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Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano
“EIS O CORAÇÃO QUE TANTO AMOU OS HOMENS...“
A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Nota Introdutória
Findo o tempo Pascal, eis que tornamos ao Tempo Comum, iniciando-o com a Celebra-
ção de três Solenidades: da Santíssima Trindade, do Santíssimo Corpo e Sangue de
Cristo e do Sagrado Coração de Jesus. Estas três Solenidades estão intimamente relacio-
nadas: do seio da Trindade surge Jesus Cristo que, com o Coração cheio de Amor pelos
homens, deixa o Seu Corpo e o Sangue como Sacramento de Salvação para todos os que,
santamente, o receberem.
Deste modo, há uma dinâmica de Amor por detrás destas celebrações: o Amor de Deus-
Pai, que ama de tal modo a Criação que, para a resgatar das insídias do pecado, envia o
Seu Filho ao Mundo; o Amor de Deus-Filho, que morre para nos salvar e ressuscita para
nos levar até Deus; o Amor de Deus-Espírito Santo, que transporta o sacrifício de Cristo
para a vida dos crentes por meio da Eucaristia, graça indispensável à Salvação das
Almas.
Assim, de forma a que meditemos mais profundamente esta dinâmica acima descrita,
vamos retomar uma devoção muito querida ao Cristianismo Europeu, sobretudo a par-
tir do século de XVII, isto é, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a quem, tradicio-
nalmente, é dedicado o Mês de Junho. Para isso, iremos tomar como textos base os rela-
tos das Aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em
Paray le Monial, durante a década de 1670, e também a Carta Encíclica do Venerável
Papa Pio XII Haurietis Aquas, de 15 de Maio de 1956, acerca da Devoção ao Sagrado
Coração de Jesus nos tempos modernos. Assim, pretende-se ouvir, de viva voz, o teste-
munho de uma mística que recebeu a graça de se lhe ver revelado Cristo, bem como o
ensinamento que nos vem desde do Sólio de Pedro, pela pena dos nossos Pontífices.
3
MEDITAÇÃO I
Do Relato das Aparições a Santa Margarida Maria Alacoque
Foi a 27 de Dezembro de 1673, na festa de São João Evangelista, que pela primeira vez,
Jesus manifestou o seu Coração à sua confidente. Estava em oração diante do Santíssi-
mo Sacramento.
De súbito sente-se invadida pela presença divina; depois, a exemplo do apóstolo bem-
amado, na última Ceia, Nosso Senhor - em visão - fá-la repousar sobre o peito e desco-
bre-lhe então as maravilhas do seu amor e os segredos de seu coração. Fê-la conhecer o
ardente desejo que tinha de ser amado dos homens e de os retirar do abismo da perdi-
ção em que Satanás os precipita. Por isso, quer manifestar-lhe o Seu Coração com
todos os tesouros de amor, de misericórdia, de graças, de santificação e de salvação.
Pede para tal fim que o honrem “sob a imagem deste Coração de carne”. Quer que esta
imagem seja exposta publicamente para tocar o coração dos homens e, por toda a parte
onde ela for colocada para ser honrada, derramará as suas graças e bênçãos. Constitui
esta devoção a seu Coração como que “o derradeiro esforço do Seu Amor” para levar a
Redenção aos homens, retirá-los do poder do demónio e arruiná-lo e restabelecer, por
fim, seu amor nos corações. “O Meu Coração”, declara à confidente, “está tão apaixona-
do de amor aos homens e a ti em particular que, não podendo mais conter em si as cha-
mas da sua ardente Caridade, é preciso que as espalhes por teu intermédio e lho reveles,
para que se enriqueçam com os seus preciosos tesouros… Eu te escolhi… para a realiza-
ção deste grande desígnio...”
4
Da Carta Encíclica Haurietis Aquas do Venerável Papa Pio XII
"Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador" (Is 12, 3). Essas palavras, com que
o profeta Isaías prefigurava os múltiplos e abundantes bens que os tempos cristãos
haveriam de trazer, acodem-nos espontaneamente ao espírito ao completar-se a primei-
ra centúria desde que o nosso predecessor de imperecível memória Pio IX, correspon-
dendo aos desejos do orbe católico, ordenou que se celebrasse na Igreja universal a festa
do sacratíssimo coração de Jesus.
Inumeráveis são as riquezas celestiais que nas almas dos fiéis infunde o culto tributado
ao sagrado coração, purificando-os, enchendo-os de consolações sobrenaturais, e exci-
tando-os a alcançar toda sorte de virtudes. Portanto, tendo presentes as palavras do
apóstolo são Tiago. "Toda dádiva preciosa e todo dom perfeito vem do alto e desce do
Pai das luzes" (Tg 1, 17), neste culto, que cada vez mais se incende e se estende por toda
parte, com toda razão, podemos considerar o inapreciável dom que o Verbo encarnado
e salvador nosso, como único mediador da graça e da verdade entre o Pai celestial e o
gênero humano, concedeu à sua mística esposa nestes últimos séculos, em que ela teve
de suportar tantos trabalhos e dificuldades.
Assim, pois, gozando deste inestimável dom, pode a Igreja manifestar mais amplamen-
te o seu amor ao divino Fundador, e cumprir mais fielmente a exortação que o evange-
lista são João põe na boca do próprio Jesus Cristo: "No último dia da festa, que é o mais
solene, Jesus pôs-se em pé, e em voz alta dizia: Se alguém tem sede, venha a mim, e
beba quem crê em mim. Do seu seio, como diz a Escritura, manarão rios de água viva.
Isto o disse pelo Espírito que haveriam de receber os que nele cressem" (Jo 7, 37-39).
Ora, aos que escutavam essas palavras de Jesus, pelas quais ele prometia que do seu seio
haveria de manar uma fonte "de água viva", certamente não lhes era difícil relacioná-las
com os vaticínios com que Isaías, Ezequiel e Zacarias profetizavam o reino do Messias, e
com a simbólica pedra que, golpeada por Moisés, de maneira milagrosa haveria de jor-
rar água.
5
Eis que o Senhor Jesus torna a demonstrar o seu grande amor pelos homens: a revelação
do Seu Sagrado Coração demonstra o quão grande é o Amor da Trindade que ultrapassa
os seus próprios limites, surgindo, assim, o desejo de incluir o homem nesta dinâmica
amorosa. O Amor divino jorra até ao homem e eis que este se vê cumulado das graças
do Céu.
Contudo, se o Amor de Deus por nós é tão imenso qual é, ou poder ser, a nossa respos-
ta? Obviamente, nunca seremos capazes de amar à sua medida porque o homem, mar-
cado pelo que é próprio da sua natureza, não é capaz de alcançar a perfeição e amplitu-
de do amor divino. Assim, a nossa resposta ao Amor divino passa por tentativa de imita-
ção por analogia, ou seja, uma tentativa, sempre aquém mas sempre válida, de viver
como o Senhor Jesus viveu “nos anos da sua vida mortal”. Os padres da Igreja chama-
vam a este processo a “Cristificação”, dado que o crente deseja ardentemente concreti-
zar na sua vida a Vida de Cristo, na sua carne a Carne de Cristo. Eis a nossa resposta...
Ó Sacratíssimo Coração de Jesus, que o teu Amor pelos homens seja sempre por nós aco-
lhido e que saibamos reparar-te e desagravar-te por todos aqueles que não o acolhem.
Meditação
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  • 1.
  • 2. 2 Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano “EIS O CORAÇÃO QUE TANTO AMOU OS HOMENS...“ A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus Nota Introdutória Findo o tempo Pascal, eis que tornamos ao Tempo Comum, iniciando-o com a Celebra- ção de três Solenidades: da Santíssima Trindade, do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo e do Sagrado Coração de Jesus. Estas três Solenidades estão intimamente relacio- nadas: do seio da Trindade surge Jesus Cristo que, com o Coração cheio de Amor pelos homens, deixa o Seu Corpo e o Sangue como Sacramento de Salvação para todos os que, santamente, o receberem. Deste modo, há uma dinâmica de Amor por detrás destas celebrações: o Amor de Deus- Pai, que ama de tal modo a Criação que, para a resgatar das insídias do pecado, envia o Seu Filho ao Mundo; o Amor de Deus-Filho, que morre para nos salvar e ressuscita para nos levar até Deus; o Amor de Deus-Espírito Santo, que transporta o sacrifício de Cristo para a vida dos crentes por meio da Eucaristia, graça indispensável à Salvação das Almas. Assim, de forma a que meditemos mais profundamente esta dinâmica acima descrita, vamos retomar uma devoção muito querida ao Cristianismo Europeu, sobretudo a par- tir do século de XVII, isto é, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a quem, tradicio- nalmente, é dedicado o Mês de Junho. Para isso, iremos tomar como textos base os rela- tos das Aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray le Monial, durante a década de 1670, e também a Carta Encíclica do Venerável Papa Pio XII Haurietis Aquas, de 15 de Maio de 1956, acerca da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus nos tempos modernos. Assim, pretende-se ouvir, de viva voz, o teste- munho de uma mística que recebeu a graça de se lhe ver revelado Cristo, bem como o ensinamento que nos vem desde do Sólio de Pedro, pela pena dos nossos Pontífices.
  • 3. 3 MEDITAÇÃO I Do Relato das Aparições a Santa Margarida Maria Alacoque Foi a 27 de Dezembro de 1673, na festa de São João Evangelista, que pela primeira vez, Jesus manifestou o seu Coração à sua confidente. Estava em oração diante do Santíssi- mo Sacramento. De súbito sente-se invadida pela presença divina; depois, a exemplo do apóstolo bem- amado, na última Ceia, Nosso Senhor - em visão - fá-la repousar sobre o peito e desco- bre-lhe então as maravilhas do seu amor e os segredos de seu coração. Fê-la conhecer o ardente desejo que tinha de ser amado dos homens e de os retirar do abismo da perdi- ção em que Satanás os precipita. Por isso, quer manifestar-lhe o Seu Coração com todos os tesouros de amor, de misericórdia, de graças, de santificação e de salvação. Pede para tal fim que o honrem “sob a imagem deste Coração de carne”. Quer que esta imagem seja exposta publicamente para tocar o coração dos homens e, por toda a parte onde ela for colocada para ser honrada, derramará as suas graças e bênçãos. Constitui esta devoção a seu Coração como que “o derradeiro esforço do Seu Amor” para levar a Redenção aos homens, retirá-los do poder do demónio e arruiná-lo e restabelecer, por fim, seu amor nos corações. “O Meu Coração”, declara à confidente, “está tão apaixona- do de amor aos homens e a ti em particular que, não podendo mais conter em si as cha- mas da sua ardente Caridade, é preciso que as espalhes por teu intermédio e lho reveles, para que se enriqueçam com os seus preciosos tesouros… Eu te escolhi… para a realiza- ção deste grande desígnio...”
  • 4. 4 Da Carta Encíclica Haurietis Aquas do Venerável Papa Pio XII "Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador" (Is 12, 3). Essas palavras, com que o profeta Isaías prefigurava os múltiplos e abundantes bens que os tempos cristãos haveriam de trazer, acodem-nos espontaneamente ao espírito ao completar-se a primei- ra centúria desde que o nosso predecessor de imperecível memória Pio IX, correspon- dendo aos desejos do orbe católico, ordenou que se celebrasse na Igreja universal a festa do sacratíssimo coração de Jesus. Inumeráveis são as riquezas celestiais que nas almas dos fiéis infunde o culto tributado ao sagrado coração, purificando-os, enchendo-os de consolações sobrenaturais, e exci- tando-os a alcançar toda sorte de virtudes. Portanto, tendo presentes as palavras do apóstolo são Tiago. "Toda dádiva preciosa e todo dom perfeito vem do alto e desce do Pai das luzes" (Tg 1, 17), neste culto, que cada vez mais se incende e se estende por toda parte, com toda razão, podemos considerar o inapreciável dom que o Verbo encarnado e salvador nosso, como único mediador da graça e da verdade entre o Pai celestial e o gênero humano, concedeu à sua mística esposa nestes últimos séculos, em que ela teve de suportar tantos trabalhos e dificuldades. Assim, pois, gozando deste inestimável dom, pode a Igreja manifestar mais amplamen- te o seu amor ao divino Fundador, e cumprir mais fielmente a exortação que o evange- lista são João põe na boca do próprio Jesus Cristo: "No último dia da festa, que é o mais solene, Jesus pôs-se em pé, e em voz alta dizia: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba quem crê em mim. Do seu seio, como diz a Escritura, manarão rios de água viva. Isto o disse pelo Espírito que haveriam de receber os que nele cressem" (Jo 7, 37-39). Ora, aos que escutavam essas palavras de Jesus, pelas quais ele prometia que do seu seio haveria de manar uma fonte "de água viva", certamente não lhes era difícil relacioná-las com os vaticínios com que Isaías, Ezequiel e Zacarias profetizavam o reino do Messias, e com a simbólica pedra que, golpeada por Moisés, de maneira milagrosa haveria de jor- rar água.
  • 5. 5 Eis que o Senhor Jesus torna a demonstrar o seu grande amor pelos homens: a revelação do Seu Sagrado Coração demonstra o quão grande é o Amor da Trindade que ultrapassa os seus próprios limites, surgindo, assim, o desejo de incluir o homem nesta dinâmica amorosa. O Amor divino jorra até ao homem e eis que este se vê cumulado das graças do Céu. Contudo, se o Amor de Deus por nós é tão imenso qual é, ou poder ser, a nossa respos- ta? Obviamente, nunca seremos capazes de amar à sua medida porque o homem, mar- cado pelo que é próprio da sua natureza, não é capaz de alcançar a perfeição e amplitu- de do amor divino. Assim, a nossa resposta ao Amor divino passa por tentativa de imita- ção por analogia, ou seja, uma tentativa, sempre aquém mas sempre válida, de viver como o Senhor Jesus viveu “nos anos da sua vida mortal”. Os padres da Igreja chama- vam a este processo a “Cristificação”, dado que o crente deseja ardentemente concreti- zar na sua vida a Vida de Cristo, na sua carne a Carne de Cristo. Eis a nossa resposta... Ó Sacratíssimo Coração de Jesus, que o teu Amor pelos homens seja sempre por nós aco- lhido e que saibamos reparar-te e desagravar-te por todos aqueles que não o acolhem. Meditação
  • 6. 6