Este documento descreve a fuga de artistas judeus e refugiados para Portugal durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo os poetas Marc Chagall e seu poema sobre partir e encontrar uma nova terra sem ameaças. Também menciona vários artistas como Fernand Léger, Varian Fry e Leonora Carrington que fugiram para Portugal escapando da perseguição nazista.
Arte em fuga: artistas, coleccionadores e merchands refugiados em Portugal durante a II Guerra Mundial
1. Arte em fuga.
Artistas, refugiados
e “marchands”
em Portugal
na II Guerra Mundial
Inês Fialho Brandão
University of Maynooth – NUI
Investigação financiada por:
2. Em Lisboa antes da partida
[…]
Alguma vez viste o meu rosto –
No meio da rua, um rosto sem corpo?
Ninguém o conhece
E a sua chamada cai no abismo
[…]
Como te hei-de dizer a minha última palavra
A ti – quando estás perdido.
Não tenho na terra
Onde ir
E que as lágrimas sequem
E que o nome na minha pedra seja apagado
E eu, como tu, tornar-me-ei sombra
Derreter como fumo.
Marc Chagall, Junho de 1941
[Trad. do inglês, poema original em Yiddish em Benjamin
Hershaw, Marc Chagall and his times, a documentary
narrative. Stanford University Press, 2004 ]
Chagall en famille, Paris 1933 –
André Kertész
13. Vieira e Arpad na Villa des Camélias, 1930
FASVS
M. H. Vieira da
Silva (1908-1992) e
Arpad Szenes
(1897-1985)
14. Wilhelm Weinberg
(1886- 1956)
Cortesia de Julia Schor
e Sousa Mendes Foundation
Nascido em Hamburgo,
judeu
Fixa-se na Holanda
durante a 1 Guerra
Mundial
Banqueiro [privado?]
23. [dado que foi] para as gerações que vêm
depois de mim que esta pequena
colecção foi formada, não penso ter o
direito de a expôr a um risco que,
infelizmente (…) não pode ser posto de
parte, num pequeno país rodeado de
beligerantes.’
24.
25. Pierre Renoir
Nude Seen from the Back, 1880-1
[Museu de Tel Aviv]
Henri de Toulouse-Lautrec
Jeanne, 1884
[Museum Kröller-Müller, Otterlo]
‘Em memória de sua mulher e filhos’
30. No barco
Vim para o barco
Disse-te adeus –
Estendeste-te sobre a minha terra.
Sobre as sepulturas no rio.
Mas limpaste a minha dor.
Afastaste a minha casa de mim com um véu,
Abriste-me uma nova página,
Revelaste uma nova terra.
Não me deixes à deriva no meio do mar,
Onde hordas de irmãos cansados e sem mercê
Me lembraram o meu pedigree e a minha raça.
Que o meu caminho se estenda sem ameaça –
Como abençoar-te, meu Deus,
E em que dia deverei jejuar?
Marc Chagall
[Trad. do inglês, poema original em Yiddish em Benjamin
Hershaw, Marc Chagall and his times, a documentary
narrative. Stanford University Press, 2004 ]