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Elementos para implantação de cursos à distância
Keilla Carrijo de Paula1
, Edilson Ferneda2
, Maurício Prates de Campos Filho3
1
Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Campus I
Colégio de Aplicação ULBRA - Aplicação Virtual
Av. Beira Rio, 1001 – Nova Aurora – 75.523-200 Itumbiara, GO – Fone: +64 3431-8239/64
2
Diretoria de Tecnologia de Informação e Comunicação, Universidade Católica da Brasília (UCB)
Campus Universitário II – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
SGAN 916, Módulo B – Asa Norte, 70.790-160 Brasília, DF – Fone: +61 340-5550/159
3
Diretoria Técnico-Científica do Instituto UNIEMP
Av. Paulista 2198, 16º andar – 01.310-300 São Paulo, SP – Fone (011) 288-0466
keilla@netmaxi.com.br, eferneda@pos.ucb.br, prates@puc-campinas.edu.br
Resumo. A Educação à Distância é uma modalidade de ensino que tem sido utilizada a fim de
ampliar as possibilidades de acesso ao conhecimento. A aplicação da EAD proporciona, em
grande escala, a formação continuada de profissionais das mais variadas áreas, tendo como
uma de suas características a separação física entre professor e aluno. Nesta modalidade de
ensino, a interação pode ser mediada também através de tecnologias de informação e
comunicação, gerando um cenário de oportunidades e desafios para as instituições de ensino
superior. O uso das tecnologias de informação e comunicação pode ser visto como uma
estratégia de ampliação das possibilidades de acesso à educação, além de uma alternativa para
a socialização dos conhecimentos a um maior número de pessoas. Neste artigo, pretende-se
apontar elementos para implantação de cursos na modalidade à distância, apontando os
aspectos favoráveis e primordiais para implantação de cursos à distância apoiados em
tecnologias de comunicação e informação.
Palavras-Chave: Educação à distância, Aprendizagem virtual, Formação à distância.
1. Introdução
Uma sociedade baseada na informação, no aprendizado e no conhecimento tem a educação como
elemento chave. Porém, educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar as
pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação; trata-se de investir na criação de
competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e
serviços, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, tomar decisões
fundamentadas no conhecimento, bem como aplicar criativamente as novas mídias, em quaisquer que
sejam as aplicações.
Assim, as instituições de ensino precisam estar atentas para promover as alterações necessárias em
seus modelos de ensino, pois as profundas mudanças, que vêm ocorrendo na emergência de uma
sociedade fundada sobre a informação e o saber, têm provocado transformações na estrutura do trabalho e
do emprego.
A EAD tem sido considerada uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e
de democratização da informação, propiciando aos alunos uma diversidade de recursos humanos e
tecnológicos e podendo vir a colaborar de maneira bastante eficaz na formação continuada e na
preparação de profissionais para atuar no mercado mundial.
A utilização das modernas tecnologias de informação e comunicação para a EAD apresenta-se
como uma das respostas às necessidades de constante especialização e reciclagem da mão-de-obra atuante
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no setor produtivo, permitindo uma ampliação na oferta de cursos que possam ser realizados dentro da
própria organização interessada. Mas, para que estas tecnologias possam ser utilizadas para atingir
objetivos pedagógicos, é necessária uma estratégia de ensino-aprendizagem claramente definida, assim
como a existência de alguns elementos estruturais básicos com o qual professores e alunos possam contar.
Para construir um curso baseado nos padrões da modalidade de EAD, voltado para satisfazer às
necessidades dos alunos, muitas decisões e ações se fazem necessárias. Um aspecto ainda mais complexo
diz respeito ao fato de a EAD requerer que as instituições alterem significativamente sua concepção de
educação, suas políticas e procedimentos para criação e desenvolvimento de cursos, sistemas de
avaliação, etc. Enfim, implica em mudanças nos processos que envolvem a implantação e o
desenvolvimento de cursos, para que se possa atuar no campo da EAD.
Enfim, a EAD se apresenta na esfera pedagógica como mais uma opção metodológica que traz
consigo características próprias que impõem a necessidade de novas aprendizagens por parte de quem a
planeja, desenvolve e avalia, implicando, inclusive, na necessidade de que seja construída uma nova
maneira de compreender o processo de ensino-aprendizagem, isto porque o ensino e a aprendizagem que
acontecem no processo educativo à distância possuem muitas características distintas das identificadas na
educação presencial.
Neste contexto o objetivo deste artigo é descrever elementos para implantação de cursos à
distância, de acordo com um estudo realizado em duas instituições de ensino superior que oferecem
cursos na modalidade à distância.
2. Educação à Distância
A EAD é um recurso de grande importância como modo apropriado para atender a grandes contingentes
de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços
oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida.
Moran (2002) define a EAD como um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias,
onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.
Porém, Litwin (op. cit. In [FIUZA e MARTINS, 2002]) destaca que a EAD não mais se
caracteriza pela distância, uma vez que a virtualidade permite encontros cada vez mais efetivos que
possibilitam de fato a educação. Para a autora, o traço que distingue esta modalidade é a mediatização das
relações entre docentes e alunos.
A escolha da modalidade EAD, como meio de propiciar às instituições educacionais condições
para atender às novas demandas por ensino e treinamento ágil, e qualitativamente superior, baseiam-se na
compreensão de que, a EAD distingui-se como uma modalidade não convencional de educação, capaz de
atender com grande perspectiva de eficiência, eficácia e qualidade aos anseios de universalização do
ensino e também, como meio apropriado à permanente atualização dos conhecimentos gerados pela
ciência e cultura humana.
O Decreto nº 2.494/1998, que regulamenta o Artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº
9.394/1996), define EAD como "uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a
mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de
informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação".
(CAMPOS, 2002)
Pode-se classificar as experiências em EAD em três tipos, de acordo com a finalidade de cada
curso: (i) educação formal, (ii) educação não formal e (iii) transmissão para o desenvolvimento.
A educação formal se caracteriza por cursos que visam a uma graduação oficialmente reconhecida
e que enfatizam o conhecimento profissional e universal ao invés de práticas ocupacionais ou
treinamentos. É realizada de modo sistemático, onde uma etapa de aprendizagem serve de base para
possibilitar a aprendizagem das etapas seguintes.
A educação não formal é muito mais ampla do que a educação formal. A não formal presta
serviços aos setores da população que necessitam de um determinado aprendizado para melhorar sua
qualidade de vida, sua receita familiar ou o exercício de sua cidadania. Neste tipo de educação pode-se
identificar três categorias:
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Cursos de educação básica para adultos não pressupondo nenhuma graduação anterior;
Cursos dirigidos a pessoas que terminaram suas graduações e estão interessadas em complementar,
atualizar ou especializar seus conhecimentos;
A instrução que prepara o estudante para ingressar no sistema educacional formal.
Finalmente, o último tipo de educação é a transmissão para o desenvolvimento, ou seja, a instrução
é direcionada não somente para o desenvolvimento das habilidades individuais, mas também para ajudar
os indivíduos e grupos, contribuindo com objetivos sócio-econômicos nacionais, atuando na melhoria da
qualidade de vida das comunidades.
É importante ressaltar que a EAD é uma estratégia, uma metodologia de ensino a serviço da
Educação. Assim, a estrutura do curso, o currículo e os critérios de avaliação serão os mesmo aprovados
para os cursos convencionais. Serão diferentes apenas as atribuições do professor, a relação professor-
aluno, os meios usados para veicular a informação e a organização técnico-administrativa.
3. Tecnologias em EAD
Em sua trajetória, a EAD retrata os diversos momentos tecnológicos ao longo da história, através da
incorporação da televisão aberta e a cabo, do telefone, da Internet e da comunicação digital como
ferramentas tecnológicas do processo. As novas tecnologias têm um papel importante não só como meio
para distribuir as informações e os conhecimentos, mas principalmente como facilitadoras da interação
necessária a qualquer processo educativo, implicando novos papéis para os alunos e para os professores,
novas atitudes e novos enfoques metodológicos (CASSETTARI, 2001).
A utilização de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem presencial e/ou virtual tem
se apresentado como uma exigência e um desafio para as instituições de ensino superior. Em termos de
exigência, o uso de novas tecnologias vem se caracterizando como diferencial oferecido por instituições
que já as empregam.
O uso de recursos da informática pode enriquecer os ambientes de aprendizagem, à medida que
favorece a interação entre o aluno e o computador, ou seja, cada estudante é um sujeito ativo, e através
destes recursos pode obter informações e esclarecer suas dúvidas o mais breve possível. As atividades
desenvolvidas em tal ambiente buscam incentivar o questionamento, a reflexão sobre as próprias ações e
principalmente, a cooperação entre os agentes do processo de ensino-aprendizagem.
Considerando-se que toda a tecnologia pertinente deve ser utilizada na educação visando a
formação do pensamento crítico de estudantes e professores para a resolução de problemas, reconhece-se
que a EAD serve-se de diferentes mídias para a programação de aulas e transferências de material,
escolhendo a mídia adequada de acordo com o tipo de aluno e infra-estrutura disponível.
Segundo Lisboa (2002), o ferramental tecnológico utilizado pela EAD pode ser classificado em
dois grupos principais: um para a geração de material didático e outro para interação entre participantes e
informação/conhecimento, cada um deles subdividido em básicas e avançadas. Em função dos tipos de
mídia de distribuição da informação educacional, o ferramental tecnológico pode ser classificado como:
mídias síncronas (TV, rádio, chat, videoconferência) ou mídias assíncronas (texto, CD-Rom, audiotape,
vídeotape, Internet, e-mail).
O ferramental tecnológico deve ser usado pela metodologia do curso levando-se em conta os
limites individuais, distâncias espaciais e aspectos temporais, tecnológicos, e sócio-econômicos; deve
permitir que o aluno aprenda no seu contexto imediato, planeje no tempo e no espaço suas atividades de
estudo e siga o seu ritmo de aprendizagem (LISBOA, 2002).
A utilização de meios de comunicação ou mídias, promove as comunicações: professor/aluno,
aluno/aluno e aluno/instituição. As mídias são definidas como suporte para informações e possuem
características específicas em relação à linguagem e objetivos. Atualmente, diversas mídias são utilizadas
na EAD, cabendo destaque ao material impresso, vídeo, teleconferência, videoconferência e Internet
dentre outras.
4. Implantação de cursos à distância
Como decorrência da aprovação da então chamada nova LDB, em 1996, os recursos da EAD têm sido
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amplamente difundidos como modalidade de formação e como estratégia a ser incorporada pelas IES. As
atuais possibilidades das novas Tecnologias de Informação e Comunicação incentivam o rápido
crescimento da EAD como uma modalidade de ensino que permite aproximar o saber do aprendiz,
levando em conta os limites individuais, as distâncias espacial, temporal, tecnológica e sócio-econômica,
e promovendo sua interação com os indivíduos de seu meio ambiente.
Segundo a definição de Niskier (op. cit. in [LISBOA, 2002]), a EAD:
"... é a aprendizagem planejada que geralmente ocorre num local diferente do ensino e, por causa
disso, requer técnicas especiais de desenho de curso, técnicas especiais de instrução, métodos
especiais de comunicação através da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais
organizacionais e administrativos".
Pode-se relacionar esta definição a um plano de modelo sistêmico para EAD, criado por Moore &
Kearsley (op. cit. in [LISBOA, 2002]), que tem sido muito usado na elaboração de cursos à distância no
Brasil. Quando se fala em modelo sistêmico, para esse contexto, entende-se como sendo um plano
ordenado, coerente e sistemático, conforme a tabela 1.
Tabela 1: Modelo sistêmico para EAD
Tipo de Curso Design Implementação Interações Ambiente
- Necessidades dos
Alunos
- Filosofia da
Instituição
- Especialistas
- Estratégia
Pedagógica
- Design Instrucional
- Planejamento do
Curso
- Produção dos
Materiais
- Estratégias de
Avaliação
- Impresso
- Vídeo/Áudio
- Televisão/Rádio
- Softwares
- Videoconferência
- Redes de
Computadores
- Tutores
- Administração
- Colegas
- Trabalho
- Residência
- Sala de Aula
- Centros de
Aprendizagem
Fonte: Moore & Kearsley, (op. cit. in [LISBOA, 2002])
Pode-se citar outros modelos metodológicos que possuem características muito próximas do
modelo proposto por Moore & Kearsley. Conforme Lisboa (2002), o modelo proposto por Willis é
composto por 4 etapas principais: design, desenvolvimento, avaliação e revisão. Já Eastmond, baseia-se
no tripé diagnóstico-desenvolvimento-avaliação, considerando que o diagnóstico tem o mesmo peso do
desenvolvimento e da avaliação.
Para Porter (op. cit. in [DALMAU, 2002]), o processo de planejamento e construção de cursos,
através da utilização de meios tecnológicos capazes de levar em conta as bases científicas do
conhecimento, deve considerar certas variáveis que são: Público, Conteúdo, Meios Tecnológicos e Fases
de Implementação e Controle. No entanto, o modelo proposto por Moore & Kearsley (op. cit. in
[LISBOA, 2002]), apresenta-se como o mais detalhado, devido à sua abrangência e maior número de
variáveis.
A seguir, são descritas em linhas gerais as etapas principais (Tipo de curso, Design,
Implementação, Interações e Ambiente) pelas quais passa a elaboração de um curso na modalidade à
distância, considerando os princípios teórico-metodológicos do modelo sistêmico para EAD proposto por
Moore & Kearsley, sendo este o modelo que adotamos como referência neste artigo, principalmente pelo
diferencial que o modelo apresenta quanto a importância do diagnóstico e da filosofia da instituição.
4.1 Tipo de Curso
A definição do tipo de curso a ser criado depende de variáveis previamente analisadas pela equipe de
trabalho responsável pela sua estruturação. Pode-se citar as seguintes variáveis consideradas decisivas no
momento de estruturação do curso: Necessidades dos Alunos, Filosofia da Instituição, Especialistas e
Estratégias Pedagógicas.
Quanto à formação de professores, as atividades dos alunos e as estruturas de suporte, cada tipo de
curso requer uma abordagem. Embora a EAD possa ser utilizada em programas de Graduação, Extensão e
Pós-Graduação, com variações nos encontros presenciais e no design dos cursos, Lisboa (2002) ressalta a
importância de se atentar para os modelos e critérios já consolidados na modalidade presencial, e deixar
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claras as inovações, para que os alunos estejam cientes das formas adequadas de proceder em situações
diferenciadas.
4.2 Design
O design de um curso à distância engloba algumas atividades que por sua vez são compostas por tarefas
que, de uma forma geral, compõem uma parte importante da estruturação de um curso na modalidade à
distância. Dentre estas atividades pode-se citar o Design Instrucional, o Planejamento do Curso, a
Produção de Materiais e as Estratégias de Avaliação.
4.3 Implementação
A etapa de implementação é quando se inicia a execução do programa do curso. Para Campos (2002):
"... esta fase refere-se à efetiva entrega para uso da instrução, e deve fornecer aos alunos compreensão
do material, suporte aos objetivos do curso e garantia aos alunos da transferência do conhecimento do
conjunto instrucional para o trabalho."
Para que haja comunicação, é necessário o uso do meio de comunicação, da mídia utilizada no
curso - material impresso, áudio, vídeo, teleconferência, videoconferência, internet, software, CD-ROM,
que atua como um filtro na comunicação, diferenciando-a da presencial.
O processo de apropriação do ferramental pedagógico e tecnológico do curso deverá ocorrer nesta
fase em que a programação do curso, bem como o material impresso e eletrônico a ser usado já devem
estar prontos.
4.4 Interações
Na EAD, a interação não se dá apenas entre aluno e material instrucional, aluno e tutor, alunos entre si,
alunos e instituição de ensino, mas, também, entre os demais elementos que fazem parte do universo do
aluno (família, trabalho, classe, outros grupos a que pertença).
As tecnologias de informação e comunicação oferecem possibilidades inéditas de interação
mediatizada (professor/aluno; estudante/estudante) e de interatividade com materiais de boa qualidade e
grande variedade. As técnicas de interação mediatizada criadas pelas redes telemáticas (e-mail, listas e
grupos de discussão, web sites, etc.) apresentam grandes vantagens, pois permitem combinar a
flexibilidade da interação humana com a independência no tempo e no espaço, sem com isso perder a
velocidade; segundo Belloni (op. cit. in [LISBOA, 2002]).
Com o apoio dos recursos tecnológicos, a interação aluno/aluno pode ser conseguida através de
chats, fóruns, listas de discussão, atividades e exercícios em grupo, trocas de e-mail, etc; podendo desta
forma se configurar a formação de "comunidades colaborativas de aprendizagem".
4.5 Ambiente
A EAD proporciona ao aluno a possibilidade de estudo em novos ambientes de aprendizagem, liberando
as pessoas da necessidade de freqüentar uma sala de aula, um espaço fixo para estudo, ou seja, a
educação pode ser levada onde o aluno quiser estudar. Não tendo mais espaço fixo para aprendizagem, o
aluno fica livre para aprender quando e onde quiser. Estes podem ser considerados pontos-chave da
flexibilidade que os cursos oferecidos à distância proporcionam aos seus alunos.
Parte-se de um conceito muito simples: alunos e professores estão separados por uma certa
distância e, às vezes, pelo tempo. A modalidade à distância modifica a idéia de que, para existir ensino,
seria sempre necessário contar com a figura do professor em um mesmo local (sala de aula, trabalho,
residência, centros de aprendizagem) que um grupo de estudantes.
De acordo com as etapas que compõem a elaboração de um curso à distância, quando
desenvolvido dentro dos princípios teórico-metodológicos propostos por Moore & Kearsley (op. cit. in
[LISBOA, 2002]), de uma forma geral, podem-se realçar alguns aspectos:
Um curso oferecido à distância deve privilegiar o enfoque pedagógico, e não o tecnológico;
Um projeto instrucional de EAD deve ter objetivos, público-alvo e expectativas bem definidas;
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Para que os cursos e programas atendam às expectativas dos alunos, é importante o planejamento, a
definição das equipes, bem como o comprometimento institucional;
O conteúdo também deve atender às necessidades e expectativas dos alunos, além de estar integrado
aos meios tecnológicos escolhidos para o curso;
Na EAD, o contato entre educador e educando se dá na forma indireta. A metodologia utilizada deve
fazer com que os conteúdos sejam tratados e organizados de forma que os educandos tenham condição
de aprender sem a presença do educador;
Deve-se garantir a escolha de mídias apropriadas que possam dar suporte ao ambiente a ser criado,
com uma boa relação de custos, vantagens e benefícios, tanto financeiros quanto pedagógicos;
Deve-se estimular a formação de comunidades virtuais entre os alunos do grupo;
A metodologia empregada deve oferecer flexibilidade de estudo para o aluno, possibilitando que ele
aprenda em seu próprio ritmo e nos ambientes que considerar melhor.
Ao planejar um curso à distância, é importante que o projeto pedagógico esteja adequado à
metodologia do curso e integrado ao ferramental tecnológico disponível.
Quanto ao público alvo do curso, deve-se obrigatoriamente conhecer o seu perfil. Considerando a
análise do conteúdo, torna-se de suma importância definir a melhor abordagem e forma de tratá-lo. Ao se
optar por utilizar determinado meio tecnológico, salienta-se a importância de se atender a certos aspectos
pedagógicos que definam e maximizem a adequação das mídias às necessidades do aluno e à adaptação
do conteúdo, bem como a certos aspectos administrativos, dentre outros.
A fim de compor um diagnóstico de pré-implantação de um curso à distância, ressalta-se a
necessidade que os seguintes dados sejam observados e levantados:
Levantamento do público-alvo e suas necessidades;
Pré-requisitos, contexto social, geográfico e tecnológico;
Expectativas do professor e, se possível, dos alunos;
Formulação de objetivos gerais e específicos;
Definição de conteúdos;
Cronograma de desenvolvimento e implantação do projeto .
5. Elementos para implantação de cursos à distância
Com intuito identificar aspectos fundamentais para implantação de um curso à distância, foi necessário
conhecer experiências de EAD já realizadas, a análise foi feita com base em entrevistas realizadas, através
de um roteiro para levantamento de dados, sendo aplicado em duas instituições que oferecem cursos nesta
modalidade.
Foram realizadas entrevistas estruturadas através de um roteiro para levantamento de dados, com o
objetivo principal de obter informações sobre o processo de implantação e desenvolvimento de um curso
à distância, tendo sido realizadas em duas IES, uma pública e uma privada. As entrevistas ocorreram em
dois momentos, primeiramente realizada por meio de conversa informal e também escrita e
posteriormente gravada, para então compor os dados relevantes para a pesquisa.
Basicamente, a pesquisa pretendeu verificar na prática os pontos principais para implantação de
um curso nos padrões da EAD, onde a proposta de implantação de um curso à distância é gerar um ensino
flexível, basicamente realizado à distância.
Os elementos a serem apresentados, além de estarem embasados nos dados levantados,
fundamentam-se também no modelo sistêmico para EAD de Moore & Kearsley (tabela 1), e referem-se a
seis itens considerados primordiais para o sucesso da EAD, sendo eles: a instituição, o planejamento,
projeto pedagógico, aspectos tecnológicos, o professor e os alunos.
5.1 Instituição
As diferenças entre o ensino presencial e à distância exigem tanto do aluno quanto do professor novas
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posturas e novos conhecimentos, cabendo à instituição, parte da responsabilidade em favorecer este
processo de formação e informação em EAD.
A necessidade dessa informação dos dirigentes sobre o que é um curso à distância é uma das
maiores dificuldades encontradas na implantação de um curso. Outra dificuldade é a formação de uma
equipe multidisciplinar. Logo, cabe o treinamento dos profissionais da IES que queira implantar EAD.
Pode-se também salientar a importância do suporte pedagógico bem como do tecnológico. Com
isso, verifica-se que é fundamental organizar a preparação e o acompanhamento permanente dos
professores e dos alunos, assim como, de toda equipe de professores e de designers de informática
envolvidos. Todos devem ter clareza das características da EAD e da Proposta Pedagógica do Curso para
que as práticas não se tornem individualizadas, mas sim que todos se sintam como peças de uma
engrenagem, garantindo assim a ação conjunta em prol da qualidade do curso em todos seus segmentos.
A instituição deve ter claro, o quanto é necessário que se tenha uma equipe de professores e de
designers de informática capacitados, evitando assim dificuldades, como as citadas pelas instituições.
A decisão de uma IES em promover um curso à distância envolve muitos fatores. Apesar do
empenho em promover EAD ser considerável, vária instituição esbarram na falta de recursos, e outras
contam com recursos, porém limitados, necessitando de adequação. Mesmo havendo o interesse em fazer
investimentos, não há recursos para tal, principalmente quando se trata de recursos físicos.
Tendo em vista que a EAD é uma modalidade de ensino que as instituições educacionais têm
procurado aderir, vale ressaltar toda uma responsabilidade que recai sobre a IES, pois considera-se que a
instituição é a base para todos os outros segmentos que interferem e são decisivos no sucesso da EAD.
5.2 Planejamento
É através do planejamento que a IES tem possibilidade de definir como será o processo de implantação do
curso, ou seja, os passos a serem seguidos para implantação de um curso à distância, devendo ter como
foco principal o porque de se buscar a implantação de um curso à distância, definindo os objetivos do
curso a ser implantado e, principalmente, ter claras quais as estratégias, tanto para área tecnológica quanto
para a área pedagógica, a serem seguidas em um projeto deste âmbito.
Outros critérios importantes que devem ser considerados no planejamento são os seguintes:
1) Definição do tipo de curso;
2) Análise da viabilidade;
3) Definição do perfil do público-alvo;
4) Alocação de recursos físicos e tecnológicos;
5) Criação de um Projeto Pedagógico, que dê possibilidades de se criar uma equipe multidisciplinar
que promova o maior envolvimento de professore e alunos;
6) Criação de um ambiente virtual de curso, de fácil acesso, com interface amigável, com facilidade de
manutenção e navegabilidade, capaz de controlar os cursos à distância e principalmente promover
uma interação significativa entre professores e alunos.
Em se tratando de cursos de pós-graduação lato sensu à distância, é necessário que se definam no
planejamento as etapas a serem realizadas para reconhecimento do curso pelo MEC, pois conforme o
Conselho Nacional de Educação, no artigo 11, a Resolução nº 1, de 2001, e conforme o disposto no § 1º
do art. 80 da Lei nº 9.394, de 1996, os cursos de pós-graduação lato sensu à distância só poderão ser
oferecidos por instituições credenciadas pela União. Tais cursos deverão incluir necessariamente provas
presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de conclusão de curso.
Para tanto, é necessário a elaboração de um projeto. Segundo o relatório final da Comissão
Assessora para Educação Superior à Distância do MEC, os elementos para compor um projeto de curso
superior à distância são:
Processo de ensino e aprendizagem e organização curricular;
Equipe multidisciplinar;
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Material didático;
Interação de alunos e professores;
Avaliação de ensino e de aprendizagem;
Infra-estrutura de apoio;
Gestão;
Custos.
Ainda conforme o relatório final da comissão assessora para Educação Superior à Distância, de
agosto de 2002:
“O projeto de educação à distância desenvolvido deve ser coerente com o projeto pedagógico e não
pode ser uma mera transposição do presencial, pois possui características, linguagem e formato
próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos,
tecnológicos e pedagógicos condizentes com esse formato. Em outras palavras, a educação à distância
tem identidade própria, não estando limitada a uma concepção supletiva do ensino presencial.”
5.3 Projeto Pedagógico
Acredita-se que qualquer ação educacional, não importando a modalidade de ensino, deva partir
inicialmente de uma proposta pedagógica clara que direcione qualquer decisão a ser tomada dentro de um
curso. Na elaboração dessa proposta, vários aspectos devem ser observados para que todos os envolvidos
possam trabalhar de forma coletiva dentro de um objetivo comum.
Entende-se que a integração de mídias interativas como a Internet, diminui algumas limitações nos
cursos à distância, como por exemplo a limitação da comunicação encontrada na mídia impressa, além de
proporcionar variadas possibilidades de estudo ao aluno, atendendo às diferentes formas de aprender.
A formação do novo profissional irá requerer um novo princípio educativo que dê conta do
desenvolvimento de capacidades para lidar com a rapidez das mudanças na sociedade da informação.
Há que se substituir a pedagogia que poderia chamar de tradicional, por uma pedagogia que
desenvolva competências como aprender a buscar informações, compreendê-las e saber utilizá-las na
resolução de problemas.
Assim como é importante a preparação dos professores para o ensino-aprendizagem à distância,
também considera-se importante esta preparação para os alunos envolvidos em um curso à distância. Para
tanto, a proposta pedagógica deve ter como perspectiva o intuito de ajudar o aluno a controlar sua própria
aprendizagem, até mesmo com relação ao tempo.
Todos precisam ter clareza de seus papéis dentro da proposta pedagógica planejada, para que haja
comprometimento com a qualidade, seja na revisão, edição e diagramação de um material, no
atendimento direto ao aluno ou em qualquer outra atividade desenvolvida em um curso.
O sistema de avaliação também é fator importante a ser definido no projeto pedagógico, onde
devem-se ter claras as fases que irão compor um processo de avaliação, sendo que ao definir as diretrizes
pedagógicas, automaticamente, estar-se-ia indicando o tipo de avaliação a ser adotado. Salientando a sua
importância, não é possível que se tenha toda uma preocupação com a construção de um ambiente de
aprendizagem adequado ao perfil do aluno e diretrizes educacionais inovadoras se, ao final por exemplo,
os alunos fossem avaliados tradicionalmente, ou seja, sem possibilidades de reflexão sobre seu
aprendizado, sem autonomia para avaliar o processo e, principalmente, sem um feedback dos resultados.
O projeto pedagógico deve ser elaborado de forma que o curso promovido atenda às expectativas
do público envolvido, haja vistas algumas características comuns aos alunos de graduação interessados
em participar de cursos à distância, como busca por capacitação, possibilidade de conciliar trabalho e
estudo e para os professores, a flexibilidade em conciliar o trabalho com outras IES bem como motivação
para se envolver em EAD.
Alguns aspectos podem ser observados para que se ofereça um curso à distância que atenda às
exigências do contexto atual, quando definida uma proposta pedagógica que prime pelos seguintes itens:
diretrizes baseadas na educação do adulto;
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comunicação de "mão dupla" e garantia da interação;
sistema de preparação e acompanhamento de alunos, professores e envolvidos para o ensino-
aprendizagem à distância;
logística de implementação e execução do curso;
ambiente de aprendizagem on-line interativo e propulsor do estudo mais independente;
cuidados especiais com a produção do material didático.
É neste contexto que o projeto pedagógico deve procurar meios para evitar situações onde, por
vezes, não há aproveitamento dos alunos, pois o aproveitamento dos alunos em EAD depende em grande
parte dos próprios envolvidos (alunos e professores).
Tem-se claro que a preocupação com as orientações pedagógicas de todo projeto do curso, a fim
de construir ambientes de aprendizagem para o ensino à distância, é um elemento fundamental para o seu
bom desenvolvimento.
5.4 Aspectos Tecnológicos
Entende-se que as novas tecnologias de informação e comunicação estão contribuindo para a
transformação do aprendizado. Por meio dessas tecnologias, espaços mais abertos se constroem, como é o
caso da EAD, possibilitando aos profissionais aprender permanentemente, solucionando os problemas de
falta de acesso à educação e das dificuldades de estudo em local e horário rígidos.
Quando se trata da construção de um ambiente virtual, um curso não deve apenas reproduzir as
aulas convencionais e sim possuir um sistema de acompanhamento do aluno on-line, que oriente a um
estudo mais independente, e que seja mais interativo, aproveitando, atualmente, o potencial da Internet
para disponibilizar variadas opções, promovendo a utilização de ferramentas como e-mail, lista de
discussão e Chat.
A variedade de recursos usados para disponibilizar materiais, pode levar a menos interferência do
professor e maior independência do aluno. Portanto, é fundamental que se definam as mídias que darão
suporte ao curso. O que se percebe, é que a utilização da Internet, consorciada outras formas de
comunicação, possibilita a construção de espaços onde as pessoas podem interagir e estabelecer trocas
que atendam aos seus interesses e que produzam conhecimento de forma colaborativa.
De acordo com a pesquisa realizada, percebe-se que o uso da Internet integrada a outras mídias,
apresenta-se como uma das alternativas mais utilizadas no desenvolvimento de modelos de cursos à
distância, possibilitando, de acordo com suas características, formar um número maior de profissionais,
sem tirá-los de seu ambiente de trabalho.
Enfim, trabalhar com mídias integradas, seja priorizando ou não a Internet, ou outra mídia
utilizada em cursos à distância, é um dos pontos principais do sucesso da EAD, mas não garante o êxito
para ensinar e aprender à distância, principalmente se não houver preocupação com a base pedagógica
aliada à tecnológica.
5.5 Professor
Através da pesquisa pôde-se constatar a necessidade do professor ser orientado com relação a EAD. As
ferramentas tecnológicas estão facilitando e motivando a interação professor-aluno. No entanto aqui
constata-se um novo paradigma, onde os professores de EAD precisam de mais tempo de dedicação aos
alunos, pois dentre as várias atribuições do professor, há uma grande diferença entre se reunir e atender a
uma classe de 30 a 40 alunos e responder seus e-mails.
Deve-se chamar a atenção para o treinamento prévio nas ferramentas tecnológicas disponíveis para
alunos e professores. Este tipo de problema ocorre e é facilmente solucionável, não havendo, neste
sentido, a necessidade de se estabelecer pré-requisitos para realizar um curso à distância.
Se faz necessário, que o professor receba orientações de como utilizar as mídias escolhidas para
suporte ao curso, ou seja, um treinamento, a fim de que possa apresentar o conteúdo, atividades e até
realizar avaliações.
Quando se fala, do que se espera do profissional hoje e, cada vez mais, no futuro, fica clara a
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Vol. 2 – nº7 Maio 2004
necessidade de investir no treinamento do educador que é o responsável pela formação destes indivíduos
que, estarão amanhã no mercado de trabalho.
5.6 Alunos
Deve-se considerar o aluno, como sendo na verdade, um dos focos principais dos objetivos a serem
atingidos desde o início do projeto do curso. A partir do momento em que uma IES opta por promover um
curso à distância, e para tal inicia a execução de um projeto, busca-se em todos os sentidos, oferecer ao
aluno a total satisfação.
Propósitos muito importantes norteiam o sucesso de um curso à distância no que se refere aos
alunos, principalmente quando considera-se que o aprendizado pode ser parcialmente prejudicado pelo
fato de ser a distância. Assim, dentre estes propósitos pode-se citar:
apoiar a motivação e o interesse do aluno;
buscar uma interação eficaz entre professor/aluno e aluno/aluno;
apoiar e facilitar a aprendizagem do aluno, promovendo a troca de comentários, explicações e
orientações;
descobrir deficiências do curso que possam ser modificadas;
proporcionar ao aluno visualizar sua situação e suas necessidades educacionais;
oferecer ao aluno, um ambiente virtual que realmente facilite sua interação com o grupo de estudo,
procurando sempre atender às expectativas dos mesmos.
Um outro aspecto fundamental a ser definido na proposta de um curso à distância é que muitas
vezes o aluno tem uma série de dificuldades que precisam ser cuidadosamente trabalhadas,
principalmente porque a cultura educacional é presencial. Manter o aluno ativo e elaborar um desenho
instrucional que atenda a distintos perfis de alunos são desafios que precisam de boas soluções.
Assim, entende-se que antes de iniciar o curso, o aluno precisa ser preparado para aprender à
distância. Para isso, essa preparação deve dar ao aluno:
entendimento do que é educação à distância;
suas vantagens e seus limites;
os papéis de cada agente envolvido no curso;
a importância do cumprimento dos papéis para o sucesso do curso;
as características e hábitos necessários ao aluno para estudar a distância;
entendimento do modelo do curso: proposta pedagógica, objetivos, conteúdos, atividades, avaliação;
compreensão da metodologia de estudo e uso das mídias.
O que se observa é que tanto o envolvimento quanto o comprometimento que o aluno irá
demonstrar no decorrer de um curso à distância, são decorrentes tanto do interesse de cada um em se
especializar, quanto do que a instituição propõe ao aluno através de um curso específico, estruturado por
um projeto pedagógico, apoiado em ambientes tecnológicos diversos, influenciados pela relação direta
entre professores e alunos.
Na figura 1, mostra-se a relação entre os elementos apontados para EAD neste artigo, onde a
Instituição promove o planejamento que por sua vez está diretamente ligado ao Projeto Pedagógico e ao
Aspecto Tecnológico que relacionam-se entre si e, conseqüentemente, exercem influência na relação de
professores e alunos que, também, interagem comumente.
Propósitos muito importantes norteiam o sucesso da EAD, e espera-se que este artigo contribua
para o processo educacional à distância e dê suporte ao desenvolvimento de novos sistemas de preparação
de cursos à distância.
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Instituição Planejamento
Projeto
Pedagógico
Professores
Aspecto
Tecnológico
Alunos
Figura 1: Relação entre os elementos apontados
6. Conclusão
A EAD é uma modalidade de ensino que vem se desenvolvendo consideravelmente e o avanço das
tecnologias de informação e comunicação tem proporcionado uma revolução na forma de comunicação
humana, ampliando as possibilidades de uso dessas tecnologias no processo de educação.
A EAD, tradicionalmente marcada pelas mídias tradicionais como material impresso, televisão e
rádio, vem assumindo hoje uma concepção totalmente nova, devido aos avanços das novas tecnologias de
informação e comunicação. Os recursos oferecidos pelas novas tecnologias, principalmente através da
Internet, fazem com que a EAD deixe de ser apenas uma alternativa para as pessoas impedidas de ter
acesso à educação formal, e passe a ser uma modalidade de educação flexível, que vem acrescentar ao
sistema tradicional uma modalidade inovadora e de qualidade, além de viabilizar a educação continuada.
Embora o conhecimento seja universal e o método para a EAD pareça coletivo, é no âmbito do
indivíduo que se processa o aprendizado. O processo de mudança está associado às pessoas que
aprimoram continuamente suas capacidades de criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir. Ou
seja, o próprio aluno é o agente de seu desenvolvimento. Este expressa sua verdadeira satisfação quando a
comunicação, a aplicação e o interesse permeiam o processo de aprendizagem.
Portanto, o aluno é considerado parte essencial no processo de EAD, necessitando de motivação,
acompanhamento, esclarecimento quanto às suas dúvidas, ser sempre informado quanto ao nível de sua
evolução e quanto aos procedimentos adotados no curso. Enfim, sentir-se parte integrante e fundamental
neste modelo de educação, que necessita de sua dedicação, sendo este um dos fatores determinantes para
seu sucesso no curso.
É importante destacar que o processo de EAD demanda especialistas que desenvolvam um projeto
pedagógico que busque envolver o aluno com o desafio de aprender, estabelecendo uma relação de
colaboração entre educando e educador, incentivando a participação ativa de todo o grupo.
A análise das IES que oferecem cursos à distância foi realizada para que se pudessem verificar as
características e funcionalidades que normalmente são apresentadas em cursos na modalidade EAD.
Considerando que o objetivo deste artigo foi propor elementos para EAD, através da avaliação de
programas de EAD, pode-se concluir que todo projeto para implantação de cursos na modalidade à
distância requer, em primeira instância, o comprometimento e a decisão da IES em promover EAD, pois é
a instituição que dará condições para que seja elaborado um planejamento que trace as estratégias a serem
seguidas para se implantar um curso à distância.
Por intermédio da IES, um planejamento é elaborado e através dele constitui-se a proposta
pedagógica que irá nortear o desenvolvimento do curso, bem como as tecnologias necessárias para
oferecer um ambiente de suporte a ele. Porém, é a partir do projeto pedagógico que se estrutura o curso,
criando possibilidades de um maior envolvimento e interação de professores e alunos.
É importante a combinação que se vai fazer entre o que se oferece pedagogicamente e os objetivos
educacionais, as ferramentas, o objeto de estudo (conteúdo) e a “clientela", que juntos darão um corpo
metodológico a um programa educacional. No caso da EAD, fará diferença não somente a “forma” e o
“como”, mas também o recurso tecnológico usado, que deverá ser o mais adequado.
Entretanto, deseja-se hoje com a EAD, promover a educação em que o indivíduo é trabalhado para
desenvolver sua autonomia, capacidade de pensar, de resolver problemas, de tomar decisões, de aprender
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a aprender. Trata-se de investir na criação de competências e isso não virá apenas pela democratização do
acesso à educação, mas pela qualidade do processo educativo.
Assim, faz-se necessário optar por uma concepção de EAD como educação, e não somente como
ensino. Há de se pensar a EAD de forma abrangente, com preocupações que vão além do produto em si,
com resgate do valor didático do próprio processo.
7. Referências Bibliográficas
CAMPOS, G. Modelos para Design de Projetos de EAD. 2002. Disponível em: <http://www.timater.
com.br/revista/colunistas/ler_colunasemp.asp?cod=359> Acesso em: 10 mai. 2002.
CASSETTARI, I.S. Modelo de Análise Qualitativa Aplicado à Avaliação de Programas de Ensino Via
Internet. 2001. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção)-
Universidade Federal de Santa Catarina.
DALMAU, M. B. L; LOBO, E; VALENTE, A. M. Planejamento na Educação à Distância: Análise de
informações objetivando definir o meio mais indicado para ser utilizado em Cursos de Capacitação
Profissional. 2002. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2002/trabalhos/texto20.htm>.
Acesso em: 25 out. 2002.
FIUZA, P. J.; MARTINS, A. Conceitos, características e importância da motivação no acompanhamento
ao aluno distante. In: Anais do Congreso de Educación a Distancia MERCOSUR/SUL realizado em
Antofagasta, Chile nos dias 06 a 09 de agosto de 2002. Disponível em: <http://www.iua.edu.ar/
Eventos_especiales/Cread_2002/PDF/2-br-Patricia%20Jantsch%20F_Alejandro%20Rodrigues%20M.
pdf >Acesso em: 25 out. 2002.
LISBOA. P. Educação à Distância: Abordagens teórico-metodológicas para um modelo sistêmico. 2002.
Disponível em <http://www.oficinadofuturo.com.br/textos/texto_MODELO_SISTEM_EAD.htm>.
Acesso em: 19 set. 2002.
MORAN, J. M. Ensino e Aprendizagem inovadores com tecnologias. 2002. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/ prof/moran.> Acesso em: 25 set. 2002.

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Elementos para criação de curso EAD

  • 1. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 Elementos para implantação de cursos à distância Keilla Carrijo de Paula1 , Edilson Ferneda2 , Maurício Prates de Campos Filho3 1 Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Campus I Colégio de Aplicação ULBRA - Aplicação Virtual Av. Beira Rio, 1001 – Nova Aurora – 75.523-200 Itumbiara, GO – Fone: +64 3431-8239/64 2 Diretoria de Tecnologia de Informação e Comunicação, Universidade Católica da Brasília (UCB) Campus Universitário II – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa SGAN 916, Módulo B – Asa Norte, 70.790-160 Brasília, DF – Fone: +61 340-5550/159 3 Diretoria Técnico-Científica do Instituto UNIEMP Av. Paulista 2198, 16º andar – 01.310-300 São Paulo, SP – Fone (011) 288-0466 keilla@netmaxi.com.br, eferneda@pos.ucb.br, prates@puc-campinas.edu.br Resumo. A Educação à Distância é uma modalidade de ensino que tem sido utilizada a fim de ampliar as possibilidades de acesso ao conhecimento. A aplicação da EAD proporciona, em grande escala, a formação continuada de profissionais das mais variadas áreas, tendo como uma de suas características a separação física entre professor e aluno. Nesta modalidade de ensino, a interação pode ser mediada também através de tecnologias de informação e comunicação, gerando um cenário de oportunidades e desafios para as instituições de ensino superior. O uso das tecnologias de informação e comunicação pode ser visto como uma estratégia de ampliação das possibilidades de acesso à educação, além de uma alternativa para a socialização dos conhecimentos a um maior número de pessoas. Neste artigo, pretende-se apontar elementos para implantação de cursos na modalidade à distância, apontando os aspectos favoráveis e primordiais para implantação de cursos à distância apoiados em tecnologias de comunicação e informação. Palavras-Chave: Educação à distância, Aprendizagem virtual, Formação à distância. 1. Introdução Uma sociedade baseada na informação, no aprendizado e no conhecimento tem a educação como elemento chave. Porém, educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação; trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, bem como aplicar criativamente as novas mídias, em quaisquer que sejam as aplicações. Assim, as instituições de ensino precisam estar atentas para promover as alterações necessárias em seus modelos de ensino, pois as profundas mudanças, que vêm ocorrendo na emergência de uma sociedade fundada sobre a informação e o saber, têm provocado transformações na estrutura do trabalho e do emprego. A EAD tem sido considerada uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e de democratização da informação, propiciando aos alunos uma diversidade de recursos humanos e tecnológicos e podendo vir a colaborar de maneira bastante eficaz na formação continuada e na preparação de profissionais para atuar no mercado mundial. A utilização das modernas tecnologias de informação e comunicação para a EAD apresenta-se como uma das respostas às necessidades de constante especialização e reciclagem da mão-de-obra atuante
  • 2. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 no setor produtivo, permitindo uma ampliação na oferta de cursos que possam ser realizados dentro da própria organização interessada. Mas, para que estas tecnologias possam ser utilizadas para atingir objetivos pedagógicos, é necessária uma estratégia de ensino-aprendizagem claramente definida, assim como a existência de alguns elementos estruturais básicos com o qual professores e alunos possam contar. Para construir um curso baseado nos padrões da modalidade de EAD, voltado para satisfazer às necessidades dos alunos, muitas decisões e ações se fazem necessárias. Um aspecto ainda mais complexo diz respeito ao fato de a EAD requerer que as instituições alterem significativamente sua concepção de educação, suas políticas e procedimentos para criação e desenvolvimento de cursos, sistemas de avaliação, etc. Enfim, implica em mudanças nos processos que envolvem a implantação e o desenvolvimento de cursos, para que se possa atuar no campo da EAD. Enfim, a EAD se apresenta na esfera pedagógica como mais uma opção metodológica que traz consigo características próprias que impõem a necessidade de novas aprendizagens por parte de quem a planeja, desenvolve e avalia, implicando, inclusive, na necessidade de que seja construída uma nova maneira de compreender o processo de ensino-aprendizagem, isto porque o ensino e a aprendizagem que acontecem no processo educativo à distância possuem muitas características distintas das identificadas na educação presencial. Neste contexto o objetivo deste artigo é descrever elementos para implantação de cursos à distância, de acordo com um estudo realizado em duas instituições de ensino superior que oferecem cursos na modalidade à distância. 2. Educação à Distância A EAD é um recurso de grande importância como modo apropriado para atender a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. Moran (2002) define a EAD como um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Porém, Litwin (op. cit. In [FIUZA e MARTINS, 2002]) destaca que a EAD não mais se caracteriza pela distância, uma vez que a virtualidade permite encontros cada vez mais efetivos que possibilitam de fato a educação. Para a autora, o traço que distingue esta modalidade é a mediatização das relações entre docentes e alunos. A escolha da modalidade EAD, como meio de propiciar às instituições educacionais condições para atender às novas demandas por ensino e treinamento ágil, e qualitativamente superior, baseiam-se na compreensão de que, a EAD distingui-se como uma modalidade não convencional de educação, capaz de atender com grande perspectiva de eficiência, eficácia e qualidade aos anseios de universalização do ensino e também, como meio apropriado à permanente atualização dos conhecimentos gerados pela ciência e cultura humana. O Decreto nº 2.494/1998, que regulamenta o Artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/1996), define EAD como "uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação". (CAMPOS, 2002) Pode-se classificar as experiências em EAD em três tipos, de acordo com a finalidade de cada curso: (i) educação formal, (ii) educação não formal e (iii) transmissão para o desenvolvimento. A educação formal se caracteriza por cursos que visam a uma graduação oficialmente reconhecida e que enfatizam o conhecimento profissional e universal ao invés de práticas ocupacionais ou treinamentos. É realizada de modo sistemático, onde uma etapa de aprendizagem serve de base para possibilitar a aprendizagem das etapas seguintes. A educação não formal é muito mais ampla do que a educação formal. A não formal presta serviços aos setores da população que necessitam de um determinado aprendizado para melhorar sua qualidade de vida, sua receita familiar ou o exercício de sua cidadania. Neste tipo de educação pode-se identificar três categorias:
  • 3. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 Cursos de educação básica para adultos não pressupondo nenhuma graduação anterior; Cursos dirigidos a pessoas que terminaram suas graduações e estão interessadas em complementar, atualizar ou especializar seus conhecimentos; A instrução que prepara o estudante para ingressar no sistema educacional formal. Finalmente, o último tipo de educação é a transmissão para o desenvolvimento, ou seja, a instrução é direcionada não somente para o desenvolvimento das habilidades individuais, mas também para ajudar os indivíduos e grupos, contribuindo com objetivos sócio-econômicos nacionais, atuando na melhoria da qualidade de vida das comunidades. É importante ressaltar que a EAD é uma estratégia, uma metodologia de ensino a serviço da Educação. Assim, a estrutura do curso, o currículo e os critérios de avaliação serão os mesmo aprovados para os cursos convencionais. Serão diferentes apenas as atribuições do professor, a relação professor- aluno, os meios usados para veicular a informação e a organização técnico-administrativa. 3. Tecnologias em EAD Em sua trajetória, a EAD retrata os diversos momentos tecnológicos ao longo da história, através da incorporação da televisão aberta e a cabo, do telefone, da Internet e da comunicação digital como ferramentas tecnológicas do processo. As novas tecnologias têm um papel importante não só como meio para distribuir as informações e os conhecimentos, mas principalmente como facilitadoras da interação necessária a qualquer processo educativo, implicando novos papéis para os alunos e para os professores, novas atitudes e novos enfoques metodológicos (CASSETTARI, 2001). A utilização de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem presencial e/ou virtual tem se apresentado como uma exigência e um desafio para as instituições de ensino superior. Em termos de exigência, o uso de novas tecnologias vem se caracterizando como diferencial oferecido por instituições que já as empregam. O uso de recursos da informática pode enriquecer os ambientes de aprendizagem, à medida que favorece a interação entre o aluno e o computador, ou seja, cada estudante é um sujeito ativo, e através destes recursos pode obter informações e esclarecer suas dúvidas o mais breve possível. As atividades desenvolvidas em tal ambiente buscam incentivar o questionamento, a reflexão sobre as próprias ações e principalmente, a cooperação entre os agentes do processo de ensino-aprendizagem. Considerando-se que toda a tecnologia pertinente deve ser utilizada na educação visando a formação do pensamento crítico de estudantes e professores para a resolução de problemas, reconhece-se que a EAD serve-se de diferentes mídias para a programação de aulas e transferências de material, escolhendo a mídia adequada de acordo com o tipo de aluno e infra-estrutura disponível. Segundo Lisboa (2002), o ferramental tecnológico utilizado pela EAD pode ser classificado em dois grupos principais: um para a geração de material didático e outro para interação entre participantes e informação/conhecimento, cada um deles subdividido em básicas e avançadas. Em função dos tipos de mídia de distribuição da informação educacional, o ferramental tecnológico pode ser classificado como: mídias síncronas (TV, rádio, chat, videoconferência) ou mídias assíncronas (texto, CD-Rom, audiotape, vídeotape, Internet, e-mail). O ferramental tecnológico deve ser usado pela metodologia do curso levando-se em conta os limites individuais, distâncias espaciais e aspectos temporais, tecnológicos, e sócio-econômicos; deve permitir que o aluno aprenda no seu contexto imediato, planeje no tempo e no espaço suas atividades de estudo e siga o seu ritmo de aprendizagem (LISBOA, 2002). A utilização de meios de comunicação ou mídias, promove as comunicações: professor/aluno, aluno/aluno e aluno/instituição. As mídias são definidas como suporte para informações e possuem características específicas em relação à linguagem e objetivos. Atualmente, diversas mídias são utilizadas na EAD, cabendo destaque ao material impresso, vídeo, teleconferência, videoconferência e Internet dentre outras. 4. Implantação de cursos à distância Como decorrência da aprovação da então chamada nova LDB, em 1996, os recursos da EAD têm sido
  • 4. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 amplamente difundidos como modalidade de formação e como estratégia a ser incorporada pelas IES. As atuais possibilidades das novas Tecnologias de Informação e Comunicação incentivam o rápido crescimento da EAD como uma modalidade de ensino que permite aproximar o saber do aprendiz, levando em conta os limites individuais, as distâncias espacial, temporal, tecnológica e sócio-econômica, e promovendo sua interação com os indivíduos de seu meio ambiente. Segundo a definição de Niskier (op. cit. in [LISBOA, 2002]), a EAD: "... é a aprendizagem planejada que geralmente ocorre num local diferente do ensino e, por causa disso, requer técnicas especiais de desenho de curso, técnicas especiais de instrução, métodos especiais de comunicação através da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais organizacionais e administrativos". Pode-se relacionar esta definição a um plano de modelo sistêmico para EAD, criado por Moore & Kearsley (op. cit. in [LISBOA, 2002]), que tem sido muito usado na elaboração de cursos à distância no Brasil. Quando se fala em modelo sistêmico, para esse contexto, entende-se como sendo um plano ordenado, coerente e sistemático, conforme a tabela 1. Tabela 1: Modelo sistêmico para EAD Tipo de Curso Design Implementação Interações Ambiente - Necessidades dos Alunos - Filosofia da Instituição - Especialistas - Estratégia Pedagógica - Design Instrucional - Planejamento do Curso - Produção dos Materiais - Estratégias de Avaliação - Impresso - Vídeo/Áudio - Televisão/Rádio - Softwares - Videoconferência - Redes de Computadores - Tutores - Administração - Colegas - Trabalho - Residência - Sala de Aula - Centros de Aprendizagem Fonte: Moore & Kearsley, (op. cit. in [LISBOA, 2002]) Pode-se citar outros modelos metodológicos que possuem características muito próximas do modelo proposto por Moore & Kearsley. Conforme Lisboa (2002), o modelo proposto por Willis é composto por 4 etapas principais: design, desenvolvimento, avaliação e revisão. Já Eastmond, baseia-se no tripé diagnóstico-desenvolvimento-avaliação, considerando que o diagnóstico tem o mesmo peso do desenvolvimento e da avaliação. Para Porter (op. cit. in [DALMAU, 2002]), o processo de planejamento e construção de cursos, através da utilização de meios tecnológicos capazes de levar em conta as bases científicas do conhecimento, deve considerar certas variáveis que são: Público, Conteúdo, Meios Tecnológicos e Fases de Implementação e Controle. No entanto, o modelo proposto por Moore & Kearsley (op. cit. in [LISBOA, 2002]), apresenta-se como o mais detalhado, devido à sua abrangência e maior número de variáveis. A seguir, são descritas em linhas gerais as etapas principais (Tipo de curso, Design, Implementação, Interações e Ambiente) pelas quais passa a elaboração de um curso na modalidade à distância, considerando os princípios teórico-metodológicos do modelo sistêmico para EAD proposto por Moore & Kearsley, sendo este o modelo que adotamos como referência neste artigo, principalmente pelo diferencial que o modelo apresenta quanto a importância do diagnóstico e da filosofia da instituição. 4.1 Tipo de Curso A definição do tipo de curso a ser criado depende de variáveis previamente analisadas pela equipe de trabalho responsável pela sua estruturação. Pode-se citar as seguintes variáveis consideradas decisivas no momento de estruturação do curso: Necessidades dos Alunos, Filosofia da Instituição, Especialistas e Estratégias Pedagógicas. Quanto à formação de professores, as atividades dos alunos e as estruturas de suporte, cada tipo de curso requer uma abordagem. Embora a EAD possa ser utilizada em programas de Graduação, Extensão e Pós-Graduação, com variações nos encontros presenciais e no design dos cursos, Lisboa (2002) ressalta a importância de se atentar para os modelos e critérios já consolidados na modalidade presencial, e deixar
  • 5. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 claras as inovações, para que os alunos estejam cientes das formas adequadas de proceder em situações diferenciadas. 4.2 Design O design de um curso à distância engloba algumas atividades que por sua vez são compostas por tarefas que, de uma forma geral, compõem uma parte importante da estruturação de um curso na modalidade à distância. Dentre estas atividades pode-se citar o Design Instrucional, o Planejamento do Curso, a Produção de Materiais e as Estratégias de Avaliação. 4.3 Implementação A etapa de implementação é quando se inicia a execução do programa do curso. Para Campos (2002): "... esta fase refere-se à efetiva entrega para uso da instrução, e deve fornecer aos alunos compreensão do material, suporte aos objetivos do curso e garantia aos alunos da transferência do conhecimento do conjunto instrucional para o trabalho." Para que haja comunicação, é necessário o uso do meio de comunicação, da mídia utilizada no curso - material impresso, áudio, vídeo, teleconferência, videoconferência, internet, software, CD-ROM, que atua como um filtro na comunicação, diferenciando-a da presencial. O processo de apropriação do ferramental pedagógico e tecnológico do curso deverá ocorrer nesta fase em que a programação do curso, bem como o material impresso e eletrônico a ser usado já devem estar prontos. 4.4 Interações Na EAD, a interação não se dá apenas entre aluno e material instrucional, aluno e tutor, alunos entre si, alunos e instituição de ensino, mas, também, entre os demais elementos que fazem parte do universo do aluno (família, trabalho, classe, outros grupos a que pertença). As tecnologias de informação e comunicação oferecem possibilidades inéditas de interação mediatizada (professor/aluno; estudante/estudante) e de interatividade com materiais de boa qualidade e grande variedade. As técnicas de interação mediatizada criadas pelas redes telemáticas (e-mail, listas e grupos de discussão, web sites, etc.) apresentam grandes vantagens, pois permitem combinar a flexibilidade da interação humana com a independência no tempo e no espaço, sem com isso perder a velocidade; segundo Belloni (op. cit. in [LISBOA, 2002]). Com o apoio dos recursos tecnológicos, a interação aluno/aluno pode ser conseguida através de chats, fóruns, listas de discussão, atividades e exercícios em grupo, trocas de e-mail, etc; podendo desta forma se configurar a formação de "comunidades colaborativas de aprendizagem". 4.5 Ambiente A EAD proporciona ao aluno a possibilidade de estudo em novos ambientes de aprendizagem, liberando as pessoas da necessidade de freqüentar uma sala de aula, um espaço fixo para estudo, ou seja, a educação pode ser levada onde o aluno quiser estudar. Não tendo mais espaço fixo para aprendizagem, o aluno fica livre para aprender quando e onde quiser. Estes podem ser considerados pontos-chave da flexibilidade que os cursos oferecidos à distância proporcionam aos seus alunos. Parte-se de um conceito muito simples: alunos e professores estão separados por uma certa distância e, às vezes, pelo tempo. A modalidade à distância modifica a idéia de que, para existir ensino, seria sempre necessário contar com a figura do professor em um mesmo local (sala de aula, trabalho, residência, centros de aprendizagem) que um grupo de estudantes. De acordo com as etapas que compõem a elaboração de um curso à distância, quando desenvolvido dentro dos princípios teórico-metodológicos propostos por Moore & Kearsley (op. cit. in [LISBOA, 2002]), de uma forma geral, podem-se realçar alguns aspectos: Um curso oferecido à distância deve privilegiar o enfoque pedagógico, e não o tecnológico; Um projeto instrucional de EAD deve ter objetivos, público-alvo e expectativas bem definidas;
  • 6. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 Para que os cursos e programas atendam às expectativas dos alunos, é importante o planejamento, a definição das equipes, bem como o comprometimento institucional; O conteúdo também deve atender às necessidades e expectativas dos alunos, além de estar integrado aos meios tecnológicos escolhidos para o curso; Na EAD, o contato entre educador e educando se dá na forma indireta. A metodologia utilizada deve fazer com que os conteúdos sejam tratados e organizados de forma que os educandos tenham condição de aprender sem a presença do educador; Deve-se garantir a escolha de mídias apropriadas que possam dar suporte ao ambiente a ser criado, com uma boa relação de custos, vantagens e benefícios, tanto financeiros quanto pedagógicos; Deve-se estimular a formação de comunidades virtuais entre os alunos do grupo; A metodologia empregada deve oferecer flexibilidade de estudo para o aluno, possibilitando que ele aprenda em seu próprio ritmo e nos ambientes que considerar melhor. Ao planejar um curso à distância, é importante que o projeto pedagógico esteja adequado à metodologia do curso e integrado ao ferramental tecnológico disponível. Quanto ao público alvo do curso, deve-se obrigatoriamente conhecer o seu perfil. Considerando a análise do conteúdo, torna-se de suma importância definir a melhor abordagem e forma de tratá-lo. Ao se optar por utilizar determinado meio tecnológico, salienta-se a importância de se atender a certos aspectos pedagógicos que definam e maximizem a adequação das mídias às necessidades do aluno e à adaptação do conteúdo, bem como a certos aspectos administrativos, dentre outros. A fim de compor um diagnóstico de pré-implantação de um curso à distância, ressalta-se a necessidade que os seguintes dados sejam observados e levantados: Levantamento do público-alvo e suas necessidades; Pré-requisitos, contexto social, geográfico e tecnológico; Expectativas do professor e, se possível, dos alunos; Formulação de objetivos gerais e específicos; Definição de conteúdos; Cronograma de desenvolvimento e implantação do projeto . 5. Elementos para implantação de cursos à distância Com intuito identificar aspectos fundamentais para implantação de um curso à distância, foi necessário conhecer experiências de EAD já realizadas, a análise foi feita com base em entrevistas realizadas, através de um roteiro para levantamento de dados, sendo aplicado em duas instituições que oferecem cursos nesta modalidade. Foram realizadas entrevistas estruturadas através de um roteiro para levantamento de dados, com o objetivo principal de obter informações sobre o processo de implantação e desenvolvimento de um curso à distância, tendo sido realizadas em duas IES, uma pública e uma privada. As entrevistas ocorreram em dois momentos, primeiramente realizada por meio de conversa informal e também escrita e posteriormente gravada, para então compor os dados relevantes para a pesquisa. Basicamente, a pesquisa pretendeu verificar na prática os pontos principais para implantação de um curso nos padrões da EAD, onde a proposta de implantação de um curso à distância é gerar um ensino flexível, basicamente realizado à distância. Os elementos a serem apresentados, além de estarem embasados nos dados levantados, fundamentam-se também no modelo sistêmico para EAD de Moore & Kearsley (tabela 1), e referem-se a seis itens considerados primordiais para o sucesso da EAD, sendo eles: a instituição, o planejamento, projeto pedagógico, aspectos tecnológicos, o professor e os alunos. 5.1 Instituição As diferenças entre o ensino presencial e à distância exigem tanto do aluno quanto do professor novas
  • 7. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 posturas e novos conhecimentos, cabendo à instituição, parte da responsabilidade em favorecer este processo de formação e informação em EAD. A necessidade dessa informação dos dirigentes sobre o que é um curso à distância é uma das maiores dificuldades encontradas na implantação de um curso. Outra dificuldade é a formação de uma equipe multidisciplinar. Logo, cabe o treinamento dos profissionais da IES que queira implantar EAD. Pode-se também salientar a importância do suporte pedagógico bem como do tecnológico. Com isso, verifica-se que é fundamental organizar a preparação e o acompanhamento permanente dos professores e dos alunos, assim como, de toda equipe de professores e de designers de informática envolvidos. Todos devem ter clareza das características da EAD e da Proposta Pedagógica do Curso para que as práticas não se tornem individualizadas, mas sim que todos se sintam como peças de uma engrenagem, garantindo assim a ação conjunta em prol da qualidade do curso em todos seus segmentos. A instituição deve ter claro, o quanto é necessário que se tenha uma equipe de professores e de designers de informática capacitados, evitando assim dificuldades, como as citadas pelas instituições. A decisão de uma IES em promover um curso à distância envolve muitos fatores. Apesar do empenho em promover EAD ser considerável, vária instituição esbarram na falta de recursos, e outras contam com recursos, porém limitados, necessitando de adequação. Mesmo havendo o interesse em fazer investimentos, não há recursos para tal, principalmente quando se trata de recursos físicos. Tendo em vista que a EAD é uma modalidade de ensino que as instituições educacionais têm procurado aderir, vale ressaltar toda uma responsabilidade que recai sobre a IES, pois considera-se que a instituição é a base para todos os outros segmentos que interferem e são decisivos no sucesso da EAD. 5.2 Planejamento É através do planejamento que a IES tem possibilidade de definir como será o processo de implantação do curso, ou seja, os passos a serem seguidos para implantação de um curso à distância, devendo ter como foco principal o porque de se buscar a implantação de um curso à distância, definindo os objetivos do curso a ser implantado e, principalmente, ter claras quais as estratégias, tanto para área tecnológica quanto para a área pedagógica, a serem seguidas em um projeto deste âmbito. Outros critérios importantes que devem ser considerados no planejamento são os seguintes: 1) Definição do tipo de curso; 2) Análise da viabilidade; 3) Definição do perfil do público-alvo; 4) Alocação de recursos físicos e tecnológicos; 5) Criação de um Projeto Pedagógico, que dê possibilidades de se criar uma equipe multidisciplinar que promova o maior envolvimento de professore e alunos; 6) Criação de um ambiente virtual de curso, de fácil acesso, com interface amigável, com facilidade de manutenção e navegabilidade, capaz de controlar os cursos à distância e principalmente promover uma interação significativa entre professores e alunos. Em se tratando de cursos de pós-graduação lato sensu à distância, é necessário que se definam no planejamento as etapas a serem realizadas para reconhecimento do curso pelo MEC, pois conforme o Conselho Nacional de Educação, no artigo 11, a Resolução nº 1, de 2001, e conforme o disposto no § 1º do art. 80 da Lei nº 9.394, de 1996, os cursos de pós-graduação lato sensu à distância só poderão ser oferecidos por instituições credenciadas pela União. Tais cursos deverão incluir necessariamente provas presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de conclusão de curso. Para tanto, é necessário a elaboração de um projeto. Segundo o relatório final da Comissão Assessora para Educação Superior à Distância do MEC, os elementos para compor um projeto de curso superior à distância são: Processo de ensino e aprendizagem e organização curricular; Equipe multidisciplinar;
  • 8. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 Material didático; Interação de alunos e professores; Avaliação de ensino e de aprendizagem; Infra-estrutura de apoio; Gestão; Custos. Ainda conforme o relatório final da comissão assessora para Educação Superior à Distância, de agosto de 2002: “O projeto de educação à distância desenvolvido deve ser coerente com o projeto pedagógico e não pode ser uma mera transposição do presencial, pois possui características, linguagem e formato próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos e pedagógicos condizentes com esse formato. Em outras palavras, a educação à distância tem identidade própria, não estando limitada a uma concepção supletiva do ensino presencial.” 5.3 Projeto Pedagógico Acredita-se que qualquer ação educacional, não importando a modalidade de ensino, deva partir inicialmente de uma proposta pedagógica clara que direcione qualquer decisão a ser tomada dentro de um curso. Na elaboração dessa proposta, vários aspectos devem ser observados para que todos os envolvidos possam trabalhar de forma coletiva dentro de um objetivo comum. Entende-se que a integração de mídias interativas como a Internet, diminui algumas limitações nos cursos à distância, como por exemplo a limitação da comunicação encontrada na mídia impressa, além de proporcionar variadas possibilidades de estudo ao aluno, atendendo às diferentes formas de aprender. A formação do novo profissional irá requerer um novo princípio educativo que dê conta do desenvolvimento de capacidades para lidar com a rapidez das mudanças na sociedade da informação. Há que se substituir a pedagogia que poderia chamar de tradicional, por uma pedagogia que desenvolva competências como aprender a buscar informações, compreendê-las e saber utilizá-las na resolução de problemas. Assim como é importante a preparação dos professores para o ensino-aprendizagem à distância, também considera-se importante esta preparação para os alunos envolvidos em um curso à distância. Para tanto, a proposta pedagógica deve ter como perspectiva o intuito de ajudar o aluno a controlar sua própria aprendizagem, até mesmo com relação ao tempo. Todos precisam ter clareza de seus papéis dentro da proposta pedagógica planejada, para que haja comprometimento com a qualidade, seja na revisão, edição e diagramação de um material, no atendimento direto ao aluno ou em qualquer outra atividade desenvolvida em um curso. O sistema de avaliação também é fator importante a ser definido no projeto pedagógico, onde devem-se ter claras as fases que irão compor um processo de avaliação, sendo que ao definir as diretrizes pedagógicas, automaticamente, estar-se-ia indicando o tipo de avaliação a ser adotado. Salientando a sua importância, não é possível que se tenha toda uma preocupação com a construção de um ambiente de aprendizagem adequado ao perfil do aluno e diretrizes educacionais inovadoras se, ao final por exemplo, os alunos fossem avaliados tradicionalmente, ou seja, sem possibilidades de reflexão sobre seu aprendizado, sem autonomia para avaliar o processo e, principalmente, sem um feedback dos resultados. O projeto pedagógico deve ser elaborado de forma que o curso promovido atenda às expectativas do público envolvido, haja vistas algumas características comuns aos alunos de graduação interessados em participar de cursos à distância, como busca por capacitação, possibilidade de conciliar trabalho e estudo e para os professores, a flexibilidade em conciliar o trabalho com outras IES bem como motivação para se envolver em EAD. Alguns aspectos podem ser observados para que se ofereça um curso à distância que atenda às exigências do contexto atual, quando definida uma proposta pedagógica que prime pelos seguintes itens: diretrizes baseadas na educação do adulto;
  • 9. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 comunicação de "mão dupla" e garantia da interação; sistema de preparação e acompanhamento de alunos, professores e envolvidos para o ensino- aprendizagem à distância; logística de implementação e execução do curso; ambiente de aprendizagem on-line interativo e propulsor do estudo mais independente; cuidados especiais com a produção do material didático. É neste contexto que o projeto pedagógico deve procurar meios para evitar situações onde, por vezes, não há aproveitamento dos alunos, pois o aproveitamento dos alunos em EAD depende em grande parte dos próprios envolvidos (alunos e professores). Tem-se claro que a preocupação com as orientações pedagógicas de todo projeto do curso, a fim de construir ambientes de aprendizagem para o ensino à distância, é um elemento fundamental para o seu bom desenvolvimento. 5.4 Aspectos Tecnológicos Entende-se que as novas tecnologias de informação e comunicação estão contribuindo para a transformação do aprendizado. Por meio dessas tecnologias, espaços mais abertos se constroem, como é o caso da EAD, possibilitando aos profissionais aprender permanentemente, solucionando os problemas de falta de acesso à educação e das dificuldades de estudo em local e horário rígidos. Quando se trata da construção de um ambiente virtual, um curso não deve apenas reproduzir as aulas convencionais e sim possuir um sistema de acompanhamento do aluno on-line, que oriente a um estudo mais independente, e que seja mais interativo, aproveitando, atualmente, o potencial da Internet para disponibilizar variadas opções, promovendo a utilização de ferramentas como e-mail, lista de discussão e Chat. A variedade de recursos usados para disponibilizar materiais, pode levar a menos interferência do professor e maior independência do aluno. Portanto, é fundamental que se definam as mídias que darão suporte ao curso. O que se percebe, é que a utilização da Internet, consorciada outras formas de comunicação, possibilita a construção de espaços onde as pessoas podem interagir e estabelecer trocas que atendam aos seus interesses e que produzam conhecimento de forma colaborativa. De acordo com a pesquisa realizada, percebe-se que o uso da Internet integrada a outras mídias, apresenta-se como uma das alternativas mais utilizadas no desenvolvimento de modelos de cursos à distância, possibilitando, de acordo com suas características, formar um número maior de profissionais, sem tirá-los de seu ambiente de trabalho. Enfim, trabalhar com mídias integradas, seja priorizando ou não a Internet, ou outra mídia utilizada em cursos à distância, é um dos pontos principais do sucesso da EAD, mas não garante o êxito para ensinar e aprender à distância, principalmente se não houver preocupação com a base pedagógica aliada à tecnológica. 5.5 Professor Através da pesquisa pôde-se constatar a necessidade do professor ser orientado com relação a EAD. As ferramentas tecnológicas estão facilitando e motivando a interação professor-aluno. No entanto aqui constata-se um novo paradigma, onde os professores de EAD precisam de mais tempo de dedicação aos alunos, pois dentre as várias atribuições do professor, há uma grande diferença entre se reunir e atender a uma classe de 30 a 40 alunos e responder seus e-mails. Deve-se chamar a atenção para o treinamento prévio nas ferramentas tecnológicas disponíveis para alunos e professores. Este tipo de problema ocorre e é facilmente solucionável, não havendo, neste sentido, a necessidade de se estabelecer pré-requisitos para realizar um curso à distância. Se faz necessário, que o professor receba orientações de como utilizar as mídias escolhidas para suporte ao curso, ou seja, um treinamento, a fim de que possa apresentar o conteúdo, atividades e até realizar avaliações. Quando se fala, do que se espera do profissional hoje e, cada vez mais, no futuro, fica clara a
  • 10. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 necessidade de investir no treinamento do educador que é o responsável pela formação destes indivíduos que, estarão amanhã no mercado de trabalho. 5.6 Alunos Deve-se considerar o aluno, como sendo na verdade, um dos focos principais dos objetivos a serem atingidos desde o início do projeto do curso. A partir do momento em que uma IES opta por promover um curso à distância, e para tal inicia a execução de um projeto, busca-se em todos os sentidos, oferecer ao aluno a total satisfação. Propósitos muito importantes norteiam o sucesso de um curso à distância no que se refere aos alunos, principalmente quando considera-se que o aprendizado pode ser parcialmente prejudicado pelo fato de ser a distância. Assim, dentre estes propósitos pode-se citar: apoiar a motivação e o interesse do aluno; buscar uma interação eficaz entre professor/aluno e aluno/aluno; apoiar e facilitar a aprendizagem do aluno, promovendo a troca de comentários, explicações e orientações; descobrir deficiências do curso que possam ser modificadas; proporcionar ao aluno visualizar sua situação e suas necessidades educacionais; oferecer ao aluno, um ambiente virtual que realmente facilite sua interação com o grupo de estudo, procurando sempre atender às expectativas dos mesmos. Um outro aspecto fundamental a ser definido na proposta de um curso à distância é que muitas vezes o aluno tem uma série de dificuldades que precisam ser cuidadosamente trabalhadas, principalmente porque a cultura educacional é presencial. Manter o aluno ativo e elaborar um desenho instrucional que atenda a distintos perfis de alunos são desafios que precisam de boas soluções. Assim, entende-se que antes de iniciar o curso, o aluno precisa ser preparado para aprender à distância. Para isso, essa preparação deve dar ao aluno: entendimento do que é educação à distância; suas vantagens e seus limites; os papéis de cada agente envolvido no curso; a importância do cumprimento dos papéis para o sucesso do curso; as características e hábitos necessários ao aluno para estudar a distância; entendimento do modelo do curso: proposta pedagógica, objetivos, conteúdos, atividades, avaliação; compreensão da metodologia de estudo e uso das mídias. O que se observa é que tanto o envolvimento quanto o comprometimento que o aluno irá demonstrar no decorrer de um curso à distância, são decorrentes tanto do interesse de cada um em se especializar, quanto do que a instituição propõe ao aluno através de um curso específico, estruturado por um projeto pedagógico, apoiado em ambientes tecnológicos diversos, influenciados pela relação direta entre professores e alunos. Na figura 1, mostra-se a relação entre os elementos apontados para EAD neste artigo, onde a Instituição promove o planejamento que por sua vez está diretamente ligado ao Projeto Pedagógico e ao Aspecto Tecnológico que relacionam-se entre si e, conseqüentemente, exercem influência na relação de professores e alunos que, também, interagem comumente. Propósitos muito importantes norteiam o sucesso da EAD, e espera-se que este artigo contribua para o processo educacional à distância e dê suporte ao desenvolvimento de novos sistemas de preparação de cursos à distância.
  • 11. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 Instituição Planejamento Projeto Pedagógico Professores Aspecto Tecnológico Alunos Figura 1: Relação entre os elementos apontados 6. Conclusão A EAD é uma modalidade de ensino que vem se desenvolvendo consideravelmente e o avanço das tecnologias de informação e comunicação tem proporcionado uma revolução na forma de comunicação humana, ampliando as possibilidades de uso dessas tecnologias no processo de educação. A EAD, tradicionalmente marcada pelas mídias tradicionais como material impresso, televisão e rádio, vem assumindo hoje uma concepção totalmente nova, devido aos avanços das novas tecnologias de informação e comunicação. Os recursos oferecidos pelas novas tecnologias, principalmente através da Internet, fazem com que a EAD deixe de ser apenas uma alternativa para as pessoas impedidas de ter acesso à educação formal, e passe a ser uma modalidade de educação flexível, que vem acrescentar ao sistema tradicional uma modalidade inovadora e de qualidade, além de viabilizar a educação continuada. Embora o conhecimento seja universal e o método para a EAD pareça coletivo, é no âmbito do indivíduo que se processa o aprendizado. O processo de mudança está associado às pessoas que aprimoram continuamente suas capacidades de criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir. Ou seja, o próprio aluno é o agente de seu desenvolvimento. Este expressa sua verdadeira satisfação quando a comunicação, a aplicação e o interesse permeiam o processo de aprendizagem. Portanto, o aluno é considerado parte essencial no processo de EAD, necessitando de motivação, acompanhamento, esclarecimento quanto às suas dúvidas, ser sempre informado quanto ao nível de sua evolução e quanto aos procedimentos adotados no curso. Enfim, sentir-se parte integrante e fundamental neste modelo de educação, que necessita de sua dedicação, sendo este um dos fatores determinantes para seu sucesso no curso. É importante destacar que o processo de EAD demanda especialistas que desenvolvam um projeto pedagógico que busque envolver o aluno com o desafio de aprender, estabelecendo uma relação de colaboração entre educando e educador, incentivando a participação ativa de todo o grupo. A análise das IES que oferecem cursos à distância foi realizada para que se pudessem verificar as características e funcionalidades que normalmente são apresentadas em cursos na modalidade EAD. Considerando que o objetivo deste artigo foi propor elementos para EAD, através da avaliação de programas de EAD, pode-se concluir que todo projeto para implantação de cursos na modalidade à distância requer, em primeira instância, o comprometimento e a decisão da IES em promover EAD, pois é a instituição que dará condições para que seja elaborado um planejamento que trace as estratégias a serem seguidas para se implantar um curso à distância. Por intermédio da IES, um planejamento é elaborado e através dele constitui-se a proposta pedagógica que irá nortear o desenvolvimento do curso, bem como as tecnologias necessárias para oferecer um ambiente de suporte a ele. Porém, é a partir do projeto pedagógico que se estrutura o curso, criando possibilidades de um maior envolvimento e interação de professores e alunos. É importante a combinação que se vai fazer entre o que se oferece pedagogicamente e os objetivos educacionais, as ferramentas, o objeto de estudo (conteúdo) e a “clientela", que juntos darão um corpo metodológico a um programa educacional. No caso da EAD, fará diferença não somente a “forma” e o “como”, mas também o recurso tecnológico usado, que deverá ser o mais adequado. Entretanto, deseja-se hoje com a EAD, promover a educação em que o indivíduo é trabalhado para desenvolver sua autonomia, capacidade de pensar, de resolver problemas, de tomar decisões, de aprender
  • 12. Colabor@ - Revista Digital da CVA-Ricesu ISSN 1519-8529 Vol. 2 – nº7 Maio 2004 a aprender. Trata-se de investir na criação de competências e isso não virá apenas pela democratização do acesso à educação, mas pela qualidade do processo educativo. Assim, faz-se necessário optar por uma concepção de EAD como educação, e não somente como ensino. Há de se pensar a EAD de forma abrangente, com preocupações que vão além do produto em si, com resgate do valor didático do próprio processo. 7. Referências Bibliográficas CAMPOS, G. Modelos para Design de Projetos de EAD. 2002. Disponível em: <http://www.timater. com.br/revista/colunistas/ler_colunasemp.asp?cod=359> Acesso em: 10 mai. 2002. CASSETTARI, I.S. Modelo de Análise Qualitativa Aplicado à Avaliação de Programas de Ensino Via Internet. 2001. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina. DALMAU, M. B. L; LOBO, E; VALENTE, A. M. Planejamento na Educação à Distância: Análise de informações objetivando definir o meio mais indicado para ser utilizado em Cursos de Capacitação Profissional. 2002. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2002/trabalhos/texto20.htm>. Acesso em: 25 out. 2002. FIUZA, P. J.; MARTINS, A. Conceitos, características e importância da motivação no acompanhamento ao aluno distante. In: Anais do Congreso de Educación a Distancia MERCOSUR/SUL realizado em Antofagasta, Chile nos dias 06 a 09 de agosto de 2002. Disponível em: <http://www.iua.edu.ar/ Eventos_especiales/Cread_2002/PDF/2-br-Patricia%20Jantsch%20F_Alejandro%20Rodrigues%20M. pdf >Acesso em: 25 out. 2002. LISBOA. P. Educação à Distância: Abordagens teórico-metodológicas para um modelo sistêmico. 2002. Disponível em <http://www.oficinadofuturo.com.br/textos/texto_MODELO_SISTEM_EAD.htm>. Acesso em: 19 set. 2002. MORAN, J. M. Ensino e Aprendizagem inovadores com tecnologias. 2002. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/ prof/moran.> Acesso em: 25 set. 2002.