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Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
Antropologia Filosófica e Educação – ED 325
Prof. Dr. Jonas Bach Jr
Departamento de História e Filosofia da Educação - FE-Unicamp (PNPD/Capes) - Setembro de 2015
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
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Capítulo 3: O pensar a serviço da compreensão do mundo
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Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
Observação e pensar são os dois pontos de partida de toda busca
cognitiva consciente do ser humano. As ocupações do senso comum
e as mais complicadas investigações científicas encontram-se
fundamentadas nesses dois pilares de nosso espírito.
Os filósofos partiram até hoje de diferentes antíteses primordiais:
idéia e realidade, sujeito e objeto, aparência e coisa em si, eu e não-
eu, idéia e vontade, conceito e matéria, força e matéria, consciente
e inconsciente.
No entanto é fácil mostrar que a todas essas antíteses sobrepõe-se a
da observação e pensar, como a mais importantes para o ser humano
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No que diz respeito à observação, é devido à nossa organização que
dela precisamos.
Nosso pensar sobre o cavalo e o objeto cavalo são duas coisas que,
para nós, se apresentam de maneira separada.
O objeto só nos é acessível através de observação.
Assim como somos incapazes de formar um conceito do cavalo ape-
nas olhando para ele, tampouco somos capaz de produzir um objeto
correspondente pelo mero pensar.
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
observação
sensações
sentimentos
representações
alucinações
ideias
conceitos
Atos de
vontade
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
O pensar como objeto de observação se distingue, contudo,
essencialmente de todas as demais coisas.
A observação de uma mesa ou de uma árvore começa tão logo
esses objetos aparecem no horizonte de minhas vivências, mas
o pensar sobre esses objetos não consigo observar
sincronicamente.
Observo a mesa e elaboro o pensar sobre a mesa, mas não o
observo no mesmo momento.
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Tenho que deslocar-me para um ponto de observação fora de
minha atividade, se quiser, paralelamente à observação da
mesa, observar também o meu pensar sobre a mesa.
Enquanto a observação de objetos e de processos e o pensar
sobre eles constituem estados normais de minha vida, a
observação do pensar é um estado de exceção
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O estado de exceção (Die Ausnahmezustand)
observar objeto e pensá-lo : normal
observar o pensar: exceção
na observação do mundo externo e interno
o pensar permanece inobservado
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O estado normal
O mundo é abordado pela e elaborado pelo
sensações
sentimentos
representações
alucinações
ideias
conceitos
atos de vontade
Observação Pensar
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
O estado de exceção
para conhecer todos os objetos por observação preciso pensar
na observação do pensar, preciso dele mesmo
PENSAR
Observa sua atividade
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Faz parte, pois, da natureza peculiar do pensar ser uma atividade
voltada ao objeto observado e não à personalidade pensante.
Isso se mostra também na diferença entre a maneira como
expressamos lingüisticamente pensamentos sobre objetos diferente
de nós e como falamos sobre os nossos sentimentos e atos volitivos.
Quando vejo um objeto e o identifico como sendo uma mesa, digo
sob condições normais: isto é uma mesa e não: eu penso sobre uma
mesa.
Quando se trata de um sentimento, digo provavelmente: eu gosto
desta mesa. No primeiro caso, não importa dizer que eu estou me
relacionando com a mesa; no segundo caso, é justamente esse
relacionamento que interessa.
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Com o enunciado eu penso sobre uma mesa, já estou no mencionado
estado de exceção no qual transformo em objeto de observação algo
que sempre está incluído em minhas atividades mentais, porém sem
ser observado.
Eis a natureza peculiar do pensar: o ser pensante se esquece do
pensar enquanto pensa. Não é o pensar que o interessa, mas sim o
objeto que está observando.
A primeira observação, pois, que fazemos sobre o pensar é que ele
constitui o elemento inobservado de nossa vida mental comum.
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O que não é produzido por mim, surge como um objeto dado em
meu campo de observação.
Tenho que considerá-lo algo que surgiu sem a minha participação e
aceitá-lo como premissa de meu processo pensante posterior.
Enquanto penso sobre o objeto, ocupo-me com ele, meu olhar está
voltado para ele. Essa ocupação é, pois, a contemplação pensante.
A minha atividade não se dirige à minha atenção, mas sim ao
objeto com o qual está ocupada.
Em outras palavras: enquanto eu penso, não olho para o pensar
que produzo, mas sim para o objeto que não produzo.
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A razão que nos impossibilita observar o pensar em ação é,
contudo, a mesma que nos permite conhecê-lo com mais imediatez
e intimidade que qualquer outro processo do mundo.
Justamente porque nós o engendramos, conhecemos precisamente
as características do seu curso, a maneira como se efetua.
O que nos restantes campos de observação é apenas conhecido de
forma mediata — a conexão objetiva e a relação entre as coisas —,
no caso do pensar sabemos de maneira imediata.
Essa completa transparência em relação ao processo pensante
independe do nosso conhecimento dos fundamentos fisiológicos do
pensar.
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A observação me mostra que nada me orienta na conexão dos
conceitos além do conteúdo dos meus pensamentos; não são os
processos materiais do meu cérebro que me norteiam.
Quem logo objetar ao parecer que desenvolvi, concernente ao
pensar, o enunciado de Cabanis: “O cérebro secreta pensamentos
como o fígado a bílis, as glândulas salivares saliva, etc.”,
simplesmente não sabe do que estou falando.
Procura encontrar o pensar por um mero processo de observação
igual à observação dos outros objetos do mundo. Não pode, contudo,
achá-lo, seguindo esse caminho, visto que, como acabei de
demonstrar, o pensar se subtrai à observação normal.
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Quem não consegue superar o materialismo, carece da faculdade de
realizar para si mesmo o estado de exceção, caracterizado acima,
que lhe traz à consciência o que no caso de todas as outras atividades
mentais permanece inconsciente.
A quem falta boa vontade de se colocar na perspectiva descrita é tão
impossível falar sobre o pensar como a um daltônico sobre as cores.
Mas não queira essa pessoa acreditar que identificamos os processos
fisiológicos com o pensar. Ela não explica o pensar, porque não o vê.
Para qualquer pessoa que possui a faculdade de observar o pensar —
e com boa vontade cada homem normalmente organizado a possui —
, essa é a observação mais importante que ela pode fazer, pois
observa algo que ela mesmo engendra; não se vê diante de um
objeto que lhe é estranho, mas sim diante de sua própria atividade.
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Sabe, portanto, como acontece o que observa. Discerne com clareza
as relações e as conexões.
Encontrou-se, assim, um firme ponto de apoio no
qual se pode basear a compreensão e a explicação das outras coisas.
Quando se faz do pensar um objeto da observação, acrescenta-se
ao conteúdo do mundo algo que normalmente escapa da atencão,
mas não se altera a maneira como o homem se comporta diante das
demais coisas. Aumenta-se o número dos objetos da observação,
mas não o método de observar.
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O objeto observado é qualitativamente idêntico à atividade que a
ele se dirige. E essa é outra peculiaridade do pensar. Quando
fazemos dele um objeto da observação, não somos obrigados a
fazê-lo por meio de algo qualitativamente diferente, mas podemos
permanecer no mesmo elemento.
O que com relação à natureza não é possível — o criar antes do
conhecer —, no pensar o realizamos. Se déssemos início ao pensar
apenas quando o tivéssemos compreendido, então nunca
chegaríamos a realizá-lo.
Temos que produzir primeiro resolutamente os pensamentos para
depois, mediante a observação do que nós produzimos, chegarmos à
compreensão do pensar.
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Para a observação do pensar nós mesmos criamos o objeto. A
existência dos demais objetos já foi providenciada sem a nossa
participação.
Não resta dúvida, no pensar temos uma ponta do devir do universo
em nossas mãos e estamos presentes quando este se realiza. E eis,
justamente, o que importa. Pois a razão pela qual as coisas se
apresentam diante de nós de maneira tão enigmática é que não
participamos de seu vir-a-ser. Simplesmente as encontramos.
Quanto ao pensar, no entanto, sabemos de onde vem. Por isto, não
existe um ponto de partida mais fundamental para a compreensão
do mundo que o pensar.
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Precisava de algo que se apoiasse em si mesmo e prescindisse de
outro fundamento.
No pensar, nós temos um princípio que subsiste por si só. A partir
daqui tentaremos compreender os outros aspectos do mundo.
O pensar compreende-se por si mesmo. Resta indagar se por meio
dele podemos compreender também o que está fora dele.
Se eu quiser obter esclarecimento sobre a relação entre pensar e
consciência terei de pensar. Pressuponho assim o pensar.
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Preciso analisar primeiramente o pensar de maneira neutra e sem
relação com um sujeito pensante ou um objeto pensado, pois
sujeito e objeto já são conceitos formados pelo pensar. Não é
possível, pois, negar que antes de se poder compreender qualquer
outra coisa, precisa-se compreender o pensar.
Quem o negar, não se apercebe de que o homem não é um
elemento inicial, mas o elemento final da criação. Quem quer
explicar o mundo através de conceitos não deve tentar partir dos
primeiros elementos, e sim dos que nos são mais próximos e
íntimos. Não podemos nos transladar com um salto ao começo do
mundo para lá iniciar a nossa investigação. Temos, antes de tudo,
de partir do momento atual e ver se conseguimos remontar do
presente ao passado.
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
O pensar é um fato e não faz sentido discutir sobre a certitude ou
falsidade de um fato. Posso apenas duvidar se o pensar está sendo
aplicado de maneira certa, assim como posso duvidar se uma
árvore fornece a madeira adequada para uma determinada
ferramenta. E mostrar em que sentido é certa ou errada a
aplicação do pensar ao mundo será justamente a tarefa deste
tratado.
As investigações deste capítulo ressaltam a importante diferença
entre o pensar e todos os demais fenômenos da vida interna do
homem como o resultado de uma observação imparcial.
Apenas no pensar o eu está inteiramente unido em sua atividade com
o conteúdo por ele produzido.
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É importante não confundir
vivenciar passivamente
imagens conceituais
e elaborar ativamente idéias.
Imagens conceituais podem se manifestar na mente
como sonhos vagos.
Essas imagens não são oriundas do pensar.
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O verdadeiro pensar sempre é um ato de vontade.
Mesmo sendo verdade que a essência do pensar exija um ato de
vontade, o decisivo, neste contexto, é que nada é dado ao ‘eu’ que
não se lhe apresente como algo inteiramente transparente.
Cabe inclusive dizer que justamente em virtude das características
realçadas do pensar, ele se apresenta ao observador como permeado
integralmente de vontade.
É o próprio ‘eu’ que observa pensando a sua própria atividade. O
‘eu’, ... , teria que estar fora do pensar.
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Quem achar que o pensar seja outra coisa que uma atividade
inteiramente transparente e produzida no ‘eu’, precisa antes se
esforçar em não ver os fatos dados à observação imparcial para
depois inventar uma atividade hipotética e inconsciente como fator
subjacente.
Quem não dificultar artificialmente a compreensão do assunto, verá
que tudo que acrescentamos ao pensar nos alienará dele. A
observação livre de preconceitos mostra que nada pertence ao
pensar que não é encontrado nele. Não chegaremos ao que gera o
pensar abandonando o campo da atividade pensante.
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O mundo é abordado pela e elaborado pelo
sensações
sentimentos
representações
alucinações
ideias
conceitos
atos de vontade
Observação Pensar
O estado de exceção
na observação do pensar, preciso dele mesmo
PENSAR
Observa sua atividade
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Capítulo 4: O mundo como percepção
Ferramentas do pensar
conceitos ideias
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Por meio do pensar nos são dados conceitos e idéias. Palavras não
dizem o que é um conceito; elas apenas o indicam.
Quanto mais o nosso horizonte se amplia, tanto maior se torna a
soma de nossos conceitos. Os conceitos, porém, não são isolados.
Eles se associam entre si, formando, desse modo, um todo ordenado.
Idéias não são qualitativamente diferentes dos conceitos. Elas são
apenas mais ricas de conteúdo, mais saturadas e abrangentes.
Preciso salientar aqui que adotei como ponto de partida o pensar e
não conceitos e idéias, que antes precisam ser produzidos pelo
pensar. Estes pressupõem, por conseguinte, o pensar.
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O conceito não pode ser extraído do mundo observado. Isso já se vê
pelo fato de que o homem, no decorrer de sua vida, forma apenas
paulatinamente os conceitos como complementos dos objetos a seu
redor. Os conceitos precisam, pois, ser acrescentados ao mundo
dado na observação.
É preciso passarmos agora do pensar para o ente pensante, pois
através deste o pensar é associado à observação.
CONSCIÊNCIA
Conceito + Observação
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Pelo fato de dirigir o seu pensar para a observação, ele tem
consciência dos objetos; quando dirige o seu pensar para si mesmo,
obtém consciência de si próprio, ou seja, autoconsciência.
PENSAR
OBSERVAÇÃO
PENSAR
OBJETOS
AUTOCONSCIÊNCIA
Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior
Não se pode esquecer, no entanto, que apenas nos identificamos
como sujeitos e nos distinguimos dos objetos graças ao pensar. Por
essa razão, não é lícito classificar o pensar como atividade somente
subjetiva.
O pensar não pertence ao sujeito e tampouco ao objeto, porque é a
instância na qual esses dois conceitos têm, como todos os demais
conceitos, a sua origem.
Quando relacionamos, enquanto sujeitos pensantes, o conceito ao
objeto, não se trata de uma relação apenas subjetiva. Não é o sujeito
que estabelece a relação, mas sim o pensar.
O sujeito não pensa por ser sujeito, mas se identifica
como sujeito porque é capaz de pensar.
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A atividade que o homem executa como ente pensante não é, por-
tanto, meramente subjetiva; ela não é nem subjetiva e nem obje-
tiva, mas uma atividade que abarca ambos os conceitos.
Nunca devo, portanto, dizer que o meu sujeito individual pensa; na
verdade, este só vive graças ao pensar. O pensar é, por conseguinte,
um fator que me leva além do meu sujeito e me liga aos objetos, mas
me separa também, ao mesmo tempo, deles, porque me distingue,
como sujeito, dos objetos.
Aí reside justamente a natureza dual do homem: ele pensa e
abrange assim a si mesmo e ao restante do mundo; porém, tem de
se definir símultaneamente, através do pensar, como um indivíduo
que está em oposição às coisas.
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A observação pura
Resultado da observação: percepção
Cada ampliação do círculo das nossas percepções
nos obriga a corrigir a imagem
que antes havíamos formado do mundo.
Isso se evidencia em nossa vida cotidiana
tanto quanto no desenvolvimento cultural geral da humanidade.
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A percepção do eu pode surgir na consciência mesmo quando
tenho outras percepções.
Quando estou submerso na percepção de um dado objeto, tenho,
primeiramente, só consciência dele. A essa percepção pode juntar-
se a percepção de meu próprio sujeito.
Tenho, daí, não só consciência do objeto, mas também da minha
pessoa, que está diante do objeto e o observa. Não vejo apenas uma
árvore, mas sei também que sou eu que a vejo.
Entendo também que algo se modifica em mim enquanto eu
observo a árvore. Quando a árvore desaparece do horizonte da
minha observação, permanece, no entanto, em minha mente, um
resíduo desse processo, uma imagem da árvore.
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Essa imagem se uniu durante o ato de observação a meu sujeito.
Meu sujeito se enriqueceu; a seu conteúdo integrou-se um elemento
novo. Chamo esse elemento de representação da árvore.
Nunca poderia falar de representações se não as vivenciasse no
âmbito do meu sujeito. Percepções viriam e iriam e eu simplesmente
as deixaria passar.
Eu percebo a representação no âmbito do meu sujeito
à semelhança das percepções
que tenho das cores, sons, etc., nos demais objetos.
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Processo de
observação do
mundo
Atividade e
elaboração do
pensar
Resultado do processo Ferramenta do pensar
PERCEPÇÃO CONCEITO
+
Representação: imagem mental restante
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Percepção: isolada
Conceito: conectante
Percebo representações : mundo interno e mundo externo
Percepção : coisas (interrompida)
Do Eu: (constante)
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Capítulo 5: Cognição e realidade
Pensar é universal: recebe expressão individual em cada um de nós
Conceito de triângulo é um só: conteúdo do pensar é objetivo
Pensar: vincula nossa individualidade ao universo
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Particular: percepção, sensação, sentimento
UNIVERSAL: pensar
periferia: pensar individual
Centro
Pensar universal
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FONTES DE CONHECIMENTO
Percepção Conceito
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Antropologia Filosófica e Educação - Cap 3 a 5 (FL)

  • 1. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Antropologia Filosófica e Educação – ED 325 Prof. Dr. Jonas Bach Jr Departamento de História e Filosofia da Educação - FE-Unicamp (PNPD/Capes) - Setembro de 2015
  • 2. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Filosofia da Liberdade (1894) – Rudolf Steiner Capítulo 3: O pensar a serviço da compreensão do mundo Pontos de partida para a cognição Fenômeno primordial epistemológico: nascimento de todas as antíteses observação pensar
  • 3. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Observação e pensar são os dois pontos de partida de toda busca cognitiva consciente do ser humano. As ocupações do senso comum e as mais complicadas investigações científicas encontram-se fundamentadas nesses dois pilares de nosso espírito. Os filósofos partiram até hoje de diferentes antíteses primordiais: idéia e realidade, sujeito e objeto, aparência e coisa em si, eu e não- eu, idéia e vontade, conceito e matéria, força e matéria, consciente e inconsciente. No entanto é fácil mostrar que a todas essas antíteses sobrepõe-se a da observação e pensar, como a mais importantes para o ser humano
  • 4. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior No que diz respeito à observação, é devido à nossa organização que dela precisamos. Nosso pensar sobre o cavalo e o objeto cavalo são duas coisas que, para nós, se apresentam de maneira separada. O objeto só nos é acessível através de observação. Assim como somos incapazes de formar um conceito do cavalo ape- nas olhando para ele, tampouco somos capaz de produzir um objeto correspondente pelo mero pensar.
  • 5. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior observação sensações sentimentos representações alucinações ideias conceitos Atos de vontade
  • 6. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O pensar como objeto de observação se distingue, contudo, essencialmente de todas as demais coisas. A observação de uma mesa ou de uma árvore começa tão logo esses objetos aparecem no horizonte de minhas vivências, mas o pensar sobre esses objetos não consigo observar sincronicamente. Observo a mesa e elaboro o pensar sobre a mesa, mas não o observo no mesmo momento.
  • 7. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Tenho que deslocar-me para um ponto de observação fora de minha atividade, se quiser, paralelamente à observação da mesa, observar também o meu pensar sobre a mesa. Enquanto a observação de objetos e de processos e o pensar sobre eles constituem estados normais de minha vida, a observação do pensar é um estado de exceção
  • 8. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O estado de exceção (Die Ausnahmezustand) observar objeto e pensá-lo : normal observar o pensar: exceção na observação do mundo externo e interno o pensar permanece inobservado
  • 9. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O estado normal O mundo é abordado pela e elaborado pelo sensações sentimentos representações alucinações ideias conceitos atos de vontade Observação Pensar
  • 10. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O estado de exceção para conhecer todos os objetos por observação preciso pensar na observação do pensar, preciso dele mesmo PENSAR Observa sua atividade
  • 11. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Faz parte, pois, da natureza peculiar do pensar ser uma atividade voltada ao objeto observado e não à personalidade pensante. Isso se mostra também na diferença entre a maneira como expressamos lingüisticamente pensamentos sobre objetos diferente de nós e como falamos sobre os nossos sentimentos e atos volitivos. Quando vejo um objeto e o identifico como sendo uma mesa, digo sob condições normais: isto é uma mesa e não: eu penso sobre uma mesa. Quando se trata de um sentimento, digo provavelmente: eu gosto desta mesa. No primeiro caso, não importa dizer que eu estou me relacionando com a mesa; no segundo caso, é justamente esse relacionamento que interessa.
  • 12. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Com o enunciado eu penso sobre uma mesa, já estou no mencionado estado de exceção no qual transformo em objeto de observação algo que sempre está incluído em minhas atividades mentais, porém sem ser observado. Eis a natureza peculiar do pensar: o ser pensante se esquece do pensar enquanto pensa. Não é o pensar que o interessa, mas sim o objeto que está observando. A primeira observação, pois, que fazemos sobre o pensar é que ele constitui o elemento inobservado de nossa vida mental comum.
  • 13. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O que não é produzido por mim, surge como um objeto dado em meu campo de observação. Tenho que considerá-lo algo que surgiu sem a minha participação e aceitá-lo como premissa de meu processo pensante posterior. Enquanto penso sobre o objeto, ocupo-me com ele, meu olhar está voltado para ele. Essa ocupação é, pois, a contemplação pensante. A minha atividade não se dirige à minha atenção, mas sim ao objeto com o qual está ocupada. Em outras palavras: enquanto eu penso, não olho para o pensar que produzo, mas sim para o objeto que não produzo.
  • 14. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior A razão que nos impossibilita observar o pensar em ação é, contudo, a mesma que nos permite conhecê-lo com mais imediatez e intimidade que qualquer outro processo do mundo. Justamente porque nós o engendramos, conhecemos precisamente as características do seu curso, a maneira como se efetua. O que nos restantes campos de observação é apenas conhecido de forma mediata — a conexão objetiva e a relação entre as coisas —, no caso do pensar sabemos de maneira imediata. Essa completa transparência em relação ao processo pensante independe do nosso conhecimento dos fundamentos fisiológicos do pensar.
  • 15. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior A observação me mostra que nada me orienta na conexão dos conceitos além do conteúdo dos meus pensamentos; não são os processos materiais do meu cérebro que me norteiam. Quem logo objetar ao parecer que desenvolvi, concernente ao pensar, o enunciado de Cabanis: “O cérebro secreta pensamentos como o fígado a bílis, as glândulas salivares saliva, etc.”, simplesmente não sabe do que estou falando. Procura encontrar o pensar por um mero processo de observação igual à observação dos outros objetos do mundo. Não pode, contudo, achá-lo, seguindo esse caminho, visto que, como acabei de demonstrar, o pensar se subtrai à observação normal.
  • 16. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Quem não consegue superar o materialismo, carece da faculdade de realizar para si mesmo o estado de exceção, caracterizado acima, que lhe traz à consciência o que no caso de todas as outras atividades mentais permanece inconsciente. A quem falta boa vontade de se colocar na perspectiva descrita é tão impossível falar sobre o pensar como a um daltônico sobre as cores. Mas não queira essa pessoa acreditar que identificamos os processos fisiológicos com o pensar. Ela não explica o pensar, porque não o vê. Para qualquer pessoa que possui a faculdade de observar o pensar — e com boa vontade cada homem normalmente organizado a possui — , essa é a observação mais importante que ela pode fazer, pois observa algo que ela mesmo engendra; não se vê diante de um objeto que lhe é estranho, mas sim diante de sua própria atividade.
  • 17. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Sabe, portanto, como acontece o que observa. Discerne com clareza as relações e as conexões. Encontrou-se, assim, um firme ponto de apoio no qual se pode basear a compreensão e a explicação das outras coisas. Quando se faz do pensar um objeto da observação, acrescenta-se ao conteúdo do mundo algo que normalmente escapa da atencão, mas não se altera a maneira como o homem se comporta diante das demais coisas. Aumenta-se o número dos objetos da observação, mas não o método de observar.
  • 18. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O objeto observado é qualitativamente idêntico à atividade que a ele se dirige. E essa é outra peculiaridade do pensar. Quando fazemos dele um objeto da observação, não somos obrigados a fazê-lo por meio de algo qualitativamente diferente, mas podemos permanecer no mesmo elemento. O que com relação à natureza não é possível — o criar antes do conhecer —, no pensar o realizamos. Se déssemos início ao pensar apenas quando o tivéssemos compreendido, então nunca chegaríamos a realizá-lo. Temos que produzir primeiro resolutamente os pensamentos para depois, mediante a observação do que nós produzimos, chegarmos à compreensão do pensar.
  • 19. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Para a observação do pensar nós mesmos criamos o objeto. A existência dos demais objetos já foi providenciada sem a nossa participação. Não resta dúvida, no pensar temos uma ponta do devir do universo em nossas mãos e estamos presentes quando este se realiza. E eis, justamente, o que importa. Pois a razão pela qual as coisas se apresentam diante de nós de maneira tão enigmática é que não participamos de seu vir-a-ser. Simplesmente as encontramos. Quanto ao pensar, no entanto, sabemos de onde vem. Por isto, não existe um ponto de partida mais fundamental para a compreensão do mundo que o pensar.
  • 20. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Precisava de algo que se apoiasse em si mesmo e prescindisse de outro fundamento. No pensar, nós temos um princípio que subsiste por si só. A partir daqui tentaremos compreender os outros aspectos do mundo. O pensar compreende-se por si mesmo. Resta indagar se por meio dele podemos compreender também o que está fora dele. Se eu quiser obter esclarecimento sobre a relação entre pensar e consciência terei de pensar. Pressuponho assim o pensar.
  • 21. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Preciso analisar primeiramente o pensar de maneira neutra e sem relação com um sujeito pensante ou um objeto pensado, pois sujeito e objeto já são conceitos formados pelo pensar. Não é possível, pois, negar que antes de se poder compreender qualquer outra coisa, precisa-se compreender o pensar. Quem o negar, não se apercebe de que o homem não é um elemento inicial, mas o elemento final da criação. Quem quer explicar o mundo através de conceitos não deve tentar partir dos primeiros elementos, e sim dos que nos são mais próximos e íntimos. Não podemos nos transladar com um salto ao começo do mundo para lá iniciar a nossa investigação. Temos, antes de tudo, de partir do momento atual e ver se conseguimos remontar do presente ao passado.
  • 22. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O pensar é um fato e não faz sentido discutir sobre a certitude ou falsidade de um fato. Posso apenas duvidar se o pensar está sendo aplicado de maneira certa, assim como posso duvidar se uma árvore fornece a madeira adequada para uma determinada ferramenta. E mostrar em que sentido é certa ou errada a aplicação do pensar ao mundo será justamente a tarefa deste tratado. As investigações deste capítulo ressaltam a importante diferença entre o pensar e todos os demais fenômenos da vida interna do homem como o resultado de uma observação imparcial. Apenas no pensar o eu está inteiramente unido em sua atividade com o conteúdo por ele produzido.
  • 23. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior É importante não confundir vivenciar passivamente imagens conceituais e elaborar ativamente idéias. Imagens conceituais podem se manifestar na mente como sonhos vagos. Essas imagens não são oriundas do pensar.
  • 24. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O verdadeiro pensar sempre é um ato de vontade. Mesmo sendo verdade que a essência do pensar exija um ato de vontade, o decisivo, neste contexto, é que nada é dado ao ‘eu’ que não se lhe apresente como algo inteiramente transparente. Cabe inclusive dizer que justamente em virtude das características realçadas do pensar, ele se apresenta ao observador como permeado integralmente de vontade. É o próprio ‘eu’ que observa pensando a sua própria atividade. O ‘eu’, ... , teria que estar fora do pensar.
  • 25. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Quem achar que o pensar seja outra coisa que uma atividade inteiramente transparente e produzida no ‘eu’, precisa antes se esforçar em não ver os fatos dados à observação imparcial para depois inventar uma atividade hipotética e inconsciente como fator subjacente. Quem não dificultar artificialmente a compreensão do assunto, verá que tudo que acrescentamos ao pensar nos alienará dele. A observação livre de preconceitos mostra que nada pertence ao pensar que não é encontrado nele. Não chegaremos ao que gera o pensar abandonando o campo da atividade pensante.
  • 26. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O mundo é abordado pela e elaborado pelo sensações sentimentos representações alucinações ideias conceitos atos de vontade Observação Pensar O estado de exceção na observação do pensar, preciso dele mesmo PENSAR Observa sua atividade
  • 27. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Capítulo 4: O mundo como percepção Ferramentas do pensar conceitos ideias
  • 28. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Por meio do pensar nos são dados conceitos e idéias. Palavras não dizem o que é um conceito; elas apenas o indicam. Quanto mais o nosso horizonte se amplia, tanto maior se torna a soma de nossos conceitos. Os conceitos, porém, não são isolados. Eles se associam entre si, formando, desse modo, um todo ordenado. Idéias não são qualitativamente diferentes dos conceitos. Elas são apenas mais ricas de conteúdo, mais saturadas e abrangentes. Preciso salientar aqui que adotei como ponto de partida o pensar e não conceitos e idéias, que antes precisam ser produzidos pelo pensar. Estes pressupõem, por conseguinte, o pensar.
  • 29. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior O conceito não pode ser extraído do mundo observado. Isso já se vê pelo fato de que o homem, no decorrer de sua vida, forma apenas paulatinamente os conceitos como complementos dos objetos a seu redor. Os conceitos precisam, pois, ser acrescentados ao mundo dado na observação. É preciso passarmos agora do pensar para o ente pensante, pois através deste o pensar é associado à observação. CONSCIÊNCIA Conceito + Observação
  • 30. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Pelo fato de dirigir o seu pensar para a observação, ele tem consciência dos objetos; quando dirige o seu pensar para si mesmo, obtém consciência de si próprio, ou seja, autoconsciência. PENSAR OBSERVAÇÃO PENSAR OBJETOS AUTOCONSCIÊNCIA
  • 31. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Não se pode esquecer, no entanto, que apenas nos identificamos como sujeitos e nos distinguimos dos objetos graças ao pensar. Por essa razão, não é lícito classificar o pensar como atividade somente subjetiva. O pensar não pertence ao sujeito e tampouco ao objeto, porque é a instância na qual esses dois conceitos têm, como todos os demais conceitos, a sua origem. Quando relacionamos, enquanto sujeitos pensantes, o conceito ao objeto, não se trata de uma relação apenas subjetiva. Não é o sujeito que estabelece a relação, mas sim o pensar. O sujeito não pensa por ser sujeito, mas se identifica como sujeito porque é capaz de pensar.
  • 32. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior A atividade que o homem executa como ente pensante não é, por- tanto, meramente subjetiva; ela não é nem subjetiva e nem obje- tiva, mas uma atividade que abarca ambos os conceitos. Nunca devo, portanto, dizer que o meu sujeito individual pensa; na verdade, este só vive graças ao pensar. O pensar é, por conseguinte, um fator que me leva além do meu sujeito e me liga aos objetos, mas me separa também, ao mesmo tempo, deles, porque me distingue, como sujeito, dos objetos. Aí reside justamente a natureza dual do homem: ele pensa e abrange assim a si mesmo e ao restante do mundo; porém, tem de se definir símultaneamente, através do pensar, como um indivíduo que está em oposição às coisas.
  • 33. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior A observação pura Resultado da observação: percepção Cada ampliação do círculo das nossas percepções nos obriga a corrigir a imagem que antes havíamos formado do mundo. Isso se evidencia em nossa vida cotidiana tanto quanto no desenvolvimento cultural geral da humanidade.
  • 34. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior A percepção do eu pode surgir na consciência mesmo quando tenho outras percepções. Quando estou submerso na percepção de um dado objeto, tenho, primeiramente, só consciência dele. A essa percepção pode juntar- se a percepção de meu próprio sujeito. Tenho, daí, não só consciência do objeto, mas também da minha pessoa, que está diante do objeto e o observa. Não vejo apenas uma árvore, mas sei também que sou eu que a vejo. Entendo também que algo se modifica em mim enquanto eu observo a árvore. Quando a árvore desaparece do horizonte da minha observação, permanece, no entanto, em minha mente, um resíduo desse processo, uma imagem da árvore.
  • 35. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Essa imagem se uniu durante o ato de observação a meu sujeito. Meu sujeito se enriqueceu; a seu conteúdo integrou-se um elemento novo. Chamo esse elemento de representação da árvore. Nunca poderia falar de representações se não as vivenciasse no âmbito do meu sujeito. Percepções viriam e iriam e eu simplesmente as deixaria passar. Eu percebo a representação no âmbito do meu sujeito à semelhança das percepções que tenho das cores, sons, etc., nos demais objetos.
  • 36. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Processo de observação do mundo Atividade e elaboração do pensar Resultado do processo Ferramenta do pensar PERCEPÇÃO CONCEITO + Representação: imagem mental restante
  • 37. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Percepção: isolada Conceito: conectante Percebo representações : mundo interno e mundo externo Percepção : coisas (interrompida) Do Eu: (constante)
  • 38. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Capítulo 5: Cognição e realidade Pensar é universal: recebe expressão individual em cada um de nós Conceito de triângulo é um só: conteúdo do pensar é objetivo Pensar: vincula nossa individualidade ao universo
  • 39. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior Particular: percepção, sensação, sentimento UNIVERSAL: pensar periferia: pensar individual Centro Pensar universal
  • 40. Mestrado e Doutorado em Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Unicamp – Prof. Dr. Jonas Bach Junior FONTES DE CONHECIMENTO Percepção Conceito Observação Intuição O pensar não é mera representação afastada da realidade Encontramos no e através do pensar a realidade