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CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
52ª Assembleia Geral
Aparecida - SP, 30 de abril a 9 de maio de 2014
12/52ª AG( Sub)
GRAÇA E ARTE DE PRESIDIR
Introdução
Na Assembleia Geral da CNBB, em 2013, a Comissão Episcopal Pastoral para a Li-
turgia, ao apresentar os “Assuntos de liturgia”, destacou a urgente necessidade de melhorar a
formação litúrgica dos que na Igreja exercem o ministério da Presidência litúrgica. Afirmava-
se: “Esmerada formação é exigida por parte daqueles que se preparam para o exercício do
ministério pastoral para que a ação litúrgica (o rito) expresse devidamente o mistério celebra-
do e leve a uma experiência de fé, deixando transparecer a ação de Cristo Ressuscitado e de
seu Espírito”1
.
Presidir uma celebração litúrgica é, antes de tudo, uma questão de fé; mas exige dife-
rentes cuidados e competências, de tal forma que podemos dizer que é também uma questão
de arte. Por isso, continuando no assunto, falamos da arte de presidir.
1. Questionamentos
Como avaliamos as celebrações litúrgicas de nossas Comunidades e aquelas às quais ‘as-
sistimos’ nas TVs? Com quais critérios julgamos que uma celebração litúrgica foi realizada ‘com
arte’ e, sobretudo, de acordo com o espírito e a espiritualidade da nossa Igreja? Como definir,
então, a arte de presidir?
Se por um lado não faltam exemplos de celebrações dignas, ricas em conteúdo e nobres no
estilo celebrativo, em sintonia com as orientações da Igreja, por outro, ‘assistimos’ a celebrações
que deixam a desejar, justificando, assim, algumas críticas a respeito, não à Reforma litúrgica,
mas à sua execução.
Com o desejo de suscitar reflexão – entre nós Pastores, antes de tudo, como também
nos lugares de formação – proponho, em nome da Comissão Pastoral para a Liturgia, estas
reflexões construídas ao redor de alguns questionamentos: que ‘traços’ humanos e espirituais
deve ter quem, por vocação, é chamado a presidir a Liturgia, sobretudo a celebração da Euca-
ristia, memorial da Páscoa do Senhor? Que ‘modelo’ de Liturgia é (deveria ser) oferecido hoje
ao povo de Deus por quem ‘guia’ a Liturgia e a Comunidade (lembremos que as duas dimen-
sões não podem ser separadas!)”2
? Quando uma celebração litúrgica pode ser considerada
bonita, autêntica, verdadeira ‘obra de Deus’ (opus Dei), como a chamavam os antigos?
1
O texto prossegue: “Isto exige espiritualidade. Celebrações realizadas com serenidade e sensibilidade simbólica,
capazes de suscitar experiência espiritual. Merecerá a devida atenção uma sensata criatividade. A iniciação litúrgica de
todos é uma ‘obra de grande amplitude, que deve começar nos seminários e casas de formação e continuar ao longo de
toda a vida’” (VQA 15).
2
Quem vive as fadigas pastorais bem sabe como é complexo o exercício do ministério. Boa parte dos sacerdotes
(bispos e padres) está com a agenda cheia para atender às exigências (mínimas) das pessoas e das Comunidades,
muitas delas distantes. Sem contar que as razões da participação nas celebrações litúrgicas nem sempre estão de
acordo com o que a Igreja propõe. Às vezes o povo é movido por razões espúrias (devocionismo, hábitos soci-
ais... ou até magia e superstição). As fadigas do atendimento pastoral, sem excluir outras razões e dificuldades
ligadas à pessoa do ministro, não favorecem que nas celebrações se crie aquele clima de fé e oração que favoreça
um vivo contato com o Senhor.
2
2. Modelos celebrativos e espiritualidade litúrgica
a) A formação litúrgica deve conduzir a compreender, por experiência, o sentido do
mistério que toda ação litúrgica põe nas mãos, de forma especial, de quem foi escolhido para estar
à frente do povo de Deus. Formação verdadeira se dá somente quando o candidato se alimenta na
escola da espiritualidade litúrgica. Esse caminho, feito de estudo e de experiência, vai transfor-
mando o candidato que, ordenado presbítero, tornar-se-á verdadeiro educador do povo, por que
aprendeu a se alimentar nesta fonte.
O papa Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis (Sa-
Ca), observa: “Visto que a liturgia eucarística é essencialmente ação de Deus que nos envolve
em Jesus por meio do Espírito, o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio e não pode
suportar a chantagem das modas passageiras” (SaCa 37).
Quem preside a Eucaristia deve conhecer os passos que conduzem a uma autêntica ex-
periência de fé para orientar a Comunidade inteira. Esta é a verdadeira mistagogia que, desde
os Padres da Igreja, pertence à alma mais íntima da iniciação cristã. Trata-se de uma compe-
tência a ser cultivada desde os primeiros anos da formação presbiteral, e não só nos estudos
teológicos e litúrgicos, mas, sobretudo, de forma experiencial, nas celebrações cotidianas no
seminário ou casas de formação. Assim, aos poucos, o candidato ao ministério ordenado deve
conhecer as grandes “leis” da liturgia e, ainda mais, amadurecer uma profunda espiritualidade.
A esse respeito, ainda o papa Bento XVI, falando de beleza e liturgia, escreve: “A verdadeira
beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal... A beleza
não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento constitutivo” (SaCa 35).
De fato, a liturgia, através e apesar das diferentes expressões rituais e textuais, é o lu-
gar da confessio fidei (manifestação da fé) da Igreja. Quem preside a ação litúrgica deve respi-
rar com a Igreja e conduzir a Comunidade toda nesse espírito eclesial. Desse modo, no cora-
ção de cada irmão e irmã, vai amadurecendo a mesma profissão e intensidade de fé e a liturgia
será momento não só informativo, mas de graça, isto é, experiência viva da ação do Espírito
na vida de cada fiel.
b) Existe, porém, o perigo de se perder o autêntico espírito da presidência litúrgi-
ca e por diferentes causas. Pode ser que o exercício exigente do ministério tenha se esfriado
aos poucos, juntamente com a razão profunda da escolha vocacional e com a fé em Jesus Cris-
to. Só a fé pode dar sabor e ardor ao exercício da presidência litúrgica. A identidade de um
Ministro da Igreja é revelada quando ele é capaz de ‘se perder’, doando sua vida no serviço
aos irmãos, como Jesus: “Eu estou entre vocês como alguém que serve” (Lc 22,27). Se a força
interior diminuir, também o exercício da presidência litúrgica fica enfraquecido.
Assim, ‘assistimos’ a celebrações litúrgicas que nem sempre estão de acordo em tudo
com a autêntica liturgia e, às vezes, nem com o verdadeiro espírito evangélico. Pior quando
são difundidas pelas TVs, incluindo as católicas. Observam-se, por exemplo, presidentes de
celebração que chamam a atenção da Assembleia mais sobre si mesmos do que sobre o misté-
rio pascal do Senhor. Palmas e choro, emoções e expressões subjetivas dominam a celebra-
ção. São modelos comunicativos que mais se parecem com comícios ou shows do que com a
liturgia de nossa Igreja. Ainda mais: estilo presidencial que não manifesta amor para com o
povo. Vemos isso quando aquele que preside se coloca acima dos irmãos e irmãs ou quando
cobra sem se entregar de alma e corpo para o bem dos irmãos, ou, ainda, quando busca elogi-
os e gratificações. Em suma, um estilo presidencial contrário às exigências da liturgia e da
vida eclesial.
c) O Ministro que ama e serve no estilo de Jesus viverá a presidência da Eucaris-
tia qual momento alto de sua fé e de seu serviço. Quem preside a liturgia e a vida da Comuni-
dade em atitude fraterna e serviçal contagiará o seu povo. Sua abertura e sensibilidade farão
crescer, ao redor de si, o número e a qualidade dos que servem por amor. O ícone mais ex-
pressivo do que significa presidir, tanto a celebração como a Comunidade, permanece Jesus,
3
que começa a celebração da última Ceia lavando os pés dos discípulos e a termina entregan-
do-se à morte. Toda celebração, que tem sua culminância na Páscoa, exige que se torne visí-
vel na vida a caridade de Cristo e siga a recomendação do Concilio de colocar todo o agir
litúrgico no contexto do memorial da Páscoa do Senhor (cf. Sacrosanctum Concilium - SC 5).
O ato de presidir deve alimentar um diálogo orante com Deus e conduzir à escuta da
Palavra, à ação de graças, à contemplação do Mistério e ao olhar de amor sobre a história hu-
mana. Para bem presidir, é preciso ter aprendido e saber ajudar a Assembleia nessa escuta
atenta e no agradecimento confiante, no louvor alegre e no ‘fazer memória’, sentindo-se parte
viva de uma longa história de salvação da qual a liturgia é ‘momento’ atualizante.
Presidir a celebração da Eucaristia é graça; é aproximar-se do fogo de Deus, como acon-
teceu com Moisés e Elias; comporta ficar face a face com o Senhor, mergulhando no seu amor.
Quem vive e se alimenta da escola da Palavra e nela escuta os apelos de Deus, para si mesmo e
para o seu povo, terá disposição para acolhê-los. Quem preside qualquer celebração deve co-
nhecer, por experiência, o estilo do agir de Deus no coração dos discípulos. Por isso, é preciso
manter o ‘olhar fixo em Jesus’ (cf. Hb 12,1-2), na espera da plena contemplação. A Eucaristia
ensina a manter aberta a esperança através das frequentes invocações: “Vem, Senhor Jesus”,
“até que Ele venha”. Quem vive da liturgia aprende, também, como viver relações humanas
autênticas e profundas.
3. A arte da presidência litúrgica: sugestões práticas
Presidir é uma arte. E toda arte se aprende aos poucos. Também a do ministério da
Presidência. As dificuldades aparecem quando se passa à aplicação concreta dos grandes
princípios. Para isso, pede-se humildade, esforço, aprendizagem. Concretamente, talvez seja
mais fácil detectar defeitos que apontar modelos celebrativos!
A arte de presidir comporta não só habilidade técnica! Pede competência teológica e
consciência do valor salvífico daquilo que se celebra; conhecimento das regras da linguagem sim-
bólica e capacidade para usar as modalidades expressivas da comunicação! Um critério importan-
te nos é dado, ainda, pela Exortação SaCa 40: “A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos si-
nais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e cativam mais do que o artificia-
lismo de adições inoportunas”3
.
O grande teólogo Romano Guardini já falava da necessidade de colher o sentido mais
belo e profundo da liturgia como arte e como jogo, quando, em sua obra O Espírito da liturgia
(1919), escrevia: “Brincar diante de Deus, não criar, mas ser uma obra de arte, tal é a essência
mais íntima da liturgia. Daí a sublime mistura de seriedade profunda e de divina alegria que
nela se vê. O cuidado meticuloso com que ela determina em mil prescrições ou detalhes das
palavras, movimentos, vestes, cores e gestos, não pode ser compreendido senão por quem leva
a sério a Arte e o Brinquedo”. O papa Bento XVI, que de Guardini foi discípulo, destaca a “ne-
cessidade de superar toda e qualquer separação entre a arte da celebração e a participação plena,
ativa e frutuosa de todos os fiéis”. E conclui: “O primeiro modo de favorecer a participação do
povo de Deus no rito sagrado é a sua condigna celebração; a arte da celebração é a melhor con-
dição para a participação ativa” (SaCa 38),
Para isso, a pessoa deve ter capacidades quase inatas: por ex., para proclamar um tex-
to, exigem-se comportamento e gestos espontâneos e sóbrios, voz flexível e cativante, o olhar
expressivo, capacidade, intuição para se adaptar à realidade de cada Assembleia orante, gosto
pelo belo, senso de ritmo e de música etc. Qualidades que devem ser alimentadas à luz da fé
para que se tornem instrumentos de comunicação da Palavra e expressões do divino que age
3
Continua: “A atenção e a obediência à estrutura própria do rito, ao mesmo tempo em que exprimem a consciência
do caráter de dom da Eucaristia, manifestam a vontade que o ministro tem de acolher, com dócil gratidão, esse dom
inefável”.
4
em nós. Tornam-se significativas, mais uma vez, as palavras de Bento XVI: “A verdadeira
beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal... A beleza
da liturgia pertence a este mistério... A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas
seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e de sua revelação” (SaCa 35).
Como e onde aprender? Aprende-se fazendo! Grande mestra é a Comunidade em que
vivemos. Existe uma reciprocidade educativa entre a Comunidade celebrante e o seu Presi-
dente. Este deve colocar sua pessoa toda a serviço do anúncio e da celebração. Para isso, deve
compreender o sentido e o valor dos gestos, o uso da palavra e do silêncio, dos símbolos e da
coordenação, tudo feito com simplicidade e espontaneidade. Pede-se autenticidade em cada
ação, isto é, algo que vem de dentro, das convicções mais profundas da própria humanidade e
da fé. Cada gesto deve estar em sintonia com o papel presidencial: o tom da voz, nem frio
nem sentimental; a postura com dignidade, mas não hierática; o gesto simples, mas não banal;
o olhar atento, mas não controlador. E assim em diante. Esses e mais cuidados para criar um
clima de oração, participação e fé.
O sacerdote – presidente, com seu estilo, será exemplo e se tornará formador dos outros
‘atores’ da celebração e da Assembleia toda. São Paulo exorta: Quem preside o faça com diligên-
cia (Rm 12,8), isto é, com senso de responsabilidade, ciente da delicadeza e importância de seu
papel. Quem preside está sendo constantemente ‘filmado’ nos diferentes detalhes de seu compor-
tamento. A Igreja recomenda presidir com dignidade e humildade (Instrução Geral do Missal
Romano: IGMR 93). A dignidade está no fato de que quem preside o faz in persona Christi. Sen-
do a ação eclesial mais importante e mais alta (SC 10), a liturgia exige uma atitude serena (não
austera e fria), gestos e vestes adequados etc. Também a respeito das vestes se poderia discutir,
por exemplo, o uso das cores com seu simbolismo próprio4
.
Nas celebrações litúrgicas – como em outras circunstâncias da vida – o que faz a dife-
rença são as nuanças. Não é necessário ser ‘detalhista’, mas é preciso caprichar para que a
celebração aconteça da forma mais viva, e em sintonia com a Igreja da qual quem está ‘à fren-
te’ é servidor e instrumento nas mãos do Senhor: Só Ele deve aparecer! Portanto, não condiz
com a liturgia o ‘estilo show’ que chama demais a atenção sobre a pessoa (ator!) e deixa espa-
ço limitado a Jesus e ao Espírito. A humildade no presidir é fruto da convicção de quem se
reconhece irmão entre irmãos, discípulo da Palavra, que também escuta e procura partilhar,
com gratidão, o que de graça recebeu.
Destacamos a atitude de quem exerce o ministério da presidência: ser instrumento e não
protagonista (= ‘primeiro ator’). Por isso, ele deve esquivar-se de chamar a atenção sobre si, para
não se tornar empecilho ao encontro com o Senhor. As pessoas que prestam serviço na celebração
são chamadas de ministros, isto é, servidores do Senhor e da Assembleia. Então, em seus gestos e
palavras deve transparecer a presença do Ressuscitado.
Presidir com dignidade e humildade comporta, também, celebrar com calma (sem pressa),
com serenidade (sem nervosismo) e com alegria, porque o serviço litúrgico é um dom divino, que
devemos agradecer sinceramente: Nós vos agradecemos porque nos tornastes dignos de estar
aqui na vossa presença (Prece Eucarística II). Cientes de que na liturgia temos nas mãos “aquele
imenso tesouro de alegria e de beleza que é a Igreja” (Paul Claudel) e somos chamados a irradiar a
alegria de anunciar a morte de Jesus e celebrar sua ressurreição, até que Ele venha.
4. Quando exercer o ministério da presidência
O sacerdote preside, antes de tudo, na vida da Comunidade e no empenho pastoral. A presi-
dência se exerce de maneira mais explícita na preparação da celebração. A IGMR, 111, diz: “A pre-
4
No respeito pelos gostos e sentido semântico de cada cultura, perguntemo-nos: pode cada qual agir segundo seu
gosto? Será que estamos respeitando as pessoas? Qual o sentido das vestes usadas para presidir uma celebração?
5
paração prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal
e outros livros litúrgicos, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja
quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob direção do reitor da igreja e ouvidos
também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. ‘Contudo, ao sacerdote que preside a cele-
bração fica sempre o direito de dispor sobre aqueles elementos que lhe competem’ (SC 22)”.
Uma celebração nunca pode ser improvisada! Exige-se sempre preparação, definição de
papéis, respeito ao ritmo celebrativo, com momentos fortes e pausas, canto e silêncio, animação
festiva e tempos contemplativos. Tudo para viver o encontro com o Ressuscitado. Uma palavra
em destaque nesse exercício da presidência: tudo seja autêntico!
Por isso, é preciso predispor: o ambiente, que seja limpo e acolhedor, simples, mas bem
ordenado, e fale por si; as pessoas, cada uma com papel definido e lugar onde ficar; os objetos a
serem usados, definindo onde devem ser colocados; os textos bíblicos, os livros na página certa,
e assim por diante.
A avaliação da celebração, feita com humildade e sinceridade, permite corrigir erros e
melhorar. Trata-se não de ‘eficientismo’ litúrgico ou religioso, mas da glória de Deus e da santi-
ficação dos humanos (cf. SC 7).
5. Intervenções próprias do Presidente
Tarefa própria de quem preside é dirigir a celebração (cf. IGMR, 92). A presidência
deve ser exercida durante a celebração toda, com as próprias capacidades, de natureza e de graça5.
É tarefa altíssima e muito delicada, explicitação da realidade sacramental dos ministros da Igreja
que, pela ordenação sacerdotal, são configurados a Cristo sacerdote e, portanto, no agir litúrgico
são sinal-memorial de Cristo orante. Como Jesus foi mestre de oração, assim quem preside uma
celebração deve dirigir e animar a oração da Assembleia. Ele não é o único protagonista da ora-
ção, mas o líder sacramental da Igreja em oração, preposto à Assembleia para tornar atual, no
concreto momento celebrativo, o culto do Cristo total (cf. SC 33). Como ministro da Igreja, ele
não ora só para si mesmo, mas em nome de todos e por/para todos, qual instrumento dócil do Es-
pírito Santo6. Podemos compreender, então, quanto esse serviço é precioso e insubstituível: orar
com a Assembleia, em nome da Assembleia, para a Assembleia.
Alguns elementos exclusivos do Presidente. Antes de tudo a Oração eucarística (OE),
“centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação” (IGMR, 78). Ela não
é somente oração, mas memorial, isto é, atuação do sacrifício redentor de Cristo. Suas palavras
não só evocam um acontecimento, mas realizam, no presente, o evento salvífico da morte e res-
surreição do Senhor. Por isso, expressam a mais alta ação de graças e a mais profunda súplica ao
Pai, por Cristo, no Espírito7
.
O que se observa da postura de quem preside vale de maneira especial na Oração Eu-
carística que deve ser proferida “em voz alta e distinta” (IGMR 38). De fato, todos os textos –
observa sempre a IGMR – precisam ser proferidos de modo que “a voz corresponda ao gênero
do próprio texto”, como também à forma de celebração e à solenidade da Assembleia, e le-
vando em conta a índole das diversas línguas e o gênio dos povos.
Por isso, eis algumas observações. A Oração Eucarística pede um tom pacato, com
5
Para que isso se torne possível não se pode presidir muitas celebrações no mesmo dia! É humanamente impossível!
6
Deve procurar ativar uma dúplice relação, em sentido vertical e horizontal: favorecer o diálogo da Assembleia
com o Senhor e o diálogo – comunhão na Assembleia reunida.
7
Em IGMR 79 encontramos os principais elementos desta Oração: Ação de graças, Santo, Epíclese, a narrativa da
Instituição e Consagração, a Anamnese, a Oblação, as Intercessões, a Doxologia final. Observamos, mais uma vez,
que esta Prece não é oração particular do sacerdote; ela é presidencial, isto é, o sujeito é o nós Eclésial. Por isso, exige
a participação ativa da Assembleia. As respostas próprias das Orações Eucarísticas na Igreja no Brasil favorecem a
participação litúrgica.
6
breves pausas, com voz serena e intensa, modulada segundo as diferentes partes. As epícleses,
por exemplo, são de tipo invocativo, o conto da instituição é narrativo, a anamnese é de cará-
ter evocativo, a doxologia é aclamatória. Numa palavra, o Presidente deve dar as cores ao
texto, interpretá-lo, sendo e sentindo-se guia orante da Assembleia, tornando-se voz de Cristo
e da Igreja e não frio ‘pronunciador’ de palavras impostas.
Algumas partes da Oração Eucarística devem ser cantadas (nas celebrações festivas, ao
menos). É o caso da introdução ao prefácio, do Santo, da doxologia e, se o celebrante tem dom,
também o prefácio, a narração da Instituição. Se for assim, sentida e rezada, essa Oração se torna
o que é: o momento mais alto da celebração, experiência intensa e alegre de fé viva que estimula
os cristãos a entrarem no mistério da fé e no testemunho amoroso da vida cristã.
Pertencem ao Presidente também as três orações presidenciais (cf. IGMR, 30) coloca-
das no final dos três momentos rituais: no início, a oração do dia; na apresentação dos dons, a
oração sobre as oferendas; por fim, a oração depois da Comunhão. Trata-se de três textos bre-
ves, mas densos, que devem ser rezados com calma e em tom implorante, em nome da As-
sembleia toda que sentirá as orações como suas, respondendo o Amém. Cabe também ao sa-
cerdote fazer outras admoestações (cf. IGMR, 31-33) e – muito importante – a homilia8
.
6. Presidir é serviço de amor, fonte de santificação, escola de oração
Quem preside foi escolhido não pelos seus méritos, mas pela graça que o orienta e sus-
tenta, tanto na vida da Comunidade como na presidência litúrgica. IGMR, 93, afirma que o
sacerdote exerce efetivamente a presidência se consegue “fazer sentir a presença viva de Cris-
to”. Por isso, concluindo, destacamos:
a) Presidir é graça e serviço de amor, é colocar-se a serviço da Igreja. Por isso, quem
preside, na pregação, é chamado a anunciar o que a Igreja ensina; na celebração, a ser fiel ao rito
como a Igreja o entrega em suas mãos e não agir como dono (cf. SC 22). Preside melhor quem
mais ama (cf. Jo 21,15-17) e, seguindo o Bom Pastor, entrega-se alma e corpo ao ministério, ser-
vindo aos irmãos em suas necessidades, doando-se em seu ministério de anunciador da Palavra e
animador da Caridade. O vértice da presidência acontece na ação litúrgica, mas sua justificação se
encontra no serviço pastoral. Somente quem, a partir de Cristo e da Igreja, consome sua vida pelos
irmãos, age coerentemente in persona Christi na liturgia!
b) Quem preside é, por vocação, educador dos irmãos na fé eclesial. Para isso, a oração li-
túrgica é oportunidade preciosa e delicada. Nela se encontra alimento para a fé e a oração pessoal,
a contemplação orante e a arte de educar com equilíbrio e sabedoria. Cuide-se da tentação do de-
sequilíbrio, ou da esquizofrenia, com as consequentes contraposições que, às vezes, são causa de
incompreensões e divisões. Pode acontecer (e acontece!) que a oração, comunitária e fraterna por
excelência, acabe dividindo.
c) A maneira de o ministro se santificar passa pelo serviço pastoral. Na sua doação, o
ministro, imitando o Bom Pastor, se doa por amor. Nessa doação encontra-se a nascente da
vida espiritual e a garantia da santificação. O Concílio Vaticano II, na Presbiterorum Ordinis,
12, afirma: “Os presbíteros são chamados à santidade em força do ministério e em força das
sagradas ações que desenvolvem quotidianamente”. Quem preside não pode caminhar isola-
do, mas deve marcar o passo com o ritmo de sua Comunidade, ficando à frente, apontando
caminhos e os procurando junto com a Comunidade; ele deve celebrar ‘com’ e ‘para’ a As-
sembleia, numa relação de simpatia e empatia, com alegria e gratidão, porque está prestando
um serviço que é dom!
8
Sobre Homilia, ver: Papa FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013), nn. 135-159.

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  • 1. 1 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL 52ª Assembleia Geral Aparecida - SP, 30 de abril a 9 de maio de 2014 12/52ª AG( Sub) GRAÇA E ARTE DE PRESIDIR Introdução Na Assembleia Geral da CNBB, em 2013, a Comissão Episcopal Pastoral para a Li- turgia, ao apresentar os “Assuntos de liturgia”, destacou a urgente necessidade de melhorar a formação litúrgica dos que na Igreja exercem o ministério da Presidência litúrgica. Afirmava- se: “Esmerada formação é exigida por parte daqueles que se preparam para o exercício do ministério pastoral para que a ação litúrgica (o rito) expresse devidamente o mistério celebra- do e leve a uma experiência de fé, deixando transparecer a ação de Cristo Ressuscitado e de seu Espírito”1 . Presidir uma celebração litúrgica é, antes de tudo, uma questão de fé; mas exige dife- rentes cuidados e competências, de tal forma que podemos dizer que é também uma questão de arte. Por isso, continuando no assunto, falamos da arte de presidir. 1. Questionamentos Como avaliamos as celebrações litúrgicas de nossas Comunidades e aquelas às quais ‘as- sistimos’ nas TVs? Com quais critérios julgamos que uma celebração litúrgica foi realizada ‘com arte’ e, sobretudo, de acordo com o espírito e a espiritualidade da nossa Igreja? Como definir, então, a arte de presidir? Se por um lado não faltam exemplos de celebrações dignas, ricas em conteúdo e nobres no estilo celebrativo, em sintonia com as orientações da Igreja, por outro, ‘assistimos’ a celebrações que deixam a desejar, justificando, assim, algumas críticas a respeito, não à Reforma litúrgica, mas à sua execução. Com o desejo de suscitar reflexão – entre nós Pastores, antes de tudo, como também nos lugares de formação – proponho, em nome da Comissão Pastoral para a Liturgia, estas reflexões construídas ao redor de alguns questionamentos: que ‘traços’ humanos e espirituais deve ter quem, por vocação, é chamado a presidir a Liturgia, sobretudo a celebração da Euca- ristia, memorial da Páscoa do Senhor? Que ‘modelo’ de Liturgia é (deveria ser) oferecido hoje ao povo de Deus por quem ‘guia’ a Liturgia e a Comunidade (lembremos que as duas dimen- sões não podem ser separadas!)”2 ? Quando uma celebração litúrgica pode ser considerada bonita, autêntica, verdadeira ‘obra de Deus’ (opus Dei), como a chamavam os antigos? 1 O texto prossegue: “Isto exige espiritualidade. Celebrações realizadas com serenidade e sensibilidade simbólica, capazes de suscitar experiência espiritual. Merecerá a devida atenção uma sensata criatividade. A iniciação litúrgica de todos é uma ‘obra de grande amplitude, que deve começar nos seminários e casas de formação e continuar ao longo de toda a vida’” (VQA 15). 2 Quem vive as fadigas pastorais bem sabe como é complexo o exercício do ministério. Boa parte dos sacerdotes (bispos e padres) está com a agenda cheia para atender às exigências (mínimas) das pessoas e das Comunidades, muitas delas distantes. Sem contar que as razões da participação nas celebrações litúrgicas nem sempre estão de acordo com o que a Igreja propõe. Às vezes o povo é movido por razões espúrias (devocionismo, hábitos soci- ais... ou até magia e superstição). As fadigas do atendimento pastoral, sem excluir outras razões e dificuldades ligadas à pessoa do ministro, não favorecem que nas celebrações se crie aquele clima de fé e oração que favoreça um vivo contato com o Senhor.
  • 2. 2 2. Modelos celebrativos e espiritualidade litúrgica a) A formação litúrgica deve conduzir a compreender, por experiência, o sentido do mistério que toda ação litúrgica põe nas mãos, de forma especial, de quem foi escolhido para estar à frente do povo de Deus. Formação verdadeira se dá somente quando o candidato se alimenta na escola da espiritualidade litúrgica. Esse caminho, feito de estudo e de experiência, vai transfor- mando o candidato que, ordenado presbítero, tornar-se-á verdadeiro educador do povo, por que aprendeu a se alimentar nesta fonte. O papa Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis (Sa- Ca), observa: “Visto que a liturgia eucarística é essencialmente ação de Deus que nos envolve em Jesus por meio do Espírito, o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio e não pode suportar a chantagem das modas passageiras” (SaCa 37). Quem preside a Eucaristia deve conhecer os passos que conduzem a uma autêntica ex- periência de fé para orientar a Comunidade inteira. Esta é a verdadeira mistagogia que, desde os Padres da Igreja, pertence à alma mais íntima da iniciação cristã. Trata-se de uma compe- tência a ser cultivada desde os primeiros anos da formação presbiteral, e não só nos estudos teológicos e litúrgicos, mas, sobretudo, de forma experiencial, nas celebrações cotidianas no seminário ou casas de formação. Assim, aos poucos, o candidato ao ministério ordenado deve conhecer as grandes “leis” da liturgia e, ainda mais, amadurecer uma profunda espiritualidade. A esse respeito, ainda o papa Bento XVI, falando de beleza e liturgia, escreve: “A verdadeira beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal... A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento constitutivo” (SaCa 35). De fato, a liturgia, através e apesar das diferentes expressões rituais e textuais, é o lu- gar da confessio fidei (manifestação da fé) da Igreja. Quem preside a ação litúrgica deve respi- rar com a Igreja e conduzir a Comunidade toda nesse espírito eclesial. Desse modo, no cora- ção de cada irmão e irmã, vai amadurecendo a mesma profissão e intensidade de fé e a liturgia será momento não só informativo, mas de graça, isto é, experiência viva da ação do Espírito na vida de cada fiel. b) Existe, porém, o perigo de se perder o autêntico espírito da presidência litúrgi- ca e por diferentes causas. Pode ser que o exercício exigente do ministério tenha se esfriado aos poucos, juntamente com a razão profunda da escolha vocacional e com a fé em Jesus Cris- to. Só a fé pode dar sabor e ardor ao exercício da presidência litúrgica. A identidade de um Ministro da Igreja é revelada quando ele é capaz de ‘se perder’, doando sua vida no serviço aos irmãos, como Jesus: “Eu estou entre vocês como alguém que serve” (Lc 22,27). Se a força interior diminuir, também o exercício da presidência litúrgica fica enfraquecido. Assim, ‘assistimos’ a celebrações litúrgicas que nem sempre estão de acordo em tudo com a autêntica liturgia e, às vezes, nem com o verdadeiro espírito evangélico. Pior quando são difundidas pelas TVs, incluindo as católicas. Observam-se, por exemplo, presidentes de celebração que chamam a atenção da Assembleia mais sobre si mesmos do que sobre o misté- rio pascal do Senhor. Palmas e choro, emoções e expressões subjetivas dominam a celebra- ção. São modelos comunicativos que mais se parecem com comícios ou shows do que com a liturgia de nossa Igreja. Ainda mais: estilo presidencial que não manifesta amor para com o povo. Vemos isso quando aquele que preside se coloca acima dos irmãos e irmãs ou quando cobra sem se entregar de alma e corpo para o bem dos irmãos, ou, ainda, quando busca elogi- os e gratificações. Em suma, um estilo presidencial contrário às exigências da liturgia e da vida eclesial. c) O Ministro que ama e serve no estilo de Jesus viverá a presidência da Eucaris- tia qual momento alto de sua fé e de seu serviço. Quem preside a liturgia e a vida da Comuni- dade em atitude fraterna e serviçal contagiará o seu povo. Sua abertura e sensibilidade farão crescer, ao redor de si, o número e a qualidade dos que servem por amor. O ícone mais ex- pressivo do que significa presidir, tanto a celebração como a Comunidade, permanece Jesus,
  • 3. 3 que começa a celebração da última Ceia lavando os pés dos discípulos e a termina entregan- do-se à morte. Toda celebração, que tem sua culminância na Páscoa, exige que se torne visí- vel na vida a caridade de Cristo e siga a recomendação do Concilio de colocar todo o agir litúrgico no contexto do memorial da Páscoa do Senhor (cf. Sacrosanctum Concilium - SC 5). O ato de presidir deve alimentar um diálogo orante com Deus e conduzir à escuta da Palavra, à ação de graças, à contemplação do Mistério e ao olhar de amor sobre a história hu- mana. Para bem presidir, é preciso ter aprendido e saber ajudar a Assembleia nessa escuta atenta e no agradecimento confiante, no louvor alegre e no ‘fazer memória’, sentindo-se parte viva de uma longa história de salvação da qual a liturgia é ‘momento’ atualizante. Presidir a celebração da Eucaristia é graça; é aproximar-se do fogo de Deus, como acon- teceu com Moisés e Elias; comporta ficar face a face com o Senhor, mergulhando no seu amor. Quem vive e se alimenta da escola da Palavra e nela escuta os apelos de Deus, para si mesmo e para o seu povo, terá disposição para acolhê-los. Quem preside qualquer celebração deve co- nhecer, por experiência, o estilo do agir de Deus no coração dos discípulos. Por isso, é preciso manter o ‘olhar fixo em Jesus’ (cf. Hb 12,1-2), na espera da plena contemplação. A Eucaristia ensina a manter aberta a esperança através das frequentes invocações: “Vem, Senhor Jesus”, “até que Ele venha”. Quem vive da liturgia aprende, também, como viver relações humanas autênticas e profundas. 3. A arte da presidência litúrgica: sugestões práticas Presidir é uma arte. E toda arte se aprende aos poucos. Também a do ministério da Presidência. As dificuldades aparecem quando se passa à aplicação concreta dos grandes princípios. Para isso, pede-se humildade, esforço, aprendizagem. Concretamente, talvez seja mais fácil detectar defeitos que apontar modelos celebrativos! A arte de presidir comporta não só habilidade técnica! Pede competência teológica e consciência do valor salvífico daquilo que se celebra; conhecimento das regras da linguagem sim- bólica e capacidade para usar as modalidades expressivas da comunicação! Um critério importan- te nos é dado, ainda, pela Exortação SaCa 40: “A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos si- nais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e cativam mais do que o artificia- lismo de adições inoportunas”3 . O grande teólogo Romano Guardini já falava da necessidade de colher o sentido mais belo e profundo da liturgia como arte e como jogo, quando, em sua obra O Espírito da liturgia (1919), escrevia: “Brincar diante de Deus, não criar, mas ser uma obra de arte, tal é a essência mais íntima da liturgia. Daí a sublime mistura de seriedade profunda e de divina alegria que nela se vê. O cuidado meticuloso com que ela determina em mil prescrições ou detalhes das palavras, movimentos, vestes, cores e gestos, não pode ser compreendido senão por quem leva a sério a Arte e o Brinquedo”. O papa Bento XVI, que de Guardini foi discípulo, destaca a “ne- cessidade de superar toda e qualquer separação entre a arte da celebração e a participação plena, ativa e frutuosa de todos os fiéis”. E conclui: “O primeiro modo de favorecer a participação do povo de Deus no rito sagrado é a sua condigna celebração; a arte da celebração é a melhor con- dição para a participação ativa” (SaCa 38), Para isso, a pessoa deve ter capacidades quase inatas: por ex., para proclamar um tex- to, exigem-se comportamento e gestos espontâneos e sóbrios, voz flexível e cativante, o olhar expressivo, capacidade, intuição para se adaptar à realidade de cada Assembleia orante, gosto pelo belo, senso de ritmo e de música etc. Qualidades que devem ser alimentadas à luz da fé para que se tornem instrumentos de comunicação da Palavra e expressões do divino que age 3 Continua: “A atenção e a obediência à estrutura própria do rito, ao mesmo tempo em que exprimem a consciência do caráter de dom da Eucaristia, manifestam a vontade que o ministro tem de acolher, com dócil gratidão, esse dom inefável”.
  • 4. 4 em nós. Tornam-se significativas, mais uma vez, as palavras de Bento XVI: “A verdadeira beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal... A beleza da liturgia pertence a este mistério... A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e de sua revelação” (SaCa 35). Como e onde aprender? Aprende-se fazendo! Grande mestra é a Comunidade em que vivemos. Existe uma reciprocidade educativa entre a Comunidade celebrante e o seu Presi- dente. Este deve colocar sua pessoa toda a serviço do anúncio e da celebração. Para isso, deve compreender o sentido e o valor dos gestos, o uso da palavra e do silêncio, dos símbolos e da coordenação, tudo feito com simplicidade e espontaneidade. Pede-se autenticidade em cada ação, isto é, algo que vem de dentro, das convicções mais profundas da própria humanidade e da fé. Cada gesto deve estar em sintonia com o papel presidencial: o tom da voz, nem frio nem sentimental; a postura com dignidade, mas não hierática; o gesto simples, mas não banal; o olhar atento, mas não controlador. E assim em diante. Esses e mais cuidados para criar um clima de oração, participação e fé. O sacerdote – presidente, com seu estilo, será exemplo e se tornará formador dos outros ‘atores’ da celebração e da Assembleia toda. São Paulo exorta: Quem preside o faça com diligên- cia (Rm 12,8), isto é, com senso de responsabilidade, ciente da delicadeza e importância de seu papel. Quem preside está sendo constantemente ‘filmado’ nos diferentes detalhes de seu compor- tamento. A Igreja recomenda presidir com dignidade e humildade (Instrução Geral do Missal Romano: IGMR 93). A dignidade está no fato de que quem preside o faz in persona Christi. Sen- do a ação eclesial mais importante e mais alta (SC 10), a liturgia exige uma atitude serena (não austera e fria), gestos e vestes adequados etc. Também a respeito das vestes se poderia discutir, por exemplo, o uso das cores com seu simbolismo próprio4 . Nas celebrações litúrgicas – como em outras circunstâncias da vida – o que faz a dife- rença são as nuanças. Não é necessário ser ‘detalhista’, mas é preciso caprichar para que a celebração aconteça da forma mais viva, e em sintonia com a Igreja da qual quem está ‘à fren- te’ é servidor e instrumento nas mãos do Senhor: Só Ele deve aparecer! Portanto, não condiz com a liturgia o ‘estilo show’ que chama demais a atenção sobre a pessoa (ator!) e deixa espa- ço limitado a Jesus e ao Espírito. A humildade no presidir é fruto da convicção de quem se reconhece irmão entre irmãos, discípulo da Palavra, que também escuta e procura partilhar, com gratidão, o que de graça recebeu. Destacamos a atitude de quem exerce o ministério da presidência: ser instrumento e não protagonista (= ‘primeiro ator’). Por isso, ele deve esquivar-se de chamar a atenção sobre si, para não se tornar empecilho ao encontro com o Senhor. As pessoas que prestam serviço na celebração são chamadas de ministros, isto é, servidores do Senhor e da Assembleia. Então, em seus gestos e palavras deve transparecer a presença do Ressuscitado. Presidir com dignidade e humildade comporta, também, celebrar com calma (sem pressa), com serenidade (sem nervosismo) e com alegria, porque o serviço litúrgico é um dom divino, que devemos agradecer sinceramente: Nós vos agradecemos porque nos tornastes dignos de estar aqui na vossa presença (Prece Eucarística II). Cientes de que na liturgia temos nas mãos “aquele imenso tesouro de alegria e de beleza que é a Igreja” (Paul Claudel) e somos chamados a irradiar a alegria de anunciar a morte de Jesus e celebrar sua ressurreição, até que Ele venha. 4. Quando exercer o ministério da presidência O sacerdote preside, antes de tudo, na vida da Comunidade e no empenho pastoral. A presi- dência se exerce de maneira mais explícita na preparação da celebração. A IGMR, 111, diz: “A pre- 4 No respeito pelos gostos e sentido semântico de cada cultura, perguntemo-nos: pode cada qual agir segundo seu gosto? Será que estamos respeitando as pessoas? Qual o sentido das vestes usadas para presidir uma celebração?
  • 5. 5 paração prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal e outros livros litúrgicos, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob direção do reitor da igreja e ouvidos também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. ‘Contudo, ao sacerdote que preside a cele- bração fica sempre o direito de dispor sobre aqueles elementos que lhe competem’ (SC 22)”. Uma celebração nunca pode ser improvisada! Exige-se sempre preparação, definição de papéis, respeito ao ritmo celebrativo, com momentos fortes e pausas, canto e silêncio, animação festiva e tempos contemplativos. Tudo para viver o encontro com o Ressuscitado. Uma palavra em destaque nesse exercício da presidência: tudo seja autêntico! Por isso, é preciso predispor: o ambiente, que seja limpo e acolhedor, simples, mas bem ordenado, e fale por si; as pessoas, cada uma com papel definido e lugar onde ficar; os objetos a serem usados, definindo onde devem ser colocados; os textos bíblicos, os livros na página certa, e assim por diante. A avaliação da celebração, feita com humildade e sinceridade, permite corrigir erros e melhorar. Trata-se não de ‘eficientismo’ litúrgico ou religioso, mas da glória de Deus e da santi- ficação dos humanos (cf. SC 7). 5. Intervenções próprias do Presidente Tarefa própria de quem preside é dirigir a celebração (cf. IGMR, 92). A presidência deve ser exercida durante a celebração toda, com as próprias capacidades, de natureza e de graça5. É tarefa altíssima e muito delicada, explicitação da realidade sacramental dos ministros da Igreja que, pela ordenação sacerdotal, são configurados a Cristo sacerdote e, portanto, no agir litúrgico são sinal-memorial de Cristo orante. Como Jesus foi mestre de oração, assim quem preside uma celebração deve dirigir e animar a oração da Assembleia. Ele não é o único protagonista da ora- ção, mas o líder sacramental da Igreja em oração, preposto à Assembleia para tornar atual, no concreto momento celebrativo, o culto do Cristo total (cf. SC 33). Como ministro da Igreja, ele não ora só para si mesmo, mas em nome de todos e por/para todos, qual instrumento dócil do Es- pírito Santo6. Podemos compreender, então, quanto esse serviço é precioso e insubstituível: orar com a Assembleia, em nome da Assembleia, para a Assembleia. Alguns elementos exclusivos do Presidente. Antes de tudo a Oração eucarística (OE), “centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e santificação” (IGMR, 78). Ela não é somente oração, mas memorial, isto é, atuação do sacrifício redentor de Cristo. Suas palavras não só evocam um acontecimento, mas realizam, no presente, o evento salvífico da morte e res- surreição do Senhor. Por isso, expressam a mais alta ação de graças e a mais profunda súplica ao Pai, por Cristo, no Espírito7 . O que se observa da postura de quem preside vale de maneira especial na Oração Eu- carística que deve ser proferida “em voz alta e distinta” (IGMR 38). De fato, todos os textos – observa sempre a IGMR – precisam ser proferidos de modo que “a voz corresponda ao gênero do próprio texto”, como também à forma de celebração e à solenidade da Assembleia, e le- vando em conta a índole das diversas línguas e o gênio dos povos. Por isso, eis algumas observações. A Oração Eucarística pede um tom pacato, com 5 Para que isso se torne possível não se pode presidir muitas celebrações no mesmo dia! É humanamente impossível! 6 Deve procurar ativar uma dúplice relação, em sentido vertical e horizontal: favorecer o diálogo da Assembleia com o Senhor e o diálogo – comunhão na Assembleia reunida. 7 Em IGMR 79 encontramos os principais elementos desta Oração: Ação de graças, Santo, Epíclese, a narrativa da Instituição e Consagração, a Anamnese, a Oblação, as Intercessões, a Doxologia final. Observamos, mais uma vez, que esta Prece não é oração particular do sacerdote; ela é presidencial, isto é, o sujeito é o nós Eclésial. Por isso, exige a participação ativa da Assembleia. As respostas próprias das Orações Eucarísticas na Igreja no Brasil favorecem a participação litúrgica.
  • 6. 6 breves pausas, com voz serena e intensa, modulada segundo as diferentes partes. As epícleses, por exemplo, são de tipo invocativo, o conto da instituição é narrativo, a anamnese é de cará- ter evocativo, a doxologia é aclamatória. Numa palavra, o Presidente deve dar as cores ao texto, interpretá-lo, sendo e sentindo-se guia orante da Assembleia, tornando-se voz de Cristo e da Igreja e não frio ‘pronunciador’ de palavras impostas. Algumas partes da Oração Eucarística devem ser cantadas (nas celebrações festivas, ao menos). É o caso da introdução ao prefácio, do Santo, da doxologia e, se o celebrante tem dom, também o prefácio, a narração da Instituição. Se for assim, sentida e rezada, essa Oração se torna o que é: o momento mais alto da celebração, experiência intensa e alegre de fé viva que estimula os cristãos a entrarem no mistério da fé e no testemunho amoroso da vida cristã. Pertencem ao Presidente também as três orações presidenciais (cf. IGMR, 30) coloca- das no final dos três momentos rituais: no início, a oração do dia; na apresentação dos dons, a oração sobre as oferendas; por fim, a oração depois da Comunhão. Trata-se de três textos bre- ves, mas densos, que devem ser rezados com calma e em tom implorante, em nome da As- sembleia toda que sentirá as orações como suas, respondendo o Amém. Cabe também ao sa- cerdote fazer outras admoestações (cf. IGMR, 31-33) e – muito importante – a homilia8 . 6. Presidir é serviço de amor, fonte de santificação, escola de oração Quem preside foi escolhido não pelos seus méritos, mas pela graça que o orienta e sus- tenta, tanto na vida da Comunidade como na presidência litúrgica. IGMR, 93, afirma que o sacerdote exerce efetivamente a presidência se consegue “fazer sentir a presença viva de Cris- to”. Por isso, concluindo, destacamos: a) Presidir é graça e serviço de amor, é colocar-se a serviço da Igreja. Por isso, quem preside, na pregação, é chamado a anunciar o que a Igreja ensina; na celebração, a ser fiel ao rito como a Igreja o entrega em suas mãos e não agir como dono (cf. SC 22). Preside melhor quem mais ama (cf. Jo 21,15-17) e, seguindo o Bom Pastor, entrega-se alma e corpo ao ministério, ser- vindo aos irmãos em suas necessidades, doando-se em seu ministério de anunciador da Palavra e animador da Caridade. O vértice da presidência acontece na ação litúrgica, mas sua justificação se encontra no serviço pastoral. Somente quem, a partir de Cristo e da Igreja, consome sua vida pelos irmãos, age coerentemente in persona Christi na liturgia! b) Quem preside é, por vocação, educador dos irmãos na fé eclesial. Para isso, a oração li- túrgica é oportunidade preciosa e delicada. Nela se encontra alimento para a fé e a oração pessoal, a contemplação orante e a arte de educar com equilíbrio e sabedoria. Cuide-se da tentação do de- sequilíbrio, ou da esquizofrenia, com as consequentes contraposições que, às vezes, são causa de incompreensões e divisões. Pode acontecer (e acontece!) que a oração, comunitária e fraterna por excelência, acabe dividindo. c) A maneira de o ministro se santificar passa pelo serviço pastoral. Na sua doação, o ministro, imitando o Bom Pastor, se doa por amor. Nessa doação encontra-se a nascente da vida espiritual e a garantia da santificação. O Concílio Vaticano II, na Presbiterorum Ordinis, 12, afirma: “Os presbíteros são chamados à santidade em força do ministério e em força das sagradas ações que desenvolvem quotidianamente”. Quem preside não pode caminhar isola- do, mas deve marcar o passo com o ritmo de sua Comunidade, ficando à frente, apontando caminhos e os procurando junto com a Comunidade; ele deve celebrar ‘com’ e ‘para’ a As- sembleia, numa relação de simpatia e empatia, com alegria e gratidão, porque está prestando um serviço que é dom! 8 Sobre Homilia, ver: Papa FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013), nn. 135-159.