SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 23
INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO

            CURSO DE FILOSOFIA

             Leo Fernando Sambini




  ORÍGINES: A RELAÇÃO ENTRE FILOSOFOA E FÉ




               SÃO CARLOS

                   2001
LEO FERNANDO SAMBINI




ORÍGINES: A RELAÇÃO ENTRE FILOSOFOA E FÉ




           Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina
           de Metodologia do trabalho Científico como parte das
           exigências para a obtenção dos créditos




              SÃO CARLOS

                    2001
AGRADECIMENTOS




       Agradeço primeiramente a Deus Pai, que me concede o dom da vida, ao Deus Filho
Jesus Cristo que me concede o dom da salvação e ao Deus Espírito Santo que me ampara e
me fortalece em minha vida.

       Sou muito grato ao diácono e professor Wagner, que me ajudou na escolha do tema e
na elaboração deste trabalho científico.

       Agradeço a caríssima professora Diana Cury, que também me possibilitou uma grande
ajuda na montagem estrutural deste.

       Sou muito grato a toda minha família que sempre me apoiaram e deram força na
minha escolha vocacional.

       E por fim, agradeço a meus amigos de turma, que sempre me deram força e incentivo
em minha caminhada vocacional.

       Que Deus abençoe a todos.
Dedico este trabalho a todas as
pessoas que direta ou indiretamente me
 ajudaram, e a todos que se preocupam
pela busca da verdade e a construção de
              uma civilização do amor.
JUSTIFICATIVA

               Escolhi este tema sobre Orígenes, primeiro porque como estamos em um curso
de filosofia, nada melhor que apresentar um tema ligado a filosofia, e também porque ele faz
parte dos Padres da Igreja, e assim aproveitar para ter uma visão melhor da Patrística Grega,
fazendo uma ligação entre filosofia e fé.
OBJETIVO




       Com esse tema sobre Orígenes espero obter um crescimento tanto intelectual como
espiritual. E esse tema irá servir para nós, porque iremos estudar Patrística Grega e assim já
teremos uma boa visão. E assim poderemos aprender e nos aprofundar mais na história da
filosofia que nos será muito importante.
RESUMO




        Este trabalho mostra qual é a relação ente filosofia e fé segundo o Padre da Igreja,
Orígenes. E num primeiro momento foi um trabalhado a Patrística, que é a época filosófica do
qual ele se integra. Num segundo momento foi desenvolvido toda a vida de Orígenes,
incluindo os seus escritos, que são importantes para se entender o seu pensamento. E também
mostrando as dificuldades ao qual ele teve que enfrentar em sua caminhada, mas também
apresentava, devido a sua brilhante inteligência e seu exemplo de vida. E num terceiro
momento, ocorre a exposição de todo o seu pensamento, mostrando todos os seus conceitos
sobre Deus e sobre a criação, do qual Orígenes vai defender utilizando como um instrumento
a filosofia.

        E por fim, é apresentado a resposta para a questão de todo o trabalho. Segundo
Orígenes, é possível a relação entre filosofia e fé?
SUMÁRIO




INTRODUÇÃO

1     UMA VISÃO DA PATRÍSTICA

2     QUEM FOI ORÍGENES?

2.1   Seus escritos

3     O PENSAMENTO DE ORÍGENES

3.1   Orígenes e a filosofia

3.2   Os conceitos de Deus

3.2.1 A cosmologia

3.2.2 O mundo dos espíritos

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO




        Um dos temas que sempre foi muito difícil de ser tratado é a relação entre filosofia e
fé, porque existe um certo relativismo de acordo com cada autor que busca desenvolver esse
tema.

        Por isso, essa monografia apresenta a relação entre filosofia e fé segundo Orígenes,
que foi um padre da Igreja, e um grande teólogo, que buscou fazer uma síntese entre filosofia
e fé.

        Orígenes tinha uma grande preocupação em expressar e interpretar racionalmente as
verdades reveladas na Sagrada Escritura, por isso ele utiliza como instrumento para explicá-
las a filosofia. Ele também cometeu alguns erros. Mas o que ele sempre quis era ser um
cristão crente. E isso ele deixa bem claro no começo de sua principal obra teológica: “Não se
tem que aceitar como verdade mais que aquilo que em nada difira da tradição eclesiástica e
apostólica” (De Princ. Praef.2).

        Orígenes sempre se esforçou para seguir esta norma, até que no final de sua vida ele a
selou com seu sangue.
1.UMA VISÃO DA PATRÍSTICA




         A patrística tem seu inicio no século II e vai até o século VIII. O termo patrística quer
dizer estudo do pensamento filosófico dos primeiros cristãos, que abordaram a fé tendo como
instrumento a razão.

         A grande preocupação da filosofia patrística era como anunciar Jesus Cristo em uma
cultura helenizada. Por isso vai iniciar um processo de helenização, e para isso os padres da
Igreja vão sofrer influências das correntes gregas, como: o platonismo, o aristotelismo e o
estoicismo.

         Já com a chegada da mensagem bíblica, vai causar nos povos uma revolução porque
os gregos buscavam a verdade sempre e em primeiro lugar; agora a mensagem bíblica vem
mostrar que os cristãos já possuem a verdade, que é Jesus Cristo. Depois dessa mensagem
bíblica ter sido difundida, só era possível filosofar na fé, que era crendo; filosofar procurando
fazer distinção entre razão e fé; e fora da fé, que era não crendo. Mas a mensagem bíblica
deixou algumas idéias principais que acabaram entrando em confronto com a visão dos gregos
como: o monoteísmo, o criacionismo, o antropocentrismo, a lei, a providência e o pecado
original. Os grandes filósofos gregos viam no conhecimento, na sabedoria a grande virtude do
homem; enquanto que a mensagem bíblica pedia do homem a fé acima da ciência. Por isso
essa mensagem bíblica causou uma radical revolução de valores da história humana.

         Por isso, de um modo bem geral, podemos dizer que a filosofia patrística, mostrou-se
como o resultado de uma síntese que se tentou fazer entre tradução filosófica rega e as
exigências doutrinais da Escritura.

         E que é filosofia cristã? A filosofia cristã podemos dizer que é um sistema filosófico
que se caracteriza pelo seu ponto de partida que é a fé. Ela foi criada por cristãos convictos;
ela busca fazer uma distinção entre os domínios da fé e da ciência; e também faz proposições
racionais tendo como instrumento de demonstração os documentos da fé.

         Então filosofia cristã era a utilização da razão para explicar Deus, discute-se
filosoficamente as verdades da fé, ou seja, a filosofia cristã vai de encontro com as verdades
da fé.
Por isso, os Padres da Igreja vão utilizar desta filosofia cristã para anunciar Jesus
Cristo, eles fazem da filosofia um instrumento para chegar até a verdade suprema, que é Deus.
Para ser reconhecido como um Padre da Igreja era necessário: ortodoxia, santidade de vida,
aprovação da Igreja e Antiguidade.

       A Patrística costuma ser dividida em três períodos: o primeiro, que é dedicado à defesa
do cristianismo contra seus adversários pagãos e gnósticos. O segundo período é caracterizado
pela formulação doutrinal das crenças cristãs; é o período dos primeiros grandes sistemas de
filosofia cristã e o terceiro período é caracterizado pela reelaboração e pela sistematização das
doutrinas já formuladas, bem como pela ausência de formulações originais.

       A filosofia patrística não parte do nada para desenvolver algo, eles vão sempre pautar
no que já foi dito, ou seja, é um acréscimo do que já foi feito, refletido. E isso demonstra um
avanço na reflexão.

       Nem todo problema tem importância para a filosofia patrística, então há uma seleção
de problemas. Que podem ser de primeira e de Segunda ordem. Os de primeira ordem são os
problemas ligados à metafísica, como: a imortalidade da alma, a existência de Deus. E os de
segunda ordem, são todos aqueles que se referem a filosofia da natureza, é o mundo sensível.
Esses problemas são selecionados em primeiro lugar a fé, e em segundo lugar a lógica, tanto
aristotélica quanto tomista.

       E uma outra característica da filosofia patrística é que ela possui um espírito
sistematizador. A filosofia patrística tem a visão de abarcar o pensamento de forma
sistemática, organizada.

       O primeiro Padre da Igreja do Ocidente foi Justino e o último foi o Papa Gregório I,
junto com Santo Isidoro de Sevilha. O primeiro Padre da Igreja do Oriente são os chamados
Padres Apologistas, e o último é são João Damasceno.
2.QUEM FOI ORÍGENES?




       Orígenes não era um convertido do paganismo, era filho maior de uma família cristã
numerosa. Nasceu provavelmente em Alexandria, no ano de 185. Seu pai Leônidas, procurou
sempre dar a ele uma educação caprichada, instruindo-lhe nas escrituras e nas ciências. Seu
pai morreu mártir durante uma perseguição de Severo no ano de 202. Após a morte de seu
pai, sua família chegou a passar grande necessidade. E Orígenes foi acolhido na casa de uma
herege rica e ele se dedicou ao ensinamento para sustentar sua mãe e seus irmãos.

       O bispo Demétrio confiou a Orígenes a direção da escola catequética de Alexandria,
estava com apenas dezoito anos de idade; e ele havia de ocupar este posto durante muito
tempo. Atraiu grande número de discípulos pela qualidade de seus ensinamento, e também,
pelo seu exemplo de vida, assim como falava Eusébio:

                      Tal como falava, vivia; e tal como vivia, falava. A isto se deve principalmente o que, com a
              ajuda do poder divino, mover inúmeros discípulos seguir seus exemplo (Hist. Eccl. 6,3,7)



       E ainda Eusébio descreve como rapidez a ascese praticado por este ‘Homem de aço’,
como ele o chamava:

                        Perseverou durante muitos anos neste tipo de vida o mais filosófico, ao exercitando-se no
                jejum, ora dedicando algumas das horas devidas ao descanso que tomava em sua cama, destino
                sobre o duro solo. Antes tudo pensava que se devia observar fielmente aquelas palavras do
                Senhor no Evangelho com que nos recomenda não ter duas túnicas, nem levar sandálias, nem
                pensar o tempo preocupando-nos pelo futuro. (Hist. Eccl. 6,3,9-10)



       E também neste tempo por volta de 202 a 203, enquanto ensinava em Alexandria,
Orígenes se castrou interpretando em um sentido demasiado literal a Mateus 19,12.

       Agora a sua carreira como professor pode ser dividida em parte. E durante a primeira
que vai do ano de 203 ao 231, Orígenes dirigiu a escola de Alexandria e seu prestígio foi
sempre aumentando. Ele teve discípulos que provinham inclusive dos círculos heréticos e das
escolas pagãs de filosofia. NO começo ele dava cursos preparatórios de dialética, física,
matemática, geometria e astronomia, assim como de filosofia grega e teologia especulativa.
Como esta carga acabou sendo muito pesada, ele se dedicou apenas a formação dos estudantes
mais adiantados em filosofia, teologia e especialmente em Sagrada Escritura, e o resto das
aulas ele entregou a seu auxiliar Heráclas. Mesmo com este horário tão carregado não o
impediu de assistir as lições de Ammonio Saccas, o célebre fundador do neoplatonismo.

       Orígenes interrompeu suas lições em Alexandria para fazer várias viagens. No ano de
212 foi à Roma porque desejava ver a antiqüíssima Igreja dos Romanos. Isso ocorreu durante
o pontificado de Zeferino, ali também se encontrou com o mais famoso teólogo da época, o
presbítero romano Hipólito. Em outra ocasião foi a Antioquia, convidado pela mãe do
imperador Alexandre Severo, Julia Mamea, que desejava vê-lo. E quando o imperador
Caracalla saqueou a cidade de Alexandria e mandou fechar as escolas e perseguiu os mestres,
Orígenes decidiu marchar a Palestina, no ano de 216. Os bispos de Cesaréia, Jerusalém e
outras cidades palestinas o pediram que pregasse sermões e explicasse as Escrituras a suas
respectivas comunidades; ele o fez, apesar de que não era sacerdote. Seu bispo, Demétrio de
Alexandria, protestou e censurou a hierarquia palestina por permitir que um secular pregasse
na presença do bispo, coisa nunca vista, segundo ele. Porém, os bispos da Palestina negaram,
e Orígenes obedeceu a ordem restrita de seu superior de voltar imediatamente a Alexandria,
para evitar que se repetisse no futuro dificuldades parecidas.

       O bispo Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia ordenaram Orígenes
sacerdote quinze anos mais tarde, quando passou por Cesaréia a caminho da Grécia, onde se
dirigia, por ordem de seu bispo, para desmentir alguns hereges. Isso só piorou a situação,
porque Demétrio alegou segundo a legislação econômica, Orígenes não podia ser admitido ao
sacerdócio por haver se castrado. Talvez Eusébio esteve certo quando disse que “Demétrio se
deixou vencer pela fragilidade humana a ver como Orígenes ia de sucesso, sendo considerado
por todos como homem de prestígio e célebre por sua fama” (Hist. Eccl. 6,84). Se vê isso que
aconteceu como ele não se sabe, só que Demétrio convocou um sínodo que excomungou
Orígenes da Igreja de Alexandria, E um outro sínodo, no ano de 231, ele foi excomungado do
sacerdócio. Depois da morte de Demétrio, no ano 232, ele voltou à Alexandria, mas seus
sucessor, Heráclas, o antigo colega de Orígenes, renovou a excomunhão dele.

       Aqui começa o segundo período de sua vida, quando ele parte para Cesaréia da
Palestina, foi onde os bispos de Cesaréia, fez de conta que nem sabia da censura de seu colega
bispo de Alexandria e convidou Orígenes a fundar uma nova escola de teologia em Cesaréia.
Orígenes a dirigiu por mais de vinte anos. Foi aí onde Gregório o Taumaturgo pronunciou o
seu Discurso de despedida, ao abandonar o círculo de Orígenes. E segundo este valioso
documento, ele seguiu em Cesaréia praticamente o mesmo sistema de ensinar que em
Alexandria. Depois de uma exortação a filosofia, a maneira de introdução, vinha o curso
preliminar que treinava os estudantes para a educação científica mediante um exercício
mental constante. O curso científico compreendia a lógica e a dialética, as ciêcias naturais, a
geometria e a astronomia, e no fim a teologia. O Curso de ética não se reduzia a uma
discussão racional dos problemas morais, mas que dava toda uma filosofia de vida. Gregório
dizia que Orígenes fazia ler a seus discípulos toda as obras dos antigos filósofos, com exceção
dos que negavam a existência de Deus e a providência divina.

       No ano 244 ele voltou a Arábia, onde converteu o bispo Berilo de Bostra. E durante
uma perseguição em Cesaréia, Orígenes foi lançado na prisão e sofreu cruéis torturas. Assim
como descreve Eusébio:

                        As numerosas cartas que deixou escritas este homem descrevem com verdade e exatidão os
               sofrimentos que padeceu pela palavra de Cristo: cadeias e torturas, tormentas no corpo, tormentos
               pelo ferro, tormentos no calabouço; como teve, durante quatro dias, seus pés metidos até o quarto
               furo; como suportou com firmeza de coração as ameaças de fogo e todo o demais que eles
               infligiram seus inimigos; como acabou todo aquele, não querendo o juiz de nenhuma maneira
               sentenciá-lo a morte; e que sentença deixou, cheias de utilidade, para os que necessitam de
               consolo. (o.c. 6,39,5)



       A controvérsia se manteve dentro dos limites do campo literário e não provocou
nenhuma intervenção eclesiástica oficial. A discussão foi mais séria no ano 400, quando sua
doutrina foi atacada por Epifânio de Salamis e Teófilo, patriarca de Alexandria. Epifânio o
condenou em um sínodo celebrado cerca de Constantinopla, e o papa Anastácio em uma carta
pascal. Finalmente, o imperador Justiniano I, no concílio de Constantinopla de 543, alegou
que recebera um documento que continha quinze anátenas contra algumas das coutrinas de
Orígenes e que foi logo firmado pelo papa Virgílio (537-555) e por todos os patriarcas.




2.1.SEUS ESCRITOS

       As controvérsias origenistas foram a causa de que havia desaparecido a maior parte da
produção literária do grande Alexandrino, Orígenes. O que permaneceu ainda conservado não
está no texto grego original, mas em traduções latinas. Também se tem perdido a lista
completa de suas obras, que Eusébio acrescentou na biografia de seu amigo e maestro
Panfílio. Segundo São Jerônimo nesta lista continha o número dos tratados, que chegava a
dois mil. Mas nós conhecemos apenas oitocentos, pela lista que dá Jerônimo em sua carta a
Paula.

         Orígenes não havia tido meios para publicar um número tão enorme de obras sem o
apoio de uns amigos endinheirados. E esta ajuda lhe veio principalmente de Ambrósio, a
quem ele havia convertido da heresia Valentiniana. E em uma sala de conferência Ambrósio
pôs a discussão de Orígenes sete ou mais estenógrafos, que lhe permitiu dedicar-se de cheio a
suas atividades literárias. Assim como Eusébio nos conta:

                       A partir deste momento, Orígenes começou a compor seus comentários a divinas Escrituras;
               lhe estava, ele Ambrósio, não somente animado com suas constantes exortações, senão também
               fornecendo-lhe liberalmente de quanto necessitava. Em efeito, quando lia, tinha a disposição mais
               de sete estenógrafos, que se iam revelando a hora fixa, e outros tantos copistas, e também mulheres
               espertas em caligrafia. Para todo o qual Ambrósio proporcionava generosamente os meios
               necessários. (EUseb; Hist. Eccl. 6,23,1-2)



         A maior parte da produção literária de Orígenes está consagrada a Bíblia, podendo ser
justamente chamado o fundador da ciência escriturística. Em fecundidade literária, Orígenes
ultrapassou a todos os Padres da Igreja da Antiguidade cristã.

         As obras de Orígenes são: as de reconstrução crítica: Hexaplas; Comentários,
homilias, depois temos os escritos apologéticos, teológicos, espirituais, etc. Entre as que
ficaram até nós, distingue-se os Comentários bíblicos: a Mateus, João, cântico dos cânticos e
Epístola aos Romanos, a Apologia contra Celso, o Tratado dos Princípios (que pode ser
considerado o primeiro manual de teologia e onde estão as fontes das acusações que recebeu),
o tratado Da Oração, a Exortação ao martírio, etc.




                             3.O PENSAMENTO DE ORÍGENES
Orígenes é antes de tudo um grande teólogo, mas ele vai utilizar da filosofia para
defender suas teses. Porque Orígenes está preocupado em esclarecer aos fiéis as verdades da
fé. E ele distingue dois grupos de verdades da fé: os que são essenciais para a fé cristã, que
são as questões: de Deus uno e trino, imortalidade da alma, Deus criador e a alma que tem seu
livre arbítrio; e os grupos que não são tão essenciais para a fé, são os que pode sofrer
especulação racional. Enquanto que no primeiro grupo já se tem a fé revelada.

           Assim como outros padres da Igreja, Orígenes tem como ponto de partida a fé, a
revelação. Portanto, partindo da fé ele busca fazer uma apresentação da verdade. Uma grande
preocupação de Orígenes era como explicar algumas passagens da Bíblia que era de difícil
entendimento, por exemplo: como Deus andar pelo jardim. Devido a essas questões ele vai
sofrer a influência de Fílon de Alexandria, onde vai utilizar a leitura alegórica do texto, que
tinha por objetivo explicar as passagens bíblicas difíceis de serem explicadas racionalmente.

           Portanto, a Sagrada Escritura possuía três sentidos: o material, o psíquico e o
pneumático. O sentido material só é possível chegar a forma, a letra; o psíquico é a questão
moral e o pneumático é a leitura espiritual, é buscar entender além das palavras. Então para
ele a Sagrada Escritura tem um sentido material, que ao passo que se utiliza a leitura
alegórica, se consegue obter a revelação espiritual, o sentido superior e espiritual da Sagrada
Escritura, isso é o que ele chama de pneumático, que é mais importante, mas também é o mais
difícil.




3.1ORÍGENES E A FILOSOFIA

           Qual é a relação de Orígenes com a filosofia grega? Orígenes é um profundo
conhecedor da filosofia grega: do platonismo, do aristotelismo e do estoicismo, porque ele
sofre uma grande influência de Amonio Saccas, que é o fundador do neo-platonismo, da qual
Orígenes foi discípulo.

           Ele vai cultivar a filosofia por amor a verdade, que ela vai ajudar na compreensão da
verdade. Orígenes não vê a filosofia como uma função, assim como via o Padre da Igreja
Clemente de Alexandria, mas ele possuí um conceito positivo da filosofia, portanto ela vai ser
como um instrumento, que ele vai usar para chegar as verdades do cristianismo, ele vai
utilizar elementos da filosofia grega.

       Devido Orígenes ser um profundo conhecedor da filosofia grega, ele vai ter uma
postura reservada aos filósofos , se de um lado ele apreciava a filosofia, de um outro ele tinha
uma atitude cética em relação a vida dos filósofos, porque para ele os filósofos também
erravam.

       Portanto, Orígenes vai se debruçar em cima da filosofia para se chegar a verdade, por
amor ao evangelho, o que ele quer é ter um conhecimento mais vasto.




3.1.2.OS CONCEITOS DE DEUS

       A preocupação de Orígenes em relação a Deus é teológica, mas ele vai utilizar do
método filosófico para explicar o problema de Deus. Orígenes coloca Deus no centro do seu
pensamento.

       O primeiro conceito de Deus é a unicidade, ou seja, Orígenes não se preocupa em
explicar a existência de Deus, porque para ele, ela é fruto da revelação, e é evidente isso.
Portanto, Orígenes se preocupa em mostrar que Deus é uno, sendo assim ele vai se contrapor
ao politeísmo. Na obra contra Celso, o filósofo Celso fala que ingênuo é que acredita que
existe um único Deus, e Orígenes se contrapõe dizendo que a razão conduz ao monoteísmo.
Mas como? Ele tem como ponto de partida o cosmo harmonioso, ordenado, ou seja, o mundo
é sistematizado, organizado. E para Orígenes é impossível que isto aconteça por acaso, é
preciso que tenha algo criador, que crie e organize todas essas coisas. Portanto, ele diz que a
unicidade (Deus) não pode derivar de uma multiplicidade de espírito (que é o politeísmo), ou
seja, o perfeito (uno) não pode ser gerado do múltiplo. Para ele é do uno perfeito que se gera a
multiplicidade das coisas. Essa é a questão da unicidade de Deus.

       Segundo conceito de Deus é a imaterialidade e a espiritualidade de Deus. Para se
explicar a imaterialidade de Deus, Orígenes utiliza da própria Sagrada Escritura, para ele
errado está quem interpreta a Bíblia de modo literal, pensando que Deus é como fogo, ou
como vento. Para Orígenes Deus não pode ser entendido como realidade corpórea, mas sim
como realidade intelectual e espiritual. Porque se Deus é matéria, ele pode ser transformado, e
se ele pode ser transformado ele não é perfeito e se não é perfeito ele não é Deus, isso
filosoficamente. Portanto, para Orígenes Deus não é corpóreo. E para explica isso ele utiliza
quatro argumentações:

         1ª argumentação: Ele parte da imaterialidade do espírito humano, portanto ele parte da
realidade. Esse espírito é nossa capacidade de pensar. Para pensar não precisa de espaço e
nem de qualidade. Portanto, Orígenes diz que o ser humano para pensar não necessita da
matéria, que é o corpo, ele pensa através da imaterialidade, por isso, o espírito é simples, ele
não tem composição assim, como o ser humano e não existe em Deus espaço, lugar e tempo.

         2ª argumentação: É que o espírito atua independentemente de nossa corporeidade. Por
isso, o espírito não acompanha o corpo.

         3ª argumentação: É que o espírito humano é capaz de aprender e julgar as coisas mais
difíceis.

         4ª argumentação: É que o espírito não tem forma nem cheiro.

         Devido essas argumentações Orígenes chega a conclusão que a natureza divina é
inteiramente simples e espiritual. Em Deus espírito e natureza se identificam, porque a
natureza é o mesmo que o seu espírito, ou seja, Deus é espírito absoluto.

         O terceiro conceito de Deus é a transcendência divina. Para Orígenes o conhecimento
de Deus é inacessível a mente humana, não se pode conhecer a Deus de maneira racional:

                      Deus não pode ser compreendido em sua natureza. Em sua realidade, Deus é incompreensível
              e inescrutável. Com efeito, podemos pensar e compreender qualquer coisa de Deus, mas devemos
              crer que ele é amplamente superior àquilo que dele pensamos (...) Por isso, sua natureza não pode ser
              compreendida pela capacidade da mente humana, mesmo que seja a mais pura e a mais límpida.
              (Reale, Hist. Da Filosofia, pág. 412)


         Segundo Orígenes o que nos impede de conhecer a Deus é nossa realidade corpórea
(que é a matéria e o espírito), portanto, a matéria não nos deixa conhecer a Deus, ela nos
prende neste mundo.

         Mas é possível conhecer algo de Deus nas coisas criadas por ele, como a natureza. Ou
também se pode conhecer por meio de suas criaturas, assim como se conhece o sol por seus
raios.
Muitas vezes nossos olhos não podem contemplar a natureza da mesma luz – é dizer, a
                    substância do sol - ; mas, ao ver seu esplendor os seus raios quando se infiltram, por exemplo,
                    através de uma janela ou de alguma outra pequena abertura, podemos deduzir como grande
                    será o foco e fonte da luz corpórea. Da mesma maneira, as obras da providência divina e todo
                    o plano deste mundo são como raios da natureza de Deus, em comparação com a realidade de
                    seu ser e de sua substância. Assim, pois, sendo nosso entendimento incapaz de contemplar
                    Deus em si mesmo tal como é, conhece ao Pai do mundo através da beleza de suas obras da
                    graça de suas criaturas. (De princ. 1,1,6)



3.2.3.A COSMOLOGIA

       Orígenes trabalha a questão da cosmologia, da criação do mundo em sua obra De
Principis.

       Orígenes vê o logos como verdade “original” do mundo, portanto, o logos é a origem e
o mundo foi criado por Deus, através do Logos. Então se Deus criou todas as coisas através
do logos, essas coisas devem participar de algum modo do ser de Dus, porque dói Dus quem
inseriu o seu ser. E Orígenes ressalta outra questão que todas as coisas criadas compartilham
da verdade de Deus, de uma maneira, os seres humanos de outra maneira. E tudo isso ocorre
através do logos.

       E Orígenes em seu conceito de logos, ele sofre uma influência de Platão, onde ele diz
que no logos estava a verdade, que são as idéias, os protótipos das cosias criadas. Então, o
logos para Orígenes, são as verdades que se tornam um protótipo da qual as coisas são
criadas. O modelo de todas as coisas está no logos.

       Uma segunda concepção da cosmologia é a criação do mundo a partir do nada. Para
Orígenes Deus criou o mundo por pura bondade. Ele argumenta partindo da realidade, ou
seja, as transformações que as coisas sofrem. Na base dessas transformações está a matéria, e
é a matéria que sofre a transformação, portanto, a matéria é uma criação perfeita, e isso,
Orígenes quer dizer que a matéria é uma criação perfeita, e isso não foi criado por acaso, ela
teve algo que a criou, então quem a criou foi Deus, por isso a matéria não é eterna, porque ela
foi criada. Portanto, Deus cria matéria do nada.

       E Orígenes também ressalta a ideia da eternidade da criação, ou seja, para ele a criação
não pode ter um inicio. Orígenes diz que aquelas pessoas que pensam que Deus antes de criar
o mundo não fazia nada, isso é inconcebível, porque para ele a criação é eterna. Deus smepre
criou. Portanto, para Orígenes a criação não teve um começo, ela sempre foi criada, e por isso
nós seres humanos sempre existimos. E para Orígenes sári desse problema que ele mesmo
criou, ele explica que Deus criou vários mundos, que se iniciam e se acabam.

                              Portanto, mundo para Orígenes, deve ser entendido como uma série de mundos, não
                      contemporâneos, mas subseqüentes um ao outro: Deus não começou a agir pela primeira
                      vez quando criou este mundo visível. Acreditamos que, como depois do fim deste mundo
                      haverá um outro, da mesma forma, antes deste houve outros. (Relae, Hist. Da filosofia,
                      volI, pág. 415)



3.3.4 MUNDO DOS ESPÍRITOS
       Orígenes considera o mundo como obra de um Deus bondoso, que criou por pura
bondade. Mas foi Deus quem criou o mundo, e foi por pura bondade, então porque nesse
mundo existe maldade? E qual é a sua implicação com o Deus bondoso? E Orígenes
argumenta dizendo que a origem do mal reside no livre arbítrio, que é constitutivo do homem,
ou seja, o livre arbítrio não é acidental, é essencial em todo o ser. Existem espíritos bons e
maus, segundo Orígenes, essa diversidade de espírito é metafísico, e não está em Deus mas na
criatura, porque Deus não diverso, ele é uno. Portanto, para Orígenes o mal está no livre
arbítrio, porque todos foram criados iguais, e todas as coisas foram feitas por Deus, devido a
sua bondade.

       Devido a essa questão do livre arbítrio é que Orígenes de uma forma pedagógica,
mostra a hierarquia dos espíritos:

       1º os espíritos celestiais:

           •   os anjos;

           •   os poderes;

           •   os tronos;

           •   as dominações.

       2º os espíritos maus:

           •   os demônios.

       3º as almas humanas que estão entre os espíritos celestiais e os espíritos maus tudo
diante dele o que foi disperso por causa do livre arbítrio. Portanto, para Orígenes, o fim será
exatamente igual ao princípio, isto é, tudo deverá tornar a ser como Deus criou. Todos estarão
unidos em Deus.

                          As almas que pecaram na terra, irão depois da morte, para um fogo purificador; pouco a
                  pouco, porém, todos, inclusive os demônios, subirão de grau em grau até que por fim,
                  inteiramente purificados, ressuscitarão como corpos etéreos e, novamente, Deus será tudo em
                  todos. No entanto, esta restauração não significa o fim do mundo e, sim, um fim provisório.
                  Antes de nosso mundo atual existiram outros mundos e, depois desse, ainda outros seguirão. De
                  acordo com Platão, Orígenes ensinava sucederam-se os mundos, em mutação interminável.
                  Portanto, Orígenes negava a eternidade do inferno. (Patrologia, ALTANER, Berthold –
                  STUIBER, Alfred, pág. 218, paulinas).
CONCLUSÃO




       Como foi visto neste trabalho a relação entre a filosofia e fé segundo Orígenes, que foi
um grande sábio e teólogo muito importante para sua época. Segundo o que foi analisado
neste, as minhas considerações são positivas em relação a filosofia e fé, elas podem conciliar.
Assim como Orígenes utilizou dela para explicar de maneira racional a fé, a filosofia porde
ser hoje utilizada como um instrumento importante para se aprofundar na compreensão da fé e
até mesmo em transmitir as verdades do Evangelho a todas aquelas pessoas que ainda não o
conhecem.

       Podemos notar que desde o começo os filósofos gregos tinham uma grande
preocupação em buscar a verdade, em viver uma vida virtuosa, trilhando os caminhos do bem,
tudo isso eles buscavam fazer utilizando a filosofia. Hoje à partir do momento em que
possuímos essa verdade e iluminamos pela fé que é um dom de Deus, procuramos achar
respostas para a nossa existência, para a criação do mundo, para as verdades de Deus.

       Orígenes utilizou-se da filosofia fazendo dela um instrumento para defender as
verdades da fé e buscar explicitar de um modo racional as verdades contidas na Sagrada
Escritura, dentro de um contexto e de uma época. Portanto, se a filosofia for utilizada como
um instrumento, juntamente com a fé, os dois também são importantes para essa época, para
poder argumentar contra algumas idéias contrárias as nossas doutrinas do qual nós
professamos. Então a filosofia e a fé estão ligados, e uma acaba ajudando a outra.

       Portanto, segundo os argumentos filosóficos que Orígenes utilizou para defender e
explicar a fé são corretos, agora segundo o conteúdo doutrinário não tem como concordar em
alguns aspectos, porque eles não estão corretos com a doutrina da Igreja de hoje, portanto ele
cometeu alguns erros doutrinários. Como por exemplo: quando ele diz que tudo tende a voltar
para Deus um dia, com essa ideia ele acaba negando a eternidade do inferno.

       Mas não tem como negar que Orígenes foi um grande sábio, que buscou uma vida
coerente com os Evangelhos, e que ele tinha como propósito fazer com que todos pudessem
conhecer a verdade, que é Deus.
BIBLIOGRAFIA




THONNARD, A.A.; Época Patrística e Medieval, filosofia cristã, in:______. Compêndio de
História da Filosofia, São Paulo, Editora Herder, 1968, pág. 192-196.
PÉPIN, Jean. A filosofia patrística. In: CHÂTELET, François, A Filosofia Medieval do
Século I ao Século XV; Rio de Janeiro, Editora Zahar, 1983, pág. 55-72.
QUASTEN, Johannes. Los alejandrinos, el Orígenes. In:_____. Patrologia I. Madri, La
Editora Catolica, MCMLXVIII, pág. 351-411.
ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred, Escriores do oriente Grego – Orígenes. In:_____
Patrologia, São Paulo, Paulinas, 1988, pág. 2003-215.
REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. A patrística, a elaboração das mensagem bíblica na
área cultural de linguagem grega. In: ______ História da Filosofia I. São Paulo, Paulus,
1990, pág. 399-423.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Teologia Sistemática - Aula 1 - Apresentação
Teologia Sistemática - Aula 1 - ApresentaçãoTeologia Sistemática - Aula 1 - Apresentação
Teologia Sistemática - Aula 1 - ApresentaçãoMissões Adoração
 
Teologia sistematica (Stanley Horton)
Teologia sistematica (Stanley Horton)Teologia sistematica (Stanley Horton)
Teologia sistematica (Stanley Horton)Andréia Eufrazio
 
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo   josé goncalves salvadorArminianismo e metodismo   josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvadorDouglas Martins
 
Estudo da teologia
Estudo da teologiaEstudo da teologia
Estudo da teologiaTiago Vieira
 
História da teologia
História da teologiaHistória da teologia
História da teologiaugleybson
 
Teologia sistemática 1 teontologia e pneumatologia
Teologia sistemática 1   teontologia e pneumatologiaTeologia sistemática 1   teontologia e pneumatologia
Teologia sistemática 1 teontologia e pneumatologiaJoao Ricardo
 
A doutrina espírita (sef)
A doutrina espírita (sef)A doutrina espírita (sef)
A doutrina espírita (sef)Ricardo Akerman
 
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Keiler Vasconcelos
 
Teologia sistemática, introdução
Teologia sistemática, introduçãoTeologia sistemática, introdução
Teologia sistemática, introduçãoGcom digital factory
 
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporanea
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporaneaTomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporanea
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporaneaLELO
 
Teologia Contemporanea
Teologia ContemporaneaTeologia Contemporanea
Teologia ContemporaneaCarlos Alves
 
Hist´. da teologia
Hist´. da teologiaHist´. da teologia
Hist´. da teologiaismarbp
 
Uma introdução ao estudo da Teologia: sua importância e aplicação para a vida
Uma introdução ao estudo da Teologia:  sua importância e aplicação para a vidaUma introdução ao estudo da Teologia:  sua importância e aplicação para a vida
Uma introdução ao estudo da Teologia: sua importância e aplicação para a vidaRobson Tavares Fernandes
 
Aula02 slides teolsist-introducao (3)
Aula02 slides teolsist-introducao (3)Aula02 slides teolsist-introducao (3)
Aula02 slides teolsist-introducao (3)Daniel Campos
 

Mais procurados (20)

Teologia Sistemática - Aula 1 - Apresentação
Teologia Sistemática - Aula 1 - ApresentaçãoTeologia Sistemática - Aula 1 - Apresentação
Teologia Sistemática - Aula 1 - Apresentação
 
06 psicologia pastoral
06 psicologia pastoral06 psicologia pastoral
06 psicologia pastoral
 
Teologia sistematica (Stanley Horton)
Teologia sistematica (Stanley Horton)Teologia sistematica (Stanley Horton)
Teologia sistematica (Stanley Horton)
 
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo   josé goncalves salvadorArminianismo e metodismo   josé goncalves salvador
Arminianismo e metodismo josé goncalves salvador
 
Apostila de teologia sistemática
Apostila de teologia sistemáticaApostila de teologia sistemática
Apostila de teologia sistemática
 
FILOSOFIA DA RELIGIAO
FILOSOFIA DA RELIGIAOFILOSOFIA DA RELIGIAO
FILOSOFIA DA RELIGIAO
 
Teologia Sistematica- Hermann
Teologia Sistematica- HermannTeologia Sistematica- Hermann
Teologia Sistematica- Hermann
 
Estudo da teologia
Estudo da teologiaEstudo da teologia
Estudo da teologia
 
História da teologia
História da teologiaHistória da teologia
História da teologia
 
Teologia sistemática 1 teontologia e pneumatologia
Teologia sistemática 1   teontologia e pneumatologiaTeologia sistemática 1   teontologia e pneumatologia
Teologia sistemática 1 teontologia e pneumatologia
 
A doutrina espírita (sef)
A doutrina espírita (sef)A doutrina espírita (sef)
A doutrina espírita (sef)
 
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
 
ética cristã
ética cristãética cristã
ética cristã
 
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
 
Teologia sistemática, introdução
Teologia sistemática, introduçãoTeologia sistemática, introdução
Teologia sistemática, introdução
 
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporanea
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporaneaTomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporanea
Tomás Nsunda Lelo, Fasciculo de teologia contemporanea
 
Teologia Contemporanea
Teologia ContemporaneaTeologia Contemporanea
Teologia Contemporanea
 
Hist´. da teologia
Hist´. da teologiaHist´. da teologia
Hist´. da teologia
 
Uma introdução ao estudo da Teologia: sua importância e aplicação para a vida
Uma introdução ao estudo da Teologia:  sua importância e aplicação para a vidaUma introdução ao estudo da Teologia:  sua importância e aplicação para a vida
Uma introdução ao estudo da Teologia: sua importância e aplicação para a vida
 
Aula02 slides teolsist-introducao (3)
Aula02 slides teolsist-introducao (3)Aula02 slides teolsist-introducao (3)
Aula02 slides teolsist-introducao (3)
 

Destaque

Sbs Class March142010
Sbs Class March142010Sbs Class March142010
Sbs Class March142010BertBrim
 
Meadowood Power Point
Meadowood Power PointMeadowood Power Point
Meadowood Power PointJanetGregg
 
Gold Butte Work Party 0909
Gold Butte Work Party 0909Gold Butte Work Party 0909
Gold Butte Work Party 0909Terri Rylander
 
The effects of speed enforcement
The effects of speed enforcement The effects of speed enforcement
The effects of speed enforcement Charles. Goldenbeld
 
Programme Reveillon 2012
Programme Reveillon 2012Programme Reveillon 2012
Programme Reveillon 2012Zakaano
 
Comceptual framework of Demerit Point Systems
Comceptual framework of Demerit Point SystemsComceptual framework of Demerit Point Systems
Comceptual framework of Demerit Point SystemsCharles. Goldenbeld
 
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media Campaign
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media CampaignThe Goosebump Compass Factor (book) - Social Media Campaign
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media CampaignCarl Alvarez
 

Destaque (9)

Sbs Class March142010
Sbs Class March142010Sbs Class March142010
Sbs Class March142010
 
Meadowood Power Point
Meadowood Power PointMeadowood Power Point
Meadowood Power Point
 
Gold Butte Work Party 0909
Gold Butte Work Party 0909Gold Butte Work Party 0909
Gold Butte Work Party 0909
 
The effects of speed enforcement
The effects of speed enforcement The effects of speed enforcement
The effects of speed enforcement
 
Programme Reveillon 2012
Programme Reveillon 2012Programme Reveillon 2012
Programme Reveillon 2012
 
Láminas de arte 2011 2012
Láminas de arte 2011   2012Láminas de arte 2011   2012
Láminas de arte 2011 2012
 
Cm2007
Cm2007Cm2007
Cm2007
 
Comceptual framework of Demerit Point Systems
Comceptual framework of Demerit Point SystemsComceptual framework of Demerit Point Systems
Comceptual framework of Demerit Point Systems
 
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media Campaign
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media CampaignThe Goosebump Compass Factor (book) - Social Media Campaign
The Goosebump Compass Factor (book) - Social Media Campaign
 

Semelhante a Sambini, leo fernando. 2001

UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docx
UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docxUMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docx
UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docxandresilvahis
 
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02Thais Madureira
 
O processo de elaboracao da teologia
O processo de elaboracao da teologiaO processo de elaboracao da teologia
O processo de elaboracao da teologiaAfonso Murad (FAJE)
 
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02Mário Oliveira
 
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdf
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdfel_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdf
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdfEvanildoCarvalho
 
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdfARTVALE
 
FÉ E RAZÃO O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdf
FÉ E RAZÃO
 O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO
 NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdfFÉ E RAZÃO
 O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO
 NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdf
FÉ E RAZÃO O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdfLeandroFernandes17198
 
Filosofia - Patristica
Filosofia - PatristicaFilosofia - Patristica
Filosofia - PatristicaAndré Raqjr
 
Artigo evidências históricas da fé cristã
Artigo   evidências históricas da fé cristãArtigo   evidências históricas da fé cristã
Artigo evidências históricas da fé cristãIsrael serique
 
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de Tirano
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de TiranoAula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de Tirano
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de TiranoRomulo Andalécio
 
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?Prof-Marcos
 
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missao
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missaoTexto 1 introducao-a_teologia_da_missao
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missaoVinicio Pacifico
 
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAA FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAAlexandre Ramos
 
Introdução à Patrística
Introdução à PatrísticaIntrodução à Patrística
Introdução à PatrísticaCursoDeFerias
 
Plano de aula o problema da fé e da razão
Plano de aula o problema da fé e da razãoPlano de aula o problema da fé e da razão
Plano de aula o problema da fé e da razãoAntonio Marcelo Campos
 
Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1michelechristine
 

Semelhante a Sambini, leo fernando. 2001 (20)

UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docx
UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docxUMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docx
UMA VISAO SOBRE FILOSOFIA MEDIEVAL 2 MODULO.docx
 
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02
Filosofiamedieval 130322112129-phpapp02
 
Filosofia medieval slide
Filosofia medieval slideFilosofia medieval slide
Filosofia medieval slide
 
O processo de elaboracao da teologia
O processo de elaboracao da teologiaO processo de elaboracao da teologia
O processo de elaboracao da teologia
 
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02
Aula 2apartepatristica-120404143143-phpapp02
 
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdf
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdfel_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdf
el_-_teologia_fundamental_-teologia_i.pdf
 
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf
_Apostila_Modulo_424_Apostila_INTRODUÇÃO A TEOLOGIA.pdf
 
FÉ E RAZÃO O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdf
FÉ E RAZÃO
 O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO
 NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdfFÉ E RAZÃO
 O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO
 NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdf
FÉ E RAZÃO O DISCURSO RELIGIOSO-FILOSÓFICO NA PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO.pdf
 
Filosofia medieval 25tp
Filosofia medieval 25tpFilosofia medieval 25tp
Filosofia medieval 25tp
 
Filosofia - Patristica
Filosofia - PatristicaFilosofia - Patristica
Filosofia - Patristica
 
Artigo evidências históricas da fé cristã
Artigo   evidências históricas da fé cristãArtigo   evidências históricas da fé cristã
Artigo evidências históricas da fé cristã
 
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de Tirano
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de TiranoAula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de Tirano
Aula- Teologia Sistemática/Bibliologia - Instituto Bíblico de Tirano
 
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?
O QUE TEM JERUSALÉM COM ATENAS?
 
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missao
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missaoTexto 1 introducao-a_teologia_da_missao
Texto 1 introducao-a_teologia_da_missao
 
Filosofia medieval raiana 27 np
Filosofia medieval raiana 27 npFilosofia medieval raiana 27 np
Filosofia medieval raiana 27 np
 
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAA FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
 
Introdução à Patrística
Introdução à PatrísticaIntrodução à Patrística
Introdução à Patrística
 
Plano de aula o problema da fé e da razão
Plano de aula o problema da fé e da razãoPlano de aula o problema da fé e da razão
Plano de aula o problema da fé e da razão
 
Filosofia medieval
Filosofia medievalFilosofia medieval
Filosofia medieval
 
Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1Textos do pe. lauro sérgio1
Textos do pe. lauro sérgio1
 

Sambini, leo fernando. 2001

  • 1. INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO CURSO DE FILOSOFIA Leo Fernando Sambini ORÍGINES: A RELAÇÃO ENTRE FILOSOFOA E FÉ SÃO CARLOS 2001
  • 2. LEO FERNANDO SAMBINI ORÍGINES: A RELAÇÃO ENTRE FILOSOFOA E FÉ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Metodologia do trabalho Científico como parte das exigências para a obtenção dos créditos SÃO CARLOS 2001
  • 3. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus Pai, que me concede o dom da vida, ao Deus Filho Jesus Cristo que me concede o dom da salvação e ao Deus Espírito Santo que me ampara e me fortalece em minha vida. Sou muito grato ao diácono e professor Wagner, que me ajudou na escolha do tema e na elaboração deste trabalho científico. Agradeço a caríssima professora Diana Cury, que também me possibilitou uma grande ajuda na montagem estrutural deste. Sou muito grato a toda minha família que sempre me apoiaram e deram força na minha escolha vocacional. E por fim, agradeço a meus amigos de turma, que sempre me deram força e incentivo em minha caminhada vocacional. Que Deus abençoe a todos.
  • 4. Dedico este trabalho a todas as pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram, e a todos que se preocupam pela busca da verdade e a construção de uma civilização do amor.
  • 5. JUSTIFICATIVA Escolhi este tema sobre Orígenes, primeiro porque como estamos em um curso de filosofia, nada melhor que apresentar um tema ligado a filosofia, e também porque ele faz parte dos Padres da Igreja, e assim aproveitar para ter uma visão melhor da Patrística Grega, fazendo uma ligação entre filosofia e fé.
  • 6. OBJETIVO Com esse tema sobre Orígenes espero obter um crescimento tanto intelectual como espiritual. E esse tema irá servir para nós, porque iremos estudar Patrística Grega e assim já teremos uma boa visão. E assim poderemos aprender e nos aprofundar mais na história da filosofia que nos será muito importante.
  • 7. RESUMO Este trabalho mostra qual é a relação ente filosofia e fé segundo o Padre da Igreja, Orígenes. E num primeiro momento foi um trabalhado a Patrística, que é a época filosófica do qual ele se integra. Num segundo momento foi desenvolvido toda a vida de Orígenes, incluindo os seus escritos, que são importantes para se entender o seu pensamento. E também mostrando as dificuldades ao qual ele teve que enfrentar em sua caminhada, mas também apresentava, devido a sua brilhante inteligência e seu exemplo de vida. E num terceiro momento, ocorre a exposição de todo o seu pensamento, mostrando todos os seus conceitos sobre Deus e sobre a criação, do qual Orígenes vai defender utilizando como um instrumento a filosofia. E por fim, é apresentado a resposta para a questão de todo o trabalho. Segundo Orígenes, é possível a relação entre filosofia e fé?
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 UMA VISÃO DA PATRÍSTICA 2 QUEM FOI ORÍGENES? 2.1 Seus escritos 3 O PENSAMENTO DE ORÍGENES 3.1 Orígenes e a filosofia 3.2 Os conceitos de Deus 3.2.1 A cosmologia 3.2.2 O mundo dos espíritos CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
  • 9. INTRODUÇÃO Um dos temas que sempre foi muito difícil de ser tratado é a relação entre filosofia e fé, porque existe um certo relativismo de acordo com cada autor que busca desenvolver esse tema. Por isso, essa monografia apresenta a relação entre filosofia e fé segundo Orígenes, que foi um padre da Igreja, e um grande teólogo, que buscou fazer uma síntese entre filosofia e fé. Orígenes tinha uma grande preocupação em expressar e interpretar racionalmente as verdades reveladas na Sagrada Escritura, por isso ele utiliza como instrumento para explicá- las a filosofia. Ele também cometeu alguns erros. Mas o que ele sempre quis era ser um cristão crente. E isso ele deixa bem claro no começo de sua principal obra teológica: “Não se tem que aceitar como verdade mais que aquilo que em nada difira da tradição eclesiástica e apostólica” (De Princ. Praef.2). Orígenes sempre se esforçou para seguir esta norma, até que no final de sua vida ele a selou com seu sangue.
  • 10. 1.UMA VISÃO DA PATRÍSTICA A patrística tem seu inicio no século II e vai até o século VIII. O termo patrística quer dizer estudo do pensamento filosófico dos primeiros cristãos, que abordaram a fé tendo como instrumento a razão. A grande preocupação da filosofia patrística era como anunciar Jesus Cristo em uma cultura helenizada. Por isso vai iniciar um processo de helenização, e para isso os padres da Igreja vão sofrer influências das correntes gregas, como: o platonismo, o aristotelismo e o estoicismo. Já com a chegada da mensagem bíblica, vai causar nos povos uma revolução porque os gregos buscavam a verdade sempre e em primeiro lugar; agora a mensagem bíblica vem mostrar que os cristãos já possuem a verdade, que é Jesus Cristo. Depois dessa mensagem bíblica ter sido difundida, só era possível filosofar na fé, que era crendo; filosofar procurando fazer distinção entre razão e fé; e fora da fé, que era não crendo. Mas a mensagem bíblica deixou algumas idéias principais que acabaram entrando em confronto com a visão dos gregos como: o monoteísmo, o criacionismo, o antropocentrismo, a lei, a providência e o pecado original. Os grandes filósofos gregos viam no conhecimento, na sabedoria a grande virtude do homem; enquanto que a mensagem bíblica pedia do homem a fé acima da ciência. Por isso essa mensagem bíblica causou uma radical revolução de valores da história humana. Por isso, de um modo bem geral, podemos dizer que a filosofia patrística, mostrou-se como o resultado de uma síntese que se tentou fazer entre tradução filosófica rega e as exigências doutrinais da Escritura. E que é filosofia cristã? A filosofia cristã podemos dizer que é um sistema filosófico que se caracteriza pelo seu ponto de partida que é a fé. Ela foi criada por cristãos convictos; ela busca fazer uma distinção entre os domínios da fé e da ciência; e também faz proposições racionais tendo como instrumento de demonstração os documentos da fé. Então filosofia cristã era a utilização da razão para explicar Deus, discute-se filosoficamente as verdades da fé, ou seja, a filosofia cristã vai de encontro com as verdades da fé.
  • 11. Por isso, os Padres da Igreja vão utilizar desta filosofia cristã para anunciar Jesus Cristo, eles fazem da filosofia um instrumento para chegar até a verdade suprema, que é Deus. Para ser reconhecido como um Padre da Igreja era necessário: ortodoxia, santidade de vida, aprovação da Igreja e Antiguidade. A Patrística costuma ser dividida em três períodos: o primeiro, que é dedicado à defesa do cristianismo contra seus adversários pagãos e gnósticos. O segundo período é caracterizado pela formulação doutrinal das crenças cristãs; é o período dos primeiros grandes sistemas de filosofia cristã e o terceiro período é caracterizado pela reelaboração e pela sistematização das doutrinas já formuladas, bem como pela ausência de formulações originais. A filosofia patrística não parte do nada para desenvolver algo, eles vão sempre pautar no que já foi dito, ou seja, é um acréscimo do que já foi feito, refletido. E isso demonstra um avanço na reflexão. Nem todo problema tem importância para a filosofia patrística, então há uma seleção de problemas. Que podem ser de primeira e de Segunda ordem. Os de primeira ordem são os problemas ligados à metafísica, como: a imortalidade da alma, a existência de Deus. E os de segunda ordem, são todos aqueles que se referem a filosofia da natureza, é o mundo sensível. Esses problemas são selecionados em primeiro lugar a fé, e em segundo lugar a lógica, tanto aristotélica quanto tomista. E uma outra característica da filosofia patrística é que ela possui um espírito sistematizador. A filosofia patrística tem a visão de abarcar o pensamento de forma sistemática, organizada. O primeiro Padre da Igreja do Ocidente foi Justino e o último foi o Papa Gregório I, junto com Santo Isidoro de Sevilha. O primeiro Padre da Igreja do Oriente são os chamados Padres Apologistas, e o último é são João Damasceno.
  • 12. 2.QUEM FOI ORÍGENES? Orígenes não era um convertido do paganismo, era filho maior de uma família cristã numerosa. Nasceu provavelmente em Alexandria, no ano de 185. Seu pai Leônidas, procurou sempre dar a ele uma educação caprichada, instruindo-lhe nas escrituras e nas ciências. Seu pai morreu mártir durante uma perseguição de Severo no ano de 202. Após a morte de seu pai, sua família chegou a passar grande necessidade. E Orígenes foi acolhido na casa de uma herege rica e ele se dedicou ao ensinamento para sustentar sua mãe e seus irmãos. O bispo Demétrio confiou a Orígenes a direção da escola catequética de Alexandria, estava com apenas dezoito anos de idade; e ele havia de ocupar este posto durante muito tempo. Atraiu grande número de discípulos pela qualidade de seus ensinamento, e também, pelo seu exemplo de vida, assim como falava Eusébio: Tal como falava, vivia; e tal como vivia, falava. A isto se deve principalmente o que, com a ajuda do poder divino, mover inúmeros discípulos seguir seus exemplo (Hist. Eccl. 6,3,7) E ainda Eusébio descreve como rapidez a ascese praticado por este ‘Homem de aço’, como ele o chamava: Perseverou durante muitos anos neste tipo de vida o mais filosófico, ao exercitando-se no jejum, ora dedicando algumas das horas devidas ao descanso que tomava em sua cama, destino sobre o duro solo. Antes tudo pensava que se devia observar fielmente aquelas palavras do Senhor no Evangelho com que nos recomenda não ter duas túnicas, nem levar sandálias, nem pensar o tempo preocupando-nos pelo futuro. (Hist. Eccl. 6,3,9-10) E também neste tempo por volta de 202 a 203, enquanto ensinava em Alexandria, Orígenes se castrou interpretando em um sentido demasiado literal a Mateus 19,12. Agora a sua carreira como professor pode ser dividida em parte. E durante a primeira que vai do ano de 203 ao 231, Orígenes dirigiu a escola de Alexandria e seu prestígio foi sempre aumentando. Ele teve discípulos que provinham inclusive dos círculos heréticos e das escolas pagãs de filosofia. NO começo ele dava cursos preparatórios de dialética, física, matemática, geometria e astronomia, assim como de filosofia grega e teologia especulativa. Como esta carga acabou sendo muito pesada, ele se dedicou apenas a formação dos estudantes mais adiantados em filosofia, teologia e especialmente em Sagrada Escritura, e o resto das
  • 13. aulas ele entregou a seu auxiliar Heráclas. Mesmo com este horário tão carregado não o impediu de assistir as lições de Ammonio Saccas, o célebre fundador do neoplatonismo. Orígenes interrompeu suas lições em Alexandria para fazer várias viagens. No ano de 212 foi à Roma porque desejava ver a antiqüíssima Igreja dos Romanos. Isso ocorreu durante o pontificado de Zeferino, ali também se encontrou com o mais famoso teólogo da época, o presbítero romano Hipólito. Em outra ocasião foi a Antioquia, convidado pela mãe do imperador Alexandre Severo, Julia Mamea, que desejava vê-lo. E quando o imperador Caracalla saqueou a cidade de Alexandria e mandou fechar as escolas e perseguiu os mestres, Orígenes decidiu marchar a Palestina, no ano de 216. Os bispos de Cesaréia, Jerusalém e outras cidades palestinas o pediram que pregasse sermões e explicasse as Escrituras a suas respectivas comunidades; ele o fez, apesar de que não era sacerdote. Seu bispo, Demétrio de Alexandria, protestou e censurou a hierarquia palestina por permitir que um secular pregasse na presença do bispo, coisa nunca vista, segundo ele. Porém, os bispos da Palestina negaram, e Orígenes obedeceu a ordem restrita de seu superior de voltar imediatamente a Alexandria, para evitar que se repetisse no futuro dificuldades parecidas. O bispo Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia ordenaram Orígenes sacerdote quinze anos mais tarde, quando passou por Cesaréia a caminho da Grécia, onde se dirigia, por ordem de seu bispo, para desmentir alguns hereges. Isso só piorou a situação, porque Demétrio alegou segundo a legislação econômica, Orígenes não podia ser admitido ao sacerdócio por haver se castrado. Talvez Eusébio esteve certo quando disse que “Demétrio se deixou vencer pela fragilidade humana a ver como Orígenes ia de sucesso, sendo considerado por todos como homem de prestígio e célebre por sua fama” (Hist. Eccl. 6,84). Se vê isso que aconteceu como ele não se sabe, só que Demétrio convocou um sínodo que excomungou Orígenes da Igreja de Alexandria, E um outro sínodo, no ano de 231, ele foi excomungado do sacerdócio. Depois da morte de Demétrio, no ano 232, ele voltou à Alexandria, mas seus sucessor, Heráclas, o antigo colega de Orígenes, renovou a excomunhão dele. Aqui começa o segundo período de sua vida, quando ele parte para Cesaréia da Palestina, foi onde os bispos de Cesaréia, fez de conta que nem sabia da censura de seu colega bispo de Alexandria e convidou Orígenes a fundar uma nova escola de teologia em Cesaréia. Orígenes a dirigiu por mais de vinte anos. Foi aí onde Gregório o Taumaturgo pronunciou o seu Discurso de despedida, ao abandonar o círculo de Orígenes. E segundo este valioso documento, ele seguiu em Cesaréia praticamente o mesmo sistema de ensinar que em
  • 14. Alexandria. Depois de uma exortação a filosofia, a maneira de introdução, vinha o curso preliminar que treinava os estudantes para a educação científica mediante um exercício mental constante. O curso científico compreendia a lógica e a dialética, as ciêcias naturais, a geometria e a astronomia, e no fim a teologia. O Curso de ética não se reduzia a uma discussão racional dos problemas morais, mas que dava toda uma filosofia de vida. Gregório dizia que Orígenes fazia ler a seus discípulos toda as obras dos antigos filósofos, com exceção dos que negavam a existência de Deus e a providência divina. No ano 244 ele voltou a Arábia, onde converteu o bispo Berilo de Bostra. E durante uma perseguição em Cesaréia, Orígenes foi lançado na prisão e sofreu cruéis torturas. Assim como descreve Eusébio: As numerosas cartas que deixou escritas este homem descrevem com verdade e exatidão os sofrimentos que padeceu pela palavra de Cristo: cadeias e torturas, tormentas no corpo, tormentos pelo ferro, tormentos no calabouço; como teve, durante quatro dias, seus pés metidos até o quarto furo; como suportou com firmeza de coração as ameaças de fogo e todo o demais que eles infligiram seus inimigos; como acabou todo aquele, não querendo o juiz de nenhuma maneira sentenciá-lo a morte; e que sentença deixou, cheias de utilidade, para os que necessitam de consolo. (o.c. 6,39,5) A controvérsia se manteve dentro dos limites do campo literário e não provocou nenhuma intervenção eclesiástica oficial. A discussão foi mais séria no ano 400, quando sua doutrina foi atacada por Epifânio de Salamis e Teófilo, patriarca de Alexandria. Epifânio o condenou em um sínodo celebrado cerca de Constantinopla, e o papa Anastácio em uma carta pascal. Finalmente, o imperador Justiniano I, no concílio de Constantinopla de 543, alegou que recebera um documento que continha quinze anátenas contra algumas das coutrinas de Orígenes e que foi logo firmado pelo papa Virgílio (537-555) e por todos os patriarcas. 2.1.SEUS ESCRITOS As controvérsias origenistas foram a causa de que havia desaparecido a maior parte da produção literária do grande Alexandrino, Orígenes. O que permaneceu ainda conservado não está no texto grego original, mas em traduções latinas. Também se tem perdido a lista completa de suas obras, que Eusébio acrescentou na biografia de seu amigo e maestro Panfílio. Segundo São Jerônimo nesta lista continha o número dos tratados, que chegava a
  • 15. dois mil. Mas nós conhecemos apenas oitocentos, pela lista que dá Jerônimo em sua carta a Paula. Orígenes não havia tido meios para publicar um número tão enorme de obras sem o apoio de uns amigos endinheirados. E esta ajuda lhe veio principalmente de Ambrósio, a quem ele havia convertido da heresia Valentiniana. E em uma sala de conferência Ambrósio pôs a discussão de Orígenes sete ou mais estenógrafos, que lhe permitiu dedicar-se de cheio a suas atividades literárias. Assim como Eusébio nos conta: A partir deste momento, Orígenes começou a compor seus comentários a divinas Escrituras; lhe estava, ele Ambrósio, não somente animado com suas constantes exortações, senão também fornecendo-lhe liberalmente de quanto necessitava. Em efeito, quando lia, tinha a disposição mais de sete estenógrafos, que se iam revelando a hora fixa, e outros tantos copistas, e também mulheres espertas em caligrafia. Para todo o qual Ambrósio proporcionava generosamente os meios necessários. (EUseb; Hist. Eccl. 6,23,1-2) A maior parte da produção literária de Orígenes está consagrada a Bíblia, podendo ser justamente chamado o fundador da ciência escriturística. Em fecundidade literária, Orígenes ultrapassou a todos os Padres da Igreja da Antiguidade cristã. As obras de Orígenes são: as de reconstrução crítica: Hexaplas; Comentários, homilias, depois temos os escritos apologéticos, teológicos, espirituais, etc. Entre as que ficaram até nós, distingue-se os Comentários bíblicos: a Mateus, João, cântico dos cânticos e Epístola aos Romanos, a Apologia contra Celso, o Tratado dos Princípios (que pode ser considerado o primeiro manual de teologia e onde estão as fontes das acusações que recebeu), o tratado Da Oração, a Exortação ao martírio, etc. 3.O PENSAMENTO DE ORÍGENES
  • 16. Orígenes é antes de tudo um grande teólogo, mas ele vai utilizar da filosofia para defender suas teses. Porque Orígenes está preocupado em esclarecer aos fiéis as verdades da fé. E ele distingue dois grupos de verdades da fé: os que são essenciais para a fé cristã, que são as questões: de Deus uno e trino, imortalidade da alma, Deus criador e a alma que tem seu livre arbítrio; e os grupos que não são tão essenciais para a fé, são os que pode sofrer especulação racional. Enquanto que no primeiro grupo já se tem a fé revelada. Assim como outros padres da Igreja, Orígenes tem como ponto de partida a fé, a revelação. Portanto, partindo da fé ele busca fazer uma apresentação da verdade. Uma grande preocupação de Orígenes era como explicar algumas passagens da Bíblia que era de difícil entendimento, por exemplo: como Deus andar pelo jardim. Devido a essas questões ele vai sofrer a influência de Fílon de Alexandria, onde vai utilizar a leitura alegórica do texto, que tinha por objetivo explicar as passagens bíblicas difíceis de serem explicadas racionalmente. Portanto, a Sagrada Escritura possuía três sentidos: o material, o psíquico e o pneumático. O sentido material só é possível chegar a forma, a letra; o psíquico é a questão moral e o pneumático é a leitura espiritual, é buscar entender além das palavras. Então para ele a Sagrada Escritura tem um sentido material, que ao passo que se utiliza a leitura alegórica, se consegue obter a revelação espiritual, o sentido superior e espiritual da Sagrada Escritura, isso é o que ele chama de pneumático, que é mais importante, mas também é o mais difícil. 3.1ORÍGENES E A FILOSOFIA Qual é a relação de Orígenes com a filosofia grega? Orígenes é um profundo conhecedor da filosofia grega: do platonismo, do aristotelismo e do estoicismo, porque ele sofre uma grande influência de Amonio Saccas, que é o fundador do neo-platonismo, da qual Orígenes foi discípulo. Ele vai cultivar a filosofia por amor a verdade, que ela vai ajudar na compreensão da verdade. Orígenes não vê a filosofia como uma função, assim como via o Padre da Igreja Clemente de Alexandria, mas ele possuí um conceito positivo da filosofia, portanto ela vai ser
  • 17. como um instrumento, que ele vai usar para chegar as verdades do cristianismo, ele vai utilizar elementos da filosofia grega. Devido Orígenes ser um profundo conhecedor da filosofia grega, ele vai ter uma postura reservada aos filósofos , se de um lado ele apreciava a filosofia, de um outro ele tinha uma atitude cética em relação a vida dos filósofos, porque para ele os filósofos também erravam. Portanto, Orígenes vai se debruçar em cima da filosofia para se chegar a verdade, por amor ao evangelho, o que ele quer é ter um conhecimento mais vasto. 3.1.2.OS CONCEITOS DE DEUS A preocupação de Orígenes em relação a Deus é teológica, mas ele vai utilizar do método filosófico para explicar o problema de Deus. Orígenes coloca Deus no centro do seu pensamento. O primeiro conceito de Deus é a unicidade, ou seja, Orígenes não se preocupa em explicar a existência de Deus, porque para ele, ela é fruto da revelação, e é evidente isso. Portanto, Orígenes se preocupa em mostrar que Deus é uno, sendo assim ele vai se contrapor ao politeísmo. Na obra contra Celso, o filósofo Celso fala que ingênuo é que acredita que existe um único Deus, e Orígenes se contrapõe dizendo que a razão conduz ao monoteísmo. Mas como? Ele tem como ponto de partida o cosmo harmonioso, ordenado, ou seja, o mundo é sistematizado, organizado. E para Orígenes é impossível que isto aconteça por acaso, é preciso que tenha algo criador, que crie e organize todas essas coisas. Portanto, ele diz que a unicidade (Deus) não pode derivar de uma multiplicidade de espírito (que é o politeísmo), ou seja, o perfeito (uno) não pode ser gerado do múltiplo. Para ele é do uno perfeito que se gera a multiplicidade das coisas. Essa é a questão da unicidade de Deus. Segundo conceito de Deus é a imaterialidade e a espiritualidade de Deus. Para se explicar a imaterialidade de Deus, Orígenes utiliza da própria Sagrada Escritura, para ele errado está quem interpreta a Bíblia de modo literal, pensando que Deus é como fogo, ou como vento. Para Orígenes Deus não pode ser entendido como realidade corpórea, mas sim como realidade intelectual e espiritual. Porque se Deus é matéria, ele pode ser transformado, e se ele pode ser transformado ele não é perfeito e se não é perfeito ele não é Deus, isso
  • 18. filosoficamente. Portanto, para Orígenes Deus não é corpóreo. E para explica isso ele utiliza quatro argumentações: 1ª argumentação: Ele parte da imaterialidade do espírito humano, portanto ele parte da realidade. Esse espírito é nossa capacidade de pensar. Para pensar não precisa de espaço e nem de qualidade. Portanto, Orígenes diz que o ser humano para pensar não necessita da matéria, que é o corpo, ele pensa através da imaterialidade, por isso, o espírito é simples, ele não tem composição assim, como o ser humano e não existe em Deus espaço, lugar e tempo. 2ª argumentação: É que o espírito atua independentemente de nossa corporeidade. Por isso, o espírito não acompanha o corpo. 3ª argumentação: É que o espírito humano é capaz de aprender e julgar as coisas mais difíceis. 4ª argumentação: É que o espírito não tem forma nem cheiro. Devido essas argumentações Orígenes chega a conclusão que a natureza divina é inteiramente simples e espiritual. Em Deus espírito e natureza se identificam, porque a natureza é o mesmo que o seu espírito, ou seja, Deus é espírito absoluto. O terceiro conceito de Deus é a transcendência divina. Para Orígenes o conhecimento de Deus é inacessível a mente humana, não se pode conhecer a Deus de maneira racional: Deus não pode ser compreendido em sua natureza. Em sua realidade, Deus é incompreensível e inescrutável. Com efeito, podemos pensar e compreender qualquer coisa de Deus, mas devemos crer que ele é amplamente superior àquilo que dele pensamos (...) Por isso, sua natureza não pode ser compreendida pela capacidade da mente humana, mesmo que seja a mais pura e a mais límpida. (Reale, Hist. Da Filosofia, pág. 412) Segundo Orígenes o que nos impede de conhecer a Deus é nossa realidade corpórea (que é a matéria e o espírito), portanto, a matéria não nos deixa conhecer a Deus, ela nos prende neste mundo. Mas é possível conhecer algo de Deus nas coisas criadas por ele, como a natureza. Ou também se pode conhecer por meio de suas criaturas, assim como se conhece o sol por seus raios.
  • 19. Muitas vezes nossos olhos não podem contemplar a natureza da mesma luz – é dizer, a substância do sol - ; mas, ao ver seu esplendor os seus raios quando se infiltram, por exemplo, através de uma janela ou de alguma outra pequena abertura, podemos deduzir como grande será o foco e fonte da luz corpórea. Da mesma maneira, as obras da providência divina e todo o plano deste mundo são como raios da natureza de Deus, em comparação com a realidade de seu ser e de sua substância. Assim, pois, sendo nosso entendimento incapaz de contemplar Deus em si mesmo tal como é, conhece ao Pai do mundo através da beleza de suas obras da graça de suas criaturas. (De princ. 1,1,6) 3.2.3.A COSMOLOGIA Orígenes trabalha a questão da cosmologia, da criação do mundo em sua obra De Principis. Orígenes vê o logos como verdade “original” do mundo, portanto, o logos é a origem e o mundo foi criado por Deus, através do Logos. Então se Deus criou todas as coisas através do logos, essas coisas devem participar de algum modo do ser de Dus, porque dói Dus quem inseriu o seu ser. E Orígenes ressalta outra questão que todas as coisas criadas compartilham da verdade de Deus, de uma maneira, os seres humanos de outra maneira. E tudo isso ocorre através do logos. E Orígenes em seu conceito de logos, ele sofre uma influência de Platão, onde ele diz que no logos estava a verdade, que são as idéias, os protótipos das cosias criadas. Então, o logos para Orígenes, são as verdades que se tornam um protótipo da qual as coisas são criadas. O modelo de todas as coisas está no logos. Uma segunda concepção da cosmologia é a criação do mundo a partir do nada. Para Orígenes Deus criou o mundo por pura bondade. Ele argumenta partindo da realidade, ou seja, as transformações que as coisas sofrem. Na base dessas transformações está a matéria, e é a matéria que sofre a transformação, portanto, a matéria é uma criação perfeita, e isso, Orígenes quer dizer que a matéria é uma criação perfeita, e isso não foi criado por acaso, ela teve algo que a criou, então quem a criou foi Deus, por isso a matéria não é eterna, porque ela foi criada. Portanto, Deus cria matéria do nada. E Orígenes também ressalta a ideia da eternidade da criação, ou seja, para ele a criação não pode ter um inicio. Orígenes diz que aquelas pessoas que pensam que Deus antes de criar o mundo não fazia nada, isso é inconcebível, porque para ele a criação é eterna. Deus smepre criou. Portanto, para Orígenes a criação não teve um começo, ela sempre foi criada, e por isso
  • 20. nós seres humanos sempre existimos. E para Orígenes sári desse problema que ele mesmo criou, ele explica que Deus criou vários mundos, que se iniciam e se acabam. Portanto, mundo para Orígenes, deve ser entendido como uma série de mundos, não contemporâneos, mas subseqüentes um ao outro: Deus não começou a agir pela primeira vez quando criou este mundo visível. Acreditamos que, como depois do fim deste mundo haverá um outro, da mesma forma, antes deste houve outros. (Relae, Hist. Da filosofia, volI, pág. 415) 3.3.4 MUNDO DOS ESPÍRITOS Orígenes considera o mundo como obra de um Deus bondoso, que criou por pura bondade. Mas foi Deus quem criou o mundo, e foi por pura bondade, então porque nesse mundo existe maldade? E qual é a sua implicação com o Deus bondoso? E Orígenes argumenta dizendo que a origem do mal reside no livre arbítrio, que é constitutivo do homem, ou seja, o livre arbítrio não é acidental, é essencial em todo o ser. Existem espíritos bons e maus, segundo Orígenes, essa diversidade de espírito é metafísico, e não está em Deus mas na criatura, porque Deus não diverso, ele é uno. Portanto, para Orígenes o mal está no livre arbítrio, porque todos foram criados iguais, e todas as coisas foram feitas por Deus, devido a sua bondade. Devido a essa questão do livre arbítrio é que Orígenes de uma forma pedagógica, mostra a hierarquia dos espíritos: 1º os espíritos celestiais: • os anjos; • os poderes; • os tronos; • as dominações. 2º os espíritos maus: • os demônios. 3º as almas humanas que estão entre os espíritos celestiais e os espíritos maus tudo diante dele o que foi disperso por causa do livre arbítrio. Portanto, para Orígenes, o fim será
  • 21. exatamente igual ao princípio, isto é, tudo deverá tornar a ser como Deus criou. Todos estarão unidos em Deus. As almas que pecaram na terra, irão depois da morte, para um fogo purificador; pouco a pouco, porém, todos, inclusive os demônios, subirão de grau em grau até que por fim, inteiramente purificados, ressuscitarão como corpos etéreos e, novamente, Deus será tudo em todos. No entanto, esta restauração não significa o fim do mundo e, sim, um fim provisório. Antes de nosso mundo atual existiram outros mundos e, depois desse, ainda outros seguirão. De acordo com Platão, Orígenes ensinava sucederam-se os mundos, em mutação interminável. Portanto, Orígenes negava a eternidade do inferno. (Patrologia, ALTANER, Berthold – STUIBER, Alfred, pág. 218, paulinas).
  • 22. CONCLUSÃO Como foi visto neste trabalho a relação entre a filosofia e fé segundo Orígenes, que foi um grande sábio e teólogo muito importante para sua época. Segundo o que foi analisado neste, as minhas considerações são positivas em relação a filosofia e fé, elas podem conciliar. Assim como Orígenes utilizou dela para explicar de maneira racional a fé, a filosofia porde ser hoje utilizada como um instrumento importante para se aprofundar na compreensão da fé e até mesmo em transmitir as verdades do Evangelho a todas aquelas pessoas que ainda não o conhecem. Podemos notar que desde o começo os filósofos gregos tinham uma grande preocupação em buscar a verdade, em viver uma vida virtuosa, trilhando os caminhos do bem, tudo isso eles buscavam fazer utilizando a filosofia. Hoje à partir do momento em que possuímos essa verdade e iluminamos pela fé que é um dom de Deus, procuramos achar respostas para a nossa existência, para a criação do mundo, para as verdades de Deus. Orígenes utilizou-se da filosofia fazendo dela um instrumento para defender as verdades da fé e buscar explicitar de um modo racional as verdades contidas na Sagrada Escritura, dentro de um contexto e de uma época. Portanto, se a filosofia for utilizada como um instrumento, juntamente com a fé, os dois também são importantes para essa época, para poder argumentar contra algumas idéias contrárias as nossas doutrinas do qual nós professamos. Então a filosofia e a fé estão ligados, e uma acaba ajudando a outra. Portanto, segundo os argumentos filosóficos que Orígenes utilizou para defender e explicar a fé são corretos, agora segundo o conteúdo doutrinário não tem como concordar em alguns aspectos, porque eles não estão corretos com a doutrina da Igreja de hoje, portanto ele cometeu alguns erros doutrinários. Como por exemplo: quando ele diz que tudo tende a voltar para Deus um dia, com essa ideia ele acaba negando a eternidade do inferno. Mas não tem como negar que Orígenes foi um grande sábio, que buscou uma vida coerente com os Evangelhos, e que ele tinha como propósito fazer com que todos pudessem conhecer a verdade, que é Deus.
  • 23. BIBLIOGRAFIA THONNARD, A.A.; Época Patrística e Medieval, filosofia cristã, in:______. Compêndio de História da Filosofia, São Paulo, Editora Herder, 1968, pág. 192-196. PÉPIN, Jean. A filosofia patrística. In: CHÂTELET, François, A Filosofia Medieval do Século I ao Século XV; Rio de Janeiro, Editora Zahar, 1983, pág. 55-72. QUASTEN, Johannes. Los alejandrinos, el Orígenes. In:_____. Patrologia I. Madri, La Editora Catolica, MCMLXVIII, pág. 351-411. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred, Escriores do oriente Grego – Orígenes. In:_____ Patrologia, São Paulo, Paulinas, 1988, pág. 2003-215. REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. A patrística, a elaboração das mensagem bíblica na área cultural de linguagem grega. In: ______ História da Filosofia I. São Paulo, Paulus, 1990, pág. 399-423.