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Márcia Lilla
Psicologia Geral
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Psicologia Geral, parte
integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que
a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 PEQUENA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: FASES E ESCOLAS........................................ 7
1.1 Definição de Psicologia..................................................................................................................................................7
1.2 O Senso Comum...............................................................................................................................................................7
1.3 As Áreas do Conhecimento..........................................................................................................................................8
1.4 Fases e Abordagens.........................................................................................................................................................8
1.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................10
1.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................10
2 NÍVEIS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO....................................................................11
2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia.......................................................................................11
2.2 Os Métodos da Psicologia Científica......................................................................................................................12
2.3 Técnicas Psicológicas....................................................................................................................................................13
2.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................14
2.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................14
3 FÓRMULA FUNDAMENTAL DO COMPORTAMENTO..................................................15
3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento...............................................................................................15
3.2 Classificação do Comportamento...........................................................................................................................15
3.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................16
3.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................16
4 O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER.......................................................................17
4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo..................................................................................................................17
4.2 O Experimento da“Caixa de Skinner”....................................................................................................................18
4.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................19
4.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................19
5 A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E INTELIGÊNCIA...............................................21
5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)........................................................................................................21
5.2 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................25
5.3 Atividades Propostas....................................................................................................................................................25
6 A PSICOLOGIA DA GESTALT..........................................................................................................27
6.1 Gestalt................................................................................................................................................................................27
6.2 Principais Conceitos da Gestalt................................................................................................................................28
6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt...............................................................................................................29
6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin...........................................................................................................................29
6.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................30
6.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................30
7 PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS)..........31
7.1 Definições de Percepção............................................................................................................................................31
SUMÁRIO
7.2 Funções da Percepção.................................................................................................................................................31
7.3 Compreendendo os Processos Motivacionais...................................................................................................32
7.4 Principais Teorias Motivacionais..............................................................................................................................32
7.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................33
7.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................33
8 A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE, FREUD E SEGUIDORES..................................35
8.1 O Surgimento da Psicanálise.....................................................................................................................................35
8.2 Principais Conceitos da Psicanálise........................................................................................................................36
8.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................38
8.4 Atividades Proposta......................................................................................................................................................38
9 A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE VYGOTSKY........................................................39
9.1 O Surgimento da Abordagem com Vygotsky.....................................................................................................39
9.2 Principais Conceitos......................................................................................................................................................39
9.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................40
9.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................40
10 A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E OS TIPOS DE AGRUPAMENTOS
HUMANOS..............................................................................................................................................41
10.1 Tipos de Grupos...........................................................................................................................................................41
10.2 Como Evoluem os Grupos de Trabalho..............................................................................................................41
10.3 Psicologia Institucional e Processo Grupal........................................................................................................42
10.4 O Processo de Institucionalização........................................................................................................................42
10.5 Instituições, Organizações e Grupos...................................................................................................................43
10.6 A Importância do Estudo dos Grupos na Psicologia.....................................................................................43
10.7 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................44
10.8 Atividades Propostas.................................................................................................................................................44
11 FEEDBACKS & ASSERTIVIDADE................................................................................................45
11.1 Dar e Receber Feedbacks..........................................................................................................................................45
11.2 A Importância de Carl Rogers.................................................................................................................................45
11.3 Assertividade................................................................................................................................................................46
11.4 A Consciência da Agressividade Gera o Comportamento Assertivo......................................................47
11.5 Concepções Atuais e Científicas sobre Níveis de Consciência das Emoções Positivas....................48
11.6 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................48
11.7 Atividades Propostas.................................................................................................................................................48
12 DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS E PREVENÇÕES POSSÍVEIS........................49
12.1 A Normalidade Existe?..............................................................................................................................................49
12.2 Os Agravos Mentais/Transtornos das Personalidades..................................................................................49
12.3 Os Transtornos Mentais Relacionados aos Trabalho......................................................................................50
12.4 Os Transtornos Modernos........................................................................................................................................50
12.5 Promovendo a Cura e Aceitando os Limites.....................................................................................................50
13 AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS......................................................................................53
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................61
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS......................................63
REFERÊNCIAS..............................................................................................................................................65
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5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
A disciplina de Psicologia é de fundamental importância para o futuro profissional das Ciências
Humanas e Sociais, uma vez que fornece informações importantes sobre as características do humano,
levando à compreensão ampla, profunda e dinâmica dos aspectos tanto individuais quanto inter-rela-
cionais do homem. Estudando Psicologia Geral, é possível vislumbrar um caminho bem-humorado às
nossas características humanas e tornar mais apreensíveis e compreensíveis muitos dos nossos estranha-
mentos cotidianos, no mundo das relações pessoais, sociais, entre outras.
Nesta apostila, a presente disciplina será abordada de forma ordenada e gradual, a partir do que
será facilitada a absorção dos principais conceitos e conteúdos necessários à boa formação acadêmica e
futura aplicação prática, nos vários contextos do mundo profissional. Assim, a apostila está didaticamen-
te elaborada e dividida em capítulos, para que possa ser possível a sua inserção aos conhecimentos es-
pecíficos, passo a passo, tornando viável a construção paulatina do seu aprendizado em Psicologia Geral.
O objetivo maior é que o aprendizado da Psicologia possa ser articulado às demais ciências do
universo social, uma vez que é necessária a promoção de um conhecimento amplo e integrado às diver-
sidades culturais, além de individuais.
Durante os estudos, você irá verificar que é bem interessante desvendar os caminhos da ampliação
da consciência, que necessariamente percorrem, ao mesmo tempo, as estradas e as encruzilhadas dos
conhecimentos que vamos adquirindo, ao ler a apostila, ao integrar as teorias com as práticas de seus au-
tores, podendo construir pontes comunicacionais com as coisas que todos nós, de formas diferenciadas,
vivemos.
A jornada científica das Psicologias aqui apresentadas, de forma ainda que compacta e didática, já
é uma viagem maravilhosa para as mentes mais abertas ao aprendizado contínuo, assim como um contí-
nuo convite ao redespertar humano, pois somente dessa forma haverá a boa transformação e reconstru-
ção que intencionamos encontrar.
Como autora, educadora e psicóloga, acredito no bom uso dos seus melhores sentidos, reunidos.
Aproveite bem o material aqui elaborado, programado como um“equipamento”de sobrevivência
e aperfeiçoamento para você. As referências indicadas no final da apostila servirão de boa base para
aprofundamentos e recortes, de acordo com o seu interesse e disponibilidade.
Desejo-lhe um excelente aprendizado; e seja muito bem-vindo(a) às pontes que o conduzirão às
melhores integrações.
Atenciosamente,
Profa. Márcia Lilla
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
7
Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos da História da Psicologia, suas fases e escolas. Vamos
iniciar a discussão?
1.1 Definição de Psicologia
O termo foi criado em 1550, por Melanchton,
enquanto lecionava na Universidade de Witten-
berg, na Alemanha, sendo que psique, proveniente
do grego, significa alma e logos, proveniente do la-
tim, significa estudo.
1.2 O Senso Comum
No nosso cotidiano, muitas vezes, vivencia-
mos a ocorrência de um manancial de crenças bem
populares, algumas receitas psicológicas de gente
que não frequenta o meio acadêmico, científico,
mas que consegue se aproximar de algumas ver-
dades, em variados meios, lançando mão de “pal-
pites”, quase todos para “ajudar os outros”, ao que
chamam de“melhores das intenções.”
Será mesmo que possuímos um mix de lou-
cura e de magia, de médicos e de insanos? Qual é a
verdade, se é que há apenas uma verdade em tudo
o que ouvimos, vemos, sentimos, percebemos, pal-
pitamos, entre outras experiências dos viveres exis-
tenciais? De certo modo, podemos constatar certo
domínio popular em questões usuais, nas quais o
acúmulo de experiências passadas soma apren-
dizado e é passado de geração a geração. Essa é
a “psicologia do senso comum”, mas que fique, a
partir dos estudos mais intensos e interessados
das Psicologias, bastante esclarecido que se trata
apenas de uma sabedoria popular, cultural, bem
diferente do que verão na cientificidade da Psico-
logia – o que a pequena história dessa importante
ciência desvendará.
O conhecimento espontâneo da realidade
(uma visão de mundo) é bastante diferente da
complexidade inerente e consistente da Psicolo-
gia Científica. O estudante necessitará munir-se
de amplos conhecimentos psicológicos para po-
der discernir e não mais cometer o erro do leigo,
mesmo que este seja revelador, como muitas vezes
pode mesmo ser (sabedorias populares).
Todo senso comum é simplista, reducionista
e jamais revelador de vicissitudes reais, nos cam-
pos das subjetividades e objetividades, as quais
são necessariamente focadas pela Psicologia Cien-
tífica, considerando-se múltiplos fatores (determi-
nantes e/ou não). Nem mesmo o avanço científico
é capaz de esgotar as possibilidades e encontrar
compreensão precisa para todos os limites, ainda
existentes no mundo moderno. Por um lado, existe
o conhecimento que se aprofunda e se desdobra,
mas por outro, um abismo, um grande mistério. Eis
o desafio, no limite tênue dessa navalha, em que
somente a humildade do aprendiz, no bom cuida-
do do conhecimento contínuo, pode e deve culti-
var.
PEQUENA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA:
FASES E ESCOLAS1
Márcia Lilla
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
8
O senso comum deixou o legado de um co-
nhecimento intuitivo que, sem dúvida, não dava
mais conta do desenvolvimento humano, de sua
compreensão. O mundo foi ficando mais e mais
complexo, e o homem teve que ocupar diversos
espaços; assim sendo, o conhecimento de técni-
cas mais precisas passou a fazer parte das preocu-
pações. Era necessário dominar a natureza e tirar
desta o melhor dos proveitos. A matemática dos
gregos, próxima do século IV a.C., foi primordial
para questões agrícolas e urgentes da época (pro-
jetos navais e arquitetônicos). E, com o passar dos
tempos, a especialização foi buscada até um nível
elevado de complexidade, o que, por exemplo, fez
o homem chegar à Lua.
Para interpretar a realidade, o homem, então,
foi fazendo composições, parcerias de conheci-
mentos (senso comum somado às ciências), com-
preendendo melhor a sua realidade e a de seus
semelhantes. As especulações sobre a origem do
significado da existência humana sempre ocupa-
ram o centro das atenções dos gregos (filosofias).
Os mistérios, os princípios morais e todos os pen-
samentos sobre a origem do próprio homem (as
religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o
livro sagrado dos hindus – livro dos Vedas); a sen-
sibilidade humana representada desde as cavernas
(artes) até as criações mais rebuscadas em técni-
cas, metodologias, entre múltiplos e específicos
conhecimentos (ciências); enfim, todas as áreas de
conhecimento são importantíssimas para a Psico-
logia, ou melhor dizendo, para as Psicologias. Quão
mais vasta em evolução uma área do conhecimen-
to, mais aproximada às necessidades do homem,
por meio dos tempos e de todos os espaços.
1.3 As Áreas do Conhecimento
AtençãoAtenção
As especulações sobre a origem do
significado da existência humana
sempre ocuparam o centro das atenções
dos gregos (filosofias). Os mistérios, os
princípiosmoraisetodosospensamentos
sobre a origem do próprio homem (as
religiões: a bíblia dos judaicos, a dos
cristãos e o livro sagrado dos hindus –
livro dos Vedas); a sensibilidade humana
representada desde as cavernas (artes)
até as criações mais rebuscadas em
técnicas, metodologias, entre múltiplos
e específicos conhecimentos (ciências),
enfim, todas as áreas de conhecimento
são importantíssimas para a Psicologia,
ou melhor dizendo, para as Psicologias.
1.4 Fases e Abordagens
ƒƒ Fase Grega: surgiu com os gregos a Psi-
cologia, no período anterior à era cristã,
tendo sido uma ramificação das filoso-
fias, artes e crenças humanas atreladas
ao misticismo da época. Os principais
filósofos que a influenciaram foram: Só-
crates, Platão e Aristóteles, nos períodos
de 469 a 322 a.C. Com Sócrates, a Psicolo-
gia ganha consistência, uma vez que sua
principal preocupação era com o limite
que separava o homem dos animais, tra-
zendo a característica humana da razão,
que lhe permitia pensar e sobrepujar-se
aos instintos (bases mais irracionais). Com
Platão, discípulo de Sócrates, a Psicologia
cedeu lugar à razão, sendo o próprio cor-
po, mais precisamente a cabeça, o centro
de localização para a alma humana, no
qualamedulafariaaligaçãocorpo-mente
(elementos importantes, pois Platão con-
cebia uma separação entre corpo e men-
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
9
te e acreditava na imortalidade da alma).
Já com Aristóteles, a Psicologia ganhou o
seu primeiro tratado, no qual tivemos os
primeiros estudos profundos das diferen-
ças entre a razão, percepção e sensações
(Daanima). Esse pensador acreditava que
a alma e o corpo não podiam ser disso-
ciados, o que trouxe uma forte evolução
para a compreensão dos fatores huma-
nos para a Psicologia da época;
ƒƒ Fase Romana: no período datado entre
430 a 1274, a Psicologia sofreu a influên-
cia direta dos padres e filósofos Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino. O
primeiro foi inspirado em Platão, trazen-
do a concepção de uma alma pensante,
com razão e com manifestação divina (li-
gação do elemento humano com Deus),
sendo a alma também a sede do pensa-
mento, havendo a preocupação da Igre-
ja em compreendê-la. Já com São Tomás
de Aquino, devido ao período de ruptura
da Igreja com as Revoluções Francesa e
Industrial, houve a preocupação pela dis-
tinção entre essência e existência, sendo
que somente Deus poderia assegurar a
perfeição ao homem e não o avanço das
liberdades e do desenvolvimento huma-
no (a intenção era a de garantir à Igreja o
monopólio do estudo do psiquismo);
ƒƒ Fase do Renascimento: “pouco mais de
200 anos após a morte de São Tomás de
Aquino, tem início uma época de trans-
formações radicais no mundo europeu.”
(BOCK, 1996, p. 35). O Renascimento e
todo o mercantilismo levam às novas
descobertas que propiciam ao homem o
acúmulo de riquezas e acabam por acirrar
novos valores (bens capitais e organiza-
ções mais econômicas e sociais). As trans-
formações ocorrem em todos os setores e
dá-se a valorização do homem e de seus
inúmeros processos. O conhecimento
tornou-se independente da fé e surgem
sociedades mais complexas e a necessi-
dade de metodologias, técnicas capazes
de assegurar com maior e melhorada
precisão as complexidades humanas. Em
outras palavras, o conhecimento trouxe a
necessidade de uma remodelagem nos
padrões vigentes até então. Como exem-
plo: Galileu (1610), com o estudo da que-
da dos corpos (primeiras experiências da
Física moderna); Maquiavel (1513), com a
clássica obra política“O príncipe”; e René
Descartes (1596-1659), renomado filóso-
fo que postulou a separação entre a men-
te e o corpo, deixando o famoso dualis-
mo cartesiano de herança cultural, o que,
sem dúvida, configurou um significativo
avanço para a Psicologia, como ciência,
pois, assim, o corpo humano morto, sepa-
rado da alma, poderia, então, ser melhor
observado e pesquisado;
ƒƒ Fase Científica: o século XIX trouxe o
avanço de inúmeras ciências, sendo que a
Psicologia, então, para acompanhar seus
estudos sobre o homem, teve também
de se tornar objetiva, a fim de mensurá-
-lo, classificá-lo e analisá-lo, prestando
melhor suas contribuições de compreen-
são da espécie humana e social. Com a
divisão do trabalho, adventos das revo-
luções francesa e industrial, a Psicologia
ganha espaço cada vez maior, ao ficar pu-
ramente libertada das filosofias, soman-
do sistematizações nos procedimentos e
padronizando os ajustamentos necessá-
rios para a sociedade capitalista, passan-
do a ser respeitada e utilizada por todos
os setores da sociedade humana. Wundt
trouxe a concepção de uma Psicologia
apartada da alma, na qual o conhecimen-
to científico poderia ser obtido a partir
de medição e observação em laborató-
rio, fator de extrema importância para o
avanço dos estudos da mente e compor-
tamentos humanos.
Saiba maisSaiba mais
A fase grega agregou inúmeros conhe-
cimentos à humanidade e de forma
extremamente democrática; por isso,
historicamente, houve um movimen-
to posterior de repressão por parte das
conjecturas dominantes, conforme ve-
remos a seguir.
Márcia Lilla
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
10
A Psicologia como ciência vai se configuran-
do em diferentes concepções, com as seguintes
abordagens:
ƒƒ ofuncionalismo,deWilliamJames(1842-
1910): corrente americana para a qual im-
porta responder “o que fazem e por que
fazem os homens”, na qual a consciência
surge como centro das preocupações e
da compreensão dos funcionamentos, de
acordo com as necessidades humanas de
adaptação ao meio ambiente (pragmatis-
mo americano a serviço do desenvolvi-
mento econômico da época);
ƒƒ o estruturalismo, de Edward Titchner
(1867-1927): tal qual o funcionalismo,
ocupou-se com a compreensão da cons-
ciência,porémcomenfoqueaosaspectos
mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais
do sistema nervoso central, utilizando o
método introspectivo para a observação
experiencial em laboratório;
ƒƒ o associacionismo, de Edward L. Thorn-
dike (1874-1949): basicamente formulou
a primeira abordagem da aprendizagem
para a Psicologia, na qual o processo se
daria das associações entre ideias simples
até as mais complexas entre os conteú-
dos. Thorndike formulou uma lei com-
portamentalista em que a repetição do
comportamento humano e animal dar-
-se-ia até o ponto do efeito (recompensa;
exemplo: elogio para o bom feito infantil),
o que permitia a observação da apren-
dizagem bem-sucedida; ou o contrário,
como um efeito ativador da suspensão
do comportamento (o castigo; exemplo:
o olhar severo do pai em resposta ao ato
inadequado da criança). Essa lei ficou co-
nhecida como:“Lei do Efeito”.
Todas essas abordagens anteriormente des-
critas vão dar estruturação e embasamento cientí-
fico preciosos para o que viria a ser as Psicologias
mais contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psi-
canálise, abordagens que veremos com maior des-
taque no transcorrer da disciplina, portanto, nesta
apostila).
1.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as primeiras e essenciais fases históricas que foram ori-
ginando os primeiros estudos psicológicos; vimos cada fase, com suas diferentes facetas, compondo a
trajetória da Psicologia Científica e, principalmente, posicionando-a como o principal objetivo de estudo
desta disciplina.
1.6 Atividades Propostas
1.	 Trata-se de um conhecimento popular, simplista, reducionista e jamais revelador de vicissitu-
des reais, nos campos das subjetividades e objetividades, as quais são necessariamente foca-
das pela Psicologia Científica. De qual tipo de conhecimento estamos tratando?
2.	 Qual o nome do cientista que trouxe a concepção de uma Psicologia apartada da alma, na
qual o conhecimento científico poderia ser obtido a partir de medição e observação em labo-
ratório, fator de extrema importância para o avanço dos estudos da mente e comportamentos
humanos?
3.	 Corrente americana para a qual importa responder“o que fazem e por que fazem os homens”,
na qual a consciência surge como centro das preocupações e da compreensão dos funciona-
mentos, de acordo com as necessidades humanas de adaptação ao meio ambiente (pragma-
tismo americano a serviço do desenvolvimento econômico da época).
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11
Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos
de explicar os métodos e as técnicas psicológicas,
para que você possa compreender a Psicologia
como uma ciência de atitudes científicas. Vamos
iniciar a discussão?
A Psicologia estuda o comportamento, os
processos mentais, a experiência humana e, de um
modo especial, a personalidade. Com técnicas me-
tódicas próprias, a Psicologia procura não só des-
cobrir novos fatos, nessas áreas, mas tenta também
medi-los.
A ciência é um instrumento de conhecimen-
to, de controle e de medida dos fatos. É, a um tem-
po, conhecimento e poder, por dar a explicação
adequada e permitir tanto previsão quanto contro-
le. Pelo fato de se poder aplicar, na prática, muitos
de seus conhecimentos, confere poder a quem os
aplica.
O método científico é algo simples, mas não
é uma atividade que se apresenta espontaneamen-
te. Para ser utilizado, é preciso que a pessoa esteja
predisposta ou treinada. Por exemplo, as experiên-
cias de Galileu estudando a queda dos corpos (que
está na origem da Física tradicional) poderiam ter
sido feitas no Egito Antigo, nas Muralhas de Creta
ou em qualquer período da Grécia ou de Roma. O
espírito da época, contudo, não predispunha as
pessoas para essa atividade mais rigorosa do saber.
O método científico pode ser empregado
para a descoberta tanto de grandes quanto de
simples fatos da vida ou da ciência. A maneira mais
eficiente de se chegar às causas de um fenômeno
é utilizar o método científico. São os seguintes os
passos desse método:
ƒƒ identificação do problema (observação
do fenômeno a pesquisar);
ƒƒ antecedentes históricos;
ƒƒ formulação de uma hipótese que expli-
que o fenômeno. Esta serve para orien-
tar o trabalho da pesquisa e é, ao mesmo
tempo, uma garantia de objetividade.
Toda experimentação tem como objeti-
vo ver como a hipótese se manifesta;
ƒƒ experimentação da hipótese;
ƒƒ comprovação da hipótese;
ƒƒ comunicação dos resultados para conhe-
cimento do mundo científico;
ƒƒ análise estatística;
ƒƒ conclusões;
ƒƒ sugestões para nova pesquisa;
ƒƒ crítica.
AtençãoAtenção
O psicólogo Claparède imaginou um
método que chamou de reflexão falada:
deu um problema a um jovem e pediu a
este que o resolvesse e fosse, ao mesmo
tempo, descrevendo em voz alta o seu
pensamento.
2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia
NÍVEIS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO2
Márcia Lilla
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
12
Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em
criar teorias que viabilizem níveis comprovada-
mente válidos, para garantir rigor aos aspectos e
variáveis analisados, conforme dita o método cien-
tífico. Assim, podemos pensar em formas de análi-
se do comportamento humano.
2.2 Os Métodos da Psicologia Científica
Os autores costumam dividir os métodos
usados pelos psicólogos em três grandes grupos:
ƒƒ introspecção ou método de observação
interna;
ƒƒ extrospecção ou método de observação
externa;
ƒƒ experimentação.
Aintrospecçãoéummétodosubjetivodeob-
servação interior. A pessoa observa suas próprias
experiências e as relata (a pessoa relata suas emo-
ções, percepções, interesses, recordações etc.). Um
exemplo: aumentamos nosso conhecimento da
mente humana lendo diários íntimos, autobiogra-
fias ou memórias. Imaginamos que as pessoas fo-
ram sinceras ao descrever seus sentimentos, emo-
ções, recordações etc., mas não o podemos provar.
Para estudar certos traços de personalidade, os psi-
cólogos têm pedido às pessoas que respondam a
um questionário. Para esse fim, os indivíduos terão
que observar seu íntimo e dar suas respostas – as
quais irão revelar aos psicólogos seus interesses,
emoções, preferências etc.
Para estudar o raciocínio, o psicólogo Cla-
parèdeimaginouummétodoquechamouderefle-
xão falada: deu um problema a um jovem e pediu
a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo,
descrevendo em voz alta o seu pensamento.
Embora seja impossível verificar se as pes-
soas foram corretas ao relatarem seus fenômenos
íntimos, a introspecção tem sido usada para co-
lher informações que não possam ser obtidas de
nenhuma outra maneira. Porém, a introspecção
não pode ser empregada no estudo de animais, de
crianças muito novas, de débeis mentais etc.
Já a extrospecção é um método objetivo de
observação externa. O psicólogo procura conhecer
as reações externas dos organismos. Ao observar,
por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu
modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionô-
micas, suas realizações etc.
Sempre que possível, os psicólogos dão pre-
ferência à extrospecção e procuram torná-la mais
exata, usando aparelhos para melhor documentar
suas observações: máquinas fotográficas e de fil-
mar, cronômetros, gravadores de som etc.
A experimentação consiste em um observa-
dor controlando a situação e verificando os dife-
rentes níveis de reações do sujeito.
Saiba maisSaiba mais
Em processos seletivos, no caso particu-
lar das Dinâmicas Grupais, os psicólogos
utilizam-se, bem mais, da metodologia
da experimentação.
Psicologia Geral
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13
As técnicas psicológicas mais utilizadas são:
ƒƒ animais em laboratório: a observação
de animais em situações controladas fa-
cilita a compreensão do comportamento
das aprendizagens. Os animais mais uti-
lizados são: cães, ratos, pombos, gatos e
macacos;
ƒƒ técnica da medida do tempo de rea-
ção: esse tempo é medido em frações de
segundo, por cronômetros. Esse tempo
varia de pessoa para pessoa e é de gran-
de importância para provas de aptidão
para determinadas profissões como: mo-
toristas, profissionais de mídia, aviação,
entre outros;
ƒƒ técnica das associações determinadas:
essa técnica foi introduzida pelo psicólo-
go suíço Carl Gustav Jung. Consiste em
ler para o paciente, uma a uma, as pala-
vras de uma lista, pedindo-lhe que a cada
palavra ouvida diga tudo que lhe venha à
mente, mesmo que lhe pareça estranho
e absurdo. Essa técnica possibilita traçar
um tipo psicológico do paciente;
ƒƒ técnica da associação livre: utilizada
por Sigmund Freud, que foi o fundador
da Psicanálise. O psicanalista sugere um
assunto e deixa que o pensamento flua,
na livre associação de ideias que o pa-
ciente faz, de acordo com o seu histórico
pessoal;
ƒƒ técnica de grupos de controle: essa
técnica consiste na comparação de dois
ou mais grupos semelhantes, tratados de
modo igual, em todos os aspectos da ati-
vidade, com exceção de um – o aspecto
que está sendo estudado. Imagine que
todas as crianças de uma creche passa-
ram por uma experiência de ataque de
cachorros e desenvolveram medo. Essa
técnica poderia ser aplicada de modo a
controlar esse medo, apresentando um
filme no qual aparecessem crianças aca-
riciando cachorros dóceis e, assim, fazen-
do paulatinamente diminuir o medo de
cachorros;
ƒƒ técnica de comparação de gêmeos:
consiste em comparar dois gêmeos idên-
ticos ou univitelinos. Essa técnica tem
sido muito empregada para prever a in-
fluência da hereditariedade e do ambien-
te no desenvolvimento da inteligência e
da personalidade, de modo geral;
ƒƒ técnicas projetivas: são atividades pro-
postas pelos psicólogos nas quais as pes-
soas são convidadas a expressarem seus
íntimos.
a)	 Hermann Rorschach elaborou um
teste de borrões, com dez cartões,
revelando traços significativos da
personalidade, como nível de inteli-
gência, extroversão ou introversão,
conflitos emocionais etc.;
b)	 Henry D. Murray criou o TAT, conhe-
cido como teste de apercepção te-
mática, em que existem 20 quadros
que remontam a contos, nos quais a
criança pode elaborar a sua própria
história, baseada em fatores de sua
psicodinâmica pessoal e familiar;
c)	 análise do brinquedo: Melanie Klein
encontrou muita dificuldade para
estudar a causa dos problemas emo-
cionais apresentados pelas crianças
e resolveu observar o modo como
as crianças brincavam, por meio de
brinquedos, baseando-se na com-
preensão de seus vocabulários ao
expressarem o que vinha pelas
mentes e formas de construções de
brincadeiras, assim como no tipo de
brinquedos escolhidos, mais comu-
mente; a ludoterapia passou a ser
2.3 Técnicas Psicológicas
Márcia Lilla
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14
uma forma terapêutica para auxiliar
a cura da criança pelo brinquedo;
d)	 análise do desenho: o desenho da
figura humana, da casa e da árvo-
re, são os mais utilizados, revelando
interesses, autoimagem, conflitos
emocionais, nível intelectual, entre
outros fatores, muito utilizados em
empresas;
e)	 testes psicológicos: de inteligência,
de conhecimentos gerais e/ou espe-
cíficos, nos quais se observa o tipo de
resposta dada e o desempenho, me-
dindo aptidões dos indivíduos (mui-
to utilizados em seleção de pessoal).
Em Psicologia Clínica, estuda-se o compor-
tamento de uma única pessoa, visando ajudá-la
em seu ajustamento. É feito um estudo do caso,
procurando compreender as principais forças e
influências que orientaram o desenvolvimento
dessa pessoa. Esse estudo consiste em várias fases,
entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa;
as condições sociais em que ela vive; aplicar testes
de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de
maturidade emocional, de sociabilidade, de traços
de personalidade; e fazer seu levantamento bio-
gráfico. Após esse estudo, surge o diagnóstico do
problema dessa pessoa, é recomendada uma tera-
pêutica e o caso é“acompanhado”por um supervi-
sor, por algum tempo. A observação de casos par-
ticulares permite descobrir algumas características
comuns a muitas pessoas.
2.4 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as três metodologias aplicadas em Psicologia Científica;
as técnicas mais utilizadas para o conhecimento do humano, cada uma delas, focando aspectos peculia-
res e tornando possível o levantamento de um vasto número de informações sobre a pessoa, animal ou
grupo analisado.
2.5 Atividades Propostas
1.	 Trata-se de um método subjetivo de observação interior. A pessoa observa suas próprias ex-
periências e as relata (a pessoa relata suas emoções, percepções, interesses, recordações etc.).
De qual método estamos tratando?
2.	 São atividades propostas pelos psicólogos nas quais as pessoas são convidadas a expressarem
seus íntimos.
3.	 Trata-se de uma forma terapêutica, criada por Melanie Klein, para auxiliar a cura da criança
pelo brinquedo.
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15
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
de compreender o estudo da Fórmula Fundamen-
tal do Comportamento. Vamos iniciar a discussão?
O comportamento tem sido definido como
sendo o conjunto das reações ou respostas que um
organismo apresenta às estimulações do ambien-
te.Todo o organismo está continuamente receben-
do estimulações do ambiente e reagindo a elas. Por
isso é que os cientistas afirmam que o organismo
vive em um constante processo de interação com
seu ambiente. As relações que mantemos com o
mundo que nos rodeia são de dar e receber. Rece-
bemos inúmeras estimulações e damos respostas
a elas.
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido empregado
esse pequeno esquema, no qual E significa estímu-
lo ou conjunto de estímulos (situação) e R significa
reação ou resposta. Os estudiosos do comporta-
mento preferem empregar o verbo‘eliciar’no lugar
de‘provocar’ou‘causar’.
Por exemplo: o sumo da cebola elicia a secre-
ção de lágrimas, pelas glândulas lacrimais.
Estímulo é qualquer modificação do ambien-
te que provoque a atividade do organismo. Assim,
a luz é um estímulo aos olhos, o som, aos ouvidos.
Reação ou resposta é qualquer alteração do
organismo (movimentos musculares ou secreções
glandulares), eliciada por um estímulo.
AtençãoAtenção
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido
empregado esse pequeno esquema, no
qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa reação ou
resposta. Os estudiosos do comportamento
preferem empregar o verbo eliciar no lugar
de provocar ou causar.
3.2 Classificação do Comportamento
ƒƒ Comportamento inato: também co-
nhecido como comportamento natural.
Há reações que todos os seres da mesma
espécie apresentam todas as vezes que
recebem determinada estimulação, sen-
do invariáveis. Um exemplo: nossas pupi-
las se contraem sempre que aumenta a
intensidade da luz no ambiente em que
estamos e se dilatam quando a lumino-
sidade diminui (reflexo pupilar). Outro
exemplo: nossas pálpebras se cerram
fortemente sempre que um objeto se
aproxima bruscamente de nossos olhos
e sempre que ouvimos um som muito
FÓRMULA FUNDAMENTAL DO
COMPORTAMENTO3
3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento
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16
alto (reflexo palpebral). Essas reações
não precisam ser aprendidas. Todos os
seres humanos, em estado normal, as
apresentam. São chamadas reações ina-
tas e, também, reações não variáveis;
ƒƒ Comportamento adquirido ou apren-
dido: é um comportamento variável. Há
reações que alguns seres apresentam e
outros, embora da mesma espécie, não
apresentam ao receberem determinada
estimulação. São reações que necessi-
tam de aprendizagem para se processa-
rem, quando o organismo recebe a es-
timulação. Um exemplo: o gato de uma
determinada casa entra na cozinha todas
as manhãs ao ouvir o ruído da porta da
geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse
mesmo som, não reagem desse modo.
Outro exemplo: o cão de uma certa fa-
mília aproxima-se prontamente, ao ouvir
alguém dizer“Totó”. Outros cães, ao ouvi-
rem esse mesmo som, não reagem desse
modo. Essas reações foram aprendidas.
Constituem o comportamento variável
ou adquirido, portanto, aprendido.
O estudo do desenvolvimento do comporta-
mento durante o decorrer de nossa vida tem sido
realizado pela Psicologia genética ou evolutiva.
Observou-se que, no início de nossa vida, apresen-
tamos aos estímulos reações que, em sua maioria,
são inatas. À medida que amadurecemos, vai au-
mentando o número de nossas reações adquiridas
ou aprendidas.
A Psicologia comparativa realiza o estudo
do comportamento animal, comparando-o com
o comportamento humano. Ela tem demonstrado
que, nos animais inferiores, predominam as rea-
ções inatas, invariáveis, ao passo que, no ser hu-
mano, predomina o comportamento variável ou
aprendido.
3.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Fórmula Fundamental do Comportamento, no qual
vimos que E = estímulo e R = resposta; sendo que existem os comportamentos inatos e os comporta-
mentos adquiridos ou aprendidos; sendo que esses últimos estão estreitamente ligados à quantidade e
qualidade das estimulações do meio ambiente.
3.4 Atividades Propostas
1.	 Qual é a definição de comportamento?
2.	 Qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do organismo é chamada de...
3.	 Trata-se de um comportamento variável, com reações que necessitam de aprendizagem para
se processarem, quando o organismo recebe a estimulação. De qual comportamento estamos
tratando?
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17
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem do Behaviorismo de Watson e de
Skinner. Vamos iniciar a discussão?
O Behaviorismo nasce com Watson e tem
um desenvolvimento grande nos Estados Unidos,
em função de suas aplicações práticas. Tornou-se
importante por ter definido o fato psicológico, de
modo concreto, a partir da noção do comporta-
mento (behavior, do inglês). Essa abordagem surge
com John B. Watson, em 1913, e basicamente traz
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta,
com a fórmula comportamental básica: E – R (sen-
do que E = estímulo e R = resposta do indivíduo).
Essa abordagem traz para a Psicologia da época a
serventia da quantificação (mensuração) do com-
portamento humano, já que o capitalismo institui
a necessidade de um parâmetro mais prático para
a análise humana e suas relações com o trabalho.
Os primeiros experimentos foram feitos com ra-
tos brancos em laboratórios, assim como outros
animais, tais como: pombos e sapos, por questões
éticas e determinantes das ciências biológicas e
humanas.
Temos com B. F. Skinner um importante ex-
perimento com ratos, o que possibilitou o avanço
da compreensão dos condicionamentos e apren-
dizagens humanas. Para os behavioristas, todos os
comportamentos podem ser controláveis e contro-
lados, uma vez que reconhecem como sendo pas-
sível de observação o que emite uma resposta con-
creta, visível e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo. O Behaviorismo é muito
utilizado em empresas, escolas, organizações de
diferentes segmentos, por ser eficaz na especifica-
ção das características humanas.
AtençãoAtenção
Para os behavioristas, todos os
comportamentospodemsercontroláveis
e controlados, uma vez que reconhecem
como sendo passível de observação o
que emite uma resposta concreta, visível
e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo.
ƒƒ Comportamento reflexo ou respon-
dente: são todos os comportamentos/
respostas do organismo vivo/indivíduo
que não dependem diretamente dos
fatores de aprendizagens (piscar o olho
mediante a incidência da luz e afastar a
mão do calor do fogo, por exemplo);
ƒƒ Comportamento instrumental ou ope-
rante: diferentemente dos comporta-
mentos reflexos/respondentes, estes de-
pendem da habilidade de aprendizagem
e apenas ocorrem mediante condiciona-
mentos. Esses condicionamentos podem
ser primários, secundários ou terciários,
sendo os primeiros ligados às necessi-
dades de primeira ordem (básicas) e os
outros associados a elas. Ou seja, para os
behavioristas, toda a aprendizagem está
O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER4
4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo
Márcia Lilla
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18
diretamente vinculada às habilidades vo-
luntárias de um organismo responder às
suas urgências, mediante os estímulos
provenientes do meio ambiente, tornan-
do assim o esquema E – R condicionável,
controlável (exemplo: ao pressionar uma
barra, o rato observa a ocorrência do
surgimento da água, e isso apenas acon-
tece após inúmeras tentativas de obter
sucesso – recompensa). Assim, para os
comportamentalistas, o comportamento
e a aprendizagem estão diretamente vin-
culados aos sucessivos erros, até que se
possa alcançar o acerto;
ƒƒ Teoria dos reforçamentos: podem ser
positivos ou negativos, dependendo
dos objetivos do meio ou do indivíduo.
No caso do reforço positivo, o indivíduo
ao ser premiado aprende que para obter
satisfação de sua necessidade ou dese-
jo, terá de repetir o mesmo mecanismo
da experiência passada, aprendida; já no
reforço negativo é o inverso, ele é deses-
timulado a repetir o padrão aprendido,
pois não encontra no meio ambiente o
atributo que atende à sua necessidade/
desejo, sendo esse fator fundamental
para que interrompa o padrão e apren-
da a extinguir o comportamento inde-
sejado (para os behavioristas, o simples
fato de não se reforçar positivamente
um comportamento já é suficiente para
remover uma resposta de um indivíduo/
organismo).
4.2 O Experimento da“Caixa de Skinner”
Vamos relembrar um conhecido experimen-
to feito com ratos em laboratório. Vale informar
que animais como ratos, pombos e macacos – para
citar alguns – foram utilizados pelos analistas ex-
perimentais do comportamento (inclusive Skinner)
para verificar como as variações no ambiente inter-
feriam nos comportamentos. Tais experimentos
permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que cha-
maram de leis comportamentais.
Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat,
certamente manifesta algum comporta-
mento que lhe permita satisfazer a sua ne-
cessidade orgânica. Esse comportamento
foi aprendido por ele e se mantém pelo
efeito proporcionado: saciar a sede. Assim,
se deixarmos um ratinho privado de água
durante 24 horas, ele certamente apresen-
tará o comportamento de beber água no
momento em que tiver sede. Sabendo dis-
so, os pesquisadores da época decidiram
simular esta situação em laboratório sob
condições especiais de controle, o que os
levou à formulação de uma lei comporta-
mental. Um ratinho foi colocado na ‘caixa
de Skinner’ – um recipiente fechado no
qual encontrava apenas uma barra. Esta
barra, ao ser pressionada por ele, aciona-
va um mecanismo (camuflado) que lhe
permitia obter uma gotinha de água, que
chegava à caixa por meio de uma pequena
haste. Durante a exploração da caixa, o ra-
tinho pressionou a barra acidentalmente,
o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma
gotinha de água, que, devido à sede, fora
rapidamente consumida. E, por ter obtido
água ao encostar na barra quando sentia
sede, constatou-se a alta probabilidade de
que, estando em situação semelhante, o
ratinho a pressionasse novamente. (BOCK,
1996, p. 48-49).
Saiba maisSaiba mais
Quando um bebê começa a conseguir
se sustentar por suas próprias perninhas
e a mãe vai, paulatinamente, encora-
jando-o a dar passinhos para frente, ao
mesmo tempo em que oferece suas
mãos, para suportá-lo, caso ele se de-
sequilibre, é um exemplo de comporta-
mento instrumental ou operante.
Psicologia Geral
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19
Skinner denominou esse comportamento de
operante, em que o que propicia a aprendizagem
dos comportamentos é a ação do organismo sobre
o meio e o efeito dela, seus resultados, ou seja, a
satisfação de uma necessidade, sendo que a apren-
dizagem fica atrelada nessa relação entre ação e
efeito.
Em suma, os behavioristas contribuíram
enormemente para a sistematização dos compor-
tamentos aprendidos, desde esses estudos feitos
em laboratórios, deixando claras as questões dos
condicionamentos para as aprendizagens huma-
nas, em diversas áreas do conhecimento e aplica-
ções (escolas, indústrias, serviços em gerais, entre
outras tantas atividades ocupacionais do mercado
de trabalho).
4.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno, neste capítulo estudamos a Abordagem ou Escola Behaviorista deWatson e de Skin-
ner, onde você tomou conhecimento do importante experimento feito com ratos, de Skinner, o qual
serviu de base para explicar muitas das aprendizagens condicionáveis do humano. Vimos a diferença do
comportamento reflexo ou respondente para o comportamento instrumental ou operante; assim como
a importância do reforço positivo, para garantir a manutenção do comportamento desejável, na apren-
dizagem.
4.4 Atividades Propostas
1.	 Qual o nome da abordagem que surgiu com John B. Watson, em 1913, e basicamente trouxe
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta, com a fórmula comportamental básica: E – R
(sendo que E = estímulo e R = resposta do indivíduo)?
2.	 O que vem a ser o Comportamento reflexo ou respondente?
3.	 São comportamentos que dependem da habilidade de aprendizagem e apenas ocorrem me-
diante condicionamentos. Esses condicionamentos podem ser primários, secundários ou ter-
ciários, sendo os primeiros ligados às necessidades de primeira ordem (básicas) e os outros
associados a elas. De qual tipo de comportamento estamos tratando?
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21
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Psicologia da Aprendizagem e das Inteligências.
Vamos iniciar a discussão?
AtençãoAtenção
Quando um bebê começa a conseguir se
sustentar por suas próprias perninhas e a
mãe vai, paulatinamente, encorajando-o
a dar passinhos para frente, ao mesmo
tempo em que oferece suas mãos, para
suportá-lo, caso ele se desequilibre,
é um exemplo de comportamento
instrumental ou operante.
O processo das aprendizagens
Todas as correntes filosóficas e científicas das
Psicologias, de forma geral, enfocam a questão da
predisposição humana para o crescimento ajustati-
vo para com o seu meio ambiente. Existe uma forte
tendência a acreditar na força criadora das capaci-
dades neurais para suplantar as dificuldades mais
variadas, pois a inteligência humana, até hoje, ain-
da não foi totalmente disponibilizada, para atingir
todo o seu cume e capacidade total de funciona-
mento, conforme comprovam os neurocientistas
mais debruçados em análises humanas/sociais.
Um famoso psicólogo, Jean Piaget (1896-
1980), desenvolveu uma importante teoria para
compreender o desenvolvimento cognitivo, por
meio do trabalho que acompanhava crianças, e
classificou a aprendizagem a partir de estágios, tais
como: a) sensório-motor (ênfase na importância
da estimulação ambiental, até os 18 meses); b) pré-
-operacional (ênfase na intuição, em que o sentido
é o desenvolvimento das capacidades mais simbó-
licas das crianças, dos 18 meses até os seis anos de
idade); c) operações concretas (ênfase nas opera-
ções mentais e no uso do pensamento lógico es-
truturado com as ações e situações reais, dos sete
aos 11 anos); d) operações formais (ênfase no pen-
samento complexo, articulado e hipotético-dedu-
tivo, envolvendo a imaginação mais rica e intuição,
após os 12 anos de idade).
Piaget fomentou inúmeras pesquisas, con-
tribuindo vastamente para posteriores investiga-
ções de seus inúmeros seguidores. Possibilitou a
compreensão dos processos atrelados às aprendi-
zagens no mundo do trabalho, uma vez que po-
demos observar que as dificuldades do indivíduo
sempre se reportam às fases anteriores, caso estas
tenham sido vivenciadas com lacunas e falhas, de-
pendendo tanto da maturação cognitiva quanto
da qualidade e quantidade das estimulações do
meio ambiente.
A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E
INTELIGÊNCIA5
5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)
Márcia Lilla
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22
Os diferentes enfoques para as aprendizagens
Os comportamentalistas acreditam na apren-
dizagem condicionada; os gestaltistas nas relações
dinâmicas dos contatos humanos internos e exter-
nos; já os psicanalistas acreditam na viabilização de
um maximizado acesso ao inconsciente, sendo que
este armazena o manancial criativo e faz com que a
consciência emancipe o seu dispositivo maior para
aprender o mundo tanto interior quanto exterior.
Com Piaget, assim como com outros importantes
psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando
novas vertentes e constatando em testes, pesqui-
sas e experimentos, os inúmeros atributos das ca-
pacidades individuais e grupais para as aprendiza-
gens, tanto específicas quanto generalizadas, do
potencial humano.
A Inteligência Humana
Fatores hereditários e adquiridos formam e
transformam a inteligência humana sob e sobre
toda a interatividade que já estamos acostumados
a verificar em nossas relações humanas. Para os psi-
cólogos contemporâneos, fatores racionais e emo-
cionais são determinantes da evoluída inteligência,
assim como fatores atitudinais e inter-relacionais.
Inteligência racional (QI)
Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram
o quociente de inteligência mediante uma esca-
la que media a capacidade do conhecimento de
crianças comparando as idades cronológicas. As-
sim sendo, catalogaram diferentes medidas para as
inteligências (até a atualidade são muito utilizadas
essas escalas para medição de QI). Consideram o
QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo
que variações para baixo ou para cima estariam re-
lacionadas com defasagens/incapacidades e, por
outro lado, genialidades/alta capacitação de ex-
pansão pessoal.
Pesquisas e testes de QI em muito facilitam
a seleção de pessoal para as organizações, desde a
era industrial até a atualidade, pois vivemos em um
mundo globalizado e de forte tendência competi-
tiva, fazendo-se necessários os instrumentos práti-
cos de medição de recursos para os conhecimen-
tos específicos e gerais da inteligência humana.
Inteligência emocional (QE)
Daniel Goleman (1995) traz o conceito de
sincronia emocional e nos atenta para as questões
das deficiências“das conscientizações dos sentires”,
tão vastamente ignoradas por outras correntes das
Psicologias. Por meio de experimentos ricos e com-
plexos, tal ideia nos remonta para a integração de
uma inteligência emocional e racional, na qual haja
o contínuo alinhamento da rede neural com todos
os âmbitos emocionais.
Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revo-
lucionou a visão fragmentada da inteligência, tra-
zendo uma concepção de ampliada e inquietante
constatação de que o controle emocional depen-
derá sempre de uma profunda e intensa capacida-
de de se dar conta do que se sente, sem que isso
implique em atuar o sentimento concomitante-
mente no meio, na situação vivida.
Para o autor, o sequestro emocional seria
uma ação inadequada do indivíduo, comprovando
a sua incapacidade de lidar com a emoção perce-
bida, ou seja, a inconsciência de um sentimento
levando a uma ação inadequada ao contexto. Essa
visão da inteligência explicou o porquê de pessoas
com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas
profissionalmente, por possuírem genialidades ou-
tras e não emocionais e relacionais. Suponhamos
que um profissional de criação, em uma reunião
em que esteja apresentando a sua campanha seja
tomado por um forte sentimento de ira e resolva
agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando
a perda da conta de um importante cliente para
a sua agência. Com certeza, esse episódio dramá-
tico seria um típico sequestro emocional, típico
de quem não lida bem com as próprias emoções,
mantendo-as sob controle consciente e ajustativo,
conforme exige cada situação das vivências que se
apresentam no dia a dia.
Psicologia Geral
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23
Inteligências múltiplas e atitudinais
Howard Gardner, nos anos 60, foi um impor-
tante pesquisador e trouxe a contribuição de uma
teoria que identificou diferentes inteligências: a)
lógico-matemática: símbolos numéricos e lineares;
b) linguística: símbolos ligados às letras, palavras,
assim como expressões da mesma pela palavra e
suas manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos
mais físicos de contextualizações; d) musical: liga-
da aos sons, desde a emissão até elaborações mais
avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às ca-
pacidades de autoconhecimento e controle emo-
cional; e f) interpessoal: que dita as habilidades de
relacionamentos com as outras pessoas, de forma
madura, responsável, ética e assertiva.
Para Gardner, quanto mais as pessoas pu-
derem investir não somente em maximizar suas
potencialidades, como também em potencializar
suas limitações, mais e mais estarão aptas para de-
senvolverem em plenitude suas totais e genéricas
aptidões cognitivas/emocionais. Em outras pa-
lavras, o ser inteligente atual e contemporâneo é
aquele que vive a sua inteligência de maneira múl-
tipla, de acordo com os sistemas em que se insere,
uma vez que o mundo está cada vez mais criativo,
diferenciado e solicitando inúmeras capacidades
de ajustamentos variados e crescentes.
Para os cognitivistas,
[...] o processo de organização das informa-
ções e de integração do material à estru-
tura do pensar e refletir, armazenar e pro-
cessar, integrar aos processos conscientes
é o que melhor conceitua a aprendizagem.
Esta abordagem diferencia a aprendiza-
gem mecânica da aprendizagem significa-
tiva: a) aprendizagem mecânica refere-se à
aprendizagem de novas informações com
pouca ou nenhuma associação com con-
ceitos já existentes na estrutura cognitiva.
O conhecimento assim adquirido fica arbi-
trariamente distribuído na estrutura cogni-
tiva, sem se ligar a conceitos específicos (ex:
decorar um texto); b) aprendizagem signi-
ficativa: processa-se quando um novo con-
teúdo (idéias ou informações) relaciona-se
com conceitos relevantes, claros e dispo-
níveis na estrutura cognitiva, sendo assim
assimilado por ela. Estes conceitos dispo-
níveis são os pontos de ancoragem para a
aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118).
Um exemplo dessa última forma de apren-
dizagem: você integra e aprende o conceito que
pode viver na vida real e não se esquece mais do
valor significativo da teoria, graças à experiência
cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas
áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até
grandes grupos.
A inteligência é, sem dúvida, uma das qua-
lidades humanas mais desejáveis. Cada cientista,
ao longo da história e de suas pesquisas, revelam
a inteligência, sob e entre diferenciados aspectos.
Desde Platão, pensar a inteligência, por si só, já é
uma representação bastante satisfatória dela, pois
o exercício é um indicativo de capacidade reflexiva
e pensante.
O que mais caracteriza o ato inteligente é o
fato de utilizar vários elementos da situação de ma-
neira original ou criativamente nova. No fundo, em
todo ato inteligente há uma pequena descoberta,
a estrutura da inteligência:
a)	 cognição: na solução de um problema
ou situação difícil, é preciso, em primeiro
lugar, reconhecer os elementos dispo-
níveis e constitutivos da situação (essa
operação é a cognição = conhecer, do
latim);
b)	 memória: além de levantar os dados do
problema, é preciso retê-los na memória
ou evocar outros elementos para o pro-
Saiba maisSaiba mais
Goleman desvelou em suas pesquisas
que indivíduos com Inteligência Emo-
cional bem desenvolvida eram mais ap-
tos para ocuparem cargos de liderança
do que os que tinham o “QI” elevado;
essas pesquisas serviram de “quebra de
paradigmas”e mudaram diametralmen-
te a visão de muitos empresários, inclu-
sive.
Márcia Lilla
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24
cessamento da solução (reter e evocar
são funções da memória);
c)	 produção convergente: é uma forma
de atividade intelectual que processa
os elementos mentais de conformidade
com os padrões convencionais (exemplo:
seguir manuais de orientações nas orga-
nizações, criteriosamente);
d)	 produção divergente: é uma forma de
atividade intelectual que processa os ele-
mentos mentais de modo não conven-
cional; as descobertas e invenções são
produtos divergentes, não convencio-
nais da mente, são originalidades expres-
sivas do ato singular de se criar, dando
um salto qualitativo nas dimensões que
convergem;
e)	 avaliação: é uma forma de atividade
mental em que a mente elabora pesos
e valores diferentes, julgando a respeito
da correção, adequação, desejabilidade,
melhor conveniência. Quando um su-
pervisor ou coordenador está avaliando
mentalmente, está processando elemen-
tos mentais que são valores, pesos, rea-
ções comportamentais adequadas etc.
Em todo processo decisório, cada infor-
mação tem uma relevância e um peso
próprios. Nem todos os elementos se
apresentam com o mesmo valor; é um
ato típico de avaliação.
As atividades da mente só existem sobre de-
terminados conteúdos; ninguém pensa a respeito
de nada. O pensamento consiste em elaborar, pro-
cessar mentalmente algum conteúdo. É claro que
podemos raciocinar sobre inúmeras coisas. Há um
número infinito de assuntos sobre os quais pode-
mos pensar. Contudo, Guilford, psicólogo america-
no, reduziu-os a quatro categorias:
a)	 conteúdos figurativos: elementos con-
cretos num espaço limitado (inteligência
espacial, concreta e mecânica);
b)	 conteúdos simbólicos: inteligência nu-
mérica, musical ou de qualquer outro
elemento simbólico;
c)	 conteúdos semânticos: inteligência
mais verbal (oradores, professores, escri-
tores, filósofos);
d)	 conteúdos comportamentais: inteli-
gência social baseada em atitudes, for-
mas de proceder, ação, padrão de ações
das pessoas, formas altamente criativas
para lidar com elementos comporta-
mentais (exemplo: profissionais das pu-
blicidades e marketing necessitam des-
sas qualificações para melhor exercerem
suas funções).
Essência da aprendizagem e da inteligência
O que está no cerne do comportamento in-
teligente? Para alguns psicólogos, a ênfase está no
pensamento abstrato e no raciocínio, e, para ou-
tros, o foco está nas capacidades que possibilitam a
aprendizagem e a acumulação de conhecimentos.
Existem correntes que enfatizam a competência
social: se as pessoas conseguem resolver os pro-
blemas apresentados por sua cultura. E na época
atual, os psicólogos não sabem sequer se há um
único fator geral (normalmente chamado de‘G’, ini-
cial de‘geral’) do qual dependam todas as habilida-
des cognitivas.
Medindo a inteligência – os famosos testes de
inteligência
Alfred Binet (1857-1911), destacado psicólo-
go francês, foi quem criou a primeira medição prá-
tica da inteligência. De início, juntamente com seus
colaboradores, mediu habilidades sensoriais e mo-
toras, da mesma forma que o fez Galton. Logo, eles
perceberam que tais avaliações não funcionariam
e começaram a observar as habilidades cognitivas
– duração da atenção, memória, julgamentos esté-
ticos e morais, pensamento lógico e compreensão
de sentenças – bem como medidas de inteligência.
O projeto de Binet teve significativa arranca-
da em 1904, ano em que foi nomeado para integrar
uma comissão do governo para estudar os proble-
mas do ensino de crianças retardadas. O grupo
concluiu que se deveria identificar as crianças men-
Psicologia Geral
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25
talmente incapazes e dirigi-las a escolas especiais.
Esse evento possibilitou estudos avançados de dis-
tinção de níveis intelectuais para a diferenciação
de aprendizagens, para crianças com dificuldades
cognitivas. O teste de Binet foi importado pelos Es-
tados Unidos e por outros países.
Lewis Terman, um psicólogo que trabalhava
na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,
fez uma revisão amplamente aceita do teste de
Binet, em 1916. Esse teste ficou conhecido como
Stanford-Binet e trouxe o padrão mundialmente
conhecido para os testes de inteligências QI (quo-
ciente de inteligência, termo criado por psicólo-
gos alemães). Esse teste compara os resultados
obtidos por um indivíduo com aqueles de outros
indivíduos da mesma idade, dentro de uma esca-
la de probabilidades e expectativas para cada fase
do desenvolvimento (conforme vimos com Piaget,
para as cognições), o que também foi um forte cri-
tério para que tal escala pudesse ser configurada.
Os testes de inteligência atuais ainda seguem
as tendências citadas anteriormente, e somam-
-se a estas as da Escala de Inteligência Adulta de
Wechsler, revisada em 1981, em que a preocupa-
ção é medir diferentes recursos individuais para
lidar com os correspondentes desafios (subtestes
verbais e de desempenho avaliam capacidades
que exigem a manipulação de objetos ou outros
tipos de resposta com as mãos, baseando-se no
pensamento sem palavras e nas habilidades de re-
solução de problemas práticos, também).
5.2 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos o processo das aprendizagens e você conheceu a teoria
do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget em seus diferentes estágios de desenvolvimento. Vimos
que os diferentes enfoques de aprendizagens estão diretamente ligados ao aprimoramento da inteligên-
cia humana. Estudamos os diferentes posicionamentos sobre a Inteligência: a racional, de Binet, Simon e
Stern; a emocional, de Daniel Goleman; e a Múltipla e Atitudinal, de Howard Gardner. Discorremos sobre
as diferenças entre a produção convergente e a divergente; aprendemos diversificadas visões sobre o
pensamento inteligente e práticas usuais avaliativas de Aprendizagens e Inteligências, conforme Alfred
Binet e seus colaboradores.
5.3 Atividades Propostas
1.	 Qual o nome do famoso psicólogo que desenvolveu uma importante teoria para compreen-
der o desenvolvimento cognitivo, por meio do trabalho que acompanhava crianças, classifi-
cando a aprendizagem a partir de estágios?
2.	 Conceito de Inteligência que trata da sincronia emocional e nos atenta para as questões das
deficiências “das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas por outras corren-
tes das Psicologias. De qual conceito estamos tratando?
3.	 Trata-se de um tipo específico de aprendizagem que se processa quando um novo conteúdo
(ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estru-
tura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Esses conceitos disponíveis são os pontos de
ancoragem para a aprendizagem. De qual tipo de aprendizagem estamos nos referindo?
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27
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem da Gestalt e seus principais concei-
tos. Vamos iniciar a discussão?
AtençãoAtenção
Um bom exemplo da visão de Lewin des-
carta completamente a visão fragmen-
tada do humano nas relações sociais, ou
seja, não devemos “julgar” com a nossa
visão de mundo a forma de vida de um
indivíduo e/ou um grupo, pois cada um
se relaciona com coerência dentro de
seu campo interno e externo (objetiva e
subjetivamente), como em se tratando
da compreensão dos modos de vida de
uma tribo específica.
6.1 Gestalt
Tendo seu berço na Europa, surge como uma
negação da fragmentação das ações e processos
humanos, realizada pelas tendências da Psicologia
Científica do século XIX, postulando a necessidade
desecompreenderohomemcomoumatotalidade
dinâmica e processual, sendo, assim, uma aborda-
gem de cunho existencial, humanística e sistêmica
de fundamental importância para a compreensão
da complexidade humana.
A palavra ‘Gestalt’ não possui tradução exa-
ta, mas representa configuração, forma e em um
primeiro momento, na Alemanha, mais especifica-
mente com os psicólogos Max Wertheimer, Chris-
tian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka
adquire importância em uma sociedade pautada,
naquela época, por concepções puramente racio-
nais, cognitivas ou com ênfase em aspectos pura-
mente inconscientes. Com esses pesquisadores,
volta a promover a importância de uma visão de
homem e de mundo mais fenomênica, integrada
e contextualizada, tal como as exigências mais cor-
rentes demandavam.
Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a
princípio dos fatores atrelados às percepções hu-
manas e suas manifestações tanto internas quan-
to externas, trazendo a contribuição de enfatizar
que a relação do indivíduo com o meio era o fator
de maior impacto, o que mereceria análise e com-
preensão e que também traria a constatação da
unicidade e da universalidade, fatores fundamen-
tais dessa abordagem.
Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos
com os gestaltistas e elaborou a sua famosa teoria
de campo, sendo que esta se reporta às crenças de
que todo indivíduo somente pode ser compreen-
dido se estivermos focando todo o ambiente onde
ele está envolvido e, principalmente, como ele está
se relacionando em seu campo (as suas crenças,
valores, necessidades e limitações). Para Lewin, o
indivíduo não pode ser compreendido de forma
A PSICOLOGIA DA GESTALT6
Márcia Lilla
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28
linear, rígida, fixa, mas, sim, dinâmica, processual e
contextual.
Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas
relacionadas às percepções e organizações huma-
nas, percebendo que os elementos biopsicosso-
ciais estavam sempre atuando de forma sistêmica
e variando de acordo com a singularidade de cada
pessoa e ambiência envolvida.
Outro psicólogo surgiu desse movimento,
Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria
a ser a Gestalt-terapia que conhecemos na atuali-
dade. Para Perls, todo comportamento é a melhor
resposta que um indivíduo pode dar num deter-
minado momento e apenas o presente é capaz
de fazê-lo atualizar-se e promover o ajustamento
criativo que lhe dará a satisfação imediata, para
que uma nova necessidade ressurja no campo
interno e externo, sucessivamente. Para Perls, so-
mente existia o presente e como o indivíduo agia
era o fator mais fundamental para a compreensão
de seu modo de estar sendo transformado, proces-
sualmente. Essa visão traz uma maior positividade
e liberdade na perspectiva que o mundo da época
tinha do caráter humano e social, o que sem dúvi-
da agregou inúmeros desenvolvimentos e pesqui-
sas para as Ciências Humanas e Sociais da época.
6.2 Principais Conceitos da Gestalt
Os principais conceitos da Gestalt são:
a)	 figura-fundo: sendo que a figura é a par-
te central e mais importante da percep-
ção, e o fundo, todo o contexto que lhe
dá destaque;
b)	 a busca pela boa forma: a percepção se
organiza por meio da intencionalidade
de buscar a harmonia e a integração, as-
sim como um sentido satisfatório para a
compreensão do que o indivíduo perce-
be;
c)	 insight: existe a habilidade natural do
indivíduo para a busca do fechamento
do que compreende, buscando em seu
repertório individual parâmetros para
as soluções criativas dos problemas/per-
cepções;
d)	 espaço vital: o indivíduo se atualiza no
campo situacional onde vive, de acordo
com solicitações externas e recursos in-
ternos;
e)	 leis da percepção para a Gestalt (simetria,
regularidade, proximidade, semelhança
e fechamento): condições fundamentais
para o processo autorregulativo da boa
forma, para a percepção;
f)	 o todo é maior do que a soma das par-
tes: cada elemento possui uma função
e contribui de formas correlacionais ao
todo em que está inserido, sendo que o
significado das partes apenas reflete exa-
tamente a função do contexto presente.
Porém, a dinâmica processual é sempre
reajustativa, circular e processual, levan-
do à totalidade e, ao mesmo tempo, al-
cançando novos rumos e sentidos;
g)	 o como é mais importante do que os por-
quês;
h)	 o presente, o aqui e agora, é o foco princi-
pal para a compreensão da percepção e
atualização do indivíduo no seu meio (o
passado e o futuro se condensam quan-
do existe centragem de percepção e to-
mada de decisão, propriamente ditas).
Saiba maisSaiba mais
Para os gestaltistas, toda vez que um indivíduo expande suas fronteiras de contato e corre o risco
de viver algo novo/inusitado, ocorre um ajustamento criativo; em outras palavras, a coragem de se
recriar continuamente está diretamente vinculada às nossas relações de contato com o outro. Na
linha divisória de encontrar o outro é que eu descubro quem é o outro e quem sou eu; cada vez
mais e melhor, num crescente contínuo, se o ajustamento criativo for funcional.
Psicologia Geral
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29
Os pesquisadores da Psicologia da Gestalt,
escola que antecipou a corrente da Gestalt-terapia,
trouxeraminúmerascontribuiçõesparaquepudés-
semos entender como se estrutura todo o campo
fenomênico interior que forma o que chamamos
de ‘percepção’ – e seu processo ocorre entre as-
pectações de ordens variadas e dentro do que Kurt
Lewin denominou como Campo Psicológico. Este é
entendido como um campo de força que nos leva
a procurar a boa forma; funciona figurativamente
como um campo eletromagnético criado por um
ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de
força psicológico tem uma tendência que garante
a busca da melhor forma possível em situações que
não estão muito estruturadas. Esse processo ocor-
re de acordo com os princípios de proximidade, se-
melhança e fechamento.
A proximidade garantiria a melhor percep-
ção para os elementos dispostos, de acordo com a
distância mais curta, sendo notados devidamente
agrupados. Já na semelhança, os elementos seriam
percebidos como sendo similares/ parecidos ou de
um mesmo grupo de referência (exemplo: perce-
ber formas circulares agrupadas mais nitidamen-
te do que outras, após o sujeito ter ficado horas e
horas analisando pneus, uma vez que trabalha na
indústria de fabricação dos mesmos). E, finalmente,
fechamento, quando o sujeito é capaz de comple-
tar a figura que falta, mediante caracteres armaze-
nados na sua consciência, a fim de garantir a boa
forma perceptiva e fechar o seu ciclo de contato de
maneira satisfatória.
6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt
6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin
O psicólogo Lewin (1890-1947) trabalhou du-
rante 10 anos com Wertheimer, Koffka e Kohler na
Universidade de Berlin, e dessa colaboração com os
pioneiros da Gestalt foi que germinou o que viria a
se tornar essa importante teoria da percepção, vista
de uma maneira mais holística e sistêmica. Entre-
tanto, sendo ele um pesquisador, mais do que um
gestaltista, parte da teoria da Gestalt é para cons-
truir um conhecimento novo e genuíno. Ele aban-
dona a preocupação psicofisiológica (limiares de
percepção) da Gestalt, para buscar na Física as ba-
ses metodológicas de sua psicologia.
O principal conceito de Lewin é o do espaço
vital, que ele define como “a totalidade dos fatos
coexistentes e mutuamente interdependentes que
determinam o comportamento do indivíduo num
certo momento.”(LEWIN, 2005, p. 45). O que Lewin
concebeu como campo psicológico foi o espaço de
vida considerado dinamicamente, em que se levam
em conta não somente o indivíduo e o meio, mas
o todo circunstancial vivido dentro de um espaço
e um tempo. Um bom exemplo da visão de Lewin
descarta completamente a visão fragmentada do
humano nas relações sociais, ou seja, não deve-
mos “julgar” com a nossa visão de mundo a forma
de vida de um indivíduo e/ou um grupo, pois cada
um se relaciona com coerência dentro de seu cam-
po interno e externo (objetiva e subjetivamente),
como em se tratando da compreensão dos modos
de vida de uma tribo específica.
Segundo Garcia-Roza (2005, p. 45), o
[...] campo não deve, porém, ser compreen-
didocomoumarealidadefísica,massimfe-
nomênica. Não são os fatos físicos que pro-
duzem efeitos sobre o comportamento. O
campo deve ser representado tal como ele
existe para o indivíduo em questão, num
determinado momento, e não como ele
é em si. Para a constituição desse campo,
as amizades, os objetivos conscientes e in-
conscientes, os sonhos e os medos são tão
essenciais como qualquer ambiente físico.
Márcia Lilla
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30
Em outras palavras, todo o contexto segue
uma coerência, uma rede de intersecções condi-
zentes com a pessoa e com o todo, concomitan-
temente, sendo necessário se colocar no lugar e
tempo do ser/objeto de observação para melhorar
a interpretação e compreensão.
Os conceitos e ferramentas da Gestalt são
fundamentais para viabilizar a compreensão do
funcionamento das percepções e relações do hu-
mano em diversos contextos sociais, garantindo
a boa forma e a satisfação de necessidades perti-
nentes e possíveis, com a devida contextualização,
tornando-nos mais próximos da realidade e das
múltiplas verdades coexistentes do mundo em que
vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, dinami-
camente, processualmente.
6.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia da Gestalt e vimos que se trata de uma
abordagem de cunho existencial, humanística e sistêmica. Estudamos os principais conceitos da Gestalt:
a) figura-fundo; b) a busca pela boa forma; c) insight; d) espaço vital; e) leis da percepção para a Gestalt
(simetria/regularidade/proximidade/semelhança/fechamento); f) o todo é maior do que a soma das par-
tes; g) o como é mais importante do que os porquês; h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal.
Aprendemos, também, a importância da Teoria de Campo de Kurt Lewin, que enfatiza a necessidade de
se compreender o ser humano, dentro dos referenciais de seu meio psicológico e existencial.
6.6 Atividades Propostas
1.	 Qual o significado da palavra‘Gestalt’?
2.	 A percepção se organiza por meio da intencionalidade de buscar a harmonia e a integração,
assim como um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo percebe. De qual
importante conceito gestáltico estamos nos referindo?
3.	 Lewin concebeu uma teoria onde o campo psicológico é o espaço de vida, considerado dinami-
camente, em que se levam em conta não somente o indivíduo e o meio, mas o todo circunstan-
cial vivido dentro de um espaço e um tempo. Estamos nos referindo a qual teoria?
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31
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de compreender a Percepção e a Motivação, apresen-
tando as principais teorias motivacionais. Vamos iniciar a discussão?
7.1 Definições de Percepção
É a organização dos elementos captados pe-
los sentidos que faz algum fechamento (efeito da
Lei de Totalidade da Gestalt). Nunca percebemos
estímulos isolados, a tendência natural é a de orga-
nizar, dar um fechamento. A Figura é a parte predo-
minante e central, que emerge de um Fundo.
Vivemos mais em função do mundo interior
(sentidos, sensações, pensamentos) do que em
função da realidade objetiva. “Cada cabeça uma
sentença”. Por isso, é muito importante sempre
checarmos bem o que o outro está querendo ex-
pressar, para não colocarmos as “nossas coisas” na
boca desse outro (projeção).
Os sentidos funcionam como receptores
(antenas) que levam os estímulos para o cérebro,
e este se organiza e nos dá a percepção. Os cinco
sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são
fundamentais para esse processo e devem estar
bem desenvolvidos, no indivíduo. A intuição é um
sentido mais sutil e refinado e ocorre principalmen-
te quando temos os cinco sentidos básicos bem
evoluídos em nós mesmos. É por isso que dizemos
que as pessoas criativas, inteligentes e intuitivas
têm uma excelente percepção.
7.2 Funções da Percepção
São as seguintes: a) função informativa: man-
ter-se em contato constante com o meio, atuali-
zação para sobreviver e se desenvolver; b) função
defensiva: captamos o perigo, ameaça, antes que
aconteça algo de pior. De acordo com os estados
internos e a situação, somos capazes de dar um
sentido para isso: esquiva ou ataque – agimos de
acordo com a melhor possibilidade encontrada na-
quele momento.
As percepções, assim como as motivações,
são determinadas também pelas necessidades,
pois o organismo age de forma intencional volun-
tária ou involuntariamente, para buscar o “opti-
mum de equilíbrio fisiológico, social e humano” =
homoestasia (do grego) – Conceito de Walter Can-
non (1929), psicólogo, e de Claude Bernard (1895),
fisiologista francês.
PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS
TEORIAS MOTIVACIONAIS)7
Márcia Lilla
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32
Motivação (conceito): refere-se a um moti-
vo, um estado interno que pode resultar de uma
necessidade; ele é descrito como ativador, ou des-
pertador, de comportamento geralmente dirigido
para a satisfação da necessidade instigadora. Mo-
tivos estabelecidos principalmente pela experiên-
cia são conhecidos simplesmente como motivos;
aqueles que surgem para satisfazer necessidades
básicas relacionadas com a sobrevivência e deriva-
das da fisiologia são geralmente chamados de im-
pulsos (drives – motivos, do inglês).
A motivação é um tema complexo para a Psi-
cologia, uma vez que considera três tipos de variá-
veis (o ambiente, as forças internas no indivíduo e
o objeto, propriamente dito). A motivação está pre-
sente como processo em todas as esferas de nossa
vida, tanto na área do trabalho quanto na do lazer
e mesmo na de aprendizagens (escola, faculdade,
por exemplo).
AtençãoAtenção
A motivação é um tema complexo para
a Psicologia, uma vez que considera
três tipos de variáveis (o ambiente, as
forças internas no indivíduo e o objeto,
propriamente dito). A motivação está
presente como processo em todas as
esferas de nossa vida, tanto na área do
trabalho quanto na do lazer e mesmo na
de aprendizagens (escola, faculdade, por
exemplo).
7.4 Principais Teorias Motivacionais
ƒƒ Teoria de Abraham Maslow: segundo
esse importante psicólogo, as motiva-
ções humanas obedecem a uma hierar-
quia de necessidades e desejos, sendo
que cada um de nós estaria sempre bus-
cando atingir no meio ambiente os alvos
que melhor configurariam essas mesmas
necessidades internas, quando estamos
mais autoconscientes dos processos in-
teriores que nos movem. Essas necessi-
dades vão desde fatores que garantem
a sobrevivência até as que nos levam às
melhores transformações e evoluções,
dentro dos campos situacionais, profis-
sionais e existenciais. Os tipos de neces-
sidades então seriam: a) necessidades
fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono),
b) necessidades de segurança (abrigo,
proteção e ausência de perigo), c) neces-
sidade de amor (filiação, aceitação e sen-
timento de pertencer), d) necessidades
de estima (realização, aprovação, com-
petência e reconhecimento), e) necessi-
dades de autorrealização (possibilidades
de uso das potencialidades individuais,
com contínuo aprimoramento). Para
Maslow (1970), quando uma dessas ne-
cessidades permanece insatisfeita, pode
dominar todas as outras; o que importa
é o grau das satisfações, bem mais que
sua quantidade, pois ao mesmo tempo
temos diferentes grupos de necessida-
des em nossas vidas e o organismo terá
de eleger a mais urgente para si, sempre,
mesmo que o faça de forma impensada.
Essa visão explica os interesses e as for-
mas de funcionamento das pessoas em
geral e faz com que identifiquemos os
motivos que levam as pessoas a estarem
em diferentes níveis de possibilidades e
aspirações, no campo do trabalho, prin-
cipalmente. Maslow e sua teoria motiva-
cional vêm sendo muito utilizados, em
diferentes universos do mundo intelec-
7.3 Compreendendo os Processos Motivacionais
Psicologia Geral
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33
tual, assim como do profissional, pois
oferece um valiosíssimo instrumental
para que o profissional possa identificar
os diferentes níveis de necessidades e
desejos de seus clientes, em potencial, já
que vivemos em uma sociedade de con-
sumo, dentro de um regime competitivo
e capitalista;
ƒƒ Teoria de Henry Murray: na década de
1930, esse autor se ocupou com o moti-
vo das realizações sociais e observou que
as pessoas projetavam suas necessida-
des, medos, esperanças e conflitos nos
personagens de suas figuras histórias
(conforme resultados obtidos em testes
de apercepções temáticas). Com essa
teoria e metodologia, fica claro que o
importante é observar os caminhos dos
motivos sociais, medindo, assim, a dispo-
nibilidade para a realização de cada indi-
víduo no trabalho;
ƒƒ Teoria de David McClelland: esse au-
tor deu prosseguimento às pesquisas de
Murray, focando o grau de realização a
partir das motivações individuais, e con-
firmou, juntamente com outros pesqui-
sadores, que, quanto maior fosse o grau
de satisfação e realização, maior também
seria a motivação humana para o cres-
cimento e desenvolvimento social/indi-
vidual (desenvolveu métodos e técnicas
importantes para os cientistas sociais,
utilizadas em larga escala no âmbito
de preparação, colocação e desenvolvi-
mento profissionais). Essa teoria trouxe a
questão da relação motivacional – indiví-
duo X meio ambiente.
Saiba maisSaiba mais
Maslow é muito utilizado em diferentes
áreas e principalmente pelos profissionais
de marketing, uma vez que sua teoria dá
subsídios para que se possa identificar ade-
quadamente os níveis de necessidades das
pessoas e, ao mesmo tempo, discriminar os
tipos de produtos que estas estariam mais
dispostas e motivadas a consumirem.
7.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Percepção, sua definição e funções (informativa e de-
fensiva) e tivemos a possibilidade de compreender os processos motivacionais, através de três visões di-
ferentes: a) Teoria Motivacional de Abraham Maslow, que enfoca a hierarquia de necessidades e desejos;
b) Teoria de Henry Murray, que enfoca as realizações sociais; e c) Teoria de David McClelland, que enfoca
o grau de realização a partir das motivações individuais.
7.6 Atividades Propostas
1.	 Qual é a função perceptiva que é responsável pela atualização constante do indivíduo com o
meio ambiente?
2.	 Importante psicólogo que enfatizou o fato das motivações humanas obedecerem a uma hie-
rarquia de necessidades e desejos. De qual psicólogo estamos nos referindo?
3.	 Henry Murray, na década de 1930, se ocupou com o motivo das realizações humanas e ob-
servou que as pessoas projetavam suas necessidades, medos, esperanças e conflitos nos per-
sonagens de suas figuras histórias. Ele comprovou que havia um tipo de realização básica, na
busca das pessoas; como a denominou?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de abordar uma importantíssima Abordagem da Psico-
logia, que é a Psicanálise: o inconsciente de Sigmund Freud e seus seguidores.Vamos iniciar a discussão?
8.1 O Surgimento da Psicanálise
A Psicanálise nasce com Sigmund Freud
(1856-1939), na Áustria, a partir da prática médi-
ca, recuperando para a Psicologia a importância
da afetividade e do inconsciente como objetos de
estudo, quebrando a tradição da Psicologia como
foco de uma ciência com ênfase na consciência e
razão. A contribuição dessa abordagem é compa-
rada a de Karl Marx, na importância da compreen-
são dos processos humanos, sociais e históricos,
com investigação aprofundada e sistematizada,
conforme tendências crescentes daquela época.
Para compreender a Psicanálise, é necessá-
rio entender o homem por detrás da vasta teoria
do inconsciente, o próprio Freud, o qual teve sua
formação inicial, em 1881, em Medicina na Univer-
sidade de Viena, onde a posteriori especializou-se
em Psiquiatria.Trabalhou em fisiologia e em neuro-
patologia no Instituto onde desenvolveu pesquisas
acadêmicas e clínicas, juntamente com outro mé-
dico, Breuer. Em seguida, já em Paris, com uma bol-
sa de estudos, trabalhou com outro psiquiatra re-
nomado, o francês Jean Charcot, e, conjuntamente,
desenvolveram um importante método de análise:
a hipnose para tratamento de histerias.
A sociedade da época era extremamente rí-
gida e preconceituosa; fazia com que as pessoas
reprimissem seus problemas e os somatizassem
em grande escala, com profunda dor. Freud perce-
beu que seus conhecimentos de Medicina não es-
tavam mais dando conta de analisar devidamente
o paciente humano e resolveu observar mais aten-
tamente as reações dos sintomas, catalogando-os
e classificando-os, de acordo com o que acompa-
nhava. Tanto a hipnose quanto o método de asso-
ciação livre, assim como a análise de sonhos, fazia
parte de sua metodologia de interpretação. Clini-
cou durante um vasto período e seus principais
clientes traziam queixas que não eram possíveis de
curar apenas com a medicina usual ou mesmo pela
compreensão do discurso prévio, o que fez com
que Freud tomasse novos rumos como médico.
Utilizou o método catártico desenvolvido por Josef
Breuer, isto é, um“tratamento que possibilita a libe-
ração de afetos e emoções ligadas a acontecimen-
tos traumáticos que não puderam ser expressos na
ocasião da vivência desagradável ou dolorosa, le-
vando à eliminação dos sintomas.” (BOCK, 1996, p.
72). Ao descobrir o inconsciente, instância psíquica
que abarca conteúdos reprimidos, uma vez dolo-
rosos e responsáveis pela origem de um sintoma,
Freud, substituindo o método catártico, denomina
de Psicanálise o método de investigação e de cura.
Isso porque considerava que o sintoma de um pa-
ciente era uma reação de defesa ao conteúdo de
dor reprimido, e se o indivíduo se apercebesse des-
se mecanismo, poderia ser curado, conforme pes-
quisas e acompanhamento de casos clínicos com
inúmeros pacientes. Assim, a interpretação é o mé-
todo psicanalítico utilizado para elucidar e buscar
compreender os sintomas manifestados pelos indi-
víduos e, numa esfera mais ampla, pela sociedade.
A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE, FREUD
E SEGUIDORES8
Márcia Lilla
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São os seguintes:
a)	 primeira Teoria do Aparelho Psíquico:
consciente – pré/consciente e incons-
ciente. Freud descobre pelo método de
investigação de seus pacientes que o
inconsciente era o depositário de com-
ponentes emocionais reprimidos, o que
causava sofrimento e que fazia acontecer
o surgimento de sintomas indesejáveis;
b)	 segunda e mais importante Teoria do
Aparelho Psíquico: id (inconsciente), ego
(mediador) e superego (sensor do apare-
lho psíquico). O equilíbrio e a cura do in-
divíduo dependeriam da capacidade do
indivíduo de tomar consciência de seu
inconsciente e a Psicanálise seria uma
forma de devolver a saúde psicológica e
emocional para o sujeito;
c)	 métodos de associações livres: análise
dos conteúdos trazidos para as sessões
de análises (semelhantes aos utilizados
em entrevistas a jornalistas; por exemplo,
o sujeito tem que associar palavras de
seu repertório às ditas pelo analista);
d)	 método catártico: o analista interpreta os
dados do paciente e explora conteúdos
trazidos de forma involuntária por meio
da hipnose e análise de sonhos;
e)	 descoberta da sexualidade infantil;
f)	 as pulsões de vida (Eros) e de morte (Ta-
natos) como manifestações dos proces-
sos inconscientes;
g)	 mecanismos de defesa do ego: introje-
ção (o indivíduo assimila conteúdos do
meio), projeção (o indivíduo coloca no
meio o seu repertório ou material re-
primido/dolorido), recalque (supressão
da realidade, formação reativa: o desejo
tomando nova direção como forma de
evitação), regressão (o indivíduo retor-
na a etapas anteriores de seu desenvol-
vimento como tentativa de evitação ao
obstáculo pressentido), racionalização
(intelectualizar ao invés de se dar conta
da(o) emoção/desejo reprimida(o), difi-
culdade), atos falhos (enganos compor-
tamentais e discurso involuntário como
escape do inconsciente, para trazer à
tona a realidade intrapsíquica);
h)	 a teoria da libido e a sua manifestação:
a energia vital/sexual surge de formas
diferenciadas, de acordo com as fases
evolutivas do indivíduo/desenvolvimen-
to psicossexual – fase oral (a zona de
erotização é a boca), fase anal (a zona de
erotização é o ânus), fase fálica (a zona
de erotização é o órgão sexual), fase de
latência (período de reflexões e de trans-
formações orgânicas e psíquicas) e fase
genital (a zona de erotização se dá nas
relações com o outro, a partir da adoles-
cência propriamente dita).
Freudocupou-seemanalisarexaustivamente
o indivíduo, com uma profundidade e intensidade,
o que deu origem a toda a sua vasta teoria, tida até
hoje como uma das mais completas e complexas
nas Psicologias adotadas até a atualidade. Vemos
que todos os psicólogos se preocupam em citá-lo.
Fundam suas novas teorias apropriando-se de vá-
rios conceitos desse importante mestre de referên-
cia, considerado o“pai”da Psicanálise.
Entre os conceitos desenvolvidos pela Psica-
nálise, embora alguns já tenham sido discutidos,
ressaltamos os seguintes mecanismos de defesa:
8.2 Principais Conceitos da Psicanálise
AtençãoAtenção
A questão da normalidade sempre será
relativa, pois dependerá do grau das pa-
tologias, em outras palavras, do como e
do quanto os mecanismos de defesas uti-
lizados por uma pessoa contribuem para
ou a afastam do desenvolvimento salutar,
adequado ao seu ciclo de vida e às suas
potencialidades. Claro que quanto mais a
pessoa puder ter consciência de suas de-
fesas, seus receios, mais saudável será a
sua vida e convivência.
Introdução à Psicologia Geral
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Introdução à Psicologia Geral

  • 2. É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Psicologia Geral, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre- sentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APRESENTAÇÃO
  • 3. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5 1 PEQUENA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: FASES E ESCOLAS........................................ 7 1.1 Definição de Psicologia..................................................................................................................................................7 1.2 O Senso Comum...............................................................................................................................................................7 1.3 As Áreas do Conhecimento..........................................................................................................................................8 1.4 Fases e Abordagens.........................................................................................................................................................8 1.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................10 1.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................10 2 NÍVEIS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO....................................................................11 2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia.......................................................................................11 2.2 Os Métodos da Psicologia Científica......................................................................................................................12 2.3 Técnicas Psicológicas....................................................................................................................................................13 2.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................14 2.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................14 3 FÓRMULA FUNDAMENTAL DO COMPORTAMENTO..................................................15 3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento...............................................................................................15 3.2 Classificação do Comportamento...........................................................................................................................15 3.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................16 3.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................16 4 O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER.......................................................................17 4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo..................................................................................................................17 4.2 O Experimento da“Caixa de Skinner”....................................................................................................................18 4.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................19 4.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................19 5 A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E INTELIGÊNCIA...............................................21 5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)........................................................................................................21 5.2 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................25 5.3 Atividades Propostas....................................................................................................................................................25 6 A PSICOLOGIA DA GESTALT..........................................................................................................27 6.1 Gestalt................................................................................................................................................................................27 6.2 Principais Conceitos da Gestalt................................................................................................................................28 6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt...............................................................................................................29 6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin...........................................................................................................................29 6.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................30 6.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................30 7 PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS)..........31 7.1 Definições de Percepção............................................................................................................................................31 SUMÁRIO
  • 4. 7.2 Funções da Percepção.................................................................................................................................................31 7.3 Compreendendo os Processos Motivacionais...................................................................................................32 7.4 Principais Teorias Motivacionais..............................................................................................................................32 7.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................33 7.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................33 8 A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE, FREUD E SEGUIDORES..................................35 8.1 O Surgimento da Psicanálise.....................................................................................................................................35 8.2 Principais Conceitos da Psicanálise........................................................................................................................36 8.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................38 8.4 Atividades Proposta......................................................................................................................................................38 9 A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE VYGOTSKY........................................................39 9.1 O Surgimento da Abordagem com Vygotsky.....................................................................................................39 9.2 Principais Conceitos......................................................................................................................................................39 9.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................40 9.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................40 10 A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E OS TIPOS DE AGRUPAMENTOS HUMANOS..............................................................................................................................................41 10.1 Tipos de Grupos...........................................................................................................................................................41 10.2 Como Evoluem os Grupos de Trabalho..............................................................................................................41 10.3 Psicologia Institucional e Processo Grupal........................................................................................................42 10.4 O Processo de Institucionalização........................................................................................................................42 10.5 Instituições, Organizações e Grupos...................................................................................................................43 10.6 A Importância do Estudo dos Grupos na Psicologia.....................................................................................43 10.7 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................44 10.8 Atividades Propostas.................................................................................................................................................44 11 FEEDBACKS & ASSERTIVIDADE................................................................................................45 11.1 Dar e Receber Feedbacks..........................................................................................................................................45 11.2 A Importância de Carl Rogers.................................................................................................................................45 11.3 Assertividade................................................................................................................................................................46 11.4 A Consciência da Agressividade Gera o Comportamento Assertivo......................................................47 11.5 Concepções Atuais e Científicas sobre Níveis de Consciência das Emoções Positivas....................48 11.6 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................48 11.7 Atividades Propostas.................................................................................................................................................48 12 DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS E PREVENÇÕES POSSÍVEIS........................49 12.1 A Normalidade Existe?..............................................................................................................................................49 12.2 Os Agravos Mentais/Transtornos das Personalidades..................................................................................49 12.3 Os Transtornos Mentais Relacionados aos Trabalho......................................................................................50 12.4 Os Transtornos Modernos........................................................................................................................................50 12.5 Promovendo a Cura e Aceitando os Limites.....................................................................................................50 13 AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS......................................................................................53 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................61 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS......................................63 REFERÊNCIAS..............................................................................................................................................65
  • 5. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), A disciplina de Psicologia é de fundamental importância para o futuro profissional das Ciências Humanas e Sociais, uma vez que fornece informações importantes sobre as características do humano, levando à compreensão ampla, profunda e dinâmica dos aspectos tanto individuais quanto inter-rela- cionais do homem. Estudando Psicologia Geral, é possível vislumbrar um caminho bem-humorado às nossas características humanas e tornar mais apreensíveis e compreensíveis muitos dos nossos estranha- mentos cotidianos, no mundo das relações pessoais, sociais, entre outras. Nesta apostila, a presente disciplina será abordada de forma ordenada e gradual, a partir do que será facilitada a absorção dos principais conceitos e conteúdos necessários à boa formação acadêmica e futura aplicação prática, nos vários contextos do mundo profissional. Assim, a apostila está didaticamen- te elaborada e dividida em capítulos, para que possa ser possível a sua inserção aos conhecimentos es- pecíficos, passo a passo, tornando viável a construção paulatina do seu aprendizado em Psicologia Geral. O objetivo maior é que o aprendizado da Psicologia possa ser articulado às demais ciências do universo social, uma vez que é necessária a promoção de um conhecimento amplo e integrado às diver- sidades culturais, além de individuais. Durante os estudos, você irá verificar que é bem interessante desvendar os caminhos da ampliação da consciência, que necessariamente percorrem, ao mesmo tempo, as estradas e as encruzilhadas dos conhecimentos que vamos adquirindo, ao ler a apostila, ao integrar as teorias com as práticas de seus au- tores, podendo construir pontes comunicacionais com as coisas que todos nós, de formas diferenciadas, vivemos. A jornada científica das Psicologias aqui apresentadas, de forma ainda que compacta e didática, já é uma viagem maravilhosa para as mentes mais abertas ao aprendizado contínuo, assim como um contí- nuo convite ao redespertar humano, pois somente dessa forma haverá a boa transformação e reconstru- ção que intencionamos encontrar. Como autora, educadora e psicóloga, acredito no bom uso dos seus melhores sentidos, reunidos. Aproveite bem o material aqui elaborado, programado como um“equipamento”de sobrevivência e aperfeiçoamento para você. As referências indicadas no final da apostila servirão de boa base para aprofundamentos e recortes, de acordo com o seu interesse e disponibilidade. Desejo-lhe um excelente aprendizado; e seja muito bem-vindo(a) às pontes que o conduzirão às melhores integrações. Atenciosamente, Profa. Márcia Lilla
  • 6. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos da História da Psicologia, suas fases e escolas. Vamos iniciar a discussão? 1.1 Definição de Psicologia O termo foi criado em 1550, por Melanchton, enquanto lecionava na Universidade de Witten- berg, na Alemanha, sendo que psique, proveniente do grego, significa alma e logos, proveniente do la- tim, significa estudo. 1.2 O Senso Comum No nosso cotidiano, muitas vezes, vivencia- mos a ocorrência de um manancial de crenças bem populares, algumas receitas psicológicas de gente que não frequenta o meio acadêmico, científico, mas que consegue se aproximar de algumas ver- dades, em variados meios, lançando mão de “pal- pites”, quase todos para “ajudar os outros”, ao que chamam de“melhores das intenções.” Será mesmo que possuímos um mix de lou- cura e de magia, de médicos e de insanos? Qual é a verdade, se é que há apenas uma verdade em tudo o que ouvimos, vemos, sentimos, percebemos, pal- pitamos, entre outras experiências dos viveres exis- tenciais? De certo modo, podemos constatar certo domínio popular em questões usuais, nas quais o acúmulo de experiências passadas soma apren- dizado e é passado de geração a geração. Essa é a “psicologia do senso comum”, mas que fique, a partir dos estudos mais intensos e interessados das Psicologias, bastante esclarecido que se trata apenas de uma sabedoria popular, cultural, bem diferente do que verão na cientificidade da Psico- logia – o que a pequena história dessa importante ciência desvendará. O conhecimento espontâneo da realidade (uma visão de mundo) é bastante diferente da complexidade inerente e consistente da Psicolo- gia Científica. O estudante necessitará munir-se de amplos conhecimentos psicológicos para po- der discernir e não mais cometer o erro do leigo, mesmo que este seja revelador, como muitas vezes pode mesmo ser (sabedorias populares). Todo senso comum é simplista, reducionista e jamais revelador de vicissitudes reais, nos cam- pos das subjetividades e objetividades, as quais são necessariamente focadas pela Psicologia Cien- tífica, considerando-se múltiplos fatores (determi- nantes e/ou não). Nem mesmo o avanço científico é capaz de esgotar as possibilidades e encontrar compreensão precisa para todos os limites, ainda existentes no mundo moderno. Por um lado, existe o conhecimento que se aprofunda e se desdobra, mas por outro, um abismo, um grande mistério. Eis o desafio, no limite tênue dessa navalha, em que somente a humildade do aprendiz, no bom cuida- do do conhecimento contínuo, pode e deve culti- var. PEQUENA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: FASES E ESCOLAS1
  • 7. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 O senso comum deixou o legado de um co- nhecimento intuitivo que, sem dúvida, não dava mais conta do desenvolvimento humano, de sua compreensão. O mundo foi ficando mais e mais complexo, e o homem teve que ocupar diversos espaços; assim sendo, o conhecimento de técni- cas mais precisas passou a fazer parte das preocu- pações. Era necessário dominar a natureza e tirar desta o melhor dos proveitos. A matemática dos gregos, próxima do século IV a.C., foi primordial para questões agrícolas e urgentes da época (pro- jetos navais e arquitetônicos). E, com o passar dos tempos, a especialização foi buscada até um nível elevado de complexidade, o que, por exemplo, fez o homem chegar à Lua. Para interpretar a realidade, o homem, então, foi fazendo composições, parcerias de conheci- mentos (senso comum somado às ciências), com- preendendo melhor a sua realidade e a de seus semelhantes. As especulações sobre a origem do significado da existência humana sempre ocupa- ram o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os mistérios, os princípios morais e todos os pen- samentos sobre a origem do próprio homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro sagrado dos hindus – livro dos Vedas); a sen- sibilidade humana representada desde as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em técni- cas, metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos (ciências); enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas para a Psico- logia, ou melhor dizendo, para as Psicologias. Quão mais vasta em evolução uma área do conhecimen- to, mais aproximada às necessidades do homem, por meio dos tempos e de todos os espaços. 1.3 As Áreas do Conhecimento AtençãoAtenção As especulações sobre a origem do significado da existência humana sempre ocuparam o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os mistérios, os princípiosmoraisetodosospensamentos sobre a origem do próprio homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro sagrado dos hindus – livro dos Vedas); a sensibilidade humana representada desde as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em técnicas, metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos (ciências), enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas para a Psicologia, ou melhor dizendo, para as Psicologias. 1.4 Fases e Abordagens ƒƒ Fase Grega: surgiu com os gregos a Psi- cologia, no período anterior à era cristã, tendo sido uma ramificação das filoso- fias, artes e crenças humanas atreladas ao misticismo da época. Os principais filósofos que a influenciaram foram: Só- crates, Platão e Aristóteles, nos períodos de 469 a 322 a.C. Com Sócrates, a Psicolo- gia ganha consistência, uma vez que sua principal preocupação era com o limite que separava o homem dos animais, tra- zendo a característica humana da razão, que lhe permitia pensar e sobrepujar-se aos instintos (bases mais irracionais). Com Platão, discípulo de Sócrates, a Psicologia cedeu lugar à razão, sendo o próprio cor- po, mais precisamente a cabeça, o centro de localização para a alma humana, no qualamedulafariaaligaçãocorpo-mente (elementos importantes, pois Platão con- cebia uma separação entre corpo e men-
  • 8. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 te e acreditava na imortalidade da alma). Já com Aristóteles, a Psicologia ganhou o seu primeiro tratado, no qual tivemos os primeiros estudos profundos das diferen- ças entre a razão, percepção e sensações (Daanima). Esse pensador acreditava que a alma e o corpo não podiam ser disso- ciados, o que trouxe uma forte evolução para a compreensão dos fatores huma- nos para a Psicologia da época; ƒƒ Fase Romana: no período datado entre 430 a 1274, a Psicologia sofreu a influên- cia direta dos padres e filósofos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. O primeiro foi inspirado em Platão, trazen- do a concepção de uma alma pensante, com razão e com manifestação divina (li- gação do elemento humano com Deus), sendo a alma também a sede do pensa- mento, havendo a preocupação da Igre- ja em compreendê-la. Já com São Tomás de Aquino, devido ao período de ruptura da Igreja com as Revoluções Francesa e Industrial, houve a preocupação pela dis- tinção entre essência e existência, sendo que somente Deus poderia assegurar a perfeição ao homem e não o avanço das liberdades e do desenvolvimento huma- no (a intenção era a de garantir à Igreja o monopólio do estudo do psiquismo); ƒƒ Fase do Renascimento: “pouco mais de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, tem início uma época de trans- formações radicais no mundo europeu.” (BOCK, 1996, p. 35). O Renascimento e todo o mercantilismo levam às novas descobertas que propiciam ao homem o acúmulo de riquezas e acabam por acirrar novos valores (bens capitais e organiza- ções mais econômicas e sociais). As trans- formações ocorrem em todos os setores e dá-se a valorização do homem e de seus inúmeros processos. O conhecimento tornou-se independente da fé e surgem sociedades mais complexas e a necessi- dade de metodologias, técnicas capazes de assegurar com maior e melhorada precisão as complexidades humanas. Em outras palavras, o conhecimento trouxe a necessidade de uma remodelagem nos padrões vigentes até então. Como exem- plo: Galileu (1610), com o estudo da que- da dos corpos (primeiras experiências da Física moderna); Maquiavel (1513), com a clássica obra política“O príncipe”; e René Descartes (1596-1659), renomado filóso- fo que postulou a separação entre a men- te e o corpo, deixando o famoso dualis- mo cartesiano de herança cultural, o que, sem dúvida, configurou um significativo avanço para a Psicologia, como ciência, pois, assim, o corpo humano morto, sepa- rado da alma, poderia, então, ser melhor observado e pesquisado; ƒƒ Fase Científica: o século XIX trouxe o avanço de inúmeras ciências, sendo que a Psicologia, então, para acompanhar seus estudos sobre o homem, teve também de se tornar objetiva, a fim de mensurá- -lo, classificá-lo e analisá-lo, prestando melhor suas contribuições de compreen- são da espécie humana e social. Com a divisão do trabalho, adventos das revo- luções francesa e industrial, a Psicologia ganha espaço cada vez maior, ao ficar pu- ramente libertada das filosofias, soman- do sistematizações nos procedimentos e padronizando os ajustamentos necessá- rios para a sociedade capitalista, passan- do a ser respeitada e utilizada por todos os setores da sociedade humana. Wundt trouxe a concepção de uma Psicologia apartada da alma, na qual o conhecimen- to científico poderia ser obtido a partir de medição e observação em laborató- rio, fator de extrema importância para o avanço dos estudos da mente e compor- tamentos humanos. Saiba maisSaiba mais A fase grega agregou inúmeros conhe- cimentos à humanidade e de forma extremamente democrática; por isso, historicamente, houve um movimen- to posterior de repressão por parte das conjecturas dominantes, conforme ve- remos a seguir.
  • 9. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 A Psicologia como ciência vai se configuran- do em diferentes concepções, com as seguintes abordagens: ƒƒ ofuncionalismo,deWilliamJames(1842- 1910): corrente americana para a qual im- porta responder “o que fazem e por que fazem os homens”, na qual a consciência surge como centro das preocupações e da compreensão dos funcionamentos, de acordo com as necessidades humanas de adaptação ao meio ambiente (pragmatis- mo americano a serviço do desenvolvi- mento econômico da época); ƒƒ o estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927): tal qual o funcionalismo, ocupou-se com a compreensão da cons- ciência,porémcomenfoqueaosaspectos mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais do sistema nervoso central, utilizando o método introspectivo para a observação experiencial em laboratório; ƒƒ o associacionismo, de Edward L. Thorn- dike (1874-1949): basicamente formulou a primeira abordagem da aprendizagem para a Psicologia, na qual o processo se daria das associações entre ideias simples até as mais complexas entre os conteú- dos. Thorndike formulou uma lei com- portamentalista em que a repetição do comportamento humano e animal dar- -se-ia até o ponto do efeito (recompensa; exemplo: elogio para o bom feito infantil), o que permitia a observação da apren- dizagem bem-sucedida; ou o contrário, como um efeito ativador da suspensão do comportamento (o castigo; exemplo: o olhar severo do pai em resposta ao ato inadequado da criança). Essa lei ficou co- nhecida como:“Lei do Efeito”. Todas essas abordagens anteriormente des- critas vão dar estruturação e embasamento cientí- fico preciosos para o que viria a ser as Psicologias mais contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psi- canálise, abordagens que veremos com maior des- taque no transcorrer da disciplina, portanto, nesta apostila). 1.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as primeiras e essenciais fases históricas que foram ori- ginando os primeiros estudos psicológicos; vimos cada fase, com suas diferentes facetas, compondo a trajetória da Psicologia Científica e, principalmente, posicionando-a como o principal objetivo de estudo desta disciplina. 1.6 Atividades Propostas 1. Trata-se de um conhecimento popular, simplista, reducionista e jamais revelador de vicissitu- des reais, nos campos das subjetividades e objetividades, as quais são necessariamente foca- das pela Psicologia Científica. De qual tipo de conhecimento estamos tratando? 2. Qual o nome do cientista que trouxe a concepção de uma Psicologia apartada da alma, na qual o conhecimento científico poderia ser obtido a partir de medição e observação em labo- ratório, fator de extrema importância para o avanço dos estudos da mente e comportamentos humanos? 3. Corrente americana para a qual importa responder“o que fazem e por que fazem os homens”, na qual a consciência surge como centro das preocupações e da compreensão dos funciona- mentos, de acordo com as necessidades humanas de adaptação ao meio ambiente (pragma- tismo americano a serviço do desenvolvimento econômico da época).
  • 10. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos de explicar os métodos e as técnicas psicológicas, para que você possa compreender a Psicologia como uma ciência de atitudes científicas. Vamos iniciar a discussão? A Psicologia estuda o comportamento, os processos mentais, a experiência humana e, de um modo especial, a personalidade. Com técnicas me- tódicas próprias, a Psicologia procura não só des- cobrir novos fatos, nessas áreas, mas tenta também medi-los. A ciência é um instrumento de conhecimen- to, de controle e de medida dos fatos. É, a um tem- po, conhecimento e poder, por dar a explicação adequada e permitir tanto previsão quanto contro- le. Pelo fato de se poder aplicar, na prática, muitos de seus conhecimentos, confere poder a quem os aplica. O método científico é algo simples, mas não é uma atividade que se apresenta espontaneamen- te. Para ser utilizado, é preciso que a pessoa esteja predisposta ou treinada. Por exemplo, as experiên- cias de Galileu estudando a queda dos corpos (que está na origem da Física tradicional) poderiam ter sido feitas no Egito Antigo, nas Muralhas de Creta ou em qualquer período da Grécia ou de Roma. O espírito da época, contudo, não predispunha as pessoas para essa atividade mais rigorosa do saber. O método científico pode ser empregado para a descoberta tanto de grandes quanto de simples fatos da vida ou da ciência. A maneira mais eficiente de se chegar às causas de um fenômeno é utilizar o método científico. São os seguintes os passos desse método: ƒƒ identificação do problema (observação do fenômeno a pesquisar); ƒƒ antecedentes históricos; ƒƒ formulação de uma hipótese que expli- que o fenômeno. Esta serve para orien- tar o trabalho da pesquisa e é, ao mesmo tempo, uma garantia de objetividade. Toda experimentação tem como objeti- vo ver como a hipótese se manifesta; ƒƒ experimentação da hipótese; ƒƒ comprovação da hipótese; ƒƒ comunicação dos resultados para conhe- cimento do mundo científico; ƒƒ análise estatística; ƒƒ conclusões; ƒƒ sugestões para nova pesquisa; ƒƒ crítica. AtençãoAtenção O psicólogo Claparède imaginou um método que chamou de reflexão falada: deu um problema a um jovem e pediu a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo, descrevendo em voz alta o seu pensamento. 2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia NÍVEIS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO2
  • 11. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em criar teorias que viabilizem níveis comprovada- mente válidos, para garantir rigor aos aspectos e variáveis analisados, conforme dita o método cien- tífico. Assim, podemos pensar em formas de análi- se do comportamento humano. 2.2 Os Métodos da Psicologia Científica Os autores costumam dividir os métodos usados pelos psicólogos em três grandes grupos: ƒƒ introspecção ou método de observação interna; ƒƒ extrospecção ou método de observação externa; ƒƒ experimentação. Aintrospecçãoéummétodosubjetivodeob- servação interior. A pessoa observa suas próprias experiências e as relata (a pessoa relata suas emo- ções, percepções, interesses, recordações etc.). Um exemplo: aumentamos nosso conhecimento da mente humana lendo diários íntimos, autobiogra- fias ou memórias. Imaginamos que as pessoas fo- ram sinceras ao descrever seus sentimentos, emo- ções, recordações etc., mas não o podemos provar. Para estudar certos traços de personalidade, os psi- cólogos têm pedido às pessoas que respondam a um questionário. Para esse fim, os indivíduos terão que observar seu íntimo e dar suas respostas – as quais irão revelar aos psicólogos seus interesses, emoções, preferências etc. Para estudar o raciocínio, o psicólogo Cla- parèdeimaginouummétodoquechamouderefle- xão falada: deu um problema a um jovem e pediu a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo, descrevendo em voz alta o seu pensamento. Embora seja impossível verificar se as pes- soas foram corretas ao relatarem seus fenômenos íntimos, a introspecção tem sido usada para co- lher informações que não possam ser obtidas de nenhuma outra maneira. Porém, a introspecção não pode ser empregada no estudo de animais, de crianças muito novas, de débeis mentais etc. Já a extrospecção é um método objetivo de observação externa. O psicólogo procura conhecer as reações externas dos organismos. Ao observar, por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionô- micas, suas realizações etc. Sempre que possível, os psicólogos dão pre- ferência à extrospecção e procuram torná-la mais exata, usando aparelhos para melhor documentar suas observações: máquinas fotográficas e de fil- mar, cronômetros, gravadores de som etc. A experimentação consiste em um observa- dor controlando a situação e verificando os dife- rentes níveis de reações do sujeito. Saiba maisSaiba mais Em processos seletivos, no caso particu- lar das Dinâmicas Grupais, os psicólogos utilizam-se, bem mais, da metodologia da experimentação.
  • 12. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 As técnicas psicológicas mais utilizadas são: ƒƒ animais em laboratório: a observação de animais em situações controladas fa- cilita a compreensão do comportamento das aprendizagens. Os animais mais uti- lizados são: cães, ratos, pombos, gatos e macacos; ƒƒ técnica da medida do tempo de rea- ção: esse tempo é medido em frações de segundo, por cronômetros. Esse tempo varia de pessoa para pessoa e é de gran- de importância para provas de aptidão para determinadas profissões como: mo- toristas, profissionais de mídia, aviação, entre outros; ƒƒ técnica das associações determinadas: essa técnica foi introduzida pelo psicólo- go suíço Carl Gustav Jung. Consiste em ler para o paciente, uma a uma, as pala- vras de uma lista, pedindo-lhe que a cada palavra ouvida diga tudo que lhe venha à mente, mesmo que lhe pareça estranho e absurdo. Essa técnica possibilita traçar um tipo psicológico do paciente; ƒƒ técnica da associação livre: utilizada por Sigmund Freud, que foi o fundador da Psicanálise. O psicanalista sugere um assunto e deixa que o pensamento flua, na livre associação de ideias que o pa- ciente faz, de acordo com o seu histórico pessoal; ƒƒ técnica de grupos de controle: essa técnica consiste na comparação de dois ou mais grupos semelhantes, tratados de modo igual, em todos os aspectos da ati- vidade, com exceção de um – o aspecto que está sendo estudado. Imagine que todas as crianças de uma creche passa- ram por uma experiência de ataque de cachorros e desenvolveram medo. Essa técnica poderia ser aplicada de modo a controlar esse medo, apresentando um filme no qual aparecessem crianças aca- riciando cachorros dóceis e, assim, fazen- do paulatinamente diminuir o medo de cachorros; ƒƒ técnica de comparação de gêmeos: consiste em comparar dois gêmeos idên- ticos ou univitelinos. Essa técnica tem sido muito empregada para prever a in- fluência da hereditariedade e do ambien- te no desenvolvimento da inteligência e da personalidade, de modo geral; ƒƒ técnicas projetivas: são atividades pro- postas pelos psicólogos nas quais as pes- soas são convidadas a expressarem seus íntimos. a) Hermann Rorschach elaborou um teste de borrões, com dez cartões, revelando traços significativos da personalidade, como nível de inteli- gência, extroversão ou introversão, conflitos emocionais etc.; b) Henry D. Murray criou o TAT, conhe- cido como teste de apercepção te- mática, em que existem 20 quadros que remontam a contos, nos quais a criança pode elaborar a sua própria história, baseada em fatores de sua psicodinâmica pessoal e familiar; c) análise do brinquedo: Melanie Klein encontrou muita dificuldade para estudar a causa dos problemas emo- cionais apresentados pelas crianças e resolveu observar o modo como as crianças brincavam, por meio de brinquedos, baseando-se na com- preensão de seus vocabulários ao expressarem o que vinha pelas mentes e formas de construções de brincadeiras, assim como no tipo de brinquedos escolhidos, mais comu- mente; a ludoterapia passou a ser 2.3 Técnicas Psicológicas
  • 13. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 uma forma terapêutica para auxiliar a cura da criança pelo brinquedo; d) análise do desenho: o desenho da figura humana, da casa e da árvo- re, são os mais utilizados, revelando interesses, autoimagem, conflitos emocionais, nível intelectual, entre outros fatores, muito utilizados em empresas; e) testes psicológicos: de inteligência, de conhecimentos gerais e/ou espe- cíficos, nos quais se observa o tipo de resposta dada e o desempenho, me- dindo aptidões dos indivíduos (mui- to utilizados em seleção de pessoal). Em Psicologia Clínica, estuda-se o compor- tamento de uma única pessoa, visando ajudá-la em seu ajustamento. É feito um estudo do caso, procurando compreender as principais forças e influências que orientaram o desenvolvimento dessa pessoa. Esse estudo consiste em várias fases, entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa; as condições sociais em que ela vive; aplicar testes de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de maturidade emocional, de sociabilidade, de traços de personalidade; e fazer seu levantamento bio- gráfico. Após esse estudo, surge o diagnóstico do problema dessa pessoa, é recomendada uma tera- pêutica e o caso é“acompanhado”por um supervi- sor, por algum tempo. A observação de casos par- ticulares permite descobrir algumas características comuns a muitas pessoas. 2.4 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as três metodologias aplicadas em Psicologia Científica; as técnicas mais utilizadas para o conhecimento do humano, cada uma delas, focando aspectos peculia- res e tornando possível o levantamento de um vasto número de informações sobre a pessoa, animal ou grupo analisado. 2.5 Atividades Propostas 1. Trata-se de um método subjetivo de observação interior. A pessoa observa suas próprias ex- periências e as relata (a pessoa relata suas emoções, percepções, interesses, recordações etc.). De qual método estamos tratando? 2. São atividades propostas pelos psicólogos nas quais as pessoas são convidadas a expressarem seus íntimos. 3. Trata-se de uma forma terapêutica, criada por Melanie Klein, para auxiliar a cura da criança pelo brinquedo.
  • 14. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de compreender o estudo da Fórmula Fundamen- tal do Comportamento. Vamos iniciar a discussão? O comportamento tem sido definido como sendo o conjunto das reações ou respostas que um organismo apresenta às estimulações do ambien- te.Todo o organismo está continuamente receben- do estimulações do ambiente e reagindo a elas. Por isso é que os cientistas afirmam que o organismo vive em um constante processo de interação com seu ambiente. As relações que mantemos com o mundo que nos rodeia são de dar e receber. Rece- bemos inúmeras estimulações e damos respostas a elas. Para simbolizar a dependência entre reação e estimulação, muitas vezes tem sido empregado esse pequeno esquema, no qual E significa estímu- lo ou conjunto de estímulos (situação) e R significa reação ou resposta. Os estudiosos do comporta- mento preferem empregar o verbo‘eliciar’no lugar de‘provocar’ou‘causar’. Por exemplo: o sumo da cebola elicia a secre- ção de lágrimas, pelas glândulas lacrimais. Estímulo é qualquer modificação do ambien- te que provoque a atividade do organismo. Assim, a luz é um estímulo aos olhos, o som, aos ouvidos. Reação ou resposta é qualquer alteração do organismo (movimentos musculares ou secreções glandulares), eliciada por um estímulo. AtençãoAtenção Para simbolizar a dependência entre reação e estimulação, muitas vezes tem sido empregado esse pequeno esquema, no qual E significa estímulo ou conjunto de estímulos (situação) e R significa reação ou resposta. Os estudiosos do comportamento preferem empregar o verbo eliciar no lugar de provocar ou causar. 3.2 Classificação do Comportamento ƒƒ Comportamento inato: também co- nhecido como comportamento natural. Há reações que todos os seres da mesma espécie apresentam todas as vezes que recebem determinada estimulação, sen- do invariáveis. Um exemplo: nossas pupi- las se contraem sempre que aumenta a intensidade da luz no ambiente em que estamos e se dilatam quando a lumino- sidade diminui (reflexo pupilar). Outro exemplo: nossas pálpebras se cerram fortemente sempre que um objeto se aproxima bruscamente de nossos olhos e sempre que ouvimos um som muito FÓRMULA FUNDAMENTAL DO COMPORTAMENTO3 3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento
  • 15. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 alto (reflexo palpebral). Essas reações não precisam ser aprendidas. Todos os seres humanos, em estado normal, as apresentam. São chamadas reações ina- tas e, também, reações não variáveis; ƒƒ Comportamento adquirido ou apren- dido: é um comportamento variável. Há reações que alguns seres apresentam e outros, embora da mesma espécie, não apresentam ao receberem determinada estimulação. São reações que necessi- tam de aprendizagem para se processa- rem, quando o organismo recebe a es- timulação. Um exemplo: o gato de uma determinada casa entra na cozinha todas as manhãs ao ouvir o ruído da porta da geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse mesmo som, não reagem desse modo. Outro exemplo: o cão de uma certa fa- mília aproxima-se prontamente, ao ouvir alguém dizer“Totó”. Outros cães, ao ouvi- rem esse mesmo som, não reagem desse modo. Essas reações foram aprendidas. Constituem o comportamento variável ou adquirido, portanto, aprendido. O estudo do desenvolvimento do comporta- mento durante o decorrer de nossa vida tem sido realizado pela Psicologia genética ou evolutiva. Observou-se que, no início de nossa vida, apresen- tamos aos estímulos reações que, em sua maioria, são inatas. À medida que amadurecemos, vai au- mentando o número de nossas reações adquiridas ou aprendidas. A Psicologia comparativa realiza o estudo do comportamento animal, comparando-o com o comportamento humano. Ela tem demonstrado que, nos animais inferiores, predominam as rea- ções inatas, invariáveis, ao passo que, no ser hu- mano, predomina o comportamento variável ou aprendido. 3.3 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Fórmula Fundamental do Comportamento, no qual vimos que E = estímulo e R = resposta; sendo que existem os comportamentos inatos e os comporta- mentos adquiridos ou aprendidos; sendo que esses últimos estão estreitamente ligados à quantidade e qualidade das estimulações do meio ambiente. 3.4 Atividades Propostas 1. Qual é a definição de comportamento? 2. Qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do organismo é chamada de... 3. Trata-se de um comportamento variável, com reações que necessitam de aprendizagem para se processarem, quando o organismo recebe a estimulação. De qual comportamento estamos tratando?
  • 16. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos da Abordagem do Behaviorismo de Watson e de Skinner. Vamos iniciar a discussão? O Behaviorismo nasce com Watson e tem um desenvolvimento grande nos Estados Unidos, em função de suas aplicações práticas. Tornou-se importante por ter definido o fato psicológico, de modo concreto, a partir da noção do comporta- mento (behavior, do inglês). Essa abordagem surge com John B. Watson, em 1913, e basicamente traz a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta, com a fórmula comportamental básica: E – R (sen- do que E = estímulo e R = resposta do indivíduo). Essa abordagem traz para a Psicologia da época a serventia da quantificação (mensuração) do com- portamento humano, já que o capitalismo institui a necessidade de um parâmetro mais prático para a análise humana e suas relações com o trabalho. Os primeiros experimentos foram feitos com ra- tos brancos em laboratórios, assim como outros animais, tais como: pombos e sapos, por questões éticas e determinantes das ciências biológicas e humanas. Temos com B. F. Skinner um importante ex- perimento com ratos, o que possibilitou o avanço da compreensão dos condicionamentos e apren- dizagens humanas. Para os behavioristas, todos os comportamentos podem ser controláveis e contro- lados, uma vez que reconhecem como sendo pas- sível de observação o que emite uma resposta con- creta, visível e mensurável no meio ambiente onde está atrelado o indivíduo. O Behaviorismo é muito utilizado em empresas, escolas, organizações de diferentes segmentos, por ser eficaz na especifica- ção das características humanas. AtençãoAtenção Para os behavioristas, todos os comportamentospodemsercontroláveis e controlados, uma vez que reconhecem como sendo passível de observação o que emite uma resposta concreta, visível e mensurável no meio ambiente onde está atrelado o indivíduo. ƒƒ Comportamento reflexo ou respon- dente: são todos os comportamentos/ respostas do organismo vivo/indivíduo que não dependem diretamente dos fatores de aprendizagens (piscar o olho mediante a incidência da luz e afastar a mão do calor do fogo, por exemplo); ƒƒ Comportamento instrumental ou ope- rante: diferentemente dos comporta- mentos reflexos/respondentes, estes de- pendem da habilidade de aprendizagem e apenas ocorrem mediante condiciona- mentos. Esses condicionamentos podem ser primários, secundários ou terciários, sendo os primeiros ligados às necessi- dades de primeira ordem (básicas) e os outros associados a elas. Ou seja, para os behavioristas, toda a aprendizagem está O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER4 4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo
  • 17. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 diretamente vinculada às habilidades vo- luntárias de um organismo responder às suas urgências, mediante os estímulos provenientes do meio ambiente, tornan- do assim o esquema E – R condicionável, controlável (exemplo: ao pressionar uma barra, o rato observa a ocorrência do surgimento da água, e isso apenas acon- tece após inúmeras tentativas de obter sucesso – recompensa). Assim, para os comportamentalistas, o comportamento e a aprendizagem estão diretamente vin- culados aos sucessivos erros, até que se possa alcançar o acerto; ƒƒ Teoria dos reforçamentos: podem ser positivos ou negativos, dependendo dos objetivos do meio ou do indivíduo. No caso do reforço positivo, o indivíduo ao ser premiado aprende que para obter satisfação de sua necessidade ou dese- jo, terá de repetir o mesmo mecanismo da experiência passada, aprendida; já no reforço negativo é o inverso, ele é deses- timulado a repetir o padrão aprendido, pois não encontra no meio ambiente o atributo que atende à sua necessidade/ desejo, sendo esse fator fundamental para que interrompa o padrão e apren- da a extinguir o comportamento inde- sejado (para os behavioristas, o simples fato de não se reforçar positivamente um comportamento já é suficiente para remover uma resposta de um indivíduo/ organismo). 4.2 O Experimento da“Caixa de Skinner” Vamos relembrar um conhecido experimen- to feito com ratos em laboratório. Vale informar que animais como ratos, pombos e macacos – para citar alguns – foram utilizados pelos analistas ex- perimentais do comportamento (inclusive Skinner) para verificar como as variações no ambiente inter- feriam nos comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que cha- maram de leis comportamentais. Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta algum comporta- mento que lhe permita satisfazer a sua ne- cessidade orgânica. Esse comportamento foi aprendido por ele e se mantém pelo efeito proporcionado: saciar a sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado de água durante 24 horas, ele certamente apresen- tará o comportamento de beber água no momento em que tiver sede. Sabendo dis- so, os pesquisadores da época decidiram simular esta situação em laboratório sob condições especiais de controle, o que os levou à formulação de uma lei comporta- mental. Um ratinho foi colocado na ‘caixa de Skinner’ – um recipiente fechado no qual encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, aciona- va um mecanismo (camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à caixa por meio de uma pequena haste. Durante a exploração da caixa, o ra- tinho pressionou a barra acidentalmente, o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede, fora rapidamente consumida. E, por ter obtido água ao encostar na barra quando sentia sede, constatou-se a alta probabilidade de que, estando em situação semelhante, o ratinho a pressionasse novamente. (BOCK, 1996, p. 48-49). Saiba maisSaiba mais Quando um bebê começa a conseguir se sustentar por suas próprias perninhas e a mãe vai, paulatinamente, encora- jando-o a dar passinhos para frente, ao mesmo tempo em que oferece suas mãos, para suportá-lo, caso ele se de- sequilibre, é um exemplo de comporta- mento instrumental ou operante.
  • 18. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Skinner denominou esse comportamento de operante, em que o que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela, seus resultados, ou seja, a satisfação de uma necessidade, sendo que a apren- dizagem fica atrelada nessa relação entre ação e efeito. Em suma, os behavioristas contribuíram enormemente para a sistematização dos compor- tamentos aprendidos, desde esses estudos feitos em laboratórios, deixando claras as questões dos condicionamentos para as aprendizagens huma- nas, em diversas áreas do conhecimento e aplica- ções (escolas, indústrias, serviços em gerais, entre outras tantas atividades ocupacionais do mercado de trabalho). 4.3 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno, neste capítulo estudamos a Abordagem ou Escola Behaviorista deWatson e de Skin- ner, onde você tomou conhecimento do importante experimento feito com ratos, de Skinner, o qual serviu de base para explicar muitas das aprendizagens condicionáveis do humano. Vimos a diferença do comportamento reflexo ou respondente para o comportamento instrumental ou operante; assim como a importância do reforço positivo, para garantir a manutenção do comportamento desejável, na apren- dizagem. 4.4 Atividades Propostas 1. Qual o nome da abordagem que surgiu com John B. Watson, em 1913, e basicamente trouxe a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta, com a fórmula comportamental básica: E – R (sendo que E = estímulo e R = resposta do indivíduo)? 2. O que vem a ser o Comportamento reflexo ou respondente? 3. São comportamentos que dependem da habilidade de aprendizagem e apenas ocorrem me- diante condicionamentos. Esses condicionamentos podem ser primários, secundários ou ter- ciários, sendo os primeiros ligados às necessidades de primeira ordem (básicas) e os outros associados a elas. De qual tipo de comportamento estamos tratando?
  • 19. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos da Psicologia da Aprendizagem e das Inteligências. Vamos iniciar a discussão? AtençãoAtenção Quando um bebê começa a conseguir se sustentar por suas próprias perninhas e a mãe vai, paulatinamente, encorajando-o a dar passinhos para frente, ao mesmo tempo em que oferece suas mãos, para suportá-lo, caso ele se desequilibre, é um exemplo de comportamento instrumental ou operante. O processo das aprendizagens Todas as correntes filosóficas e científicas das Psicologias, de forma geral, enfocam a questão da predisposição humana para o crescimento ajustati- vo para com o seu meio ambiente. Existe uma forte tendência a acreditar na força criadora das capaci- dades neurais para suplantar as dificuldades mais variadas, pois a inteligência humana, até hoje, ain- da não foi totalmente disponibilizada, para atingir todo o seu cume e capacidade total de funciona- mento, conforme comprovam os neurocientistas mais debruçados em análises humanas/sociais. Um famoso psicólogo, Jean Piaget (1896- 1980), desenvolveu uma importante teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio do trabalho que acompanhava crianças, e classificou a aprendizagem a partir de estágios, tais como: a) sensório-motor (ênfase na importância da estimulação ambiental, até os 18 meses); b) pré- -operacional (ênfase na intuição, em que o sentido é o desenvolvimento das capacidades mais simbó- licas das crianças, dos 18 meses até os seis anos de idade); c) operações concretas (ênfase nas opera- ções mentais e no uso do pensamento lógico es- truturado com as ações e situações reais, dos sete aos 11 anos); d) operações formais (ênfase no pen- samento complexo, articulado e hipotético-dedu- tivo, envolvendo a imaginação mais rica e intuição, após os 12 anos de idade). Piaget fomentou inúmeras pesquisas, con- tribuindo vastamente para posteriores investiga- ções de seus inúmeros seguidores. Possibilitou a compreensão dos processos atrelados às aprendi- zagens no mundo do trabalho, uma vez que po- demos observar que as dificuldades do indivíduo sempre se reportam às fases anteriores, caso estas tenham sido vivenciadas com lacunas e falhas, de- pendendo tanto da maturação cognitiva quanto da qualidade e quantidade das estimulações do meio ambiente. A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E INTELIGÊNCIA5 5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)
  • 20. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Os diferentes enfoques para as aprendizagens Os comportamentalistas acreditam na apren- dizagem condicionada; os gestaltistas nas relações dinâmicas dos contatos humanos internos e exter- nos; já os psicanalistas acreditam na viabilização de um maximizado acesso ao inconsciente, sendo que este armazena o manancial criativo e faz com que a consciência emancipe o seu dispositivo maior para aprender o mundo tanto interior quanto exterior. Com Piaget, assim como com outros importantes psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando novas vertentes e constatando em testes, pesqui- sas e experimentos, os inúmeros atributos das ca- pacidades individuais e grupais para as aprendiza- gens, tanto específicas quanto generalizadas, do potencial humano. A Inteligência Humana Fatores hereditários e adquiridos formam e transformam a inteligência humana sob e sobre toda a interatividade que já estamos acostumados a verificar em nossas relações humanas. Para os psi- cólogos contemporâneos, fatores racionais e emo- cionais são determinantes da evoluída inteligência, assim como fatores atitudinais e inter-relacionais. Inteligência racional (QI) Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram o quociente de inteligência mediante uma esca- la que media a capacidade do conhecimento de crianças comparando as idades cronológicas. As- sim sendo, catalogaram diferentes medidas para as inteligências (até a atualidade são muito utilizadas essas escalas para medição de QI). Consideram o QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo que variações para baixo ou para cima estariam re- lacionadas com defasagens/incapacidades e, por outro lado, genialidades/alta capacitação de ex- pansão pessoal. Pesquisas e testes de QI em muito facilitam a seleção de pessoal para as organizações, desde a era industrial até a atualidade, pois vivemos em um mundo globalizado e de forte tendência competi- tiva, fazendo-se necessários os instrumentos práti- cos de medição de recursos para os conhecimen- tos específicos e gerais da inteligência humana. Inteligência emocional (QE) Daniel Goleman (1995) traz o conceito de sincronia emocional e nos atenta para as questões das deficiências“das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas por outras correntes das Psicologias. Por meio de experimentos ricos e com- plexos, tal ideia nos remonta para a integração de uma inteligência emocional e racional, na qual haja o contínuo alinhamento da rede neural com todos os âmbitos emocionais. Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revo- lucionou a visão fragmentada da inteligência, tra- zendo uma concepção de ampliada e inquietante constatação de que o controle emocional depen- derá sempre de uma profunda e intensa capacida- de de se dar conta do que se sente, sem que isso implique em atuar o sentimento concomitante- mente no meio, na situação vivida. Para o autor, o sequestro emocional seria uma ação inadequada do indivíduo, comprovando a sua incapacidade de lidar com a emoção perce- bida, ou seja, a inconsciência de um sentimento levando a uma ação inadequada ao contexto. Essa visão da inteligência explicou o porquê de pessoas com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas profissionalmente, por possuírem genialidades ou- tras e não emocionais e relacionais. Suponhamos que um profissional de criação, em uma reunião em que esteja apresentando a sua campanha seja tomado por um forte sentimento de ira e resolva agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando a perda da conta de um importante cliente para a sua agência. Com certeza, esse episódio dramá- tico seria um típico sequestro emocional, típico de quem não lida bem com as próprias emoções, mantendo-as sob controle consciente e ajustativo, conforme exige cada situação das vivências que se apresentam no dia a dia.
  • 21. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Inteligências múltiplas e atitudinais Howard Gardner, nos anos 60, foi um impor- tante pesquisador e trouxe a contribuição de uma teoria que identificou diferentes inteligências: a) lógico-matemática: símbolos numéricos e lineares; b) linguística: símbolos ligados às letras, palavras, assim como expressões da mesma pela palavra e suas manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos mais físicos de contextualizações; d) musical: liga- da aos sons, desde a emissão até elaborações mais avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às ca- pacidades de autoconhecimento e controle emo- cional; e f) interpessoal: que dita as habilidades de relacionamentos com as outras pessoas, de forma madura, responsável, ética e assertiva. Para Gardner, quanto mais as pessoas pu- derem investir não somente em maximizar suas potencialidades, como também em potencializar suas limitações, mais e mais estarão aptas para de- senvolverem em plenitude suas totais e genéricas aptidões cognitivas/emocionais. Em outras pa- lavras, o ser inteligente atual e contemporâneo é aquele que vive a sua inteligência de maneira múl- tipla, de acordo com os sistemas em que se insere, uma vez que o mundo está cada vez mais criativo, diferenciado e solicitando inúmeras capacidades de ajustamentos variados e crescentes. Para os cognitivistas, [...] o processo de organização das informa- ções e de integração do material à estru- tura do pensar e refletir, armazenar e pro- cessar, integrar aos processos conscientes é o que melhor conceitua a aprendizagem. Esta abordagem diferencia a aprendiza- gem mecânica da aprendizagem significa- tiva: a) aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com con- ceitos já existentes na estrutura cognitiva. O conhecimento assim adquirido fica arbi- trariamente distribuído na estrutura cogni- tiva, sem se ligar a conceitos específicos (ex: decorar um texto); b) aprendizagem signi- ficativa: processa-se quando um novo con- teúdo (idéias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e dispo- níveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos dispo- níveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118). Um exemplo dessa última forma de apren- dizagem: você integra e aprende o conceito que pode viver na vida real e não se esquece mais do valor significativo da teoria, graças à experiência cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até grandes grupos. A inteligência é, sem dúvida, uma das qua- lidades humanas mais desejáveis. Cada cientista, ao longo da história e de suas pesquisas, revelam a inteligência, sob e entre diferenciados aspectos. Desde Platão, pensar a inteligência, por si só, já é uma representação bastante satisfatória dela, pois o exercício é um indicativo de capacidade reflexiva e pensante. O que mais caracteriza o ato inteligente é o fato de utilizar vários elementos da situação de ma- neira original ou criativamente nova. No fundo, em todo ato inteligente há uma pequena descoberta, a estrutura da inteligência: a) cognição: na solução de um problema ou situação difícil, é preciso, em primeiro lugar, reconhecer os elementos dispo- níveis e constitutivos da situação (essa operação é a cognição = conhecer, do latim); b) memória: além de levantar os dados do problema, é preciso retê-los na memória ou evocar outros elementos para o pro- Saiba maisSaiba mais Goleman desvelou em suas pesquisas que indivíduos com Inteligência Emo- cional bem desenvolvida eram mais ap- tos para ocuparem cargos de liderança do que os que tinham o “QI” elevado; essas pesquisas serviram de “quebra de paradigmas”e mudaram diametralmen- te a visão de muitos empresários, inclu- sive.
  • 22. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 cessamento da solução (reter e evocar são funções da memória); c) produção convergente: é uma forma de atividade intelectual que processa os elementos mentais de conformidade com os padrões convencionais (exemplo: seguir manuais de orientações nas orga- nizações, criteriosamente); d) produção divergente: é uma forma de atividade intelectual que processa os ele- mentos mentais de modo não conven- cional; as descobertas e invenções são produtos divergentes, não convencio- nais da mente, são originalidades expres- sivas do ato singular de se criar, dando um salto qualitativo nas dimensões que convergem; e) avaliação: é uma forma de atividade mental em que a mente elabora pesos e valores diferentes, julgando a respeito da correção, adequação, desejabilidade, melhor conveniência. Quando um su- pervisor ou coordenador está avaliando mentalmente, está processando elemen- tos mentais que são valores, pesos, rea- ções comportamentais adequadas etc. Em todo processo decisório, cada infor- mação tem uma relevância e um peso próprios. Nem todos os elementos se apresentam com o mesmo valor; é um ato típico de avaliação. As atividades da mente só existem sobre de- terminados conteúdos; ninguém pensa a respeito de nada. O pensamento consiste em elaborar, pro- cessar mentalmente algum conteúdo. É claro que podemos raciocinar sobre inúmeras coisas. Há um número infinito de assuntos sobre os quais pode- mos pensar. Contudo, Guilford, psicólogo america- no, reduziu-os a quatro categorias: a) conteúdos figurativos: elementos con- cretos num espaço limitado (inteligência espacial, concreta e mecânica); b) conteúdos simbólicos: inteligência nu- mérica, musical ou de qualquer outro elemento simbólico; c) conteúdos semânticos: inteligência mais verbal (oradores, professores, escri- tores, filósofos); d) conteúdos comportamentais: inteli- gência social baseada em atitudes, for- mas de proceder, ação, padrão de ações das pessoas, formas altamente criativas para lidar com elementos comporta- mentais (exemplo: profissionais das pu- blicidades e marketing necessitam des- sas qualificações para melhor exercerem suas funções). Essência da aprendizagem e da inteligência O que está no cerne do comportamento in- teligente? Para alguns psicólogos, a ênfase está no pensamento abstrato e no raciocínio, e, para ou- tros, o foco está nas capacidades que possibilitam a aprendizagem e a acumulação de conhecimentos. Existem correntes que enfatizam a competência social: se as pessoas conseguem resolver os pro- blemas apresentados por sua cultura. E na época atual, os psicólogos não sabem sequer se há um único fator geral (normalmente chamado de‘G’, ini- cial de‘geral’) do qual dependam todas as habilida- des cognitivas. Medindo a inteligência – os famosos testes de inteligência Alfred Binet (1857-1911), destacado psicólo- go francês, foi quem criou a primeira medição prá- tica da inteligência. De início, juntamente com seus colaboradores, mediu habilidades sensoriais e mo- toras, da mesma forma que o fez Galton. Logo, eles perceberam que tais avaliações não funcionariam e começaram a observar as habilidades cognitivas – duração da atenção, memória, julgamentos esté- ticos e morais, pensamento lógico e compreensão de sentenças – bem como medidas de inteligência. O projeto de Binet teve significativa arranca- da em 1904, ano em que foi nomeado para integrar uma comissão do governo para estudar os proble- mas do ensino de crianças retardadas. O grupo concluiu que se deveria identificar as crianças men-
  • 23. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 talmente incapazes e dirigi-las a escolas especiais. Esse evento possibilitou estudos avançados de dis- tinção de níveis intelectuais para a diferenciação de aprendizagens, para crianças com dificuldades cognitivas. O teste de Binet foi importado pelos Es- tados Unidos e por outros países. Lewis Terman, um psicólogo que trabalhava na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, fez uma revisão amplamente aceita do teste de Binet, em 1916. Esse teste ficou conhecido como Stanford-Binet e trouxe o padrão mundialmente conhecido para os testes de inteligências QI (quo- ciente de inteligência, termo criado por psicólo- gos alemães). Esse teste compara os resultados obtidos por um indivíduo com aqueles de outros indivíduos da mesma idade, dentro de uma esca- la de probabilidades e expectativas para cada fase do desenvolvimento (conforme vimos com Piaget, para as cognições), o que também foi um forte cri- tério para que tal escala pudesse ser configurada. Os testes de inteligência atuais ainda seguem as tendências citadas anteriormente, e somam- -se a estas as da Escala de Inteligência Adulta de Wechsler, revisada em 1981, em que a preocupa- ção é medir diferentes recursos individuais para lidar com os correspondentes desafios (subtestes verbais e de desempenho avaliam capacidades que exigem a manipulação de objetos ou outros tipos de resposta com as mãos, baseando-se no pensamento sem palavras e nas habilidades de re- solução de problemas práticos, também). 5.2 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos o processo das aprendizagens e você conheceu a teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget em seus diferentes estágios de desenvolvimento. Vimos que os diferentes enfoques de aprendizagens estão diretamente ligados ao aprimoramento da inteligên- cia humana. Estudamos os diferentes posicionamentos sobre a Inteligência: a racional, de Binet, Simon e Stern; a emocional, de Daniel Goleman; e a Múltipla e Atitudinal, de Howard Gardner. Discorremos sobre as diferenças entre a produção convergente e a divergente; aprendemos diversificadas visões sobre o pensamento inteligente e práticas usuais avaliativas de Aprendizagens e Inteligências, conforme Alfred Binet e seus colaboradores. 5.3 Atividades Propostas 1. Qual o nome do famoso psicólogo que desenvolveu uma importante teoria para compreen- der o desenvolvimento cognitivo, por meio do trabalho que acompanhava crianças, classifi- cando a aprendizagem a partir de estágios? 2. Conceito de Inteligência que trata da sincronia emocional e nos atenta para as questões das deficiências “das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas por outras corren- tes das Psicologias. De qual conceito estamos tratando? 3. Trata-se de um tipo específico de aprendizagem que se processa quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estru- tura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Esses conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. De qual tipo de aprendizagem estamos nos referindo?
  • 24. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos da Abordagem da Gestalt e seus principais concei- tos. Vamos iniciar a discussão? AtençãoAtenção Um bom exemplo da visão de Lewin des- carta completamente a visão fragmen- tada do humano nas relações sociais, ou seja, não devemos “julgar” com a nossa visão de mundo a forma de vida de um indivíduo e/ou um grupo, pois cada um se relaciona com coerência dentro de seu campo interno e externo (objetiva e subjetivamente), como em se tratando da compreensão dos modos de vida de uma tribo específica. 6.1 Gestalt Tendo seu berço na Europa, surge como uma negação da fragmentação das ações e processos humanos, realizada pelas tendências da Psicologia Científica do século XIX, postulando a necessidade desecompreenderohomemcomoumatotalidade dinâmica e processual, sendo, assim, uma aborda- gem de cunho existencial, humanística e sistêmica de fundamental importância para a compreensão da complexidade humana. A palavra ‘Gestalt’ não possui tradução exa- ta, mas representa configuração, forma e em um primeiro momento, na Alemanha, mais especifica- mente com os psicólogos Max Wertheimer, Chris- tian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka adquire importância em uma sociedade pautada, naquela época, por concepções puramente racio- nais, cognitivas ou com ênfase em aspectos pura- mente inconscientes. Com esses pesquisadores, volta a promover a importância de uma visão de homem e de mundo mais fenomênica, integrada e contextualizada, tal como as exigências mais cor- rentes demandavam. Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a princípio dos fatores atrelados às percepções hu- manas e suas manifestações tanto internas quan- to externas, trazendo a contribuição de enfatizar que a relação do indivíduo com o meio era o fator de maior impacto, o que mereceria análise e com- preensão e que também traria a constatação da unicidade e da universalidade, fatores fundamen- tais dessa abordagem. Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos com os gestaltistas e elaborou a sua famosa teoria de campo, sendo que esta se reporta às crenças de que todo indivíduo somente pode ser compreen- dido se estivermos focando todo o ambiente onde ele está envolvido e, principalmente, como ele está se relacionando em seu campo (as suas crenças, valores, necessidades e limitações). Para Lewin, o indivíduo não pode ser compreendido de forma A PSICOLOGIA DA GESTALT6
  • 25. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 linear, rígida, fixa, mas, sim, dinâmica, processual e contextual. Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas relacionadas às percepções e organizações huma- nas, percebendo que os elementos biopsicosso- ciais estavam sempre atuando de forma sistêmica e variando de acordo com a singularidade de cada pessoa e ambiência envolvida. Outro psicólogo surgiu desse movimento, Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria a ser a Gestalt-terapia que conhecemos na atuali- dade. Para Perls, todo comportamento é a melhor resposta que um indivíduo pode dar num deter- minado momento e apenas o presente é capaz de fazê-lo atualizar-se e promover o ajustamento criativo que lhe dará a satisfação imediata, para que uma nova necessidade ressurja no campo interno e externo, sucessivamente. Para Perls, so- mente existia o presente e como o indivíduo agia era o fator mais fundamental para a compreensão de seu modo de estar sendo transformado, proces- sualmente. Essa visão traz uma maior positividade e liberdade na perspectiva que o mundo da época tinha do caráter humano e social, o que sem dúvi- da agregou inúmeros desenvolvimentos e pesqui- sas para as Ciências Humanas e Sociais da época. 6.2 Principais Conceitos da Gestalt Os principais conceitos da Gestalt são: a) figura-fundo: sendo que a figura é a par- te central e mais importante da percep- ção, e o fundo, todo o contexto que lhe dá destaque; b) a busca pela boa forma: a percepção se organiza por meio da intencionalidade de buscar a harmonia e a integração, as- sim como um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo perce- be; c) insight: existe a habilidade natural do indivíduo para a busca do fechamento do que compreende, buscando em seu repertório individual parâmetros para as soluções criativas dos problemas/per- cepções; d) espaço vital: o indivíduo se atualiza no campo situacional onde vive, de acordo com solicitações externas e recursos in- ternos; e) leis da percepção para a Gestalt (simetria, regularidade, proximidade, semelhança e fechamento): condições fundamentais para o processo autorregulativo da boa forma, para a percepção; f) o todo é maior do que a soma das par- tes: cada elemento possui uma função e contribui de formas correlacionais ao todo em que está inserido, sendo que o significado das partes apenas reflete exa- tamente a função do contexto presente. Porém, a dinâmica processual é sempre reajustativa, circular e processual, levan- do à totalidade e, ao mesmo tempo, al- cançando novos rumos e sentidos; g) o como é mais importante do que os por- quês; h) o presente, o aqui e agora, é o foco princi- pal para a compreensão da percepção e atualização do indivíduo no seu meio (o passado e o futuro se condensam quan- do existe centragem de percepção e to- mada de decisão, propriamente ditas). Saiba maisSaiba mais Para os gestaltistas, toda vez que um indivíduo expande suas fronteiras de contato e corre o risco de viver algo novo/inusitado, ocorre um ajustamento criativo; em outras palavras, a coragem de se recriar continuamente está diretamente vinculada às nossas relações de contato com o outro. Na linha divisória de encontrar o outro é que eu descubro quem é o outro e quem sou eu; cada vez mais e melhor, num crescente contínuo, se o ajustamento criativo for funcional.
  • 26. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Os pesquisadores da Psicologia da Gestalt, escola que antecipou a corrente da Gestalt-terapia, trouxeraminúmerascontribuiçõesparaquepudés- semos entender como se estrutura todo o campo fenomênico interior que forma o que chamamos de ‘percepção’ – e seu processo ocorre entre as- pectações de ordens variadas e dentro do que Kurt Lewin denominou como Campo Psicológico. Este é entendido como um campo de força que nos leva a procurar a boa forma; funciona figurativamente como um campo eletromagnético criado por um ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de força psicológico tem uma tendência que garante a busca da melhor forma possível em situações que não estão muito estruturadas. Esse processo ocor- re de acordo com os princípios de proximidade, se- melhança e fechamento. A proximidade garantiria a melhor percep- ção para os elementos dispostos, de acordo com a distância mais curta, sendo notados devidamente agrupados. Já na semelhança, os elementos seriam percebidos como sendo similares/ parecidos ou de um mesmo grupo de referência (exemplo: perce- ber formas circulares agrupadas mais nitidamen- te do que outras, após o sujeito ter ficado horas e horas analisando pneus, uma vez que trabalha na indústria de fabricação dos mesmos). E, finalmente, fechamento, quando o sujeito é capaz de comple- tar a figura que falta, mediante caracteres armaze- nados na sua consciência, a fim de garantir a boa forma perceptiva e fechar o seu ciclo de contato de maneira satisfatória. 6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt 6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin O psicólogo Lewin (1890-1947) trabalhou du- rante 10 anos com Wertheimer, Koffka e Kohler na Universidade de Berlin, e dessa colaboração com os pioneiros da Gestalt foi que germinou o que viria a se tornar essa importante teoria da percepção, vista de uma maneira mais holística e sistêmica. Entre- tanto, sendo ele um pesquisador, mais do que um gestaltista, parte da teoria da Gestalt é para cons- truir um conhecimento novo e genuíno. Ele aban- dona a preocupação psicofisiológica (limiares de percepção) da Gestalt, para buscar na Física as ba- ses metodológicas de sua psicologia. O principal conceito de Lewin é o do espaço vital, que ele define como “a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes que determinam o comportamento do indivíduo num certo momento.”(LEWIN, 2005, p. 45). O que Lewin concebeu como campo psicológico foi o espaço de vida considerado dinamicamente, em que se levam em conta não somente o indivíduo e o meio, mas o todo circunstancial vivido dentro de um espaço e um tempo. Um bom exemplo da visão de Lewin descarta completamente a visão fragmentada do humano nas relações sociais, ou seja, não deve- mos “julgar” com a nossa visão de mundo a forma de vida de um indivíduo e/ou um grupo, pois cada um se relaciona com coerência dentro de seu cam- po interno e externo (objetiva e subjetivamente), como em se tratando da compreensão dos modos de vida de uma tribo específica. Segundo Garcia-Roza (2005, p. 45), o [...] campo não deve, porém, ser compreen- didocomoumarealidadefísica,massimfe- nomênica. Não são os fatos físicos que pro- duzem efeitos sobre o comportamento. O campo deve ser representado tal como ele existe para o indivíduo em questão, num determinado momento, e não como ele é em si. Para a constituição desse campo, as amizades, os objetivos conscientes e in- conscientes, os sonhos e os medos são tão essenciais como qualquer ambiente físico.
  • 27. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Em outras palavras, todo o contexto segue uma coerência, uma rede de intersecções condi- zentes com a pessoa e com o todo, concomitan- temente, sendo necessário se colocar no lugar e tempo do ser/objeto de observação para melhorar a interpretação e compreensão. Os conceitos e ferramentas da Gestalt são fundamentais para viabilizar a compreensão do funcionamento das percepções e relações do hu- mano em diversos contextos sociais, garantindo a boa forma e a satisfação de necessidades perti- nentes e possíveis, com a devida contextualização, tornando-nos mais próximos da realidade e das múltiplas verdades coexistentes do mundo em que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, dinami- camente, processualmente. 6.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia da Gestalt e vimos que se trata de uma abordagem de cunho existencial, humanística e sistêmica. Estudamos os principais conceitos da Gestalt: a) figura-fundo; b) a busca pela boa forma; c) insight; d) espaço vital; e) leis da percepção para a Gestalt (simetria/regularidade/proximidade/semelhança/fechamento); f) o todo é maior do que a soma das par- tes; g) o como é mais importante do que os porquês; h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal. Aprendemos, também, a importância da Teoria de Campo de Kurt Lewin, que enfatiza a necessidade de se compreender o ser humano, dentro dos referenciais de seu meio psicológico e existencial. 6.6 Atividades Propostas 1. Qual o significado da palavra‘Gestalt’? 2. A percepção se organiza por meio da intencionalidade de buscar a harmonia e a integração, assim como um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo percebe. De qual importante conceito gestáltico estamos nos referindo? 3. Lewin concebeu uma teoria onde o campo psicológico é o espaço de vida, considerado dinami- camente, em que se levam em conta não somente o indivíduo e o meio, mas o todo circunstan- cial vivido dentro de um espaço e um tempo. Estamos nos referindo a qual teoria?
  • 28. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de compreender a Percepção e a Motivação, apresen- tando as principais teorias motivacionais. Vamos iniciar a discussão? 7.1 Definições de Percepção É a organização dos elementos captados pe- los sentidos que faz algum fechamento (efeito da Lei de Totalidade da Gestalt). Nunca percebemos estímulos isolados, a tendência natural é a de orga- nizar, dar um fechamento. A Figura é a parte predo- minante e central, que emerge de um Fundo. Vivemos mais em função do mundo interior (sentidos, sensações, pensamentos) do que em função da realidade objetiva. “Cada cabeça uma sentença”. Por isso, é muito importante sempre checarmos bem o que o outro está querendo ex- pressar, para não colocarmos as “nossas coisas” na boca desse outro (projeção). Os sentidos funcionam como receptores (antenas) que levam os estímulos para o cérebro, e este se organiza e nos dá a percepção. Os cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são fundamentais para esse processo e devem estar bem desenvolvidos, no indivíduo. A intuição é um sentido mais sutil e refinado e ocorre principalmen- te quando temos os cinco sentidos básicos bem evoluídos em nós mesmos. É por isso que dizemos que as pessoas criativas, inteligentes e intuitivas têm uma excelente percepção. 7.2 Funções da Percepção São as seguintes: a) função informativa: man- ter-se em contato constante com o meio, atuali- zação para sobreviver e se desenvolver; b) função defensiva: captamos o perigo, ameaça, antes que aconteça algo de pior. De acordo com os estados internos e a situação, somos capazes de dar um sentido para isso: esquiva ou ataque – agimos de acordo com a melhor possibilidade encontrada na- quele momento. As percepções, assim como as motivações, são determinadas também pelas necessidades, pois o organismo age de forma intencional volun- tária ou involuntariamente, para buscar o “opti- mum de equilíbrio fisiológico, social e humano” = homoestasia (do grego) – Conceito de Walter Can- non (1929), psicólogo, e de Claude Bernard (1895), fisiologista francês. PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS)7
  • 29. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Motivação (conceito): refere-se a um moti- vo, um estado interno que pode resultar de uma necessidade; ele é descrito como ativador, ou des- pertador, de comportamento geralmente dirigido para a satisfação da necessidade instigadora. Mo- tivos estabelecidos principalmente pela experiên- cia são conhecidos simplesmente como motivos; aqueles que surgem para satisfazer necessidades básicas relacionadas com a sobrevivência e deriva- das da fisiologia são geralmente chamados de im- pulsos (drives – motivos, do inglês). A motivação é um tema complexo para a Psi- cologia, uma vez que considera três tipos de variá- veis (o ambiente, as forças internas no indivíduo e o objeto, propriamente dito). A motivação está pre- sente como processo em todas as esferas de nossa vida, tanto na área do trabalho quanto na do lazer e mesmo na de aprendizagens (escola, faculdade, por exemplo). AtençãoAtenção A motivação é um tema complexo para a Psicologia, uma vez que considera três tipos de variáveis (o ambiente, as forças internas no indivíduo e o objeto, propriamente dito). A motivação está presente como processo em todas as esferas de nossa vida, tanto na área do trabalho quanto na do lazer e mesmo na de aprendizagens (escola, faculdade, por exemplo). 7.4 Principais Teorias Motivacionais ƒƒ Teoria de Abraham Maslow: segundo esse importante psicólogo, as motiva- ções humanas obedecem a uma hierar- quia de necessidades e desejos, sendo que cada um de nós estaria sempre bus- cando atingir no meio ambiente os alvos que melhor configurariam essas mesmas necessidades internas, quando estamos mais autoconscientes dos processos in- teriores que nos movem. Essas necessi- dades vão desde fatores que garantem a sobrevivência até as que nos levam às melhores transformações e evoluções, dentro dos campos situacionais, profis- sionais e existenciais. Os tipos de neces- sidades então seriam: a) necessidades fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono), b) necessidades de segurança (abrigo, proteção e ausência de perigo), c) neces- sidade de amor (filiação, aceitação e sen- timento de pertencer), d) necessidades de estima (realização, aprovação, com- petência e reconhecimento), e) necessi- dades de autorrealização (possibilidades de uso das potencialidades individuais, com contínuo aprimoramento). Para Maslow (1970), quando uma dessas ne- cessidades permanece insatisfeita, pode dominar todas as outras; o que importa é o grau das satisfações, bem mais que sua quantidade, pois ao mesmo tempo temos diferentes grupos de necessida- des em nossas vidas e o organismo terá de eleger a mais urgente para si, sempre, mesmo que o faça de forma impensada. Essa visão explica os interesses e as for- mas de funcionamento das pessoas em geral e faz com que identifiquemos os motivos que levam as pessoas a estarem em diferentes níveis de possibilidades e aspirações, no campo do trabalho, prin- cipalmente. Maslow e sua teoria motiva- cional vêm sendo muito utilizados, em diferentes universos do mundo intelec- 7.3 Compreendendo os Processos Motivacionais
  • 30. Psicologia Geral Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 tual, assim como do profissional, pois oferece um valiosíssimo instrumental para que o profissional possa identificar os diferentes níveis de necessidades e desejos de seus clientes, em potencial, já que vivemos em uma sociedade de con- sumo, dentro de um regime competitivo e capitalista; ƒƒ Teoria de Henry Murray: na década de 1930, esse autor se ocupou com o moti- vo das realizações sociais e observou que as pessoas projetavam suas necessida- des, medos, esperanças e conflitos nos personagens de suas figuras histórias (conforme resultados obtidos em testes de apercepções temáticas). Com essa teoria e metodologia, fica claro que o importante é observar os caminhos dos motivos sociais, medindo, assim, a dispo- nibilidade para a realização de cada indi- víduo no trabalho; ƒƒ Teoria de David McClelland: esse au- tor deu prosseguimento às pesquisas de Murray, focando o grau de realização a partir das motivações individuais, e con- firmou, juntamente com outros pesqui- sadores, que, quanto maior fosse o grau de satisfação e realização, maior também seria a motivação humana para o cres- cimento e desenvolvimento social/indi- vidual (desenvolveu métodos e técnicas importantes para os cientistas sociais, utilizadas em larga escala no âmbito de preparação, colocação e desenvolvi- mento profissionais). Essa teoria trouxe a questão da relação motivacional – indiví- duo X meio ambiente. Saiba maisSaiba mais Maslow é muito utilizado em diferentes áreas e principalmente pelos profissionais de marketing, uma vez que sua teoria dá subsídios para que se possa identificar ade- quadamente os níveis de necessidades das pessoas e, ao mesmo tempo, discriminar os tipos de produtos que estas estariam mais dispostas e motivadas a consumirem. 7.5 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Percepção, sua definição e funções (informativa e de- fensiva) e tivemos a possibilidade de compreender os processos motivacionais, através de três visões di- ferentes: a) Teoria Motivacional de Abraham Maslow, que enfoca a hierarquia de necessidades e desejos; b) Teoria de Henry Murray, que enfoca as realizações sociais; e c) Teoria de David McClelland, que enfoca o grau de realização a partir das motivações individuais. 7.6 Atividades Propostas 1. Qual é a função perceptiva que é responsável pela atualização constante do indivíduo com o meio ambiente? 2. Importante psicólogo que enfatizou o fato das motivações humanas obedecerem a uma hie- rarquia de necessidades e desejos. De qual psicólogo estamos nos referindo? 3. Henry Murray, na década de 1930, se ocupou com o motivo das realizações humanas e ob- servou que as pessoas projetavam suas necessidades, medos, esperanças e conflitos nos per- sonagens de suas figuras histórias. Ele comprovou que havia um tipo de realização básica, na busca das pessoas; como a denominou?
  • 31. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de abordar uma importantíssima Abordagem da Psico- logia, que é a Psicanálise: o inconsciente de Sigmund Freud e seus seguidores.Vamos iniciar a discussão? 8.1 O Surgimento da Psicanálise A Psicanálise nasce com Sigmund Freud (1856-1939), na Áustria, a partir da prática médi- ca, recuperando para a Psicologia a importância da afetividade e do inconsciente como objetos de estudo, quebrando a tradição da Psicologia como foco de uma ciência com ênfase na consciência e razão. A contribuição dessa abordagem é compa- rada a de Karl Marx, na importância da compreen- são dos processos humanos, sociais e históricos, com investigação aprofundada e sistematizada, conforme tendências crescentes daquela época. Para compreender a Psicanálise, é necessá- rio entender o homem por detrás da vasta teoria do inconsciente, o próprio Freud, o qual teve sua formação inicial, em 1881, em Medicina na Univer- sidade de Viena, onde a posteriori especializou-se em Psiquiatria.Trabalhou em fisiologia e em neuro- patologia no Instituto onde desenvolveu pesquisas acadêmicas e clínicas, juntamente com outro mé- dico, Breuer. Em seguida, já em Paris, com uma bol- sa de estudos, trabalhou com outro psiquiatra re- nomado, o francês Jean Charcot, e, conjuntamente, desenvolveram um importante método de análise: a hipnose para tratamento de histerias. A sociedade da época era extremamente rí- gida e preconceituosa; fazia com que as pessoas reprimissem seus problemas e os somatizassem em grande escala, com profunda dor. Freud perce- beu que seus conhecimentos de Medicina não es- tavam mais dando conta de analisar devidamente o paciente humano e resolveu observar mais aten- tamente as reações dos sintomas, catalogando-os e classificando-os, de acordo com o que acompa- nhava. Tanto a hipnose quanto o método de asso- ciação livre, assim como a análise de sonhos, fazia parte de sua metodologia de interpretação. Clini- cou durante um vasto período e seus principais clientes traziam queixas que não eram possíveis de curar apenas com a medicina usual ou mesmo pela compreensão do discurso prévio, o que fez com que Freud tomasse novos rumos como médico. Utilizou o método catártico desenvolvido por Josef Breuer, isto é, um“tratamento que possibilita a libe- ração de afetos e emoções ligadas a acontecimen- tos traumáticos que não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa, le- vando à eliminação dos sintomas.” (BOCK, 1996, p. 72). Ao descobrir o inconsciente, instância psíquica que abarca conteúdos reprimidos, uma vez dolo- rosos e responsáveis pela origem de um sintoma, Freud, substituindo o método catártico, denomina de Psicanálise o método de investigação e de cura. Isso porque considerava que o sintoma de um pa- ciente era uma reação de defesa ao conteúdo de dor reprimido, e se o indivíduo se apercebesse des- se mecanismo, poderia ser curado, conforme pes- quisas e acompanhamento de casos clínicos com inúmeros pacientes. Assim, a interpretação é o mé- todo psicanalítico utilizado para elucidar e buscar compreender os sintomas manifestados pelos indi- víduos e, numa esfera mais ampla, pela sociedade. A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE, FREUD E SEGUIDORES8
  • 32. Márcia Lilla Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 São os seguintes: a) primeira Teoria do Aparelho Psíquico: consciente – pré/consciente e incons- ciente. Freud descobre pelo método de investigação de seus pacientes que o inconsciente era o depositário de com- ponentes emocionais reprimidos, o que causava sofrimento e que fazia acontecer o surgimento de sintomas indesejáveis; b) segunda e mais importante Teoria do Aparelho Psíquico: id (inconsciente), ego (mediador) e superego (sensor do apare- lho psíquico). O equilíbrio e a cura do in- divíduo dependeriam da capacidade do indivíduo de tomar consciência de seu inconsciente e a Psicanálise seria uma forma de devolver a saúde psicológica e emocional para o sujeito; c) métodos de associações livres: análise dos conteúdos trazidos para as sessões de análises (semelhantes aos utilizados em entrevistas a jornalistas; por exemplo, o sujeito tem que associar palavras de seu repertório às ditas pelo analista); d) método catártico: o analista interpreta os dados do paciente e explora conteúdos trazidos de forma involuntária por meio da hipnose e análise de sonhos; e) descoberta da sexualidade infantil; f) as pulsões de vida (Eros) e de morte (Ta- natos) como manifestações dos proces- sos inconscientes; g) mecanismos de defesa do ego: introje- ção (o indivíduo assimila conteúdos do meio), projeção (o indivíduo coloca no meio o seu repertório ou material re- primido/dolorido), recalque (supressão da realidade, formação reativa: o desejo tomando nova direção como forma de evitação), regressão (o indivíduo retor- na a etapas anteriores de seu desenvol- vimento como tentativa de evitação ao obstáculo pressentido), racionalização (intelectualizar ao invés de se dar conta da(o) emoção/desejo reprimida(o), difi- culdade), atos falhos (enganos compor- tamentais e discurso involuntário como escape do inconsciente, para trazer à tona a realidade intrapsíquica); h) a teoria da libido e a sua manifestação: a energia vital/sexual surge de formas diferenciadas, de acordo com as fases evolutivas do indivíduo/desenvolvimen- to psicossexual – fase oral (a zona de erotização é a boca), fase anal (a zona de erotização é o ânus), fase fálica (a zona de erotização é o órgão sexual), fase de latência (período de reflexões e de trans- formações orgânicas e psíquicas) e fase genital (a zona de erotização se dá nas relações com o outro, a partir da adoles- cência propriamente dita). Freudocupou-seemanalisarexaustivamente o indivíduo, com uma profundidade e intensidade, o que deu origem a toda a sua vasta teoria, tida até hoje como uma das mais completas e complexas nas Psicologias adotadas até a atualidade. Vemos que todos os psicólogos se preocupam em citá-lo. Fundam suas novas teorias apropriando-se de vá- rios conceitos desse importante mestre de referên- cia, considerado o“pai”da Psicanálise. Entre os conceitos desenvolvidos pela Psica- nálise, embora alguns já tenham sido discutidos, ressaltamos os seguintes mecanismos de defesa: 8.2 Principais Conceitos da Psicanálise AtençãoAtenção A questão da normalidade sempre será relativa, pois dependerá do grau das pa- tologias, em outras palavras, do como e do quanto os mecanismos de defesas uti- lizados por uma pessoa contribuem para ou a afastam do desenvolvimento salutar, adequado ao seu ciclo de vida e às suas potencialidades. Claro que quanto mais a pessoa puder ter consciência de suas de- fesas, seus receios, mais saudável será a sua vida e convivência.