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PSICOMOTRICIDADE
E A RELAÇÃO DA BASE DO MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
E NA VIDA
Por: Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529-P/R
E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Data de Publicação: 23 de janeiro de 2010.
Introdução
Quando se fala em ginástica e/ou prática esportiva, muito em função da cultura, o que vem logo à cabeça é
alguém fazendo movimentos perfeitos onde a maior parte do treinamento ainda é focada na questão do
aperfeiçoamento do gesto esportivo e as valências físicas inerentes à modalidade. O ser humano não é só corpo
cheio de músculos, ossos, órgãos e sangue. No comando disso tudo tem um ser emocional, social, fisiológico,
afetivo, cognitivo, espiritual e muito mais além de nossos conhecimentos. Aí entra a psicomotricidade, uma
ciência que estuda o comportamento global humano capaz de determinar e coordenar mentalmente os
movimentos corporais. É nesse contexto que estão enraizados algumas expressões conhecidas no esporte como
por exemplo “deu um branco” ou “amarelou”. É quando um atleta com todas as capacidades físicas e técnicas
tem a chance de vencer e não vence simplesmente porque sentiu medo, não acreditou nele mesmo ou não foi
capaz de mentalizar a vitória.
O Histórico
Apesar de antiga é uma ciência que na escola fundamental brasileira começou fortemente a ser difundida a
partir da década de 80, pois antes existiram as correntes do ser humano forte, fisicamente sadio capaz de
reproduzir novos seres igualmente sadios que pudesse representar uma nação. Houve também o tempo da
influência militar pautada na formação de um exército forte e sadio a serviço de um marketing do sistema de
governo durante a ditadura. O novo cenário político dos anos 80 trouxe novas formas de pensar a Educação
Física escolar como um todo.
A Definição
Se formos pesquisar o que é e/ou o que significa a psicomotricidade e sua relação com a Educação Física
vamos encontrar diversas citações de vários autores cada um a seu jeito, mais ou menos complicadas, que no
fundo querem dizer a mesma coisa. Eu prefiro as mais simples como a citada por Sidirley de Jesus Barreto
(2000) que afirma ser “a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em
consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento
consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético”. Sendo assim a Educação Física escolar
deve atender as necessidades básicas da criança a seu tempo de maturação.
O Movimento e a Inteligência
Fonseca (1988) comenta que ”O movimento humano é
construído em função de um objetivo. A partir de uma
intenção como expressividade íntima, o movimento
transforma-se em comportamento significante”. Ou seja, para
onde vou, como vou e quando vou. Qualquer movimento que
resulte em ação corporal parte da inteligência. Observe por
exemplo crianças brincando de pique. As mais espertas são
mais ágeis e quando são perseguidas muitas vezes não são
alcançadas quando usam a inteligência para driblar
perseguidores teoricamente mais rápidos com perfeito
domínio espacial dos seus movimentos e do seu perseguidor.
Segundo a teoria do americano Howard Gardner, da
Universidade de Harvard, a inteligência humana é dividida em
sete tipos: verbal (da fala e escrita), a lógica (a dos
números), a musical (dos músicos), a cibernética
(coordenação motora fina), a espacial (do artista plástico), a
interpessoal (a dos líderes) e a intrapessoal (conhecimento de
si mesmo).
O desenvolvimento da inteligência e a relação da
psicomotricidade relacionada com o movimento começam
cedo e instintivamente. Já experimentou descer do sofá de
cabeça para baixo como faz a criança que mal começou a andar? Ela mesma acaba descobrindo sozinha o modo
mais fácil de descer. Os sete tipos de inteligência, para mais ou para menos a criança também usa nas
brincadeiras mais simples.
Daí a importância do professor de Educação Física da escola que inventa uma porção de brincadeiras
adequadas à faixa-etária, cujo objetivo é desenvolver todos os movimentos considerados básicos calcados na
psicomotricidade tais como: andar, correr, trepar, empurrar, puxar, saltar, rastejar, rolar conjugadas com os
considerados superiores como estender, elevar, abaixar, flexionar, oscilar, suspender, inclinar além dos
movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Todos partem da unidade básica do movimento que é o
equilíbrio. Para a psicomotricidade o importante não é o movimento em si, mas a ação resultante desse
movimento que pode ser involuntário e voluntário. O primeiro nascemos com ele e parte dos atos reflexos,
aqueles que o pediatra testa no recém nascido. O segundo é treinado a cada dia obedecendo uma ordem
natural. Por isso a Educação Física na escola deve ter caráter lúdico embora não sejam descartadas as
competições periódicas desde que não se transforme em cobrança exagerada àqueles que se destaquem como
talentos esportivos. A Educação Física escolar tem tanta importância quanto qualquer outra matéria porque
ajuda no desenvolvimento das sete inteligências acima citadas. Numa simples brincadeira a criança pensa,
raciocina, decide, desenvolve estratégias, refaz rapidamente essas estratégias caso saia algo errado, tem noção
de espaço, tempo e lateralidade. Isso facilita as outras atividades em sala de aula tais como ler, escrever, fazer
contas, ouvir e contar suas próprias histórias, desenhar e pintar. Além disso facilita a sua independência
funcional tais como tomar banho, se alimentar e se vestir sozinha escolhendo as suas roupas.
As brincadeiras na aula de Educação Física também têm regras e são modificadas para que o grupo interaja.
É um aprendizado social que funciona e quando existe falha nesse desenvolvimento para mais ou para menos
podemos perceber na vida adulta. Qualquer profissional de Educação Física que ministra aulas de ginástica
localizada ou atividades coreografadas em academia que exijam coordenação motora como, por exemplo, o
step já se deparou com alunos com dificuldades em movimentos bem específicos muitas vezes considerados
simples para a maioria das pessoas. Esses mesmos alunos muitas vezes nos surpreendem executando outras
tarefas mais complicadas levando-nos a concluir que dificuldade em movimentos básicos não define o grau de
inteligência de uma pessoa, pois todas podem reaprender em qualquer idade com ajuda da psicomotricidade.
A Base
Embora a psicomotricidade seja aplicada em qualquer idade e em muitas áreas da saúde é na infância que
ela é fundamental ajudando na formação e na aprendizagem da criança sustentada sobre os pilares emocional,
motor e cognitivo. Respectivamente querer, poder e saber fazer. Essa maturação passa por etapas
dependentes da relação com o mundo interno e externo que ficarão gravadas para sempre.
A criança ao nascer precisa ser tocada com carinho pelos pais e todos em sua volta, pois a comunicação do
recém-nascido com o mundo externo é sensitiva e passa pela satisfação do equilíbrio fisiológico que vão desde
a amamentação até o cuidado com a higiene. A afetividade é parte integrante da psicomotricidade. Alguns
povos têm o hábito de fazer massagem no bebê deixando-os calmos e serenos. A comunicação mais sublime do
bebê é na amamentação, hora em que a mãe precisa estar também calma pois o seu estado emocional nesse
momento poderá repercutir no filho ou filha. O momento da troca da fralda deixando o bebê sempre limpinho
também se traduz em comunicação sensitiva e afetiva construindo um ser humano emocionalmente seguro.
Nesses dias modernos em que a mulher não tem mais tempo e conta apenas com a licença maternidade já
pensando na volta ao trabalho de alguma forma poderá haver uma interferência no desenvolvimento
psicomotor da criança. Em princípio o desenvolvimento da personalidade emocional é fruto do meio social em
que se vive e mais tarde quando presenciamos certos descontroles emocionais e/ou motor em atletas
experientes muitas vezes a raiz do problema pode se encontrar nesses atos simples de trocas afetivas bem ou
mal sucedidas na infância. Sentimentos como medo, raiva, alegria, tristeza, ousadia, energia, desânimo,
eloqüência, apatia, desinteresse momentâneos até com as coisas que lhe dão prazer entre outros pode ter a
ver com a psicomotricidade bem ou mal desenvolvida. Quando esses sentimentos são apenas passageiros
transcorrem dentro da normalidade porque todos nós passamos por isso. Passa a ser problema quando se torna
freqüente interferindo na qualidade de vida das pessoas.
Seguindo o desenvolvimento psicomotor, primeiro a criança engatinha,
começa a se levantar, anda, corre e depois conjuga os mais incríveis
movimentos. Sendo assim, as atividades motoras mais variadas que
desenvolvem a coordenação motora são as mais importantes na fase de
descoberta do próprio corpo. A criança aos 5/6 anos atinge 90 a 95% do
cérebro adulto enquanto o crescimento geral do corpo não atingiu nem a
metade que ocorre pelos chamados "surtos" de crescimento. Nos primeiros
dois anos, as crianças praticamente dobram sua altura, depois aos seis,
crescem mais gradualmente quando aos sete ocorre um breve aumento da
estatura chamado pelos especialistas em de "surto dos sete anos". É
finalmente, na puberdade, que o ser humano define sua altura, último e
definitivo impulso. A atividade física não competitiva, na justa medida
durante toda a infância, entre outros benefícios, estimula a liberação
hormonal e por conseqüência, o crescimento.
O Adolescente
Com erros e acertos o ser humano tem que crescer e vem a
adolescência caracterizada por conflitos. A perda do corpo, identidade e a
atenção infantil muitas vezes despertam nos jovens um sentimento de não
querer crescer especialmente aqueles que tiveram uma infância muito boa
cercada de atenção. Ou seja, uma letargia movida por uma espécie de
saudade da infância e não querer largá-la. Novamente entra em cena a
psicomotricidade como ferramenta de apoio importante na aceitação e reestruturação da vida adulta. É um
contínuo exercício e aprendizagem do certo e errado através da auto-afirmação observação de si mesmo e
decisão do que somos, o que queremos e porque queremos. Como o corpo nessa fase se modifica rapidamente
o adolescente, o espelho é o seu maior amigo ou inimigo. Diante dele faz pose, confere os músculos, faz caras
e bocas de como se comportar nas “paqueras” ou no grupo, vai para a academia tentando ficar forte mais
rápido e tudo o mais. Se não ficar em paz com o espelho três coisas pode acontecer: Se afastar das pessoas e
do grupo podendo culminar com a depressão, correr para as drogas ou entrar em desespero na musculação
recorrendo inclusive às drogas anabolizantes. Como o adolescente também tem a facilidade de buscar ídolos,
melhor que seja o profissional de Educação Física competente para orientá-lo da melhor maneira possível para
que ele se sinta bem com o seu corpo e emocionalmente preparado para ser um adulto saudável.
No esporte também é hora de decidir se vai valer à pena seguir carreira de atleta profissional ou não. A
cobrança da sociedade é grande e as dúvidas também. A atividade física nesse momento, para quem não vai
ser atleta, passa a ter importância na prevenção das doenças e manutenção da saúde física e mental. Um
adolescente que faz atividade física, seja ela qual for, tem mais chance de controlar suas emoções e saber o
que quer na vida simplesmente porque a própria atividade exige disciplina, qualidade fundamental para tudo na
vida de um adulto.
Entretanto, se o adolescente teve a sorte de ser bem orientado na infância tudo vai bem. Para o alemão
psicomotricista André Lapierre, especialista em educação infantil, a primeira e segunda infância é crucial para a
formação da personalidade. Ou seja, a fase em que a criança freqüenta a pré-escola e a escola fundamental.
O Adulto
Agora não tem jeito. É encarar os novos desafios tornando-se
independentes e responsáveis pela sua vida e a de outras pessoas tais como
cônjuges, os filhos e por vezes pais doentes. A estabilidade financeira e o
sucesso profissional tornam-se prioridade. O corpo muitas vezes passa a ser
um apelo social e/ou estético onde ainda é possível haver distorções
podendo ser corrigidas pela conscientização da psicomotricidade. A vida
cercada de responsabilidades e compromissos pode levar algumas pessoas
a abandonar o exercício físico deixando-se dominar pelo estresse, maus
hábitos, e deterioração da saúde. No outro lado da moeda o excesso de
exercício embalado pela estética pode igualmente ser fator de desequilíbrio
físico e mental na busca de um corpo perfeito muito valorizado pela mídia. A
busca do reequilíbrio e auto-conhecimento pode começar pelas terapias alternativas tais como as massagens, o
shiatsu, a reflexologia, o tai-chi-chuan, a ginástica Lian Gong, a meditação e até mesmo a oração. Essas
terapias levam o sujeito ao conhecimento do próprio corpo ajudando a interferir nos processos psíquicos. Como
qualquer terapia o ponto de partida é o querer fazer e reconhecer a necessidade.
A Terceira Idade
Chamada de terceira idade ou melhor idade e talvez última fase que é a velhice vem também cercada de
muitas transformações e perdas por um lado e ganhos por outro. Do lado das perdas vem a diminuição da força
física, da massa muscular, da resistência, da massa óssea, da flexibilidade, a aposentadoria mal sucedida e
alguns amigos que se foram. Do lado dos ganhos vem a experiência a sabedoria o tempo livre de uma
aposentadoria bem sucedida e planejada para aproveitar fazendo só o que gosta e tudo o mais.
Infelizmente boa parcela da sociedade ainda vê o velho como uma pessoa chata, sem assunto e quando os
tem são sempre os mesmos e repetitivos. Com isso, a maioria deles é isolado, quando não abandonados à
própria sorte com suas artrites e doenças do desuso. Embora esse seja um fato real não podemos dizer que a
culpa seja “só” das pessoas à volta do idoso. Boa parte deles, ao longo da vida não cuidou do corpo, “da
cabeça” e do social, fazendo desse processo uma via de mão e contramão.
Uma teoria de Freud dá conta de que a vida do idoso não deixa de ser o resultado de como se investiu da
arte de viver. Ou seja, da capacidade demonstrada de superar os desafios e de se adaptar a novas situações e
realidades impostas pela vida ao longo de várias décadas como, por assim dizer, fosse um treinamento para a
mais importante fase. A terceira idade. As manias e as neuroses tendem a piorar. Se elas não foram bem
“transadas” quando mais jovens, onde a idade era um fator favorável sendo mais fácil “digerir” os problemas,
dos sessenta em diante tudo fica mais difícil.
O idoso pode ter
fragilidade psíquica e física,
mas nem sempre a física é
a mais evidente podendo a
física ser mais uma
conseqüência da psíquica.
Se ele estiver passando
momentaneamente por um
estado carente, com baixa
auto-estima, o menor gesto
de carinho, paciência e
atenção das pessoas que o
cercam, pode alavancar
uma reação favorável. É ai
que entra uma nova ciência
que é a
gerontopsicomotricidade
recuperando a qualidade de
vida de muitos idosos. A
longevidade é uma
conquista também dessa
ciência.
Outro ponto a ser levado em conta é o estado de humor constituindo num exercício contínuo de bem viver.
Um sujeito chato na maioria das vezes ao longo dos anos, na velhice não poderá ser de outra forma. Porque
será que gostamos de alguns velhinhos e de outros não? Porque será que até as rugas de alguns velhinhos são
simpáticas e a de outros demonstram a imagem ranzinza? Vovô e vovó, felizmente ainda representam na nossa
sociedade a imagem do bom velhinho e da velhinha sorridente. Pessoas que aprendemos a gostar ainda na
infância.
Assim como um prédio precisa de boas estruturas, o idoso seguro de si, segundo os especialistas, d epende
de alguns fatores tais como: contato social adequado, ocupação, segurança social e saúde. Representa, por
assim dizer, o pilar de uma velhice saudável e com qualidade de vida.
A psicomotricidade na vida do idoso talvez tenha tanta ou mais importância como na infância. Na infância
por conta da formação do ser humano, na terceira idade por conta da recuperação e/ou manutenção das
atividades funcionais mantendo-o independente pelo máximo de tempo possível. Os índices estão aí para
provar que os idosos adeptos à atividade física regular, à ocupação saudável, à leitura, à escrita, aos trabalhos
manuais entre outras atividades, estão vivendo mais e melhor. Em todas as modalidades esportivas,
especialmente a corrida, as faixas etárias que mais cresceram nos últimos 10 anos, tanto em número de
adeptos como melhores índices de performances foram as superiores a 60 anos.
Conclusão
Como podemos perceber cada fase de nossas vidas tem as suas necessidades na formação e transformação
de um corpo que se movimenta no tempo e no espaço comandado pelo cérebro. A psicomotricidade é a ciência
responsável por fazer esse corpo se movimentar de forma consciente. Cabe a cada um de nós aceitarmos as
limitações impostas em cada fase e tirar o melhor proveito que a vida nos oferece na infância, na adolescência
na vida adulta e na velhice. Só temos essa vida para viver bem e melhor.
Literatura Sugerida:
1) CASTRO, Jeimis Nogueira. A contribuição da relação da Psicomotricidade com a Educação Física na busca de
uma educação plural. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd133/relacao-da-psicomotricidade-com-a-
educacao-fisica.htm Acesso em: 23/11/2009.
2) GONÇALVES, Fátima. Psicomotricidade: uma ciência a serviço da vida. Disponível
em:http://www.psicomotricidade.com.br/sp/texto_psicomotricidade.htm Acesso em: 20/11/2009.
3) LAPIERRE, André & AUCOUTURIER, Bernard. A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educação.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
4) LAPIERRE, André - Entrevista - e.educacional – A Internet na Educação. - Disponível
em:http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0080.asp Acesso em: 21/11/2009.
5) LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, definições e
intervenção profissional. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 13, n. 126, nov. 2008.
6) MONTEIRO, Vanessa Ascenção. A psicomotricidade nas aulas de Educação Física escolar: uma ferramenta de
auxilio na aprendizagem. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd114/a-psicomotricidade-nas-aulas-de-
educacao-fisica-escolar.htm Acesso em: 23/11/2009.
7) MOLINARI, Ângela Maria da Paz & SENS, Solange Mari. A Educação Física e sua Relação com a
Psicomotricidade. Disponível em:http://www.scribd.com/doc/7187756/A-Educacao-Fisica-Relacao-Com-a-
Psicomotricidade Acesso em: 23/11/2009.
8) VELASCO, Gonçalves Cacilda. Aprendendo A Envelhecer.á luz da Psicomotricidade. São Paulo. Editora All
Print. 2005.
9) Terceira Idade. Acesse: http://www.cdof.com.br/idosos9.htm
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A criança que habitualmente prática atividade física obtém:
Aumento de habilidades para satisfação da demanda de atividades do dia-a-dia;
Melhoria de habilidades motoras;
Redução de lesões;
Redução de condições para desenvolvimento de doenças crônicas futuras ligadas ao sedentarismo;
Melhoria da Auto-Estima ;
Melhoria do Senso de Responsabilidade e Grupo;
Melhoria da Auto-Confiança;
Melhoria da Adaptação Social;
Melhoria de Expressão Pessoal e Liberdade;
Um maior desenvolvimento Espaço-Temporal.
Os pais geralmente se perguntam quando colocar um filho para praticar certa atividade física ou esporte ou
qual delas escolher. É importante sabermos e ficarmos atentos para isso, pois devemos acima de tudo,
respeitar não só o gosto pessoal mas a idade de desenvolvimento de nosso filho:
FASES E NÍVEIS DO RENDIMENTO ESPORTIVO
FAIXAS ETÁRIAS
Criança: 7 aos 11 anos.
Pré-adolescência: 11 aos 13 anos .
Fase da puberdade para adolescência: 14 aos 15 anos .
Adolescência: 13 aos 17 anos.
Adulto: 17 aos 25 anos.
(fonte)
Fase Pré-Escolar (2-5 anos): Nesta fase é a chamada fase de movimentos fundamentais da criança. Nela, a
criança aprende Capacidades Físicas importantes como: coordenação , orientação espaço-temporal, equilíbrio,
contato social, rítmo, diferenciação. As atividades escolhidas devem ser ligadas a maior discontração e
liberdade possível. Jamais a criança vai conseguir competir. Ela pratica esporte adaptado como brincadeira e
não deve ser tratada como um atleta.
Fase Universal ( 6-12 anos): Nesta fase ainda não existe um treinamento sério, mas é a fase do maior
desenvolvimento de habilidades, possível, de uma criança. Aqui, ela vai aprender todos os componentes de
rendimento esportivo e todas as capacidades fisicas em geral. A criança aqui, aprende o mais importante, que é
viver em grupo e participar de atividades físicas utilizando Capacidades Físicas Motoras: força , resistência e
velocidade, Capacidades Físicas Coordenativas: diferenciação espaço-temporal, acoplamento, reação,
orientação (noção da distância), equilíbrio, variação, rítmo e ainda Capacidades Físicas Mistas: velocidade e
flexibilidade, dando suporte para que a criança aprenda técnicas esportivas e regras básicas de jogos.
Os pais devem procurar qualquer atividade que a criança se identifique. Mas ainda não é uma fase de
preocupação com competições ou resultados. Certos pais querem que a criança nesta fase se comporte como
um atleta, que é um erro.
Fase de Orientação (12-14 anos) :É a fase de maior interesse por esportes coletivos e competitividade. Nesta
fase a criança desenvolve Capacidades Táticas de esportes (sensorial e cognitiva) , Capacidades Técnicas (do
desporto) e adora viver em grupos. Somente após os 14 anos que pode se esperar da criança uma
especialização esportiva .
Fase de Direção (14- 16 anos) : O Adolescente nesta fase tem as primeiras noções do que é esporte
especializado. Tem contato com treinamento aeróbico e treinamento de força com sobrecarga.
Fase de Especialização (16-18 anos) : Nesta fase o adolescente está pronto para o treinamento esportivo
propriamente dito. Trabalha força, velocidade e resistência de maneira específica para o esporte. Predominando
o volume de treinamento e utilizando os Princípios do treinamento esportivo (pedagógicos, metodológicos,
biológicos, organização e gerenciamento.
Fase de Aproximação (18- 20 anos) : O treinamento nesta fase tem características de sobrecarga dando
condições para o atleta entrar no alto nível. E aos 21 anos ele está no esporte de alto nível.
Segundo WEINECK, Jürgen. Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991, os graus
desenvolvimento da seguinte forma:
Lactante – até um ano
Bebê - de 1 a 3 anos
Pré-escolar – de 3 a 6/7 anos
Primeira infância escolar – 6/7 a 10 anos
Infância escolar tardia – aproximadamente 10 anos
Pubescência - entre 11 a 14 anos para meninas
e entre 12 a 15 anos para meninos
Adolescência – entre 13 a 18 anos para meninas
e entre 14 a 19 anos para meninos
Estágios de Crescimento segundo ACSM, 2001:
Períodos Idade relativa
Infância 1 ano - até pré-puberdade
Pré-puberdade
Meninos - entre 12 e 16 anos
Meninas - entre 9 e 15 anos
Adolescência
Meninos - até 18-22 anos
Meninas - até 15 - 21 anos
Termos utilizados pelo ACSM:
Crescimento: seria o aumetno do corpo em tamanho;subdvide-se em 3 fases:
- Pré-infância: primeiro ano de vida
- Infância: Período do final da pré-infância té o início da adolescência. O final da infância também é chamado de
pré-puberdade
- Adolescência: vai do fim da infância até a fase adulta. O início da adolescência é chamado de puberdade. Esta
fase do crescimento é muito difícil de ser definida cronologicamnte, pois tanto o início como o término é
extremamente variável.
Desenvolvimento: alterações funcionais que ocorrem junto com o crescimento;
Maturação: seria o processo final das alterações funcionais na aquisição da forma adulta. O estado de
maturidade pode ser definido pela idade cronológica, idade ósse e;ou pela maturação sexual.
Treinamento de força na infância segundo WEINECK (1999):
Idade pré-escolar - nesta fase do treinamento de força empregado é diferente do comumente utilizado.
Basta a compulsão das crianças se movimentarem todo o tempo, para que haja um desenvolvimento do
aparelho motor ativo e passivo, e para que haja estímulo suficiente para o crescimento ósseo e
desenvolvimento muscular.
Primeira idade escolar - nesta fase utiliza-se o treinamento dinâmico, em função da baixa capacidade
anaeróbia apresentada pelo organismo infantil e das condições desfavoráveis destes organismo para o trabalho
estático. Em primeiro plano deve estar o treinamento para força rápida.
Idade escolar tardia - nesta fase há um fortalecimento de diversos grupos musculares através de exercícios
com cargas que superam o peso dos próprio corpo.
Pubescência - devido a um grande crescimento longitudinal seguido de uma fase desarmônica das
proporções corporais, nesta fase, a possibilidade de executar exercícios de alavanca é sempre des proporcional
ao potencial de desempenho da musculatura. Nesta faixa etária, a força geral deve ser paralelamente
desenvolvida com a força específica e os seus requisitos próprios do condicionamento. Sendo que a força básica
geral é treinada, através de circuitos, de lutar de empurrar e puxar e de exercícios com bola, corda, etc.
Adolescência - esta é a fase de maior resposta ao treinamento de força onde se observam os maiores
aumentos de força.
CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO INFANTIL
Intensidade: A intensidade da atividade deve ir de encontro também a idade cronológica da criança. É
recomendado pela (AFAA,1995) a utilização de uma Tabela de Percepção de Esforço adaptada (PSE) para
observação do grau de intensidade na aula.
Segundo ACSM:para crianças de até 10-12 anos é difícil de se pensar como parâmetro de intensidade a
FCmáx, pois nesta fase as crianças apresentam menor débito cardíaco. Portanto, uma alternativa aceita seria
a Escala de Borg modificada de percepção subjetiva do esforço.
Frequência: Com a finalidade de causar efeitos de treinamento e condicionamento geral a frequência deve ser
de 2-3 vezes por semana. Devemos levar em conta que as próprias crianças participam em diversas
brincadeiras em momentos de lazer que dependendo do tempo de atividade ,devem ser consideradas .
É importante que os pais saibam que nenhuma criança vai pular fases e que elas devem ser supervisionadas
para saber se não está sendo exigido delas demasiadamente. Crianças frustradas com o esporte tornam-se
adultos sedentários e doentes.
Fonte:
Fitness Theory & Practice - AFAA - 1995 - Segunda Edição - Sherman Oaks, California 91403 - Editor Peg
Jordan, RN
ACSM - manual de pesquisa e diretrizes do acsm para os testes de esforço e sua prescrição. 2003
DIANTE DE TANTOS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA, AINDA É DIFÍCIL DE ACREDITAR QUE
EM NOSSO CONVÍVIO, AINDA EXISTAM PESSOAS DE OLHOS FECHADOS PARA TAL NECESSIDADE . É ATRAVÉS
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR QUE PODEMOS ESPERAR UMA SOCIEDADE FUTURA MAIS ATIVA E SAUDÁVEL.
POR ISSO, VAMOS LUTAR PELA SUA OBRIGATORIEDADE NAS ESCOLAS !
É O MELHOR PRESENTE QUE UMA CRIANÇA PODE RECEBER !
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Infância e adolescência
"Quando vejo uma criança, ela me inspira dois sentimentos; ternura pelo que ela é, respeito pelo que poderá
ser". Piaget.
Características ou particularidades da infância (Desenvolvimento)
Aproximadamente aos 6 anos de idade já encontra-se 90% a 95% do desenvolvimento físico do cérebro, a
coordenação motora e as habilidades desportivas múltiplas devem ser estimuladas neste período ao máximo,
por meio de jogos e brincadeiras, exatamente pelo fato do cérebro estar pronto a receber um gama
inimaginável de informações.
"Os jogos favoritos incluem correr para pegar outras crianças, esconder e achar, procurar objetos que estão
faltando e jogos de adivinhação. Certas regras vão se tornando necessárias. Estão ligadas ao tipo de jogo e não
a quem vence ou perde". Piaget
As atividades de caráter psicológico e físico variadas, são o estímulo para produzirem caminhos mentais, e
serem armazenadas as informações no cérebro. Estas informações serão exigidas no futuro em situações
complexas do jogo facilitando a aprendizagem e caracterizando a prontidão motora esportiva. Devemos lembrar
que as atividades para as crianças são completamente diversificadas e diferentes os objetivos, quando
relacionadas às atividades físicas para os adultos, que comumente são atividades voltadas para a performance.
"As crianças tem estruturas mentais diferentes das dos adultos. Não são adultos em miniatura; elas tem seus
próprios caminhos distintos, para determinar a realidade e ver o mundo". Piaget
A condição física a ser atingida esta em momento ótimo, mas com óbvios limites de rendimento máximo;
limite o qual não deverá ser exigido em treino, as atividades físicas devem possuir objetivo lúdico, educacional
e não competitivo.
"A atividade esportiva precoce terá tanto melhores condições de se fazer educativa quanto mais próxima ficar
do jogo e mais se afastar da rigidez do treinamento". Revista Sprint, ano IV (2)
As atividades competitivas visam alto rendimento, possuem uma estrutura muito complexa para ser
compreendida pela criança. Na realidade social momentânea do jogo competitivo esta a tarefa de vencer, e o
fato de que sempre existe um perdedor, para a criança esta realidade é pouco aceita e freqüentemente
desperta sentimento depressivo e provoca choro. Caso a criança seja intuitivamente competitiva esta deverá
ser conduzida ao esporte competitivo, caso contrário não deve ser forçada a competir. Respeitar a condição
natural humana é o principio para o equilíbrio interior e interpessoal.
"Perder pode provocar cenas, agressão e choro. Isto não significa que as crianças não possam tolerar não ser
as primeiras na maioria de suas atividades, mas nos esportes e nos jogos elas necessitam de ajuda para
aprender a perder esportivamente. Piaget
Outro detalhe importante desta fase do crescimento infantil, relaciona-se à não uniformidade do crescimento
corporal, observa-se um amadurecimento na seguinte ordem: pés e mãos, pernas e antebraços e por ultimo
coxas e braços. Os jogos e brincadeiras desenvolvidos pelo professor, devem seguir o principio da maturação
física da criança.
O metabolismo das crianças é muito elevado e em torno de 20% a 30% maior que do adulto gerando a
necessidade de maior ingestão e balanceamento de nutrientes alimentares, assim como da regularidade na
oferta de alimentos. As necessidades protéicas também são elevadas 2.5 gramas de proteína por kg de peso
corporal dia.
O não treinamento da força é justificado pelo baixo nível de testosterona, pela baixa capacidade das fibras
musculares utilizarem o metabolismo glicolítico ou anaeróbio (fibras brancas), em contra partida o metabolismo
aeróbio ou oxidativo é mais elevado e predominante, justificando atividades de baixa intensidade e longo
período de duração.
Dos 5 aos 7 anos (fase pré escolar) há um elevado instinto de movimento e vivência lúdica, uma grande
curiosidade pelo desconhecido, afirmando a necessidade de experiências múltiplas motoras, as mesmas são
intrínsecas e evidenciadas nos jogos.
"A competição em jogos e no trabalho virtualmente não significa nada para as crianças do estágio do
pensamento intuitivo. Elas tem uma idéia muito limitada do significado de ganhar ou perder ou de superar os
outros. Cada criança trabalha ou joga para si mesma, pelo prazer da atividade. Ela não joga contra os outros.
Piaget.
A capacidade de concentração da criança é de aspecto médio a baixo, os jogos devem levar em consideração
esta realidade, jogos longos e de raciocínio lógico devem ser introduzidos de maneira lenta e gradual aos
grupos de crianças. Os jogos e as atividades que promovem o raciocínio intuitivo devem ser vivenciados ao
máximo, visto que a criança esta em plena fase intuitiva, as deduções das crianças não podem ser
menosprezadas, coibidas ou repreendidas pelos adultos.
Dos 7 aos 10 anos (idade escolar) há um despertar por atividades físicas esportivas, desenvolve-se
naturalmente uma atitude otimista em relação aos jogos, assimilação rápida de conhecimentos e habilidades,
mas há um baixo nível de fixação de movimentos, há neste período a preocupação por um gesto ótimo e os
movimentos devem ser repetidos diversas vezes.
"Não deve haver uma preocupação determinante pela competição esportiva, que, quando existir deverá ser
restrita ao ambiente escolar e, se possível sem espectadores, principalmente os pais". Pini
Desenvolvimento mental
O desenvolvimento mental humano é influenciado por quatro fatores inter-relacionados e abaixo enumerados:
1. Maturação: amadurecimento físico especialmente do sistema nervoso central.
2. Experiência: manipulação de objetos, movimentos corporais e pensamentos sobre os objetos concretos e
processos de pensamentos que os envolvem.
3. Interação social-jogos, conversas e trabalho com outros indivíduos especialmente outras crianças.
4. Equilibração é o processo de reunir maturação, experiências e socialização de modo a construir e reconstruir
estruturas mentais. Jean Piaget
Estágios do desenvolvimento
Estágio Idade
Pensamento intuitivo 4 a 7 anos
Operações concretas 7 a 11 anos
Operações formais 11 a 15 anos
Iniciação esportiva
Deverá possuir uma característica geral quando da passagem da criança pela fase pré-escolar (4 a 7 ) e
escolar (7 a 10 anos de idade); a característica especializada deverá estar inserida no contexto do segundo
ciclo escolar (12 a 15 anos de idade).
Pini
"Uma criança é sempre uma criança onde quer que possa estar. Mas uma criança só é criança por uma vez... E
alguns dizem que se ela não for criança que é ajudada a crescer, então ela poderá não ser o adulto que poderia
ter sido ... Flinchum
Adolescência
Características ou particularidades da Adolescência
Conceito:
"Período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizada por intensas modificações físicas,
psicológicas e sociais".
"Período de mudanças fascinantes e ampliações de interesse onde ocorrem sensíveis transformações psíquicas
e orgânicas". Gioia & Rodrigues
A adolescência pode ser dividida didaticamente para estudo da seguinte forma:
Pubescência Vai dos 10 a 12anos e 12 a 14 anos
Puberdade Vai dos 12 a 14 anos e 14 a 16 anos
Pós-puberdade Vai dos 14 a 16 anos e 18 a 20 anos
Dos 10 aos 12 anos (Pubescência):
O crescimento anual é em torno de 10 cm, com um acompanhamento no peso corporal de 9.5 kg em média. Já
na puberdade o crescimento anual decresce e fica entre 1cm e 2 cm ao ano, assim como o peso corporal situa-
se em torno de 5kg. Na ultima fase do desenvolvimento caracteriza-se por atingir a estatura máxima do
indivíduo.
Na Pubescência constata-se a melhor idade para a aprendizagem motora com melhorias nos níveis de força,
rápida maturação morfológica e funcional, maturação labiríntica. A união destes elementos dá condições ao
pleno desenvolvimento motor.
Dos 12 aos 15 anos (Puberdade):
Observamos uma grande variação no comportamento psicológico com uma grande instabilidade emocional,
apesar do alto nível intelectual. Fisicamente encontramos um desenvolvimento caracterizado pelo aumento de
peso corporal e estatura, esta fase vem acompanhada da incoordenação motora e por um desinteresse
competitivo, apesar de estar na idade de treinabilidade altíssima.
Há uma grande necessidade de vivência em grupo, assim como, uma necessidade de auto realização no grupo
ao qual o jovem esta inserido. O aumento brusco dos níveis de testosterona e irrupção da sexualidade são
identificados.
"Nas reações entre as pessoas, todo homem é um fim em si mesmo e não deve jamais ser convertido em meio
para os fins de outro homem". Erich Fromm
Dos 15 aos 19 anos (Pós-puberdade):
Há uma harmonia das proporções corporais acompanhada da melhoria da coordenação motora e com óbvios
reflexos sobre a plasticidade esportiva. Fixação da aprendizagem geral em limites ótimos, assim como
encontra-se um pleno equilíbrio psíquico. Visualiza-se uma grande e aprimorada modelagem da personalidade e
com um nível intelectual aumentado e ainda em desenvolvimento nesta fase.
Aumento mais expressivo sobre a força muscular, possivelmente provocada pela estabilidade e regularização
hormonal e psíquica, culminando na treinabilidade máxima possível.
Final
A grande preocupação dos profissionais envolvidos nas atividades esportivas de competição baseiam-se nos
índices de violência; é um desafio mantê-los baixo ou sob controle. As competições entre adolescentes deve
estar livre de qualquer estímulo de agressão contra o oponente.
Deve-se cultivar uma atmosfera de competição com estímulo ao companheirismo de equipe e as habilidades
motoras e esportivas. O respeito à integridade do oponente nunca deve ser esquecido.
" O fato é que o esporte competitivo estimula uma grande carga de agressão". Erich Fromm
"O que produz, amiúde, agressão no âmbito do esporte é o caráter competitivo do evento, cultuado num clima
social de competição e ampliado pela comercialização generalizada". Erich Fromm
"A alegria esta na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, não na vitória propriamente dita". Gandhi
"Não tenho nada de novo apenas o jeito de caminhar" Thiago de Melo
Prof. Luiz Carlos Chiesa: Graduado pela UFES/81; pós-graduado em treinamento desportivo UNIVERSO/99;
autor dos livros: Musculação:uma proposta de trabalho e desenvolvimento humano, editora da UFES, 1999 e
Musculação aplicações práticas: técnicas de uso das formas e métodos de treinamento, Shape editora, 2002.
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADENOPROCESSODE APRENDIZAGEMINFANTIL1
AndrezaFerreirade S.Oliveira2José Martinsde Souza3 RESUMO A psicomotricidadetorna-se
um assuntomuitasvezesdesconhecidopelospaise profissionaisdaeducação.Muitosestudos
são desenvolvidosacercade suarelaçãocom a aprendizagem,entretanto,nãosãodivulgados
nemoferecidosemformade treinamentooureciclagemparaoprofissional doensino.Estima-
se que a partirdo conhecimentosobre psicomotricidade,tantoospaissaberãodesenvolvere
analisaro movimentocorporal de seusfilhos,quantoosprofessores,nonível de
desenvolvimentocorporal maiselevadodacriança,saberãotrabalharcom o alunopropondo
exercíciossatisfatóriosparaoprocessode aprendizagem.Ofatoé que a ciênciadomovimento
constitui-se umaimportanteferramentaparadesenvolveracapacidade postural,umaimagem
mental docorpo e,por conseguinte,trabalharointelectual dacriança,umavezque corpo e
mente sãointimamenteligadosnoserhumano.Opresente projetovisa fazerum
levantamentobibliográficosobre asfasespsicomotorasprocurandoconceituá-las,associando-
as com a aprendizageminfantil afimde corroborara relevânciadapsicomotricidadenesse
processo. PALAVRAS-CHAVE:Psicomotricidade,aprendizagem, criança.ABSTRACTThe
psychomotorbecomesanissue oftenunknowntoparentsandeducationprofessionals.Many
studiesare developedaboutitsrelationshiptolearning,however,are notdisclosednor
offeredinthe formof trainingor retrainingforprofessionalteaching.Itisestimatedthatfrom
the knowledge of psychomotor,bothparentswillknow todevelopandanalyze body
movementof theirchildren,the teachers,the level of developmenthigherbodyof the child
will knowthe studentproposingtoworkwithexercisessuitable forthe processlearning.The
fact isthat the science of motionisan importanttool isthe abilitytodevelopposture,a
mental image of the bodyand therefore the child'sintellectual work,sincebodyandmindare
closelylinkedinhumans.Thisprojectaimstoreview the literature onthe stage looking
psychomotorconceptualize them, associatingthemwiththe children'slearninginorderto
corroborate the relevance of psychomotorthisprocess. KEY-WORDS:Psychomotor,learning,
child.1 Artigoapresentadoaocurso de Pós-graduação“LatoSensu”emGestão Escolar
Orientaçãoe SupervisãodasFaculdadesIntegradasde Ariquemes –FIAR.2 Psicopedagoga,
Professoraorientadora,docente dasFaculdadesIntegradasde Ariquemes- FIAR3Pedagogo
discente docursode Pós-Graduação“Lato Sensu”emGestão Escolardas Faculdades
Integradasde Ariquemes - FIAR2INTRODUÇÃOA psicomotricidadepossui váriosconceitos.
Muitosdelesaté confundidosentreaspessoasque acreditamserapenasalgorelativoao
movimentocorporal.Narealidade,oconceitode psicomotricidade vai muitoalémdasimples
movimentaçãodocorpo,umavezque contribui de maneirasignificativaparaa formaçãoe
estruturaçãode todo o esquemacorporal.Elapode serdefinidacomoa consciênciade que
corpo,mente e espíritoestãointimamenteconectados,mediante aação.A afetividadee a
formaçãode personalidade dacriançatambémestãoassociadosàpsicomotricidade.Algumas
atividadesproporcionamàscriançasa criação e a interpretaçãodomundoemque vivem, e
exatamente porissoé sempre aconselhável oensinomedianteatividadeslúdicas,jogospara
trabalharo desenvolvimentomotore desempenharumaaprendizagemeficiente.Destarte,
não se pode reduziroconceitode psicomotricidadeapenascomoamovimentaçãoparao
desenvolvimentodocorpo,poiselatambémé responsávelpelodesenvolvimentodamente e
até mesmodocomportamentodacriança.Por isso,a abordagemda psicomotricidade na
aprendizagemé importante,poiselaexplicacomoa criança buscaexperiênciascomseu
própriocorpo,sejapara movimentar-se,sejaparase expressar.Asatividadesrecreativas,
lúdicase que respeitemogostodacriança proporcionambemestar,favorecemo
desenvolvimentocorporal e mental,melhoramaaptidãofísica,a socialização,acriatividade,
dentre outrosfatoresimportantesparaaaprendizagem.Sãoexemplosde atividadesfísicas
que promovemumbomequilíbriopsicológicoe emocional nacriança:rolar,balançar,dar
cambalhotas,se equilibraremumpé só, andarpara oslados,equilibrare caminharsobre uma
linhanochão, etc.Entretanto,nosdias de hoje,comtantosaparatos tecnológicostaiscomo:
jogosvirtuais,internet,TV,dentre outros,vivemossituaçõespreocupantesacercada
promoçãode atividadesrecreativas.Elasestãosendosubstituídasporoutrasatividadesque
não proporcionamosmesmosbenefíciosfísicos,psicológicose sociaisque asantigas
brincadeiras.Esse é opontode partidapara a problemáticaque envolve oobjetodesta
pesquisasobre aimportânciadapsicomotricidadenoprocessode aprendizagem:umamaior
divulgaçãosobre oassuntocom o intuitode 3 orientarpaise profissionaisdaeducaçãono
desenvolvimentoemocional,psicológico,corporal e intelectual de seusfilhose alunos.Éfato
que a psicomotricidade é importante paraa vidadohomem, e é exatamente porisso,que
torna-se aindamaisimportante procurarentendere analisarasdefiniçõesparaessaciência,a
fimde ensinarcomoaplicá-lasemsituaçõeseducacionaisfundamentais.O conhecimentoa
respeitodapsicomotricidade paraoprofissionaldaeducaçãoé indispensável,apesarde que,
muitasvezesé ignorado,poissuafilosofiaestimulatraçarum perfil psicológicodoaluno.Os
jogosde quebra-cabeça,encaixes,dominóe outros,trabalhamapsicomotricidadeafimde
levara criança a conclusõeslógicas.Osjogosque exigemumpoucomaisde esforçofísico,
como é o caso das atividadesfísicas,futebol,vôlei,entreoutros,levamacriançaa perceberos
diferentesmovimentosde seucorpoe sentirosbenefíciosque cadaatividade pode lhe
proporcionar.Comomencionadoanteriormente,apsicomotricidade estácompletamente
ligadacom a aprendizagem.Este fatopode serexplicadousandocomoexemploopróprio
desenvolvimentodacriança,onde elavai aprendendogradativamentease movimentare a ter
domíniosobre seuprópriocorpo.É feitaentão,umaanálise dodesenvolvimentomotorda
criança que é divididaemquatroestágios.Necessáriose fazcompreenderessesestágiospara
um melhoracompanhamentodesde osprimeirosdiasde vidadacriança até o quarto estágio,
onde a criança já terá acimade 12 anosde idade.A psicomotricidade torna-seumassunto
muitasvezesdesconhecidopelospaise profissionaisdaeducação.Muitosestudossão
desenvolvidosacercade suarelaçãocom a aprendizagem,entretanto,nãosãodivulgadosnem
oferecidosemformade treinamentooureciclagemparaoprofissionaldoensino.Estima-se
que a partir do conhecimentosobre psicomotricidade,tantoospaissaberãodesenvolvere
analisaro movimentocorporal de seusfilhos,quantoosprofessores,nonível de
desenvolvimentocorporal maiselevadodacriança,saberãotrabalharcom o alunopropondo
exercíciossatisfatóriosparaoprocessode aprendizagem.Ofatoé que a ciência domovimento
constitui-se umaimportanteferramentaparadesenvolveracapacidade postural,umaimagem
mental docorpo e,por conseguinte,trabalharointelectual dacriança,umavezque corpo e
mente sãointimamenteligadosnoserhumano.4Exatamente porisso,a justificativadessa
pesquisafunda-se empropagaroconhecimentoacercadapsicomotricidade que podeser
usada comotécnicapara umbom desenvolvimentocorporal e intelectualdacriança,uma vez
que estárelacionadacomo processode aprendizagem.Paraodesenvolvimentodapresente
pesquisafoi implementadaaestratégiade levantamentobibliográficoe análise dosmesmos.
Foi adotadoo métodoexpositivoargumentativoonde foramevidenciadosconceitosde
psicomotricidade,aprendizageme arelaçãoentre eles.Inicialmentefoi feitoolevantamento
bibliográficocomopropósitode se investigarasexperiênciasacercada psicomotricidade,
conceituando-a,retratando-aemfases,elucidandoohistóricode pesquisasrealizadassobre o
assuntoe bemcomo,abordandoa própriahistóriada ciênciadomovimento.Naseqüênciaao
levantamentobibliográficofoi retratadocomose dáo processode aprendizagemnacriança,
abordandoum dosmaisimportantesteóricosnessaárea:Piaget,que estudao
desenvolvimentodopensamentodacriançade formacompletamenteindependentedo
processode aprendizagem.Posteriormente,foi realizadaaanálise darelaçãoentre os
conceitosdapsicomotricidade e oprocessode aprendizageminfantil.Subtende-se que o
profissionaldaáreada educação ouaté mesmoospaisque possuamconhecimentosobre a
psicomotricidade,saberãoestimularodesenvolvimentofísicoe intelectual dacriançade
formacontundente,tornado-aumadultosaudávele capaz.Destaforma,torna-se
imprescindível oestudosobre oobjetoaque se destinaa pesquisaemquestão,que visa
conceituar,explicare orientarsobre osfatoresda psicomotricidade que auxiliamna
aprendizagemdacriança.1 A PSICOMOTRICIDADEE SUAS ATRIBUIÇÕESA psicomotricidade
pode serdefinidacomoa ciênciaque estudao homematravésde seucorpoem movimento,
suas relaçõesinternase externas.Seuestudoestáligadoatrêspremissasprincipais:o
movimento,ointelectoe oafeto.Destarte,apsicomotricidade temfortesrelaçõescomo
processode aprendizagem.(A PSICOMOTRICIDADE,online,2011).5 O conceitode movimento
tambémnão pode serreduzidoapenasaosimplesatode se movimentarsemintençãoou
consciência.Nessaperspectiva,omovimentohumanoé construídoa partirde um objetivo,ou
seja,todomovimentoestárelacionadocomaconsciênciaouo ato de pensar.Interessante é
que nemsempre nosdamosconta disso,comopor exemplo,quandoestamosandando,
pensamosparaandar, aonde ir,quaismovimentosse adiante ouatrás,maso nossocérebro
trabalhatão rápidonessastarefasdiáriasque nósnemnosdamos conta de que andamos
porque pensamos.Emoutraspalavras,o movimentohumanoconstitui-seumaatitude um
comportamento.Oestudodasetapasde desenvolvimentomotordacriança mostra que o
movimentoé umadasprimeirasaprendizagensque acriançapassa a ter,desde o primeiro
estágio,que vai de 0 a 6 mesesde idade.Com6mesesde idade a criança geralmente aprende
a sentar-se.A evoluçãodessasetapas,que sãodivididasemquatroe compreendema fase
desde 0 a 8 anosde idade,torna-se relevanteparaosestudosdapsicomotricidade,umavez
que previne problemasdaaprendizageme reeducaotônus,a postura,a laterialidade e o
ritmo.(BARRETO,2000). A aprendizagemapartirdoestímuloao movimentodacriançaé
satisfatório,poistrabalhandoasfunçõesmotoras,perceptivas,sócio-motorase afetivas,
possibilitaacriança explorarambientes,expressar-se commaiornaturalidade,experimentar
situaçõesconcretasque desenvolvemoseuintelecto.A educaçãotrabalhadacomas técnicas
da psicomotricidadefazcomque a criança sejacapaz de tomarconsciênciade si mesmae do
mundoque a cerca. O psicomotricistaé oprofissionaldaáreado movimentoe pode atuarnas
áreas da educação,consultoria,pesquisa e clínica.O trabalhodesse profissional pode ser
avaliativooupreventivonostranstornosde integraçãosomato-psíquicae daretrôgenese,
podendoatenderpúblicodiferenciadoque vai desdeumacriançaemfase de desenvolvimento
até a 3º idade.Seutrabalhotambémé focadopara portadoresde necessidadesespeciais
englobandoasdeficiênciassensoriais,motoras,mentaise psíquicas.Paraumamelhor
compreensãodasatribuiçõesdapsicomotricidade,necessáriose fazelucidaramotricidade e
seudesenvolvimento.A motricidadeouaatividade muscularpossui váriasfasesde
desenvolvimento,como,afase dodesenvolvimentomotor,ada organizaçãopsicomotoraque
aparece na infânciae a da estruturaçãoda imagemdocorpo que compreendemoperíododa
pré- 6 adolescênciae adolescência.Oestudodamotricidade é tambémdivididoemquatro
níveis:oprimeiroque corresponde aetapadocorpo submisso,osegundo,pertinente aetapa
do corpo vivido,oterceirorelativoàetapado corpodescobertoe o quartoque corresponde à
etapado corpo representado.Essadivisãoemníveiscompreendedesdeafase de movimentos
involuntáriosdocorpodos bebês,chegandoaté afase por voltados5 a 6 anos,quandoa
criança já poderácontrolarvoluntariamente seusmovimentos.ParaLe Boulch (1999, p.19), a
criança desenvolve umaimagemmentaldocorpo,a partirda aprendizagempraxicológica,
somente quandoatinge aidade de 10 a 12 anos.Em outras palavras,a percepçãomental do
corpo da criança é importante,poissomente atravésdelaé que se desenvolveráaintervenção
voluntárianoperfeitodesenvolvimentode umapráxi.Dessamaneira,Le Boulch(1999, p. 19)
apontauma distinçãoentre percepçãovisual docorpoe percepçãosinestésica:Muitosautores
identificamaimagemdocorpo apenasa seuscomponentesvisuais.A utilizaçãodo“teste do
boneco”para descobrironível de estruturaçãodo “esquemacorporal”corresponde aesta
hipótese.Aosdadosvisuaisdevemserassociadosaosdadossinestésicoscujooaparecimento
na consciênciapressupõeo jogoda funçãode interiorização.Diante doexposto,aconcepção
do desenvolvimentomotorcompreende atodaa fase de percepçãoemque a criança é
acometidaaté a sua fase de pré- adolescênciaquandoamesmaaprende de formacompletao
controle voluntário.Ourofatorelevante aserressaltadosobre odesenvolvimentoda
motricidade é asua relaçãocom o desenvolvimentodasfunçõesmentais.A partirdos3 anos
de idade,a criança passaa terum conhecimentomaisobjetivoe menosafetivodarelação
entre o mundoexteriore ela.Anterioraessaidade,que Piagetdenominoude fase da
inteligênciasensório-motora,torna-sepraticamente impossível afirmaroque é motor,afetivo
ou intelectual.Dessemodo,amotricidade passaentãoadesempenharumaspectocognitivo.
Nessaperspectiva,umaboaconcepçãopsicomotorae oacompanhamentode seu
desenvolvimentonacriançasão imprescindíveisparagarantirum7 desenvolvimento
harmoniosoe até mesmoumbom equilíbrioemocional.Issoexplicaosinúmerosestudos
acerca da psicomotricidade.1.1A HISTÓRIA DOS ESTUDOS SOBRE PSICOMOTRICIDADEOs
estudossobre psicomotricidadeiniciaram-se noséculoXIXcomMaine de Biran que jádefendia
a teoriade colocar o movimentocomoumcomponente essencialnaestruturaçãopsicológica
do eu.Entretanto,háindíciosque Aristóteles(384-322 a.C.) já tratava sobre o dualismocorpo
e alma,quandodefendiaque ohomemerafeitode umacerta quantidade de matéria(corpo)
moldadanumaforma (alma).(MELLO,2006). Conforme Negrine(1995, p.33) apudAmeidae
Tavares(2008, p. 07), “a psicomotricidadetemsuaorigemnotermogregopsyché,que
significaalma,e noverbolatinomoto,que significamoverfrequentemente”.Diante disso,
pode-se inferirque osindíciossobre osestudosdapsicomotricidade háalgunsséculosantes
de Cristosão verdadeiros.Emoutraspalavras,ohomemsempre procuroudesvendaros
mistériosde seuprópriocorpo.Mesmoque osconceitosda psicomotricidade játenhamsido
difundidoshátantosséculos,otermopsicomotricidadesó foi usadopelaprimeiravezem
1900, por Wernikparaconceituaruma patologiadenominadadebilidade motora.A esse
respeito,corroboraLussac:Historicamente otermo„psicomotricidade‟aparece apartirdo
discursomédico,maisprecisamente neurológico,quandofoi necessário,noiníciodoséculo
XIX,nomearas zonasdo córtex cerebral situadasmaisalémdasregiõesmotoras(LUSSAC,
2008, p.03).A partir destasdescobertas,passamaserobservadasinúmerasdisfunçõesgraves
semque o cérebroestejalesionado,ouseja,foi descobertaumasérie de doençasvinculadas
às atividadesgestuaise atividadespráxicas.Até então,osmédicosusavamosistema
“anátomo-clínico”que relacionavaossintomasdopaciente compossíveislesõesfocais,
entretanto,esse métodojá nãopodiaexplicaralgunsfenômenospatológicos.Foi entãoque
surgiuo termo“psicomotricidade”,em81870, pelanecessidadede encontrarumaáreaque
expliquecertosfenômenosclínicos(SBP,2003 apud LUSSAC,2008, p.03). Posteriormente,
muitosautores dedicaram-seàspesquisassobre odesenvolvimentomotore suasrelações
com o intelecto,taiscomo:Claparéde,Montessori,Schilder,Gesell,Wallon,Piaget,
Ajuriaguerra,dentre outros.Nosestudosde ArnoldGessel,foramanalisadasemcriançasa
cada ano de idade completadoporelas:ascaracterísticas motrizes,acondutaadaptativa,a
linguageme aconduta pessoal- social.JáHenri Wallontrabalhoujuntamente comPiaget,
grande nome da maisconceituadaescoladaPsicologiaGenéticanaépoca.Ambos
identificaramtrêstiposde movimentoschamados:passivoouexógeno,autógenoouativoe
deslocamentode seguimentoscorporaisoudasfrações.Entretanto,seuestudomaisrelevante
compreende afunçãotônicada musculaturae sua relaçãocom a esferaemocional (MELLO,
2006). Piagetficoumaisinteressadodasucessãode estágiosque precedemopensamento
lógicodoadulto,utilizandoumgrande númerode termosbiológicosparaexporseus
resultados,ganhouextremarelevânciasuasteoriassobre organização,que ele define como
algonecessárioemqualqueratovital,e aadaptação que ele acreditaterduas funções:a
assimilaçãoe a acomodação.A principal teoriade Piagetonde ele divideosestágiosde
desenvolvimentoemquatroperíodos:osensório-motor,opré-operacional,operações
concretase operaçõesformais,estãodiretamente relacionadoscoma psicomotricidade
(MELLO, 2006). No períodosensório-motor,assignificaçõesque permeiamopensamento
humanoestãoassociadasàs utilidadesdasações.Portanto,assignificaçõesnadamaissãoque
os resultadosde assimilaçõesde objetosaesquemasjáformados,ouseja,frutode
interpretações.Nonível pré-operatórioe aindanoperíodosensóriomotor,osignificadode
um objetoconstitui aoque podemosfazercomele,pensare dizersobre ele (PIAGET,1989, p.
148 apudROSA,2004, p.57).Trataremos com maisdetalhessobre osestágiosde Piagetno
capítuloposterior.Conforme Costallatetal (2002, p.13),a históriadapsicomotricidadeno
Brasil segue ospassosda Escola Francesa:Os estudosde Dupré e Charcot originadosdavia
instintoemocional–a busca às respostasdascrianças com dificuldadesescolares –nortearam
9 tambémoscientistassul-americanose brasileirosaencontrarem, naFrança,o refúgiopara
suas dúvidas.Eraclara e nítidaa influênciadaEscolaFrancesade PsiquiatriaInfantil e da
Psicologianoiníciodoséculonomundotodo.As mudançassócio-culturaisprovocadaspelo
pós-guerraapresentavamumquadrode dificuldadespsicocognitivas.Destaforma,surgiua
necessidadede progredirnosestudospertinentesàaprendizagem,focarasciências
psicológicase pedagógicas.NaEuropa,ascrechesatendiamasnecessidadesde umasociedade
industrial aomesmotempoque serviade laboratórioparaospesquisadoresdaárea da
aprendizagem.NoBrasil,oprocessode valorizaçãodosestudospedagógicose psicológicos
ocorreuum poucomais tarde.De acordo com Lussac (2008), o neuropsiquiatraDupré,em
1909, cumpre um importante papel nocampodapsicomotricidade,poisafirmaa
independênciadadebilidademotora.Poroutrolado,André Thomase Saint-Anné Dargassie,
nesse período,iniciaramosestudossobre otônusaxial.Posteriormente,omédicopsicólogo
HenryWallon,associa,emseusestudos,omovimentohumanoe aconstrução do psiquismo.A
teoriade Wallonfoi de sumaimportância,poispermite relacionaromovimentodocorpocom
a afetividade,aemoção,aomeioambiente e aoshábitosdoindivíduo.Em1935, o exame
psicomotor,desenvolvidopeloneurologistaEdouardGuilmain,possibilitavadesde o
diagnóstico,aindicaçãoterapêuticae oprognósticodadebilidademotora.Todosesses
estudoscontribuíramparaos avanços da psicomotricidade,bemcomo,atornaramuma
disciplinaespecíficae autônoma.A partir dosanos 70, o Brasil recebe a visitade pesquisadores
estrangeirosparaministrarcursos,palestrase formarosprofissionaisbrasileiros.A esse
respeitocorroboraLussac(2008, p. 4): Em 1977 é fundadoo GAE, Grupode Atividades
Especializadas,que veiopromoverapartirde 1980 váriosencontrosnacionaise latino-
americanos.OPrimeiroEncontronacional de Psicomotricidadefoi realizadoem1979. O GAE é
responsável pelaparte clínicae o ISPE,InstitutoSuperiorde Psicomotricidade e Educação,
destinadoàformaçãode profissionaisempsicomotricidade,se dedicaaoensinode aplicações
da psicomotricidadeemáreasde saúde e educação.Em 1982, o ISPE-GAErealizaovínculo
científico-cultural comaEscola Francesaatravésda exclusivaDelegaçãoBrasileiradaOIPR -
OrganisationInternationale de Psychomotricité etde Relaxation.A SBP - Sociedade Brasileira
de Psicomotricidade,entidadede carátercientífico-cultural semfinslucrativos,foi fundadaem
19 de abril de 1980 com o intuitode lutarpelaregulamentaçãodaprofissão,uniros10
profissionaisdapsicomotricidadee contribuirparao progressodaciência,promovendo
congressos,encontroscientíficos,cursos,entre outros.Nesse panorama,odesenvolvimento
dos estudossobre apsicomotricidadenoBrasil deslanchou-se e osavançosforam
significativos,comoporexemplo,oreconhecimentodadiferençaentre posturareeducativae
uma terapêutica,oque passoua valorizarmaisosaspectosemocionaise afetivosparaas
intervençõesdapsicomotricidade.Outroteóricode imensurávelimportânciaparaosestudos
da psicomotricidadefoi Ajuriaguerra,que lançousuaprincipal obra,nadécadade 50, com o
títulode Manuel de Psychiatre de I‟Enfantque abordavao embasamentoteóricode umcurso
de medicinadirigidoaosestudantese aoscolaboradoresdacadeirade Psiquiatriae doServiço
Médicoe Pedagógicode Genebra.Este livroé importante poistrazdiversostemastaiscomo:o
desenvolvimentoinfantilsegundoaPsicologiaGenética,avidasocial da criança e do
adolescente,osproblemasgeriasdodesenvolvimento,osproblemasgeraisdadesorganização
psicobiológicadacriança,a organizaçãopsicomotorae seusdistúrbios,aorganizaçãoe a
desorganizaçãodalinguagemnacriança,a evoluçãoe os distúrbiosdoconhecimentocorporal
e da consciênciado“eu”,as grandessíndromes:psicosesinfantis,organizaçõesneurológicas
infantis,doençaspsicossomáticas,dentreoutros.ConformeMello(2006,p. 29), justamente
por tratar dessadiversidadede assuntosrelacionadosaodesenvolvimentodacriança, e,
passadostrêsdécadasdo lançamentodaprimeiraediçãodoseuManual de PsiquiatriaInfantil,
Ajuriaguerracontinuasendoumdosautoresmaiscitadosnostrabalhospertinentesao
desenvolvimentoinfantil.Outraobraque contribuiuparao iníciodos estudossobre
psicomotricidadefoi oTratadode Psicologiadosautoresfranceses:Gratiot-AphaderyeRenné
Zazzo.A partir dolançamentodesse livro,e posteriormentedomanual de Avaliação
PsicológicaorganizadoporRenné Zazzo,váriosoutrosautoresdedicaram-se aosestudosdo
desenvolvimentodacriançaconsiderandoomovimento.De acordocomCostallatetal (2002,
p. 14), “JeanLe Boulch,Fraisse e Stern,se preocupavamcomo ritmotempoe espaço,noções
sequerpensadascomoimportantespelospsicometristas”.Essapreocupaçãocontribui
bastante para os estudosrelativosàpsicomotricidade.11É irrefutável ainfluênciafrancesa
nos estudosbrasileirossobre odesenvolvimentoinfantil,focandoosaspectosda
psicomotricidade.Nesse panorama,é relevanteapontarAntônioBrancoLefréve que organizou
a primeiraescalade avaliaçãoneuromotoraparacrianças brasileiras.Nestaépoca,é fundada
emIbirité,MinasGerais,oprimeirocentroorganizadoparaatendimentode deficientes
mentais,que motivou,posteriormente, acriação dasAPAEs,Pestalozzi,COA,etc(COSTALLAT
et al,2002, p.15).A partir disso,muitosfrancesesvieramaoBrasil ministrarcursose palestras
sobre psicomotricidade,e onossopaís nãoficoupara trás nodesenvolvimentodosestudos
sobre o desenvolvimentoinfantil:A históriatomouseurumo,e o Brasil nãofugiudele.Aberto
a aprendersempre,hoje é ummercadoascendente emtotal ascensão,colocandoalgunsdos
autoresinternacionaiscomobrasemrecorde de tiragem.ODr. Vitorda Fonsecatemsuas
obras sempre esgotadase jáestáemsua 10° ediçãoemalgumasdelas(COSTALLATetal,2002,
p.17). Nesse panorama,podemosafirmarque otemapsicomotricidadeevolui
consideravelmentenoBrasil,tanto,que nemprecisamosmaisleremfrancêsouespanhol para
estudarsobre o assunto.2 O PROCESSODE APRENDIZAGEMINFANTILA criança começaa
tomar consciênciade si mesmanoprimeiroanode vida.Como passar do tempo,ela
desenvolve umafase afetivadeixandoasuafase passiva,e numfuturopróximo,vai se
tornandouma pessoacomconsciênciade si que estásempre embusca de descobriroseu
“eu”.Portanto,podemosdizerque,nósseremhumanostemosumaexistênciarepletade
fases,onde mudamoscompletamente.Ocorpoe mente se transformam:desenvolvemo-nos
fisicamente,mudamosasatitudes,aformade pensar,ocomportamento,etc.De acordo com
Berns,(2002, p. 06), “o desenvolvimentorefere-se àsmudançasprogressivasaolongodo
tempo”,e elaspodemserquantitativasouqualitativas.Sãoquantitativasquandose referem
ao crescimentofísico,ouseja,de 12 volume,passivode medidasobjetivas,e sãoqualitativos
no sentidode compreensãomoral ouadaptaçãosocial.E assim, cada fase do serhumano
passa à medidaque vamosdesenvolvendonossapersonalidade.A personalidadesegundoA.
Gesell,é oresultadode umcrescimentolentoe gradual,e osistemanervosoamadurece por
etapase seqüência.A educaçãodeve guiare favorecerocrescimentoe aadaptação da criança
ao mundoemque vai viver(MUTSCHELE, 1996, p.14). O desenvolvimentodapersonalidade
do indivíduoperpassaváriasfasese aspectos,dentreelesestão:ahereditariedade,opré-
natal,o nascimento,ofísico,a percepção,ocomportamento,acognição,a linguagema
emoção,o social e a personalidade,ospapéissexuais,amoral,dentre outros.Conforme Berns
(2002, p.03), “sabercomo todasas crianças progridemdurante asmesmasfasesde
desenvolvimentoé tãosignificativoquantosabercomoosresultadosdascriançasdiferem”.
Sobre a heriditariedade,infere-seque assemelhaosda mesmaraça e da mesmafamília,ou
seja,as criançasnormalmente se parecemcomseuspais,masnãosãoidênticosaeles.
Portanto,temosváriasteoriassobre esse aspectododesenvolvimentoinfantil.Mutschele
(1996) apontatrês teoriasdahereditariedade:apreformaçãoocorre quandoo óvuloou
espermatozóide temumserpreformado,emminiatura;apangênese,que é dateoriade
Darwin,ocorre quandoas célulassexuaiscontémentidadesinfinitamente pequenasde cada
atributodo indivíduo e ateoriade gen,do teóricoJohannsen,é oque de material de encontra
nas célulassexuais.Este últimoé omaisrelevante,poispermite asherançasde naturezafísico-
químicaou fisiológica.Entretanto,acercadascaracterísticas adquiridase suatransmissãoà
prole,oscientistase biólogosaindanãochegaramnumconsenso,ouseja,nãoencontraram
explicaçõesde comoocorre esse processo.Comoexemplo,podemosusarofilhode um
professorde matemática,que,nãonasce sabendotudosobre matemática,mas pode
desenvolvermaisfacilidade paraaprender,ounão.Mesmoaindatendodúvidassobre
características que ospais transmitemaosfilhos,os13 biólogospossuemumacerteza,a
herançaconstitucional de umacriança se fixanomomentode suaconcepção e não no
nascimento.(MUTSCHELE,1996, p. 15). Para uma melhorcompreensãoacercadoprocessode
desenvolvimentodoserhumanoque estáfocadoemmudançasprogressistas,necessáriose
faz classificá-las.Destaforma,asmudançasdesenvolvimentaissão:ordenadas,direcionaise
estáveis.Asordenadassãodenominadasassimporqueocorremnumaseqüência,ouseja,
primeiramente obebê aprende ase sentare somente depoisaprende ficarempé.São
chamadasmudanças direcionaisaquelasque acumulamconhecimentoe aprendizagem, ou
seja,cada mudançana seqüênciaocorre é construídaa partirdos resultadosdasmudanças
anteriores.Emoutraspalavras,podemosexemplificaramudançadirecional atravésdo
balbucioouchoro que antecede afala.E já as mudançassão estáveis, poisaaprendizagemnão
desaparece àcurto prazo,ou seja,quemaprende andarde bicicletanãoesquece tão
facilmente (BERNS,2002, p. 06). Muitas são as teoriasque se propõe a explicarcomose dá a
aquisiçãodoconhecimento,dentre elas,temosnocampoda psicologia,doisteóricos
inigualáveis:Piagete Vygotsky.Destaforma,torna-se relevantefazerumaabordagemno
aspectopsicológicodateoriadodesenvolvimentoinfantil,explicandosuasfases
desenvolvimentais.Nocapítuloanterior,mencionamosateoriade Piagetfocadanosquatro
estágiosouperíodos:o sensório-motor(donascimentoaté os2 anos),o pré- operacional (dos
2 aos 7 anos),o estágiodasoperaçõesconcretas(7 a 12 anos),e,por último,oestágiodas
operaçõesformais(períododaadolescência,dos12 anosemdiante).Todosessesperíodos
representamodesenvolvimentocognitivocomoumtodo,que só é possível justamentepelo
fatoda criança perpassarporcada estágioe desenvolvervagarosamente.Diante disso,infere-
se que a ordemcom que a criança perpassaessesestágiosé sempre amesma,porisso,Piaget
estabeleceuumafaixade idade paracada um.De acordo com Palangana(2001, p.24), o
primeiroestágiodenomina-sesensório-motorpoisobebê nãoapresentapensamentonem
afetividadeligadosarepresentações,ouseja,eleaindanãoconsegue evocarpessoase
objetos,poisaindanãopossui consciênciade si.Obviamente,àmedidaque acriança
desenvolve,aindanoestágiosensório-motor,essasatitudesvãose modificandoe obebê
passa a agir nãoapenaspor instintos,e simporemoções.Emoutras 14 palavras,aolongodos
doisanos,a criança desenvolveacapacidade de diferenciaraquiloque é delae aquiloque é do
mundo,à medidaque vai adquirindonoçãode tempo,espaço,causalidade,dentre outros.O
segundoestágiopertinente ateoriade Piaget,opré-operatório,possivelmente omais
interessantesobre oobjetoaque se destinaessapesquisa,consiste nodesenvolvimentoda
linguagem,dojogosimbólico,aimitação,etc.Nesse estágioacriança nãodepende
exclusivamente de seusinstintos,sensaçõese movimentosparadistinguirosignificante do
significado.Entende-seporsignificante,aimagempalavraousímboloque a criança associaao
significado,ouseja,opróprioobjetoausente.Entretanto,é importante ressaltarque nessa
fase,a criança não consegue,mesmojátendoesquemasinternalizados,reverterseus
pensamentos,fatoeste indispensável paraodesenvolvimentocognitivo.Emoutraspalavras,
podemosafirmarque a criança nãoconsegue desfazeroraciocínio,ouseja,nãovoltado
resultadode seupensamentoaopontoinicial.Sobre essafase,Palangana(2001, p.25),
afirma:Dentre as demaiscaracterísticasbásicasque identificamanaturezadopensamento
pré-operacional,pode-sedestacartambémacondutaegocêntricaouautocentrada.A criança
vê o mundoa partirde sua própriaperspectivae nãoimaginaque hajaoutrospontosde vista
possíveis.Desconhecendoaorientaçãodosdemais,acriança nãosente necessidade de
justificarseuraciocíniodiante de outrosnemde buscarpossíveiscontradiçõesemsualógica.
Essa análise explicaocomportamentodascriançasna faixaetáriade doisa sete anosde idade
que ficamaborrecidasquandocontrariadasouquandonão recebemalgoque pediramaos
pais.Destaforma,o grande passo da criança acerca do desenvolvimentocognitivoparapassar
dessafase para a próximaé deixarde ladoa necessidade insaciável de fazerseusdesejose
aceitaro outro como umser que tambémpossui vontades.Opróximoestágio do
desenvolvimentoinfantil,segundoPiageté ooperaçõesconcretas.Este estágiorecebe essa
denominaçãopelofatode que acriança aindanão consegue trabalharcomenunciados
verbais.Emoutras palavras,a criança consegue assimilare organizaraquiloque nãoestá
imediatamente presente,porisso,suasaçõessãofocadaspara a realidade concreta.É
importante 15 ressaltarque esse terceiroestágiocompreende afaixaetáriaentre ossete aos
doze anosde idade.De acordocom Piagetesse períodoconcentra-se bastante natroca,ou
seja,a criança agora se preocupacom o pensamentoalheioe,apartirdisso,elaboramelhor
suas idéiasmediante argumentosque procuramconvenceraosoutros.Destaforma,percebe-
se , uma tendênciaparaa socializaçãoanteriormente nãovista.Sobre afase operações
concretas,corrobora Palangana(2001, p.27): Com o desenvolvimentodacapacidade para
pensarde maneiralógica– característica desse período -,a criança não apenasbuscaconhecer
o conteúdodopensamentoalheio,mastambémempenha-se emtransmitirseupróprio
pensamentode modoque asua argumentaçãosejaaceitapelasoutraspessoas.Oúltimo
estágiode Piaget,ooperatórioformal,é afase onde a criança atinge seumaisaltonível de
estruturacognitiva.Esse estágioabarcacriançasde 12 anos de idade acima,e caracteriza,
principalmente,pelofatode que acriança agora consegue pensaremtodasas relações
possíveisde maneiralógicae buscarsoluçõeslevandoemconsideraçõeshipótesese não
apenasacontecimentos.Em outraspalavras,essaé a fase emque a criançacompreende o
sentidofiguradodasdalinguagem,comoporexemplo,quandoproferimosoditado“De grão
emgrão a galinhaenche opapo”,a criança não vai imaginarumagalinhacomendo,e sim
reconhecerametáforapresente nafrase.Tendoemvistaas fasessobre odesenvolvimento
infantil apresentadasatravésdateoriade Piaget,cabe ressaltarque apsicomotricidade está
presente emtodaselas,umavezque,omovimentofazparte dodesenvolvimentohumano.O
desenvolvimentopsicomotordacriança se dá de forma natural e espontâneae possui a
finalidadede levá-laadominaroprópriocorpo e adquirirmovimentosvoluntáriosàmedida
que cresce.Entretanto,emalgunscasos,ou fases,conforme apresentadasporPiaget, é
imprescindível que se acompanhe e observeesse desenvolvimentomotor,paracertificar-sede
que a criança não apresentaperturbaçãoinstrumental,ouseja,dificuldadesouatrasos
psicomotores.Casoacriança apresente algumquadrode dificuldadeparaexecutarum
movimentoque 16seriaprópriodaquelafase emque se encontra,estadeveráser
encaminhadaparaum profissional daárea,para a reeducaçãodosmovimentosouaté mesmo
terapias.De acordo com Almeidae Tavares(2010), dentrodocontextoapresentadoacima,
formula-se umaconcepção:afuncional.Entende-seporfuncional aquelaque buscamelhorar
o desenvolvimentocorporal e físicodacriança, por isso,é baseadanos fundamentos
psicomotores.Elaé tão importante que serve comopré- requisitoparaaaprendizagem, como
por exemplo,daescritae leitura.Esquemacorporal é umelementobásicoindispensável para
a formação da personalidade dacriança[...].E estase percebe osserese as coisasque a
cercam, emfunçãode sua pessoa[...].A criança se sentirábemà medidaque seucorpolhe
obedece,que oconhece bem,emque pode utilizá-lonãosomente paramovimentar-se,mas
tambémpara agir.(MEUR apud ALMEIDA e TAVARES,2010, p 08). Diante doexposto,pode-se
evidenciaroquantoé importante aobservânciadosmovimentosdacriançapara o seu
desenvolvimento,poisapartirdeles,elapassaater consciênciade si e das coisasque a
cercam, e a partirdisso,poderáformara sua personalidade.Éexatamenteporesse motivo
que crianças que se encontramna idade de quatroanos acima,gostamtanto de dançar,
brincar,pular,correr, enfim,movimentar-se,poisestádescobrindoasuaimportânciasobre o
mundoque a envolve,ou,emoutraspalavras,formandoasua própriapersonalidade.Nesse
panoramapodemosafirmarque para o processode aprendizageminfantil nãobastafocar
apenaso intelectodacriança,trabalhandoemcasa ou na salade aula apenasteorias,mas
principalmente se faznecessáriotrabalharosmovimentoscorporaisdestacriança,atravésde
jogose brincadeiras,dançase dinâmicas,que certamente auxiliaránoseudesenvolvimento
intelectual.2.1A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADEPARA A APRENDIZAGEMDA CRIANÇA
De acordocom a SBP – Sociedade Brasileirade Psicomotricidade,apsicomotricidade nãoé a
soma da psicologiacomamotricidade,ouseja,ela17 perpassaesse conceito,poistemvalor
emsi.A SBP é umaentidade de carátercientífico-cultural semfinslucrativos,fundadaem19
de abril de 1980. A Sociedade Brasileirade Psicologiapossuiafinalidade de uniros
profissionaisdapsicomotricidadeparareconhecê-loscomotal,contribuirparaoprogressoda
ciênciapromovendocongressos,encontroscientíficos,cursos,palestrasetc.Destaforma,o
conceitode psicomotricidade pode serassimevidenciado pelaSBP:Psicomotricidade é uma
neurociênciaque transformaopensamentoematomotorharmônico.É a sintoniafinaque
coordenae organizaas açõesgerenciadaspelocérebroe asmanifestaemconhecimentoe
aprendizado(SBP,1999 apud LUSSAC,2008, p. 05). Nessaperspectiva,podemosestabelecer
uma relaçãoentre o ato de pensare o ato de movimentar-se.Relacionandoaindaessa
premissacomas fasesde desenvolvimentodacriança,podemosapontara relevânciade
observarosaspectospsicomotoresdacriança no processode aprendizagem.Loureiroapud
ISPE-GAE(2007) relacionaodesenvolvimentocorporal e mental:“apsicomotricidadeé a
otimizaçãocorporal dospotenciaisneuro,psicocognitivosfuncionais,sujeitosàsleisde
desenvolvimentoe maturaçãomanifestadospeladimensãosimbólicacorporal própria,original
e especial doserhumano”.Destarte,oprocessode aprendizagemdacriançase dá por fazes,
da mesmamaneiraque se desenvolve seucorpo.Emoutraspalavras,corpoe mente
desenvolve-sejuntose emharmonia,umauxiliandoooutro.Daí a importânciade se trabalhar
na escola,comas crianças de sériesiniciais,atividadesque estimulemomovimentocorporal.
Conforme FonsecaapudOliveira(2001) é necessáriotomarcuidadoparanão enxergarno
termopsicomotricidadedoiscomponentesdistintos,opsíquicoe omotor,poisambostratam-
se de umsó. Peloprismade Fonseca,apsicomotricidade visafinseducativosparao
movimentodohomem.A aprendizagemé umprocessocomplexoque dependede umasérie
de habilidadese aptidõesdacriança.Uma dessashabilidadesestácalcadanomovimento,ou
seja,nodesenvolvimentomotor.A criança quandoestáiniciandoaleiturae a escrita,
necessitade estarpreparadapara receberaquele conhecimento,18 e para isso,existe o
períodopré-escolarque auxilianodesenvolvimentode algumasaptidões.Nestafase,é
importante que acriança aprendaa fazer algunsmovimentosque aauxiliarãoquandotiverde
lere escrever,porisso,asatividadesdapré-escolafocamapintura,o recorte,a colagem, as
brincadeiras,oparquinho,danças,jogos,etc.Oexercíciode pinturaporexemplo,ajudano
desenvolvimentodacoordenaçãomotoraque a criança precisarápara escrever.Parauma boa
aprendizagem, faz-se entãonecessáriodesenvolvercertas habilidadesdacriança.O professor
precisaestaratendoao desenvolvimentopsicomotor,poisele é responsável porboaparte do
processode aprendizagemdacriança.Observarosmovimentosdacriança,fazeratividades,
dinâmicasque asenvolvamemdiversos movimentos,proporbrincadeirasque estimulema
movimentaçãocorporal,sãofatoresindispensáveisparaumbomresultadoeducacional.De
acordo com Silvae Borges(2008, p.01): Os principaisaspectosaseremdestacadossão:
esquemacorporal,lateralidade, organizaçãoespacial e estruturaçãotemporal.Alémdesses
aspectoscitados,é importante trabalharaspercepçõese atividadespré- escritas.Entende-se
por esquemacorporal arepresentaçãomental donossocorpoà nível cortical,ou seja,e a
organizaçãodo corpo noespaçoque o rodeia.Assensaçõesobtidaspeloprópriocorpo
constroempoucoa pouco o sistemacorporal.Asatividadespropostasparatrabalharo
esquemacorporal dacriança precisamfazero reconhecimentode seucorpocomoum todoe
de suas partes.Um sugestãointeressante,é solicitaràcriança que encontre figurasde pessoas
emrevistas,recortá-lasemduaspartese misturá-las,ouainda,desenharseupróprioretrato,
ou de seuspais.A lateralidadeocorre quandose percebe odomíniode umlado do corpo
sobre o outro,ou seja,quandoa criança utilizamaisoladoesquerdoque odireitodocorpoou
vice e versa.A criança só despertaalateralidade porvoltade 6 a 8 anosde idade,ouseja,
aproximadamente nessaidadeelase mostrarádestraoucanhota. A organizaçãoespacial
consiste naspercepçõesdoserhumanoao seucorpo e as coisasque estão ao seuredor.
Consiste nanoçãode perto,longe,em19 cima,em baixo,dentrofora,nafrente,atrás,etc.E a
estruturaçãotemporal é a capacidade de realizaraçõesa um determinadointervalode tempo
(ALVES,2007). É relevante apontarque apsicomotricidadereconhecemaassociaçãode
espaçoe tempoconjuntamente,ouseja,quando,nocasoa criança,vai desenvolveralguma
ação elao faz emuma sequênciatemporal e numdeterminadoespaçofísico.Entretanto,
existemalgunsautoresque estudemessasfunçõesde maneiradistintas.Explicitadosalguns
conceitosespecíficosdaáreada psicomotricidade,cabe voltarmosparaa área da
aprendizagem.Destarte,acriançaprecisade se desenvolvernoaspectomotorpara obterum
bomdesempenhoescolar,comocorroboraMorais apudSilvae Borges(2008, p.02): Um
esquemacorporal mal construídoresultaráemuma criança que nãocoordenabemseus
movimentos,veste-seoudespe-se comlentidão,ashabilidadesmanuaislhessãodifíceis,a
caligrafiaé feia,sualeituraé inexpressiva,nãoharmoniosa.Outropontoimportante consiste
aos problemasde ordemespacial que podemsurgirquandoalateralidade dacriançanãoestá
bemdefinida.Quandoissoocorre,acriançapode apresentarproblemassériosde
aprendizagem, taiscomo:dificuldadesemseguiradireçãográficada leiturae da escrita,não
reconhece aordemde um quadro,entre outros.Tudoissopor aindanão ter domíniosobre os
termosda esquerdaoudireita,ouseja,nãoperceberoseuladodominante ouooutro.A
organizaçãoespacial tambémé muitoimportante paraoaspectoaprendizagem:Problemasna
organizaçãoespacial acarretarãodificuldadesemdistinguirletrasque se definempor
pequenosdetalhes,como“b”com “p”, “n” com “u”, “12” com “21” (direitae esquerda,para
cima e para baixo,antese depois),trombaconstantementenosobjetos,nãoorganizabem
seusmateriaisde usopessoal nemseucaderno;nãorespeitamargensnemescreve
adequadamentesobre aslinhas(SILVA;BORGES,2008, p.02) 20 A desestruturaçãotemporal,
pode refletirnofatodacriança demorarmuitopara fazera tarefapor não perceberintervalos
de tempo,o antese o depois,ouseja,nãoter domíniosobre o tempoquandofor realizar
algumaatividade.Éimportantíssimoque oprofissionaldaáreada educação tenha
conhecimentosobre essasparticularidadesdapsicomotricidade,parapoderreconhecerna
criança suas reaisdificuldadese poderauxiliá-la.Entretanto,nemsempre issoacontece.A
realidade é que amaioriadosprofessoresde sériesiniciaisnãopossui conhecimentosuficiente
sobre esse assunto,oque o faz pensarque as dificuldadesexistentesemsalade aulasão
provenientesde outrosfatores,e por isso,nãoconseguemauxiliarseusalunoscomo
deveriam.Nãopodemosrestringiraresponsabilidade doprocessode aprendizagemdacriança
apenasaos profissionaisdaeducação,umavezque a famíliatambémé importante nesse
processo.Assim,temosoutraproblemática,onde amaioriadospaistambémnãopossui
conhecimentosuficienteparaperceberasdificuldadesmotorasque podemacarretarem
dificuldadesde aprendizagemnacriança,e por isso,nãoconseguemtomaratitudesplausíveis
para ajudar seusfilhos.O ISPE– InstitutoSuperiorde Psicomotricidade e Educaçãoe o GAE –
Grupo de AtividadesEspecializadasse uniramparaauxiliar,paise profissionaisdaáreada
educaçãoa observaremapsicomotricidade comoaspectoindispensável noprocessode
aprendizagem dacriança.Trata-se de uma entidade comduasfrentesde atuaçãodistintas.O
GAE é responsável poratendimentosclínicosde bebês,criançasadolescentes,adultose
idosos,portadoresde distúrbiosde aprendizageme/oude desenvolvimento,déficitde
atenção,hiperatividade,alémde síndromes,deficiênciasneonatais,(bebêsprematurosde
riscoou alto-risco),e sintomatologiade envelhecimento(idosos).Jáo ISPEconsiste emfazer
eventosque orientemprofissionaisdasaúde e educaçãoacerca de aplicaçõesda
psicomotricidade.(online,ISPE-GAE,2006).Cursos de curta duração e de pós-graduaçãoa
respeitodapsicomotricidade sãoministradosaprofissionaise estudantes.Essescursossão
reconhecidospeloMECe possuemdiplomalicenciadopelaUniítalo(UniversidadeÍtalo
Brasileira).Oobjetivodoscursosministradosé formarpsicomotricistasfundamentadosnos
princípiose conceitosdaEscola Francesade Psicomotricidade.Iniciativascomo21 essas
podemauxiliarnapropagaçãoda importânciadapsicmotricidade paraaaprendizagem
infantil,poisapartirda conscientizaçãode paise professores,teremosumarealidade
diferente relativaàeducaçãoinfantil.CONSIDERAÇÕESFINAISOestudoemquestãomostrou
que muitasdificuldadesapresentadasporcriançasna escrita ou leiturapodemserreflexode
problemasrelacionadosaatividadesmotoras.Essatese demonstraaimportânciadoaspecto
psicomotricidadeparao processode aprendizageminfantil.Umdosmaioresproblemasacerca
das dificuldadesdascriançasemlere escreverrelacionadosàpsicomotoricidade é afaltade
informação.Narealidade,nempaise nemprofessorespossuemconhecimentoaprofundado
sobre o assunto,quandomuito,sabemapenasdefiniroassunto,fatoeste que resultaemnão
identificarosreaisproblemasdaalfabetização.Deste modo,torna-serelevantepropagaro
assunto,estudar,pesquisare analisar,paraque esse nãosejamaisum problemaparaa
educaçãoinfantil.Oprofissional daeducaçãopode identificaroatraso na aprendizagem
escolardo aluno relacionandosuasdificuldadesmotorase assim, proporjogos,paramelhorar
o desempenhonaescritadassériesiniciaisdaalfabetização.Ele precisateremmente que os
exercíciospsicomotoressãofundamentaisnaaprendizagemdaescrita.Existempesquisas
específicassobre atividadesque devemserdesenvolvidasnassériesiniciais.Elastrabalham
todosos aspectospsicomotoresque sãoindispensáveisparaaprendizagemdaescrita,tais
como: esquemacorporal,lateralidade,organizaçãoespacial e estruturatemporal.A partirdo
momentoque oprofissional daeducaçãotenhaconsciênciasobre oassuntopsicomotricidade,
saibareconhecerissonacriança e proporatividadesque instiguematodosao movimento
corporal,muitosdosproblemasde alfabetizaçãonassériesiniciaisserãoamenizados.Paraisso
é necessárioincentivo22 mediante cursosprofissionalizantes,bemcomo,boavontade e
dedicaçãoporparte do professor.REFERÊNCIASALMEIDA,Anne.Ludicidadecomo
instrumentopedagógico.Disponível em:
http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:Bj7lVh2NdekJ:scholar.google
.com/+a+import%C3%A2ncia+da+psicomotricidade+para+a+aprendizagem&hl=ptBR&as_sdt=0
,5. Acessoem:2 de ago. de 2011. ALMEIDA,M.M; TAVARES,H.M. Síndrome de Williamse a
IntervençãodaPsicomotricidade comAuxílionaEscolarização.Rev.DaCatólica.Uberlândia,v.
02, n. 03, 2010. Disponível em:
http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica/artigosv2n3/24-PosGraduacao.pdf Acesso
em:12 de ago.de 2011. ALVES,R.C.S.Psicomotricidade I.2007. Disponível em:
http://www.psicomotricialves.com/PSICOMOTRICIDADEI.pdfAcessoem:05de set.2011. A
PSICOMOTRICIDADE.Disponível em:
http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm.Acessoem:21de jul.2011.
BARRETO,Sidirleyde Jesus.Psicomotricidade,educaçãoe reeducação.2º ed.Blumenau:
LivrariaAcadêmica,2000. BERNS,R.M. O desenvolvimentodaCriança.2° ed.São Paulo:
EdiçõesLoyola,2002. COSTALLAT,D.M.M. et al.A Psicomotricidadeotimizandoasrelações
humanas.2° ed.São Paulo:Arte e CiênciaEditora,2002. LE BOULCH, Jean.Rumo a uma Ciência
do Movimento.PortoAlegre:ArtesMédicas,1999.
ACERCA DA PSICOMOTRICIDADE. . .
O que é a psicomotricidade?
“ A Psicomotricidade pode ser definida como o campo transdiciplinar que estuda e investiga as
relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade. Baseada
numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma integrada as funções
cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a
capacidade de ser e agir num contexto psicossocial.” Associação Portuguesa de
Psicomotricidade (APP)
A psicomotricidade é encarada como uma ciência que estuda a conduta motora como
expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem (Le
Boulch apud Nasser, 2004 cit in CRUZ & SHIRAKAWA, 2006) utilizando como objecto de estudo
o homem através do seu corpo em movimento e as relações que estabelece com o meio, fazendo
aquisições motoras, cognitivas e afectivas.
De acordo com o Ministério da Educação e do Desporto e Secretaria de Educação
Especial apud Rezende et al (2003) cit in Cruz e Shirakawa (2006), psicomotricidade é a
integração das funções motoras e mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso,
destacando assim as relações existentes entre a motricidade, a mente e a afectividade do
indivíduo. O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional do corpo e das
suas partes e encontra-se dividido em vários factores psicomotores. Fonseca (1995) cit in Cruz
& Shirakawa (2006) apresenta sete factores - tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção corporal,
estruturação espácio-temporal e praxias fina e global.
O trabalho em psicomotricidade tem como foco o movimento organizado e integrado em
função das experiencias vividas pelos indivíduos, a acção do seu corpo em relação ao meio
interno e externo, a sua individualidade, linguagem e processo de inclusão social. Segundo Alves
(sd) cit in SILVA (2004), a psicomotricidade tem como principal propósito melhorar ou normalizar
o comportamento geral do indivíduo, promovendo um trabalho constante sobre as condutas
motoras, através das quais o indivíduo toma consciência do seu corpo, desenvolvendo o
equilíbrio, controlando a coordenação global e fina e a respiração bem como a organização das
noções espaciais e temporais.
Os psicomotricistas não usam o termo motricidade isoladamente pois a motricidade é
indissociável da psique humana, sendo o termo motricidade mais utilizado pela área da educação
física no âmbito da perspectiva do treino desportivo, ligado à coordenação motora como
qualidade física, sendo analisado de forma diferente na perspectiva da Psicomotricidade
(LUSSAC, 2008).
Assim, a psicomotricidade faz a abordagem clínica voltada para a globalidade do
indivíduo, uma vez que, na sua concepção, a dinâmica aplicada será capaz de desenvolver o
aspecto motor no momento da execução da actividade, o aspecto intelectual na tentativa de
resolução do desafio proposto e o aspecto afectivo, nossentimentos experimentados ao longo
da actividade (SOUZA & BODOY, 2005). Esta metodologia de trabalho é justificada através do
funcionamento do sistema nervoso, pois este é constituído por inúmeros constituintes que não
interagem de um modo independente, já que existe relação de interdependência nas áreas
(AUCOUTURIERet al., 1986 cit in SOUZA & BODOY, 2005).
O principal objectivo centra-se na adequação das condutas às necessidades
do indivíduo, tornando a tarefa mais eficaz e satisfatória tanto para o profissional como para o
participante.
A historicidade da Psicomotricidade
“A história do saber da psicomotricidade representa já um século de esforço de ação e de
pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da informática, vai-nos permitir
certamente, ir mais longe da descrição das relações mútuas e recíprocas da convivência do
corpo com o psíquico. Esta intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo
evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas
psicomotoras” (FONSECA, 1988, p. 99.)
A história da psicomotricidade é indissociável da história do corpo sendo que ao longo
desta história foram registadas perguntas: como explicar as emoções e as sensações do corpo
e qual a relação entre corpo e alma; por que diferenciá-los? (BARTHES apud LEVIN, 2003 CIT
IN FALCÃO & BARRETO, 2009)
O pioneirismo desta matéria centrou-se em Aristóteles para o qual o corpo é matéria
moldada pela alma e esta é que põe o corpo em movimento. Estreava-se assim a linha de
pensamento psicomotor quando analisou a função do ginasta para melhorar o desenvolvim ento
do espírito. Enunciava que o homem era formado por corpo e alma e valorizava o exercício físico,
já que, para o mesmo, a ginástica servia para “dar graça, vigor e educar o corpo”.
No século XIX, com o desenvolvimento e as descobertas ao nível da neurofisiologia,
constatou-se que existem diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou
sem que a lesão esteja localizada claramente, sendo deste modo descobertos “distúrbios da
actividade gestual, da actividade práxica”, sem que anatomicamente estejam circunscritos a uma
área ou parte do sistema nervoso.
É desta aparente necessidade médica de explicar os fenómenos clínicos que não são
corroborados anatomicamente que no ano de 1870 surge pela primeira vez o termo
psicomotricidade. (Falcão & Barreto, 2009). No entanto as primeiras pesquisas que dão origem
ao campo psicomotor correspondem a um enfoque totalmente neurológico. (CAMUS apud
LEVIN, 2003 CIT IN FALCÃO & BARRETO, 2009).
É com Dupré, neurologista francês que, em 1907, que após um conjunto de pesquisas
se define a síndrome da debilidade motora, composta por sincinesias (movimentos involuntários
que acompanham uma acção), paratonias (incapacidade reduzir o tonos muscular
voluntariamente) e inabilidades, sem que lhes sejam atribuídos danos ou lesão extrapiramidal.
Dupré formulou psicomotricidade focalizando-se uma linha filosófica neurológica, associando o
desenvolvimento da psicomotricidade com a inteligência e a afectividade. Segundo Levin (2003)
a patologia cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são os três meios aptos a alcançar o
conceito de psicomotricidade. (Falcão & Barreto, 2009)
. Henry Wallon, médico, psicólogo e pedagogo, foi provavelmente, o grande pioneiro da
psicomotricidade, vista como campo científico. Segundo Fonseca (1988), este forneceu
observações decisivas acerca do desenvolvimento neurológico do recém-nascido bem como da
evolução psicomotora da criança. Wallon afirmava que o movimento é a única expressão e o
primeiro instrumento do psiquismo, sendo o movimento (acção), pensamento e linguagem
unidades inseparáveis.
A componente do conhecimento, a consciência e o desenvolvimento geral da
personalidade não podem ser isolados das emoções. Wallon realizou um importante trabalho
sobre os aspectos psicofisiológicos da vida afectiva - a consciência corporal e a relação
intrínseca do tónus, chamando a isto diálogo tónico, assinalando que as relações que
estabelecemos e a actividade postural têm uma origem comum (FALCÃO & BARRETO, 2009).
A partir da sua obra construiu-se uma nova técnica terapêutica que visa a reeducação das
funções motora.
Em 1935, impulsionando pelas obras de Wallon, Edouard Guilman (1901-1983) inicia a
prática psicomotora, que cria através de diferentes técnicas da neuropsicologia fundando a
reeducação psicomotora com exercícios que tinham a finalidade de reeducar a actividade tónica,
a actividade relacional e o controlo motor.
Em 1942, a junção dos conhecimentos de inúmeros psicólogos da Alemanha que
estudaram os mecanismos da percepção, de Schultz e Jacobson que definiram os primeiros
métodos de relaxação e dos psicopedagogos que estudaram o desenvolvimento sensório-motor
da criança, como Clapariede, Montessori e Piaget proporcionaram saberes essenciais à
evolução do conceito de psicomotricidade.
Piaget (1896-1980) foi o autor que mais estudou as relações entre a psicomotricidade e
a percepção, aferindo assim que, desenvolvimento mental constrói-se de forma lenta e
caracteriza-se por um equilibrio progressivo, do menor para o maior surgindo a inteligência de
uma adaptação ao meio ambiente. (Falcão & Barreto, 2009).
As teorias de Ajuriaguerra, por volta de 1960, em ligação com as de Wallon e Piaget;
influenciaram o trabalho de outros autores como: R. Diatkine, J. Buges, Jolivet, S. Leboaci, que
reformularam o enfoque da psicomotricidade, valorizando em especial a relação, e as emoções
e o movimento. A estes acresce a influencia de psicanalistas S. Freud, M. Klein, J. Lacan, W.
Reich, P. Schilder, F. Dolto, Samí Alí, D. Winnicott, Manoni, entre outros.
Segundo Fonseca (1988), em 1947-1948 Ajuriaguerra e Datkine a história da
psicomotricidade ao modificarem o conceito de debilidade motora. Ajuriaguerra, no seu Manual
de Psiquiatria Infantil, reflecte claramente que os transtornos psicomotores “oscilam entre o
neurológico e o psiquiátrico”. Também nesta fase autores como J. Berges, R.Diatkine, B. Jolivet,
C. Launay, S. Leboirei definem a psicomotricidade como “uma motricidade em relação”. (Falcão
& Barreto, 2009).
Na década de 70 através de Le Boulch, surgem os primeiros trabalhos ao nível da
educação psicomotora, que visavam ajudar a criança inadaptada a desenvolver suas
potencialidades e ter acesso ao mundo escolar.Coadjuvando o mesmo aparecem os trabalhos
de L. Pick, P. Vayer, André Lapierre, Bernard Auconturier, Defontaine, J. C. Coste abordavam
que a educação psicomotora servia de ferramenta para auxiliara as crianças inadaptadas para
potencializar as suas competências e disponibilizar-lhes o meio escolar. Com estas novas
contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas adquirindo sua própria
especificidade e autonomia.
Na década de oitenta Le Camus refere que os grandes pilares da psicomotricidade dos
tempos modernos são: coordenação estático-dinamica e óculo-manual; organização espacial e
temporal; estrutura do esquema corporal, afirmação da lateralidade e domínio tónico. Deste
modo, Por volta do ano de 1986 surge uma nova definição para a psicomotricidade: “uma
motricidade em relação”, o que no pensamento de Levin (1995) cit in FALCÃO & BARRETO,
2009 “é onde se opera uma passagem no enfoque do olhar do psicomotricista, não mais voltado
ao plano motor, mas direccionado a um corpo em movimento”.
Os norte-americanos insistem sobre a concepção perceptivo-motora e o papel do
desenvolvimento motor no desenvolvimento perceptivo. Destacados autores como Kephart,
Cratty, Frostig e Barsch que aprofundaram essa mesma concepção. (Falcão & Barreto, 2009).
Em que consiste a Intervenção Psicomotora?
A intervenção em psicomotricidade assume-se como uma reeducação ou terapia de
mediação corporal e expressiva, intervencionada pelo psicomotricista que tem como missão
estudar e compensar a expressão motora inadequada ou inadaptada nas diversas situações
estando estas normalmente inerentes a problemas de desenvolvimento e de maturação
psicomotora, de comportamento, de aprendizagem e de âmbito psico-afectivo. (Associação
Portuguesa de Psicomotricidade (APP). A intervenção em psicomotricidade educa e reeduca os
distúrbios que se apresentam por meio de perturbações psicomotoras, debilidades psicomotoras,
inabilidade, atrasos psicomotores, inibição psicomotora, diminuição, hiperactividade e
retenção. (Alves, 2007)
A Psicomotricidade incrementa-se numa abordagem clínica voltada à globalidade do
indivíduo, (Souza & Bodoy, 2005). Le Boulch aponta três perspectivas distintas na intervenção
psicomotora, uma aponta para a educação psicomotora, outra, para a reeducação psicomotora,
e uma ultima referente á terapia psicomotora. Estas diferentes abordagens, referem-se, não só,
a diferentes intervenções, mas também a diferentes formas de conceber a
psicomotricidade. (Lussac, 2008).
Corroborando a linha de pensamento de Le Boulch, Mello (2002,p.33) afirma:
“Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais campos de actuação
ou formas de abordagem da Psicomotricidade: 1. Reeducação Psicomotora; 2. Terapia
Psicomotora; e 3. Educação Psicomotora. Embora em certos trabalhos esses três níveis de
actuação cheguem a confundir-se, existem características próprias em cada um
deles.” (Lussac, 2008).
Objectivos da Psicomotricidade
A psicomotricidade assenta em objectivos gerais com vista a compensar problemáticas
situadas entre o psíquico e o somático intervindo através do corpo, atribuindo um significado
simbólico ao mesmo em movimento. Permite garantir a harmonização tónica através do corpo
utilizando para este facto acções sobre a postura, a atitude, o esquema corporal, e a
descontracção neuro-muscular. Promove a movimentação funcional e expressiva focando-se na
maneira de agir o corpo através da coordenação, dissociação e praxias, possibilitando a relação
tónico-emocional com o técnico através da acção do corpo.(Associação Portuguesa de
Psicomotricidade-APP).
População-Alvo
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2003), a população-alvo desta
intervenção caracteriza-se essencialmente por:
“Crianças em fase de desenvolvimento; bebés de alto risco; crianças com dificuldades/atrasos
no desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades especiais: deficiências
sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam distúrbios sensoriais,
perceptivos, motores e relacionais em consequência de lesões neurológicas; família e a 3ª
idade.” (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 2010).
Competências do Psicomotricista
Considera-se psicomotricista o profissional da área de saúde e da
educação que pesquisa, ajuda, previne e cuida do indivíduo na aquisição, no
desenvolvimento e nos distúrbios de integração psico-somática. Intervindo numa
perspectiva de “Educação, Clínica (Reeducação, Terapia), Consultoria e
Supervisão.” (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 2010).
As principais competências inerentes ao técnico de psicomotricidade
centram-se sobretudo na capacidade de:
 “Avaliação e Diagnóstico do Perfil e Desenvolvimento Psicomotor;
 Domínio de Modelos e Técnicas de Habilitação e Reabilitação Psicomotora em
Populações Especiais ou de risco;
 Prescrição, Planeamento, Avaliação, Implementação e Reavaliação de
Programas de Psicomotricidade;
 Formação, Supervisão, e Orientação de outros técnicos, nos âmbitos
anteriormente referidos;
 Consultadoria e organização de serviços vocacionados para a
psicomotricidade;
 Proposta de adaptações envolvimentais (familiares ou escolares) susceptíveis
de maximizarem as respostas reeducativas ou terapêuticas decorrentes da
intervenção directa.” (Associação Portuguesa de Psicomotricidade-APP)
Quais os locais onde esta intervenção pode
ocorrer?
Segundo a APP, a nível da Saúde:
 Hospitais Gerais (Serviços de Psiquiatria e de Pedopsiquiatria; Serviços
de Pediatria / Consultas de Desenvolvimento e Saúde do Adolescente)
 Centros de Saúde
 Hospitais Psiquiátricos
 Centros de Atendimento à Toxicodependência
A nível da educação:
 Creches e Jardins de Infância
 Escolas do Ensino Básico
 Educação Especial: Estabelecimentos de Educação Especial e Centros
de Apoio Psicopedagógico
A nível da segurança social:
 Instituições Privadas de Solidariedade Social
 Associações e Cooperativas de Acção Social
 Lares de Acolhimento e Apoio á Infância e Juventude
 Centros de Dia para Idosos
A nível da Justiça:
 Institutos e Equipas de Reinserção Social
A nível das Estruturas Desportivas com Serviços de Reabilitação
 Adaptação ao Meio Aquático
 Equitação Terapêutica
Outros âmbitos
 Clínicas Psicopedagógicas
 Clínicas Geriátricas
 Apoio domiciliário
(retirada de http://www.appsicomotricidade.org/entrada.htm)
Psicomotricidade: história,
desenvolvimento, conceitos, defi
Sem descrição
por
Priscila Gomes
em 9 de Março de 2015
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Psicomotricidade

  • 1. PSICOMOTRICIDADE E A RELAÇÃO DA BASE DO MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NA VIDA Por: Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529-P/R E-mail: lcmoraes@compuland.com.br Data de Publicação: 23 de janeiro de 2010. Introdução Quando se fala em ginástica e/ou prática esportiva, muito em função da cultura, o que vem logo à cabeça é alguém fazendo movimentos perfeitos onde a maior parte do treinamento ainda é focada na questão do aperfeiçoamento do gesto esportivo e as valências físicas inerentes à modalidade. O ser humano não é só corpo cheio de músculos, ossos, órgãos e sangue. No comando disso tudo tem um ser emocional, social, fisiológico, afetivo, cognitivo, espiritual e muito mais além de nossos conhecimentos. Aí entra a psicomotricidade, uma ciência que estuda o comportamento global humano capaz de determinar e coordenar mentalmente os movimentos corporais. É nesse contexto que estão enraizados algumas expressões conhecidas no esporte como por exemplo “deu um branco” ou “amarelou”. É quando um atleta com todas as capacidades físicas e técnicas tem a chance de vencer e não vence simplesmente porque sentiu medo, não acreditou nele mesmo ou não foi capaz de mentalizar a vitória. O Histórico Apesar de antiga é uma ciência que na escola fundamental brasileira começou fortemente a ser difundida a partir da década de 80, pois antes existiram as correntes do ser humano forte, fisicamente sadio capaz de reproduzir novos seres igualmente sadios que pudesse representar uma nação. Houve também o tempo da influência militar pautada na formação de um exército forte e sadio a serviço de um marketing do sistema de governo durante a ditadura. O novo cenário político dos anos 80 trouxe novas formas de pensar a Educação Física escolar como um todo. A Definição Se formos pesquisar o que é e/ou o que significa a psicomotricidade e sua relação com a Educação Física vamos encontrar diversas citações de vários autores cada um a seu jeito, mais ou menos complicadas, que no fundo querem dizer a mesma coisa. Eu prefiro as mais simples como a citada por Sidirley de Jesus Barreto (2000) que afirma ser “a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético”. Sendo assim a Educação Física escolar deve atender as necessidades básicas da criança a seu tempo de maturação. O Movimento e a Inteligência Fonseca (1988) comenta que ”O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante”. Ou seja, para onde vou, como vou e quando vou. Qualquer movimento que resulte em ação corporal parte da inteligência. Observe por exemplo crianças brincando de pique. As mais espertas são mais ágeis e quando são perseguidas muitas vezes não são alcançadas quando usam a inteligência para driblar perseguidores teoricamente mais rápidos com perfeito domínio espacial dos seus movimentos e do seu perseguidor. Segundo a teoria do americano Howard Gardner, da Universidade de Harvard, a inteligência humana é dividida em sete tipos: verbal (da fala e escrita), a lógica (a dos números), a musical (dos músicos), a cibernética (coordenação motora fina), a espacial (do artista plástico), a interpessoal (a dos líderes) e a intrapessoal (conhecimento de si mesmo). O desenvolvimento da inteligência e a relação da psicomotricidade relacionada com o movimento começam cedo e instintivamente. Já experimentou descer do sofá de cabeça para baixo como faz a criança que mal começou a andar? Ela mesma acaba descobrindo sozinha o modo mais fácil de descer. Os sete tipos de inteligência, para mais ou para menos a criança também usa nas brincadeiras mais simples. Daí a importância do professor de Educação Física da escola que inventa uma porção de brincadeiras adequadas à faixa-etária, cujo objetivo é desenvolver todos os movimentos considerados básicos calcados na psicomotricidade tais como: andar, correr, trepar, empurrar, puxar, saltar, rastejar, rolar conjugadas com os considerados superiores como estender, elevar, abaixar, flexionar, oscilar, suspender, inclinar além dos movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Todos partem da unidade básica do movimento que é o equilíbrio. Para a psicomotricidade o importante não é o movimento em si, mas a ação resultante desse movimento que pode ser involuntário e voluntário. O primeiro nascemos com ele e parte dos atos reflexos, aqueles que o pediatra testa no recém nascido. O segundo é treinado a cada dia obedecendo uma ordem natural. Por isso a Educação Física na escola deve ter caráter lúdico embora não sejam descartadas as competições periódicas desde que não se transforme em cobrança exagerada àqueles que se destaquem como talentos esportivos. A Educação Física escolar tem tanta importância quanto qualquer outra matéria porque
  • 2. ajuda no desenvolvimento das sete inteligências acima citadas. Numa simples brincadeira a criança pensa, raciocina, decide, desenvolve estratégias, refaz rapidamente essas estratégias caso saia algo errado, tem noção de espaço, tempo e lateralidade. Isso facilita as outras atividades em sala de aula tais como ler, escrever, fazer contas, ouvir e contar suas próprias histórias, desenhar e pintar. Além disso facilita a sua independência funcional tais como tomar banho, se alimentar e se vestir sozinha escolhendo as suas roupas. As brincadeiras na aula de Educação Física também têm regras e são modificadas para que o grupo interaja. É um aprendizado social que funciona e quando existe falha nesse desenvolvimento para mais ou para menos podemos perceber na vida adulta. Qualquer profissional de Educação Física que ministra aulas de ginástica localizada ou atividades coreografadas em academia que exijam coordenação motora como, por exemplo, o step já se deparou com alunos com dificuldades em movimentos bem específicos muitas vezes considerados simples para a maioria das pessoas. Esses mesmos alunos muitas vezes nos surpreendem executando outras tarefas mais complicadas levando-nos a concluir que dificuldade em movimentos básicos não define o grau de inteligência de uma pessoa, pois todas podem reaprender em qualquer idade com ajuda da psicomotricidade. A Base Embora a psicomotricidade seja aplicada em qualquer idade e em muitas áreas da saúde é na infância que ela é fundamental ajudando na formação e na aprendizagem da criança sustentada sobre os pilares emocional, motor e cognitivo. Respectivamente querer, poder e saber fazer. Essa maturação passa por etapas dependentes da relação com o mundo interno e externo que ficarão gravadas para sempre. A criança ao nascer precisa ser tocada com carinho pelos pais e todos em sua volta, pois a comunicação do recém-nascido com o mundo externo é sensitiva e passa pela satisfação do equilíbrio fisiológico que vão desde a amamentação até o cuidado com a higiene. A afetividade é parte integrante da psicomotricidade. Alguns povos têm o hábito de fazer massagem no bebê deixando-os calmos e serenos. A comunicação mais sublime do bebê é na amamentação, hora em que a mãe precisa estar também calma pois o seu estado emocional nesse momento poderá repercutir no filho ou filha. O momento da troca da fralda deixando o bebê sempre limpinho também se traduz em comunicação sensitiva e afetiva construindo um ser humano emocionalmente seguro. Nesses dias modernos em que a mulher não tem mais tempo e conta apenas com a licença maternidade já pensando na volta ao trabalho de alguma forma poderá haver uma interferência no desenvolvimento psicomotor da criança. Em princípio o desenvolvimento da personalidade emocional é fruto do meio social em que se vive e mais tarde quando presenciamos certos descontroles emocionais e/ou motor em atletas experientes muitas vezes a raiz do problema pode se encontrar nesses atos simples de trocas afetivas bem ou mal sucedidas na infância. Sentimentos como medo, raiva, alegria, tristeza, ousadia, energia, desânimo, eloqüência, apatia, desinteresse momentâneos até com as coisas que lhe dão prazer entre outros pode ter a ver com a psicomotricidade bem ou mal desenvolvida. Quando esses sentimentos são apenas passageiros transcorrem dentro da normalidade porque todos nós passamos por isso. Passa a ser problema quando se torna freqüente interferindo na qualidade de vida das pessoas. Seguindo o desenvolvimento psicomotor, primeiro a criança engatinha, começa a se levantar, anda, corre e depois conjuga os mais incríveis movimentos. Sendo assim, as atividades motoras mais variadas que desenvolvem a coordenação motora são as mais importantes na fase de descoberta do próprio corpo. A criança aos 5/6 anos atinge 90 a 95% do cérebro adulto enquanto o crescimento geral do corpo não atingiu nem a metade que ocorre pelos chamados "surtos" de crescimento. Nos primeiros dois anos, as crianças praticamente dobram sua altura, depois aos seis, crescem mais gradualmente quando aos sete ocorre um breve aumento da estatura chamado pelos especialistas em de "surto dos sete anos". É finalmente, na puberdade, que o ser humano define sua altura, último e definitivo impulso. A atividade física não competitiva, na justa medida durante toda a infância, entre outros benefícios, estimula a liberação hormonal e por conseqüência, o crescimento. O Adolescente Com erros e acertos o ser humano tem que crescer e vem a adolescência caracterizada por conflitos. A perda do corpo, identidade e a atenção infantil muitas vezes despertam nos jovens um sentimento de não querer crescer especialmente aqueles que tiveram uma infância muito boa cercada de atenção. Ou seja, uma letargia movida por uma espécie de saudade da infância e não querer largá-la. Novamente entra em cena a psicomotricidade como ferramenta de apoio importante na aceitação e reestruturação da vida adulta. É um contínuo exercício e aprendizagem do certo e errado através da auto-afirmação observação de si mesmo e decisão do que somos, o que queremos e porque queremos. Como o corpo nessa fase se modifica rapidamente o adolescente, o espelho é o seu maior amigo ou inimigo. Diante dele faz pose, confere os músculos, faz caras e bocas de como se comportar nas “paqueras” ou no grupo, vai para a academia tentando ficar forte mais rápido e tudo o mais. Se não ficar em paz com o espelho três coisas pode acontecer: Se afastar das pessoas e do grupo podendo culminar com a depressão, correr para as drogas ou entrar em desespero na musculação recorrendo inclusive às drogas anabolizantes. Como o adolescente também tem a facilidade de buscar ídolos, melhor que seja o profissional de Educação Física competente para orientá-lo da melhor maneira possível para que ele se sinta bem com o seu corpo e emocionalmente preparado para ser um adulto saudável. No esporte também é hora de decidir se vai valer à pena seguir carreira de atleta profissional ou não. A cobrança da sociedade é grande e as dúvidas também. A atividade física nesse momento, para quem não vai ser atleta, passa a ter importância na prevenção das doenças e manutenção da saúde física e mental. Um adolescente que faz atividade física, seja ela qual for, tem mais chance de controlar suas emoções e saber o que quer na vida simplesmente porque a própria atividade exige disciplina, qualidade fundamental para tudo na vida de um adulto.
  • 3. Entretanto, se o adolescente teve a sorte de ser bem orientado na infância tudo vai bem. Para o alemão psicomotricista André Lapierre, especialista em educação infantil, a primeira e segunda infância é crucial para a formação da personalidade. Ou seja, a fase em que a criança freqüenta a pré-escola e a escola fundamental. O Adulto Agora não tem jeito. É encarar os novos desafios tornando-se independentes e responsáveis pela sua vida e a de outras pessoas tais como cônjuges, os filhos e por vezes pais doentes. A estabilidade financeira e o sucesso profissional tornam-se prioridade. O corpo muitas vezes passa a ser um apelo social e/ou estético onde ainda é possível haver distorções podendo ser corrigidas pela conscientização da psicomotricidade. A vida cercada de responsabilidades e compromissos pode levar algumas pessoas a abandonar o exercício físico deixando-se dominar pelo estresse, maus hábitos, e deterioração da saúde. No outro lado da moeda o excesso de exercício embalado pela estética pode igualmente ser fator de desequilíbrio físico e mental na busca de um corpo perfeito muito valorizado pela mídia. A busca do reequilíbrio e auto-conhecimento pode começar pelas terapias alternativas tais como as massagens, o shiatsu, a reflexologia, o tai-chi-chuan, a ginástica Lian Gong, a meditação e até mesmo a oração. Essas terapias levam o sujeito ao conhecimento do próprio corpo ajudando a interferir nos processos psíquicos. Como qualquer terapia o ponto de partida é o querer fazer e reconhecer a necessidade. A Terceira Idade Chamada de terceira idade ou melhor idade e talvez última fase que é a velhice vem também cercada de muitas transformações e perdas por um lado e ganhos por outro. Do lado das perdas vem a diminuição da força física, da massa muscular, da resistência, da massa óssea, da flexibilidade, a aposentadoria mal sucedida e alguns amigos que se foram. Do lado dos ganhos vem a experiência a sabedoria o tempo livre de uma aposentadoria bem sucedida e planejada para aproveitar fazendo só o que gosta e tudo o mais. Infelizmente boa parcela da sociedade ainda vê o velho como uma pessoa chata, sem assunto e quando os tem são sempre os mesmos e repetitivos. Com isso, a maioria deles é isolado, quando não abandonados à própria sorte com suas artrites e doenças do desuso. Embora esse seja um fato real não podemos dizer que a culpa seja “só” das pessoas à volta do idoso. Boa parte deles, ao longo da vida não cuidou do corpo, “da cabeça” e do social, fazendo desse processo uma via de mão e contramão. Uma teoria de Freud dá conta de que a vida do idoso não deixa de ser o resultado de como se investiu da arte de viver. Ou seja, da capacidade demonstrada de superar os desafios e de se adaptar a novas situações e realidades impostas pela vida ao longo de várias décadas como, por assim dizer, fosse um treinamento para a mais importante fase. A terceira idade. As manias e as neuroses tendem a piorar. Se elas não foram bem “transadas” quando mais jovens, onde a idade era um fator favorável sendo mais fácil “digerir” os problemas, dos sessenta em diante tudo fica mais difícil. O idoso pode ter fragilidade psíquica e física, mas nem sempre a física é a mais evidente podendo a física ser mais uma conseqüência da psíquica. Se ele estiver passando momentaneamente por um estado carente, com baixa auto-estima, o menor gesto de carinho, paciência e atenção das pessoas que o cercam, pode alavancar uma reação favorável. É ai que entra uma nova ciência que é a gerontopsicomotricidade recuperando a qualidade de vida de muitos idosos. A longevidade é uma conquista também dessa ciência. Outro ponto a ser levado em conta é o estado de humor constituindo num exercício contínuo de bem viver. Um sujeito chato na maioria das vezes ao longo dos anos, na velhice não poderá ser de outra forma. Porque será que gostamos de alguns velhinhos e de outros não? Porque será que até as rugas de alguns velhinhos são simpáticas e a de outros demonstram a imagem ranzinza? Vovô e vovó, felizmente ainda representam na nossa sociedade a imagem do bom velhinho e da velhinha sorridente. Pessoas que aprendemos a gostar ainda na infância. Assim como um prédio precisa de boas estruturas, o idoso seguro de si, segundo os especialistas, d epende de alguns fatores tais como: contato social adequado, ocupação, segurança social e saúde. Representa, por assim dizer, o pilar de uma velhice saudável e com qualidade de vida. A psicomotricidade na vida do idoso talvez tenha tanta ou mais importância como na infância. Na infância por conta da formação do ser humano, na terceira idade por conta da recuperação e/ou manutenção das atividades funcionais mantendo-o independente pelo máximo de tempo possível. Os índices estão aí para provar que os idosos adeptos à atividade física regular, à ocupação saudável, à leitura, à escrita, aos trabalhos manuais entre outras atividades, estão vivendo mais e melhor. Em todas as modalidades esportivas, especialmente a corrida, as faixas etárias que mais cresceram nos últimos 10 anos, tanto em número de adeptos como melhores índices de performances foram as superiores a 60 anos.
  • 4. Conclusão Como podemos perceber cada fase de nossas vidas tem as suas necessidades na formação e transformação de um corpo que se movimenta no tempo e no espaço comandado pelo cérebro. A psicomotricidade é a ciência responsável por fazer esse corpo se movimentar de forma consciente. Cabe a cada um de nós aceitarmos as limitações impostas em cada fase e tirar o melhor proveito que a vida nos oferece na infância, na adolescência na vida adulta e na velhice. Só temos essa vida para viver bem e melhor. Literatura Sugerida: 1) CASTRO, Jeimis Nogueira. A contribuição da relação da Psicomotricidade com a Educação Física na busca de uma educação plural. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd133/relacao-da-psicomotricidade-com-a- educacao-fisica.htm Acesso em: 23/11/2009. 2) GONÇALVES, Fátima. Psicomotricidade: uma ciência a serviço da vida. Disponível em:http://www.psicomotricidade.com.br/sp/texto_psicomotricidade.htm Acesso em: 20/11/2009. 3) LAPIERRE, André & AUCOUTURIER, Bernard. A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. 4) LAPIERRE, André - Entrevista - e.educacional – A Internet na Educação. - Disponível em:http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0080.asp Acesso em: 21/11/2009. 5) LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, definições e intervenção profissional. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 13, n. 126, nov. 2008. 6) MONTEIRO, Vanessa Ascenção. A psicomotricidade nas aulas de Educação Física escolar: uma ferramenta de auxilio na aprendizagem. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd114/a-psicomotricidade-nas-aulas-de- educacao-fisica-escolar.htm Acesso em: 23/11/2009. 7) MOLINARI, Ângela Maria da Paz & SENS, Solange Mari. A Educação Física e sua Relação com a Psicomotricidade. Disponível em:http://www.scribd.com/doc/7187756/A-Educacao-Fisica-Relacao-Com-a- Psicomotricidade Acesso em: 23/11/2009. 8) VELASCO, Gonçalves Cacilda. Aprendendo A Envelhecer.á luz da Psicomotricidade. São Paulo. Editora All Print. 2005. 9) Terceira Idade. Acesse: http://www.cdof.com.br/idosos9.htm CRIANÇAS E ADOLESCENTES A criança que habitualmente prática atividade física obtém: Aumento de habilidades para satisfação da demanda de atividades do dia-a-dia; Melhoria de habilidades motoras; Redução de lesões; Redução de condições para desenvolvimento de doenças crônicas futuras ligadas ao sedentarismo; Melhoria da Auto-Estima ; Melhoria do Senso de Responsabilidade e Grupo; Melhoria da Auto-Confiança; Melhoria da Adaptação Social; Melhoria de Expressão Pessoal e Liberdade; Um maior desenvolvimento Espaço-Temporal. Os pais geralmente se perguntam quando colocar um filho para praticar certa atividade física ou esporte ou qual delas escolher. É importante sabermos e ficarmos atentos para isso, pois devemos acima de tudo, respeitar não só o gosto pessoal mas a idade de desenvolvimento de nosso filho: FASES E NÍVEIS DO RENDIMENTO ESPORTIVO FAIXAS ETÁRIAS Criança: 7 aos 11 anos. Pré-adolescência: 11 aos 13 anos . Fase da puberdade para adolescência: 14 aos 15 anos . Adolescência: 13 aos 17 anos. Adulto: 17 aos 25 anos. (fonte) Fase Pré-Escolar (2-5 anos): Nesta fase é a chamada fase de movimentos fundamentais da criança. Nela, a criança aprende Capacidades Físicas importantes como: coordenação , orientação espaço-temporal, equilíbrio, contato social, rítmo, diferenciação. As atividades escolhidas devem ser ligadas a maior discontração e liberdade possível. Jamais a criança vai conseguir competir. Ela pratica esporte adaptado como brincadeira e não deve ser tratada como um atleta.
  • 5. Fase Universal ( 6-12 anos): Nesta fase ainda não existe um treinamento sério, mas é a fase do maior desenvolvimento de habilidades, possível, de uma criança. Aqui, ela vai aprender todos os componentes de rendimento esportivo e todas as capacidades fisicas em geral. A criança aqui, aprende o mais importante, que é viver em grupo e participar de atividades físicas utilizando Capacidades Físicas Motoras: força , resistência e velocidade, Capacidades Físicas Coordenativas: diferenciação espaço-temporal, acoplamento, reação, orientação (noção da distância), equilíbrio, variação, rítmo e ainda Capacidades Físicas Mistas: velocidade e flexibilidade, dando suporte para que a criança aprenda técnicas esportivas e regras básicas de jogos. Os pais devem procurar qualquer atividade que a criança se identifique. Mas ainda não é uma fase de preocupação com competições ou resultados. Certos pais querem que a criança nesta fase se comporte como um atleta, que é um erro. Fase de Orientação (12-14 anos) :É a fase de maior interesse por esportes coletivos e competitividade. Nesta fase a criança desenvolve Capacidades Táticas de esportes (sensorial e cognitiva) , Capacidades Técnicas (do desporto) e adora viver em grupos. Somente após os 14 anos que pode se esperar da criança uma especialização esportiva . Fase de Direção (14- 16 anos) : O Adolescente nesta fase tem as primeiras noções do que é esporte especializado. Tem contato com treinamento aeróbico e treinamento de força com sobrecarga. Fase de Especialização (16-18 anos) : Nesta fase o adolescente está pronto para o treinamento esportivo propriamente dito. Trabalha força, velocidade e resistência de maneira específica para o esporte. Predominando o volume de treinamento e utilizando os Princípios do treinamento esportivo (pedagógicos, metodológicos, biológicos, organização e gerenciamento. Fase de Aproximação (18- 20 anos) : O treinamento nesta fase tem características de sobrecarga dando condições para o atleta entrar no alto nível. E aos 21 anos ele está no esporte de alto nível. Segundo WEINECK, Jürgen. Biologia do Esporte 9ª Ed. São Paulo: Ed. Manole, 1991, os graus desenvolvimento da seguinte forma: Lactante – até um ano Bebê - de 1 a 3 anos Pré-escolar – de 3 a 6/7 anos Primeira infância escolar – 6/7 a 10 anos Infância escolar tardia – aproximadamente 10 anos Pubescência - entre 11 a 14 anos para meninas e entre 12 a 15 anos para meninos Adolescência – entre 13 a 18 anos para meninas e entre 14 a 19 anos para meninos Estágios de Crescimento segundo ACSM, 2001: Períodos Idade relativa Infância 1 ano - até pré-puberdade Pré-puberdade Meninos - entre 12 e 16 anos Meninas - entre 9 e 15 anos Adolescência Meninos - até 18-22 anos Meninas - até 15 - 21 anos Termos utilizados pelo ACSM: Crescimento: seria o aumetno do corpo em tamanho;subdvide-se em 3 fases: - Pré-infância: primeiro ano de vida - Infância: Período do final da pré-infância té o início da adolescência. O final da infância também é chamado de pré-puberdade - Adolescência: vai do fim da infância até a fase adulta. O início da adolescência é chamado de puberdade. Esta fase do crescimento é muito difícil de ser definida cronologicamnte, pois tanto o início como o término é extremamente variável. Desenvolvimento: alterações funcionais que ocorrem junto com o crescimento; Maturação: seria o processo final das alterações funcionais na aquisição da forma adulta. O estado de maturidade pode ser definido pela idade cronológica, idade ósse e;ou pela maturação sexual. Treinamento de força na infância segundo WEINECK (1999): Idade pré-escolar - nesta fase do treinamento de força empregado é diferente do comumente utilizado. Basta a compulsão das crianças se movimentarem todo o tempo, para que haja um desenvolvimento do aparelho motor ativo e passivo, e para que haja estímulo suficiente para o crescimento ósseo e desenvolvimento muscular. Primeira idade escolar - nesta fase utiliza-se o treinamento dinâmico, em função da baixa capacidade anaeróbia apresentada pelo organismo infantil e das condições desfavoráveis destes organismo para o trabalho estático. Em primeiro plano deve estar o treinamento para força rápida. Idade escolar tardia - nesta fase há um fortalecimento de diversos grupos musculares através de exercícios com cargas que superam o peso dos próprio corpo. Pubescência - devido a um grande crescimento longitudinal seguido de uma fase desarmônica das proporções corporais, nesta fase, a possibilidade de executar exercícios de alavanca é sempre des proporcional
  • 6. ao potencial de desempenho da musculatura. Nesta faixa etária, a força geral deve ser paralelamente desenvolvida com a força específica e os seus requisitos próprios do condicionamento. Sendo que a força básica geral é treinada, através de circuitos, de lutar de empurrar e puxar e de exercícios com bola, corda, etc. Adolescência - esta é a fase de maior resposta ao treinamento de força onde se observam os maiores aumentos de força. CARACTERÍSTICAS DO TREINAMENTO INFANTIL Intensidade: A intensidade da atividade deve ir de encontro também a idade cronológica da criança. É recomendado pela (AFAA,1995) a utilização de uma Tabela de Percepção de Esforço adaptada (PSE) para observação do grau de intensidade na aula. Segundo ACSM:para crianças de até 10-12 anos é difícil de se pensar como parâmetro de intensidade a FCmáx, pois nesta fase as crianças apresentam menor débito cardíaco. Portanto, uma alternativa aceita seria a Escala de Borg modificada de percepção subjetiva do esforço. Frequência: Com a finalidade de causar efeitos de treinamento e condicionamento geral a frequência deve ser de 2-3 vezes por semana. Devemos levar em conta que as próprias crianças participam em diversas brincadeiras em momentos de lazer que dependendo do tempo de atividade ,devem ser consideradas . É importante que os pais saibam que nenhuma criança vai pular fases e que elas devem ser supervisionadas para saber se não está sendo exigido delas demasiadamente. Crianças frustradas com o esporte tornam-se adultos sedentários e doentes. Fonte: Fitness Theory & Practice - AFAA - 1995 - Segunda Edição - Sherman Oaks, California 91403 - Editor Peg Jordan, RN ACSM - manual de pesquisa e diretrizes do acsm para os testes de esforço e sua prescrição. 2003 DIANTE DE TANTOS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA, AINDA É DIFÍCIL DE ACREDITAR QUE EM NOSSO CONVÍVIO, AINDA EXISTAM PESSOAS DE OLHOS FECHADOS PARA TAL NECESSIDADE . É ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR QUE PODEMOS ESPERAR UMA SOCIEDADE FUTURA MAIS ATIVA E SAUDÁVEL. POR ISSO, VAMOS LUTAR PELA SUA OBRIGATORIEDADE NAS ESCOLAS ! É O MELHOR PRESENTE QUE UMA CRIANÇA PODE RECEBER ! CRIANÇAS E ADOLESCENTES Infância e adolescência "Quando vejo uma criança, ela me inspira dois sentimentos; ternura pelo que ela é, respeito pelo que poderá ser". Piaget. Características ou particularidades da infância (Desenvolvimento) Aproximadamente aos 6 anos de idade já encontra-se 90% a 95% do desenvolvimento físico do cérebro, a coordenação motora e as habilidades desportivas múltiplas devem ser estimuladas neste período ao máximo, por meio de jogos e brincadeiras, exatamente pelo fato do cérebro estar pronto a receber um gama inimaginável de informações. "Os jogos favoritos incluem correr para pegar outras crianças, esconder e achar, procurar objetos que estão faltando e jogos de adivinhação. Certas regras vão se tornando necessárias. Estão ligadas ao tipo de jogo e não a quem vence ou perde". Piaget As atividades de caráter psicológico e físico variadas, são o estímulo para produzirem caminhos mentais, e serem armazenadas as informações no cérebro. Estas informações serão exigidas no futuro em situações complexas do jogo facilitando a aprendizagem e caracterizando a prontidão motora esportiva. Devemos lembrar que as atividades para as crianças são completamente diversificadas e diferentes os objetivos, quando relacionadas às atividades físicas para os adultos, que comumente são atividades voltadas para a performance. "As crianças tem estruturas mentais diferentes das dos adultos. Não são adultos em miniatura; elas tem seus próprios caminhos distintos, para determinar a realidade e ver o mundo". Piaget A condição física a ser atingida esta em momento ótimo, mas com óbvios limites de rendimento máximo; limite o qual não deverá ser exigido em treino, as atividades físicas devem possuir objetivo lúdico, educacional e não competitivo. "A atividade esportiva precoce terá tanto melhores condições de se fazer educativa quanto mais próxima ficar do jogo e mais se afastar da rigidez do treinamento". Revista Sprint, ano IV (2)
  • 7. As atividades competitivas visam alto rendimento, possuem uma estrutura muito complexa para ser compreendida pela criança. Na realidade social momentânea do jogo competitivo esta a tarefa de vencer, e o fato de que sempre existe um perdedor, para a criança esta realidade é pouco aceita e freqüentemente desperta sentimento depressivo e provoca choro. Caso a criança seja intuitivamente competitiva esta deverá ser conduzida ao esporte competitivo, caso contrário não deve ser forçada a competir. Respeitar a condição natural humana é o principio para o equilíbrio interior e interpessoal. "Perder pode provocar cenas, agressão e choro. Isto não significa que as crianças não possam tolerar não ser as primeiras na maioria de suas atividades, mas nos esportes e nos jogos elas necessitam de ajuda para aprender a perder esportivamente. Piaget Outro detalhe importante desta fase do crescimento infantil, relaciona-se à não uniformidade do crescimento corporal, observa-se um amadurecimento na seguinte ordem: pés e mãos, pernas e antebraços e por ultimo coxas e braços. Os jogos e brincadeiras desenvolvidos pelo professor, devem seguir o principio da maturação física da criança. O metabolismo das crianças é muito elevado e em torno de 20% a 30% maior que do adulto gerando a necessidade de maior ingestão e balanceamento de nutrientes alimentares, assim como da regularidade na oferta de alimentos. As necessidades protéicas também são elevadas 2.5 gramas de proteína por kg de peso corporal dia. O não treinamento da força é justificado pelo baixo nível de testosterona, pela baixa capacidade das fibras musculares utilizarem o metabolismo glicolítico ou anaeróbio (fibras brancas), em contra partida o metabolismo aeróbio ou oxidativo é mais elevado e predominante, justificando atividades de baixa intensidade e longo período de duração. Dos 5 aos 7 anos (fase pré escolar) há um elevado instinto de movimento e vivência lúdica, uma grande curiosidade pelo desconhecido, afirmando a necessidade de experiências múltiplas motoras, as mesmas são intrínsecas e evidenciadas nos jogos. "A competição em jogos e no trabalho virtualmente não significa nada para as crianças do estágio do pensamento intuitivo. Elas tem uma idéia muito limitada do significado de ganhar ou perder ou de superar os outros. Cada criança trabalha ou joga para si mesma, pelo prazer da atividade. Ela não joga contra os outros. Piaget. A capacidade de concentração da criança é de aspecto médio a baixo, os jogos devem levar em consideração esta realidade, jogos longos e de raciocínio lógico devem ser introduzidos de maneira lenta e gradual aos grupos de crianças. Os jogos e as atividades que promovem o raciocínio intuitivo devem ser vivenciados ao máximo, visto que a criança esta em plena fase intuitiva, as deduções das crianças não podem ser menosprezadas, coibidas ou repreendidas pelos adultos. Dos 7 aos 10 anos (idade escolar) há um despertar por atividades físicas esportivas, desenvolve-se naturalmente uma atitude otimista em relação aos jogos, assimilação rápida de conhecimentos e habilidades, mas há um baixo nível de fixação de movimentos, há neste período a preocupação por um gesto ótimo e os movimentos devem ser repetidos diversas vezes. "Não deve haver uma preocupação determinante pela competição esportiva, que, quando existir deverá ser restrita ao ambiente escolar e, se possível sem espectadores, principalmente os pais". Pini Desenvolvimento mental O desenvolvimento mental humano é influenciado por quatro fatores inter-relacionados e abaixo enumerados: 1. Maturação: amadurecimento físico especialmente do sistema nervoso central. 2. Experiência: manipulação de objetos, movimentos corporais e pensamentos sobre os objetos concretos e processos de pensamentos que os envolvem. 3. Interação social-jogos, conversas e trabalho com outros indivíduos especialmente outras crianças. 4. Equilibração é o processo de reunir maturação, experiências e socialização de modo a construir e reconstruir estruturas mentais. Jean Piaget Estágios do desenvolvimento Estágio Idade Pensamento intuitivo 4 a 7 anos Operações concretas 7 a 11 anos Operações formais 11 a 15 anos Iniciação esportiva Deverá possuir uma característica geral quando da passagem da criança pela fase pré-escolar (4 a 7 ) e escolar (7 a 10 anos de idade); a característica especializada deverá estar inserida no contexto do segundo ciclo escolar (12 a 15 anos de idade). Pini
  • 8. "Uma criança é sempre uma criança onde quer que possa estar. Mas uma criança só é criança por uma vez... E alguns dizem que se ela não for criança que é ajudada a crescer, então ela poderá não ser o adulto que poderia ter sido ... Flinchum Adolescência Características ou particularidades da Adolescência Conceito: "Período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizada por intensas modificações físicas, psicológicas e sociais". "Período de mudanças fascinantes e ampliações de interesse onde ocorrem sensíveis transformações psíquicas e orgânicas". Gioia & Rodrigues A adolescência pode ser dividida didaticamente para estudo da seguinte forma: Pubescência Vai dos 10 a 12anos e 12 a 14 anos Puberdade Vai dos 12 a 14 anos e 14 a 16 anos Pós-puberdade Vai dos 14 a 16 anos e 18 a 20 anos Dos 10 aos 12 anos (Pubescência): O crescimento anual é em torno de 10 cm, com um acompanhamento no peso corporal de 9.5 kg em média. Já na puberdade o crescimento anual decresce e fica entre 1cm e 2 cm ao ano, assim como o peso corporal situa- se em torno de 5kg. Na ultima fase do desenvolvimento caracteriza-se por atingir a estatura máxima do indivíduo. Na Pubescência constata-se a melhor idade para a aprendizagem motora com melhorias nos níveis de força, rápida maturação morfológica e funcional, maturação labiríntica. A união destes elementos dá condições ao pleno desenvolvimento motor. Dos 12 aos 15 anos (Puberdade): Observamos uma grande variação no comportamento psicológico com uma grande instabilidade emocional, apesar do alto nível intelectual. Fisicamente encontramos um desenvolvimento caracterizado pelo aumento de peso corporal e estatura, esta fase vem acompanhada da incoordenação motora e por um desinteresse competitivo, apesar de estar na idade de treinabilidade altíssima. Há uma grande necessidade de vivência em grupo, assim como, uma necessidade de auto realização no grupo ao qual o jovem esta inserido. O aumento brusco dos níveis de testosterona e irrupção da sexualidade são identificados. "Nas reações entre as pessoas, todo homem é um fim em si mesmo e não deve jamais ser convertido em meio para os fins de outro homem". Erich Fromm Dos 15 aos 19 anos (Pós-puberdade): Há uma harmonia das proporções corporais acompanhada da melhoria da coordenação motora e com óbvios reflexos sobre a plasticidade esportiva. Fixação da aprendizagem geral em limites ótimos, assim como encontra-se um pleno equilíbrio psíquico. Visualiza-se uma grande e aprimorada modelagem da personalidade e com um nível intelectual aumentado e ainda em desenvolvimento nesta fase. Aumento mais expressivo sobre a força muscular, possivelmente provocada pela estabilidade e regularização hormonal e psíquica, culminando na treinabilidade máxima possível. Final A grande preocupação dos profissionais envolvidos nas atividades esportivas de competição baseiam-se nos índices de violência; é um desafio mantê-los baixo ou sob controle. As competições entre adolescentes deve estar livre de qualquer estímulo de agressão contra o oponente. Deve-se cultivar uma atmosfera de competição com estímulo ao companheirismo de equipe e as habilidades motoras e esportivas. O respeito à integridade do oponente nunca deve ser esquecido. " O fato é que o esporte competitivo estimula uma grande carga de agressão". Erich Fromm "O que produz, amiúde, agressão no âmbito do esporte é o caráter competitivo do evento, cultuado num clima social de competição e ampliado pela comercialização generalizada". Erich Fromm "A alegria esta na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, não na vitória propriamente dita". Gandhi "Não tenho nada de novo apenas o jeito de caminhar" Thiago de Melo Prof. Luiz Carlos Chiesa: Graduado pela UFES/81; pós-graduado em treinamento desportivo UNIVERSO/99; autor dos livros: Musculação:uma proposta de trabalho e desenvolvimento humano, editora da UFES, 1999 e Musculação aplicações práticas: técnicas de uso das formas e métodos de treinamento, Shape editora, 2002.
  • 9. A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADENOPROCESSODE APRENDIZAGEMINFANTIL1 AndrezaFerreirade S.Oliveira2José Martinsde Souza3 RESUMO A psicomotricidadetorna-se um assuntomuitasvezesdesconhecidopelospaise profissionaisdaeducação.Muitosestudos são desenvolvidosacercade suarelaçãocom a aprendizagem,entretanto,nãosãodivulgados nemoferecidosemformade treinamentooureciclagemparaoprofissional doensino.Estima- se que a partirdo conhecimentosobre psicomotricidade,tantoospaissaberãodesenvolvere analisaro movimentocorporal de seusfilhos,quantoosprofessores,nonível de desenvolvimentocorporal maiselevadodacriança,saberãotrabalharcom o alunopropondo exercíciossatisfatóriosparaoprocessode aprendizagem.Ofatoé que a ciênciadomovimento constitui-se umaimportanteferramentaparadesenvolveracapacidade postural,umaimagem mental docorpo e,por conseguinte,trabalharointelectual dacriança,umavezque corpo e mente sãointimamenteligadosnoserhumano.Opresente projetovisa fazerum levantamentobibliográficosobre asfasespsicomotorasprocurandoconceituá-las,associando- as com a aprendizageminfantil afimde corroborara relevânciadapsicomotricidadenesse processo. PALAVRAS-CHAVE:Psicomotricidade,aprendizagem, criança.ABSTRACTThe psychomotorbecomesanissue oftenunknowntoparentsandeducationprofessionals.Many studiesare developedaboutitsrelationshiptolearning,however,are notdisclosednor offeredinthe formof trainingor retrainingforprofessionalteaching.Itisestimatedthatfrom the knowledge of psychomotor,bothparentswillknow todevelopandanalyze body movementof theirchildren,the teachers,the level of developmenthigherbodyof the child will knowthe studentproposingtoworkwithexercisessuitable forthe processlearning.The fact isthat the science of motionisan importanttool isthe abilitytodevelopposture,a mental image of the bodyand therefore the child'sintellectual work,sincebodyandmindare closelylinkedinhumans.Thisprojectaimstoreview the literature onthe stage looking psychomotorconceptualize them, associatingthemwiththe children'slearninginorderto corroborate the relevance of psychomotorthisprocess. KEY-WORDS:Psychomotor,learning, child.1 Artigoapresentadoaocurso de Pós-graduação“LatoSensu”emGestão Escolar Orientaçãoe SupervisãodasFaculdadesIntegradasde Ariquemes –FIAR.2 Psicopedagoga, Professoraorientadora,docente dasFaculdadesIntegradasde Ariquemes- FIAR3Pedagogo discente docursode Pós-Graduação“Lato Sensu”emGestão Escolardas Faculdades Integradasde Ariquemes - FIAR2INTRODUÇÃOA psicomotricidadepossui váriosconceitos. Muitosdelesaté confundidosentreaspessoasque acreditamserapenasalgorelativoao movimentocorporal.Narealidade,oconceitode psicomotricidade vai muitoalémdasimples movimentaçãodocorpo,umavezque contribui de maneirasignificativaparaa formaçãoe estruturaçãode todo o esquemacorporal.Elapode serdefinidacomoa consciênciade que corpo,mente e espíritoestãointimamenteconectados,mediante aação.A afetividadee a formaçãode personalidade dacriançatambémestãoassociadosàpsicomotricidade.Algumas atividadesproporcionamàscriançasa criação e a interpretaçãodomundoemque vivem, e exatamente porissoé sempre aconselhável oensinomedianteatividadeslúdicas,jogospara trabalharo desenvolvimentomotore desempenharumaaprendizagemeficiente.Destarte, não se pode reduziroconceitode psicomotricidadeapenascomoamovimentaçãoparao desenvolvimentodocorpo,poiselatambémé responsávelpelodesenvolvimentodamente e até mesmodocomportamentodacriança.Por isso,a abordagemda psicomotricidade na aprendizagemé importante,poiselaexplicacomoa criança buscaexperiênciascomseu própriocorpo,sejapara movimentar-se,sejaparase expressar.Asatividadesrecreativas, lúdicase que respeitemogostodacriança proporcionambemestar,favorecemo
  • 10. desenvolvimentocorporal e mental,melhoramaaptidãofísica,a socialização,acriatividade, dentre outrosfatoresimportantesparaaaprendizagem.Sãoexemplosde atividadesfísicas que promovemumbomequilíbriopsicológicoe emocional nacriança:rolar,balançar,dar cambalhotas,se equilibraremumpé só, andarpara oslados,equilibrare caminharsobre uma linhanochão, etc.Entretanto,nosdias de hoje,comtantosaparatos tecnológicostaiscomo: jogosvirtuais,internet,TV,dentre outros,vivemossituaçõespreocupantesacercada promoçãode atividadesrecreativas.Elasestãosendosubstituídasporoutrasatividadesque não proporcionamosmesmosbenefíciosfísicos,psicológicose sociaisque asantigas brincadeiras.Esse é opontode partidapara a problemáticaque envolve oobjetodesta pesquisasobre aimportânciadapsicomotricidadenoprocessode aprendizagem:umamaior divulgaçãosobre oassuntocom o intuitode 3 orientarpaise profissionaisdaeducaçãono desenvolvimentoemocional,psicológico,corporal e intelectual de seusfilhose alunos.Éfato que a psicomotricidade é importante paraa vidadohomem, e é exatamente porisso,que torna-se aindamaisimportante procurarentendere analisarasdefiniçõesparaessaciência,a fimde ensinarcomoaplicá-lasemsituaçõeseducacionaisfundamentais.O conhecimentoa respeitodapsicomotricidade paraoprofissionaldaeducaçãoé indispensável,apesarde que, muitasvezesé ignorado,poissuafilosofiaestimulatraçarum perfil psicológicodoaluno.Os jogosde quebra-cabeça,encaixes,dominóe outros,trabalhamapsicomotricidadeafimde levara criança a conclusõeslógicas.Osjogosque exigemumpoucomaisde esforçofísico, como é o caso das atividadesfísicas,futebol,vôlei,entreoutros,levamacriançaa perceberos diferentesmovimentosde seucorpoe sentirosbenefíciosque cadaatividade pode lhe proporcionar.Comomencionadoanteriormente,apsicomotricidade estácompletamente ligadacom a aprendizagem.Este fatopode serexplicadousandocomoexemploopróprio desenvolvimentodacriança,onde elavai aprendendogradativamentease movimentare a ter domíniosobre seuprópriocorpo.É feitaentão,umaanálise dodesenvolvimentomotorda criança que é divididaemquatroestágios.Necessáriose fazcompreenderessesestágiospara um melhoracompanhamentodesde osprimeirosdiasde vidadacriança até o quarto estágio, onde a criança já terá acimade 12 anosde idade.A psicomotricidade torna-seumassunto muitasvezesdesconhecidopelospaise profissionaisdaeducação.Muitosestudossão desenvolvidosacercade suarelaçãocom a aprendizagem,entretanto,nãosãodivulgadosnem oferecidosemformade treinamentooureciclagemparaoprofissionaldoensino.Estima-se que a partir do conhecimentosobre psicomotricidade,tantoospaissaberãodesenvolvere analisaro movimentocorporal de seusfilhos,quantoosprofessores,nonível de desenvolvimentocorporal maiselevadodacriança,saberãotrabalharcom o alunopropondo exercíciossatisfatóriosparaoprocessode aprendizagem.Ofatoé que a ciência domovimento constitui-se umaimportanteferramentaparadesenvolveracapacidade postural,umaimagem mental docorpo e,por conseguinte,trabalharointelectual dacriança,umavezque corpo e mente sãointimamenteligadosnoserhumano.4Exatamente porisso,a justificativadessa pesquisafunda-se empropagaroconhecimentoacercadapsicomotricidade que podeser usada comotécnicapara umbom desenvolvimentocorporal e intelectualdacriança,uma vez que estárelacionadacomo processode aprendizagem.Paraodesenvolvimentodapresente pesquisafoi implementadaaestratégiade levantamentobibliográficoe análise dosmesmos. Foi adotadoo métodoexpositivoargumentativoonde foramevidenciadosconceitosde psicomotricidade,aprendizageme arelaçãoentre eles.Inicialmentefoi feitoolevantamento bibliográficocomopropósitode se investigarasexperiênciasacercada psicomotricidade, conceituando-a,retratando-aemfases,elucidandoohistóricode pesquisasrealizadassobre o assuntoe bemcomo,abordandoa própriahistóriada ciênciadomovimento.Naseqüênciaao levantamentobibliográficofoi retratadocomose dáo processode aprendizagemnacriança,
  • 11. abordandoum dosmaisimportantesteóricosnessaárea:Piaget,que estudao desenvolvimentodopensamentodacriançade formacompletamenteindependentedo processode aprendizagem.Posteriormente,foi realizadaaanálise darelaçãoentre os conceitosdapsicomotricidade e oprocessode aprendizageminfantil.Subtende-se que o profissionaldaáreada educação ouaté mesmoospaisque possuamconhecimentosobre a psicomotricidade,saberãoestimularodesenvolvimentofísicoe intelectual dacriançade formacontundente,tornado-aumadultosaudávele capaz.Destaforma,torna-se imprescindível oestudosobre oobjetoaque se destinaa pesquisaemquestão,que visa conceituar,explicare orientarsobre osfatoresda psicomotricidade que auxiliamna aprendizagemdacriança.1 A PSICOMOTRICIDADEE SUAS ATRIBUIÇÕESA psicomotricidade pode serdefinidacomoa ciênciaque estudao homematravésde seucorpoem movimento, suas relaçõesinternase externas.Seuestudoestáligadoatrêspremissasprincipais:o movimento,ointelectoe oafeto.Destarte,apsicomotricidade temfortesrelaçõescomo processode aprendizagem.(A PSICOMOTRICIDADE,online,2011).5 O conceitode movimento tambémnão pode serreduzidoapenasaosimplesatode se movimentarsemintençãoou consciência.Nessaperspectiva,omovimentohumanoé construídoa partirde um objetivo,ou seja,todomovimentoestárelacionadocomaconsciênciaouo ato de pensar.Interessante é que nemsempre nosdamosconta disso,comopor exemplo,quandoestamosandando, pensamosparaandar, aonde ir,quaismovimentosse adiante ouatrás,maso nossocérebro trabalhatão rápidonessastarefasdiáriasque nósnemnosdamos conta de que andamos porque pensamos.Emoutraspalavras,o movimentohumanoconstitui-seumaatitude um comportamento.Oestudodasetapasde desenvolvimentomotordacriança mostra que o movimentoé umadasprimeirasaprendizagensque acriançapassa a ter,desde o primeiro estágio,que vai de 0 a 6 mesesde idade.Com6mesesde idade a criança geralmente aprende a sentar-se.A evoluçãodessasetapas,que sãodivididasemquatroe compreendema fase desde 0 a 8 anosde idade,torna-se relevanteparaosestudosdapsicomotricidade,umavez que previne problemasdaaprendizageme reeducaotônus,a postura,a laterialidade e o ritmo.(BARRETO,2000). A aprendizagemapartirdoestímuloao movimentodacriançaé satisfatório,poistrabalhandoasfunçõesmotoras,perceptivas,sócio-motorase afetivas, possibilitaacriança explorarambientes,expressar-se commaiornaturalidade,experimentar situaçõesconcretasque desenvolvemoseuintelecto.A educaçãotrabalhadacomas técnicas da psicomotricidadefazcomque a criança sejacapaz de tomarconsciênciade si mesmae do mundoque a cerca. O psicomotricistaé oprofissionaldaáreado movimentoe pode atuarnas áreas da educação,consultoria,pesquisa e clínica.O trabalhodesse profissional pode ser avaliativooupreventivonostranstornosde integraçãosomato-psíquicae daretrôgenese, podendoatenderpúblicodiferenciadoque vai desdeumacriançaemfase de desenvolvimento até a 3º idade.Seutrabalhotambémé focadopara portadoresde necessidadesespeciais englobandoasdeficiênciassensoriais,motoras,mentaise psíquicas.Paraumamelhor compreensãodasatribuiçõesdapsicomotricidade,necessáriose fazelucidaramotricidade e seudesenvolvimento.A motricidadeouaatividade muscularpossui váriasfasesde desenvolvimento,como,afase dodesenvolvimentomotor,ada organizaçãopsicomotoraque aparece na infânciae a da estruturaçãoda imagemdocorpo que compreendemoperíododa pré- 6 adolescênciae adolescência.Oestudodamotricidade é tambémdivididoemquatro níveis:oprimeiroque corresponde aetapadocorpo submisso,osegundo,pertinente aetapa do corpo vivido,oterceirorelativoàetapado corpodescobertoe o quartoque corresponde à etapado corpo representado.Essadivisãoemníveiscompreendedesdeafase de movimentos involuntáriosdocorpodos bebês,chegandoaté afase por voltados5 a 6 anos,quandoa criança já poderácontrolarvoluntariamente seusmovimentos.ParaLe Boulch (1999, p.19), a
  • 12. criança desenvolve umaimagemmentaldocorpo,a partirda aprendizagempraxicológica, somente quandoatinge aidade de 10 a 12 anos.Em outras palavras,a percepçãomental do corpo da criança é importante,poissomente atravésdelaé que se desenvolveráaintervenção voluntárianoperfeitodesenvolvimentode umapráxi.Dessamaneira,Le Boulch(1999, p. 19) apontauma distinçãoentre percepçãovisual docorpoe percepçãosinestésica:Muitosautores identificamaimagemdocorpo apenasa seuscomponentesvisuais.A utilizaçãodo“teste do boneco”para descobrironível de estruturaçãodo “esquemacorporal”corresponde aesta hipótese.Aosdadosvisuaisdevemserassociadosaosdadossinestésicoscujooaparecimento na consciênciapressupõeo jogoda funçãode interiorização.Diante doexposto,aconcepção do desenvolvimentomotorcompreende atodaa fase de percepçãoemque a criança é acometidaaté a sua fase de pré- adolescênciaquandoamesmaaprende de formacompletao controle voluntário.Ourofatorelevante aserressaltadosobre odesenvolvimentoda motricidade é asua relaçãocom o desenvolvimentodasfunçõesmentais.A partirdos3 anos de idade,a criança passaa terum conhecimentomaisobjetivoe menosafetivodarelação entre o mundoexteriore ela.Anterioraessaidade,que Piagetdenominoude fase da inteligênciasensório-motora,torna-sepraticamente impossível afirmaroque é motor,afetivo ou intelectual.Dessemodo,amotricidade passaentãoadesempenharumaspectocognitivo. Nessaperspectiva,umaboaconcepçãopsicomotorae oacompanhamentode seu desenvolvimentonacriançasão imprescindíveisparagarantirum7 desenvolvimento harmoniosoe até mesmoumbom equilíbrioemocional.Issoexplicaosinúmerosestudos acerca da psicomotricidade.1.1A HISTÓRIA DOS ESTUDOS SOBRE PSICOMOTRICIDADEOs estudossobre psicomotricidadeiniciaram-se noséculoXIXcomMaine de Biran que jádefendia a teoriade colocar o movimentocomoumcomponente essencialnaestruturaçãopsicológica do eu.Entretanto,háindíciosque Aristóteles(384-322 a.C.) já tratava sobre o dualismocorpo e alma,quandodefendiaque ohomemerafeitode umacerta quantidade de matéria(corpo) moldadanumaforma (alma).(MELLO,2006). Conforme Negrine(1995, p.33) apudAmeidae Tavares(2008, p. 07), “a psicomotricidadetemsuaorigemnotermogregopsyché,que significaalma,e noverbolatinomoto,que significamoverfrequentemente”.Diante disso, pode-se inferirque osindíciossobre osestudosdapsicomotricidade háalgunsséculosantes de Cristosão verdadeiros.Emoutraspalavras,ohomemsempre procuroudesvendaros mistériosde seuprópriocorpo.Mesmoque osconceitosda psicomotricidade játenhamsido difundidoshátantosséculos,otermopsicomotricidadesó foi usadopelaprimeiravezem 1900, por Wernikparaconceituaruma patologiadenominadadebilidade motora.A esse respeito,corroboraLussac:Historicamente otermo„psicomotricidade‟aparece apartirdo discursomédico,maisprecisamente neurológico,quandofoi necessário,noiníciodoséculo XIX,nomearas zonasdo córtex cerebral situadasmaisalémdasregiõesmotoras(LUSSAC, 2008, p.03).A partir destasdescobertas,passamaserobservadasinúmerasdisfunçõesgraves semque o cérebroestejalesionado,ouseja,foi descobertaumasérie de doençasvinculadas às atividadesgestuaise atividadespráxicas.Até então,osmédicosusavamosistema “anátomo-clínico”que relacionavaossintomasdopaciente compossíveislesõesfocais, entretanto,esse métodojá nãopodiaexplicaralgunsfenômenospatológicos.Foi entãoque surgiuo termo“psicomotricidade”,em81870, pelanecessidadede encontrarumaáreaque expliquecertosfenômenosclínicos(SBP,2003 apud LUSSAC,2008, p.03). Posteriormente, muitosautores dedicaram-seàspesquisassobre odesenvolvimentomotore suasrelações com o intelecto,taiscomo:Claparéde,Montessori,Schilder,Gesell,Wallon,Piaget, Ajuriaguerra,dentre outros.Nosestudosde ArnoldGessel,foramanalisadasemcriançasa cada ano de idade completadoporelas:ascaracterísticas motrizes,acondutaadaptativa,a linguageme aconduta pessoal- social.JáHenri Wallontrabalhoujuntamente comPiaget,
  • 13. grande nome da maisconceituadaescoladaPsicologiaGenéticanaépoca.Ambos identificaramtrêstiposde movimentoschamados:passivoouexógeno,autógenoouativoe deslocamentode seguimentoscorporaisoudasfrações.Entretanto,seuestudomaisrelevante compreende afunçãotônicada musculaturae sua relaçãocom a esferaemocional (MELLO, 2006). Piagetficoumaisinteressadodasucessãode estágiosque precedemopensamento lógicodoadulto,utilizandoumgrande númerode termosbiológicosparaexporseus resultados,ganhouextremarelevânciasuasteoriassobre organização,que ele define como algonecessárioemqualqueratovital,e aadaptação que ele acreditaterduas funções:a assimilaçãoe a acomodação.A principal teoriade Piagetonde ele divideosestágiosde desenvolvimentoemquatroperíodos:osensório-motor,opré-operacional,operações concretase operaçõesformais,estãodiretamente relacionadoscoma psicomotricidade (MELLO, 2006). No períodosensório-motor,assignificaçõesque permeiamopensamento humanoestãoassociadasàs utilidadesdasações.Portanto,assignificaçõesnadamaissãoque os resultadosde assimilaçõesde objetosaesquemasjáformados,ouseja,frutode interpretações.Nonível pré-operatórioe aindanoperíodosensóriomotor,osignificadode um objetoconstitui aoque podemosfazercomele,pensare dizersobre ele (PIAGET,1989, p. 148 apudROSA,2004, p.57).Trataremos com maisdetalhessobre osestágiosde Piagetno capítuloposterior.Conforme Costallatetal (2002, p.13),a históriadapsicomotricidadeno Brasil segue ospassosda Escola Francesa:Os estudosde Dupré e Charcot originadosdavia instintoemocional–a busca às respostasdascrianças com dificuldadesescolares –nortearam 9 tambémoscientistassul-americanose brasileirosaencontrarem, naFrança,o refúgiopara suas dúvidas.Eraclara e nítidaa influênciadaEscolaFrancesade PsiquiatriaInfantil e da Psicologianoiníciodoséculonomundotodo.As mudançassócio-culturaisprovocadaspelo pós-guerraapresentavamumquadrode dificuldadespsicocognitivas.Destaforma,surgiua necessidadede progredirnosestudospertinentesàaprendizagem,focarasciências psicológicase pedagógicas.NaEuropa,ascrechesatendiamasnecessidadesde umasociedade industrial aomesmotempoque serviade laboratórioparaospesquisadoresdaárea da aprendizagem.NoBrasil,oprocessode valorizaçãodosestudospedagógicose psicológicos ocorreuum poucomais tarde.De acordo com Lussac (2008), o neuropsiquiatraDupré,em 1909, cumpre um importante papel nocampodapsicomotricidade,poisafirmaa independênciadadebilidademotora.Poroutrolado,André Thomase Saint-Anné Dargassie, nesse período,iniciaramosestudossobre otônusaxial.Posteriormente,omédicopsicólogo HenryWallon,associa,emseusestudos,omovimentohumanoe aconstrução do psiquismo.A teoriade Wallonfoi de sumaimportância,poispermite relacionaromovimentodocorpocom a afetividade,aemoção,aomeioambiente e aoshábitosdoindivíduo.Em1935, o exame psicomotor,desenvolvidopeloneurologistaEdouardGuilmain,possibilitavadesde o diagnóstico,aindicaçãoterapêuticae oprognósticodadebilidademotora.Todosesses estudoscontribuíramparaos avanços da psicomotricidade,bemcomo,atornaramuma disciplinaespecíficae autônoma.A partir dosanos 70, o Brasil recebe a visitade pesquisadores estrangeirosparaministrarcursos,palestrase formarosprofissionaisbrasileiros.A esse respeitocorroboraLussac(2008, p. 4): Em 1977 é fundadoo GAE, Grupode Atividades Especializadas,que veiopromoverapartirde 1980 váriosencontrosnacionaise latino- americanos.OPrimeiroEncontronacional de Psicomotricidadefoi realizadoem1979. O GAE é responsável pelaparte clínicae o ISPE,InstitutoSuperiorde Psicomotricidade e Educação, destinadoàformaçãode profissionaisempsicomotricidade,se dedicaaoensinode aplicações da psicomotricidadeemáreasde saúde e educação.Em 1982, o ISPE-GAErealizaovínculo científico-cultural comaEscola Francesaatravésda exclusivaDelegaçãoBrasileiradaOIPR - OrganisationInternationale de Psychomotricité etde Relaxation.A SBP - Sociedade Brasileira
  • 14. de Psicomotricidade,entidadede carátercientífico-cultural semfinslucrativos,foi fundadaem 19 de abril de 1980 com o intuitode lutarpelaregulamentaçãodaprofissão,uniros10 profissionaisdapsicomotricidadee contribuirparao progressodaciência,promovendo congressos,encontroscientíficos,cursos,entre outros.Nesse panorama,odesenvolvimento dos estudossobre apsicomotricidadenoBrasil deslanchou-se e osavançosforam significativos,comoporexemplo,oreconhecimentodadiferençaentre posturareeducativae uma terapêutica,oque passoua valorizarmaisosaspectosemocionaise afetivosparaas intervençõesdapsicomotricidade.Outroteóricode imensurávelimportânciaparaosestudos da psicomotricidadefoi Ajuriaguerra,que lançousuaprincipal obra,nadécadade 50, com o títulode Manuel de Psychiatre de I‟Enfantque abordavao embasamentoteóricode umcurso de medicinadirigidoaosestudantese aoscolaboradoresdacadeirade Psiquiatriae doServiço Médicoe Pedagógicode Genebra.Este livroé importante poistrazdiversostemastaiscomo:o desenvolvimentoinfantilsegundoaPsicologiaGenética,avidasocial da criança e do adolescente,osproblemasgeriasdodesenvolvimento,osproblemasgeraisdadesorganização psicobiológicadacriança,a organizaçãopsicomotorae seusdistúrbios,aorganizaçãoe a desorganizaçãodalinguagemnacriança,a evoluçãoe os distúrbiosdoconhecimentocorporal e da consciênciado“eu”,as grandessíndromes:psicosesinfantis,organizaçõesneurológicas infantis,doençaspsicossomáticas,dentreoutros.ConformeMello(2006,p. 29), justamente por tratar dessadiversidadede assuntosrelacionadosaodesenvolvimentodacriança, e, passadostrêsdécadasdo lançamentodaprimeiraediçãodoseuManual de PsiquiatriaInfantil, Ajuriaguerracontinuasendoumdosautoresmaiscitadosnostrabalhospertinentesao desenvolvimentoinfantil.Outraobraque contribuiuparao iníciodos estudossobre psicomotricidadefoi oTratadode Psicologiadosautoresfranceses:Gratiot-AphaderyeRenné Zazzo.A partir dolançamentodesse livro,e posteriormentedomanual de Avaliação PsicológicaorganizadoporRenné Zazzo,váriosoutrosautoresdedicaram-se aosestudosdo desenvolvimentodacriançaconsiderandoomovimento.De acordocomCostallatetal (2002, p. 14), “JeanLe Boulch,Fraisse e Stern,se preocupavamcomo ritmotempoe espaço,noções sequerpensadascomoimportantespelospsicometristas”.Essapreocupaçãocontribui bastante para os estudosrelativosàpsicomotricidade.11É irrefutável ainfluênciafrancesa nos estudosbrasileirossobre odesenvolvimentoinfantil,focandoosaspectosda psicomotricidade.Nesse panorama,é relevanteapontarAntônioBrancoLefréve que organizou a primeiraescalade avaliaçãoneuromotoraparacrianças brasileiras.Nestaépoca,é fundada emIbirité,MinasGerais,oprimeirocentroorganizadoparaatendimentode deficientes mentais,que motivou,posteriormente, acriação dasAPAEs,Pestalozzi,COA,etc(COSTALLAT et al,2002, p.15).A partir disso,muitosfrancesesvieramaoBrasil ministrarcursose palestras sobre psicomotricidade,e onossopaís nãoficoupara trás nodesenvolvimentodosestudos sobre o desenvolvimentoinfantil:A históriatomouseurumo,e o Brasil nãofugiudele.Aberto a aprendersempre,hoje é ummercadoascendente emtotal ascensão,colocandoalgunsdos autoresinternacionaiscomobrasemrecorde de tiragem.ODr. Vitorda Fonsecatemsuas obras sempre esgotadase jáestáemsua 10° ediçãoemalgumasdelas(COSTALLATetal,2002, p.17). Nesse panorama,podemosafirmarque otemapsicomotricidadeevolui consideravelmentenoBrasil,tanto,que nemprecisamosmaisleremfrancêsouespanhol para estudarsobre o assunto.2 O PROCESSODE APRENDIZAGEMINFANTILA criança começaa tomar consciênciade si mesmanoprimeiroanode vida.Como passar do tempo,ela desenvolve umafase afetivadeixandoasuafase passiva,e numfuturopróximo,vai se tornandouma pessoacomconsciênciade si que estásempre embusca de descobriroseu “eu”.Portanto,podemosdizerque,nósseremhumanostemosumaexistênciarepletade fases,onde mudamoscompletamente.Ocorpoe mente se transformam:desenvolvemo-nos
  • 15. fisicamente,mudamosasatitudes,aformade pensar,ocomportamento,etc.De acordo com Berns,(2002, p. 06), “o desenvolvimentorefere-se àsmudançasprogressivasaolongodo tempo”,e elaspodemserquantitativasouqualitativas.Sãoquantitativasquandose referem ao crescimentofísico,ouseja,de 12 volume,passivode medidasobjetivas,e sãoqualitativos no sentidode compreensãomoral ouadaptaçãosocial.E assim, cada fase do serhumano passa à medidaque vamosdesenvolvendonossapersonalidade.A personalidadesegundoA. Gesell,é oresultadode umcrescimentolentoe gradual,e osistemanervosoamadurece por etapase seqüência.A educaçãodeve guiare favorecerocrescimentoe aadaptação da criança ao mundoemque vai viver(MUTSCHELE, 1996, p.14). O desenvolvimentodapersonalidade do indivíduoperpassaváriasfasese aspectos,dentreelesestão:ahereditariedade,opré- natal,o nascimento,ofísico,a percepção,ocomportamento,acognição,a linguagema emoção,o social e a personalidade,ospapéissexuais,amoral,dentre outros.Conforme Berns (2002, p.03), “sabercomo todasas crianças progridemdurante asmesmasfasesde desenvolvimentoé tãosignificativoquantosabercomoosresultadosdascriançasdiferem”. Sobre a heriditariedade,infere-seque assemelhaosda mesmaraça e da mesmafamília,ou seja,as criançasnormalmente se parecemcomseuspais,masnãosãoidênticosaeles. Portanto,temosváriasteoriassobre esse aspectododesenvolvimentoinfantil.Mutschele (1996) apontatrês teoriasdahereditariedade:apreformaçãoocorre quandoo óvuloou espermatozóide temumserpreformado,emminiatura;apangênese,que é dateoriade Darwin,ocorre quandoas célulassexuaiscontémentidadesinfinitamente pequenasde cada atributodo indivíduo e ateoriade gen,do teóricoJohannsen,é oque de material de encontra nas célulassexuais.Este últimoé omaisrelevante,poispermite asherançasde naturezafísico- químicaou fisiológica.Entretanto,acercadascaracterísticas adquiridase suatransmissãoà prole,oscientistase biólogosaindanãochegaramnumconsenso,ouseja,nãoencontraram explicaçõesde comoocorre esse processo.Comoexemplo,podemosusarofilhode um professorde matemática,que,nãonasce sabendotudosobre matemática,mas pode desenvolvermaisfacilidade paraaprender,ounão.Mesmoaindatendodúvidassobre características que ospais transmitemaosfilhos,os13 biólogospossuemumacerteza,a herançaconstitucional de umacriança se fixanomomentode suaconcepção e não no nascimento.(MUTSCHELE,1996, p. 15). Para uma melhorcompreensãoacercadoprocessode desenvolvimentodoserhumanoque estáfocadoemmudançasprogressistas,necessáriose faz classificá-las.Destaforma,asmudançasdesenvolvimentaissão:ordenadas,direcionaise estáveis.Asordenadassãodenominadasassimporqueocorremnumaseqüência,ouseja, primeiramente obebê aprende ase sentare somente depoisaprende ficarempé.São chamadasmudanças direcionaisaquelasque acumulamconhecimentoe aprendizagem, ou seja,cada mudançana seqüênciaocorre é construídaa partirdos resultadosdasmudanças anteriores.Emoutraspalavras,podemosexemplificaramudançadirecional atravésdo balbucioouchoro que antecede afala.E já as mudançassão estáveis, poisaaprendizagemnão desaparece àcurto prazo,ou seja,quemaprende andarde bicicletanãoesquece tão facilmente (BERNS,2002, p. 06). Muitas são as teoriasque se propõe a explicarcomose dá a aquisiçãodoconhecimento,dentre elas,temosnocampoda psicologia,doisteóricos inigualáveis:Piagete Vygotsky.Destaforma,torna-se relevantefazerumaabordagemno aspectopsicológicodateoriadodesenvolvimentoinfantil,explicandosuasfases desenvolvimentais.Nocapítuloanterior,mencionamosateoriade Piagetfocadanosquatro estágiosouperíodos:o sensório-motor(donascimentoaté os2 anos),o pré- operacional (dos 2 aos 7 anos),o estágiodasoperaçõesconcretas(7 a 12 anos),e,por último,oestágiodas operaçõesformais(períododaadolescência,dos12 anosemdiante).Todosessesperíodos representamodesenvolvimentocognitivocomoumtodo,que só é possível justamentepelo
  • 16. fatoda criança perpassarporcada estágioe desenvolvervagarosamente.Diante disso,infere- se que a ordemcom que a criança perpassaessesestágiosé sempre amesma,porisso,Piaget estabeleceuumafaixade idade paracada um.De acordo com Palangana(2001, p.24), o primeiroestágiodenomina-sesensório-motorpoisobebê nãoapresentapensamentonem afetividadeligadosarepresentações,ouseja,eleaindanãoconsegue evocarpessoase objetos,poisaindanãopossui consciênciade si.Obviamente,àmedidaque acriança desenvolve,aindanoestágiosensório-motor,essasatitudesvãose modificandoe obebê passa a agir nãoapenaspor instintos,e simporemoções.Emoutras 14 palavras,aolongodos doisanos,a criança desenvolveacapacidade de diferenciaraquiloque é delae aquiloque é do mundo,à medidaque vai adquirindonoçãode tempo,espaço,causalidade,dentre outros.O segundoestágiopertinente ateoriade Piaget,opré-operatório,possivelmente omais interessantesobre oobjetoaque se destinaessapesquisa,consiste nodesenvolvimentoda linguagem,dojogosimbólico,aimitação,etc.Nesse estágioacriança nãodepende exclusivamente de seusinstintos,sensaçõese movimentosparadistinguirosignificante do significado.Entende-seporsignificante,aimagempalavraousímboloque a criança associaao significado,ouseja,opróprioobjetoausente.Entretanto,é importante ressaltarque nessa fase,a criança não consegue,mesmojátendoesquemasinternalizados,reverterseus pensamentos,fatoeste indispensável paraodesenvolvimentocognitivo.Emoutraspalavras, podemosafirmarque a criança nãoconsegue desfazeroraciocínio,ouseja,nãovoltado resultadode seupensamentoaopontoinicial.Sobre essafase,Palangana(2001, p.25), afirma:Dentre as demaiscaracterísticasbásicasque identificamanaturezadopensamento pré-operacional,pode-sedestacartambémacondutaegocêntricaouautocentrada.A criança vê o mundoa partirde sua própriaperspectivae nãoimaginaque hajaoutrospontosde vista possíveis.Desconhecendoaorientaçãodosdemais,acriança nãosente necessidade de justificarseuraciocíniodiante de outrosnemde buscarpossíveiscontradiçõesemsualógica. Essa análise explicaocomportamentodascriançasna faixaetáriade doisa sete anosde idade que ficamaborrecidasquandocontrariadasouquandonão recebemalgoque pediramaos pais.Destaforma,o grande passo da criança acerca do desenvolvimentocognitivoparapassar dessafase para a próximaé deixarde ladoa necessidade insaciável de fazerseusdesejose aceitaro outro como umser que tambémpossui vontades.Opróximoestágio do desenvolvimentoinfantil,segundoPiageté ooperaçõesconcretas.Este estágiorecebe essa denominaçãopelofatode que acriança aindanão consegue trabalharcomenunciados verbais.Emoutras palavras,a criança consegue assimilare organizaraquiloque nãoestá imediatamente presente,porisso,suasaçõessãofocadaspara a realidade concreta.É importante 15 ressaltarque esse terceiroestágiocompreende afaixaetáriaentre ossete aos doze anosde idade.De acordocom Piagetesse períodoconcentra-se bastante natroca,ou seja,a criança agora se preocupacom o pensamentoalheioe,apartirdisso,elaboramelhor suas idéiasmediante argumentosque procuramconvenceraosoutros.Destaforma,percebe- se , uma tendênciaparaa socializaçãoanteriormente nãovista.Sobre afase operações concretas,corrobora Palangana(2001, p.27): Com o desenvolvimentodacapacidade para pensarde maneiralógica– característica desse período -,a criança não apenasbuscaconhecer o conteúdodopensamentoalheio,mastambémempenha-se emtransmitirseupróprio pensamentode modoque asua argumentaçãosejaaceitapelasoutraspessoas.Oúltimo estágiode Piaget,ooperatórioformal,é afase onde a criança atinge seumaisaltonível de estruturacognitiva.Esse estágioabarcacriançasde 12 anos de idade acima,e caracteriza, principalmente,pelofatode que acriança agora consegue pensaremtodasas relações possíveisde maneiralógicae buscarsoluçõeslevandoemconsideraçõeshipótesese não apenasacontecimentos.Em outraspalavras,essaé a fase emque a criançacompreende o
  • 17. sentidofiguradodasdalinguagem,comoporexemplo,quandoproferimosoditado“De grão emgrão a galinhaenche opapo”,a criança não vai imaginarumagalinhacomendo,e sim reconhecerametáforapresente nafrase.Tendoemvistaas fasessobre odesenvolvimento infantil apresentadasatravésdateoriade Piaget,cabe ressaltarque apsicomotricidade está presente emtodaselas,umavezque,omovimentofazparte dodesenvolvimentohumano.O desenvolvimentopsicomotordacriança se dá de forma natural e espontâneae possui a finalidadede levá-laadominaroprópriocorpo e adquirirmovimentosvoluntáriosàmedida que cresce.Entretanto,emalgunscasos,ou fases,conforme apresentadasporPiaget, é imprescindível que se acompanhe e observeesse desenvolvimentomotor,paracertificar-sede que a criança não apresentaperturbaçãoinstrumental,ouseja,dificuldadesouatrasos psicomotores.Casoacriança apresente algumquadrode dificuldadeparaexecutarum movimentoque 16seriaprópriodaquelafase emque se encontra,estadeveráser encaminhadaparaum profissional daárea,para a reeducaçãodosmovimentosouaté mesmo terapias.De acordo com Almeidae Tavares(2010), dentrodocontextoapresentadoacima, formula-se umaconcepção:afuncional.Entende-seporfuncional aquelaque buscamelhorar o desenvolvimentocorporal e físicodacriança, por isso,é baseadanos fundamentos psicomotores.Elaé tão importante que serve comopré- requisitoparaaaprendizagem, como por exemplo,daescritae leitura.Esquemacorporal é umelementobásicoindispensável para a formação da personalidade dacriança[...].E estase percebe osserese as coisasque a cercam, emfunçãode sua pessoa[...].A criança se sentirábemà medidaque seucorpolhe obedece,que oconhece bem,emque pode utilizá-lonãosomente paramovimentar-se,mas tambémpara agir.(MEUR apud ALMEIDA e TAVARES,2010, p 08). Diante doexposto,pode-se evidenciaroquantoé importante aobservânciadosmovimentosdacriançapara o seu desenvolvimento,poisapartirdeles,elapassaater consciênciade si e das coisasque a cercam, e a partirdisso,poderáformara sua personalidade.Éexatamenteporesse motivo que crianças que se encontramna idade de quatroanos acima,gostamtanto de dançar, brincar,pular,correr, enfim,movimentar-se,poisestádescobrindoasuaimportânciasobre o mundoque a envolve,ou,emoutraspalavras,formandoasua própriapersonalidade.Nesse panoramapodemosafirmarque para o processode aprendizageminfantil nãobastafocar apenaso intelectodacriança,trabalhandoemcasa ou na salade aula apenasteorias,mas principalmente se faznecessáriotrabalharosmovimentoscorporaisdestacriança,atravésde jogose brincadeiras,dançase dinâmicas,que certamente auxiliaránoseudesenvolvimento intelectual.2.1A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADEPARA A APRENDIZAGEMDA CRIANÇA De acordocom a SBP – Sociedade Brasileirade Psicomotricidade,apsicomotricidade nãoé a soma da psicologiacomamotricidade,ouseja,ela17 perpassaesse conceito,poistemvalor emsi.A SBP é umaentidade de carátercientífico-cultural semfinslucrativos,fundadaem19 de abril de 1980. A Sociedade Brasileirade Psicologiapossuiafinalidade de uniros profissionaisdapsicomotricidadeparareconhecê-loscomotal,contribuirparaoprogressoda ciênciapromovendocongressos,encontroscientíficos,cursos,palestrasetc.Destaforma,o conceitode psicomotricidade pode serassimevidenciado pelaSBP:Psicomotricidade é uma neurociênciaque transformaopensamentoematomotorharmônico.É a sintoniafinaque coordenae organizaas açõesgerenciadaspelocérebroe asmanifestaemconhecimentoe aprendizado(SBP,1999 apud LUSSAC,2008, p. 05). Nessaperspectiva,podemosestabelecer uma relaçãoentre o ato de pensare o ato de movimentar-se.Relacionandoaindaessa premissacomas fasesde desenvolvimentodacriança,podemosapontara relevânciade observarosaspectospsicomotoresdacriança no processode aprendizagem.Loureiroapud ISPE-GAE(2007) relacionaodesenvolvimentocorporal e mental:“apsicomotricidadeé a otimizaçãocorporal dospotenciaisneuro,psicocognitivosfuncionais,sujeitosàsleisde
  • 18. desenvolvimentoe maturaçãomanifestadospeladimensãosimbólicacorporal própria,original e especial doserhumano”.Destarte,oprocessode aprendizagemdacriançase dá por fazes, da mesmamaneiraque se desenvolve seucorpo.Emoutraspalavras,corpoe mente desenvolve-sejuntose emharmonia,umauxiliandoooutro.Daí a importânciade se trabalhar na escola,comas crianças de sériesiniciais,atividadesque estimulemomovimentocorporal. Conforme FonsecaapudOliveira(2001) é necessáriotomarcuidadoparanão enxergarno termopsicomotricidadedoiscomponentesdistintos,opsíquicoe omotor,poisambostratam- se de umsó. Peloprismade Fonseca,apsicomotricidade visafinseducativosparao movimentodohomem.A aprendizagemé umprocessocomplexoque dependede umasérie de habilidadese aptidõesdacriança.Uma dessashabilidadesestácalcadanomovimento,ou seja,nodesenvolvimentomotor.A criança quandoestáiniciandoaleiturae a escrita, necessitade estarpreparadapara receberaquele conhecimento,18 e para isso,existe o períodopré-escolarque auxilianodesenvolvimentode algumasaptidões.Nestafase,é importante que acriança aprendaa fazer algunsmovimentosque aauxiliarãoquandotiverde lere escrever,porisso,asatividadesdapré-escolafocamapintura,o recorte,a colagem, as brincadeiras,oparquinho,danças,jogos,etc.Oexercíciode pinturaporexemplo,ajudano desenvolvimentodacoordenaçãomotoraque a criança precisarápara escrever.Parauma boa aprendizagem, faz-se entãonecessáriodesenvolvercertas habilidadesdacriança.O professor precisaestaratendoao desenvolvimentopsicomotor,poisele é responsável porboaparte do processode aprendizagemdacriança.Observarosmovimentosdacriança,fazeratividades, dinâmicasque asenvolvamemdiversos movimentos,proporbrincadeirasque estimulema movimentaçãocorporal,sãofatoresindispensáveisparaumbomresultadoeducacional.De acordo com Silvae Borges(2008, p.01): Os principaisaspectosaseremdestacadossão: esquemacorporal,lateralidade, organizaçãoespacial e estruturaçãotemporal.Alémdesses aspectoscitados,é importante trabalharaspercepçõese atividadespré- escritas.Entende-se por esquemacorporal arepresentaçãomental donossocorpoà nível cortical,ou seja,e a organizaçãodo corpo noespaçoque o rodeia.Assensaçõesobtidaspeloprópriocorpo constroempoucoa pouco o sistemacorporal.Asatividadespropostasparatrabalharo esquemacorporal dacriança precisamfazero reconhecimentode seucorpocomoum todoe de suas partes.Um sugestãointeressante,é solicitaràcriança que encontre figurasde pessoas emrevistas,recortá-lasemduaspartese misturá-las,ouainda,desenharseupróprioretrato, ou de seuspais.A lateralidadeocorre quandose percebe odomíniode umlado do corpo sobre o outro,ou seja,quandoa criança utilizamaisoladoesquerdoque odireitodocorpoou vice e versa.A criança só despertaalateralidade porvoltade 6 a 8 anosde idade,ouseja, aproximadamente nessaidadeelase mostrarádestraoucanhota. A organizaçãoespacial consiste naspercepçõesdoserhumanoao seucorpo e as coisasque estão ao seuredor. Consiste nanoçãode perto,longe,em19 cima,em baixo,dentrofora,nafrente,atrás,etc.E a estruturaçãotemporal é a capacidade de realizaraçõesa um determinadointervalode tempo (ALVES,2007). É relevante apontarque apsicomotricidadereconhecemaassociaçãode espaçoe tempoconjuntamente,ouseja,quando,nocasoa criança,vai desenvolveralguma ação elao faz emuma sequênciatemporal e numdeterminadoespaçofísico.Entretanto, existemalgunsautoresque estudemessasfunçõesde maneiradistintas.Explicitadosalguns conceitosespecíficosdaáreada psicomotricidade,cabe voltarmosparaa área da aprendizagem.Destarte,acriançaprecisade se desenvolvernoaspectomotorpara obterum bomdesempenhoescolar,comocorroboraMorais apudSilvae Borges(2008, p.02): Um esquemacorporal mal construídoresultaráemuma criança que nãocoordenabemseus movimentos,veste-seoudespe-se comlentidão,ashabilidadesmanuaislhessãodifíceis,a caligrafiaé feia,sualeituraé inexpressiva,nãoharmoniosa.Outropontoimportante consiste
  • 19. aos problemasde ordemespacial que podemsurgirquandoalateralidade dacriançanãoestá bemdefinida.Quandoissoocorre,acriançapode apresentarproblemassériosde aprendizagem, taiscomo:dificuldadesemseguiradireçãográficada leiturae da escrita,não reconhece aordemde um quadro,entre outros.Tudoissopor aindanão ter domíniosobre os termosda esquerdaoudireita,ouseja,nãoperceberoseuladodominante ouooutro.A organizaçãoespacial tambémé muitoimportante paraoaspectoaprendizagem:Problemasna organizaçãoespacial acarretarãodificuldadesemdistinguirletrasque se definempor pequenosdetalhes,como“b”com “p”, “n” com “u”, “12” com “21” (direitae esquerda,para cima e para baixo,antese depois),trombaconstantementenosobjetos,nãoorganizabem seusmateriaisde usopessoal nemseucaderno;nãorespeitamargensnemescreve adequadamentesobre aslinhas(SILVA;BORGES,2008, p.02) 20 A desestruturaçãotemporal, pode refletirnofatodacriança demorarmuitopara fazera tarefapor não perceberintervalos de tempo,o antese o depois,ouseja,nãoter domíniosobre o tempoquandofor realizar algumaatividade.Éimportantíssimoque oprofissionaldaáreada educação tenha conhecimentosobre essasparticularidadesdapsicomotricidade,parapoderreconhecerna criança suas reaisdificuldadese poderauxiliá-la.Entretanto,nemsempre issoacontece.A realidade é que amaioriadosprofessoresde sériesiniciaisnãopossui conhecimentosuficiente sobre esse assunto,oque o faz pensarque as dificuldadesexistentesemsalade aulasão provenientesde outrosfatores,e por isso,nãoconseguemauxiliarseusalunoscomo deveriam.Nãopodemosrestringiraresponsabilidade doprocessode aprendizagemdacriança apenasaos profissionaisdaeducação,umavezque a famíliatambémé importante nesse processo.Assim,temosoutraproblemática,onde amaioriadospaistambémnãopossui conhecimentosuficienteparaperceberasdificuldadesmotorasque podemacarretarem dificuldadesde aprendizagemnacriança,e por isso,nãoconseguemtomaratitudesplausíveis para ajudar seusfilhos.O ISPE– InstitutoSuperiorde Psicomotricidade e Educaçãoe o GAE – Grupo de AtividadesEspecializadasse uniramparaauxiliar,paise profissionaisdaáreada educaçãoa observaremapsicomotricidade comoaspectoindispensável noprocessode aprendizagem dacriança.Trata-se de uma entidade comduasfrentesde atuaçãodistintas.O GAE é responsável poratendimentosclínicosde bebês,criançasadolescentes,adultose idosos,portadoresde distúrbiosde aprendizageme/oude desenvolvimento,déficitde atenção,hiperatividade,alémde síndromes,deficiênciasneonatais,(bebêsprematurosde riscoou alto-risco),e sintomatologiade envelhecimento(idosos).Jáo ISPEconsiste emfazer eventosque orientemprofissionaisdasaúde e educaçãoacerca de aplicaçõesda psicomotricidade.(online,ISPE-GAE,2006).Cursos de curta duração e de pós-graduaçãoa respeitodapsicomotricidade sãoministradosaprofissionaise estudantes.Essescursossão reconhecidospeloMECe possuemdiplomalicenciadopelaUniítalo(UniversidadeÍtalo Brasileira).Oobjetivodoscursosministradosé formarpsicomotricistasfundamentadosnos princípiose conceitosdaEscola Francesade Psicomotricidade.Iniciativascomo21 essas podemauxiliarnapropagaçãoda importânciadapsicmotricidade paraaaprendizagem infantil,poisapartirda conscientizaçãode paise professores,teremosumarealidade diferente relativaàeducaçãoinfantil.CONSIDERAÇÕESFINAISOestudoemquestãomostrou que muitasdificuldadesapresentadasporcriançasna escrita ou leiturapodemserreflexode problemasrelacionadosaatividadesmotoras.Essatese demonstraaimportânciadoaspecto psicomotricidadeparao processode aprendizageminfantil.Umdosmaioresproblemasacerca das dificuldadesdascriançasemlere escreverrelacionadosàpsicomotoricidade é afaltade informação.Narealidade,nempaise nemprofessorespossuemconhecimentoaprofundado sobre o assunto,quandomuito,sabemapenasdefiniroassunto,fatoeste que resultaemnão identificarosreaisproblemasdaalfabetização.Deste modo,torna-serelevantepropagaro
  • 20. assunto,estudar,pesquisare analisar,paraque esse nãosejamaisum problemaparaa educaçãoinfantil.Oprofissional daeducaçãopode identificaroatraso na aprendizagem escolardo aluno relacionandosuasdificuldadesmotorase assim, proporjogos,paramelhorar o desempenhonaescritadassériesiniciaisdaalfabetização.Ele precisateremmente que os exercíciospsicomotoressãofundamentaisnaaprendizagemdaescrita.Existempesquisas específicassobre atividadesque devemserdesenvolvidasnassériesiniciais.Elastrabalham todosos aspectospsicomotoresque sãoindispensáveisparaaprendizagemdaescrita,tais como: esquemacorporal,lateralidade,organizaçãoespacial e estruturatemporal.A partirdo momentoque oprofissional daeducaçãotenhaconsciênciasobre oassuntopsicomotricidade, saibareconhecerissonacriança e proporatividadesque instiguematodosao movimento corporal,muitosdosproblemasde alfabetizaçãonassériesiniciaisserãoamenizados.Paraisso é necessárioincentivo22 mediante cursosprofissionalizantes,bemcomo,boavontade e dedicaçãoporparte do professor.REFERÊNCIASALMEIDA,Anne.Ludicidadecomo instrumentopedagógico.Disponível em: http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:Bj7lVh2NdekJ:scholar.google .com/+a+import%C3%A2ncia+da+psicomotricidade+para+a+aprendizagem&hl=ptBR&as_sdt=0 ,5. Acessoem:2 de ago. de 2011. ALMEIDA,M.M; TAVARES,H.M. Síndrome de Williamse a IntervençãodaPsicomotricidade comAuxílionaEscolarização.Rev.DaCatólica.Uberlândia,v. 02, n. 03, 2010. Disponível em: http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica/artigosv2n3/24-PosGraduacao.pdf Acesso em:12 de ago.de 2011. ALVES,R.C.S.Psicomotricidade I.2007. Disponível em: http://www.psicomotricialves.com/PSICOMOTRICIDADEI.pdfAcessoem:05de set.2011. A PSICOMOTRICIDADE.Disponível em: http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm.Acessoem:21de jul.2011. BARRETO,Sidirleyde Jesus.Psicomotricidade,educaçãoe reeducação.2º ed.Blumenau: LivrariaAcadêmica,2000. BERNS,R.M. O desenvolvimentodaCriança.2° ed.São Paulo: EdiçõesLoyola,2002. COSTALLAT,D.M.M. et al.A Psicomotricidadeotimizandoasrelações humanas.2° ed.São Paulo:Arte e CiênciaEditora,2002. LE BOULCH, Jean.Rumo a uma Ciência do Movimento.PortoAlegre:ArtesMédicas,1999. ACERCA DA PSICOMOTRICIDADE. . . O que é a psicomotricidade? “ A Psicomotricidade pode ser definida como o campo transdiciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade. Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma integrada as funções cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a capacidade de ser e agir num contexto psicossocial.” Associação Portuguesa de Psicomotricidade (APP) A psicomotricidade é encarada como uma ciência que estuda a conduta motora como expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem (Le Boulch apud Nasser, 2004 cit in CRUZ & SHIRAKAWA, 2006) utilizando como objecto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e as relações que estabelece com o meio, fazendo aquisições motoras, cognitivas e afectivas. De acordo com o Ministério da Educação e do Desporto e Secretaria de Educação Especial apud Rezende et al (2003) cit in Cruz e Shirakawa (2006), psicomotricidade é a integração das funções motoras e mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso,
  • 21. destacando assim as relações existentes entre a motricidade, a mente e a afectividade do indivíduo. O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional do corpo e das suas partes e encontra-se dividido em vários factores psicomotores. Fonseca (1995) cit in Cruz & Shirakawa (2006) apresenta sete factores - tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção corporal, estruturação espácio-temporal e praxias fina e global. O trabalho em psicomotricidade tem como foco o movimento organizado e integrado em função das experiencias vividas pelos indivíduos, a acção do seu corpo em relação ao meio interno e externo, a sua individualidade, linguagem e processo de inclusão social. Segundo Alves (sd) cit in SILVA (2004), a psicomotricidade tem como principal propósito melhorar ou normalizar o comportamento geral do indivíduo, promovendo um trabalho constante sobre as condutas motoras, através das quais o indivíduo toma consciência do seu corpo, desenvolvendo o equilíbrio, controlando a coordenação global e fina e a respiração bem como a organização das noções espaciais e temporais. Os psicomotricistas não usam o termo motricidade isoladamente pois a motricidade é indissociável da psique humana, sendo o termo motricidade mais utilizado pela área da educação física no âmbito da perspectiva do treino desportivo, ligado à coordenação motora como qualidade física, sendo analisado de forma diferente na perspectiva da Psicomotricidade (LUSSAC, 2008). Assim, a psicomotricidade faz a abordagem clínica voltada para a globalidade do indivíduo, uma vez que, na sua concepção, a dinâmica aplicada será capaz de desenvolver o aspecto motor no momento da execução da actividade, o aspecto intelectual na tentativa de resolução do desafio proposto e o aspecto afectivo, nossentimentos experimentados ao longo da actividade (SOUZA & BODOY, 2005). Esta metodologia de trabalho é justificada através do funcionamento do sistema nervoso, pois este é constituído por inúmeros constituintes que não interagem de um modo independente, já que existe relação de interdependência nas áreas (AUCOUTURIERet al., 1986 cit in SOUZA & BODOY, 2005). O principal objectivo centra-se na adequação das condutas às necessidades do indivíduo, tornando a tarefa mais eficaz e satisfatória tanto para o profissional como para o participante. A historicidade da Psicomotricidade “A história do saber da psicomotricidade representa já um século de esforço de ação e de pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da informática, vai-nos permitir certamente, ir mais longe da descrição das relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Esta intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras” (FONSECA, 1988, p. 99.) A história da psicomotricidade é indissociável da história do corpo sendo que ao longo desta história foram registadas perguntas: como explicar as emoções e as sensações do corpo e qual a relação entre corpo e alma; por que diferenciá-los? (BARTHES apud LEVIN, 2003 CIT IN FALCÃO & BARRETO, 2009) O pioneirismo desta matéria centrou-se em Aristóteles para o qual o corpo é matéria moldada pela alma e esta é que põe o corpo em movimento. Estreava-se assim a linha de pensamento psicomotor quando analisou a função do ginasta para melhorar o desenvolvim ento
  • 22. do espírito. Enunciava que o homem era formado por corpo e alma e valorizava o exercício físico, já que, para o mesmo, a ginástica servia para “dar graça, vigor e educar o corpo”. No século XIX, com o desenvolvimento e as descobertas ao nível da neurofisiologia, constatou-se que existem diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja localizada claramente, sendo deste modo descobertos “distúrbios da actividade gestual, da actividade práxica”, sem que anatomicamente estejam circunscritos a uma área ou parte do sistema nervoso. É desta aparente necessidade médica de explicar os fenómenos clínicos que não são corroborados anatomicamente que no ano de 1870 surge pela primeira vez o termo psicomotricidade. (Falcão & Barreto, 2009). No entanto as primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um enfoque totalmente neurológico. (CAMUS apud LEVIN, 2003 CIT IN FALCÃO & BARRETO, 2009). É com Dupré, neurologista francês que, em 1907, que após um conjunto de pesquisas se define a síndrome da debilidade motora, composta por sincinesias (movimentos involuntários que acompanham uma acção), paratonias (incapacidade reduzir o tonos muscular voluntariamente) e inabilidades, sem que lhes sejam atribuídos danos ou lesão extrapiramidal. Dupré formulou psicomotricidade focalizando-se uma linha filosófica neurológica, associando o desenvolvimento da psicomotricidade com a inteligência e a afectividade. Segundo Levin (2003) a patologia cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são os três meios aptos a alcançar o conceito de psicomotricidade. (Falcão & Barreto, 2009) . Henry Wallon, médico, psicólogo e pedagogo, foi provavelmente, o grande pioneiro da psicomotricidade, vista como campo científico. Segundo Fonseca (1988), este forneceu observações decisivas acerca do desenvolvimento neurológico do recém-nascido bem como da evolução psicomotora da criança. Wallon afirmava que o movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo, sendo o movimento (acção), pensamento e linguagem unidades inseparáveis. A componente do conhecimento, a consciência e o desenvolvimento geral da personalidade não podem ser isolados das emoções. Wallon realizou um importante trabalho sobre os aspectos psicofisiológicos da vida afectiva - a consciência corporal e a relação intrínseca do tónus, chamando a isto diálogo tónico, assinalando que as relações que estabelecemos e a actividade postural têm uma origem comum (FALCÃO & BARRETO, 2009). A partir da sua obra construiu-se uma nova técnica terapêutica que visa a reeducação das funções motora. Em 1935, impulsionando pelas obras de Wallon, Edouard Guilman (1901-1983) inicia a prática psicomotora, que cria através de diferentes técnicas da neuropsicologia fundando a reeducação psicomotora com exercícios que tinham a finalidade de reeducar a actividade tónica, a actividade relacional e o controlo motor. Em 1942, a junção dos conhecimentos de inúmeros psicólogos da Alemanha que estudaram os mecanismos da percepção, de Schultz e Jacobson que definiram os primeiros métodos de relaxação e dos psicopedagogos que estudaram o desenvolvimento sensório-motor da criança, como Clapariede, Montessori e Piaget proporcionaram saberes essenciais à evolução do conceito de psicomotricidade. Piaget (1896-1980) foi o autor que mais estudou as relações entre a psicomotricidade e a percepção, aferindo assim que, desenvolvimento mental constrói-se de forma lenta e caracteriza-se por um equilibrio progressivo, do menor para o maior surgindo a inteligência de uma adaptação ao meio ambiente. (Falcão & Barreto, 2009).
  • 23. As teorias de Ajuriaguerra, por volta de 1960, em ligação com as de Wallon e Piaget; influenciaram o trabalho de outros autores como: R. Diatkine, J. Buges, Jolivet, S. Leboaci, que reformularam o enfoque da psicomotricidade, valorizando em especial a relação, e as emoções e o movimento. A estes acresce a influencia de psicanalistas S. Freud, M. Klein, J. Lacan, W. Reich, P. Schilder, F. Dolto, Samí Alí, D. Winnicott, Manoni, entre outros. Segundo Fonseca (1988), em 1947-1948 Ajuriaguerra e Datkine a história da psicomotricidade ao modificarem o conceito de debilidade motora. Ajuriaguerra, no seu Manual de Psiquiatria Infantil, reflecte claramente que os transtornos psicomotores “oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico”. Também nesta fase autores como J. Berges, R.Diatkine, B. Jolivet, C. Launay, S. Leboirei definem a psicomotricidade como “uma motricidade em relação”. (Falcão & Barreto, 2009). Na década de 70 através de Le Boulch, surgem os primeiros trabalhos ao nível da educação psicomotora, que visavam ajudar a criança inadaptada a desenvolver suas potencialidades e ter acesso ao mundo escolar.Coadjuvando o mesmo aparecem os trabalhos de L. Pick, P. Vayer, André Lapierre, Bernard Auconturier, Defontaine, J. C. Coste abordavam que a educação psicomotora servia de ferramenta para auxiliara as crianças inadaptadas para potencializar as suas competências e disponibilizar-lhes o meio escolar. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Na década de oitenta Le Camus refere que os grandes pilares da psicomotricidade dos tempos modernos são: coordenação estático-dinamica e óculo-manual; organização espacial e temporal; estrutura do esquema corporal, afirmação da lateralidade e domínio tónico. Deste modo, Por volta do ano de 1986 surge uma nova definição para a psicomotricidade: “uma motricidade em relação”, o que no pensamento de Levin (1995) cit in FALCÃO & BARRETO, 2009 “é onde se opera uma passagem no enfoque do olhar do psicomotricista, não mais voltado ao plano motor, mas direccionado a um corpo em movimento”. Os norte-americanos insistem sobre a concepção perceptivo-motora e o papel do desenvolvimento motor no desenvolvimento perceptivo. Destacados autores como Kephart, Cratty, Frostig e Barsch que aprofundaram essa mesma concepção. (Falcão & Barreto, 2009). Em que consiste a Intervenção Psicomotora? A intervenção em psicomotricidade assume-se como uma reeducação ou terapia de mediação corporal e expressiva, intervencionada pelo psicomotricista que tem como missão estudar e compensar a expressão motora inadequada ou inadaptada nas diversas situações estando estas normalmente inerentes a problemas de desenvolvimento e de maturação psicomotora, de comportamento, de aprendizagem e de âmbito psico-afectivo. (Associação Portuguesa de Psicomotricidade (APP). A intervenção em psicomotricidade educa e reeduca os distúrbios que se apresentam por meio de perturbações psicomotoras, debilidades psicomotoras, inabilidade, atrasos psicomotores, inibição psicomotora, diminuição, hiperactividade e retenção. (Alves, 2007) A Psicomotricidade incrementa-se numa abordagem clínica voltada à globalidade do indivíduo, (Souza & Bodoy, 2005). Le Boulch aponta três perspectivas distintas na intervenção psicomotora, uma aponta para a educação psicomotora, outra, para a reeducação psicomotora, e uma ultima referente á terapia psicomotora. Estas diferentes abordagens, referem-se, não só,
  • 24. a diferentes intervenções, mas também a diferentes formas de conceber a psicomotricidade. (Lussac, 2008). Corroborando a linha de pensamento de Le Boulch, Mello (2002,p.33) afirma: “Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais campos de actuação ou formas de abordagem da Psicomotricidade: 1. Reeducação Psicomotora; 2. Terapia Psicomotora; e 3. Educação Psicomotora. Embora em certos trabalhos esses três níveis de actuação cheguem a confundir-se, existem características próprias em cada um deles.” (Lussac, 2008). Objectivos da Psicomotricidade A psicomotricidade assenta em objectivos gerais com vista a compensar problemáticas situadas entre o psíquico e o somático intervindo através do corpo, atribuindo um significado simbólico ao mesmo em movimento. Permite garantir a harmonização tónica através do corpo utilizando para este facto acções sobre a postura, a atitude, o esquema corporal, e a descontracção neuro-muscular. Promove a movimentação funcional e expressiva focando-se na maneira de agir o corpo através da coordenação, dissociação e praxias, possibilitando a relação tónico-emocional com o técnico através da acção do corpo.(Associação Portuguesa de Psicomotricidade-APP). População-Alvo Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2003), a população-alvo desta intervenção caracteriza-se essencialmente por: “Crianças em fase de desenvolvimento; bebés de alto risco; crianças com dificuldades/atrasos no desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais em consequência de lesões neurológicas; família e a 3ª idade.” (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 2010). Competências do Psicomotricista Considera-se psicomotricista o profissional da área de saúde e da educação que pesquisa, ajuda, previne e cuida do indivíduo na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios de integração psico-somática. Intervindo numa perspectiva de “Educação, Clínica (Reeducação, Terapia), Consultoria e Supervisão.” (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 2010). As principais competências inerentes ao técnico de psicomotricidade centram-se sobretudo na capacidade de:  “Avaliação e Diagnóstico do Perfil e Desenvolvimento Psicomotor;  Domínio de Modelos e Técnicas de Habilitação e Reabilitação Psicomotora em Populações Especiais ou de risco;
  • 25.  Prescrição, Planeamento, Avaliação, Implementação e Reavaliação de Programas de Psicomotricidade;  Formação, Supervisão, e Orientação de outros técnicos, nos âmbitos anteriormente referidos;  Consultadoria e organização de serviços vocacionados para a psicomotricidade;  Proposta de adaptações envolvimentais (familiares ou escolares) susceptíveis de maximizarem as respostas reeducativas ou terapêuticas decorrentes da intervenção directa.” (Associação Portuguesa de Psicomotricidade-APP) Quais os locais onde esta intervenção pode ocorrer? Segundo a APP, a nível da Saúde:  Hospitais Gerais (Serviços de Psiquiatria e de Pedopsiquiatria; Serviços de Pediatria / Consultas de Desenvolvimento e Saúde do Adolescente)  Centros de Saúde  Hospitais Psiquiátricos  Centros de Atendimento à Toxicodependência A nível da educação:  Creches e Jardins de Infância  Escolas do Ensino Básico  Educação Especial: Estabelecimentos de Educação Especial e Centros de Apoio Psicopedagógico A nível da segurança social:  Instituições Privadas de Solidariedade Social  Associações e Cooperativas de Acção Social  Lares de Acolhimento e Apoio á Infância e Juventude  Centros de Dia para Idosos A nível da Justiça:  Institutos e Equipas de Reinserção Social A nível das Estruturas Desportivas com Serviços de Reabilitação  Adaptação ao Meio Aquático  Equitação Terapêutica Outros âmbitos  Clínicas Psicopedagógicas
  • 26.  Clínicas Geriátricas  Apoio domiciliário (retirada de http://www.appsicomotricidade.org/entrada.htm) Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, defi Sem descrição por Priscila Gomes em 9 de Março de 2015 6 Comentários (0) Por favor faça o login para adicionar seu comentário. Denunciar abuso Transcrição de Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, defi