SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  31
PSICOSES
Dra. JoanaThiesen
PSICOSES
DEFINIÇÃO:
• PERDA DE CONTATO COM A
REALIDADE
As síndromes psicóticas caracterizam-se por
sintomas típicos como alucinações e
delírios, pensamento desorganizado e
comportamento claramente bizarro
(Janzarik, 2003).
ESQUIZOFRENIA - Epidemiologia
 Prevalência: 1%.
 Incidência entre 1 e 7 casos novos para 10.000 habitantes por ano, dependendo do
critério diagnóstico adotado na estimativa.
 Os estudos epidemiológicos realizados no Brasil originam estimativas de incidência
e prevalência compatíveis com as observadas em outros países.
 Não há consistência de possíveis diferenças na prevalência da esquizofrenia entre
sexos.
 O começo da doença é mais precoce no homem do que na mulher.
 Casos novos são raros antes da puberdade e depois dos 50 anos.
 As mulheres apresentam um curso mais brando da esquizofrenia e, portanto, um
melhor prognóstico e uma melhor possibilidade de adaptação social.
 Dados de estudos multicêntricos sugerem que os pacientes de países menos
desenvolvidos apresentam um prognóstico melhor na esquizofrenia.
ESQUIZOFRENIA - Psicopatologia
 Sintomas positivos: alucinações, delírios, comportamento
bizarro, transtorno positivo do pensamento formal
(descarrilhamento, tangencialidade, incoerência, etc)
 Sintomas negativos: embotamento afetivo, alogia, abulia,
anedonia, desatenção.
 Desorganização: fala desorganizada, comportamento
desarranjado ou bizarro e afeto incongruente.
 Comprometimento cognitivo: redução da capacidade de
abstração e insight, prejuízo das memórias episódica e de
trabalho, da fluência verbal e das funções executivas.
ESQUIZOFRENIA - Etiologia
 A esquizofrenia apresenta etiologia multifatorial, envolvendo fatores
genéticos e ambientais ainda não muito conhecidos.
 Modelo de estresse-diátese: uma pessoa somente desenvolveria a
esquizofrenia se houver vulnerabilidade genética associada a
estressores ambientais.
 Hiperfunção dopaminérgica central
 Distúrbio do neurodesenvolvimento: eventos durante a vida intra-
uterina ou logo após o nascimento interfeririam no desenvolvimento
normal de determinadas estruturas cerebrais.
 Alterações estruturais: dilatação do sistema ventricular, com perda de
tecido periventricular, menor peso cerebral, atrofia cerebral,
hipofrontalidade, alterações temporais.
ESQUIZOFRENIA – Critérios do DSM IV
 A. Sintomas Característicos: Pelo menos dois dos seguintes,
cada um presente por um espaço significativo de tempo
durante um período de um mês (ou menos, caso tratado com
êxito): (1) delírios (2) alucinações (3) fala desorganizada
(ex., descarrilhamento freqüente ou incoerência) (4)
comportamento totalmente desorganizado ou
catatônico (5) sintomas negativos, ou seja, embotamento
afetivo, alogia ou avolição
 (Nota: apenas um sintoma A é necessário se os delírios
são bizarros ou as alucinações consistem de uma voz
mantendo um comentário sobre o comportamento ou
pensamentos da pessoa ou duas ou mais vozes conversando
entre si).
ESQUIZOFRENIA -Tipos
 PARANÓIDE: delírios ou alucinações auditivas proeminentes
com relativa preservação do funcionamento cognitivo e do
afeto.
 DESORGANIZADO: discurso desorganizado,
comportamento desorganizado e afeto embotado ou
inadequado.
 CATATÔNICO: perturbação psicomotora, como imobilidade
motora, atividade motora excessiva, extremo negativismo,
mutismo, peculiaridades dos movimentos voluntários,
ecolalia ou ecopraxia.
ESQUIZOFRENIA -Tipos
 INDIFERENCIADO: não satisfazem os critérios para osTipos
Paranóide, Desorganizado ou Catatônico.
 RESIDUAL: evidências contínuas de perturbação
esquizofrênica, na ausência de um conjunto completo de
sintomas ativos ou de sintomas suficientes pra a classificação
como um outro tipo de esquizofrenia. O embotamento
emocional, retraimento social, comportamento excêntrico,
pensamento ilógico, e leve afrouxamento das associações
são comuns. Os delírios e alucinações, se presentes, não são
proeminentes.
ESQUIZOFRENIA - CIAP
 P72 ESQUIZOFRENIA F20 a F25,F28,F29
 incl: todos os tipos de esquizofrenia, paranoia
critérios: distorções fundamentais e características do pensamento,
percepção e afetos que são inadequados ou enevoados (por
exemplo, pensamento-eco, inserção, retirada, percepções
delirantes, vozes alucinatórias, delírios de controle), mas com
perfeita consciência e sem alteração da capacidade intelectual.
 considerar: psicose não-especificada P98
 P98 OUTRAS PSICOSES NE F23,F53.1
 incl: psicose reativa, psicose puerperal
ESQUIZOFRENIA
Diagnóstico Diferencial
 Anamnese e exame do estado mental
 Excluir psicoses com causas médicas conhecidas: abuso de
substâncias, efeitos colaterais de medicações, transtornos
infecciosos, metabólicos, endócrinos, tumores e epilepsia do
lobo temporal.
 Exames: hemograma completo, EAS, enzimas hepáticas,
ureia, creatinina, testes da função tireoidiana, exames
sorológicos para sífilis e HIV, ceruloplasmina sérica (doença
deWilson), EEG,TC e RNM de crânio.
ESQUIZOFRENIA -Tratamento
 Tratamento farmacológico
 Intervenções psicossociais: psicoterapia individual, terapia
em grupo, intervenções familiares, psicoeducação,
reabilitação psicossocial, treinamento de habilidades sociais,
etc.
 Dispositivos de tratamento: ESF, CAPS, CAPSi, CAPS-AD,
ambulatórios de saúde mental, serviços residenciais
terapêuticos, hospitais psiquiátricos e hospitais gerais.
ANTIPSICÓTICOS
Ação principal: bloqueio de receptores dopaminérgicos D2 no
sistema nervoso central.
Iniciar tratamento com antipsicótico de primeira (haloperidol 5 a
20 mg/dia) ou de segunda geração (risperidona 2 a 8 mg/dia) por
3 a 8 semanas. Se não houver resposta adequada, novo
antipsicótico deve ser tentado por até 8 semanas. Se o paciente
for considerado refratário, avaliar introdução de clozapina (dose
máxima de 900 mg/dia), que requer realização de hemogramas
regulares devido ao risco de agranulocitose.
Em caso de dificuldade de adesão, avaliar tratamento de
manutenção com Haldol decanoato.
ANTIPSICÓTICOS
Efeitos Colaterais
 Neurológicos: neurotoxicidade (geralmente por desidratação e
associação com lítio), discinesia tardia, distonia aguda e tardia,
tremor tardio, síndrome neuroléptica maligna, parkinsonismo,
convulsões, sedação, blefaroespasmo, hipotermia, acatisia.
 Hematológicos: eosinofilia, neutropenia, agranulocitose.
 Endócrinos: ganho de peso, hiperglicemia, hiperprolactinemia,
amenorreia, ginecomastia.
 Cardiovasculares: hipotensão postural, alterações no ECG (ex:
aumento do intervalo Q-T)
- Geralmente é necessário trocar o antipsicótico ou reduzir sua dose.
Na distonia e no parkinsonismo, podemos associar prometazina ou
biperideno.
ESQUIZOFRENIA – Manejo Clínico
 Contactar profissionais do CAPS ou do NASF para definir os papéis
de cada dispositivo no acompanhamento de cada paciente, levando
em conta a gravidade e as particularidades de cada caso. Elaborar o
projeto terapêutico.
 A frequência das consultas com o médico da equipe deve ser
individualizada de acordo com a gravidade do quadro, o suporte
familiar e o nível de entendimento do transtorno por parte do
doente e seus cuidadores.
 Avaliar a adesão ao tratamento medicamentoso, educar quanto à
necessidade de seguir tomando a medicação de forma correta,
identificar possíveis efeitos adversos das medicações e fazer
pequenos ajustes nas prescrições, caso sejam necessários.
 Promover a reinserção na comunidade dos pacientes com
transtornos mentais graves.
ESQUIZOFRENIA - Emergências
 Se o paciente estiver em agitação psicomotora, apresentando
riscos de auto e heteroagressão, precisa ser imobilizado. Depois
disso, inicia-se a sedação do paciente, que pode ser feita com duas
ampolas de Prometazina associadas a uma ampola de Haloperidol
IM. Posteriormente, uma ampola de Haloperidol poderá ser
administrada a cada 30 minutos até que haja sedação do paciente
ou seja atingido um total de seis ampolas. Fazer contato com o
serviço de emergência psiquiátrica de referência e encaminhar o
paciente assim que possível.
 Se o paciente precisar de internação e não for uma emergência,
pode-se fazer contato com seu médico psiquiatra ou o serviço de
internação psiquiátrica de referência, para que seja providenciada a
internação.
ESQUIZOFRENIA - Emergências
 Nas situações em que não é necessária a internação, quando
o paciente está mais agitado ou irritado mas não apresenta
maiores riscos, pode-se fazer um ajuste da dose da
medicação antipsicótica. Reforça-se com os familiares a
necessidade de verificar se o paciente de fato a está
ingerindo. Deve-se ainda orientar os familiares quanto ao
surgimento de sinais de piora clínica e, caso ocorram, que
façam contato imediato com a equipe de ESF para o paciente
ser reavaliado.
 Deve-se, diante da piora clínica, reduzir o espaçamento entre
as consultas ambulatoriais e as visitas domiciliares até que
ocorra a reestabilização clínica do paciente.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Epidemiologia
 Prevalência: ao redor de 1%, para transtorno
bipolar tipo I e II.
 Incidência: taxa anual de incidência de 0,5%.
 Idade de início: 18 anos para bipolar tipo I e de
22 anos para bipolar tipo II.
 Sexos: não há diferenças significativas.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Psicopatologia
 Na Mania:
 (1) auto-estima inflada ou grandiosidade (2)
necessidade de sono diminuída
(3) mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar
(4) fuga de idéias ou experiência subjetiva de que os
pensamentos estão correndo (5) distratibilidade
(6) aumento da atividade dirigida a objetivos ou
agitação psicomotora (7) envolvimento excessivo em
atividades prazerosas com um alto potencial para
conseqüências dolorosas
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Etiologia
 Os estudos apresentam achados não-conclusivos. O
fator mais significativamente associado ao
desenvolvimento deTB é história familiar positiva,
o que remete aos fatores genéticos sugerindo a
interação gene–ambiente, necessária para a
expressão de um fenótipo comportamental.
 Fatores biológicos: alterações de diversos
neurotransmissores vem sendo implicadas noTB,
bem como anormalidades no eixo hipotalâmico-
pituitário-tireoidiano.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Critérios do DSM IV
 Transtorno Bipolar I: é caracterizado por um ou mais Episódios
Maníacos ou Mistos, geralmente acompanhados por Episódios
Depressivos Maiores.
 Transtorno Bipolar II: caracteriza-se por um ou mais Episódios
Depressivos Maiores, acompanhado por pelo menos um Episódio
Hipomaníaco.
- Episódio Maníaco: período de humor anormal e persistentemente
elevado, expansivo ou irritável, que deve durar pelo menos 1 semana.
- Episódio Hipomaníaco: período de humor persistentemente elevado,
expansivo ou irritável, ao longo de pelo menos 4 dias.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
CIAP
 P73 PSICOSE AFETIVA F30,F31,F34.0
 incl: distúrbio bipolar, hipomania, mania, depressão maníaca
excl: depressão P76
critérios: distúrbio fundamental dos afetos e do humor,
alternadamente excitado e deprimido (associado ou não a
ansiedade). Na perturbação maníaca, a energia e a atividade
estão simultaneamente estimuladas. Na doença bipolar,
observam-se pelo menos dois períodos de perturbação do
humor variando do excitado ao deprimido
considerar: psicose não-especificada P98
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Tratamento
 Tratamento farmacológico com estabilizadores do humor.
 Abordagens psicoeducativas, individuais ou em grupo,
incluindo os familiares, com informações sobre a doença,
sobre as drogas utilizadas, sobre aspectos
nutricionais, exercícios físicos, impactos sociais são de grand
e utilidade.
 Desenvolver no paciente a capacidade de identificar os sinais
precoces do início de um novo episódio de mania ou
depressão e de lidar com os fatores desencadeantes, é uma
estratégia de grande valor para a prevenção de recaídas.
ESTABILIZADORES DO HUMOR
 DROGAS DOSES DIÁRIAS (mg) NÍVEIS SÉRICOS
 Lítio 900 - 2100 0,6 - 1,2 mEq/ml
 Carbamazepina 400 1600 8 - 12 g /ml
 Ácido valpróico 500 - 1800 50 - 120 g /ml
 Lamotrigina 150-250 _________
 Topiramato 200-600 __________
ESTABILIZADORES DO HUMOR
Efeitos colaterais
 Lítio: acne, aumento do apetite, edema, diarréia, ganho de
peso, gosto
metálico, leucocitose, náuseas, polidipsia, poliúria, tremores
finos. Intoxicação: vômitos, dor abdominal, ataxia, tonturas,
tremores grosseiros, disartria, nistagmo, letargia, fraqueza
muscular, que podem evoluir para o óbito.
 Exames: litemia (o sangue deve ser coletado 12 horas após a
última dose de lítio) no início do tratamento e a cada 3 ou 6
meses; antes de começar o tratamento, solicitar teste de
gravidez, ECG se mais de 40 anos ou risco de cardiopatia,
uréia, creatinina,TSH, hemograma completo e eletrólitos
(repetir os 5 últimos a cada 6 meses).
ESTABILIZADORES DO HUMOR
Efeitos colaterais
 Ácido valpróico: ataxia, aumento do apetite, ganho
de peso, desatenção, fadiga,
náuseas, sonolência, sedação, diminuição dos reflexos,
tremores, tonturas.
 Exames: teste de gravidez no início do tratamento,
hemograma completo,TGO eTGP a cada 6 meses.
 Carbamazepina: ataxia, diplopia, dor epigástrica, toxicicidade
hepática, náuseas, prurido, rash cutâneo, sedação,
sonolência, tonturas.
 Exames: teste de gravidez no início do tratamento,
hemograma completo,TGO eTGP a cada 6 meses.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Manejo Clínico
 No tratamento agudo e de
manutenção dos diferentes quadros maníacos, inicia-se
um dos estabilizadores do humor de primeira linha (lítio,
ácido valpróico). A resposta pode demorar de 2 a 4 semanas e
está associada a valores séricos que devem se situar, para o
lítio, entre 1,0 e 1,2 mEq/l na fase aguda, e entre 0,6 e 1,0
mEq/l na fase de manutenção.
 Se há inquietude ou insônia intensas, podem-
se associar benzodiazepínicos potentes, como o clonazepam
.
 Se ocorrerem sintomas psicóticos, agitação psicomotora ou
agressividade,
são utilizados antipsicóticos: haloperidol, risperidona, etc.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Manejo Clínico
 Episódio depressivo: monoterapia com lítio ou outro estabilizador
do humor. Caso não haja resposta mesmo nas doses máximas
recomendadas, a alternativa é associar um antidepressivo:
bupropiona ou ISRS, que tendem a provocar menos viradas
maníacas do que os tricíclicos, mantendo-se o antidepressivo pelo
menor tempo possível. Uma alternativa é monoterapia com
lamotrigina.O lítio é o único medicamento que apresenta
propriedades anti-suicidas.
 Em pacientes refratários, pode-se usar uma combinação de
estabilizadores de humor: usualmente lítio associado a um
anticonvulsivante; pode-se ainda acrescentar um antipsicótico.O
uso da ECT é considerado eficaz no tratamento de quadros de
mania, depressão e mistos.
TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR
Emergências
 Avaliar risco para si e para terceiros e assim definir
necessidade de internação psiquiátrica.
 Tentar tranquilizar o paciente. Se for preciso, realizar
contenção física e química com antipsicótico IM caso o
paciente não aceite a medicação oral indicada. Esta deve ser
iniciada, reiniciada ou reajustada assim que for possível.
 Procurar discutir o caso com o psiquiatra que acompanha o
paciente, se houver, ou com o psiquiatra plantonista do
serviço de emergência de referência.
 Orientar os familiares.
CASO CLÍNICO 1
 “O caso de Fabrício foi levado à equipe da USF de Alto Alegre
por sua professora, que estranhou o fato de o rapaz de 16
anos, antes um silencioso e aplicado estudante, ter
abandonado as aulas há três meses. Entrando em contato
com a família, soube-se que Fabrício não tomava mais banho
espontaneamente nem se barbeava, recusava-se a sair de
casa, dormia muito pouco e ficava horas falando sozinho,
recusando contato verbal com qualquer pessoa. A família não
entendia o que estava acontecendo, mas como ele não
estava agressivo, resolveram não procurar tratamento
médico, e sim espiritual.” (Chiaverini, 2011)
CASO CLÍNICO 2
 “Preocupado, o ACSVidal procurou a enfermeira de sua
equipe para relatar que sua prima Fátima, de 43 anos, estava
há três dias sem dormir, inquieta, irritada, falando muito e
dizendo que sua cabeça estava “como um gravador”. Fátima
é acompanhada pelo médico de sua equipe e tinha sido vista
duas vezes em matriciamento devido a um quadro recorrente
de depressão, tendo sido recentemente aumentada a dose
de seu antidepressivo tricíclico, de 100 para 150 mg por dia.
Parte da família entendia que ela deveria ser levada
imediatamente para um pronto-socorro com serviço de
psiquiatria, mas outros achavam que era melhor consultar a
equipe da Unidade de Saúde da Família.” (Chiaverini, 2011)
CASO CLÍNICO 3
 A enfermeira da equipe solicitou à psiquiatra matriciadora
orientação quanto à conduta no caso de Márcio, que mora
sozinho em uma casa ao lado de seus familiares, porém não
conversa com eles, nem com ninguém, apenas com a filha de
13 anos eventualmente. Passa o dia fora de casa andando
pela cidade, e quando alguém tenta contato, mostra-se hostil
e até agressivo. Seu quadro teve início há 5 anos, após ter
sido traído pela mãe de sua filha e ter feito uso de drogas,
que já cessou há 4 anos. Chegou a fazer tratamento no
Instituto Philippe Pinel, mas o abandonou.A família já
acionou o SAMU, mas recusaram-se a levá-lo para a
internação. A enfermeira, a psiquiatra e o ACS fizeramVD,
mas Márcio mostrou-se muito irritado e saiu de sua casa sem
falar nada com a equipe.

Contenu connexe

Tendances

Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
EsquizofreniaJulai1991
 
Psicoses
PsicosesPsicoses
PsicosesUNICEP
 
Transtornos depressivos
Transtornos depressivosTranstornos depressivos
Transtornos depressivosCaio Maximino
 
Transtorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolarTranstorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolarRodolpho David
 
Introdução à psicopatologia
Introdução à psicopatologiaIntrodução à psicopatologia
Introdução à psicopatologiaCaio Maximino
 
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1Lampsi
 
Aula 05 curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricas
Aula 05   curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricasAula 05   curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricas
Aula 05 curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricasLampsi
 
Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01Rochelle Arruda
 
Transtornos de ansiedade
Transtornos de ansiedadeTranstornos de ansiedade
Transtornos de ansiedadeMiriam Gorender
 
Esquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadeEsquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadecleytonlopes
 
Aula 03 - Funções psíquicas
Aula 03 - Funções psíquicasAula 03 - Funções psíquicas
Aula 03 - Funções psíquicasLampsi
 
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da Percepção
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da PercepçãoPsicopatologia I- Aula 7: Alterações da Percepção
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da PercepçãoAlexandre Simoes
 
Transtorno da ansiedade
Transtorno da ansiedadeTranstorno da ansiedade
Transtorno da ansiedadeAlany Silva
 
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.Alexandre Simoes
 

Tendances (20)

Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Psicoses
PsicosesPsicoses
Psicoses
 
Psicoses
PsicosesPsicoses
Psicoses
 
Transtorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolarTranstorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolar
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Transtornos depressivos
Transtornos depressivosTranstornos depressivos
Transtornos depressivos
 
Transtorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolarTranstorno afetivo bipolar
Transtorno afetivo bipolar
 
Introdução à psicopatologia
Introdução à psicopatologiaIntrodução à psicopatologia
Introdução à psicopatologia
 
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1
I Curso de Psicopatologia da Lampsi - Aula 1
 
Aula 05 curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricas
Aula 05   curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricasAula 05   curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricas
Aula 05 curso de psicopatologia - síndromes psiquiátricas
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01
 
psicofarmacologia 2
psicofarmacologia 2psicofarmacologia 2
psicofarmacologia 2
 
Transtornos de ansiedade
Transtornos de ansiedadeTranstornos de ansiedade
Transtornos de ansiedade
 
Esquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridadeEsquizofrenia e bipolaridade
Esquizofrenia e bipolaridade
 
Aula 03 - Funções psíquicas
Aula 03 - Funções psíquicasAula 03 - Funções psíquicas
Aula 03 - Funções psíquicas
 
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da Percepção
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da PercepçãoPsicopatologia I- Aula 7: Alterações da Percepção
Psicopatologia I- Aula 7: Alterações da Percepção
 
Transtorno da ansiedade
Transtorno da ansiedadeTranstorno da ansiedade
Transtorno da ansiedade
 
psicologia e psicopatologia
psicologia e psicopatologiapsicologia e psicopatologia
psicologia e psicopatologia
 
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.
Psicopatologia I - Aula 1: Introdução aos Conceitos da Psicopatologia.
 

En vedette

PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29
PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29
PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29Alexandre Simoes
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)Alexandre Simoes
 
Guia pratico psicoses
Guia pratico psicosesGuia pratico psicoses
Guia pratico psicosesCreise Paula
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)Alexandre Simoes
 
Psicose e transtornos infantis
Psicose e transtornos infantisPsicose e transtornos infantis
Psicose e transtornos infantisOrlando Souza
 
3º Tema: Que papo é esse de neurose?
3º Tema: Que papo é esse de neurose?3º Tema: Que papo é esse de neurose?
3º Tema: Que papo é esse de neurose?monnavasconcelos
 
Neuroses
NeurosesNeuroses
NeurosesUNICEP
 
Psicose e-neurose-1212599153812299-8
Psicose e-neurose-1212599153812299-8Psicose e-neurose-1212599153812299-8
Psicose e-neurose-1212599153812299-8Natalia Vieira
 
Guia pratico sobre psicoses
Guia pratico sobre psicosesGuia pratico sobre psicoses
Guia pratico sobre psicosesSUELI SANTOS
 
Síndrome de Cotard
Síndrome de CotardSíndrome de Cotard
Síndrome de Cotardieslajara
 
Aula 3 psicofarmacologia nos transtornos do humor 1
Aula 3   psicofarmacologia nos transtornos do humor 1Aula 3   psicofarmacologia nos transtornos do humor 1
Aula 3 psicofarmacologia nos transtornos do humor 1Educação Ucpel
 

En vedette (20)

PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29
PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29
PSICOSES - síntese da CID 10 F20 a F29
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 05 (CID-10 – F20 a F29)
 
Guia pratico psicoses
Guia pratico psicosesGuia pratico psicoses
Guia pratico psicoses
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 03 (CID-10 – F00 a F09)
 
Psicose e transtornos infantis
Psicose e transtornos infantisPsicose e transtornos infantis
Psicose e transtornos infantis
 
3º Tema: Que papo é esse de neurose?
3º Tema: Que papo é esse de neurose?3º Tema: Que papo é esse de neurose?
3º Tema: Que papo é esse de neurose?
 
Neuroses
NeurosesNeuroses
Neuroses
 
Neuroses
NeurosesNeuroses
Neuroses
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Paranoia
ParanoiaParanoia
Paranoia
 
Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade
Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira IdadeOs Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade
Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade
 
Psicose e-neurose-1212599153812299-8
Psicose e-neurose-1212599153812299-8Psicose e-neurose-1212599153812299-8
Psicose e-neurose-1212599153812299-8
 
Pax clinica prodromo
Pax clinica   prodromoPax clinica   prodromo
Pax clinica prodromo
 
Guia pratico sobre psicoses
Guia pratico sobre psicosesGuia pratico sobre psicoses
Guia pratico sobre psicoses
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
ESQUIZOFRENIAS EM GERAL.2418 esquizofrenia site
ESQUIZOFRENIAS   EM  GERAL.2418 esquizofrenia siteESQUIZOFRENIAS   EM  GERAL.2418 esquizofrenia site
ESQUIZOFRENIAS EM GERAL.2418 esquizofrenia site
 
Grupo a3 caso clínico
Grupo a3  caso clínicoGrupo a3  caso clínico
Grupo a3 caso clínico
 
Transtornos do Humor nos Transtornos Alimentares
Transtornos do Humor nos Transtornos AlimentaresTranstornos do Humor nos Transtornos Alimentares
Transtornos do Humor nos Transtornos Alimentares
 
Síndrome de Cotard
Síndrome de CotardSíndrome de Cotard
Síndrome de Cotard
 
Aula 3 psicofarmacologia nos transtornos do humor 1
Aula 3   psicofarmacologia nos transtornos do humor 1Aula 3   psicofarmacologia nos transtornos do humor 1
Aula 3 psicofarmacologia nos transtornos do humor 1
 

Similaire à Psicoses

Similaire à Psicoses (20)

Transtornos psicóticos, esquizofrenia - tutoria
Transtornos psicóticos, esquizofrenia - tutoriaTranstornos psicóticos, esquizofrenia - tutoria
Transtornos psicóticos, esquizofrenia - tutoria
 
Psicofarmacologia e psicoterapia dos transtornos psicóticos
Psicofarmacologia e psicoterapia dos transtornos psicóticosPsicofarmacologia e psicoterapia dos transtornos psicóticos
Psicofarmacologia e psicoterapia dos transtornos psicóticos
 
Epilepsia
Epilepsia Epilepsia
Epilepsia
 
Cefaleias Primárias
Cefaleias PrimáriasCefaleias Primárias
Cefaleias Primárias
 
Delirium em idosos
Delirium em idososDelirium em idosos
Delirium em idosos
 
Delirium em idosos
Delirium em idososDelirium em idosos
Delirium em idosos
 
delirium.pptx
delirium.pptxdelirium.pptx
delirium.pptx
 
Alzheimer terapias complementares
Alzheimer terapias complementaresAlzheimer terapias complementares
Alzheimer terapias complementares
 
Apresentação esquizofrenia
Apresentação esquizofreniaApresentação esquizofrenia
Apresentação esquizofrenia
 
Apresentação esquizofrenia
Apresentação esquizofreniaApresentação esquizofrenia
Apresentação esquizofrenia
 
A Odontologia e o paciente com Esquizofrenia
A Odontologia e o paciente com EsquizofreniaA Odontologia e o paciente com Esquizofrenia
A Odontologia e o paciente com Esquizofrenia
 
Esquizofrenia
EsquizofreniaEsquizofrenia
Esquizofrenia
 
Pg2017
Pg2017Pg2017
Pg2017
 
cepeti-apresentacao-luis-felipe-11-09-1fabbfa2.pptx
cepeti-apresentacao-luis-felipe-11-09-1fabbfa2.pptxcepeti-apresentacao-luis-felipe-11-09-1fabbfa2.pptx
cepeti-apresentacao-luis-felipe-11-09-1fabbfa2.pptx
 
Síndrome de west
Síndrome de westSíndrome de west
Síndrome de west
 
Depressão palestra uniplac
Depressão   palestra uniplacDepressão   palestra uniplac
Depressão palestra uniplac
 
Epilepsia - Neuropsicologia
Epilepsia - NeuropsicologiaEpilepsia - Neuropsicologia
Epilepsia - Neuropsicologia
 
Saude MENTAL
Saude MENTAL Saude MENTAL
Saude MENTAL
 
Transtornos mentais
 Transtornos mentais Transtornos mentais
Transtornos mentais
 
saude mental
saude mental saude mental
saude mental
 

Plus de Inaiara Bragante (20)

Aula Abordagem Comunitária
Aula Abordagem ComunitáriaAula Abordagem Comunitária
Aula Abordagem Comunitária
 
Edital prmfc2018
Edital prmfc2018Edital prmfc2018
Edital prmfc2018
 
Regimento2017
Regimento2017Regimento2017
Regimento2017
 
Rmnf2222
Rmnf2222Rmnf2222
Rmnf2222
 
Cmaj.140703.full
Cmaj.140703.fullCmaj.140703.full
Cmaj.140703.full
 
Pós teste
Pós testePós teste
Pós teste
 
Pré teste
Pré testePré teste
Pré teste
 
Pós teste
Pós testePós teste
Pós teste
 
Comunicando más notícias
Comunicando más notíciasComunicando más notícias
Comunicando más notícias
 
Ciclo de vida individual e familiar
Ciclo de vida individual e familiarCiclo de vida individual e familiar
Ciclo de vida individual e familiar
 
Bb dm – extra
Bb dm – extraBb dm – extra
Bb dm – extra
 
Bb dm2
Bb dm2Bb dm2
Bb dm2
 
Conduta terapeutica
Conduta terapeuticaConduta terapeutica
Conduta terapeutica
 
Caso clinico alcool
Caso clinico alcoolCaso clinico alcool
Caso clinico alcool
 
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
M1 d2a6q1 cage_2009-03-13
 
Tratamento farmacológico em dependência química helio -sandra
Tratamento farmacológico em dependência química  helio -sandraTratamento farmacológico em dependência química  helio -sandra
Tratamento farmacológico em dependência química helio -sandra
 
Rz clin residentes_brasil_2
Rz clin residentes_brasil_2Rz clin residentes_brasil_2
Rz clin residentes_brasil_2
 
Aula31 07 2014
Aula31 07 2014Aula31 07 2014
Aula31 07 2014
 
Aula31 07 2014
Aula31 07 2014Aula31 07 2014
Aula31 07 2014
 
Casos clínicos (3)
Casos clínicos (3)Casos clínicos (3)
Casos clínicos (3)
 

Psicoses

  • 2. PSICOSES DEFINIÇÃO: • PERDA DE CONTATO COM A REALIDADE As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações e delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro (Janzarik, 2003).
  • 3. ESQUIZOFRENIA - Epidemiologia  Prevalência: 1%.  Incidência entre 1 e 7 casos novos para 10.000 habitantes por ano, dependendo do critério diagnóstico adotado na estimativa.  Os estudos epidemiológicos realizados no Brasil originam estimativas de incidência e prevalência compatíveis com as observadas em outros países.  Não há consistência de possíveis diferenças na prevalência da esquizofrenia entre sexos.  O começo da doença é mais precoce no homem do que na mulher.  Casos novos são raros antes da puberdade e depois dos 50 anos.  As mulheres apresentam um curso mais brando da esquizofrenia e, portanto, um melhor prognóstico e uma melhor possibilidade de adaptação social.  Dados de estudos multicêntricos sugerem que os pacientes de países menos desenvolvidos apresentam um prognóstico melhor na esquizofrenia.
  • 4. ESQUIZOFRENIA - Psicopatologia  Sintomas positivos: alucinações, delírios, comportamento bizarro, transtorno positivo do pensamento formal (descarrilhamento, tangencialidade, incoerência, etc)  Sintomas negativos: embotamento afetivo, alogia, abulia, anedonia, desatenção.  Desorganização: fala desorganizada, comportamento desarranjado ou bizarro e afeto incongruente.  Comprometimento cognitivo: redução da capacidade de abstração e insight, prejuízo das memórias episódica e de trabalho, da fluência verbal e das funções executivas.
  • 5. ESQUIZOFRENIA - Etiologia  A esquizofrenia apresenta etiologia multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais ainda não muito conhecidos.  Modelo de estresse-diátese: uma pessoa somente desenvolveria a esquizofrenia se houver vulnerabilidade genética associada a estressores ambientais.  Hiperfunção dopaminérgica central  Distúrbio do neurodesenvolvimento: eventos durante a vida intra- uterina ou logo após o nascimento interfeririam no desenvolvimento normal de determinadas estruturas cerebrais.  Alterações estruturais: dilatação do sistema ventricular, com perda de tecido periventricular, menor peso cerebral, atrofia cerebral, hipofrontalidade, alterações temporais.
  • 6. ESQUIZOFRENIA – Critérios do DSM IV  A. Sintomas Característicos: Pelo menos dois dos seguintes, cada um presente por um espaço significativo de tempo durante um período de um mês (ou menos, caso tratado com êxito): (1) delírios (2) alucinações (3) fala desorganizada (ex., descarrilhamento freqüente ou incoerência) (4) comportamento totalmente desorganizado ou catatônico (5) sintomas negativos, ou seja, embotamento afetivo, alogia ou avolição  (Nota: apenas um sintoma A é necessário se os delírios são bizarros ou as alucinações consistem de uma voz mantendo um comentário sobre o comportamento ou pensamentos da pessoa ou duas ou mais vozes conversando entre si).
  • 7. ESQUIZOFRENIA -Tipos  PARANÓIDE: delírios ou alucinações auditivas proeminentes com relativa preservação do funcionamento cognitivo e do afeto.  DESORGANIZADO: discurso desorganizado, comportamento desorganizado e afeto embotado ou inadequado.  CATATÔNICO: perturbação psicomotora, como imobilidade motora, atividade motora excessiva, extremo negativismo, mutismo, peculiaridades dos movimentos voluntários, ecolalia ou ecopraxia.
  • 8. ESQUIZOFRENIA -Tipos  INDIFERENCIADO: não satisfazem os critérios para osTipos Paranóide, Desorganizado ou Catatônico.  RESIDUAL: evidências contínuas de perturbação esquizofrênica, na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas suficientes pra a classificação como um outro tipo de esquizofrenia. O embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, e leve afrouxamento das associações são comuns. Os delírios e alucinações, se presentes, não são proeminentes.
  • 9. ESQUIZOFRENIA - CIAP  P72 ESQUIZOFRENIA F20 a F25,F28,F29  incl: todos os tipos de esquizofrenia, paranoia critérios: distorções fundamentais e características do pensamento, percepção e afetos que são inadequados ou enevoados (por exemplo, pensamento-eco, inserção, retirada, percepções delirantes, vozes alucinatórias, delírios de controle), mas com perfeita consciência e sem alteração da capacidade intelectual.  considerar: psicose não-especificada P98  P98 OUTRAS PSICOSES NE F23,F53.1  incl: psicose reativa, psicose puerperal
  • 10. ESQUIZOFRENIA Diagnóstico Diferencial  Anamnese e exame do estado mental  Excluir psicoses com causas médicas conhecidas: abuso de substâncias, efeitos colaterais de medicações, transtornos infecciosos, metabólicos, endócrinos, tumores e epilepsia do lobo temporal.  Exames: hemograma completo, EAS, enzimas hepáticas, ureia, creatinina, testes da função tireoidiana, exames sorológicos para sífilis e HIV, ceruloplasmina sérica (doença deWilson), EEG,TC e RNM de crânio.
  • 11. ESQUIZOFRENIA -Tratamento  Tratamento farmacológico  Intervenções psicossociais: psicoterapia individual, terapia em grupo, intervenções familiares, psicoeducação, reabilitação psicossocial, treinamento de habilidades sociais, etc.  Dispositivos de tratamento: ESF, CAPS, CAPSi, CAPS-AD, ambulatórios de saúde mental, serviços residenciais terapêuticos, hospitais psiquiátricos e hospitais gerais.
  • 12. ANTIPSICÓTICOS Ação principal: bloqueio de receptores dopaminérgicos D2 no sistema nervoso central. Iniciar tratamento com antipsicótico de primeira (haloperidol 5 a 20 mg/dia) ou de segunda geração (risperidona 2 a 8 mg/dia) por 3 a 8 semanas. Se não houver resposta adequada, novo antipsicótico deve ser tentado por até 8 semanas. Se o paciente for considerado refratário, avaliar introdução de clozapina (dose máxima de 900 mg/dia), que requer realização de hemogramas regulares devido ao risco de agranulocitose. Em caso de dificuldade de adesão, avaliar tratamento de manutenção com Haldol decanoato.
  • 13. ANTIPSICÓTICOS Efeitos Colaterais  Neurológicos: neurotoxicidade (geralmente por desidratação e associação com lítio), discinesia tardia, distonia aguda e tardia, tremor tardio, síndrome neuroléptica maligna, parkinsonismo, convulsões, sedação, blefaroespasmo, hipotermia, acatisia.  Hematológicos: eosinofilia, neutropenia, agranulocitose.  Endócrinos: ganho de peso, hiperglicemia, hiperprolactinemia, amenorreia, ginecomastia.  Cardiovasculares: hipotensão postural, alterações no ECG (ex: aumento do intervalo Q-T) - Geralmente é necessário trocar o antipsicótico ou reduzir sua dose. Na distonia e no parkinsonismo, podemos associar prometazina ou biperideno.
  • 14. ESQUIZOFRENIA – Manejo Clínico  Contactar profissionais do CAPS ou do NASF para definir os papéis de cada dispositivo no acompanhamento de cada paciente, levando em conta a gravidade e as particularidades de cada caso. Elaborar o projeto terapêutico.  A frequência das consultas com o médico da equipe deve ser individualizada de acordo com a gravidade do quadro, o suporte familiar e o nível de entendimento do transtorno por parte do doente e seus cuidadores.  Avaliar a adesão ao tratamento medicamentoso, educar quanto à necessidade de seguir tomando a medicação de forma correta, identificar possíveis efeitos adversos das medicações e fazer pequenos ajustes nas prescrições, caso sejam necessários.  Promover a reinserção na comunidade dos pacientes com transtornos mentais graves.
  • 15. ESQUIZOFRENIA - Emergências  Se o paciente estiver em agitação psicomotora, apresentando riscos de auto e heteroagressão, precisa ser imobilizado. Depois disso, inicia-se a sedação do paciente, que pode ser feita com duas ampolas de Prometazina associadas a uma ampola de Haloperidol IM. Posteriormente, uma ampola de Haloperidol poderá ser administrada a cada 30 minutos até que haja sedação do paciente ou seja atingido um total de seis ampolas. Fazer contato com o serviço de emergência psiquiátrica de referência e encaminhar o paciente assim que possível.  Se o paciente precisar de internação e não for uma emergência, pode-se fazer contato com seu médico psiquiatra ou o serviço de internação psiquiátrica de referência, para que seja providenciada a internação.
  • 16. ESQUIZOFRENIA - Emergências  Nas situações em que não é necessária a internação, quando o paciente está mais agitado ou irritado mas não apresenta maiores riscos, pode-se fazer um ajuste da dose da medicação antipsicótica. Reforça-se com os familiares a necessidade de verificar se o paciente de fato a está ingerindo. Deve-se ainda orientar os familiares quanto ao surgimento de sinais de piora clínica e, caso ocorram, que façam contato imediato com a equipe de ESF para o paciente ser reavaliado.  Deve-se, diante da piora clínica, reduzir o espaçamento entre as consultas ambulatoriais e as visitas domiciliares até que ocorra a reestabilização clínica do paciente.
  • 17. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Epidemiologia  Prevalência: ao redor de 1%, para transtorno bipolar tipo I e II.  Incidência: taxa anual de incidência de 0,5%.  Idade de início: 18 anos para bipolar tipo I e de 22 anos para bipolar tipo II.  Sexos: não há diferenças significativas.
  • 18. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Psicopatologia  Na Mania:  (1) auto-estima inflada ou grandiosidade (2) necessidade de sono diminuída (3) mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar (4) fuga de idéias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo (5) distratibilidade (6) aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora (7) envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para conseqüências dolorosas
  • 19. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Etiologia  Os estudos apresentam achados não-conclusivos. O fator mais significativamente associado ao desenvolvimento deTB é história familiar positiva, o que remete aos fatores genéticos sugerindo a interação gene–ambiente, necessária para a expressão de um fenótipo comportamental.  Fatores biológicos: alterações de diversos neurotransmissores vem sendo implicadas noTB, bem como anormalidades no eixo hipotalâmico- pituitário-tireoidiano.
  • 20. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Critérios do DSM IV  Transtorno Bipolar I: é caracterizado por um ou mais Episódios Maníacos ou Mistos, geralmente acompanhados por Episódios Depressivos Maiores.  Transtorno Bipolar II: caracteriza-se por um ou mais Episódios Depressivos Maiores, acompanhado por pelo menos um Episódio Hipomaníaco. - Episódio Maníaco: período de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, que deve durar pelo menos 1 semana. - Episódio Hipomaníaco: período de humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável, ao longo de pelo menos 4 dias.
  • 21. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR CIAP  P73 PSICOSE AFETIVA F30,F31,F34.0  incl: distúrbio bipolar, hipomania, mania, depressão maníaca excl: depressão P76 critérios: distúrbio fundamental dos afetos e do humor, alternadamente excitado e deprimido (associado ou não a ansiedade). Na perturbação maníaca, a energia e a atividade estão simultaneamente estimuladas. Na doença bipolar, observam-se pelo menos dois períodos de perturbação do humor variando do excitado ao deprimido considerar: psicose não-especificada P98
  • 22. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Tratamento  Tratamento farmacológico com estabilizadores do humor.  Abordagens psicoeducativas, individuais ou em grupo, incluindo os familiares, com informações sobre a doença, sobre as drogas utilizadas, sobre aspectos nutricionais, exercícios físicos, impactos sociais são de grand e utilidade.  Desenvolver no paciente a capacidade de identificar os sinais precoces do início de um novo episódio de mania ou depressão e de lidar com os fatores desencadeantes, é uma estratégia de grande valor para a prevenção de recaídas.
  • 23. ESTABILIZADORES DO HUMOR  DROGAS DOSES DIÁRIAS (mg) NÍVEIS SÉRICOS  Lítio 900 - 2100 0,6 - 1,2 mEq/ml  Carbamazepina 400 1600 8 - 12 g /ml  Ácido valpróico 500 - 1800 50 - 120 g /ml  Lamotrigina 150-250 _________  Topiramato 200-600 __________
  • 24. ESTABILIZADORES DO HUMOR Efeitos colaterais  Lítio: acne, aumento do apetite, edema, diarréia, ganho de peso, gosto metálico, leucocitose, náuseas, polidipsia, poliúria, tremores finos. Intoxicação: vômitos, dor abdominal, ataxia, tonturas, tremores grosseiros, disartria, nistagmo, letargia, fraqueza muscular, que podem evoluir para o óbito.  Exames: litemia (o sangue deve ser coletado 12 horas após a última dose de lítio) no início do tratamento e a cada 3 ou 6 meses; antes de começar o tratamento, solicitar teste de gravidez, ECG se mais de 40 anos ou risco de cardiopatia, uréia, creatinina,TSH, hemograma completo e eletrólitos (repetir os 5 últimos a cada 6 meses).
  • 25. ESTABILIZADORES DO HUMOR Efeitos colaterais  Ácido valpróico: ataxia, aumento do apetite, ganho de peso, desatenção, fadiga, náuseas, sonolência, sedação, diminuição dos reflexos, tremores, tonturas.  Exames: teste de gravidez no início do tratamento, hemograma completo,TGO eTGP a cada 6 meses.  Carbamazepina: ataxia, diplopia, dor epigástrica, toxicicidade hepática, náuseas, prurido, rash cutâneo, sedação, sonolência, tonturas.  Exames: teste de gravidez no início do tratamento, hemograma completo,TGO eTGP a cada 6 meses.
  • 26. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Manejo Clínico  No tratamento agudo e de manutenção dos diferentes quadros maníacos, inicia-se um dos estabilizadores do humor de primeira linha (lítio, ácido valpróico). A resposta pode demorar de 2 a 4 semanas e está associada a valores séricos que devem se situar, para o lítio, entre 1,0 e 1,2 mEq/l na fase aguda, e entre 0,6 e 1,0 mEq/l na fase de manutenção.  Se há inquietude ou insônia intensas, podem- se associar benzodiazepínicos potentes, como o clonazepam .  Se ocorrerem sintomas psicóticos, agitação psicomotora ou agressividade, são utilizados antipsicóticos: haloperidol, risperidona, etc.
  • 27. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Manejo Clínico  Episódio depressivo: monoterapia com lítio ou outro estabilizador do humor. Caso não haja resposta mesmo nas doses máximas recomendadas, a alternativa é associar um antidepressivo: bupropiona ou ISRS, que tendem a provocar menos viradas maníacas do que os tricíclicos, mantendo-se o antidepressivo pelo menor tempo possível. Uma alternativa é monoterapia com lamotrigina.O lítio é o único medicamento que apresenta propriedades anti-suicidas.  Em pacientes refratários, pode-se usar uma combinação de estabilizadores de humor: usualmente lítio associado a um anticonvulsivante; pode-se ainda acrescentar um antipsicótico.O uso da ECT é considerado eficaz no tratamento de quadros de mania, depressão e mistos.
  • 28. TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Emergências  Avaliar risco para si e para terceiros e assim definir necessidade de internação psiquiátrica.  Tentar tranquilizar o paciente. Se for preciso, realizar contenção física e química com antipsicótico IM caso o paciente não aceite a medicação oral indicada. Esta deve ser iniciada, reiniciada ou reajustada assim que for possível.  Procurar discutir o caso com o psiquiatra que acompanha o paciente, se houver, ou com o psiquiatra plantonista do serviço de emergência de referência.  Orientar os familiares.
  • 29. CASO CLÍNICO 1  “O caso de Fabrício foi levado à equipe da USF de Alto Alegre por sua professora, que estranhou o fato de o rapaz de 16 anos, antes um silencioso e aplicado estudante, ter abandonado as aulas há três meses. Entrando em contato com a família, soube-se que Fabrício não tomava mais banho espontaneamente nem se barbeava, recusava-se a sair de casa, dormia muito pouco e ficava horas falando sozinho, recusando contato verbal com qualquer pessoa. A família não entendia o que estava acontecendo, mas como ele não estava agressivo, resolveram não procurar tratamento médico, e sim espiritual.” (Chiaverini, 2011)
  • 30. CASO CLÍNICO 2  “Preocupado, o ACSVidal procurou a enfermeira de sua equipe para relatar que sua prima Fátima, de 43 anos, estava há três dias sem dormir, inquieta, irritada, falando muito e dizendo que sua cabeça estava “como um gravador”. Fátima é acompanhada pelo médico de sua equipe e tinha sido vista duas vezes em matriciamento devido a um quadro recorrente de depressão, tendo sido recentemente aumentada a dose de seu antidepressivo tricíclico, de 100 para 150 mg por dia. Parte da família entendia que ela deveria ser levada imediatamente para um pronto-socorro com serviço de psiquiatria, mas outros achavam que era melhor consultar a equipe da Unidade de Saúde da Família.” (Chiaverini, 2011)
  • 31. CASO CLÍNICO 3  A enfermeira da equipe solicitou à psiquiatra matriciadora orientação quanto à conduta no caso de Márcio, que mora sozinho em uma casa ao lado de seus familiares, porém não conversa com eles, nem com ninguém, apenas com a filha de 13 anos eventualmente. Passa o dia fora de casa andando pela cidade, e quando alguém tenta contato, mostra-se hostil e até agressivo. Seu quadro teve início há 5 anos, após ter sido traído pela mãe de sua filha e ter feito uso de drogas, que já cessou há 4 anos. Chegou a fazer tratamento no Instituto Philippe Pinel, mas o abandonou.A família já acionou o SAMU, mas recusaram-se a levá-lo para a internação. A enfermeira, a psiquiatra e o ACS fizeramVD, mas Márcio mostrou-se muito irritado e saiu de sua casa sem falar nada com a equipe.