6. O Arraial da Boa Vista
Quando surgiu o arraial da Boa Vista, núcleo
original da cidade de Dores do Indaiá?
A história de Dores do Indaiá teve início no
século XVIII. Em busca das minas de ouro,
desbravadores abriam picadas, alargando
trilhas, construindo portos e erguendo ranchos.
Mas, antes disso, índios e bandeirantes já
haviam trilhado os sertões do Indaiá e do São
Francisco.
7. O primeiro povoador de nosso município,
DOMINGOS DE BRITO, não deixou
vestígios de sua permanência em nossa
região, nenhum sinal dele ficou. Anos
depois,
quatro
irmãos
aqui
se
estabeleceram e aqui obtêm suas
sesmarias: AMARO, JOSÉ, JOAQUIM E
JOÃO DA COSTA GUIMARÃES. Eram
filhos
8. De JERÔNIMO DA COSTA GUIMARÃES, português,
natural da Freguesia de SãoTorquato, e de
DOMICIANA MARIA DE SÃO JOSÉ.
Amaro da Costa Guimarães apossou-se de terras da
parte além do Rio São Francisco e confrontava, ao
nascente, com o Rio São Francisco, ao poente com
terras de João da Costa Guimarães, ao Norte, com o
ribeirão das Antas e, ao Sul, com o ribeirão Jorge do
Meio. Nesse mundo de terras, criou a Fazenda da
Santa Fé, que existe até os dias de hoje.
12. Em Minas Gerais, como no Brasil inteiro,
90% das cidades surgiram em torno de
uma capela, e por essa tradição, Dores do
Indaiá também tem sua origem em torno
de
uma
capela.
Os
fazendeiros
estabelecidos
por
aqui,
em
conversa,levantaram
a
ideia
da
construção de uma capela e foi
unanimemente aceita. Cada um queria a
capela construída em sua fazenda.
13. Finalmente, decidiu-se que a localização
ideal, seria nas terras de MANOEL
CORREIA DE SOUZA, mais conhecido
por “Correinha”, num platô, divisor de
águas, entre o córrego de Nossa Senhora
e o córrego Condutas. O local da igreja,
futura Matriz, é hoje exatamente onde se
encontra a Praça Alexandre Lacerda
Filho, mais conhecida como “Praça
Lacerda” ou “Praça dos 100”.
14.
15. A construção da Matriz definitiva foi lenta,
muito lenta, dadas as dificuldades
financeiras dos fazendeiros. Começou de
acordo com assentamentos em 1805 e só
foi terminar por volta de 1832. Para
alguns, sua construção final, incluindo a
sacristia, quase do mesmo tamanho da
Matriz, e em seus fundos, terminou
mesmo em meados do século XIX.
16. Registro do Assentamento
documental da Matriz
Segundo o escritor Waldemar de Almeida
Barbosa em seu livro “História de Dores
do Indaiá”, o assentamento foi feito pelo
visitador, Pe. Francisco José Correia, no
primeiro livro de assentos de casamentos
da paróquia, com data de 2 DE JULHO
DE 1805: “Este livro é para assentos dos
casamentos desta Nova Freguesia de
Nossa Senhora das Dores, do Arraial da
Boa Vista.”
17. Foto: Matriz e a Praça em dia festivo.
Provavelmente das duas primeiras
décadas do século XX.
18. O primeiro vigário, Pe. Francisco Luís de Souza,
só chegou e tomou posse em 20 de novembro
de 1806 e ficou à frente da paróquia até 15 de
agosto de 1810, nesta época o Arraial já devia
contar com uma dezena de casas, no Largo de
São Sebastião. Fora da praça, apenas a Casa
de Nossa Senhora, além da periferia do Arraial.
19. No ano de 1867, a velha igreja de São
Sebastião passou por reforma completa e
em agosto de 1873, por iniciativa do
missionário Frei Paulino, foi construída
grande e espaçosa sacristia.
20. Matriz de São Sebastião. Foto de
autor desconhecido e sem data. A
igreja passava por reforma.
21. A partir de 1832, a Igreja era dedicada a
São Sebastião, este nome aparece para
designar
o
povoado
em
alguns
documentos da Diocese de Olinda. Em
1847, o Arraial de Dores tinha 740
habitantes, sendo 321 brancos, 1 índio,
210 pardos,crioulos e pretos livres e 208
pardos,crioulos e pretos cativos.
22. No ano de 1885, a cidade se resumia no Largo de São
Sebastião, onde residiam as principais figuras e onde
funcionavam as principais casas comerciais – do Juca
de Souza (José de Souza Coelho),Ricardo Pinto Fiúza,
Salvador da Costa, Antônio Caetano da Silva Guimarães
e João de Faria. Algumas casas já se estendiam pela
Rua Rui Barbosa, o Cemitério localizava-se na periferia
da cidade, além do atual Santuário, a Capela de Nossa
Senhora do Rosário em completa ruína, situava-se onde
hoje é a Igreja Matriz. Algumas casas poucas viam-se
na saída do Largo de São Sebastião. Na Rua de Baixo
havia algumas casas só do lado esquerdo de quem
desce rumo onde é hoje a Escola Francisco Campos.
23. Ao todo havia na cidade umas 290 casas e
cerca de 2000 habitantes. A vida social
era bem agitada. Havia bailes nas casas
do Largo de São Sebastião (Capitão
Jacinto Alvares ou na de D.Luiza
Melgaço).Havia bailes na Rua de Baixo
onde moravam os mais humildes.
24. O arraial foi crescendo... Pela Lei nº 8333 de 8
de outubro de 1885, foi elevado à cidade – Vila
de Dores do Indaiá. Dr. Antônio Zacarias
Álvares da Silva, presidente da Câmara e Chefe
do Executivo da época, contratou um
engenheiro Francisco Palmério, que foi o
responsável pelo traçado da cidade. A cidade a
partir de então, amplia seus horizontes e sai
definitivamente do entorno do Largo de São
Sebastião. Nessa
época estima-se que a
população seria em torno de 2.500 habitantes,
passando a ter 48 ruas e 22 praças.
25. Casa construida por Francisco de Sousa Coelho, em
1830.Hoje, restaurada, pertence ao Sr. Homero Ribeiro
26. O fim do Largo de São Sebastião se inicia com a
destruição da Igreja de São Sebastião em 1937.
O bispo da época D.Manuel, foi procurado por
uma comissão constituída dos Srs. Mário
Caetano, Isauro Caetano de Fonseca e outro,
expuseram ao Sr. Bispo o
“perigo” que
representava a Igreja, pois ameçava ruir, havia
necessidade de demolí-la. A verdade, porém,é
que a velha igreja achava-se bem firme e
segura, os grossos esteios de madeira
sustentavam suas paredes e garantiam sua
estabilidade ainda por muitos anos.
27. O Prefeito da época Cornélio Caetano se
incumbiu de administrar as obras de
demolição e, Dores cometeu o primeiro
grande crime com o Patrimônio Histórico,
o que não parou de acontecer até os dias
atuais.
28. Destruída a igreja, a praça foi cedida para
o INSS e há poucos anos o município
cedeu um terreno para a construção da
sede do INSS e a praça voltou a
pertencer ao município.
29. Pelo Decreto nº 13/2009 de 6 de abril de
2009 com o assentamento de nº 002/2009
no Livro de Tombo é tombada junto com o
entorno e está sujeita à proteção especial
de acordo com a Lei Municipal nº 2.183
de 30 de dezembro de 2005 e ata do dia 6
de abril de 2009.
31. Fonte:
Livro: História de Dores do Indaiá –
Waldemar de Almeida Barbosa.
Serra da Saudade – Carlos Cunha
Corrêa.
Blog Retratos de Família (Recordações
impagáveis) – Antônio Carlos de Oliveira
Corrêa.
Documentos arquivos da Prefeitura
Municipal – Departamento de Cultura.