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Fratura do quinto metatarso/fratura de
Jones
As fraturas do quinto metatarsiano são comuns ocorrer no pé. Devido a inserção do
tendão fibular curto e o baixo suprimento sanguíneo deste osso, as lesões ocorrem mais
frequentemente do que os outros metatarsos.

Existem 3 tipos de fraturas do quinto metatarso: fratura do estilóide (avulsão-
arrancamento), fratura de Jones e fratura de stress.

Sir Robert Jones em 1902, sofreu uma fratura da base do quinto metatarso, enquanto
dançava, e mencionou que suportou a lesão durante a dança.

O artigo intitulado "Fractures of the Base of the First Metatarsal Bone by Indirect
Violence." foi a primeira descrição deste tipo de lesão na literatura. Jones inclui
descrições de seis pacientes (sendo ele mesmo) que sofreram fraturas nesta área sem um
impacto direto.




                                                                                         1
Anatomia
Em anatomia, chama-se metatarso à parte mediana do pé. É formado pelos cinco ossos
metatarsais, que articulam com o tarso pelas suas extremidades proximais (ossos antes
do metatarso) e com as primeiras falanges pelas extremidades distais (ossos dos dedos).




O quinto metatarso é o osso do lado de fora do pé, e nele insere (fixa no osso) o tendão
fibular curto.




                                                                                           2
A irrigação sanguínea é deficiente na sua região proximal (chamada de base).




Tipos de fratura

Fratura do estilóide (avulsão-arrancamento), fratura de Jones e fratura de stress.




                                                                                     3
A fratura de Jones é uma fratura transversal na base do quinto metatarso, 1,5 a 3 cm
distais à tuberosidade proximal. As avulsões ocorrem até 1,5 cm em relação a
tuberosidade. As fraturas de stress comprometem a região da diáfise (meio) do osso,
acima de 3 cm da tuberosidade proximal (segundo Dameron).

Em torno de 20 % dos indivíduos podem apresentar “os peroneum”, uma forma oval ou
redonda de ossículo acessório dentro da substância do tendão fibular longo, próximo ao
osso cubóide. Uma outra estrutura “os vesalianum” é encontrado na inserção do tendão
fibular curto, em 0,1% da população. A apófise (região onde o osso cresce)
normalmente está presente entre as idades de 9 a 14 anos. Estas entidades podem
confundir com as fraturas tipo avulsão.








Estatística

- A incidência de fraturas no pé é em torno de 10% de todas as fraturas do corpo
humanos, acredita-se que cerca de 0,7% a 1,9% de todas as fraturas ocorrem no quinto
metatarso.

- As fraturas avulsões são as mais comuns, em torno de 90% das fraturas que ocorrem
no quinto metatarso

- Não existe predisposição por sexo ou idade




                                                                                         4
Fator de risco

As fraturas na zona I e II, ocorrem devido a torção do pé em inversão (pé pra dentro).




As fraturas de stress (zona III), geralmente ocorrem devido o mal alinhamento do pé (pé
varo supinado) e sobrecarga excessiva.

O pé varo supinado, proporciona um maior stress na região do quinto metatarso durante
a marcha.




                                                                                          5
Clínica

A dor, inchaço e dificuldade para caminhar são os principais sintomas. Enquanto um
osso quebrado pode ser muito doloroso, este tipo de fratura a dor é tolerável e as vezes é
confundida com uma entorse, sendo negligenciado.




Diagnóstico

O diagnóstico é confirmado pela radiografia do pé.




                                                                                             6
Tratamento

Fratura avulsão

O tratamento das fraturas avulsões, geralmente é o não cirúrgico e consiste basicamente
de imobilização através do gesso suropodálico (até o joelho) ou imobilizador.




O protocolo de recuperação depende de cada tipo de fratura, mas em termos gerais
ocorre dessa maneira:

- Gesso ou imobilizador com permissão para pisar no chão por 4 semanas

- Brace (tornozeleira) da 4 a 8 semana

- Exercicios passivos no tornozelo precoce, principalmente o alongamento do tendão
calcâneo (aquiles)

- Após a 8 semana ou consolidação da fratura, inicia os exercicios ativos

- Atividades físicas de impacto após a 12 semana



Fratura de Jones

As fraturas de Jones apresentam uma taxa alta de falta de consolidação, em torno de




                                                                                          7
30% a 50%, quando tratadas não cirurgicamente. Isso ocorre devido o baixo suprimento
sanguíneo desta região.

O melhor tipo de tratamento para este tipo de acometimento é ainda motivo de bastante
discussão. O perfil e a expectativa do paciente é determinante para a escolha do
tratamento adequado.

O tratamento não cirúrgico para as fraturas de Jones, segue o mesmo protocolo das
fraturas avulsões, diferenciando apenas no tempo de consolidação total, sendo as vezes
necessário um período maior de imobilização.

A cirurgia quando realizada, o corte na pele é na região proximal do quinto metatarso
em torno de 3 cm e é introduzido um parafuso de grosso calibre.

Pode ser necessário a colocação de enxerto ósseo e outros fatores estimulantes (células
tronco, DMP, PRP).




Fratura de stress

As fraturas de stress são melhores tratadas cirurgicamente. O tipo de operação é o
mesmo das fraturas de Jones.

O mal alinhamento do pé que favorece este tipo de lesão, deve ser corrigido, afim de
evitar futuras fraturas stress.




                                                                                          8
Pós operatório
- Retirar pontos após 7 a 10 dias

- Imobilizador sem pisar no chão por 2 semanas

- Imobilizador com permissão para pisar no chão (total ou parcial) a partir da 2 semana
até a 6 a 8 semana

- Exercicios passivos no tornozelo a partir da 2 semana, principalmente o alongamento
do tendão calcâneo (aquiles)

- Após a 8 semana ou consolidação da fratura, inicia os exercicios ativos

- Atividades físicas de impacto após a 12 semana




Complicações
- Infecção, má cicatrização, dor recorrente, falta de união e complicações anestésicas.




                                                                                          9

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Fratura do quinto metatarso

  • 1. Fratura do quinto metatarso/fratura de Jones As fraturas do quinto metatarsiano são comuns ocorrer no pé. Devido a inserção do tendão fibular curto e o baixo suprimento sanguíneo deste osso, as lesões ocorrem mais frequentemente do que os outros metatarsos. Existem 3 tipos de fraturas do quinto metatarso: fratura do estilóide (avulsão- arrancamento), fratura de Jones e fratura de stress. Sir Robert Jones em 1902, sofreu uma fratura da base do quinto metatarso, enquanto dançava, e mencionou que suportou a lesão durante a dança. O artigo intitulado "Fractures of the Base of the First Metatarsal Bone by Indirect Violence." foi a primeira descrição deste tipo de lesão na literatura. Jones inclui descrições de seis pacientes (sendo ele mesmo) que sofreram fraturas nesta área sem um impacto direto. 1
  • 2. Anatomia Em anatomia, chama-se metatarso à parte mediana do pé. É formado pelos cinco ossos metatarsais, que articulam com o tarso pelas suas extremidades proximais (ossos antes do metatarso) e com as primeiras falanges pelas extremidades distais (ossos dos dedos). O quinto metatarso é o osso do lado de fora do pé, e nele insere (fixa no osso) o tendão fibular curto. 2
  • 3. A irrigação sanguínea é deficiente na sua região proximal (chamada de base). Tipos de fratura Fratura do estilóide (avulsão-arrancamento), fratura de Jones e fratura de stress. 3
  • 4. A fratura de Jones é uma fratura transversal na base do quinto metatarso, 1,5 a 3 cm distais à tuberosidade proximal. As avulsões ocorrem até 1,5 cm em relação a tuberosidade. As fraturas de stress comprometem a região da diáfise (meio) do osso, acima de 3 cm da tuberosidade proximal (segundo Dameron). Em torno de 20 % dos indivíduos podem apresentar “os peroneum”, uma forma oval ou redonda de ossículo acessório dentro da substância do tendão fibular longo, próximo ao osso cubóide. Uma outra estrutura “os vesalianum” é encontrado na inserção do tendão fibular curto, em 0,1% da população. A apófise (região onde o osso cresce) normalmente está presente entre as idades de 9 a 14 anos. Estas entidades podem confundir com as fraturas tipo avulsão. 
 Estatística - A incidência de fraturas no pé é em torno de 10% de todas as fraturas do corpo humanos, acredita-se que cerca de 0,7% a 1,9% de todas as fraturas ocorrem no quinto metatarso. - As fraturas avulsões são as mais comuns, em torno de 90% das fraturas que ocorrem no quinto metatarso - Não existe predisposição por sexo ou idade 4
  • 5. Fator de risco As fraturas na zona I e II, ocorrem devido a torção do pé em inversão (pé pra dentro). As fraturas de stress (zona III), geralmente ocorrem devido o mal alinhamento do pé (pé varo supinado) e sobrecarga excessiva. O pé varo supinado, proporciona um maior stress na região do quinto metatarso durante a marcha. 5
  • 6. Clínica A dor, inchaço e dificuldade para caminhar são os principais sintomas. Enquanto um osso quebrado pode ser muito doloroso, este tipo de fratura a dor é tolerável e as vezes é confundida com uma entorse, sendo negligenciado. Diagnóstico O diagnóstico é confirmado pela radiografia do pé. 6
  • 7. Tratamento Fratura avulsão O tratamento das fraturas avulsões, geralmente é o não cirúrgico e consiste basicamente de imobilização através do gesso suropodálico (até o joelho) ou imobilizador. O protocolo de recuperação depende de cada tipo de fratura, mas em termos gerais ocorre dessa maneira: - Gesso ou imobilizador com permissão para pisar no chão por 4 semanas - Brace (tornozeleira) da 4 a 8 semana - Exercicios passivos no tornozelo precoce, principalmente o alongamento do tendão calcâneo (aquiles) - Após a 8 semana ou consolidação da fratura, inicia os exercicios ativos - Atividades físicas de impacto após a 12 semana Fratura de Jones As fraturas de Jones apresentam uma taxa alta de falta de consolidação, em torno de 7
  • 8. 30% a 50%, quando tratadas não cirurgicamente. Isso ocorre devido o baixo suprimento sanguíneo desta região. O melhor tipo de tratamento para este tipo de acometimento é ainda motivo de bastante discussão. O perfil e a expectativa do paciente é determinante para a escolha do tratamento adequado. O tratamento não cirúrgico para as fraturas de Jones, segue o mesmo protocolo das fraturas avulsões, diferenciando apenas no tempo de consolidação total, sendo as vezes necessário um período maior de imobilização. A cirurgia quando realizada, o corte na pele é na região proximal do quinto metatarso em torno de 3 cm e é introduzido um parafuso de grosso calibre. Pode ser necessário a colocação de enxerto ósseo e outros fatores estimulantes (células tronco, DMP, PRP). Fratura de stress As fraturas de stress são melhores tratadas cirurgicamente. O tipo de operação é o mesmo das fraturas de Jones. O mal alinhamento do pé que favorece este tipo de lesão, deve ser corrigido, afim de evitar futuras fraturas stress. 8
  • 9. Pós operatório - Retirar pontos após 7 a 10 dias - Imobilizador sem pisar no chão por 2 semanas - Imobilizador com permissão para pisar no chão (total ou parcial) a partir da 2 semana até a 6 a 8 semana - Exercicios passivos no tornozelo a partir da 2 semana, principalmente o alongamento do tendão calcâneo (aquiles) - Após a 8 semana ou consolidação da fratura, inicia os exercicios ativos - Atividades físicas de impacto após a 12 semana Complicações - Infecção, má cicatrização, dor recorrente, falta de união e complicações anestésicas. 9