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__________________
       _____
NOTAS SOBRE A MINA DE FERRO DO
           CUNHAÚ




       Jonas Floripe Ginani Filho
          notasdamina@gmail.com


    _____________
       _______
I – Resumo da mineração de ferro no Brasil (Séc. XVI ao
XVIII):
        A história da metalurgia no Brasil se inicia com forjas catalãs primitivas na chegada
de Martin Afonso de Souza em São Vicente (SP) em 1532. Nesta expedição Martin Afonso
trouxe o mestre ferreiro Bartolomeu Fagundes. Após terminar seu contrato, Bartolomeu
fixou-se em Santo Amaro (SP) onde se tornou proprietário de terras e criou a primeira forja
do Brasil. Esse fato foi mencionado por Anchieta em 1554.
        Em 1589, os Afonso Sardinha (pai e filho), versados em mineração e empenhados na
procura de metais, descobriram, em uma de suas excursões, minério de ferro no sopé do
morro Araçoiaba próximo a Sorocaba (SP).Neste local, em 1591, foi instalado a primeira
usina siderúrgica constituída por dois fornos rústicos e uma forja. Ela foi fechada em 1628.
        Os motivos da paralisação da produção seriam a escassez do minério e os altos custos
do ferro produzido, a que correspondiam as dificuldades com a mão-de-obra, segundo os
proprietários. A coroa tinha especial preocupação nesses anos de colonização com os índios,
assim proibiam terminantemente que eles tivessem conhecimento da técnica com receio de
trocarem as toscas armas de madeira por outras de ferro. Sobre essa preocupação, a câmara
paulistana, ainda nos anos de 1500, advertiu seguidas vezes seus ferreiros para que índios e
escravos não tivessem acesso a essas técnicas, mas como evitar, entretanto, que o ferreiro
ensinasse seu filho bastardo mameluco ou mulato, o seu ofício? Além disso, tinha o problema
do monopólio do comércio, já que Portugal, assim como a Espanha, produziam ferro.
Contudo, a necessidade, tanto pelas minas de ouro e diamante em Minas Gerais, como dos
engenhos de açúcar do litoral nordestino e fazendas de gado do sertão, de instrumentos de
ferro (como pás, enxadas, foices, machados, facões e outros utensílios de ferro) eram
tamanhas e imediatas, nem sempre dava para esperar os navios. Confirmando isso, existem
referências nos anos 1600 à forjas em Santana do Parnaíba (SP), Santo Ângelo (Missões) e
do Governador do Maranhão (Jerônimo de Albuquerque?), solicitando recursos para a
instalação do engenho de ferro, negado pela coroa pelos motivos descritos anteriormente.
        Em 1703, pelo Tratado de Metthuen, entre Inglaterra e Portugal, este último para
vender seus vinhos ao primeiro, obrigou-se a destruir todas as suas manufaturas na Europa e
nas colônias, incluindo aí as forjas. Toda manufatura deveria ser importada agora da
Inglaterra.
        Por fim, em 1785, dona Maria I, a louca, proíbe a indústria de ferro no Brasil, era mais
um golpe na indústria brasileira que, no entanto, continuou viva e já em 1795, essa portaria
foi revogada. Graças as necessidades e a abundância do minério de ferro no país, a siderurgia
conseguiu ultrapassar esses momentos difíceis e hoje é o maior produtor e exportador de
ferro do planeta.




                   Forno que foi usado em araçoiaba e típico da galícia
II – A Mina de Ferro do Cunhaú - História:

1. Jerônimo de Albuquerque – o descobridor:
        Jerônimo de Albuquerque que depois acrescentaria o Maranhão ao nome, nasceu em
1548 na vila de Olinda (PE) tendo sido o terceiro e último filho varão do casal Jerônimo de
Albuquerque e Maria do Espírito Santo Arco-Verde esta, filha do maioral tabajara convertida
ao catolicismo. Casou-se com Catharina Teyo e teve dois filhos: Antônio Albuquerque, que
foi Capitão-Mor da Paraíba e posteriormente o substituiu no Maranhão, e Matias de
Albuquerque, também Capitão-Mor da Paraíba em data posterior ao irmão.
        Teve destacada atuação nos fatos relacionados com a reconquista da capitania do Rio
Grande aos franceses, como capitão de uma companhia enviada em dezembro de 1597 ao
Potengi, pelo Capitão-Mor do Pernambuco Manuel Mascarenhas Homem. Por patente de
dom Filipe de Castela, que acumulava a coroa de Portugal, Jerônimo foi nomeado
Capitão-Mor do Rio Grande, em substituição a João Rodrigues Colaço, que fora o primeiro a
governar a capitania, em 7 de julho de 1603, e já no ano seguinte, 2 de maio de 1604
concedeu terras aos seus filhos infantes Antonio e Matias de Albuquerque, onde foi instalado
o famoso Engenho do Cunhaú.
        Foi um homem de visão e um empreendedor. O engenho de sua família tinha grande
importância econômica para a capitania, tanto que investiu em fazendas de gado no sertão, na
mineração de ferro e numa represa e canal para levar água do rio piquiri até o engenho com a
finalidade de movimentar a moenda.
        Em 17 de junho de 1614, foi nomeado capitão da conquista e descobrimento do
Maranhão contra os franceses, a quem derrota definitivamente em 19 de novembro do
mesmo ano. Foi nomeado Capitão-Mor do Maranhão de 1616 a 1618, substituído pelo filho
Antônio de Albuquerque Maranhão por motivo de morte. Seu falecimento se deu no
Engenho do Cunhaú e sepultado na capela onde encontra-se a pedra tumular, segundo o
historiador Olavo Medeiros..




Jerônimo de Albuquerque             O Engenho do Cunhaú segundo uma pintura holandesa
                                                      da época
Lápide com os dizeres "Aqui jaz fundador        Capelinha de Nossa Senhora das candeias
 Jerônimo de Albuquerque Maranhão"              no Engenho do Cunhaú onde se encontra
                                                a lápide e onde ocorreu o massacre de
                                                Cunhaú.

2. O descobrimento:

        A 2 de agosto de 1608, o Capitão-Mor Jerônimo de Albuquerque, Governador da
capitania do Rio Grande, em suas andanças ao Engenho do Cunhaú, descobre um local em
que havia minério de ferro. Como seus filhos eram proprietários de engenho de açúcar e
fazendas de gado no sertão, ambas atividades comerciais muito necessitadas de utensílios de
ferro que tinham de vir de fora, caros e demorados, essa mina viria sem sombra de dúvida a
resolver muitos dos seus problemas. Sua localização próximo ao rio Curimataú, onde havia o
engenho, e ao Rio Grande(Natal) através do caminho de terra conspirava para isso. Essa mina
era fundamental para os negócios da capitania e do engenho. Pelo formato dos túneis,
entradas e respiradouros, a produção e o investimento não foram pequenos e a técnica
empregada não suscita dúvidas quanto à presença de pessoas entendidas.

3. A localização e constituição:
        A primeira mina de ferro da capitania está localizada no município de Canguaretama
à altura do KM 158 da BR101, distante cerca de 200 metros em relação à margem leste da
rodovia. Suas coordenadas geográficas (aproximadas)são 6º20’25” latitude sul e 35º13’3” de
longitude oeste. O subterrâneo fica alguns metros abaixo do cume de um monte, em sua
encosta ocidental. O terreno onde foi escavado o subterrâneo é constituído por um arenito de
concreções ferruginosas, o areno-argiloso, formação barreiras.
        O interior da construção recebe do exterior um pouco de ventilação e iluminação
através de respiradouros verticais, que medem cerca de três metros de altura, apresentando
diâmetros variáveis entre 22 e 33 centímetros. Foram observados 18 respiradouros, porém é
possível que haja um número maior, já que a vegetação e o barro podem ter encoberto alguns.
Esses respiradouros se encontram numa área de 25 metros de comprimento por 12 de largura.
Versões de pessoas que adentraram na mina dão conta da existência de túneis com
câmaras ou salões circulares de 5 metros de diâmetros, que permitiriam a passagem de um
homem em pé e portas metálicas com correntes e inscrições. Hoje essas condições não se
verificam, pois muita terra penetrou pelos túneis, impossibilitando a entrada em alguns até
mesmo deitado.
        Os trabalhadores eram escravos negros, índios, mestiços e provavelmente brancos.
Estes últimos deveriam ser entendidos em mineração e orientar as escavações em busca do
minério evitando desmoronamentos. As condições não eram favoráveis para os trabalhadores
no interior dos túneis já que todo serviço era braçal e quase sempre agachado. É provável que
tenha havido mortes devido às péssimas condições de trabalho e desmoronamentos.




Os dois quadros da esquerda mostram fase da mineração em câmaras (baixo) e túneis
(acima) usando cestos presos ao corpo para carregar o minério para o exterior. À direita
fases para buscar o minério usando picaretas, sentado ou deitado conforme a situação.
Essa ilustração é de uma mina de carvão, à época da revolução industrial inglesa, que
mostra como deveria ser o processo de lavra da mina de Cunhaú.




                      Suspiros encontrados duarante visita em julho de 2005
Um outro suspiro observado                        Entrada principal da mina já
                                                    Parcialmente bloqueada com
                                                               entulho.




               A entrada principal da mina no cume do morro


4. O período holandês:
O domínio holandês na capitania se inicia em 8 de dezembro de 1633 e termina em 26
de janeiro de 1654. Desse período têm-se notícia de uma mina de ouro e prata conhecida
pelos flamengos desde 1637 situada no rio calabouço, afluente do Curimataú, entre Nova
Cruz e Passa e Fica. Sobre essa mina se tem documentos holandeses tratando do assunto. Um
relatório do Conde de Nassau de 28 de março de 1637,fazia menção a mina do rio Cunhaú
com grande entusiasmo e expectativa. Em 13 de fevereiro de 1645, o Supremo Conselho da
Companhia comunicava a retomada da pesquisa mineralógica pelo pregador Judocus à
Stetten, um improvisado técnico em mineração. Em 24 de junho do mesmo ano, ele escreveu
um relatório dos seus avanços à assembleia, juntando um croqui mostrando os arredores da
pretensa mina. Não deve ter tido muito sucesso como afirma um outro documento
referindo-se à mina do sertão do Cunhaú, informando que para lá foram mandados Alberto
Schmient e Paulo Semler. No local eles encontraram prata, mas sem produção suficiente.
Outras minas citadas foram a de Camarajipe (povoado de Igreja Nova) e Iporé (Sítio Novo),
ambas sem produção.
        Sobre a mina de ferro, deve se deixar claro, que nada tem a ver com a mina do sertão,
conforme esclarece o historiador Olavo Medeiros Filho, contudo,          embora não se tenha
notícias da mineração de ferro, a necessidade do minério era ainda maior por parte dos
holandeses que precisavam repor os utensílios de ferro dos engenhos, das fazendas de gado e
da própria guerra que se complicava com os insurretos pernambucanos já em 1645. É
provável que esse fator tenha desestimulado a lavra da mina e ela tenha sido abandonada
quando o engenho foi incendiado em 16 de maio de 1647 devido às investidas dos
portugueses e brasileiros.

5.O encerramento da mina de ferro:
       Não se tem notícias de quando a mina encerrou suas atividades, é certo que desde sua
descoberta outros veios foram explorados, como mostra os túneis em Baía Formosa e em
Vila Flor(não se sabe se por portugueses, brasileiros ou holandeses) e, portanto, teve um
investimento que deve ter sido compensado por uma produção à altura. No entanto é fato que
a mineração foi encerrada, talvez por escassez do minério ou após o incêndio do engenho
durante a guerra de reconquista em meados do século XVII.
       Posteriormente a mina abandonada pode ter servido como prisão e esconderijo. Foi
também, alvo de vândalos e caçadores de supostos tesouros holandês. O abandono,
vandalismo e intempéries terminaram destruindo um patrimônio histórico que hoje se
encontra em situação bastante difícil com salões, alguns suspiros e túneis aterrados.

III – As lendas e fatos curiosos:
1. O bode de ouro:

        Uma versão para a denominação gruta do bode à mina é que se ouvia berros deste
animal vindo do interior dos túneis. Esse berro era estranho pois não se criava caprinos na
área. Como se achava que os holandeses ao fugirem, teriam deixado tesouros escondidos no
interior dos túneis, um deles seria um bode maciço de ouro e o chamado era um convite para
os incautos se perderem nos labirintos da mina. Esses berros podem ser escutados a qualquer
hora do dia ou da noite.
2. O forasteiro:
        Na tentativa de encontrar tesouros deixados pelos holandeses, muitos ousaram
desafiar seus túneis. Um desses destemidos teve sua façanha contada até hoje pelas
estranhices relacionadas com o fracasso. Ele foi um forasteiro que após algum tempo
percorrendo a mina tentando encontrar o tesouro, se perdeu em um labirinto interior. Seus
gritos ao soarem pelos suspiros, atraíram a atenção de algumas pessoas próximas, que
tentaram orientá-lo até a saída. Ao final da tarde, quando a luz diminuía e o interior dos túneis
se escurecia, a hora dos morcegos saírem tinha chegado, com os bandos de sombrias figuras
brotando pelos suspiros de maneira aterradora. A lua cheia já subindo ao alto, tinha como
fundo musical os gritos desesperados do forasteiro, cada vez mais fracos e distantes, até que,
ao chegar a hora do retorno dos senhores da escuridão, nada mais se ouviu do forasteiro.
Não se sabe quem foi, apenas que era muito jovem e ganancioso. Perdeu um tesouro valioso
que tinha, a vida, por um tesouro que talvez nem existisse. Hoje seus gritos desesperados são
ouvidos em noites de lua cheia como a avisar aos mais afoitos do perigo, e a convidar os mais
incrédulos a lhe fazer companhia

3. O bode ferroviário:

        Outra versão para a origem do nome gruta do bode está relacionada à presença de um
cabrito solitário que vagava selvagem pelo local e habituou-se a pular em algum vagão vazio
do trem que passava nas proximidades do local, chegando até a estação de Canguaretama
(hoje este ramal está desativado). Este cabrito destemido descia na estação e voltava fazendo
o mesmo percurso. Tornou-se conhecido pelos maquinistas que associaram o local ao
estranho caroneiro.

4. Esconderijos e rotas de escape:

        Conta a lenda que a partir da mina, usando túneis de grande extensão, é possível
chegar a casa de câmara de cadeia de Vila Flor, ao engenho do Cunhaú, a ilha do Flamengo,
ao fortim da barra (barra de Cunhaú), a mata estrela (Baía Formosa) e a fortaleza dos Reis
Magos em Natal. Esses túneis seriam usados como proteção pelos holandeses quando nesta
região estiveram, ou para fuga de presos ou, ainda, por forasteiros que vinham roubar a
cidade.

5. Os fenícios:
        Essa hipótese foi aventada pelo professor austríaco Ludwig Schwennhagen. Ele
acreditava que os buracos teriam sido realmente uma mina, mas explorada pelos fenícios
muitos séculos antes de cristo. Esses povos eram conhecidos por serem excelentes
comerciantes e navegadores.
        O Brasil está repleto de indícios comprobatórios da passagem dos fenícios, e tudo
indica que eles concentraram sua atenção no nordeste. Pouco distante da confluência do rio
Longá e do rio Parnaíba, no Estado do Piauí, existe um lago onde foram encontrados
estaleiros fenícios e um porto, com local para atracação dos "carpássios" (navios antigos de
longo curso).
Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e
Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas
as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de
bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920,
e encontrou utensílios tipicamente fenícios.
        No Rio Grande do Norte, por sua vez, depois de percorrer um canal de 11
quilômetros, os barcos fenícios ancoravam no lago Extremoz. O professor austríaco Ludwig
Schwennhagen estudou cuidadosamente os aterros e subterrâneos do local, e outros que
existem perto da vila de Touros, onde os navegadores fenícios vinham a ancorar após
percorrer uns 10 quilômetros de canal. O mesmo Schwennhagen relata que encontrou na
Amazônia inscrições fenícias gravadas em pedra, nas quais havia referências a diversos reis
de Tiro e Sidon (887 a 856 a.C.).
        Schwennhagen acredita que os fenícios usaram o Brasil como base durante pelo
menos oitocentos anos, deixando aqui, além das provas materiais, uma importante influência
lingüística entre os nativos.
        Nas entradas dos rios Camocim (Ceará), Parnaíba (Piauí) e Mearim (Maranhão),
existem muralhas de pedra e cal erguidas pelos antigos fenícios.
        E há, finalmente, a famosa inscrição da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, bastante
conhecida: Aqui Badezir, rei de Tiro, primogênito de Jetbaal.
        No nosso caso,infelizmente,nada se pode afirmar pois essas inscrições se encontram
em câmaras que se encontram aterradas e portanto,impossibilitadas no momento,de serem
comprovadas.




       Navio fenício com 35 metros                          Provável planisfério em uma
                                                            moeda fenícia.
Inscrição Fenícia encontrada em Pouso Alto - Paraíba/BR
“Somos filhos de Caná, de Saida, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia,
uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19
de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber, no mar Vermelho, e viajamos
com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente a
Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos
companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o
almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem
em nosso favor.”




A pedra da Gávea no Rio de Janeiro tendo esculpida(pelos fenícios ou pelo tempo?) uma face e a
inscrição nela encontrada.


IV – Comentários finais:
        A maior riqueza que uma sociedade pode ter é sua história, seja ela boa ou ruim, é
nela que os descendentes se apoiarão para decidir os melhores caminhos do futuro. Julgando
os acertos e erros do passado, teremos como melhorar nosso futuro.
Com base nessas afirmações, a história de uma sociedade, representada pelas suas
construções, costumes e objetos, representa um patrimônio a ser deixado para as gerações
futuras. Sua perpetuação é pois, de suma importância, como legado às gerações vindouras,
que incorporarão esse sentimento de respeito à história dos antepassados. A mina de ferro do
Cunhaú, que se encontra abandonada e a ponto de desaparecer, tem uma história rica de
acontecimentos, seja em vidas humanas (negros, índios e brancos) que ali pereceram, seja no
trabalho árduo e penoso ali empregado, em prol do desenvolvimento da sociedade à época e,
portanto, não pode ser apagado da história, pois esse patrimônio do Rio Grande do Norte e
de Canguaretama, é um tesouro que outras gerações têm o direito de ver e conhecer .

V – Bibliografia:

LISBOA,Luiz C. & ROBERTO,P.Andrade. "Grandes Enigmas da Humanidade" Editora Vozes ,
    (págs 96-100)
MEDEIROS FILHO,Olavo de.Notas para a história do Rio Grande do Norte.João
     Pessoa,UNIPÊ,2001
________________________ No rastro dos flamengos.Natal.Fundação José Augusto,1989.
________________________ Aconteceu na capitania do Rio Grande.Natal,Depto.Estadual
     de Imprensa,1997
________________________ O Engenho Cunhaú à luz de um inventário.Natal,Fundação
     José Augusto,1993
Personalidades históricas do Rio Grande do Norte(séc.XVI a XIX)/Centro de Estudos e
     Pesquisa Juvenal Lamartine.Natal (RN):Fundação José Augusto,1999.v.1


VI – Periódicos:
CARVALHO,Alfredo de.Minas de ouro e prata no Rio Grande do Norte – explorações
      holandesas no séc. XVII, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande
     do     Norte.Vol.III.n.1,jan.1905.
AUGUSTA SILVA,Neiva.Uma visita aos fornos da história da siderurgia no
     Brasil,Galileu.9(102):68-71,jan.2000

VII – Outras fontes:
GALVÃO NETO,Francisco Alves.apostila sobre história de Canguaretama.




                            Canguaretama/agosto de 2008

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MINA DE FERRO DE CUNHAÚ

  • 1. __________________ _____ NOTAS SOBRE A MINA DE FERRO DO CUNHAÚ Jonas Floripe Ginani Filho notasdamina@gmail.com _____________ _______
  • 2. I – Resumo da mineração de ferro no Brasil (Séc. XVI ao XVIII): A história da metalurgia no Brasil se inicia com forjas catalãs primitivas na chegada de Martin Afonso de Souza em São Vicente (SP) em 1532. Nesta expedição Martin Afonso trouxe o mestre ferreiro Bartolomeu Fagundes. Após terminar seu contrato, Bartolomeu fixou-se em Santo Amaro (SP) onde se tornou proprietário de terras e criou a primeira forja do Brasil. Esse fato foi mencionado por Anchieta em 1554. Em 1589, os Afonso Sardinha (pai e filho), versados em mineração e empenhados na procura de metais, descobriram, em uma de suas excursões, minério de ferro no sopé do morro Araçoiaba próximo a Sorocaba (SP).Neste local, em 1591, foi instalado a primeira usina siderúrgica constituída por dois fornos rústicos e uma forja. Ela foi fechada em 1628. Os motivos da paralisação da produção seriam a escassez do minério e os altos custos do ferro produzido, a que correspondiam as dificuldades com a mão-de-obra, segundo os proprietários. A coroa tinha especial preocupação nesses anos de colonização com os índios, assim proibiam terminantemente que eles tivessem conhecimento da técnica com receio de trocarem as toscas armas de madeira por outras de ferro. Sobre essa preocupação, a câmara paulistana, ainda nos anos de 1500, advertiu seguidas vezes seus ferreiros para que índios e escravos não tivessem acesso a essas técnicas, mas como evitar, entretanto, que o ferreiro ensinasse seu filho bastardo mameluco ou mulato, o seu ofício? Além disso, tinha o problema do monopólio do comércio, já que Portugal, assim como a Espanha, produziam ferro. Contudo, a necessidade, tanto pelas minas de ouro e diamante em Minas Gerais, como dos engenhos de açúcar do litoral nordestino e fazendas de gado do sertão, de instrumentos de ferro (como pás, enxadas, foices, machados, facões e outros utensílios de ferro) eram tamanhas e imediatas, nem sempre dava para esperar os navios. Confirmando isso, existem referências nos anos 1600 à forjas em Santana do Parnaíba (SP), Santo Ângelo (Missões) e do Governador do Maranhão (Jerônimo de Albuquerque?), solicitando recursos para a instalação do engenho de ferro, negado pela coroa pelos motivos descritos anteriormente. Em 1703, pelo Tratado de Metthuen, entre Inglaterra e Portugal, este último para vender seus vinhos ao primeiro, obrigou-se a destruir todas as suas manufaturas na Europa e nas colônias, incluindo aí as forjas. Toda manufatura deveria ser importada agora da Inglaterra. Por fim, em 1785, dona Maria I, a louca, proíbe a indústria de ferro no Brasil, era mais um golpe na indústria brasileira que, no entanto, continuou viva e já em 1795, essa portaria foi revogada. Graças as necessidades e a abundância do minério de ferro no país, a siderurgia conseguiu ultrapassar esses momentos difíceis e hoje é o maior produtor e exportador de ferro do planeta. Forno que foi usado em araçoiaba e típico da galícia
  • 3. II – A Mina de Ferro do Cunhaú - História: 1. Jerônimo de Albuquerque – o descobridor: Jerônimo de Albuquerque que depois acrescentaria o Maranhão ao nome, nasceu em 1548 na vila de Olinda (PE) tendo sido o terceiro e último filho varão do casal Jerônimo de Albuquerque e Maria do Espírito Santo Arco-Verde esta, filha do maioral tabajara convertida ao catolicismo. Casou-se com Catharina Teyo e teve dois filhos: Antônio Albuquerque, que foi Capitão-Mor da Paraíba e posteriormente o substituiu no Maranhão, e Matias de Albuquerque, também Capitão-Mor da Paraíba em data posterior ao irmão. Teve destacada atuação nos fatos relacionados com a reconquista da capitania do Rio Grande aos franceses, como capitão de uma companhia enviada em dezembro de 1597 ao Potengi, pelo Capitão-Mor do Pernambuco Manuel Mascarenhas Homem. Por patente de dom Filipe de Castela, que acumulava a coroa de Portugal, Jerônimo foi nomeado Capitão-Mor do Rio Grande, em substituição a João Rodrigues Colaço, que fora o primeiro a governar a capitania, em 7 de julho de 1603, e já no ano seguinte, 2 de maio de 1604 concedeu terras aos seus filhos infantes Antonio e Matias de Albuquerque, onde foi instalado o famoso Engenho do Cunhaú. Foi um homem de visão e um empreendedor. O engenho de sua família tinha grande importância econômica para a capitania, tanto que investiu em fazendas de gado no sertão, na mineração de ferro e numa represa e canal para levar água do rio piquiri até o engenho com a finalidade de movimentar a moenda. Em 17 de junho de 1614, foi nomeado capitão da conquista e descobrimento do Maranhão contra os franceses, a quem derrota definitivamente em 19 de novembro do mesmo ano. Foi nomeado Capitão-Mor do Maranhão de 1616 a 1618, substituído pelo filho Antônio de Albuquerque Maranhão por motivo de morte. Seu falecimento se deu no Engenho do Cunhaú e sepultado na capela onde encontra-se a pedra tumular, segundo o historiador Olavo Medeiros.. Jerônimo de Albuquerque O Engenho do Cunhaú segundo uma pintura holandesa da época
  • 4. Lápide com os dizeres "Aqui jaz fundador Capelinha de Nossa Senhora das candeias Jerônimo de Albuquerque Maranhão" no Engenho do Cunhaú onde se encontra a lápide e onde ocorreu o massacre de Cunhaú. 2. O descobrimento: A 2 de agosto de 1608, o Capitão-Mor Jerônimo de Albuquerque, Governador da capitania do Rio Grande, em suas andanças ao Engenho do Cunhaú, descobre um local em que havia minério de ferro. Como seus filhos eram proprietários de engenho de açúcar e fazendas de gado no sertão, ambas atividades comerciais muito necessitadas de utensílios de ferro que tinham de vir de fora, caros e demorados, essa mina viria sem sombra de dúvida a resolver muitos dos seus problemas. Sua localização próximo ao rio Curimataú, onde havia o engenho, e ao Rio Grande(Natal) através do caminho de terra conspirava para isso. Essa mina era fundamental para os negócios da capitania e do engenho. Pelo formato dos túneis, entradas e respiradouros, a produção e o investimento não foram pequenos e a técnica empregada não suscita dúvidas quanto à presença de pessoas entendidas. 3. A localização e constituição: A primeira mina de ferro da capitania está localizada no município de Canguaretama à altura do KM 158 da BR101, distante cerca de 200 metros em relação à margem leste da rodovia. Suas coordenadas geográficas (aproximadas)são 6º20’25” latitude sul e 35º13’3” de longitude oeste. O subterrâneo fica alguns metros abaixo do cume de um monte, em sua encosta ocidental. O terreno onde foi escavado o subterrâneo é constituído por um arenito de concreções ferruginosas, o areno-argiloso, formação barreiras. O interior da construção recebe do exterior um pouco de ventilação e iluminação através de respiradouros verticais, que medem cerca de três metros de altura, apresentando diâmetros variáveis entre 22 e 33 centímetros. Foram observados 18 respiradouros, porém é possível que haja um número maior, já que a vegetação e o barro podem ter encoberto alguns. Esses respiradouros se encontram numa área de 25 metros de comprimento por 12 de largura.
  • 5. Versões de pessoas que adentraram na mina dão conta da existência de túneis com câmaras ou salões circulares de 5 metros de diâmetros, que permitiriam a passagem de um homem em pé e portas metálicas com correntes e inscrições. Hoje essas condições não se verificam, pois muita terra penetrou pelos túneis, impossibilitando a entrada em alguns até mesmo deitado. Os trabalhadores eram escravos negros, índios, mestiços e provavelmente brancos. Estes últimos deveriam ser entendidos em mineração e orientar as escavações em busca do minério evitando desmoronamentos. As condições não eram favoráveis para os trabalhadores no interior dos túneis já que todo serviço era braçal e quase sempre agachado. É provável que tenha havido mortes devido às péssimas condições de trabalho e desmoronamentos. Os dois quadros da esquerda mostram fase da mineração em câmaras (baixo) e túneis (acima) usando cestos presos ao corpo para carregar o minério para o exterior. À direita fases para buscar o minério usando picaretas, sentado ou deitado conforme a situação. Essa ilustração é de uma mina de carvão, à época da revolução industrial inglesa, que mostra como deveria ser o processo de lavra da mina de Cunhaú. Suspiros encontrados duarante visita em julho de 2005
  • 6. Um outro suspiro observado Entrada principal da mina já Parcialmente bloqueada com entulho. A entrada principal da mina no cume do morro 4. O período holandês:
  • 7. O domínio holandês na capitania se inicia em 8 de dezembro de 1633 e termina em 26 de janeiro de 1654. Desse período têm-se notícia de uma mina de ouro e prata conhecida pelos flamengos desde 1637 situada no rio calabouço, afluente do Curimataú, entre Nova Cruz e Passa e Fica. Sobre essa mina se tem documentos holandeses tratando do assunto. Um relatório do Conde de Nassau de 28 de março de 1637,fazia menção a mina do rio Cunhaú com grande entusiasmo e expectativa. Em 13 de fevereiro de 1645, o Supremo Conselho da Companhia comunicava a retomada da pesquisa mineralógica pelo pregador Judocus à Stetten, um improvisado técnico em mineração. Em 24 de junho do mesmo ano, ele escreveu um relatório dos seus avanços à assembleia, juntando um croqui mostrando os arredores da pretensa mina. Não deve ter tido muito sucesso como afirma um outro documento referindo-se à mina do sertão do Cunhaú, informando que para lá foram mandados Alberto Schmient e Paulo Semler. No local eles encontraram prata, mas sem produção suficiente. Outras minas citadas foram a de Camarajipe (povoado de Igreja Nova) e Iporé (Sítio Novo), ambas sem produção. Sobre a mina de ferro, deve se deixar claro, que nada tem a ver com a mina do sertão, conforme esclarece o historiador Olavo Medeiros Filho, contudo, embora não se tenha notícias da mineração de ferro, a necessidade do minério era ainda maior por parte dos holandeses que precisavam repor os utensílios de ferro dos engenhos, das fazendas de gado e da própria guerra que se complicava com os insurretos pernambucanos já em 1645. É provável que esse fator tenha desestimulado a lavra da mina e ela tenha sido abandonada quando o engenho foi incendiado em 16 de maio de 1647 devido às investidas dos portugueses e brasileiros. 5.O encerramento da mina de ferro: Não se tem notícias de quando a mina encerrou suas atividades, é certo que desde sua descoberta outros veios foram explorados, como mostra os túneis em Baía Formosa e em Vila Flor(não se sabe se por portugueses, brasileiros ou holandeses) e, portanto, teve um investimento que deve ter sido compensado por uma produção à altura. No entanto é fato que a mineração foi encerrada, talvez por escassez do minério ou após o incêndio do engenho durante a guerra de reconquista em meados do século XVII. Posteriormente a mina abandonada pode ter servido como prisão e esconderijo. Foi também, alvo de vândalos e caçadores de supostos tesouros holandês. O abandono, vandalismo e intempéries terminaram destruindo um patrimônio histórico que hoje se encontra em situação bastante difícil com salões, alguns suspiros e túneis aterrados. III – As lendas e fatos curiosos: 1. O bode de ouro: Uma versão para a denominação gruta do bode à mina é que se ouvia berros deste animal vindo do interior dos túneis. Esse berro era estranho pois não se criava caprinos na área. Como se achava que os holandeses ao fugirem, teriam deixado tesouros escondidos no interior dos túneis, um deles seria um bode maciço de ouro e o chamado era um convite para os incautos se perderem nos labirintos da mina. Esses berros podem ser escutados a qualquer hora do dia ou da noite.
  • 8. 2. O forasteiro: Na tentativa de encontrar tesouros deixados pelos holandeses, muitos ousaram desafiar seus túneis. Um desses destemidos teve sua façanha contada até hoje pelas estranhices relacionadas com o fracasso. Ele foi um forasteiro que após algum tempo percorrendo a mina tentando encontrar o tesouro, se perdeu em um labirinto interior. Seus gritos ao soarem pelos suspiros, atraíram a atenção de algumas pessoas próximas, que tentaram orientá-lo até a saída. Ao final da tarde, quando a luz diminuía e o interior dos túneis se escurecia, a hora dos morcegos saírem tinha chegado, com os bandos de sombrias figuras brotando pelos suspiros de maneira aterradora. A lua cheia já subindo ao alto, tinha como fundo musical os gritos desesperados do forasteiro, cada vez mais fracos e distantes, até que, ao chegar a hora do retorno dos senhores da escuridão, nada mais se ouviu do forasteiro. Não se sabe quem foi, apenas que era muito jovem e ganancioso. Perdeu um tesouro valioso que tinha, a vida, por um tesouro que talvez nem existisse. Hoje seus gritos desesperados são ouvidos em noites de lua cheia como a avisar aos mais afoitos do perigo, e a convidar os mais incrédulos a lhe fazer companhia 3. O bode ferroviário: Outra versão para a origem do nome gruta do bode está relacionada à presença de um cabrito solitário que vagava selvagem pelo local e habituou-se a pular em algum vagão vazio do trem que passava nas proximidades do local, chegando até a estação de Canguaretama (hoje este ramal está desativado). Este cabrito destemido descia na estação e voltava fazendo o mesmo percurso. Tornou-se conhecido pelos maquinistas que associaram o local ao estranho caroneiro. 4. Esconderijos e rotas de escape: Conta a lenda que a partir da mina, usando túneis de grande extensão, é possível chegar a casa de câmara de cadeia de Vila Flor, ao engenho do Cunhaú, a ilha do Flamengo, ao fortim da barra (barra de Cunhaú), a mata estrela (Baía Formosa) e a fortaleza dos Reis Magos em Natal. Esses túneis seriam usados como proteção pelos holandeses quando nesta região estiveram, ou para fuga de presos ou, ainda, por forasteiros que vinham roubar a cidade. 5. Os fenícios: Essa hipótese foi aventada pelo professor austríaco Ludwig Schwennhagen. Ele acreditava que os buracos teriam sido realmente uma mina, mas explorada pelos fenícios muitos séculos antes de cristo. Esses povos eram conhecidos por serem excelentes comerciantes e navegadores. O Brasil está repleto de indícios comprobatórios da passagem dos fenícios, e tudo indica que eles concentraram sua atenção no nordeste. Pouco distante da confluência do rio Longá e do rio Parnaíba, no Estado do Piauí, existe um lago onde foram encontrados estaleiros fenícios e um porto, com local para atracação dos "carpássios" (navios antigos de longo curso).
  • 9. Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios. No Rio Grande do Norte, por sua vez, depois de percorrer um canal de 11 quilômetros, os barcos fenícios ancoravam no lago Extremoz. O professor austríaco Ludwig Schwennhagen estudou cuidadosamente os aterros e subterrâneos do local, e outros que existem perto da vila de Touros, onde os navegadores fenícios vinham a ancorar após percorrer uns 10 quilômetros de canal. O mesmo Schwennhagen relata que encontrou na Amazônia inscrições fenícias gravadas em pedra, nas quais havia referências a diversos reis de Tiro e Sidon (887 a 856 a.C.). Schwennhagen acredita que os fenícios usaram o Brasil como base durante pelo menos oitocentos anos, deixando aqui, além das provas materiais, uma importante influência lingüística entre os nativos. Nas entradas dos rios Camocim (Ceará), Parnaíba (Piauí) e Mearim (Maranhão), existem muralhas de pedra e cal erguidas pelos antigos fenícios. E há, finalmente, a famosa inscrição da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, bastante conhecida: Aqui Badezir, rei de Tiro, primogênito de Jetbaal. No nosso caso,infelizmente,nada se pode afirmar pois essas inscrições se encontram em câmaras que se encontram aterradas e portanto,impossibilitadas no momento,de serem comprovadas. Navio fenício com 35 metros Provável planisfério em uma moeda fenícia.
  • 10. Inscrição Fenícia encontrada em Pouso Alto - Paraíba/BR “Somos filhos de Caná, de Saida, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor.” A pedra da Gávea no Rio de Janeiro tendo esculpida(pelos fenícios ou pelo tempo?) uma face e a inscrição nela encontrada. IV – Comentários finais: A maior riqueza que uma sociedade pode ter é sua história, seja ela boa ou ruim, é nela que os descendentes se apoiarão para decidir os melhores caminhos do futuro. Julgando os acertos e erros do passado, teremos como melhorar nosso futuro.
  • 11. Com base nessas afirmações, a história de uma sociedade, representada pelas suas construções, costumes e objetos, representa um patrimônio a ser deixado para as gerações futuras. Sua perpetuação é pois, de suma importância, como legado às gerações vindouras, que incorporarão esse sentimento de respeito à história dos antepassados. A mina de ferro do Cunhaú, que se encontra abandonada e a ponto de desaparecer, tem uma história rica de acontecimentos, seja em vidas humanas (negros, índios e brancos) que ali pereceram, seja no trabalho árduo e penoso ali empregado, em prol do desenvolvimento da sociedade à época e, portanto, não pode ser apagado da história, pois esse patrimônio do Rio Grande do Norte e de Canguaretama, é um tesouro que outras gerações têm o direito de ver e conhecer . V – Bibliografia: LISBOA,Luiz C. & ROBERTO,P.Andrade. "Grandes Enigmas da Humanidade" Editora Vozes , (págs 96-100) MEDEIROS FILHO,Olavo de.Notas para a história do Rio Grande do Norte.João Pessoa,UNIPÊ,2001 ________________________ No rastro dos flamengos.Natal.Fundação José Augusto,1989. ________________________ Aconteceu na capitania do Rio Grande.Natal,Depto.Estadual de Imprensa,1997 ________________________ O Engenho Cunhaú à luz de um inventário.Natal,Fundação José Augusto,1993 Personalidades históricas do Rio Grande do Norte(séc.XVI a XIX)/Centro de Estudos e Pesquisa Juvenal Lamartine.Natal (RN):Fundação José Augusto,1999.v.1 VI – Periódicos: CARVALHO,Alfredo de.Minas de ouro e prata no Rio Grande do Norte – explorações holandesas no séc. XVII, Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.Vol.III.n.1,jan.1905. AUGUSTA SILVA,Neiva.Uma visita aos fornos da história da siderurgia no Brasil,Galileu.9(102):68-71,jan.2000 VII – Outras fontes: GALVÃO NETO,Francisco Alves.apostila sobre história de Canguaretama. Canguaretama/agosto de 2008