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Editorial 
É com muito prazer que apresentamos a você o periódico do PROJETO CON- VERSANDO COM CIÊNCIA. Esse pro- jeto que tem como objetivo colocar os alunos em contato com assuntos rele- vantes da ciência, que refletem na soci- edade e principalmente em nosso coti- diano, também prepara esse aluno para argumentar sobre esses temas, princi- palmente, nas avaliações que ele en- frentará em sua vida escolar. 
Um dos produtos finais desse projeto é esse jornal que você tem em suas mãos! E quer saber, a cada mês você poderá se informar sobre os temas trabalhados tanto a partir desse jornal, quanto pelo blog www.falandocomciencia.blogspot.com e pelo mural que está exposto nos corre- dores da escola. 
Este mês trataremos do tema CON- SERVAÇÃO DOS RECURSOS NATU- RAIS, com ênfase na conservação da biodiversidade. Qual importância dos animais silvestres e das florestas na saúde humana? Esse é o título do arti- go de capa. Uma entrevista com a pes- quisadora e doutora Alexandra Pires Fernandez, professora da UFRRJ, que esteve aqui na escola participando do projeto CONVERSANDO COM CIÊN- CIA. Nesta entrevista tratamos de diver- sos assuntos dentro do tema CONSER- VAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Além disso, Você descobrirá qual é o cami- nho que um celular touch screen, da moda, faz desde a extração da matéria prima até chegar ao seu bolso. Após ler essa matéria, será que você continuará a olhar para os produtos que chegam às suas mãos do mesmo jeito? Você ainda poderá ficar por dentro de tudo que vai acontecer na escola através dos informes do DIRETO DA DIREÇÃO e a voz do aluno a partir do INFORMA- TIVO DO GRÊMIO. 
Boa leitura e até o mês que vem. 
Ciência e Arte 
A extinção 
A extinção cresce cada vez mais, 
Pode chegar a matar todos os animais! 
Isso está errado, muito mal selecionado. 
Por que o governo não acaba com isso? 
Ele não vê que tá matando tudo que é tipo de bicho! 
A extinção acaba com tudo o que vê 
Diante dela qualquer animal irá morrer 
Logo, logo as flores irão se entristecer, 
Sem nenhum animal prá melhorar aquele lugar. 
Logo, logo a árvore será a próxima vítima 
Que vai com a extinção se deparar 
Vamos lutar, reivindicar, prá fazer ela acabar! 
Preste bastante atenção, afinal, quantas espécies] 
[já foram parar na extinção 
A extinção desagrada a gente, pois mata 
Todos os tipos de bichos que estejam a sua frente. 
Porque ele não faz prá flora e prá fauna uma] 
[proteção descente? 
Minha gente, preste atenção nisso, a natureza] 
[corre um sério risco, 
Como ter uma floresta sem nenhum bicho? 
Carlos Henrique Assis Inácio 
12 anos 
Poeta 
A extinção é o caminho natural de toda espécie. Depois de Darwin, começamos a entender isso. Porém, o mais importante é que esse processo é discutido, hoje, como um dos maiores riscos à so- brevivência humana no planeta. Você saberia me dizer por quê? 
Nesse poema, mesmo que o autor desconheça as causas, ele dá a explicação para o fato de a extin- ção de animais ser tão prejudicial a todos. 
“Sem nenhum animal prá melhorar aquele lugar.” 
Ai está a verdadeira causa dos problemas decorren- tes da extinção da biodiversidade 
– serão encerrados alguns dos mais importantes 
serviços que ela nos presta. Por exem- plo, a polinização. 
Se você se alimenta de algum tipo de fruto (tomate, laranja, etc.) você é de- pendente dos animais! São eles que polinizam as flores e assim, formam-se os frutos que você come! 
Em recente pesquisa publicada na revis- ta Science, fez-se um apanhado dos principais serviços ambientais que vem sendo perdidos pela extinção ou deca- dência de populações de animais em todo o planeta. Em relação à polinização afirma-se que ela está presente em 75% de todas as culturas alimentares do mundo e é responsável por 10% do valor econômico de toda produção de alimentos mundial, está seriamente em risco. Por exemplo, na Nova Zelândia, o declínio de aves polinizadoras conduz a uma forte limitação na disponibilidade de pólen nas plantas reduzindo a produção de sementes e frutos à situação de me- nos de 30% do seu potencial máximo. 
Estamos falando de vertebrados, como as aves e morcegos! E no caso dos insetos polinizadores? Há um declínio nas populações desses animais em todo o mundo. Os insetos sofreram um declí- nio maior do que 70% nos últimos 40 anos. Ou seja, a nossa alimentação que é baseada em consumo de produtos agrícolas está seriamente ameaçada pela falta de polinizadores! 
A perda do controle de pragas, pelo declínio de morcegos nos EUA pode ocasionar um decréscimo de U$$ 22 bilhões em produtividade agrícola. 
Isso nos mostra o quanto temos perdido ou ainda podemos perder simplesmente pela extinção de espécies, um tema que parece simples e afastado de nosso cotidiano, mas que afeta nossa vida a cada refeição. 
Israel Carvalho, 
Mestre em Ciências Ambientais e 
Professor de Biologia/Química 
De onde Vem? 
Recursos não renováveis e metabolismo in- dustrial de um IPHONE6 
Um dos maiores produtores de tecnologia do mundo a Apple tem um lançamento o ‘Iphone 6’ , que é o celular mas desejado do mundo. O que muita gente não sabe é como esse celular é montado e os prejuízos que ele causa a natureza. O que mais chama a atenção para esse celular e a tela, que é resistente e linda, mas para ela ser assim foram retirados miné- rios da terra que não serão repostos tão facil- mente, pôs são recursos não renováveis como a safira. O famoso touchscreen que faz o celu- lar ler o toque do seu dedo é um minério cha- mado óxido de índio que vem do Canadá e também é um minério não renovável. Então o touchscreen logo acabará. (leia o artigo na próxima página) 
Outra curiosidade que quase ninguém tem conhecimento é como as baterias dão cargas elétricas para fazer o celular ligar. Mais uma vez esse recurso vem do planeta terra. Sim, é mais um minério que faz essa função! O nome dele é lítio, que tem função de produzir energi- a que é enviada até o processador, que serve para captar essa energia e distribuí-la ao celu- lar. Dentro do processador existe mais um minério chamado silício que também não é renovável! 
Andre Silva, 
aluno do 2° Ano 
Turma: 2002
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Futuro do Touchscreen 
O material usado em telas “touch” (sensíveis ao toque) está aca- bando. 
O touchscreen pode virar passado em pouco tempo, essas telas dependem de propriedades de um material, que suas reservas no planeta estão se esgotando devido a demandas mundiais. Infeliz- mente a extinção este material não aca- baria somente com as telas “touch”, mas levaria a extinção as placas solares, LED’s de baixo consumo, ambos parte central da estratégia de consumo de energia com baixa emissão de carbono. 
Pesquisas geológicas apontam que ainda restam 16 mil toneladas de índio (In) na natureza, e boa parte disso está no território da China 
- Parece ser muito? Mas não é! 
Com a demanda dos dias atuais ele pode acabar em menos de 10 anos. 
Laboratórios do mundo inteiro tentam achar alguma forma de substituir o Óxi- do de Índio-Estanho (OIE), por um outro que conduza eletricidade e seja transpa- rente. 
Algumas pesquisas um pouco avança- das apostam em alguns materiais como: O Zinco, a Prata, o Carbono, Cádmio ou o Polímero. 
Será que deveríamos nos preparar para retroceder no tempo? 
Isso só o mesmo dirá! 
Cleyton Vigatto, 
Aluno do 3° Ano, Turma 3003 
Biodiversidade e Saúde Humana 
Em visita ao Ciep a professora Doutora Alexandra Pires Fernandez chefe do Laboratório de Ecologia e Conservação de Florestas (LECF) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro deu uma palestra sobre conservação da biodiversidade e nos concedeu uma entrevista onde contou um pouco sobre seu processo de escolha da carreira, sobre seu trabalho como Bióloga da Conservação e sobre como podemos agir para nos tornarmos melhores cida- dãos, com mais consciência sobre nos- so padrão de consumo. Confira abaixo a entrevista. 
Projeto Conversando com Ciência: POR QUE VOCÊ RESOLVEU ESTU- DAR BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO? 
Professora Alexandra Pires Fernan- dez: Na verdade, eu não sabia muito bem que curso faria. Outro aspecto é que na minha época não era muito claro o papel do biólogo, do conservacionista. Hoje em dia, a cada 10 globos repórte- res, sete são sobre conservação ou aparecem imagens de natureza, Mais na minha época isso estava muito distante de acontecer. Eu, então, fui deixando a vida me levar... Eu gostava de biologia. 
perceber que pode ocorrer uma crise na produção de alimentos por falta desse serviço. É uma dependência muito gran- de da biodiversidade. Um detalhe impor- tante é o que chamamos de redundân- cia funcional. Diversas espécies diferen- tes que executam o mesmo serviço. Por isso, é importante a manutenção do maior número de espécies possível, para que o serviço prestado por elas não se perca, mesmo que alguma des- sas espécies seja extinta. 
PC3: COMO O SER HUMANO CON- TRIBUI PARA A BIODIVERSIDADE? 
APF: Na maioria das vezes os humanos contribuem negativamente. Nós, na verdade, agimos como qualquer outra espécie. Qualquer espécie que se esta- belece em um ambiente vai querer cres- cer e explorar os recursos tentar domi- nar o mundo! Então, qual a diferença da nossa espécie? É que nós temos cons- ciência! E somos capazes de mudar isso. O que acontece com as outras espécies? Elas usam os recursos até que ele acabe e a espécie colapsa junto com o recurso. Nós temos a capacidade de perceber isso! Então, a gente contri- bui positivamente com a biodiversidade, quando percebemos o impacto e tenta- mos proteger a biodiversidade desse impacto. Por exemplo, criando Unidades de Conservação. De um modo geral, se utilizarmos a biodiversidade de modo racional já estaremos contribuindo com a biodiversidade. 
PC3: QUAIS AÇÕES HUMANAS CAU- SAM MAIS IMPACTO NA BIODIVERSI- DADE? 
APF: Os principais impactos estão rela- cionados com a modificação dos ambi- entes. Pensando na Mata Atlântica. Quando os portugueses chegaram aqui ela cobria toda a costa. Mas, na costa tivemos o adensamento populacional. Começamos a construir as cidades, a construir fábricas, buscar os alimentos e recursos mais no interior. A Mata Atlânti- ca foi então muito devastada para dar lugar a essa ocupação toda. Atualmen- te, restam entre sete e 10% daquele total. Dessa forma, destruir e deixar os ambientes fragmentados são os princi- pais impactos. Os outros estão relacio- nados com a extração dos recursos, como a caça e a superexploração das árvores e outras espécies. Atualmente, outra fonte de perturbação são as espé- cies exóticas. O homem é um transpor- tador de biodiversidade. Então essas espécies exóticas por não terem preda- dores, alcançam grande sucesso e aca- bam ganhando a competição com as espécies nativas ameaçando-as. Tem uma história interessante sobre as espé- cies exóticas. Em uma ilha onde existia um farol, o faroleiro levou um gato para 
Fui então fazer biologia na faculdade, chegando lá, descobri que tinha um monte de física, matemática, química, quase me matei! Mas, depois as matérias foram ficando mais interessantes. Ai dentro da uni- versidade eu poderia escolher estudar só as plan- tas, estudando botânica, ou só os animais, a zoolo- gia. E tive uma disciplina que era a ecologia, que foi a que eu mais gostei, me interessei pelo estudo das espécies e de suas interações e os problemas am- bientais. Depois de um tempo e vi que precisava fazer alguma coisa para contribuir para a preserva- ção das espécies e suas interações. Então, não foi assim uma vocação, foi surgindo junto à medida que fui conhecendo mais. 
PC3: QUAL A FINALIDADE DE SEUS ESTUDOS? 
APF: São estudos muito amplos, mas todos eles são relacionados tanto em entender como determi- nados processos ecológicos funcionam e como esses processos são afetados pelas atividades humanas. Eu já trabalhei com fragmentação de hábitat, que é quando pegamos uma floresta que era contínua no passado, e a desmatamos deixando pequenos pedacinhos. Eu queria saber como isso afeta os animais, as plantas, as interações entre eles? Ai a gente passa em uma estrada e vemos pedacinhos de mata no topo dos morros achamos assim: “que bom que deixaram aquele pedaço de floresta”. Mas, será que aquele pedaço é capaz de sustentar animais e plantas por longos períodos? É claro que não. Tanto no número de espécies, quan- to nas interações entre elas, aquele pedacinho de floresta não tem a mesma capacidade de uma flo- resta contínua. Isso leva a perdas de biodiversida- de. 
Atualmente tento compreender como deve ser o reestabelecimento dessas interações em áreas onde as espécies foram exterminadas. Estudando a reintrodução de espécies e como suas interações vão resurgindo. 
PC3: COMO A BIODIVERSIDADE CONTRIBUI COM A MANUTENÇÃO DA VIDA HUMANA? 
APF: Se a gente está aqui respirando é porque tem um monte de seres fotossintetizantes produzindo oxigênio para respirarmos. Fisiologicamente, a gen- te depende da biodiversidade. Pensando nos ali- mentos, todos eles são recursos da biodiversidade. Os fármacos e outras substâncias químicas impor- tantes vêm todos das plantas e dos animais. Esses são inclusive argumentos para conscientizarmos outras pessoas da importância de se conservar. Existem, ainda, outros motivos que nós nem sempre percebemos, mas, que nos afetam quando estão ameaçados. São os serviços ambientais e um e- xemplo que gosto muito é o da polinização. Existem insetos que polinizam plantas em troca de néctar e pólen. Mas, o que isso tem a ver com a vida huma- na? O tomate vem de onde? E as frutas? É o ho- mem que vai e passa um pincelzinho de flor em flor para que a planta produza frutos? Claro que não! Todos esses alimentos dependem dos serviços que esses polinizadores fazem nas lavouras! O que acontece é que em vários países percebeu-se uma crise nesses polinizadores, seja porque os agriculto- res utilizavam muitos inseticidas, ou ainda, porque outras espécies, como as abelhas africanizadas que são polinizadores menos eficientes competiam com as espécies nativas. Então, a sociedade começa a
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sua companhia. Todo o dia o gatinho trazia um pequeno passarinho para o dono. Esse passarinho, como evoluiu sem predadores, fazia seu ninho no chão, e não reconhecia a ameaça de um predador. Então, o gato não tinha dificul- dade em capturar a ave. Com o tempo, o faroleiro reparou que o gato não trazia mais com tanta frequência o passarinho. E um dia, poucos meses depois do gato chegar à ilha, ele não trouxe mais ne- nhum passarinho. Ele havia extinguido a espécie. Imagina a situação: um único gato extinguir uma espécie de ave em apenas alguns meses*!? Esse é o efeito de uma espécie exótica. Quem repara vê que nas áreas florestais, como a Floresta da Tijuca, a jaqueira vai domi- nando a área. A jaqueira é uma espécie exótica e vai ocupando o espaço das árvores nativas. 
*para um detalhe dessa história confira: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cotovia-da- ilha-stephen. 
PC3: EXISTE ALGUMA AÇÃO HUMA- NA EM ALGUMA SOCIEDADE ATUAL OU DO PASSADO QUE NÃO AFETA OU AFETOU A BIODIVERSIDADE? 
APF: Uma atividade que acredito ser compatível com a conservação da biodi- versidade é o turismo ecológico. Um exemplo é o que a gente vê na Repúbli- ca Dominicana. A ilha é a mesma onde está o Haiti. No Haiti, a população resol- veu explorar os recursos ao máximo, enquanto na República Dominicana optou-se pelo turismo ecológico. Hoje o Haiti vive uma das maiores, senão, a maior pobreza da América, enquanto a Rep. Dominicana tem suas crianças na escola, com boa qualidade de vida e felicidade da população. No passado temos poucos exemplos de sucesso. 
PC3: PARA VOCÊ, SUSTENTABILIDA- DE É UM OBJETIVO POSSÍVEL? 
APF: O que é ser sustentável? é manter uma popu- lação, que afinal de contas é o recurso. Existe pos- sibilidade sim, mas isso exige uma série de ações, principalmente relacionadas ao consumo para nós utilizarmos os recursos de uma forma mais racional. A gente ainda vive como se tudo fosse inesgotável, ainda mais no Brasil, onde há abundância de recur- sos. O Brasil tem água para caramba! Estamos ai, vivendo uma crise de água no Sudeste. A questão da sustentabilidade também está relacionada ao marketing. Empresas utilizam o rótulo de sustentá- vel para vender seus produtos mais caros e obter mais lucros. Será que o modelo adotado é realmen- te sustentável? As vezes é apenas uma forma de mascarar o uso dos recursos! 
PC3: QUAIS RECURSOS DEVEM SER PRESER- VADOS COM URGÊNCIA? 
APF: Devemos conservar aqueles recursos que a gente consegue identificar que são mais importan- tes para manter outros abaixo dele. A água é impor- tante para a sobrevivência humana e manutenção dos ambientes, etc. Pensando em espécies, uma questão que utilizamos muito em conservação é o conceito de espécie guarda chuva que são espécies que a gente sabe que tem importância para outros compartimentos que vem abaixo. Então a gente cria áreas para proteger as espécies guarda chuva e tudo que está abaixo dela acaba sendo preservado juntamente. Um exemplo são os carnívoros. Se você preserva uma área para os carnívoros, todas as presas acabam sendo protegidas por conse- quência. Também proteger os polinizadores, os que dispersam sementes, enfim, aqueles que apresen- tam o potencial de proteger toda uma cadeia de serviços. 
PC3: É NECESSÁRIO CONSUMIR UMA QUANTIDADE TÃO GRANDE DE RECURSOS? 
APF: O problema é a lógica que é ven- dida pra nós, desde que somos crian- ças. O padrão americano de consumo. O prazer está em comprar, quando de- veríamos buscar o prazer em coisas mais essenciais a nós. Então, não é necessário consumir tanto. As pessoas trocam coisas mais importantes para sua elevação cultural, intelectual e pes- soal, inclusive deixando de curtir sua família, para comprar uma TV nova, um carro novo, ou mesmo um celular que seja da moda. Será que é esse mundo que a gente quer? 
PC3: QUAL DICA VOCÊ PODE NOS DAR PARA AJUDARMOS A CONSER- VAR RECURSOS COMO A BIODIVER- SIDADE? 
APF: Primeiro é entendermos que ne- nhuma atitude é ecologicamente neutra. Quando formos comprar algo, precisa- mos refletir: será que realmente precisa- mos disso? As pessoas podem desejar coisas, mas deveríamos ter mais consci- ência sobre o consumo. Será que é uma realização pessoal ou é um impulso gerado pelo seu convívio social? Preci- samos de tantas embalagens para um produto que vai ser consumido em pou- cos segundos? Então, acho que a gran- de dica é refletirmos sobre os pequenos gestos do dia a dia, como conservar água ao escovarmos o dente, lavar louça ou ainda tomar um banho. Apagar luzes e equipamentos, e retirar o carre- gador da tomada quando não estiver- mos utilizando-os. Compramos sempre garrafinhas de água, enquanto podería- mos andar com uma garrafinha própria e enchê-la onde possível. Talvez um dia essas atitudes sejam as mais “legais” para tomarmos, e isso talvez comece aqui com vocês. 
O que vem por ai!! 
Na próxima edição! 
Tudo sobre combustíveis fósseis, com a Mes- tre em Eng. Química Débora Dionízio 
Confira mais no blog: 
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  • 1.
  • 2. 2 Editorial É com muito prazer que apresentamos a você o periódico do PROJETO CON- VERSANDO COM CIÊNCIA. Esse pro- jeto que tem como objetivo colocar os alunos em contato com assuntos rele- vantes da ciência, que refletem na soci- edade e principalmente em nosso coti- diano, também prepara esse aluno para argumentar sobre esses temas, princi- palmente, nas avaliações que ele en- frentará em sua vida escolar. Um dos produtos finais desse projeto é esse jornal que você tem em suas mãos! E quer saber, a cada mês você poderá se informar sobre os temas trabalhados tanto a partir desse jornal, quanto pelo blog www.falandocomciencia.blogspot.com e pelo mural que está exposto nos corre- dores da escola. Este mês trataremos do tema CON- SERVAÇÃO DOS RECURSOS NATU- RAIS, com ênfase na conservação da biodiversidade. Qual importância dos animais silvestres e das florestas na saúde humana? Esse é o título do arti- go de capa. Uma entrevista com a pes- quisadora e doutora Alexandra Pires Fernandez, professora da UFRRJ, que esteve aqui na escola participando do projeto CONVERSANDO COM CIÊN- CIA. Nesta entrevista tratamos de diver- sos assuntos dentro do tema CONSER- VAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Além disso, Você descobrirá qual é o cami- nho que um celular touch screen, da moda, faz desde a extração da matéria prima até chegar ao seu bolso. Após ler essa matéria, será que você continuará a olhar para os produtos que chegam às suas mãos do mesmo jeito? Você ainda poderá ficar por dentro de tudo que vai acontecer na escola através dos informes do DIRETO DA DIREÇÃO e a voz do aluno a partir do INFORMA- TIVO DO GRÊMIO. Boa leitura e até o mês que vem. Ciência e Arte A extinção A extinção cresce cada vez mais, Pode chegar a matar todos os animais! Isso está errado, muito mal selecionado. Por que o governo não acaba com isso? Ele não vê que tá matando tudo que é tipo de bicho! A extinção acaba com tudo o que vê Diante dela qualquer animal irá morrer Logo, logo as flores irão se entristecer, Sem nenhum animal prá melhorar aquele lugar. Logo, logo a árvore será a próxima vítima Que vai com a extinção se deparar Vamos lutar, reivindicar, prá fazer ela acabar! Preste bastante atenção, afinal, quantas espécies] [já foram parar na extinção A extinção desagrada a gente, pois mata Todos os tipos de bichos que estejam a sua frente. Porque ele não faz prá flora e prá fauna uma] [proteção descente? Minha gente, preste atenção nisso, a natureza] [corre um sério risco, Como ter uma floresta sem nenhum bicho? Carlos Henrique Assis Inácio 12 anos Poeta A extinção é o caminho natural de toda espécie. Depois de Darwin, começamos a entender isso. Porém, o mais importante é que esse processo é discutido, hoje, como um dos maiores riscos à so- brevivência humana no planeta. Você saberia me dizer por quê? Nesse poema, mesmo que o autor desconheça as causas, ele dá a explicação para o fato de a extin- ção de animais ser tão prejudicial a todos. “Sem nenhum animal prá melhorar aquele lugar.” Ai está a verdadeira causa dos problemas decorren- tes da extinção da biodiversidade – serão encerrados alguns dos mais importantes serviços que ela nos presta. Por exem- plo, a polinização. Se você se alimenta de algum tipo de fruto (tomate, laranja, etc.) você é de- pendente dos animais! São eles que polinizam as flores e assim, formam-se os frutos que você come! Em recente pesquisa publicada na revis- ta Science, fez-se um apanhado dos principais serviços ambientais que vem sendo perdidos pela extinção ou deca- dência de populações de animais em todo o planeta. Em relação à polinização afirma-se que ela está presente em 75% de todas as culturas alimentares do mundo e é responsável por 10% do valor econômico de toda produção de alimentos mundial, está seriamente em risco. Por exemplo, na Nova Zelândia, o declínio de aves polinizadoras conduz a uma forte limitação na disponibilidade de pólen nas plantas reduzindo a produção de sementes e frutos à situação de me- nos de 30% do seu potencial máximo. Estamos falando de vertebrados, como as aves e morcegos! E no caso dos insetos polinizadores? Há um declínio nas populações desses animais em todo o mundo. Os insetos sofreram um declí- nio maior do que 70% nos últimos 40 anos. Ou seja, a nossa alimentação que é baseada em consumo de produtos agrícolas está seriamente ameaçada pela falta de polinizadores! A perda do controle de pragas, pelo declínio de morcegos nos EUA pode ocasionar um decréscimo de U$$ 22 bilhões em produtividade agrícola. Isso nos mostra o quanto temos perdido ou ainda podemos perder simplesmente pela extinção de espécies, um tema que parece simples e afastado de nosso cotidiano, mas que afeta nossa vida a cada refeição. Israel Carvalho, Mestre em Ciências Ambientais e Professor de Biologia/Química De onde Vem? Recursos não renováveis e metabolismo in- dustrial de um IPHONE6 Um dos maiores produtores de tecnologia do mundo a Apple tem um lançamento o ‘Iphone 6’ , que é o celular mas desejado do mundo. O que muita gente não sabe é como esse celular é montado e os prejuízos que ele causa a natureza. O que mais chama a atenção para esse celular e a tela, que é resistente e linda, mas para ela ser assim foram retirados miné- rios da terra que não serão repostos tão facil- mente, pôs são recursos não renováveis como a safira. O famoso touchscreen que faz o celu- lar ler o toque do seu dedo é um minério cha- mado óxido de índio que vem do Canadá e também é um minério não renovável. Então o touchscreen logo acabará. (leia o artigo na próxima página) Outra curiosidade que quase ninguém tem conhecimento é como as baterias dão cargas elétricas para fazer o celular ligar. Mais uma vez esse recurso vem do planeta terra. Sim, é mais um minério que faz essa função! O nome dele é lítio, que tem função de produzir energi- a que é enviada até o processador, que serve para captar essa energia e distribuí-la ao celu- lar. Dentro do processador existe mais um minério chamado silício que também não é renovável! Andre Silva, aluno do 2° Ano Turma: 2002
  • 3. 3 Futuro do Touchscreen O material usado em telas “touch” (sensíveis ao toque) está aca- bando. O touchscreen pode virar passado em pouco tempo, essas telas dependem de propriedades de um material, que suas reservas no planeta estão se esgotando devido a demandas mundiais. Infeliz- mente a extinção este material não aca- baria somente com as telas “touch”, mas levaria a extinção as placas solares, LED’s de baixo consumo, ambos parte central da estratégia de consumo de energia com baixa emissão de carbono. Pesquisas geológicas apontam que ainda restam 16 mil toneladas de índio (In) na natureza, e boa parte disso está no território da China - Parece ser muito? Mas não é! Com a demanda dos dias atuais ele pode acabar em menos de 10 anos. Laboratórios do mundo inteiro tentam achar alguma forma de substituir o Óxi- do de Índio-Estanho (OIE), por um outro que conduza eletricidade e seja transpa- rente. Algumas pesquisas um pouco avança- das apostam em alguns materiais como: O Zinco, a Prata, o Carbono, Cádmio ou o Polímero. Será que deveríamos nos preparar para retroceder no tempo? Isso só o mesmo dirá! Cleyton Vigatto, Aluno do 3° Ano, Turma 3003 Biodiversidade e Saúde Humana Em visita ao Ciep a professora Doutora Alexandra Pires Fernandez chefe do Laboratório de Ecologia e Conservação de Florestas (LECF) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro deu uma palestra sobre conservação da biodiversidade e nos concedeu uma entrevista onde contou um pouco sobre seu processo de escolha da carreira, sobre seu trabalho como Bióloga da Conservação e sobre como podemos agir para nos tornarmos melhores cida- dãos, com mais consciência sobre nos- so padrão de consumo. Confira abaixo a entrevista. Projeto Conversando com Ciência: POR QUE VOCÊ RESOLVEU ESTU- DAR BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO? Professora Alexandra Pires Fernan- dez: Na verdade, eu não sabia muito bem que curso faria. Outro aspecto é que na minha época não era muito claro o papel do biólogo, do conservacionista. Hoje em dia, a cada 10 globos repórte- res, sete são sobre conservação ou aparecem imagens de natureza, Mais na minha época isso estava muito distante de acontecer. Eu, então, fui deixando a vida me levar... Eu gostava de biologia. perceber que pode ocorrer uma crise na produção de alimentos por falta desse serviço. É uma dependência muito gran- de da biodiversidade. Um detalhe impor- tante é o que chamamos de redundân- cia funcional. Diversas espécies diferen- tes que executam o mesmo serviço. Por isso, é importante a manutenção do maior número de espécies possível, para que o serviço prestado por elas não se perca, mesmo que alguma des- sas espécies seja extinta. PC3: COMO O SER HUMANO CON- TRIBUI PARA A BIODIVERSIDADE? APF: Na maioria das vezes os humanos contribuem negativamente. Nós, na verdade, agimos como qualquer outra espécie. Qualquer espécie que se esta- belece em um ambiente vai querer cres- cer e explorar os recursos tentar domi- nar o mundo! Então, qual a diferença da nossa espécie? É que nós temos cons- ciência! E somos capazes de mudar isso. O que acontece com as outras espécies? Elas usam os recursos até que ele acabe e a espécie colapsa junto com o recurso. Nós temos a capacidade de perceber isso! Então, a gente contri- bui positivamente com a biodiversidade, quando percebemos o impacto e tenta- mos proteger a biodiversidade desse impacto. Por exemplo, criando Unidades de Conservação. De um modo geral, se utilizarmos a biodiversidade de modo racional já estaremos contribuindo com a biodiversidade. PC3: QUAIS AÇÕES HUMANAS CAU- SAM MAIS IMPACTO NA BIODIVERSI- DADE? APF: Os principais impactos estão rela- cionados com a modificação dos ambi- entes. Pensando na Mata Atlântica. Quando os portugueses chegaram aqui ela cobria toda a costa. Mas, na costa tivemos o adensamento populacional. Começamos a construir as cidades, a construir fábricas, buscar os alimentos e recursos mais no interior. A Mata Atlânti- ca foi então muito devastada para dar lugar a essa ocupação toda. Atualmen- te, restam entre sete e 10% daquele total. Dessa forma, destruir e deixar os ambientes fragmentados são os princi- pais impactos. Os outros estão relacio- nados com a extração dos recursos, como a caça e a superexploração das árvores e outras espécies. Atualmente, outra fonte de perturbação são as espé- cies exóticas. O homem é um transpor- tador de biodiversidade. Então essas espécies exóticas por não terem preda- dores, alcançam grande sucesso e aca- bam ganhando a competição com as espécies nativas ameaçando-as. Tem uma história interessante sobre as espé- cies exóticas. Em uma ilha onde existia um farol, o faroleiro levou um gato para Fui então fazer biologia na faculdade, chegando lá, descobri que tinha um monte de física, matemática, química, quase me matei! Mas, depois as matérias foram ficando mais interessantes. Ai dentro da uni- versidade eu poderia escolher estudar só as plan- tas, estudando botânica, ou só os animais, a zoolo- gia. E tive uma disciplina que era a ecologia, que foi a que eu mais gostei, me interessei pelo estudo das espécies e de suas interações e os problemas am- bientais. Depois de um tempo e vi que precisava fazer alguma coisa para contribuir para a preserva- ção das espécies e suas interações. Então, não foi assim uma vocação, foi surgindo junto à medida que fui conhecendo mais. PC3: QUAL A FINALIDADE DE SEUS ESTUDOS? APF: São estudos muito amplos, mas todos eles são relacionados tanto em entender como determi- nados processos ecológicos funcionam e como esses processos são afetados pelas atividades humanas. Eu já trabalhei com fragmentação de hábitat, que é quando pegamos uma floresta que era contínua no passado, e a desmatamos deixando pequenos pedacinhos. Eu queria saber como isso afeta os animais, as plantas, as interações entre eles? Ai a gente passa em uma estrada e vemos pedacinhos de mata no topo dos morros achamos assim: “que bom que deixaram aquele pedaço de floresta”. Mas, será que aquele pedaço é capaz de sustentar animais e plantas por longos períodos? É claro que não. Tanto no número de espécies, quan- to nas interações entre elas, aquele pedacinho de floresta não tem a mesma capacidade de uma flo- resta contínua. Isso leva a perdas de biodiversida- de. Atualmente tento compreender como deve ser o reestabelecimento dessas interações em áreas onde as espécies foram exterminadas. Estudando a reintrodução de espécies e como suas interações vão resurgindo. PC3: COMO A BIODIVERSIDADE CONTRIBUI COM A MANUTENÇÃO DA VIDA HUMANA? APF: Se a gente está aqui respirando é porque tem um monte de seres fotossintetizantes produzindo oxigênio para respirarmos. Fisiologicamente, a gen- te depende da biodiversidade. Pensando nos ali- mentos, todos eles são recursos da biodiversidade. Os fármacos e outras substâncias químicas impor- tantes vêm todos das plantas e dos animais. Esses são inclusive argumentos para conscientizarmos outras pessoas da importância de se conservar. Existem, ainda, outros motivos que nós nem sempre percebemos, mas, que nos afetam quando estão ameaçados. São os serviços ambientais e um e- xemplo que gosto muito é o da polinização. Existem insetos que polinizam plantas em troca de néctar e pólen. Mas, o que isso tem a ver com a vida huma- na? O tomate vem de onde? E as frutas? É o ho- mem que vai e passa um pincelzinho de flor em flor para que a planta produza frutos? Claro que não! Todos esses alimentos dependem dos serviços que esses polinizadores fazem nas lavouras! O que acontece é que em vários países percebeu-se uma crise nesses polinizadores, seja porque os agriculto- res utilizavam muitos inseticidas, ou ainda, porque outras espécies, como as abelhas africanizadas que são polinizadores menos eficientes competiam com as espécies nativas. Então, a sociedade começa a
  • 4. 4 sua companhia. Todo o dia o gatinho trazia um pequeno passarinho para o dono. Esse passarinho, como evoluiu sem predadores, fazia seu ninho no chão, e não reconhecia a ameaça de um predador. Então, o gato não tinha dificul- dade em capturar a ave. Com o tempo, o faroleiro reparou que o gato não trazia mais com tanta frequência o passarinho. E um dia, poucos meses depois do gato chegar à ilha, ele não trouxe mais ne- nhum passarinho. Ele havia extinguido a espécie. Imagina a situação: um único gato extinguir uma espécie de ave em apenas alguns meses*!? Esse é o efeito de uma espécie exótica. Quem repara vê que nas áreas florestais, como a Floresta da Tijuca, a jaqueira vai domi- nando a área. A jaqueira é uma espécie exótica e vai ocupando o espaço das árvores nativas. *para um detalhe dessa história confira: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cotovia-da- ilha-stephen. PC3: EXISTE ALGUMA AÇÃO HUMA- NA EM ALGUMA SOCIEDADE ATUAL OU DO PASSADO QUE NÃO AFETA OU AFETOU A BIODIVERSIDADE? APF: Uma atividade que acredito ser compatível com a conservação da biodi- versidade é o turismo ecológico. Um exemplo é o que a gente vê na Repúbli- ca Dominicana. A ilha é a mesma onde está o Haiti. No Haiti, a população resol- veu explorar os recursos ao máximo, enquanto na República Dominicana optou-se pelo turismo ecológico. Hoje o Haiti vive uma das maiores, senão, a maior pobreza da América, enquanto a Rep. Dominicana tem suas crianças na escola, com boa qualidade de vida e felicidade da população. No passado temos poucos exemplos de sucesso. PC3: PARA VOCÊ, SUSTENTABILIDA- DE É UM OBJETIVO POSSÍVEL? APF: O que é ser sustentável? é manter uma popu- lação, que afinal de contas é o recurso. Existe pos- sibilidade sim, mas isso exige uma série de ações, principalmente relacionadas ao consumo para nós utilizarmos os recursos de uma forma mais racional. A gente ainda vive como se tudo fosse inesgotável, ainda mais no Brasil, onde há abundância de recur- sos. O Brasil tem água para caramba! Estamos ai, vivendo uma crise de água no Sudeste. A questão da sustentabilidade também está relacionada ao marketing. Empresas utilizam o rótulo de sustentá- vel para vender seus produtos mais caros e obter mais lucros. Será que o modelo adotado é realmen- te sustentável? As vezes é apenas uma forma de mascarar o uso dos recursos! PC3: QUAIS RECURSOS DEVEM SER PRESER- VADOS COM URGÊNCIA? APF: Devemos conservar aqueles recursos que a gente consegue identificar que são mais importan- tes para manter outros abaixo dele. A água é impor- tante para a sobrevivência humana e manutenção dos ambientes, etc. Pensando em espécies, uma questão que utilizamos muito em conservação é o conceito de espécie guarda chuva que são espécies que a gente sabe que tem importância para outros compartimentos que vem abaixo. Então a gente cria áreas para proteger as espécies guarda chuva e tudo que está abaixo dela acaba sendo preservado juntamente. Um exemplo são os carnívoros. Se você preserva uma área para os carnívoros, todas as presas acabam sendo protegidas por conse- quência. Também proteger os polinizadores, os que dispersam sementes, enfim, aqueles que apresen- tam o potencial de proteger toda uma cadeia de serviços. PC3: É NECESSÁRIO CONSUMIR UMA QUANTIDADE TÃO GRANDE DE RECURSOS? APF: O problema é a lógica que é ven- dida pra nós, desde que somos crian- ças. O padrão americano de consumo. O prazer está em comprar, quando de- veríamos buscar o prazer em coisas mais essenciais a nós. Então, não é necessário consumir tanto. As pessoas trocam coisas mais importantes para sua elevação cultural, intelectual e pes- soal, inclusive deixando de curtir sua família, para comprar uma TV nova, um carro novo, ou mesmo um celular que seja da moda. Será que é esse mundo que a gente quer? PC3: QUAL DICA VOCÊ PODE NOS DAR PARA AJUDARMOS A CONSER- VAR RECURSOS COMO A BIODIVER- SIDADE? APF: Primeiro é entendermos que ne- nhuma atitude é ecologicamente neutra. Quando formos comprar algo, precisa- mos refletir: será que realmente precisa- mos disso? As pessoas podem desejar coisas, mas deveríamos ter mais consci- ência sobre o consumo. Será que é uma realização pessoal ou é um impulso gerado pelo seu convívio social? Preci- samos de tantas embalagens para um produto que vai ser consumido em pou- cos segundos? Então, acho que a gran- de dica é refletirmos sobre os pequenos gestos do dia a dia, como conservar água ao escovarmos o dente, lavar louça ou ainda tomar um banho. Apagar luzes e equipamentos, e retirar o carre- gador da tomada quando não estiver- mos utilizando-os. Compramos sempre garrafinhas de água, enquanto podería- mos andar com uma garrafinha própria e enchê-la onde possível. Talvez um dia essas atitudes sejam as mais “legais” para tomarmos, e isso talvez comece aqui com vocês. O que vem por ai!! Na próxima edição! Tudo sobre combustíveis fósseis, com a Mes- tre em Eng. Química Débora Dionízio Confira mais no blog: WWW.FALANDOCOMCIENCIA.BLOGSPOT.COM.BR