões e os terapeutas são unânimes em declarar que a TVP não herdou conceitos religiosos de nenhuma corrente mística ou confessional, embora existam paralelos muito significativos entre a TVP e certos princípios de algumas correntes religiosas. É preciso dizer que dificilmente uma pessoa conseguirá, através da TVP, a comprovação da realidade das vidas passadas; aqueles que entram na terapia com esse objetivo, podem não a estar buscando pelo motivo correto. As pessoas procuram a regressão pelos mais variados mo- tivos. Há uma ideia falsa que circula em alguns meios espiritualistas de que a maioria das pessoas procura a TVP por curiosidade, mas esse equívoco é facilmente contestável pela experiência diária dos terapeutas que acolhem as mais diferentes queixas. Há um percen- tual extremamente reduzido de indivíduos que buscam a TVP apenas por curiosidade ou para saber quem eram no passado. Uma pesquisa realizada em 1988 por instituições americanas, sendo conduzida por terapeutas como Rabia Clark (1995), Garritt Oppenheim (1990), Hans Ten Dam (1993) e Shakuntala Modi (1998) revelaram que existem alguns motivos mais comuns da procura por esse tipo de terapia. Esses motivos são: 1) Medos e fobias 2) Problemas de relacionamento 3) Depressões 4) Sintomas físicos sem explicação médica ou que não res- pondem a nenhum tratamento medicamentoso. 5) Problemas sexuais 6) Vícios 7) Obesidade e transtornos alimentares. Não me estenderei muito nessa introdução, até por que os mais variados aspectos da TVP estarão descritos com detalhes nas páginas que se seguem nesta obra. Desejamos que sua leitura seja rica, profunda e inspiradora, pois o objetivo da TVP é elevar o homem a sua real identidade: a de Homem Primordial, criado a imagem e semelhança de Deus, num vínculo indissociável com o Universo. As Contraindicações As Contraindicações se referem a casos onde a Terapia de Vidas Passadas não pode ser realizada. Os terapeutas não aconse- lham a realização da Terapia de Vidas Passadas em alguns casos especiais, como segue: Gravidez: a energia despedida em momentos de catarse forte pode influenciar o feto de várias formas. Há ainda o agravante do espírito que espera à reencarnação ser uma das pessoas envolvidas na vida 18
  • 19. que será evocada. No entanto, existem terapeutas no Brasil que trabalham com grávidas e relatam que, em sua experiência, nunca tiveram qualquer problema nos atendimentos. Psicose e pré-psicose: Uma das principais razões para se evitar a regressão em psicóticos e pré-psicóticos é a ausência de uma estru- tura de ego bem formada. Outra justificativa citada pela literatura e pelos terapeutas é a incapacidade do psicótico em concentrar sua atenção nos procedimentos terapêuticos, nos comandos e na trama resgatada de sua memória. Diz-se que alguns psicóticos e esquizo- frênicos não conseguem manter o foco de sua consciência num dado aspecto por muito tempo, perdendo-se em seguida numa rede de associações mentais aparentemente desconexas. ―Num surto psicó- tico não é geralmente possível uma concentração suficiente para obter uma entrada em transe hipnótico e, portanto, a terapia regres- siva não pode ser tentada‖, diz Lívio Túlio Picherle no livro “Terapia de Vida Passada”. De qualquer modo, há pesquisas na literatura que apontam para a possibilidade de tratamento do psicótico ou esquizo- frênico com a regressão. Problemas Cardíacos: Pessoas com problemas cardíacos acentua- dos não devem realizar a TVP. Esse impedimento se justifica no fato de que, durante a TVP, muitos núcleos traumáticos serão remexidos, muita emoção virá à tona e o cardíaco pode ter complicações nesse momento. Uma forte taquicardia pode levar a pessoa a algum preju- ízo. É aconselhável somente aceitar pessoas com descompensações cardíacas com autorização médica em laudo. Surdez: Infelizmente, o surdo não pode acompanhar a fala do tera- peuta de olhos abertos. A comunicação através da linguagem dos sinais também não é possível. Por isso, coloca-se a surdez, não como contraindicação, mas como impossibilidade ao tratamento regressivo. Epilepsia: Há perigo de um ataque epilético durante a regressão, o qual o terapeuta pode não estar apto a lidar. No caso de ocorrer um ataque epilético, deve-se ligar imediatamente ao hospital e solicitar ajuda especializada. Asma: A asma só deve ser realizada quando o cliente possuir o aparelho de contenção da crise. Caso contrário, durante a TVP a crise pode vir à tona e provocar sérios problemas à pessoa. Pressão Alta: Com as emoções ao extremo, indivíduos com esse problema podem ter um aumento significativo da pressão, o que pode acarretar problemas clínicos diversos. Da mesma forma que nos problemas cardíacos, um atestado médico poderá ser solicitado pelo terapeuta ao médico. 19
  • 20. Deficiências mentais, retardamento: O indivíduo com retardo men- tal, pela sua própria condição, não está apto a realizar uma regressão terapêutica. Pessoas com problemas degenerativos cerebrais, como Mal de Alzheimer, infelizmente também estão incapacitadas de pas- sar pelo processo. Pós-prandial: período que sucede refeições copiosas ou “pesadas”. De acordo com alguns terapeutas, aumenta-se o risco de transtornos gastrointestinais ao cliente. As Distorções Da Terapia de Vidas Passadas A Terapia de Vidas Passadas, infelizmente, ainda é muito incompreendida pelo público em geral. Por isso, é importante men- cionar as mais comuns distorções que ocorrem na percepção do público perante a TVP. Muitos utilizam a palavra “mito” como signifi- cando falso, mentiroso, irreal - “os mitos da TVP” - mas a palavra mito não possui o sentido que comumente lhe emprestam. Assim, certas ideias falsas ou destituídas de embasamento sobre as técnicas re- gressivas podem atrapalhar muitas pessoas necessitadas de trata- mento. As principais ideias distorcidas são as seguintes: Posso ficar preso ao passado ou a uma vida passada: Essa é uma distorção muito comum, mas é totalmente irreal. Ninguém pode ficar preso ao passado pelo simples motivo de que ninguém se des- loca ao passado. A pessoa em regressão não quebra a barreira do tempo físico, mas apenas acessa arquivos de memória não digeridos ou traumáticos que permanecem até o momento presente. O que pode ocorrer é o cliente ficar tão relaxado após o tratamento de seu passado; tão desprendido de várias cargas passadas que o molesta- vam, que ele pode apresentar certa dificuldade de retornar e perder aquele estado “nirvânico”. Lívio Túlio Picherle comenta no livro ―Psi- coterapias e Estados de Transe‖ que, em 25 anos de prática de Hip- nose e regressão, nunca seus atendidos demoraram mais de 5 minu- tos para retornar à consciência objetiva. Além disso, as pessoas já estão, de certa forma, presas a muitas experiências passadas. O que a Terapia de Vidas Passadas realiza é retirar as pessoas desse passado e fazê-las viver mais plenamente no presente. De qualquer forma, se por acaso uma pessoa tiver dificuldade em retornar do estado regressivo, o máximo que pode ocorrer é a passagem do estado regressivo para o estado de sono, adormecendo e acordando naturalmente algum tempo depois, não resultando desse processo qualquer dano ao psiquismo. Reviver uma vida passada pode fazer a pessoa surtar ou enlou- quecer: Se uma pessoa tem uma pré-disposição à loucura, qualquer evento ou acontecimento de sua vida que provoque um estado emo- cional mais forte – levando-a a conteúdos psíquicos que ela deseja 20
  • 21. dissimular, esconder de si mesma, reprimir e até esquecer por com- pleto – pode, ao menos em tese, levar a pessoa ao surto e à loucura. Qualquer coisa em nossa vida pode provocar um surto quando temos essa pré-disposição. No entanto, a loucura, enquanto estrutura psi- cológica, já estava presente na constituição do indivíduo. A possibili- dade do surto já existia dentro da pessoa em estado potencial, e ao menor estímulo, esse depósito de emoções poderia ser ativado a qualquer momento, levando a pessoa a um possível “surto” de maior ou menor intensidade. Aqui estamos nos referindo, obviamente, ao surto psicótico. Lembrando que o termo surto psicótico pressupõe sempre um desequilíbrio com o poder de provocar uma desestrutura- ção da organização psíquica. Trata-se de um episódio que marca uma dissociação na estruturas psíquica, e não o despertar de uma torrente de emoções que ficam mal assimiladas pelo ego. Um surto é, na maioria das vezes, temporário e tem algumas características principais como um comportamento paranóide, alucinações, confusão mental, dissociação, emoções confusionais e delírios. Assim, não podemos dizer que foi a TVP ou qualquer técnica associada que provocou aquele estado de loucura, mas sim a estrutura ou constitui- ção própria da pessoa. Porém, os terapeutas de regressão devem ficar sempre atentos a indivíduos que demonstrem a uma clara condi- ção de pré-psicose, e esses sujeitos devem ser encaminhados à Logoterapia, às terapias de reestruturação psíquica e à avaliação de psiquiatras e psicólogos. De qualquer forma, o autor deste tratado desconhece qualquer caso em que a regressão tenha levado uma pessoa ao surto. Essa parece ser mais uma ideia criada por pessoas que não se deram ao trabalho de pesquisar e não têm qualquer expe- riência na área. Posso dizer ou fazer coisas que não quero: Esse é outra distorção muito comum, mas que não encontra qualquer base na realidade. Os pesquisadores do Hipnotismo sempre procuram desconstruir essa ideia de que a pessoa fica submetida ao domínio do terapeuta e é enfraquecida em sua vontade consciente. Ninguém vai expor durante a TVP nada do que não deseje. Vários experimentos já foram realiza- dos a esse respeito e já está amplamente demonstrado que isso não passa de uma falsa noção sobre a Hipnose e a regressão. Porém, todos os conteúdos de vidas passadas que interfiram de algum modo na harmonia da vida presente devem ser atravessados, revistos e purificados, para se atingir os almejados objetivos terapêuticos. Ficarei inconsciente e não me lembrarei de nada depois: Nas técnicas de indução com Hipnose ativa, relaxamento e outras técni- cas de concentração verbal, emocional, somática e de visualizações, a pessoa mantém total consciência de todo o processo, mas mergu- lha num estado mais profundo que a permite acessar dados além do limiar da vida atual. Assim, geralmente as pessoas permanecem conscientes e recordam de toda a vida. São muito raros os casos da chamada “amnésia pós-hipnótica” dentro das técnicas de indução 21
  • 22. mental utilizada pela maior parte dos terapeutas de regressão. Esta só ocorre em alguns indivíduos e mesmo assim a pessoa precisa entrar num estado de transe mais profundo. A maior parte das pessoas que fazem regressão diz ter sido pessoas famosas: Essa é uma noção tão difundida quanto irreal e centenas de vezes já demonstrou ser algo sem qualquer sentido. As pesquisas empíricas de Helen Wambach e centenas de terapeutas respeitados ao redor do mundo sugerem que a maioria das pessoas em regressão se depara com existências simples e comuns, por vezes até chatas e sem graça. Raríssimos são os casos em que nos percebemos como alguém famoso, tal como um ícone da História. Porém, no caso disso ocorrer, não se pode descartar a hipótese do sujeito ter acessado uma memória coletiva da humanidade. A TVP é uma técnica perigosa: Não há qualquer perigo em se realizar uma regressão com um profissional capacitado e bem for- mado. Sempre faço a analogia da rua onde passam os carros. Se uma pessoa atravessa a rua sem olhar para os lados, há o perigo de sermos atropelados por um carro. Mas se olhamos para os dois lados, nos certificamos de que nenhum veículo está vindo e então passarmos de um lado a outro, não pode existir qualquer perigo. Na TVP ocorre a mesma coisa. Quando um profissional é bem formado e experiente, não há qualquer possibilidade de riscos ao atendido. Mesmo quando algumas pessoas passam mal após a regressão, isso pode ser uma catarse, ou seja, pode fazer parte da descarga de energias próprias de todo processo de desintoxicação mental e emo- cional. Porém, esse processo de descarga das energias pós-regres- são tem uma duração média de 2 a 4 dias e depois desse período, tudo volta ao normal e a pessoa sente-se melhor. Conhecer uma vida de algoz pode causar culpa ou remorso: Em alguns meios espiritualistas costuma-se afirmar equivocadamente que conhecer vidas de algoz pode causar culpa ou remorso. Se faço uma regressão e me vejo fazendo mal a pessoas que me são caras (como parentes e amigos), eu poderia desenvolver um sentimento de culpa após essa percepção, situação que atrapalharia para sempre a minha relação com essa pessoa. Não há nada mais falso do que essa ideia. É preciso deixar claro que, no caso de uma ou várias vidas de algoz, a culpa ou o remorso já existe na pessoa antes de fazer a TVP. A pessoa sente uma culpa inconsciente perante as pessoas que ela feriu ou provocou sofrimento no passado atual ou encarnatório. A culpa está presente antes da realização do tratamento e o que acon- tece após a regressão terapêutica é o tratamento, diminuição ou a remissão completa dessa culpa. Muitas pessoas supõem que conhe- cer eventos traumáticos ativa novamente as emoções originais do trauma. Isso é verdadeiro por um lado, porém, trazer à tona as emo- ções envolvidas no trauma é uma condição definitiva para a sua cura. Após a revivência ou reatualização do trauma, ele desaparece, pois 22
  • 23. pode ser descarregado e conscientizado pelo cliente. Assim, essa ideia da culpa pós-tratamento em vidas de algoz não possui nenhuma base empírica e só é difundida por pessoas que desconhecem com- pletamente a TVP. A TVP só deve ser procurada em último caso: É verdade que, em casos de doença física, devemos procurar em primeiro lugar uma ajuda médica e realizar um diagnóstico, com seu conseqüente trata- mento. Porém, nada impede que a pessoa busque paralelamente e de forma complementar ao tratamento médico um tratamento psicoló- gico e espiritual como a Terapia de Vidas Passadas. Por outro lado, muitas pessoas passam anos recorrendo a tratamentos médic os e psicológicos caros e prolongados, quando já poderiam optar por encararem seu problema sob um prisma novo e amplificado. Essa ideia equivocada parece supor que a TVP, por ser um tratamento mais forte e intenso, só deve ser procurada em circunstâncias extre- mas, igualmente fortes e intensas. ―Como já estou muito mal, nada pode me fazer piorar. O que vier a partir de agora é ganho‖ pensam alguns. A TVP só é forte por que nos coloca frente a frente com o que somos. A intensidade da experiência é diretamente proporcional à intensidade do problema que já está presente dentro do indivíduo. Por isso, um problema mais forte, pede uma intervenção de nível mais profundo e capaz de penetrar mais diretamente na raiz do pro- blema. Procurar a TVP em último caso é sem dúvida um erro que só atrasa o tratamento das vidas e prolonga o sofrimento dos indivíduos. Deze- nas de pessoas já comentaram comigo que, em apenas algumas sessões de regressão, já tinham conquistado mais resultados do que em anos de tratamentos convencionais. Então, qual o motivo de adiar um método que tem se mostrando eficaz ao longo das últimas três décadas? Os espíritos de luz podem bloquear o processo quando a pessoa não está preparada: Não há nenhuma referência mais contundente na bibliografia que indique tal possibilidade. O que os autores costu- mam enfatizar é sobre os mecanismos de defesa do ego, que blo- queiam a passagem de certas informações que poderiam desestrutu- rar a pessoa. Quando isso ocorre, não é nenhum mestre ou espírito de luz que bloqueia, mas a própria pessoa que criou uma barreira natural protetora. Mas no caso de supor que os espíritos de luz pos- sam bloquear o processo, eles não farão nada mais do que a própria pessoa já fez ou faria com os recursos de suas defesas naturais. Assim, não parece haver qualquer possibilidade do espírito de luz fazer algo que a própria pessoa já faz. Certa vez estava conduzindo uma regressão e o cliente perguntou ao seu mestre: ―posso ver as verdades a meu respeito? Isso me será concedido?‖ O mestre respondeu: ―Você pode ver tudo o que você quiser, a questão é que você não quer conhecer muitas coisas sobre 23
  • 24. você. Então, naturalmente, você verá dentro dos limites do seu pró- prio desejo‖. É preciso equilibrar a pessoa antes de fazer a regressão a vidas passadas: Esse é outro erro corrente. Se a terapia de vidas passa- das necessitasse de um equilíbrio ou uma harmonização antes de ser realizada, não seria ela mesma uma forma de terapia, mas necessita- ria de outra terapêutica prévia que lhe desse sustentação. Mas na realidade, é a própria TVP que realiza esse equilíbrio e essa susten- tação. Algumas pessoas conservam esse equívoco por acreditar que a TVP pode representar certos riscos, o que já vimos ser falso. A TVP serve justamente para a conquista do equilíbrio e da harmonia do psi- quismo. Além disso, qual forma de psicoterapia convencional daria base para se tratar as vidas passadas se nenhuma delas faz das encarnações anteriores seu objeto de tratamento? Na TVP, geralmente as vidas passadas mais brandas e menos gra- ves vem primeiro, como defende Roger Woolger. Provavelmente nosso psiquismo vai liberando os conteúdos mais leves para que nos acostumemos com o processo. Logo depois, emergem os conteúdos mais arraigados, porém igualmente com mais poder transformador. Assim, quanto mais adiantado estiver o tratamento, mais a pessoa conseguiu penetrar, remexer e purificar seu lado obscuro de vidas passadas. A História da Terapia de Vidas Passadas Para que se possa contar a História da Terapia de Vidas Passadas é necessário dividi-la em três fases distintas: a primeira é a fase pré-mesmerismo, quando a regressão era usada nos templos antigos e nas religiões. A segunda é a fase pós-mesmer, quando o magnetismo animal foi descoberto na Europa. A terceira fase teve início após o lançamento do livro do psicólogo clínico americano Morris Netherton, “Past Live Therapy”, considerado o primeiro codifi- cador da terapia de regressão a vida passadas. Netherton foi o pri- meiro pesquisador que deu um formato a TVP, criando os principais conceitos, estabelecendo uma linha de atuação definida e criando uma distinção entre a técnica de hipnose regressiva e a técnica do que ficou então conhecido como terapia de vidas passadas. Decidimos denominar cada uma das fases da seguinte for- ma: Em primeiro lugar, chamaremos de “História antiga” a fase em que o transe, o êxtase e a regressão eram usados nos templos por sacerdotes, religiosos, magos, místicos, iniciados, dentre outros. Esse momento histórico é muito vasto, e pode ser considerado como todas as referências que se apresentaram na História antes de Mes mer criar o Magnetismo animal, ou Mesmerismo. Isso ocorreu antes do final do século XVIII. A outra fase chamaremos de “História Moder- na”, que começou depois da definição do método mesmérico. Essa 24
  • 25. foi a etapa considerada “científica” do magnetismo ou da Hipnose. A terceira fase chamaremos de “História Recente”, que se deu após a formulação do método de Morris Netherton, onde foram estabelecidas os princípios e o método da Terapia de Vidas Passadas como é conhecida até os dias atuais. Por esse motivo, é preciso ter em mente que a TVP, tal co- mo era praticada na antiguidade, pouco se assemelhava a terapia de vidas passadas da forma como é praticada pelos médicos, psicólogos e terapeutas nos dias de hoje. As sociedades pré-industriais, feudais ou tribais conheciam métodos diversos de indução ao êxtase espiritu- al, mas nenhum destes pode ser comparado a TVP tal como foi for- mulada por Morris Netherton. Quando muito, os antigos praticavam técnicas que lembravam a Hipnose da época de Mesmer e depois. De qualquer forma, é preciso considerar que as técnicas arcaicas do êxtase detêm o potencial de ativar memórias ocultas, e quando esse processo é conduzido de uma forma organizada, o efeito pode ser de cura e libertação. Um bom exemplo são algumas formas de medita- ção onde, em consequência do desenvolvimento e aprofundamento do estado meditativo, as reminiscências de vidas passadas podem ser experimentadas e assimiladas. Neste contexto, o efeito terapêuti- co não é central, mas é apenas um dos seus benefícios. Esses tam- bém podem ser filosóficos, metafísicos, religiosos, de harmonização espiritual, autoconhecimento, dentre outros. Por esse motivo, não podemos denominar certas práticas, mesmo que envolvam o resgate de vidas passadas, de terapia de regressão a vidas passadas, pois esta possui uma série de caracte- rísticas que a distinguem das técnicas arcaicas dos antigos. Isso se faz claro pelo motivo de que, nessa época, o conhecimento era as- sistemático (sem a formulação de um sistema) e a finalidade religiosa era preponderante, enquanto os resultados terapêuticos (que são características centrais da TVP) ficavam sempre em segundo plano. Para os antigos, não havia essa divisão que hoje se faz entre o êx- tase místico que busca o contato com o divino e a cura de uma do- ença: ambos estão interligados e um não poderia ocorrer sem o outro. A função do ritual, o êxtase, o desdobramento da alma, o conheci- mento das regiões celestiais e a comunhão mística com o divino eram os pilares que norteavam a maior parte dos ritos na antiguidade. Começaremos então citando algumas referências históricas do êxtase religioso ou místico onde o indivíduo abria as portas do inconsciente e suas vidas passadas podiam lhe ser reveladas. História Antiga Buscaremos nossa primeira referência no oriente, berço da mística profunda contemplativa e fonte de duas das cinco maiores religiões do planeta, o Budismo e o Hinduísmo. O Budismo teve seu impulso inicial nas palavras originais de Buda, compiladas por seus discípulos, conservadas e passadas adiante nas escrituras sagradas. No Hinduísmo, temos a prática milenar da Yoga, um conjunto de 25
  • 26. técnicas diretas de estados de êxtase através do despertar das capa- cidades latentes do espírito humano. A grande figura inicial da Yoga é sem dúvida o sábio Patânjali, considerado o primeiro codificador da Yoga; o indivíduo que organizou um conhecimento de práticas que até então se encontravam dispersas por toda a Índia arcaica. Já nos referimos a essas palavras originais de Buda no Tra- tado volume 1, mas pelo valor deste texto, devemos insistir aqui em seus pontos fundamentais, que são: 1) a percepção de Buda de suas vidas passadas; 2) a percepção de Buda das relações de causa e efeito, o resultado de cada ato humano em regresso a si mesmo e, 3) a percepção de Buda sobre as condensações da mente, os cancros, ou samskaras em sânscrito, as feridas mentais, formadas por impressões gravadas no plano mental e emocional, moderna- mente denominados de “complexos” por Jung, que funcionam como grilhões para a consciência aprisionando-a ao mundo de maya (ilu- são). Um dos relatos mais antigos que sobreviveram até os dias de hoje, é, provavelmente, a referência à regressão de memória espontânea realizada por Sidharta Gautama, o Buda, quando estava meditando durante seis anos e tentando encontrar a verdade da libertação dos sofrimentos. A explicação de Buda sobre esse estado nos informa não apenas sobre uma regressão espontânea em si, mas também sobre uma clara percepção dos mecanismos que sustentam o retorno das ações e reações do mundo, que produzem nascimentos e mortes, e, também muito importante, uma percepção de como se pode vencer, superar, libertar-se dessas correntes mentais. Desde essa época, Buda havia redescoberto o grande mecanismo da ―roda de samsara‖ e qual seria o caminho para se sair dela, uma extraordi- nária lucidez que até hoje serve de base ou princípio para a libertação dos samskaras de vidas passadas no trabalho dos próprios terapeu- tas de regressão. Vejamos essa incrível experiência mística de Buda: ―Com o coração assim resoluto, assim aclarado e purifi- cado, limpo e purgado de coisas impuras, manso e apto a servir, firme e imutável – foi assim que adeqüei meu coração ao conhecimento de minhas existências passadas – um só nascimento, depois dois … [e assim sucessivamente até] … cem mil nascimentos, muitas eras de desintegração do mundo, muitas eras de sua reintegração, e nova- mente muitas eras de sua desintegração e de sua reintegração. Nesta ou naquela existência passada, lembrava-me de meu nome, meu clã, minha casta, meu regime alimentar, minhas alegrias e sofrimentos, e duração da minha vida. Depois passei a outras existências subse- qüentes nas quais tais e tais eram meus nomes e assim por diante. Depois passei à minha vida atual. E assim recordei-me de minhas diversas existências passadas em todos os detalhes e características. Este, Brâmane, foi o primeiro conhecimento que alcancei na primeira vigília daquela noite – a dissipação da ignorância e a conquista do conhecimento, a dissipação da escuridão e a conquista da ilumina- 26
  • 27. ção, como convinha à minha vida estrênua e fervorosa, purgada do eu. Com esse mesmo coração resoluto eu procurava agora en- tender a partida de outros seres, deste local, e seu reaparecimento alhures. Com o Olho Celestial, que é puro e em muito transcende a visão humana, vi criaturas no ato de partir deste local e reaparecer alhures – criaturas nobres e abjetas, agradáveis ou abomináveis à vista, bem-aventuradas ou desgraçadas; todas elas colhendo o que semearam. Havia seres comprometidos com o mal em suas ações, palavras e pensamentos, que denegriram o Sublime; foram vítimas de sua falsa perspectiva; na dissolução do corpo após a morte, esses seres reapareciam em estado de sofrimento, infortúnio e adversidade, e no purgatório. Por outro lado, havia também seres afeiçoados ao bem em suas ações, palavras e pensamentos, que não denegriam o Sublime; tinham a perspectiva correta e recebiam a justa recom- pensa; na dissolução do corpo após a morte, reapareciam em estado de bem-aventurança no céu. Tudo isso vi com o Olho Celestial; e este, brâmane, foi o segundo conhecimento que alcancei na segunda vigília daquela noite – a dissipação da ignorância e a conquista do conhecimento, a dissipação da escuridão e a conquista da ilumina- ção, como convinha à minha vida estrênua e fervorosa, purgada do eu. Com o mesmo coração resoluto eu procurava agora o co- nhecimento de como erradicar os samskaras. Compreendi o mal corretamente e em toda sua extensão, a origem do mal, a cessação do mal e o caminho que leva a cessação do mal. Compreendi corre- tamente e em toda a sua extensão o que eram os samskaras, sua origem, cessação, e o caminho que leva a sua cessação. Quando percebi isso e quando vi isso, meu coração libertou-se do samskara dos sentidos, do samskara do retorno à existência e do samskara da ignorância; e assim liberto, veio-me o conhecimento de minha Salva- ção na convicção de que cessara o ciclo dos renascimentos; vivi na plenitude da virtude; minha tarefa está terminada; aquilo que fui não sou mais. Este, Brâmane, foi o terceiro conhecimento que alcancei na terceira vigília daquela noite – a dissipação da escuridão e a con- quista da iluminação, como convinha à minha vida estrênua e ferv o- rosa, purgada do eu.‖ (“Majjhima-nikaya”, VI [“Bhaya-bherava- sutta”]) Tradução para o inglês de Lord Chalmers, Futher Dialogues of the Buddha, I (Londresm 1926), pp. 15-17. Além dessa experiência de Buda antes de consolidar o es- tado nirvânico de iluminação espiritual, encontramos um trecho de um livro de Yoga chamado de ―Yoga Sutras‖ de Patanjali. Como já dis- semos, Patanjali foi o primeiro compilador das técnicas de Yoga. Não existem informações adicionais históricas sobre esse personagem, que alguns chegam até mesmo a considerá-lo como mítico. De qual- quer forma, é provável que Patanjali tenha sido o autor do primeiro tratado conhecido que organizou a Yoga com um formato mais ou menos definido. 27
  • 28. Esse texto é uma coleção de aforismos e está dividido em quatro partes. A obra não faz qualquer referência a ritualismos ou a sacrifícios, muito comuns à Índia antiga - rompendo assim com uma característica da tradição hindu pré-clássica - e trata de definir e ensinar apenas as técnicas mais básicas do Yoga. Na terceira parte, em que são abordados os ―siddhis‖, ou poderes supranormais, Pa- tanjali dá indicações precisas de como cada praticante pode desen- volver cada um dos siddhis descritos por ele. Já falamos sobre os siddhis no Tratado volume 2, e por esse motivo, não nos deteremos mais nesse ponto. Vamos mencionar apenas a parte onde se fala do desenvolvimento de percepções sobre as existências prévias. É na terceira parte, (Livro III), no aforismo 18, onde vemos uma exposição sobre como se pode adquirir o conhecimento do que patanjali chama de ―nascimentos prévios‖ na tradução para o português. Esse afo- rismo diz o seguinte: 18 Pela realização das impressões latentes, o conheci- mento dos nascimentos prévios é adquirido. Essa foi a primeira vez na história escrita e oficial em que foi apresentado uma espécie de técnica ou uma metodologia definida para se recordar de nossas vidas passadas. Observamos que a ideia de um método específico capaz de trazer à tona reminiscências do passado anterior ao nascimento físico é bastante antiga. Patanjali escreveu o Yoga Sutras, provavelmente, em 150 antes de Cristo. Porém, alguns autores consideram-no anterior. A técnica conhecida nas tradições orientais, em especial a tradição Hindu e yogue, para se reativar as impressões latentes de vidas passadas é chamada de prati prasav sadhana, em sânscrito, que significa basicamente “tomar o nascimento novamente”, ou seja, “renascimento”. A prática do prati prasav vem sendo experimentado há séculos ou talvez milênios pelos yogues. Ela parece ter sido bas- tante conhecida na Índia arcaica. Consiste essencialmente em remon- tar no tempo psicológico a fases anteriores de nossa existência atual e das existências prévias, a fim de que se possa atingir a origem de alguma impressão latente e dessa forma esgotá-la e pôr-lhe um fim. Na tradição hindu há duas visões gerais sobre o tempo passado e sua natureza: a primeira é que passado, presente e futuro existem todos no eterno agora, sendo o momento presente o instante em que se vive na eternidade. Quando nossa mente está dispersa nos termos da memória do passado e da expectativa do futuro, então não estamos vivendo na eternidade, mas nos fragmentos esparsos do campo temporal. A outra visão declara que nós somos como um reflexo de tudo aquilo que vivemos em nosso passado. Essa segunda visão é a perspectiva mental que permite a acumulação do karma passado. O karma sobrevive em nós em estado potencial e tem sua raiz nas impressões latentes da consciência, os cancros ou samska- ras, dessa ou de vidas passadas, que devem ser buscados em sua origem e liberados em seguida. De acordo com Swami Veda Bharati, 28
  • 29. no livro ―Yoga Sutras of Patanjali with the Exposition of Vyasa‖ as dissoluções das impressões latentes são o caminho para se atingir os diferentes graus de samadhi (estado de consciência de união com o real). A prática do prati prasav vem sendo experimentado há séculos ou talvez milênios pelos yogues. Esse retorno em busca da origem das impressões latentes, as sementes primordiais do karma, os conteúdos mentais, podem ser dissolvidos de dois modos distintos: 1) através da prática da medita- ção, onde se atinge uma consciência mais integral e nossa mente se abre para todo o campo mental de impressões latentes da consciên- cia; é quando um yogue ou místico recorda, em perspectiva, todos os seus nascimentos prévios. 2) através da prática do prati prasav s a- dhana, que consiste em remontar as origens de uma impressão latente em particular, situar-se nessa origem e vencer esse samskara dentro dele mesmo, obtendo-se assim a libertação dele e de sua influência sobre nós. Essa segunda via é hoje muito semelhante ao que se faz na terapia de vidas passadas. Não é apenas Patanjali que menciona a recordação de e- xistências anteriores na tradição Hindu. Além dele, há também outras citações sobre a capacidade de recordar-se de prévias existências no Bhagavad Gita, porém sem o recurso de um método. Nessa obra, considerada uma pérola da literatura espiritual de todos os tempos, Krishna chega a aludir em várias partes do texto a respeito da reali- dade de outras existências, e chega a dizer que ele próprio lembrava- se de suas vidas passadas. Arjuna: ―Tu, Senhor, nasceste muito depois de Vivasvan (o deus do sol); como, pois, devo entender que foste tu a revelar esta doutrina?‖ Krishna: ―Muitas vezes já nascemos, eu e tu; mas tu, ó vencedor, esqueceste os teus nascimentos; eu, porém, conheço todos os meus. Após dizer isso, Krishna acrescenta: “Toda vez que a ordem morre e a desordem impera, torno a nascer em tempo opor- tuno – assim exige a Lei.‖ (Bhagavad Gitá Cap: IV; 4, 5 e 7) Em seu diálogo com Arjuna, Krishna deixa claro que possui a lembrança de todas as suas vidas passadas, uma característica comum que pode ser encontrada em todos os grandes avatares. O conhecimento das vidas passadas por parte dos mestres espirituais, como no caso de Buda e Krishna, parece ser uma constante e até mesmo uma pré-condição para a iluminação espiritual. Tanto é assim que Buda recordou-se de suas existências pretéritas antes de atingir a iluminação. Além de Krishna, Agni também ―conhece todos os seus nascimentos anteriores‖ (visva veda janima, Rig Veja, VI, 15, 13) ―e é onisciente‖ (visvavit, Rig Veda, III, 29, 7). agni significa “fogo”, mas não se trata apenas do fogo físico, mas também do fogo no sentido da renovação periódica da natureza, o fogo do renascimento cíclico. Diz-se que Agni é eternamente jovem, pois o fogo vem do “nada” e para o “nada” retorna, assim como a alma. O fogo pode ser aceso 29
  • 30. todos os dias; como a essência, ele vem do desconhecido e para o desconhecido retorna. O fogo nunca se perde e nunca se destrói, como a alma, pois sua essência não pertence a este mundo. De qualquer forma, para a tradição oriental, incluindo o Bu- dismo e o Hinduísmo, a capacidade de lembrar-se de vidas passadas não é um fim em si mesmo, mas apenas um conhecimento que pode contribuir no caminho espiritual. Porém, para se chegar ao estado de perfeição, é preciso ativar a memória de todos os nascimentos pré- vios, mas não só isso: é preciso restabelecer a memória do tempo primordial, ou seja, do Tempo além do tempo. Isso implica em, de uma sucessão temporal encaminhar-se para a eternidade; aqui de- vemos entender a eternidade não como um tempo infinito, bilhões ou trilhões de anos, mas como um estado além de qualquer tempora- lidade. Essa noção fica patente no diálogo de Buda com os brâma- nes de sua época. Os brâmanes (líderes da casta sacerdotal do Hinduísmo), por terem o conhecimento de algumas de suas existên- cias prévias, acreditavam que o mundo era estável e sempre o mes- mo. Como eles viram apenas algumas de suas vidas, pensavam que o mundo sempre lhes aparecera com uma forma definida, e a partir dessa experiência especulavam sobre o funcionamento univer sal do mundo. Mas o Buda, que tinha o conhecimento de todas as suas existências, podia ver além do tempo, uma percepção total que os brâmanes e pessoas comuns, que vislumbraram algumas de suas vidas, ainda não possuíam. Mircea Eliade afirma que Buda se lembrava de todas as su- as vidas passadas, enquanto os arhats se lembravam apenas de um número considerável de vidas, mas não de todas. Além de Buda, alguns de seus discípulos, como ananda e outros, eram chamados de jarissara (“aqueles que recordam seus nascimentos”). Se Buda e Krishna lembraram de fato de suas vidas passa- das, seria possível que Jesus também tivesse essas recordações? Pela altitude do espírito do Cristo, é bem provável que sim. Mas parece que Jesus jamais mencionou o conhecimento de suas pró- prias existências passadas, pelo menos nada consta nos evangelhos canônicos sobre isso. No entanto, ele era capaz de revelar as vidas passadas de outras pessoas, como fez no caso de João Batista, na famosa passagem de Mateus 17,12-13. Nessa passagem, Jesus fala que "Elias já veio, e não o reconheceram". "Então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista". Jesus estava falando de João Batista e deu a entender que João Batista havia sido Elias numa outra encarnação, mas que ninguém o havia reconhecido, posto que Elias, no passado, estava agora no corpo de João Batista. Então, se Jesus conseguia saber das existências prévias de outras pessoas, provavelmente também conhecia as suas próprias vidas. Assim, observamos que o oriente místico possui muito bem assentado em seus pilares a ideia do renascimento cíclico. E o mais importante: a possibilidade de sua recordação, seja espontânea ou provocada por técnicas específicas, como no caso da Yoga e de 30
  • 31. práticas psicoespirituais de meditação, algo semelhante ao que se faz modernamente com a ajuda dos profissionais médicos e psicólogos da terapia de regressão, mas com algumas diferenças significativas. Vale ressaltar que a Índia não é integralmente reencarna- cionista nos dias de hoje e tampouco o foi no passado. É verdade que uma boa parte dos indianos acredita em reencarnação, mas as no- ções que o povo indiano possui sobre esse tema são diferentes umas das outras, até mesmo contraditórias. Não há um consenso bem definido, uma teoria muito bem organizada e codificada do seja a reencarnação. Os textos clássicos sagrados do Hinduísmo citam a ideia do renascimento sucessivo, mas não formulam uma teoria uniforme sobre ela. Além disso, na Índia muitos camponeses jamais ouviram f a- lar da ideia do renascimento. Por outro lado, muitas escolas budistas chegam até mesmo a negar o renascimento, e fazem isso tomando por base a ideia de annata, o não-eu, que já citamos no Tratado volume 1. Se não existe um eu, uma individualidade, ou uma alma que renasce, então fica difícil acreditar num retorno cíclico a essa vida de uma pessoa. Se não há uma alma, ou um espírito, o que reencar- na? Na falta de uma explicação sobre isso, há um ceticismo sobre o renascimento, principalmente a ideia da reencarnação tal como é propagada no ocidente. Alguns budistas acreditam que não é uma alma que reencarna, mas sim o karma do indivíduo, a sua memória, ou mesmo um “fluxo de consciência”. Isso serve para ilustrar o fato de que, apesar dos cânones das religiões orientais darem sustento a noção reencarnacionista, há muita diversidade de ideias a esse res- peito, além da diferença notória que há entre o renascimento oriental e o princípio da reencarnação dentro do Espiritualismo moderno. A História do oriente é extremamente vasta e muita coisa foi perdida ao longo dos séculos. Mas alguns escritores modernos se empenharam em desvendar a mística sagrada do oriente e trouxeram ao ocidente alguns resquícios de uma sabedoria transcendente perdi- da na noite dos tempos. Um exemplo disso é o livro de Glycia Modes- ta de Arroxellas Galvão, cujo pseudônimo era Chiang Sing, uma jornalista e escritora brasileira que visitou vários países, como China, Senegal, Tibete, Índia, Japão, Egito. Mas foi provavelmente no Tibet onde ela teve suas mais extraordinárias experiências com a tradição secreta do Budismo. Dentre várias situações que viveu no Tibet, Chiang Sing re- latou a seguinte experiência: após ser convidada por um dos lamas, ela entrou numa parte de um dos mosteiros. Viu famosas pinturas de Budas. Depois encontrou-se com uma mulher de idade indefinível e esta lhe disse ―Há vários ciclos que estávamos à tua espera, peque- nina irmã! Os pés do deus do destino foram lentos em conduzir-te... Mas chegou o tempo, não é mesmo?‖ Sing nada entendeu das pala- vras da mulher. Então, o Lama pegou sua mão direita e murmurou uma oração mágica desconhecida. Sing sentiu que estava se afas- tando de si mesma, viu uma névoa e cores diferentes. Então o Lama disse ―Em nome de todos os Budas eu te confiro o poder de lembrar 31
  • 32. existências passadas, através da imensidão do tempo... Regressa ao passado! Fixa tua mente e lê o teu passado.‖ Sing conta que, após essas palavras ―Visões se desenrola- ram ante meus olhos assombrados. Não sabia se estava acordada ou sonhando. Vi-me como uma princesa chinesa, vestida com sedas macias e jóias raras. Senti como se fosse uma vestal de um templo perdido nas montanhas. E toda uma encarnação de 4.000 anos atrás foi recordada. (...) Tive uma visão das pirâmides... Vi o templo do deus Amon... E logo, como se eu fosse um sacerdote desse templo‖. ―Depois, vi um templo da deusa Kali, a mãe dos mundos, às margens do rio Ganges. Um grupo de bailarinas sagradas dançava diante da estátua da deusa... E uma delas era eu. A visão desapareceu. Outra pesada névoa passou antes meus olhos. Vi uma terra muito estranha com pessoas de pele cor de cobre avermelhada... Numa colina, um menino apascentava cabras. E, de repente, o menino era eu!‖ ―Estás na velha Atlântida - disse uma voz – agora volta!‖ O lama explicou-lhe que ela teve a oportunidade de ver vá- rias de suas vidas passadas, uma delas no continente perdido da Atlântida. Disse também que ela não encarnou novamente desde que foi vestal no templo e isso foi há 4.000 anos. Ou seja, Sing passou 4.000 anos no período entrevidas e isso ocorreu por que ela traiu os votos de castidade e por conta disso acabou sendo amaldiçoada. Uma forte magia negra se abatia sobre ela, mas naquele momento o Lama havia quebrado aquela maldição. Essa experiência de Sing indica que a regressão de memória era usada no Tibet há muito tempo, provavelmente muitos séculos e realizada por processos místicos desconhecidos. Na antiguidade, além da Índia e Tibet, havia muitos santuá- rios que ficaram posteriormente conhecidos como ―templos de sono‖. O epíteto “sono” nada tem a ver com dormir, mas com um estado profundo de consciência que lembrava o sono físico, assim como o estado hipnótico lembra o estado do adormecer. Há indícios da exi s- tência de templos como esse na Grécia, Roma, Egito, Oriente Médio e Índia. Nos templos do sono, os indivíduos eram colocados num estado alterado de consciência, o “sono dos mistérios”. Isso era feito como forma de abrir um canal do homem com os deuses. Naquela época não havia terapeutas; todo o processo do sono místico era conduzido pela figura do “mistagogo”, o mestre dos mistérios, o inic i- ador da Grécia antiga, aquele que ensinava as cerimônias religiosas e os ritos. Esse é o correspondente do que no Egito se chama de “hie- rofante”, o mestre da iniciação espiritual. O que ficou atualmente conhecido como o “sono mágico” existe desde épocas imemoriais. Livio Túlio Picherle afirma que ―Os hebreus, os astecas, os índios americanos Chippewas e os Arauca- nos do Sul do Chile sabiam induzir o ―sono mágico‖ e outras formas de transes grupais e individuais. Podiam produzir analgesia, gravar sugestões pós-hipnóticas e curar dores físicas ou patologias psíqui- cas‖. 32
  • 33. Na mitologia grega, lembramos quase automaticamente da figura da medusa. Tratava-se de um ser sobrenatural, um mostro ctônico, ou seja, um ser do mundo subterrâneo, que vivia nas profun- dezas da terra. Possuía cobras no lugar de seus cabelos. Aqueles que olhassem diretamente para ela se transformariam imediatamente em pedra. Ela fascinava os homens com sua aparência para colocá- los a sua mercê. Esse pode ser um símbolo do poder que o olhar magnético de alguns indivíduos exerce sobre algumas pessoas mais sensíveis. Essa capacidade é explorada na Hipnose com o método da fixação do olhar, e também da fascinação, técnicas de indução hipnó- tica, porém quase nunca são utilizadas na TVP. Outro exemplo de fascinação exercida por um ser lendário é o poder do canto de uma sereia. Reza a lenda que as sereias podem afundar embarcações fascinando os homens com seu canto suave e hipnótico. No Egito antigo, existem indícios da utilização do transe te- rapêutico em alguns documentos históricos. No papiro de Erbs, por exemplo, podemos ler informações sobre os antigos sacerdotes dos templos que dominavam a técnica da indução e dos estados não ordinários com finalidades de alívio da dor e cura de males físicos e psíquicos. Esse documento contém aproximadamente 700 fórmulas mágicas de cura e muitas receitas de medicamentos que eram usa- dos na época, além de uma descrição do sistema circulatório que muito se assemelha a descobertas recentes da medicina. Dentre suas fórmulas mágicas, há técnicas para se expulsar os maus espíritos causadores de doenças físicas e mentais. Dizemos doenças mentais porque também consta no papiro a descrição de alguns transtornos mentais, como depressão e demência. Esse papiro é um dos mais antigos do mundo e nos dá uma ideia remota de como era praticada a medicina egípcia por volta do ano 1550 A.C. em seus vários aspectos. Porém, alguns autores, como Jennifer Gordetsky, acreditam que esse papiro tenha sido copiado de documentos ainda mais antigos, que remontam o ano de 3.400 A.C., bem antes do que se acredita. Para se ter uma ideia da importância desse registro, doenças como diabete e vitiligo já se encontravam descritas nesse pergaminho, assim como o uso medici- nal do alho, que hoje é amplamente aceito. Neste documento, encontra-se uma passagem onde o sa- cerdote egípcio colocava suas mãos sobre a cabeça de um homem, recitava fórmulas mágicas, com o uso de sons sagrados, e a cura do mal era obtida. Essa é uma das primeiras, senão a primeira referência histórica do uso da indução ao transe de que se tem notícia. Pelos nossos estudos com a terapia de vidas passadas sabemos que, uma vez em estado alterado, o sujeito pode entrar naturalmente em re- gressão e percorrer várias de suas vidas passadas. Durante a história do magnetismo e da hipnose, podem ser encontrados muitos casos onde os sujeitos hipnotizados regressaram espontaneamente a uma ou várias vidas passadas. Se isso ocorria sem uma intenção na Euro- pa, também deveria ocorrer na antiguidade, quando o “sono dos mistérios” era abundantemente induzido nos templos. Neste sentido, 33
  • 34. embora não haja nenhum registro documental que aponte nessa direção, se o uso do “sono terapêutico” era utilizado em larga escala no Egito e em outros países, é muito provável que a regressão a vidas passadas também já fosse conhecida e até mesmo aplicada com finalidades curativas. No livro ―O Sono do Templo: o sono hipnótico das escolas de mistério do Egito‖ a autora Gabriele Quinque explica sobre o sono misterioso provocado nos templos sagrados: ―No autêntico sono dos mistérios faz-se com que o corpo da pessoa adormeça, mas fique espiritualmente acordada. O mistagogo libera a força da imaginação do seu protegido na câmara secreta da identificação do eu e leva essa imaginação, que tem o peso de uma pena, para os espaços sutis da estrutura da consciência, aos quais normalmente não se tem acesso. Em épocas antigas, tratava-se de uma viagem astral extra- corpórea; atualmente é um estado afastado da realidade predomi- nante semelhante ao dos sonhos lúcidos, nos quais a visão da pes- soa se abre para o seu interior. Seu espírito vai buscar os valiosos tesouros na profundeza úmida primordial da alma.‖ Outro exemplo de utilização do sono dos mistérios era du- rante o cerimonial de iniciação espiritual. Já falamos sobre a iniciação no Tratado volume um. Mas nesse momento pode ser importante abordar mais alguns de seus aspectos, de uma forma mais resumida, para que nos seja possível desenvolver uma compreensão mais ampla do sagrado sono iniciático e sua relação com a terapia de vidas passadas. Sabemos que, no antigo Egito, as iniciações aconteciam dentro das pirâmides. Ao contrário do que se pensa, as pirâmides jamais foram locais para se guardar as tumbas dos faraós. Essa tese demonstra apenas a incapacidade dos arqueólogos e historiadores de compreender os profundos princípios da iniciação templária. A pirâmide forma a geometria ideal para a canalização de níveis eleva- dos de energias sutis. A forma piramidal é a mais perfeita para se entrar em contato com os planos superiores. Dentro desse clima vibratório adequado, ocorreram num período de vários milênios, provavelmente 9.000 anos, a iniciação dos mistérios em milhares ou mesmo milhões de candidatos. A iniciação espiritual, como já disse- mos, são ritos de morte e nascimento: a morte para o eu físico da personalidade, o velho homem, e o nascimento de um novo homem, regenerado, sutilizado e espiritualizado. Como disse Jesus ―Na verdade, na verdade te digo que a- quele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus‖ (João 3:3). Algumas pessoas acreditam que essa passagem fala apenas da reencarnação, mas seu significado mais profundo nos remete ao segundo nascimento, o nascimento iniciático, o nascimento da vida espiritual regenerada. Essas iniciações podem ocorrer nos templos, sendo provocadas pelos mestres (mistagogos, hierofantes, etc) du- rante um ritual específico programado para ativar uma transformação interior, ou podem ocorrer naturalmente, quando a pessoa já se en- contra preparada para um novo nascimento; quando ela está apta a 34
  • 35. “trocar de pele”, ou a romper a casca da ignorância, do materialismo ou da ilusão do ego, ou a fazer a transição de um estado a outro, como a lagarta se torna borboleta, entendendo aqui o símbolo das asas como um símbolo da ascensão ou do “vôo da consciência” às alturas espirituais. Na mais famosa iniciação do antigo Egito, o candidato era colocado num sarcófago e, por meio da indução ao “sono dos misté- rios”, que era produzido por recursos místicos especiais, e não ape- nas por hipnose sugestiva, ele entrava no processo iniciático. Nesse processo, o objetivo é fazer o iniciando entrar em contato consigo mesmo e experimentar, de uma vez só, uma parte do seu karma acumulado; parte essa que ainda o estaria impedindo de subir a um nível espiritual mais adiantado. Então, o candidato era colocado diante da sua grande dificuldade: se tivesse medo de ser desprezado, logo apareciam em sua consciência as cenas em que foi objeto de desprezo; se tivesse um trauma de abuso sexual, cenas de abuso atravessavam com toda intensidade a sua consciência; se tivesse qualquer outro bloqueio, essas barreiras eram rompidas e determina- das circunstâncias lhe vinham a mente com toda a realidade. Ou seja, tudo aquilo que ele possuía dentro de si como conteúdo mental em desequilíbrio lhe era apresentado, em toda a vivacidade, por meio de cenas e experiências que ele vivia como se elas de fato estivessem ocorrendo. Se tivesse medo de enfrentar uma pessoa, essa pessoa lhe apareceria; se tivesse medo de cobras, centenas de cobras pode- riam passar por ele; se tivesse ódio de uma pessoa que muito o prejudicou, essa pessoa se faria presente para “assombrá-lo” até que ele fosse capaz de perdoá-la e transcender seu ódio. O que ele deti- nha dentro de si, como uma impureza, imperfeição de caráter, ações negativas ou qualquer conteúdo mental sujo, pecaminoso, sórdido, limitante etc aparecia a ele dotado de intenso realismo. O objetivo da iniciação era descobrir se o discípulo iria su- cumbir às tentações de sua materialidade e de suas tendências psí- quicas, ou se conseguiria colocar a vida espiritual e o plano divino como prioridade. Caso tivesse superado as provas, nada mais pode- ria abalá-lo dentro do nível que foi vencido, tornando-se assim um ser renascido que superou uma parte de suas imperfeições. Como exis- tiam vários níveis de iniciação, cada um deles buscava transcender os grilhões de um degrau da grande escada da consciência, e se iniciava uma preparação para outras etapas mais elevadas. Por conta do estado de “sono” iniciático, ou estado alterado de consciência profundo, tudo que visse lhe pareceria muito real, como se estivesse de fato ocorrendo com ele. Então, assim que essas visões assaltavam sua consciência, com um conteúdo reprimido ou inconsciente, ele deveria enfrentar as cenas e finalmente vencer esses conteúdos mentais desarmônicos. Isso não era nada fácil para o candidato, mas quanto maior a dificul- dade vencida, maior o mérito atingido e também maior o benefício espiritual conquistado. As correntes mentais que fluem de forma antagônica no psiquismo começavam a fluir numa mesma direção; o 35
  • 36. discípulo conseguia vencer a natureza fragmentária de sua mente e passava a assumir o controle de sua energia e seu psiquismo. Além disso, após vencer as provas, ele conquistava poderes incomuns e recebia um influxo espiritual elevado, que o fazia renascer em vários planos, mental, emocional e até físico, com a recuperação da saúde e bem estar. Na realidade, esse aspecto da iniciação dos mistérios mos- trava o enfrentamento de uma realidade puramente psíquica do indi- víduo, algo que muito se assemelha ao que hoje se faz nos con- sultórios de terapia de regressão a vidas passadas. Por outro lado, esse processo continha certos aspectos que obviamente transcen- dem o que acontece num consultório, pois existem leis mais profun- das envolvidas e a presença e orientação de verdadeiros Mestres Realizados. Iniciações como essa também são comparadas com o estado do bardo, o estado descrito da vida após a morte da tradição tibetana (falamos sobre o bardo e o Livro dos Mortos Tibetano no Tratado volume 1). A grande chave da iniciação é essa: tudo aquilo que se passa em nosso plano mental, em forma de tendências, pensamen- tos, sentimentos, crenças, enfim, todo nosso conteúdo psíquico, um dia se tornará manifesto na Terra; se transformará em expressão no mundo. Isso significa que, de alguma forma, esses conteúdos vão passar do plano da consciência para o plano da ação e da experiên- cia no mundo. Do mundo subjetivo se traduz ao mundo objetivo. O mental passa para o físico, em forma de acontecimentos e experiên- cias terrenas. Em suma, o que nos ocorre no exterior nada mais é do que uma exteriorização do que já ocorreu ou ocorre em nosso interior. A grande vantagem da iniciação é antecipar a manifestação desses conteúdos, experimentá-los, desgastá-los e vencê-los no próprio mundo interior, antes que se materializem como circunstâncias da vida, formando o cenário e o contexto de nossa existência. Esse processo abrevia nossa caminhada e nos dá a oportunidade sagrada de vencer dentro da consciência aquilo que invariavelmente, de forma inequívoca, se materializará na Terra. ―Em essência, você experimentaria seu própria karma pes- soal desde o início de sua primeira encarnação. Em lugar de deixá-lo surgir em seu futuro você teria a oportunidade de experimentá-lo em sonhos que lhe pareceriam reais. Assim, a iniciação era um processo de descer as profundezas da alma para confrontar tudo o que não fosse de Deus.” (Joshua David Stone) Neste ponto começa a ficar mais clara a relação estreita entre a iniciação dos mistérios e a tera- pia de vidas passadas. Antes que o karma de nossas vidas passadas tome forma no mundo exterior, com o regresso de nossas ações, podemos tratá-lo durante a regressão e harmonizar nossos conteúdos mentais. Por isso dissemos que a TVP é uma terapia iniciática. Ou também pode ocorrer o contrário: após a manifestação dos conteúdos mentais criando os arredores de nossa existência, por meio de técni- cas específicas, visitando nosso passado kármico, é possível trans- mutar o karma e anular os efeitos que ele teria sobre o rumo dos 36
  • 37. acontecimentos da vida, regendo nosso corpo, nossa mente e nosso destino. Existem duas formas de se evoluir, desenvolver-se espiri- tual ou ascender. O primeiro é deixando que o karma se manifeste no mundo e que nós o enfrentemos no campo da existência material, através de provas, expiações, sofrimentos, desafios, experiências, doenças, limitações, deformidades, confusão, brigas, medo, angústia, etc. Essa é a via natural, a via da experiência no campo da existência. A segunda forma é a via iniciática, que abrange todo esse processo que nós descrevemos nas linhas precedentes; são recursos que provocam crises de despertar, provas de experiência de nossa pró- pria realidade interior, antes mesmo que elas ocorram no mundo da materialidade, no campo de experiências da vida humana. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere a primeira via, o caminho natural, e espera que seu karma e seus conteúdos mentais conscientes ou inconscientes se concretizem no mundo. Como já dissemos, a terapia de vidas passadas também é uma forma de se resolver nosso karma antes que ele se manifeste ou, caso as lições ainda não tenham sido bem assimiladas, antes que ele volte a se repetir. Dizemos “repetir” porque sabemos que tudo aquilo que não for bem compreendido e assimilado tende a ser reeditado em nossa vida. O mesmo problema aparece com uma nova roupagem no futuro, caso as lições e aprendizados não tenham sido devidamente entendi- dos. Por outro lado, a maioria dos indivíduos do nosso tempo aguarda até que o karma aperte e cause sofrimento, para só depois procurar harmonizar seu material psíquico desarmônico e seu karma passado através da regressão. Dessa forma, compreendemos como o trata- mento kármico de nossas vidas passadas estava presente, de uma forma ou de outra, nas antigas iniciações dos mistérios e se configura como uma parte importante da História dos estados não ordinários de consciência e da regressão a vidas passadas. Após o declínio da sociedade Egípcia, até onde sabemos há pouquíssimas referências sobre o uso dos estados incomuns que podem evocar vidas passadas. É certo que os estados de transe e os estados alterados foram abundantemente utilizados ao longo dos séculos. Porém, infelizmente, há pouquíssimo material histórico des- critivo a esse respeito. É preciso lembrar que estamos falando sem- pre de estados de consciência que detêm um potencial terapêutico, e não apenas os ritos religiosos que envolvem práticas de adoração à divindade ou contato com espíritos (embora em algum momento ou nível estes também possam ter efeitos terapêuticos). Porém, aqui nos interessa trazer à tona alguns resquícios de uma história tão ampla e ainda muito pouco conhecida do público. Na Grécia antiga, conhecemos a figura do filósofo Empédo- cles. Esse filósofo dizia que existiam apenas quatro princípios na natureza, ar, água, terra e fogo. Dizia que o amor une todas as coi- sas, enquanto o ódio separa. Afirmava também que tudo faz parte de um todo e que esse todo se renovava em ciclos. Ensinava o filósofo que a vida humana se desenrolava numa série imensa de nascimento 37
  • 38. e mortes sucessivos, confirmando assim a crença na reencarnação. Sua filosofia pode ter sido influenciada pelas suas recordações do passado. Suas recordações incluíam a lembrança de ter sido rapaz e moca em vidas passadas. Outro filósofo que acreditava e defendia a reencarnação foi Pitágoras. Diz-se que Pitágoras se lembrava de três de suas vidas passadas. Parece que suas recordações indicavam que ele havia sido Hermotine, Euphorbe e um dos Argonautas. Ainda na Grécia antiga, dizem que Heráclito também era um reencarnacionista e acreditava nas vidas sucessivas. A filosofia desse grande pensador indica de forma clara os elementos essenci- ais do renascimento cíclico. Heráclito já mencionava que na natureza tudo se move, tudo flui, tudo está sempre numa corrente, tal como um rio, sendo impossível algo estar completamente ausente de movi- mento. E o mais importante, o grande fluir da vida é sempre uma consequência da alternância entre os contrários. Segundo o filósofo, não pode existir vida sem antagonismo e o ser profundo das coisas é uma unidade de opostos. Porém, para Heráclito, essa contradição sempre se harmoniza de acordo com as leis da vida. A mesma ideia serve de base para a compreensão do renascimento cíclico, onde vida e morte se unem num fluir infinito de contrários que sempre encontra uma harmonia na unidade da existência. Nada há mais próximo da reencarnação do que o pensamento de que a ideia da vida e morte sucessiva e a constante renovação da natureza. Na antiguidade romana, sabemos que o imperador Juliano, o apóstata, que governou Roma por 20 meses, afirmava ter recorda- ções de suas vidas passadas. Ele dizia ter sido ninguém menos que Alexandre, o Grande. Avançando vários séculos após os templos do sono e as i- niciações espirituais, chegamos à idade média, a época que ficou conhecida como a idade das trevas. Nessa época o sistema feudal impunha um modo de vida extremamente precário à população, com quase nenhuma chance de progressão de classe social. Havia ape- nas três classes, a nobreza, o clero e o povo. A Igreja dominava a cultura e definia os valores e normas morais a serem seguidas, assim como determinava a filosofia, a ciência e as crenças vigentes. Dentro desse cenário, havia pouquíssima chance de um es- tudo mais aprofundado dos estados de transe. No entanto, como os estados incomuns fazem parte da natureza humana, eles se expres- sam de uma forma ou de outra, dentro da cadeia de significantes da cultura de uma época. Na idade média, os senhores do êxtase foram os santos católicos, reconhecidos ou não reconhecidos em sua santi- dade. Mas nada sobre vidas passadas foi mencionado nessa época, a não ser com os cátaros ou albigenses, os cristãos místicos, que acreditavam na reencarnação e possuíam ensinamentos divergentes aos da Igreja Romana. A expansão dos cátaros ocorreu rapidamente e atingiu o seu auge no final do século XI. Logo eles foram considerados heréti- cos pela Igreja Romana e acabaram sendo inteiramente exterminados por recusarem-se a abrir mão de suas crenças, sendo uma delas a 38
  • 39. reencarnação. Pesquisas mostram que o catarismo possuía um conjunto de práticas rigorosas que previam, dentre outras coisas, a renúncia de si mesmo em favor do outro, o vegetarianismo, o jejum periódico, a resistência ao sofrimento do corpo e uma vida de po- breza. Uma informação interessante sobre o catarismo é que os cátaros acreditavam que esse mundo, impuro e imperfeito, havia sido criado não por Deus, mas pelo Diabo. Segundo os cátaros, Deus cria os mundos felizes e elevados, mas só o diabo pode criar os mundos corrompidos como esse em que vivemos. Ainda na Idade Média, e um pouco antes dos cátaros, no século X D.C., Avicena, um grande médico e filósofo árabe, já men- cionava o poder que a mente e a imaginação poderiam conferir ao ser humano. Certa vez Avicena disse o seguinte: "A imaginação pode fascinar e modificar o corpo de um homem, tornando-o doente ou restaurando-lhe a saúde". Suas palavras confirmam muitas desco- bertas da psicoterapia atual, em especial as que lidam com os esta- dos incomuns dentro da imaginação ativa ou visualização criativa. História Moderna Começaremos agora a descrever a história moderna da Te- rapia de Vidas Passadas. Podemos localizar seu início temporal nas pesquisas iniciais de uma figura genial chamada de Franz Anton Mesmer. Ao longo de sua vida, Mesmer foi chamado de bruxo, char- latão, louco, mágico, prestidigitador, por alguns; e de gênio, inovador, revolucionário e benfeitor da humanidade por outros. O mesmo acon- tece com a maior parte das personalidades ilustres que estiveram à frente de seu tempo e só tiveram seu trabalho reconhecido décadas depois, ou mesmo mais de um século ou nos séculos posteriores. Mesmer nasceu em 1734. Formou-se em medicina e escre- veu uma tese em 1766 sobre a influência dos planetas sobre os seres humanos. Foi maçom e freqüentou a mesma loja que o jovem Mozart em Viena na época. Era também astrólogo, alquimista e um estudioso voraz das ciências ocultas. Não era nem perto de um médico conven- cional. No início de sua carreira, começou a tratar seus pacientes com o magnetismo irradiado por imãs, uma prática que não era rara em sua época. Foi então que, refletindo sobre isso, começou a deduzir que, se o corpo humano também é dotado de magnetismo (já que absorve o magnetismo do imã), por que não usar o magnetismo humano para tratamento de doenças? Mesmer então se pôs a aplicar constantemente suas mãos sobre as pessoas e a imaginar que esta- va emitindo uma espécie mais sutil de magnetismo, diferente do magnetismo mineral. Mesmer denominou essa energia de “magne- tismo animal”. Futuramente, seu método seria chamado de “Mesme- rismo”, em homenagem ao criador (ou redescobridor) da técnica do magnetismo. Dizem que Mesmer teria baseado suas pesquisas do mag- netismo animal nas obras de Paracelso, Van Helmont, Robert Fludd, Maxwell e do Padre Kircher. Ele acreditava que esse fluido magnético 39
  • 40. era universal, sutil, gravitacional e poderia ser encontrado como emanação dos planetas, das estrelas, da lua, de todos os corpos celestes e também dos seres humanos. Tratava-se de um remédio invisível, imponderável, mas não menos capaz de produzir efeitos terapêuticos em diversas pessoas. Esse magnetismo foi chamado de “agente geral” e teria uma influência sobre a saúde e a doença hu- mana. Esse fluido se manifesta sobre várias formas, sendo as mais comuns a eletricidade, o magnetismo, a gravidade, o magnetismo animal, etc. Algumas pessoas possuem-no mais fortemente que outras, por isso elas seriam mais “magnéticas” em sua forma de agir. É possível a transferência direta desse fluido de uma pessoa a outra e a partir dessa emanação, modificar e harmonizar o fluido positivo e negativo que existe em todas as pessoas (para Mesmer, a desarmo- nia do fluido positivo e negativo seria a causa das doenças). Mesmer usava não apenas a transferência do fluido magnético pelas mãos, mas também por objetos, água, vaso, e até árvores. Bastaria que uma pessoa ou um grupo de pessoas entrassem em contato com uma árvore para serem beneficiadas com esse magnetismo. Neste caso, Mesmer já falava sobre a possibilidade de se “carregar” objetos, impregnar-lhes de energias magnéticas e fazer com que elas fossem posteriormente assimiladas por indivíduos necessitados de uma corrente do magnetismo em seu corpo. A teoria de Mesmer é obviamente muito próxima de algu- mas ideias ancestrais de povos tribais e orientais que falam a respeito de um maná universal, como na Oceania, na Índia (com o prana), na China (t´chi) no Japão (ki), dentre vários outros. A crença num fluido místico de natureza divina e desconhecida remonta aos primórdios da humanidade e talvez à pré-história. A cura pela imposição de mãos sempre foi uma constante em algumas religiões. O prestígio de Mesmer logo de espalhou pela Europa, pri- meiramente em Viena, onde residia, e depois em Paris, onde a alta classe da sociedade européia o procurava para experimentar um pouco da nova e polêmica terapia mesmeriana. Mas não eram ape- nas os cidadãos abastados que tinham o privilégio de se submeterem ao mesmerismo. Apesar de Mesmer ter sido acusado, durante toda a sua vida, de interesseiro, charlatão, megalomaníaco, sabe-se que ele dedicava boa parte do seu tempo para atender os pobres de forma gratuita, o que irritava ainda mais os críticos sedentos na tentativa de encontrar seus erros e desmerecê-lo em público. É verdade que Mesmer tinha, de fato, um jeito muito pouco ortodoxo de expor seus métodos. Fazia apresentações públicas de forma muito extravagante e teatral, o que lhe conferiu um rótulo de egocêntrico e pedante. Mas essa sua atitude se dava, acreditam alguns autores, para explorar o fator sugestivo de suas curas, já se aproximando do fenômeno que surgiria posteriormente com Puysegur e Braid, com o advento da Hipnose. Mesmer atraiu muitos seguidores, fez muitos discípulos em Paris e logo a terapia mesmérica foi difundida pela Europa. O mesme- 40
  • 41. rismo atraía seguidores prestigiados, inclusive ganhara o respeito da Rainha Maria Antonieta. Vários centros de cura mesmérica começa- ram a abrir em diversas partes de Paris e nos arredores. Rapida- mente os médicos ortodoxos da época começaram a sentir-se amea- çados pela nova terapia. Por esse motivo, as autoridades resolveram avaliar mais de perto o pretenso sucesso do magnetismo animal. Foi então que duas comissões de cientistas da época foram designadas para testar e dar um veredicto sobre a eficácia de suas curas. Estavam presentes na comissão cientistas como Lavoisier, Bejamin Franklin, o Dr. Guillotin (inventor da guilhotina), o astrônomo Bailly, dentre outros. Com a impossibilidade de negarem as curas efetuadas por Mesmer (devido ao imenso registro de curas guardado por Mesmer), a comissão optou por considerar que os efeitos do magnetismo animal não provinham de um magnetismo real, mas eram tão somente o efeito da “imaginação” das pessoas. Poucos sabem disso, mas esse veredicto não foi unânime. O botânico Jus- sieu publicou um relatório separado dos seus colegas e apresentou- se contrário as conclusões da comissão, asseverando que, de acordo com sua análise, existia de fato um agente desconhecido atuando nas curas pelo magnetismo animal. Não se pode negar que a imaginação é um componente importante em todas as curas magnéticas. No entanto, diversas pesquisas atuais sugerem que o magnetismo animal ou humano não é apenas efeito da sugestão, posto que ele funciona também em animais e vegetais. O Dr. Bernard Grad produziu pesquisas científicas sobre a capacidade de cura do magnetismo que emana das mãos de curadores. Uma dessas experiências foi com sementes de cevada. Dentro da pesquisa, Grad verificou que as sementes de cevada que eram tratadas por curadores magnéticos cresciam mais rapidamente do que outras sementes que não haviam se submetido ao magne- tismo humano. Em outra pesquisa, Grad deu água pura para pacientes psiquiátricos segurarem durante certo tempo. Essa mesma água foi jogada na areia em que as sementes de cevada cresciam. Grad observou que o crescimento da cevada foi sensivelmente menor do que a cevada que havia sido tratada com água normal e bem menor do que a cevada tratada pelo magnetizador. Em outra experiência, Grad fez uma análise da composição química da água e descobriu que, após a magnetização da mesma, ocorreu uma alteração física mensurável na diminuição da tensão das pontes de hidrogênio. Numa pesquisa realizada com ratos, Grad provocou a doença conhecida como bócio nos animais e pediu ao famoso curador Oskar Stabany para que pegasse em todos os ratos de um grupo durante 15 minutos todos os dias, por 40 dias. Os ratos do outro grupo não foram pegos ou tratados pelo curador. O resultado foi que os ratos que tiveram contato com Stabany apresentaram uma proporção mais baixa de aumento da tireóide. Há ainda uma pesquisa muito interessante, conduzida na USP, pelo psicobiólogo Ricardo Monezi. A pesquisa procurava verifi- 41
  • 42. car se o Reiki poderia ter um efeito em ratos independente da fé de uma pessoa. No caso da pesquisa com ratos, efeito placebo é iso- lado, pois esses animais não possuem crenças, fé e nem empatia pelos curadores. Monezi fez uma pesquisa parecida com as experi- ências de Grad, dividiu três grupos de ratos e provocou tumores em todos eles. No primeiro grupo, nenhum tratamento foi feito; no se- gundo grupo, Monezi fez uma intervenção com luva e chamou de “controle-luva” (a luva posta sobre os ratos poderia talvez ter o efeito de fazer os roedores se sentirem cuidados e, por isso, desenvolveram algum tipo de melhora); e no terceiro grupo aplicou o Reiki. Após o sacrifício dos animais, os pesquisadores procuraram medir a resposta imunológica dos animais aos três tipos de tratamento. No grupo que foi tratado com Reiki a análise revelou que o sistema imunológico estava operando com o dobro da capacidade dos outros dois grupos que não haviam recebido o tratamento com Reiki. Esse experimento, realizado com rigor científico, mostrou que o Reiki funciona indepen- dente do efeito da sugestão e contribui para o fortalecimento do sistema de defesas do organismo. Todas essas experiências suge- rem que a existência das energias sutis dos seres humanos não é um mito e que elas ultrapassam o efeito da sugestão, indicando que Mesmer estava correto desde o final do século XVIII. Uma informação interessante sobre Mesmer e que nos re- mete a uma técnica muito usada nas regressões de memória a vida atual e a vidas passadas é a de que, segundo Mesmer, o caminho da cura dos sintomas passa necessariamente por uma espécie de “crise” ou de variadas e sucessivas crises. Mesmer dizia que, antes de sobrevir a cura, era preciso “purgar o mal”, e isso se fazia pelo con- curso de uma crise onde se colocava todo o mal da doença para fora, de forma expressiva. A incrível intuição de Mesmer e suas constantes observações o haviam levado a compreender a importância da ca- tarse no processo de cura muito antes de Freud. Muitos não possuem essa informação, mas Mesmer também se valia da prática da catarse para obter os resultados terapêuticos. Os detratores de Mesmer, no entanto, acusaram-no de “fabricar crises” e de provocar efeitos con- vulsivos em pessoas como parte de seu show particular. Mas para aqueles que compreendem o valor da catarse no caminho da cura é simples perceber o quanto é necessário expressar as desarmonias existentes em nosso interior, desvelando as impurezas de nosso inconsciente, para depois obter o alívio dos sintomas. Portanto, a catarse já existia na época de Mesmer, e era representada pelas crises com as quais ele criava as condições para que a cura fosse estabelecida. Após o Mesmerismo, o ponto mais marcante da História da Terapia de Vidas Passadas foi a descoberta ou redescoberta da Hipnose por Armand Marie Jacques de Chastenet, ou apenas Mar- quês de Puysegur. Puysegur foi discípulo fiel de Mesmer e atendia com o magnetismo animal até que um acontecimento inesperado mudou completamente o rumo do seu trabalho. Certo dia, ele estava atendendo um jovem camponês, cujo nome era Victor Race, que 42
  • 43. sofria de pneumonia. Puysegur aplicou a técnica mesmérica normal- mente, mas de pronto percebeu que Race havia caído numa espécie de sono, porém conservando sua consciência. Puysegur foi conver- sando com Race e notou que o rapaz falava com ele com uma lucidez maior do que o habitual e respondia a várias perguntas nesse “estado de sono”. Depois dessa experiência, Puysegur ficou admirado em constatar que Race não possuía qualquer recordação do fato. Essa teria sido a primeira experiência catalogada do transe, ou estado alterado de consciência, após uma sessão de magnetismo. Puysegur notou que esse “sono” se constituía de um efeito terapêutico e reparador por si mesmo. Pessoas submetidas a esse sono eram capazes de responder a várias perguntas de forma lúcida, como também pareciam ser capazes de dar o diagnóstico da própria doença de que eram portadores. E não só isso: algumas pessoas eram capazes de diagnosticar outras pessoas, e elas sequer precisa- vam estar presentes para que esse diagnóstico se tornasse possível. Essas experiências indicavam que havia uma inteligência maior trabalhando durante os períodos em que alguém se encontrasse nesse sono misterioso. O tratamento da doença também era prescrito pelas pessoas dentro desse estado incomum. Dizem que, no meio de diversas experiências, algumas pessoas, porém em número bem reduzido, eram capazes de prever certos acontecimentos com bastante exatidão, o que nos leva a cogi- tar a possibilidade do despertar de certa intuição superior e tam bém de uma precognição, ou visão do futuro. Esse fenômeno é estudado hoje em dia na terapia de vidas passadas e recebe o nome de ―pro- gressão ao futuro‖. Falaremos sobre a progressão ao futuro ou a vidas futuras em capítulo próximo. De qualquer forma, parece que o Marquês havia começado a descobrir o estado de transe provocado, e por meio deste aberto as portas da consciência para a descoberta de vários fenômenos que até então eram muito pouco conhecidos e aceitos na Europa. Nesse sentido, tudo indicava que todo um uni- verso novo e amplo de possibilidades estava se revelando aos olhos atentos do observador. Após o ano de 1850, o magnetismo animal assistiu a uma queda expressiva de interesse, e boa parte dessa tendência se deve ao desenvolvimento considerável da ciência após um bom número de novas descobertas científicas e tecnológicas. Darwin houvera desfe- rido um golpe fatal no criacionismo ao lançar o clássico ―A Evolução das Espécies‖. Começou a florescer com bastante força a ideia de que o racionalismo seria a ideologia dominante e que a ciência ins- trumental seria a chave para a resolução de todos os problemas humanos. A metafísica e a metapsíquica começaram a ser postas de lado em troca do crescente espírito positivista que invadia toda a Europa e aumentava as pretensões de uma ciência de pura racionali- dade em oposição às tradições místicas e esotéricas. O mesmerismo foi então relegado a alguns círculos de entusiastas que jamais perde- ram a fé nas capacidades inatas de cura do homem. 43