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10 Livros da Literatura Brasileira
• Nome : Isabela Lopes Numero : 18 1EMA
1 : Adélia Prado : Bagagem
2 : Augusto dos Anjos: Eu
3 : Bernando Élis: O Tronco
4 : Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba
5 : Dyonélio Machado: Os Ratos
6 : Graça Aranha: Canaã
7 : João Cabral de Melo Neto: Morte e Vida Severina
8 : Olavo Bilac: Poesias
9 : Otto Lara Resende: O Braço Direito
10 : Stanislaw Ponte Preta: Febeapá
Adélia Prado : Bagagem
Nascida em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935, a poeta e educadora
Adélia Prado lançou seu primeiro livro, Bagagem, já na maturidade, em
1976. Foi indicada a um editor por Carlos Drummond de Andrade, que
viu nela um "fenômeno poético". Tornou-se conhecida e admirada
rapidamente. Tanto que, apenas um ano depois, voltava à cena com
seu segundo livro, O Coração Disparado (1977), ao qual se seguiram
muitas outras publicações.
Logo na abertura do livro, em Com Licença Poética, ela já afirma: "Vai
ser coxo na vida é maldição pra homem./ Mulher é desdobrável. Eu
sou", em referência ao Poema de Sete Faces (1930), no qual o escritor
recebe a intimação do anjo torto para ser gauche na vida. Já em Agora,
ó José, a figura criada pelo poeta mineiro recebe uma dose de
encorajamento, diante das agruras da vida. Adélia, diferentemente de
seu conterrâneo, enxerga o cotidiano sempre com esperança e paixão
pela existência. Ela aceita a "máquina do mundo", que se revela pela
plenitude divina. Em Guimarães Rosa, a poeta encontra a magia e a
vivacidade do universo rural, representado sempre como fonte de
revelações, de descoberta no plano espiritual. Contudo, ela não utiliza
o questionamento metafísico comum aos personagens de Grande
Sertão.
Augusto dos Anjos: Eu
Se há um adjetivo que define com unanimidade tanto o poeta
Augusto dos Anjos quanto sua obra única, Eu (postumamente, com o
acréscimo de mais poemas, passou a chamar-se Eu e Outras Poesias),
este adjetivo é "original". Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
nasceu na Paraíba, em abril de 1884. Aprendeu as primeiras letras
com seu pai, que era bacharel. Na época em que cursou os estudos
secundários, no Liceu Paraibano, já era tido como irritadiço e
doentio. Formado em direito, jamais advogou. Durante a curta vida,
foi professor de português e de geografia. Pessimista e desiludido
com a vida e a sociedade, Augusto dos Anjos via sujeira e podridão
em tudo e em todos, atitude que se reflete fortemente em suas
poesias. Vitimado pela pneumonia, poucos meses depois de ter
assumido a direção de um grupo escolar em Leopoldina, Minas
Gerais, morreu em novembro de 1914, com apenas 30 anos de
idade.
Publicado em 1912, Eu é uma fantástica coleção de poesias
simbolistas, todas excepcionalmente expressivas, escritas com
linguagem áspera, paradoxal, dramática, e utilizando palavras de
vocabulário científico e médico, carregadas de uma virulência nunca
antes vista em toda a literatura de língua portuguesa.
Bernando Élis: O Tronco
Nome de maior projeção no grupo dos modernistas de Goiás, Bernardo Élis
começou a sua carreira pela poesia. Tornou-se referência do regionalismo
tradicional com os contos de Ermos e Gerais (1944) e, sobretudo, com seu
primeiro romance, O Tronco (1956). Este segundo livro enfoca a disputa
pelo poder numa vila do extremo norte de Goiás, o Duro, último reduto da
família Melo. Conhecidos pelo despotismo com que governam a região que
fundaram, os Melos são combatidos por toda parte. O idealista Vicente
Lemes, parente dos Melos e nomeado coletor por influência deles, luta
para restabelecer a paz. Mas a intervenção da Força Estadual precipita uma
luta bárbara que, sem assegurar o cumprimento das leis, prejudicará
ambas as partes. O romance é extraído de uma história real, de fatos
ocorridos em Goiás, nos idos de 1917 e 1918.
No sertanismo goiano-mineiro, que passou a competir em prestígio com a
literatura do Nordeste, Élis, por causa de Ermos e Gerais, antecipou-se a
Guimarães Rosa (Sagarana é de 1946), Mário Palmério (Vila dos Confins,
1956) e José J. Veiga (Os Cavalinhos de Platiplanto, 1959). Nascido em
1915, em Corumbá de Goiás, Bernardo Élis Fleury de Campos Curado
iniciou-se na carreira pública como secretário da Prefeitura Municipal de
Goiânia. Depois, fez carreira no magistério. Foi fundador da União Brasileira
de Escritores de Goiás e membro da Academia Brasiliense de Letras, para a
qual foi eleito em 1975. Morreu em 1997, na sua cidade natal.
Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba
A obra apresenta uma série de relatos em torno do protagonista Nelsinho,
rapaz que vaga pela cidade em busca de sexo e de afeto. Ele segue e
assedia velhinhas, matronas, viúvas de preto, normalistas e prostitutas. O
jovem, assim como o vampiro, é vítima da repetição infinita de seus
desejos, o que só lhe agrava o quadro de solidão: "Tem piedade, Senhor,
são tantas, eu tão sozinho". Nelsinho tanto pode ser um único personagem
como vários, representados pelo mesmo nome. De todo modo, por meio
desse anti-herói vampiresco, ao leitor descortina-se o panorama de uma
cidade decaída, onde se esconde um vampiro no fundo de cada "filho de
família". Na forma, um estilo ferino e cortante:
Nascido em Curitiba em 1925, Dalton Jérson Trevisan estudou direito,
profissão que logo abandonou. Trabalhando depois na fábrica da família,
foi vítima de um acidente grave, que o levou ao hospital por um mês. O
episódio marcou-lhe a vida: ainda sob o efeito do medo de morrer,
escreveu sua primeira novela. Em 1946, fundou a revista literária Joaquim.
Além de apresentar traduções de Proust, Joyce, Kafka e Gide, a publicação
reunia ensaios assinados por Antonio Candido, Mário de Andrade e Otto
Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O Caso do Vestido, de
Carlos Drummond de Andrade. Em 1959, a editora José Olympio publica
suas Novelas Nada Exemplares, compilando uma produção de duas
décadas com a qual conquistou público e crítica. Várias outras coletâneas
se seguiram: Cemitério de Elefantes (1964) e O Vampiro de Curitiba (1965).
Dyonélio Machado: Os Ratos
Publicado em 1935, Os Ratos rendeu ao gaúcho Dyonélio Machado (1895-
1985) o primeiro lugar no prêmio Machado de Assis, da Academia
Brasileira de Letras. O escritor dividiu o galardão com Erico Verissimo,
Marques Rebelo e João Alphonsus de Guimaraens. Em uma década
marcada por grandes romances dedicados aos dramas das camadas
sociais menos favorecidas, Dyonélio transformou Naziazeno Barbosa,
atormentado protagonista desse seu romance, em uma das figuras mais
marcantes da galeria de personagens desvalidos que povoam a literatura
brasileira.
Os Ratos é um romance breve, composto de 28 capítulos curtos que se
passam num único dia. Sem cair no naturalismo fácil que explora a
degradação e a violência das cidades, Machado consegue um perfeito
equilíbrio entre investigação psicológica e descrição social. O autor mostra
sensibilidade para retratar um quadro humano próximo ao desespero e
para enxertar em sua narrativa elementos que plasmam a febre paranóide
e obsessiva de Naziazeno, funcionário público que precisa de 53 mil-réis
para pagar a conta do leite e sai pela Porto Alegre do começo do século 20
para cavar o dinheiro.
Graça Aranha: Canaã
Publicado em 1902, Canaã encontrou sucesso imediato entre os leitores. A
obra de Graça Aranha divide com Os Sertões, de Euclides da Cunha, o
marco inaugural do Pré-Modernismo brasileiro. Trata-se evidentemente
de mais um livro a antecipar temas e preocupações de que os modernistas
se ocupariam mais detidamente anos depois.
O romance se apóia na objetividade e em recursos naturalistas na
descrição de episódios e personagens. Para alguns críticos, haveria até um
quê de Simbolismo na prosa. Imagens plásticas e sensações visuais,
olfativas e auditivas povoam o texto: "Os primeiros vaga-lumes
começavam no bojo da mata a correr as suas lâmpadas divinas... No alto,
as estrelas miúdas e sucessivas principiavam também a iluminar... Os
pirilampos iam-se multiplicando dentro da floresta, e insensivelmente
brotavam silenciosos e inumeráveis nos troncos das árvores, como se as
raízes se abrissem em pontos luminosos. (...) Os pirilampos já não voavam,
e miríades e miríades deles cobriam os troncos das árvores, que faiscavam
cravados de diamantes e topázios". O universo imagético e idealista de
Milkau contrasta com toda a barbárie que o escritor faz o leitor
testemunhar ao longo da narrativa. Graça Aranha não resvala para as
facilidades do maniqueísmo ao opor Milkau e Lentz. Longe disso.
Descrevia duas frentes de pensamento da colonização no Brasil.
João Cabral de Melo Neto: Morte e
Vida Severina
Em Morte e Vida Severina, longo poema que saiu no livro Duas Águas, de
1956, harmonizam-se forma e temática social. Neste auto de Natal
pernambucano, o autor trata da luta de Severino, um retirante do agreste,
pela sobrevivência. Guiado pelo rio Capibaribe rumo ao litoral, Severino
busca chegar à capital, almejando uma vida digna. Pelo caminho, depara-
se com as diversas facetas da morte - causada pela seca; pela fome, que
corrói as entranhas do país, e pela disputa por terras áridas. Ele tenta a
todo custo fugir da destruição e corre em busca da perspectiva de dias
melhores, mas a cidade grande revela uma realidade tão dura quanto a do
sertão. Diante de tal situação-limite, Severino planeja o suicídio atirando-
se da ponte sobre o rio Capibaribe, que o guiara até ali. Contudo, após
presenciar o nascimento de uma criança (filho de José, o mestre "carpina",
numa clara alusão ao nascimento de Cristo), reacende-se no coração do
herói a esperança de vencer a vida "severina", e Severino acaba por
desistir de seu intento. Musicado por Chico Buarque de Holanda, o poema
fez grande sucesso no teatro, no Brasil e no exterior.
Olavo Bilac: Poesias
Em geral, as qualidades do carioca Olavo Bilac (1865-1918) ficam à sombra
do papel de bode expiatório que ocupou durante o Modernismo. Expoente
da escola parnasiana, ao publicar Poesias em 1888, com apenas 23 anos de
idade, já revelava toda a habilidade estilística que caracterizaria sua escrita.
No livro encontram-se três coletâneas: Panóplias, Sarças de Fogo e Via-
Láctea, esta última uma de suas melhores criações. Já a primeira abre com
o poema Profissão de Fé, síntese dos princípios da ourivesaria parnasiana.
Entre eles, a precisão da descrição, a concepção neoclássica de perfeição
para o verso, ritmo e rima e a arte que encontra fundamento em si mesma
(arte pela arte).
Bilac “é um poeta eloqüente, capaz de dizer com fluência as coisas mais
díspares, que o tocam de leve, mas o bastante para se fazerem, em suas
mãos, literatura”, conforme definiu o crítico Alfredo Bosi. Foi assim que ele
cantou temas tão variados quanto o índio, a guerra, o amor erótico e a
temática greco-romana copiada dos parnasianos franceses. Bilac também
prestou-se a homenagear os símbolos da república recém-constituída,
como na letra que compôs para o Hino à Bandeira Nacional.
Otto Lara Resende: O Braço Direito
A relação que o mineiro Otto Lara Resende (1922-1992) manteve com seu
único romance é quase tão relevante quanto a qualidade da obra em si.
Publicou-o pela primeira vez em 1963, por pressão dos amigos, mas
arrependeu-se. Deixou de lado os originais por muitos anos, até que, no
final da década de 1980, lhe foi encomendada uma segunda edição
revisada. Maníaco por escrever — e reescrever —, Otto envolveu-se numa
relação conturbada com o livro, num processo que chamou de “extenuante
e às vezes até sofrido”. Acrescentou e eliminou as palavras, as frases e até
capítulos inteiros. Aumentou a participação de alguns personagens,
diminuiu a de outros. Mas não conseguia pôr fim à nova versão.
Quando morreu, aos 70 anos de idade, ainda não tinha terminado o último
capítulo, para o qual havia feito três diferentes versões arquivadas e outras
inúmeras descartadas. Coube à amiga e escritora Ana Miranda terminar a
narrativa, que traz o relato de Laurindo Soares Flores, inspetor de um asilo
para órfãos. Homem medíocre e melancólico, o funcionário é braço direito
do padre que mantém a instituição. É um “acessório” e vê a si mesmo
como tal, numa existência anódina que se ancora num catolicismo solitário
cuja força impregna toda a atmosfera do romance. Para construir a fala do
narrador-personagem, Otto Lara Resende elaborou um estilo condizente
com o modo de ser do narrador. Transpôs-lhe um certo jeito mineiro de
falar, mas distante dos cacoetes e estereótipos. Um trabalho preciso.
Stanislaw Ponte Preta: Febeapá
Nascido no Rio de Janeiro em 1923, o humorista e cronista Sérgio Porto,
que também trabalhou em rádio e para o cinema, realizou na imprensa
carioca uma obra crítica de espírito eminentemente popular. O codinome
Stanislaw Ponte Preta, criado em 1951, foi inspirado por Serafim Ponte
Grande, personagem de Oswald de Andrade. O humor de Stanislaw ficou
celebrizado nos tipos que criou (Tia Zulmira, Primo Altamirando, Bonifácio
Patriota, Dr. Data Vênia e outros) e nas criações vocabulares ou de lugares-
comuns que lançou e se incorporaram ao patrimônio coloquial brasileiro.
Foi com Febeapá —Festival de Besteiras que Assola o País (1966), volume
dedicado aos abusos cometidos no país sob inspiração da ideologia da
Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande
sucesso. O autor afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras
começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse
fenômeno depois que uma inspetora de ensino do interior de São Paulo, ao
saber que o filho tirara zero numa prova de matemática (embora sabendo
que o menino tratava-se de um debilóide), não vacilara em apontar o
professor às autoridades como perigoso agente comunista. Outro exemplo,
pela pena do autor: "Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no
interior cearense, as autoridades dirigiram uma circular aos prefeitos,
solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do
equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta à circular: 'Doutor
Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo,
com foguetes, passeata e festas’ ". Era mestre das comparações enfáticas,
como "mais inchada do que cabeça de botafoguense", "mais feia do que
mudança de pobre".

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  • 1. 10 Livros da Literatura Brasileira • Nome : Isabela Lopes Numero : 18 1EMA
  • 2. 1 : Adélia Prado : Bagagem 2 : Augusto dos Anjos: Eu 3 : Bernando Élis: O Tronco 4 : Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba 5 : Dyonélio Machado: Os Ratos 6 : Graça Aranha: Canaã 7 : João Cabral de Melo Neto: Morte e Vida Severina 8 : Olavo Bilac: Poesias 9 : Otto Lara Resende: O Braço Direito 10 : Stanislaw Ponte Preta: Febeapá
  • 3. Adélia Prado : Bagagem Nascida em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935, a poeta e educadora Adélia Prado lançou seu primeiro livro, Bagagem, já na maturidade, em 1976. Foi indicada a um editor por Carlos Drummond de Andrade, que viu nela um "fenômeno poético". Tornou-se conhecida e admirada rapidamente. Tanto que, apenas um ano depois, voltava à cena com seu segundo livro, O Coração Disparado (1977), ao qual se seguiram muitas outras publicações. Logo na abertura do livro, em Com Licença Poética, ela já afirma: "Vai ser coxo na vida é maldição pra homem./ Mulher é desdobrável. Eu sou", em referência ao Poema de Sete Faces (1930), no qual o escritor recebe a intimação do anjo torto para ser gauche na vida. Já em Agora, ó José, a figura criada pelo poeta mineiro recebe uma dose de encorajamento, diante das agruras da vida. Adélia, diferentemente de seu conterrâneo, enxerga o cotidiano sempre com esperança e paixão pela existência. Ela aceita a "máquina do mundo", que se revela pela plenitude divina. Em Guimarães Rosa, a poeta encontra a magia e a vivacidade do universo rural, representado sempre como fonte de revelações, de descoberta no plano espiritual. Contudo, ela não utiliza o questionamento metafísico comum aos personagens de Grande Sertão.
  • 4. Augusto dos Anjos: Eu Se há um adjetivo que define com unanimidade tanto o poeta Augusto dos Anjos quanto sua obra única, Eu (postumamente, com o acréscimo de mais poemas, passou a chamar-se Eu e Outras Poesias), este adjetivo é "original". Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu na Paraíba, em abril de 1884. Aprendeu as primeiras letras com seu pai, que era bacharel. Na época em que cursou os estudos secundários, no Liceu Paraibano, já era tido como irritadiço e doentio. Formado em direito, jamais advogou. Durante a curta vida, foi professor de português e de geografia. Pessimista e desiludido com a vida e a sociedade, Augusto dos Anjos via sujeira e podridão em tudo e em todos, atitude que se reflete fortemente em suas poesias. Vitimado pela pneumonia, poucos meses depois de ter assumido a direção de um grupo escolar em Leopoldina, Minas Gerais, morreu em novembro de 1914, com apenas 30 anos de idade. Publicado em 1912, Eu é uma fantástica coleção de poesias simbolistas, todas excepcionalmente expressivas, escritas com linguagem áspera, paradoxal, dramática, e utilizando palavras de vocabulário científico e médico, carregadas de uma virulência nunca antes vista em toda a literatura de língua portuguesa.
  • 5. Bernando Élis: O Tronco Nome de maior projeção no grupo dos modernistas de Goiás, Bernardo Élis começou a sua carreira pela poesia. Tornou-se referência do regionalismo tradicional com os contos de Ermos e Gerais (1944) e, sobretudo, com seu primeiro romance, O Tronco (1956). Este segundo livro enfoca a disputa pelo poder numa vila do extremo norte de Goiás, o Duro, último reduto da família Melo. Conhecidos pelo despotismo com que governam a região que fundaram, os Melos são combatidos por toda parte. O idealista Vicente Lemes, parente dos Melos e nomeado coletor por influência deles, luta para restabelecer a paz. Mas a intervenção da Força Estadual precipita uma luta bárbara que, sem assegurar o cumprimento das leis, prejudicará ambas as partes. O romance é extraído de uma história real, de fatos ocorridos em Goiás, nos idos de 1917 e 1918. No sertanismo goiano-mineiro, que passou a competir em prestígio com a literatura do Nordeste, Élis, por causa de Ermos e Gerais, antecipou-se a Guimarães Rosa (Sagarana é de 1946), Mário Palmério (Vila dos Confins, 1956) e José J. Veiga (Os Cavalinhos de Platiplanto, 1959). Nascido em 1915, em Corumbá de Goiás, Bernardo Élis Fleury de Campos Curado iniciou-se na carreira pública como secretário da Prefeitura Municipal de Goiânia. Depois, fez carreira no magistério. Foi fundador da União Brasileira de Escritores de Goiás e membro da Academia Brasiliense de Letras, para a qual foi eleito em 1975. Morreu em 1997, na sua cidade natal.
  • 6. Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba A obra apresenta uma série de relatos em torno do protagonista Nelsinho, rapaz que vaga pela cidade em busca de sexo e de afeto. Ele segue e assedia velhinhas, matronas, viúvas de preto, normalistas e prostitutas. O jovem, assim como o vampiro, é vítima da repetição infinita de seus desejos, o que só lhe agrava o quadro de solidão: "Tem piedade, Senhor, são tantas, eu tão sozinho". Nelsinho tanto pode ser um único personagem como vários, representados pelo mesmo nome. De todo modo, por meio desse anti-herói vampiresco, ao leitor descortina-se o panorama de uma cidade decaída, onde se esconde um vampiro no fundo de cada "filho de família". Na forma, um estilo ferino e cortante: Nascido em Curitiba em 1925, Dalton Jérson Trevisan estudou direito, profissão que logo abandonou. Trabalhando depois na fábrica da família, foi vítima de um acidente grave, que o levou ao hospital por um mês. O episódio marcou-lhe a vida: ainda sob o efeito do medo de morrer, escreveu sua primeira novela. Em 1946, fundou a revista literária Joaquim. Além de apresentar traduções de Proust, Joyce, Kafka e Gide, a publicação reunia ensaios assinados por Antonio Candido, Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O Caso do Vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Em 1959, a editora José Olympio publica suas Novelas Nada Exemplares, compilando uma produção de duas décadas com a qual conquistou público e crítica. Várias outras coletâneas se seguiram: Cemitério de Elefantes (1964) e O Vampiro de Curitiba (1965).
  • 7. Dyonélio Machado: Os Ratos Publicado em 1935, Os Ratos rendeu ao gaúcho Dyonélio Machado (1895- 1985) o primeiro lugar no prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. O escritor dividiu o galardão com Erico Verissimo, Marques Rebelo e João Alphonsus de Guimaraens. Em uma década marcada por grandes romances dedicados aos dramas das camadas sociais menos favorecidas, Dyonélio transformou Naziazeno Barbosa, atormentado protagonista desse seu romance, em uma das figuras mais marcantes da galeria de personagens desvalidos que povoam a literatura brasileira. Os Ratos é um romance breve, composto de 28 capítulos curtos que se passam num único dia. Sem cair no naturalismo fácil que explora a degradação e a violência das cidades, Machado consegue um perfeito equilíbrio entre investigação psicológica e descrição social. O autor mostra sensibilidade para retratar um quadro humano próximo ao desespero e para enxertar em sua narrativa elementos que plasmam a febre paranóide e obsessiva de Naziazeno, funcionário público que precisa de 53 mil-réis para pagar a conta do leite e sai pela Porto Alegre do começo do século 20 para cavar o dinheiro.
  • 8. Graça Aranha: Canaã Publicado em 1902, Canaã encontrou sucesso imediato entre os leitores. A obra de Graça Aranha divide com Os Sertões, de Euclides da Cunha, o marco inaugural do Pré-Modernismo brasileiro. Trata-se evidentemente de mais um livro a antecipar temas e preocupações de que os modernistas se ocupariam mais detidamente anos depois. O romance se apóia na objetividade e em recursos naturalistas na descrição de episódios e personagens. Para alguns críticos, haveria até um quê de Simbolismo na prosa. Imagens plásticas e sensações visuais, olfativas e auditivas povoam o texto: "Os primeiros vaga-lumes começavam no bojo da mata a correr as suas lâmpadas divinas... No alto, as estrelas miúdas e sucessivas principiavam também a iluminar... Os pirilampos iam-se multiplicando dentro da floresta, e insensivelmente brotavam silenciosos e inumeráveis nos troncos das árvores, como se as raízes se abrissem em pontos luminosos. (...) Os pirilampos já não voavam, e miríades e miríades deles cobriam os troncos das árvores, que faiscavam cravados de diamantes e topázios". O universo imagético e idealista de Milkau contrasta com toda a barbárie que o escritor faz o leitor testemunhar ao longo da narrativa. Graça Aranha não resvala para as facilidades do maniqueísmo ao opor Milkau e Lentz. Longe disso. Descrevia duas frentes de pensamento da colonização no Brasil.
  • 9. João Cabral de Melo Neto: Morte e Vida Severina Em Morte e Vida Severina, longo poema que saiu no livro Duas Águas, de 1956, harmonizam-se forma e temática social. Neste auto de Natal pernambucano, o autor trata da luta de Severino, um retirante do agreste, pela sobrevivência. Guiado pelo rio Capibaribe rumo ao litoral, Severino busca chegar à capital, almejando uma vida digna. Pelo caminho, depara- se com as diversas facetas da morte - causada pela seca; pela fome, que corrói as entranhas do país, e pela disputa por terras áridas. Ele tenta a todo custo fugir da destruição e corre em busca da perspectiva de dias melhores, mas a cidade grande revela uma realidade tão dura quanto a do sertão. Diante de tal situação-limite, Severino planeja o suicídio atirando- se da ponte sobre o rio Capibaribe, que o guiara até ali. Contudo, após presenciar o nascimento de uma criança (filho de José, o mestre "carpina", numa clara alusão ao nascimento de Cristo), reacende-se no coração do herói a esperança de vencer a vida "severina", e Severino acaba por desistir de seu intento. Musicado por Chico Buarque de Holanda, o poema fez grande sucesso no teatro, no Brasil e no exterior.
  • 10. Olavo Bilac: Poesias Em geral, as qualidades do carioca Olavo Bilac (1865-1918) ficam à sombra do papel de bode expiatório que ocupou durante o Modernismo. Expoente da escola parnasiana, ao publicar Poesias em 1888, com apenas 23 anos de idade, já revelava toda a habilidade estilística que caracterizaria sua escrita. No livro encontram-se três coletâneas: Panóplias, Sarças de Fogo e Via- Láctea, esta última uma de suas melhores criações. Já a primeira abre com o poema Profissão de Fé, síntese dos princípios da ourivesaria parnasiana. Entre eles, a precisão da descrição, a concepção neoclássica de perfeição para o verso, ritmo e rima e a arte que encontra fundamento em si mesma (arte pela arte). Bilac “é um poeta eloqüente, capaz de dizer com fluência as coisas mais díspares, que o tocam de leve, mas o bastante para se fazerem, em suas mãos, literatura”, conforme definiu o crítico Alfredo Bosi. Foi assim que ele cantou temas tão variados quanto o índio, a guerra, o amor erótico e a temática greco-romana copiada dos parnasianos franceses. Bilac também prestou-se a homenagear os símbolos da república recém-constituída, como na letra que compôs para o Hino à Bandeira Nacional.
  • 11. Otto Lara Resende: O Braço Direito A relação que o mineiro Otto Lara Resende (1922-1992) manteve com seu único romance é quase tão relevante quanto a qualidade da obra em si. Publicou-o pela primeira vez em 1963, por pressão dos amigos, mas arrependeu-se. Deixou de lado os originais por muitos anos, até que, no final da década de 1980, lhe foi encomendada uma segunda edição revisada. Maníaco por escrever — e reescrever —, Otto envolveu-se numa relação conturbada com o livro, num processo que chamou de “extenuante e às vezes até sofrido”. Acrescentou e eliminou as palavras, as frases e até capítulos inteiros. Aumentou a participação de alguns personagens, diminuiu a de outros. Mas não conseguia pôr fim à nova versão. Quando morreu, aos 70 anos de idade, ainda não tinha terminado o último capítulo, para o qual havia feito três diferentes versões arquivadas e outras inúmeras descartadas. Coube à amiga e escritora Ana Miranda terminar a narrativa, que traz o relato de Laurindo Soares Flores, inspetor de um asilo para órfãos. Homem medíocre e melancólico, o funcionário é braço direito do padre que mantém a instituição. É um “acessório” e vê a si mesmo como tal, numa existência anódina que se ancora num catolicismo solitário cuja força impregna toda a atmosfera do romance. Para construir a fala do narrador-personagem, Otto Lara Resende elaborou um estilo condizente com o modo de ser do narrador. Transpôs-lhe um certo jeito mineiro de falar, mas distante dos cacoetes e estereótipos. Um trabalho preciso.
  • 12. Stanislaw Ponte Preta: Febeapá Nascido no Rio de Janeiro em 1923, o humorista e cronista Sérgio Porto, que também trabalhou em rádio e para o cinema, realizou na imprensa carioca uma obra crítica de espírito eminentemente popular. O codinome Stanislaw Ponte Preta, criado em 1951, foi inspirado por Serafim Ponte Grande, personagem de Oswald de Andrade. O humor de Stanislaw ficou celebrizado nos tipos que criou (Tia Zulmira, Primo Altamirando, Bonifácio Patriota, Dr. Data Vênia e outros) e nas criações vocabulares ou de lugares- comuns que lançou e se incorporaram ao patrimônio coloquial brasileiro. Foi com Febeapá —Festival de Besteiras que Assola o País (1966), volume dedicado aos abusos cometidos no país sob inspiração da ideologia da Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande sucesso. O autor afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse fenômeno depois que uma inspetora de ensino do interior de São Paulo, ao saber que o filho tirara zero numa prova de matemática (embora sabendo que o menino tratava-se de um debilóide), não vacilara em apontar o professor às autoridades como perigoso agente comunista. Outro exemplo, pela pena do autor: "Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no interior cearense, as autoridades dirigiram uma circular aos prefeitos, solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta à circular: 'Doutor Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo, com foguetes, passeata e festas’ ". Era mestre das comparações enfáticas, como "mais inchada do que cabeça de botafoguense", "mais feia do que mudança de pobre".