O documento discute a importância da oração e da relação com Deus por meio da Palavra. Apresenta temas como a necessidade de conhecer o Pai para ter vida eterna, desenvolver imagens saudáveis de Deus, orar sem necessariamente ter uma pauta, depender da Palavra para servir a ela e entregar a própria identidade a Cristo. Também aborda a importância do jejum e da Bíblia para a vida de oração.
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Índice
Pág. Temas
3 Apresentação
4 Eu, a Palavra , a Trindade e a oração.
5 Orar - com ou sem pautas
7 Nossa relação com a Palavra do Pai
9 O Jejum
11 A Bíblia em nossa oração
12 A Lectio Divina no Antigo Testamento
15 Os salmos
19 Misticismo?
20 As Alianças Deus com Seu povo
21 Lectio em o Novo Testamento
24 O Novo Testamento interpreta o Antigo
25 A relação emocional de Jesus com os salmos
27 Como ler a Bíblia
31 As Parábolas
33 A quietude
36 Desenvolvendo comunidades com base na oração
38 Obstáculos à oração
40 Poder na oração?
42 Espírito Santo,o companheiro necessário
44 O Pai Nosso - a oração que Jesus ensinou e que o Pai aceita
50 Orando em submissão
51 O mistério da Trindade
58 O confissão do pecado
60 A Ceia do Senhor e eu
63 Em tempos de pós modernismo
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Apresentação
A razão pela qual resolvi escrever essa Introdução à Espiritualidade
quando existem tantas obras na área foi , à partir da minha visão de leigo,
compartilhar ensinamentos que gostaria que me tivessem sido ensinados
desde o início de minha vida cristã.
Muitas vezes sucumbimos ao ativismo religioso que enfatiza ferramentas,
métodos e programas de igrejas-modelo que não nos ensinam o caminho do
afeto com a Trindade. Outras vezes somos apresentados àquele modelo de
igreja voltado para a busca da catarse emocional ou , “dos eventos
extraordinários em detrimento do de uma espiritualidade vivenciada no gesto
simples do cotidiano“, como diz o Pr Osmar Ludovico .
São alguns temas ligados à Espiritualidade Clássica e à Doutrina
Reformada. Tentei ser conciso para não cansar o leitor.
Agradecimentos
Agradeço aos pastores Osmar Ludovico da Silva , James Houston e
Ricardo Barbosa de Sousa pelos ensinamentos que deles adquiri em seus
cursos e livros. Agradeço ao Pastor Sidney Costa a oportunidade da
utilização desse texto na Igreja Batista Memorial de Alphaville.
Dedicatória
Dedico este e-book à minha esposa Maria Amélia que fez a revisão do
texto, minhas filhas Lidia, Heloisa e Marina, meus genros Daniel e Rodrigo e
minha neta Maria Teresa , todos bênçãos e inspiração na minha vida.
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Eu, a Palavra, a Trindade e a oração.
As imagens do Pai e a minha narrativa pessoal
No começo da oração sacerdotal, tendo em vista a proximidade de sua morte ,
Jesus ora desta forma: "E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, que és o
único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao
mundo". (João 17:3 BLH)
A vida eterna não é vida após a morte , mas é uma vida que hoje já participa da
eternidade.É uma vida que começa quando conhecemos o Pai. Deus e o ser
humano se unem e o tempo e a eternidade se encontram.Esta é a vida que todos
desejamos!
Jesus fala , nessa oração, que vida eterna é igual a "conhecer". Mas, vida não é
"experiência"?
Na bíblia hebraica a palavra "conhecer" é também utilizada para a vida sexual em
que um "conhece " o outro. No grego - gignoskein - está relacionada a ver,
compreender e perceber.Quando eu conheço a Deus, tenho parte com Ele, participo
do abraço que une Pai, Filho e Espírito.Desse abraço depende a minha autoimagem.
É o reto conhecimento que tenho de meu Pai que me ajuda a ser filho.
Anselm Grum, comenta essa oração de Jesus:
“Mas talvez a palavra de Jesus seja, apesar de tudo, uma resposta ao anseio de
nossos tempo. Para C.G.Jung Deus é o mais forte arquétipo(*) que existe. Quando a
imagem de Deus está doente, também o ser humano fica doente. As imagens
arquetípicas mexem com alguma coisa no ser humano. Elas ou confundem a psique
ou trazem ordem para dentro dela. Ou curam as feridas ou abrem-nas ainda mais. Por
isso não é tão sem conseqüências a maneira como eu vejo Deus."”*
A imagem do Pai se desenvolve dentro de minha história de vida, de minha narrativa
pessoal. Depende também de minha experiência com meus pais. Se eles falharam
comigo...posso ter uma desconfiança fundamental em relação ao amor do Pai.
É preciso reler minha própria história para encontrá-lo em meu passado. Conhecer o
Pai tem o poder de curar minha própria história permitindo-me fazer uma
reavaliação amorosa dos fatos marcantes de minha vida e descobri-lo sempre
presente pois "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a
Deus". Rom 8:28
Assim, cada um de nós poderá recontar a sua história , suas imagens de Deus e
suas experiências com Ele e dizer agora o que mudou.Se você já estiver pronto,
conte sua história a alguém!
Ou melhor, reconte-a diferente!
* Arquétipo - modelo, padrão. Segundo C.G.Jung são imagens psíquicas do
inconsciente coletivo que são patrimônio comum a toda humanidade
**GRÜN,A.. Se eu quiser experimentar Deus ;Petrópolis: Ed. Vozes.p. 38
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Orar - com ou sem pautas
Uma vez me contaram de alguém que queria orar e procurava um amigo para fazer
companhia.
- Vamos orar?
Respondeu o amigo: - Acho que não, não preciso de nada!
Nossa oração ocidental é muito ligada ao fato de queremos que nossa oração tenha
um motivo utilitário, um clamor por situação de doença, desemprego ou qualquer
que seja a necessidade. Mas, leia o que Pedro ensina:
“5 Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já
prestes para se revelar no último tempo, 6 Em que vós grandemente vos alegrais,
ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados
com várias tentações, 7 Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que
o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na
revelação de Jesus Cristo; 8 Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o
vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; 9 Alcançando
o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. “ I Pedro 1:5-9
Pedro nos ensina que não estamos soltos no mundo, mas guardados na virtude
(em outra versão - pelo amor de Deus). Nosso Pai nunca é pego de surpresa
quando algo nos acontece. Isso vem dar um novo sentido à nossa oração. Não
precisamos de pauta ou agenda quando vamos orar mas apenas de nosso desejo
de estar na companhia dEle.
Vamos orar pelo prazer de orar - temos licença de estar juntos do Pai até em
silêncio.
Oração não é um meio de cutucarmos Deus lá no Seu trono para fazer algo a nosso
favor. Os pagãos é que faziam isso com seus deuses. Nosso Pai não é omisso mas
sempre chega antes. No salmo 46, lemos:
“1 DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. 2 Portanto
não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem
para o meio dos mares. 3 Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os
montes se abalem pela sua braveza. “Salmo 46:1-3
No evangelho de João é Jesus que nos lembra que ele, Jesus, o Pastor, é que
vai à
frente das suas ovelhas:
“4 E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem,
porque conhecem a sua voz. 5 Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes
fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” João 10:4-5
Se o Pastor vai à frente é porque quer que eu O siga. Não é a ovelha que chama o
Pastor clamando pelo Seu cuidado por elas, mas ao contrário: o Bom Pastor
chama pelo nome às suas ovelhas. Então, em minha oração, devo escutá-Lo para
perceber o caminho a seguir . E a minha oração se torna mais uma atenta escuta do
que mesmo uma fala.
Como James Houston ensina:
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"Não é tanto que Deus tenha criado as coisa de que estou falando; a questão é que Ele
as pronunciou antes de falar comigo a respeito, e é por isso que a primeira palavra
humana pode ser considerada como uma resposta à Sua palavra...Ao dizer que Deus
falou primeiro, o Gênesis concebe toda linguagem humana como uma resposta a
Deus. Em sua existência, o ser humano compreende que ele é a imagem de Deus. E é
com suas próprias palavras que ele declara que Deus falou. Atribuir a Deus a primeira
palavra é o mesmo que dizer que a verdade da fala humana, dependente da palavra
divina, não pode ter outro depositário senão o próprio Deus. Até a experiência humana
da linguagem é percebida como uma repetição: ninguém seria capaz de falar se seus
pais não lhe tivessem falado primeiro".*
* HOUSTON,JM. Mentoria Espiritual .São Paulo: Editora Sepal, 2003. p 156-157
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Nossa relação com a Palavra do Pai
A Igreja recebeu como missão a de proclamar o Evangelho de Jesus através da
Palavra e construir o Reino de Deus. O apóstolo Paulo ensina: Ai de mim se não
pregar o evangelho I Co 9:16.
Para uma proclamação eficaz da Palavra, necessitamos do poder transformador da
palavra nAquele que fala e naquele que escuta. E aí, chegamos a um ponto central:
Para “servirmos” a Palavra, precisamos nos alimentar dela.
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até a ponto de dividir alma e espírito, juntas
e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E
não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas
as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de
prestar contas.” (Hebreus 4:12-13):
Fica a pergunta que muitos cristãos fazem: - Como eu sei que compreendi a palavra
e posso agora transmiti-la?
Santo Agostinho responde:
“É fundamental compreender que a plenitude da Lei, como de todas as Divinas
Escrituras, é o amor (...). Quem, portanto, julga ter compreendido as Escrituras, ou ao
menos parte delas, e não se empenha a construir, a partir da compreensão das
mesmas, esse duplo amor a Deus e ao próximo, mostra não tê-las ainda
compreendido”.
Orar significa buscar a mente e o Espírito de Jesus que não pode ser um convidado
eventual em nossa vida.Precisamos declarar nossa rendição e deixá-Lo dominar
nossa vida. Jesus mesmo praticou isso quando orou em Mateus 26:39:
“Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai,
se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como
tu queres.”
E impossível vivermos a vida cristã por nossos próprios esforços. Como Jesus
ensinou na parábola da videira em João 15: somente se estivermos ligados á videira
poderemos florescer e frutificar Muitas vezes existe o medo da perda da nossa
identidade com esta entrega, mas paradoxalmente nosso senso de identidade só se
desenvolve quando unimos nossa vida a Cristo. Preciso adentrar neste mistério de
entregar a Deus a minha identidade, pois aí eu terei segurança e significância como
pessoa. Jesus tem muito mais a realizar em nos do que através de nós.
Com esta dependência tão grande ao Pai ao entrarmos no mundo da oração
começamos a ficar curiosos e mais flexíveis diante dEle. A partir daí nossa oração
passa a ser um ato mais de ouvir do que falar.
O maior auxílio à nossa vida de oração e intimidade com o Pai vem da própria
Bíblia. Disse Jesus:
“Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4
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Paulo também ensinou que:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça,a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.“ 2 Tim 3:16-17
* HOUSTON,JM. Mentoria Espiritual .São Paulo: Editora Sepal, 2003. p 156-157
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O Jejum
" Vieram depois os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos
nós e os fariseus [muitas vezes] , e teus discípulos não jejuam?
Respondeu-lhes Jesus: Podem acaso estar tristes os convidados para o
casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que
lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar. " ( Mt 9: 14-15).
Jesus vem ensinar que a saudade do noivo (Jesus) seria o motivador principal para
o jejum. E continua seu ensino:
"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo
que eles já receberam a recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto; com o fim de não parecer
aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará".(Mt 6:16-18)
No texto bíblico acima, fica claro que Jesus tem a expectativa de que o cristão
jejue nos tempos de hoje, enquanto aguardamos a sua Segunda Vinda.
Mas, o que é o Jejum?
Jejum é a abstinência de alimento com finalidade espiritual, um exercício espiritual
em que nos colocamos inteiramente na dependência de Deus. Em relação aos
alimentos e líquidos, o jejum pode ser total ou parcial, dependendo da possibilidade
de cada um, mas sempre com ênfase na busca de uma maior comunhão com Deus.
Importante: O Jejum é centrado na pessoa de Deus!
Observe o que a Bíblia ensina sobre Jejum no Antigo e novo Testamento:
No Antigo Testamento o jejum é encontrado como:
A - Sinal de arrependimento: I Samuel 7:6 , Neemias 9:1-3 , Daniel 9:3 , Joel 1:14.
B - Por causa do trabalho de Deus: Neemias 1:4.
C - Pedindo proteção: II Crônicas 20: 3-17 , Esdras 8:21.
No Novo Testamento:
A - Jesus ensinou o Jejum: Mateus 6:16-18, Marcos 2:18-20 , Lucas 5:33-35.
B - Jejum como parte da adoração: Lucas 2:37, Atos 13:2.
C - Paulo orou com jejuns em cada igreja: Atos 14:23. Atos 13:2.
Em Joel 2:13, Deus manda os judeus "rasgarem o coração e não as vestes "
durante o jejum. Isto significaria que a contrição interna é a mais importante. Por ser
considerado, àquela época, o lugar das decisões morais e espirituais, o coração é
que deveria ser atingido. Algum comportamento deveria ser modificado.
Outras vezes o Jejum será considerado impróprio, por exemplo:
·Querer disfarçar seu pecado ("enrolar" a Deus) - Isaías 58:3-5. Os judeus não
ajudavam os necessitados e queriam subornar a Deus com jejum. Jejum não é
substituto para a obediência.
·Para impressionar os outros: Zacarias 7:5
·Para mudar a vontade de Deus: II Samuel 12.
·Quando se torna mera formalidade ou legalismo.
O JEJUM QUE DEUS QUER: Leia Isaías 58 : 1-14
58.1 Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e
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anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados.
58.2 Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus
caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus,
perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus,
58.3 dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a
nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos
vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho.
58.4 Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando
assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto.
58.5 Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a
sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu
a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR?
58.6 Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade,
desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?
58.7 Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em
casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu
semelhante?
58.8 Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua
justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda;
58.9 então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá:
Eisme
aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso;
58.10 se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá
nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.
58.11 O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e
fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas
águas jamais faltam.
58.12 Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas
gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o
país se torne habitável.
58.13 Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses
no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de
honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua
própria vontade, nem falando palavras vãs,
58.14 então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te
sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse.
O nosso jejum, enchendo-nos da comunhão com Deus, precisa "derramar", ou seja,
precisa alcançar o nosso próximo. Existe uma dimensão horizontal para o jejum,
além da vertical. Fazer jejuns mecanicamente não é tão importante quanto
demonstrar cuidado pelas pessoas - Bíblia Anotada. Combater a injustiça (v.6),
repartir o pão e cuidar do semelhante (v.7) fazem parte do jejum que agrada a
Deus. Devemos portanto ficar atentos para o que o Senhor quiser nos revelar
durante o jejum!*
* Biblia Anotada - comentário de Isaías 58
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A Bíblia em nossa oração
A historia da leitura afetiva da Palavra ou Lectio Divina.
Quando o homem começa a ler as Escrituras, dizia Santo Ambrósio:” Deus volta a
passear com ele no paraíso terrestre.”
A Sagrada Escritura é uma historia da revelação: de Deus e da salvação (para o ser
humano).
Desde o início da Igreja se tem chamado de Lectio Divina à leitura afetiva da
Palavra. Não é uma técnica mas uma leitura com o coração aberto e desejoso de
receber os insights divinos , mudanças em nossas percepções, ganhar um olhar
diferente para nós mesmos e para o mundo – em suma a visão do Reino de Deus
.
Repito, não é uma técnica ou algo que fazemos, mas algo que o Espírito Santo
quer fazer, quer revelar. Jesus, falando da ação do Espírito Santo na vida do
crente, diz no Evangelho de João (16:7-14):
Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele
vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não
creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo,
porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas
vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos
guiará a toda a verdade porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. (negrito nosso) Ele me
glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
Além do Espírito Santo querer que oremos, Ele nos ajuda na oração com o Pai,
como Paulo nos ensina em Romanos 8:26-27:
abemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira,
com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do
Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
Ainda Paulo em Romanos 8:14-17.
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos,
somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele
sofremos, também com ele seremos glorificados.
Talvez devêssemos corrigir certas expressões que usamos como “fazer oração” ,
pois oração não é algo que “fazemos” .Oração de fato é uma conversa , e nela,
oramos ao Pai, por intermédio do Filho e com a ajuda do E Santo.
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12. 12
A Lectio Divina no Antigo Testamento
Em 1437, Gutemberg inventou o tipo móvel e, em pouco tempo, os livros passaram
a ser impressos e, dentre eles, a Bíblia. Até então, os livros eram escritos à mão e,
por isso mesmo, raros e escassos. Àquela época as pessoas não liam para elas
mesmas, mas, "ouviam" as palavras, em silêncio. Quando os livros foram
produzidos em massa, o ato de ler até então comunitário e oral, passou a ser um
exercício visual privado e silencioso.Esse fácil acesso a Bíblia pode trazer o risco de
a mesma se assemelhar a um livro qualquer com uma mera leitura visual e
intelectual.
Não podemos nos esquecer de que a linguagem existe basicamente não só para
fornecer informações, mas, sim, para estabelecer relacionamentos - colocar o
escritor em relação com os leitores. A Bíblia também é assim; se a lermos
impessoalmente (só com a mente e os olhos), querendo apenas recolher
informações, estamos lendo de forma errada.
No Antigo Testamento temos alguns exemplos de como a leitura da palavra
impactava o povo de Israel quando este se mostrava sedento de ouvir o Pai:
Neemias 8:1-12:
“Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o
povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram
a Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o SENHOR tinha
prescrito a Israel. Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, tanto de
homens como de mulheres e de todos os que eram capazes de entender o que
ouviam. Era o primeiro dia do sétimo mês. E leu no livro, diante da praça, que está
fronteira à Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres
e os que podiam entender; e todo o povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei.
Esdras, o escriba, estava num púlpito de madeira, que fizeram para aquele fim;
estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e
Maaséias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias
e Mesulão. Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele;
abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
Esdras bendisse ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém!
Amém! E, levantando as mãos; inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em
terra. E Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita,
Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas ensinavam o povo na Lei; e o povo
estava no seu lugar.
Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que
entendessem o que se lia. Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e
escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado
ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo
chorava, ouvindo as palavras da Lei. (negrito nosso)
Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos
que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor;
portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força. Os levitas
fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; e não estejais
contristados. Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a
regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram
explicadas. “
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Outro exemplo, agora com o rei Josias - 2 Reis 22:8 a 23:3:
“Então, disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o Livro da Lei na
Casa do SENHOR. Hilquias entregou o livro a Safã, e este o leu. Então, o escrivão
Safã veio ter com o rei e lhe deu relatório, dizendo: Teus servos contaram o dinheiro
que se achou na casa e o entregaram nas mãos dos que dirigem a obra e têm a seu
cargo a Casa do SENHOR. Relatou mais o escrivão Safã ao rei, dizendo: O sacerdote
Hilquias me entregou um livro. E Safã o leu diante do rei. Tendo o rei ouvido as
palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes. Ordenou o rei a Hilquias, o sacerdote,
a Aicão, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, a Safã, o escrivão, e a Asaías, servo
do rei, dizendo:
Ide e consultai o SENHOR por mim, pelo povo e por todo o Judá, acerca das palavras
deste livro que se achou; porque grande é o furor do SENHOR que se acendeu contra
nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem
segundo tudo quanto de nós está escrito. Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor,
Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho
de Ticva, filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de Jerusalém. Ela
lhes disse: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a
mim: Assim diz o SENHOR: Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus
moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me
deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas
as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará.
Porém ao rei de Judá, que vos enviou a consultar o SENHOR, assim lhe direis: Assim
diz o SENHOR, o Deus de Israel, acerca das palavras que ouviste: Porquanto o teu
coração se enterneceu, e te humilhaste perante o SENHOR, quando ouviste o que falei
contra este lugar e contra os seus moradores, que seriam para assolação e para
maldição, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o
SENHOR. Pelo que, eis que eu te reunirei a teus pais, e tu serás recolhido em paz à
tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar.
Então, levaram eles ao rei esta resposta. Então, deu ordem o rei, e todos os anciãos
de Judá e de Jerusalém se ajuntaram a ele.
O rei subiu à Casa do SENHOR, e com ele todos os homens de Judá, todos os
moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor até
ao maior; e leu diante deles todas as palavras do Livro da Aliança que fora
encontrado na Casa do SENHOR. O rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança
ante o SENHOR, para o seguirem, guardarem os seus mandamentos, os seus
testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, cumprindo
as palavras desta aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo
anuiu a esta aliança. “(negrito nosso)
Desde o início foi dada a ordem aos judeus para amarem a Palavra (Deuteronômio
6:4-7):
“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te. “
Quando Moisés termina de escrever a Lei em Deuteronômio 30:15-20, ele ensina
acerca de uma ligação afetiva especial no se guardar a Lei:
“Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento
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que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e
guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e
te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para
possuí-la. Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores
seduzido, e te inclinares a outros deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que,
certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando
o Jordão, para a possuíres. Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti,
que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que
vivas, tu e a tua descendência, amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua
voz e apegando-te a ele (negrito nosso); pois disto depende a tua vida e a tua
longevidade; para que habites na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a
teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. “
Durante muito tempo eu tive uma impressão errada da Lei até que entendi que
havia um mistério amoroso e relacional em se guardar a Lei no Antigo Testamento.
Como seria agora nos tempos do Evangelho da Graça?
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Os salmos
O salmo era poesia musicada e cantada no espaço do culto a Deus e nele (no
salmo) o povo recebia o conforto de Deus.No livro dos Salmos os sentimentos todos
são colocados na comunhão do homem com seu Deus. Acho que atualmente
estamos subutilizando os salmos em nossos cultos e devocionais particulares.
Quando lemos Paulo, nos surpreendemos:
E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do
Espírito,falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor comhinos e cânticos espirituais,Efésios 5:18-19
O vinho cria uma atmosfera própria para a conversa - a inter-relação humana. Com
ele, mesmo as pessoas mais fechadas conseguem contactar outros seres humanos.
A comunhão produzida pelo vinho é ilusória e temporária, ela acaba. No entanto,
Paulo aponta uma opção para a igreja a partir do momento em que o Espírito Santo
de Deus flua nas pessoas e entre elas. Esse tipo de contato chama-se salmodiar.
Os salmos
Os salmos nos ensinam a movimentar com liberdade nossa alma e nossos
sentimentos em direção ao nosso pai. Existem, no Livro de Salmos os de lamentos
(a maior parte), louvor, sabedoria,históricos, arrependimento, gratidão e até de
imprecações (um clamor de vingança contra os inimigos).Toda a gama de
sentimentos é expressada no Livro de Salmos.
Além dos sentimentos os salmos nos alertam para termos atitudes coerentes com a
poesia que recitamos nos salmos.Foi o que Asafe concluiu no salmo 50 quando
descobriu a atitude que o Senhor deseja de seus filhos - amor e obediência. Leia
agora este salmo e depois memorize o v.23:
"O que me oferece sacrifício de ações de graça, esse me glorificará; e ao que prepara
o seu caminho (comportamento), dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus" Salmo 50:23.
A linguagem
Voltando a Paulo, o texto de Efésios vem principalmente ensinar que existe uma
linguagem própria entre os cristãos . Não falamos entre nós apenas por mera
necessidade de comunicação ou adquirir informação. Existe algo mais no falar e no
ouvir dos crentes. Para isso é necessário uma maior intimidade com a Trindade.
Primeiro, a comunhão com o E. Santo e depois, procuro meu irmão ou irmã para
falar e ouvir numa atmosfera pessoal e interpessoal dirigida pelo Espírito.
Como ensina o Pr Ricardo Barbosa:
“Falar com salmos é falar a linguagem da intimidade, é experimentar o poder do amor
na vivência cotidiana, é falar com poesia, revelar os segredos do coração. Falar com
salmos não significa recitar os salmos da Bíblia ou espiritualizar nossas conversas; é
encontrar, por meio do Espírito de Deus, uma linguagem que fale à alma, que toque no
coração."(...)
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" Em Cantares de Salomão, livro que apresenta essa linguagem espiritual dos salmos,
vemos a sulamita dizendo assim para seu amado: "Beija-me com os beijos de tua
boca; porque melhor é teu amor do que o vinho". Ela encontra no amor do seu amado
uma alegria e intimidade que o vinho não pode proporcionar. O amor é melhor do que o
vinho. esta é uma linguagem espiritual, é a linguagem que enaltece o amor, gera
esperança e fortalece a confiança. e eu fico pensando: "Quantas pessoas não
gostariam de ouvir alguém dizendo: "O teu amor é melhor do que meu sucesso, minha
profissão, ou qualquer outra coisa que me embriague?" O amor é melhor. esta é a
linguagem dos salmos, a linguagem do Espírito."(...)
É a linguagem do coração em busca de intimidade. Falar com salmos é procurar
expressar, na conversa do dia-a-dia, a riqueza e o significado da aliança de Deus
conosco.”*
Somos encorajados nos salmos a termos encontros freqüentes e profundos com
Deus - são nossa escola de oração.Podemos classificá-los como salmos de louvor,
lamento, gratidão, suplica, peregrinação, confiança, imprecatórios (que contem
maldições contra os inimigos), pessoais ou comunitários. Metade dele s são de
autoria de Davi que tanto expressa sua confiança em Deus no salmo 23 assim como
confessa seu pecado no salmo 51.
Alguns textos dos salmos nos encorajam a uma oração bem franca com Deus. Leia
o salmo 13:
[Ao mestre de canto. Salmo de Davi] “Até quando, SENHOR? Esquecer-te-ás de mim
para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando
dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá
contra mim o meu inimigo? Atenta para mim, responde-me, SENHOR, Deus meu!
Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte; para que não diga o
meu inimigo: Prevaleci contra ele; e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a
vacilar. “
E também no salmo 27:7-9:
“Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me. Ao
meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua
presença. Não me escondas, SENHOR a tua face, não rejeites com ira o teu servo; tu
és o meu auxílio, não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação.”
Sinceridade de coração é fundamental; não adianta pronunciarmos palavras doces
quando o Senhor lê o nosso coração e sabe do nosso cenário emocional verdadeiro.
Em Jeremias 29:12-13 lemos a convocação divina para uma busca sincera e a
promessa de um encontro.
“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Então,
me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. “
Alguns outros salmos também tem características marcantes:
O salmo 119 celebra a dependência à Palavra de Deus.São 22 estrofes, cada uma
com oito e versículos e iniciadas por uma letra do alfabeto hebraico.
O salmo 14 é para aqueles que acham que podem viver sem Deus
O salmo 37 vem ajudar aquelas pessoas que ficam indignadas ao ver a
prosperidade dos ímpios
Os salmos 127 e 128 estimulam as famílias a terem uma vida comum de oração.
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Os salmos 103 e 104 demonstram que Deus esta sempre cuidando de nos
Nos salmos 131 e 133 há o ensino que Deus esta presente até nos nossos
relacionamentos sociais.
Salmos imprecatórios:
Existem alguns salmos difíceis, assim como nossa alma também é difícil. Afinal de
contas os salmos existem para nos ensinar a mover nossa alma em sinceridade
com Deus.Não fique espantado mas esses salmos imprecatórios serviam também
para alertar o ímpio sobre a e a justiça de Deus. Precisamos trabalhar nossos
ressentimentos e nossa raiva no espaço espiritual (além do terapêutico).Hoje no
contexto do Novo Testamento Jesus nos ensina a amarmos nossos inimigos mas
isso não deve represar a sinceridade que devemos ter como nosso Pai, leia o
Salmo 109:8-13
“Os seus dias sejam poucos, e tome outro o seu encargo. Fiquem órfãos os seus filhos,
e viúva, a sua esposa. Andem errantes os seus filhos e mendiguem; e sejam expulsos
das ruínas de suas casas. De tudo o que tem, lance mão o usurário; do fruto do seu
trabalho, esbulhem-no os estranhos. Ninguém tenha misericórdia dele, nem haja quem
se compadeça dos seus órfãos. Desapareça a sua posteridade, e na seguinte geração
se extinga o seu nome.”
Posteriormente, no Evangelho da Graça Jesus viria ensinar o perdão aos inimigos:
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos
digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis
filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir
chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes
somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o
mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.(Mateus 5:
43-48)
De qualquer forma, qualquer que seja a situação do nosso espírito naquele
momento, nos salmos nos reorientamos sempre para Deus e sua graça
salmodiando e convidando todos a salmodiarem junto conosco, como faz Davi no
salmo 30:
[Salmo de Davi. Cântico da dedicação da casa] Eu te exaltarei, ó SENHOR, porque tu
me livraste e não permitiste que os meus inimigos se regozijassem contra mim.
SENHOR, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste. SENHOR, da cova
fizeste subir a minha alma; preservaste-me a vida para que não descesse à sepultura.
Salmodiai ao SENHOR, vós que sois seus santos, e dai graças ao seu santo nome.
Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao
anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã. Quanto a mim, dizia eu na
minha prosperidade: jamais serei abalado. Tu, SENHOR, por teu favor fizeste
permanecer forte a minha montanha; apenas voltaste o rosto, fiquei logo conturbado.
Por ti, SENHOR, clamei, ao Senhor implorei. Que proveito obterás no meu sangue,
quando baixo à cova? Louvar-te-á, porventura, o pó? Declarará ele a tua verdade?
Ouve, SENHOR, e tem compaixão de mim; sê tu, SENHOR, o meu auxílio.
Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de
alegria, para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. SENHOR, Deus meu,
graças te darei para sempre.
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*Sousa ,RB. Janelas para a vida ;Curitiba; Editora Encontro,1999. p 40-41
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Misticismo?
O Dicionário Houaiss define místico como:
1 referente aos mistérios, às cerimônias religiosas secretas
2 relativo a crenças em coisas sobrenaturais, sem base racional
Ex.: explicações m. da erupção de um vulcão como a ira de um deus
3 que não se dá segundo as leis naturais ou físicas; sobrenatural, espiritual (...)
5 que crê intensamente numa doutrina religiosa e a ela se dedica quase integralmente
(diz-se de indivíduo); devoto, religioso
6 relativo à vida espiritual e contemplativa
7 próprio do ambiente religioso, devoto, espiritual *
Muitas vezes as pessoas tem medo que, em tendo experiências com Deus, serem
chamadas de “místicas” e optam por um cristianismo predominantemente no estudo
da Palavra , preferindo até esconder suas experiências espirituais.Outras, pelo
contrario, procuram um culto de sensações, “avivado”, com muitas catarses
emocionais nem sempre fruto de uma ação do Espírito Santo, mas das
emoções do momento.
Transcrevo aqui um trecho do livro Oração de James Houston que acho bastante
oportuno:
As diferentes religiões do mundo possuem sua própria definição do que significa uma
experiência mística.No misticismo cristão, experiências com Deus são determinadas
por diretrizes bíblicas.Isso significa que a experiência mística cristã será diferente do
misticismo de outra fé da mesma forma que suas doutrinas divergem. Como resultado,
as experiências místicas cristãs através dos séculos podem ser testadas quanto a sua
confiabilidade pela menção bíblica. O verdadeiro místico cristão sempre vive dentro da
realidade de certas verdades bíblicas:
1. Primeiro-Deus é o nosso Criador, sendo distinto e separado de nós. Qualquer
conversa
sobre união com ele jamais será uma união ao nível de substância, mas de vontade e
amor.
2. Segundo-Deus revela-se a nós como uma Trindade, ou seja, três pessoas em um
Deus. O misticismo cristão não vivencia deus como um absoluto anônimo, mas como
pai, Filho e Espírito Santo.
3. Terceiro - Deus fez-se homem em Jesus Cristo, sofrendo na cruz como mediação
entre nós e Deus. O místico não pode, portanto, fazer qualquer progresso espiritual
sem envolver a vida e a morte de Jesus.
4. Quarto - o nosso relacionamento com Deus depende totalmente da sua iniciativa
para
conosco.
Finalmente, o verdadeiro místico reconhece que pertence à igreja, à comunidade do
povo de Deus. O místico tem coisas a dizer para a igreja, mas sabe que a verdade de
Deus é mantida tanto comunitária quanto pessoalmente.**
*http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=m%EDstico&cod=129385&fon=1&co
digos=129385%2C129386%2C129387 acessado em 18/1/2011
* *HOUSTON,J. A Oração;Brasilia:Editora Palavra,2009.
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As Alianças Deus com Seu povo e sua implicação em nossa espiritualidade
Quando a primeira Aliança (Exodo19) foi ratificada (Êxodo 24) Moises tomou o livro
da Aliança e leu ao povo que concordou em segui-la.(Êxodo 24:1-8):
“Disse também Deus a Moisés: Sobe ao SENHOR, tu, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e
setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. Só Moisés se chegará ao SENHOR;
os outros não se chegarão, nem o povo subirá com ele. Veio, pois, Moisés e referiu ao
povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo
respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos. Moisés escreveu
todas as palavras do SENHOR e, tendo-se levantado pela manhã de madrugada, erigiu
um altar ao pé do monte e doze colunas, segundo as doze tribos de Israel. E enviou
alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram ao SENHOR holocaustos e
sacrifícios pacíficos de novilhos. Moisés tomou metade do sangue e o pôs em bacias;
e a outra metade aspergiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o leu ao povo; e
eles disseram: Tudo o que falou o SENHOR faremos e obedeceremos. Então, tomou
Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da
aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras.“
Futuramente o Novo Testamento ensinaria sobre uma Nova Aliança que havia sido
prometida ao profeta Jeremias (Jeremias 31:31-34) e que no texto de Hebreus 8:6-
13, lemos:
“Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente quanto é ele também
Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque,
se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias,
diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não
segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu
não atentei para eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa
de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas
leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um
ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde
o menor deles até ao maior. Pois, para com as suas iniquidades, usarei de
misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei. Quando ele diz Nova, torna
antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a
desaparecer. “
Somos chamados a comparecer a mesa de Pai como comunidade e não
individualmente. Na Nova Aliança vemos que existe a promessa de que Deus
falaria dentro de nós. Assim, somos chamados da solitude à comunidade e daí
ao ministério - o que vamos fazer de nossas vidas orientados por Deus.
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Lectio em o Novo Testamento
A Palavra que toca a mente e o coração
A parábola do semeador ou da semente
Marcos, Lucas e Mateus curiosamente colocam como primeira parábola de seus
livros "a do semeador e dos quatro solos", que aborda "o escutar" (Mc 4:9, Mt 13:9,
Lc 8:8). Nesta parábola palavras-sementes de Deus são faladas em nossos ouvidos
e vão cair em diferentes terrenos, mas, o mais importante é que "Deus está
falando". Aqui o mandamento da parábola é: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça"
e isto é claro nos três evangelhos!
"Bem - aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem..." Ap. 1:3.
Vamos ao texto de Lucas - vemos que Jesus foca no modo como a palavra
(semente) é recebida, no comportamento de quem acolhe a Palavra.Quando ela é
escutada pelo coração afetivo, ela produz fruto.
“Afluindo uma grande multidão e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse
Jesus por parábola: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu
à beira do caminho; foi pisada , e as aves do céu a comeram. Outra caiu sobre a
pedra; e, tendo crescido, secou por falta de umidade. Outra caiu no meio dos espinhos;
e estes, ao crescerem com ela, a sufocaram. Outra, afinal, caiu em boa terra; cresceu
e produziu a cento por um. Dizendo isto, clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta? Respondeu-lhes
Jesus: A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais, falase
por parábolas, para que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam. Este é o
sentido da parábola: a semente é a palavra de Deus. A que caiu à beira do caminho
são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra,
para não suceder que, crendo, sejam salvos. A que caiu sobre a pedra são os que,
ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por
algum tempo e, na hora da provação, se desviam. A que caiu entre espinhos são os
que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e
deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer. A que caiu na boa terra
são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com
perseverança.” (Lucas 8: 4-15)
O termo “coração” na Bíblia é o ponto de encontro de toda a realidade do homem
como também de onde se irradiam todas as suas potencialidades para com o Pai.
Os discípulos na caminhada para Emaús
Em Lucas 24:13-32, no episódio da abordagem de Jesus a dois discípulos a
caminho de Emaús, Jesus os consola, sem se dar a perceber, citando os textos dos
profetas , leia:
Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada
Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de
todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o
próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que
impedidos de o reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa
e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um,
porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo
estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou:
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22. 22
Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta,
poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais
sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o
crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas,
depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É
verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos
surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus,
voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive. De
fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as
mulheres; mas não o viram. Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração
para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos
os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante.
Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E
entrou para ficar com eles. E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o
pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o
reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao outro:
Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando
nos expunha as Escrituras?”
O coração dos discípulos ardia com a exposição das Escrituras. É necessário que
Cristo nos abra o coração e precisamos desejar que isso aconteça.
Pessoalmente acredito que a leitura da Palavra de Deus tem uma eficácia quase
sacramental.Afinal, é Deus falando e o Espírito aplicando.
O capítulo dois do livro do Atos dos Apóstolos apresenta Pedro iniciando a
proclamação do Evangelho expondo a palavra de Deus através do profeta Joel e do
salmo de Davi e assim tocando o coração daquele povo:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de
repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa
onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de
fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.
Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as
nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se
possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.
Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus
todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa
própria língua materna? Somos partos, medos, elamitas e os naturais da
Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das
regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus
como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias
línguas as grandezas de Deus? Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos
outros: Que quer isto dizer? Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!
Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos:
Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai
nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando,
sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do
profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu
Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens
terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas
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23. 23
servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios
em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se
converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do
Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por
Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou
por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo
determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos
de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte;
porquanto não era possível fosse ele retido por ela.
Porque a respeito dele diz Davi: Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à
minha direita, para que eu não seja abalado. Por isso, se alegrou o meu coração, e a
minha língua exultou; além disto, também a minha própria carne repousará em
esperança, porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu
Santo veja corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-ás de
alegria na tua presença. Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do
patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até
hoje. Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus
descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de
Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.
A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois,
à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto
que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos
por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de
que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles
estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, irmãos? (negrito nosso).Respondeu-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós
outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é,
para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu
testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que
lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase
três mil pessoas.
Pedro lê a Bíblia expondo as verdades e o coração do povo é tocado e a multidão
se pergunta: que faremos? Essa é a pergunta que me devo fazer quando
acabo minha leitura devocional: - que farei?
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24. 24
O Novo Testamento interpreta o Antigo
Existem 278 versículos do Antigo Testamento citados no Novo Testamento. Ora a
citação era para ressaltar o cumprimento de alguma profecia do Antigo testamento
(Mateus 4:14-16 e Isaias 9:1-2), ora para confirmar um que um acontecimento
neotestamentário está de acordo com um principio do Antigo Testamento (Atos
15;15 e Amós 9:11-12).
Pedro interpreta o Antigo Testamento à luz do Novo Testamento como Jesus havia
feito e lemos em Mateus 5 :21-44:
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a
julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu
irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito
a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
(...) Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar
para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. (...)
Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém,
vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais
ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete
adultério. Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás
rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos.
(...)
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não
resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a
outra; (...)
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos
digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
Jesus cita o Antigo Testamento para poder explicar melhor como seria o seu reino.
Zuck em seu livro faz menção de algumas etapas que devem ser seguidas na
interpretação das citações do Antigo Testamento no Novo Testamento:
1. Investigue o contexto no Novo Testamento onde a citação ou alusão ao Antigo é
feita.
2. Investigue o contexto no Antigo Testamento da passagem citada ou aludida.
Certifique-se
de não aplicar aos leitores originais do Antigo Testamento o que agora se pode saber
através da revelação neotestamentária(...)
3. Repare nas diferenças, se houver, entre a passagem no Antigo Testamento e sua
citação
ou alusão no Novo.
4. Descubra como a passagem do Novo Testamento faz uso da passagem do Antigo
Testamento.(...)
5 Estabeleça a relação dessas conclusões com a interpretação da passagem no NT.*
* ZUCK,BR. A Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Vida Nova; 1994. p.322
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25. 25
A relação emocional de Jesus com os salmos
No cântico de Maria em Lucas 2 percebe-se cerca de quinze citações do AT,
demonstrando que Maria era de um lar que conhecia bem os salmos.Por exemplo:
A minha alma engrandece ao Senhor - salmo 34:2.
A sua misericórdia vai de geração em geração... - salmo 103:17.
Jesus participava sempre das Festas e nelas salmodiava junto com os judeus pois
os salmos eram usados no cultos a Deus.Leia : João capítulos 5,7,10 e 12 . Por
exemplo:
Capítulo 5:
1 .Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém.
Capítulo 7:8-10:
Subi vós outros à festa; eu, por enquanto, não subo, porque o meu tempo ainda não
está cumprido. Disse-lhes Jesus estas coisas e continuou na Galiléia. Mas, depois que
seus irmãos subiram para a festa, então, subiu ele também, não publicamente, mas
em oculto.
Lucas dizia que Jesus participava aos sábados na sinagoga de Nazaré(Lucas 4:16):
“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu
costume, e levantou-se para ler.”
Na Ultima Ceia,ao terminar recitaram o Hallel (salmos 115-118) em Mateus 26:30:
“E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.”
Os salmos aparecem ainda como prece de Cristo:
No sofrimento na cruz Marcos 15:34: Deus meu, Deus meu... Salmo 22:1
Ao morrer Jesus cita o salmo 31 (Lucas 23;46)
Jesus usa o salmo 110 em Mateus 22:41-46 O salmo 110 é o texto-chave das
esperanças messiânicas para explicar que o Cristo era muito, mas muito mais do
que o Messias esperado pelos judeus:
“Reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus: Que pensais vós do Cristo? De quem é
filho? Responderam-lhe eles: De Davi. Replicou-lhes Jesus: Como, pois, Davi, pelo
Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à
minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés? Se Davi, pois,
lhe chama Senhor, como é ele seu filho? E ninguém lhe podia responder palavra, nem
ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas.” (Mateus 22.41-46)
Não só na Paixão Jesus usou os salmos, mas até em atitudes fortes como expulsar
os vendilhões do templo (João 2:17 e salmo 69:9):
“Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. E encontrou no
templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados;
tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e
os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que
vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de
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negócio. Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito:
O zelo da tua casa me consumirá (negrito nosso).”
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27. 27
Como ler a Bíblia?
Ao lermos a Bíblia, temos de buscar a Palavra nas palavras e isso com a ajuda do
Espírito Santo.Ler a Bíblia não é apenas um exercício literário, mas um confronto
com o mistério e a pessoa de Deus.
Paulo ensina que a Palavra nos traz esperança (Romanos 15:4):
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela
paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.”
Paulo ensina que a Palavra nos traz repreensão e correção: 2 Timóteo 3:16.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça,”
Há algum tempo encontrei um colega de faculdade que há muito não via. Ele me
falou detalhadamente de sua vida e seus planos de futuro. Quando comecei a falar
de mim ele se mostrou desinteressado e se despediu rápido.Naquele momento
fiquei bastante decepcionado com ele. Percebi aí que eu fazia a mesma coisa com
Deus na minha leitura bíblica devocional e na minha oração. Quero controlar a
conversa e apenas falar de mim na minha oração. Ou então, controlar o texto bíblico
não dando a mesma chance a todos os versículos do texto e escolhendo ler rápido
ou lentamente (geralmente as promessas) conforme aquilo que minhas
necessidades do momento me mostravam. Quero que o Pai coloque sorriso nos
meus lábios mas não me preocupo em causar o sorriso nEle.
Uma leitura devocional ou oração deve ser lenta, com pausas para percebermos
algo novo, percepções novas que o Espírito Santo possa nos estar trazendo. É
necessário saber que Alguém vem ao nosso encontro na leitura da Palavra e na
nossa oração.É importante que desejemos esse encontro e a percepção desse
encontro, um dom dado pelo Pai em de normalmente nossas palavras cessam e
adoramos silenciosamente é o que os místicos chamavam de contemplação.
Se na verdade “conversamos” com a Bíblia, é necessário que não controlemos o
texto mas que desejemos que o texto nos controle.
Preciso crer no Deus que me fala diretamente através de sua Palavra.
A Lectio Divina ou leitura afetiva da palavra acompanhada da oração tem como
característica enfatizar a própria Bíblia como objeto de leitura e direção para nossa
oração (por isso é chamada divina) reconhecendo que é a própria Palavra que
testifica de Jesus (João 5;39). A Lectio tem estrita relação com a oração.A palavra
latina lectio significa duas coisas: lição e leitura. Nós podemos ler mas quem dá a
lição é Deus. A Lectio Divina é uma audiência que nos transforma, que gera
obediência.
A Lectio não é uma técnica ou uma ferramenta ministerial Nem toda a leitura da
Bíblia é Lectio divina mas só aquela que é feita debaixo da ação do Espírito
Santo, ou seja, com a intenção de ouvir a mensagem que a palavra divina quer
nos comunicar.
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A Lectio divina é um diálogo e nos faz participar do mistério do Cristo que habita
em nós. Quando lemos a Palavra no culto estamos fazemos a Lectio no culto, é
Deus falando. É a celebração da Palavra!!!
A Lectio pode ser feita em comunidade ou na nossa devoção particular.Mesmo
quando parecemos sozinhos em nosso momento devocional particular nunca
estamos realmente sozinhos. Leia o que Paulo ensina em Romanos 8:15-16:
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba,
Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”
É preciso que realmente nos sintamos filhos de Deus!
Um pouco da historia da Lectio.
A Lectio é historicamente vinculada a Guigo, um monge cartuxo do 12º século d.C
que escreveu um tratado - Scalla claustralium (Escada dos claustros) no qual
apresentava uma sequência de passos na Lectio; lectio-
meditatio,oratiocontemplatio.
Na verdade é só uma classificação didática pois todos esses passos
ocorrem não necessariamente nessa ordem ou intensidade.Lectio é oração com
base na Bíblia - e isso é o mais importante: orar a Deus com as palavras de Deus.
De uma forma mais ampla podemos considerar na Lectio as etapas abaixo sempre
lembrando que podem acontecer não necessariamente nessa ordem:
- Lectio -leitura atenta e com o coração aberto.
- Meditatio- visa descobrir o q o texto diz para mim.
- Oratio - a minha oração sob o impacto do texto e a sua revelação pelo Espírito.
- Contemplatio - é um dom, dado pelo Pai que me faz sentir seu filho e me dá de
alguma forma a sensação de Sua presença em minha oração. É quando me sinto
realmente amado e unido à Ele e à toda a Trindade.O tempo parece que para e as
palavras cessam.São João da Cruz chama a contemplação de “quietude saborosa” -
uma tranqüilidade cheia de repouso ,de unção, uma experiência profunda,
absorvente.
- Collatio - no século XII os monges faziam a colação - era a partilha do que haviam
aprendido na Lectio daquele dia.
- Operatio - a ação que vamos desenvolver após essa experiência na oração.fazer
aquilo que Jesus nos pede e que descobrimos na oração.É inútil se ter contemplado
se não se põe em pratica o contemplado.Jesus mesmo afirma :Lucas 8.21 :
Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a
palavra de Deus e a praticam.
Alguns poderiam perguntar: por que não buscamos direto a presença de Deus sem
a necessidade da leitura da Palavra?
Porque precisamos reconhecer que a meditação cristã une a mente e o espírito e
ambos devem estar ativos na Lectio.Um afastamento do conhecimento da
vontade de Deus pela nossa negligencia na leitura na Bíblia nos afastará da sã
doutrina e pode nos colocar na estrada do erro.
Por outro lado, uma leitura só intelectual que não sintonize nossa alma e não
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29. 29
produza em nos as mudanças que o Pai deseja (e nós também amamos o Pai e
queremos fazer toda a Sua vontade) torna-se árida.
Com freqüência podemos até, sem sentir, estarmos tentando controlar e dirigir o
que a Palavra quer dizer.Queremos controlar seu significado- decidirmos o que o
texto tem a dizer.Mas deve ser o contrario: uma vez que tenhamos lido o texto
devemos dar o espaço para que o próprio texto diga o que ele quer dizer
através da revelação do Espírito Santo.
Osmar Ludovico sempre nos advertia na Lectio: “Procure não controlar o texto;
deixe que o texto controle você”.”
Quando lemos um texto da Palavra, se algum versículo ficar marcado em nossa
mente de modo muito forte, vamos ficar com essa palavra algum tempo, “ruminá-la”
como diziam os místicos antigos e deixar que essa parte do texto nos diga tudo o
que ela quiser dizer.
Na Lectio, enquanto a mente considera as palavras do texto, deixamos nossos
afetos e imaginação livres para que o Espírito Santo possa trabalhá-los e dar a
correta compreensão daquilo que precisamos entender, guardar a palavra, como
Maria fazia.
Acreditamos numa teologia com oração como fazia Jesus que se retirava para orar
e também Paulo, que freqüentemente alternava ensino teológico com oração em
suas cartas.Não acreditamos que devemos usar “óculos” sociológicos ou marxistas
ou quaisquer outros para interpretar a Palavra mesmo que seja para justificar
movimentos políticos libertadores.
Em Lucas 24 :26-27, na caminhada para Emaus, Cristo é quem abre o
entendimento dos discípulos passando por diferentes textos. Precisamos deixar que
Ele abra o nosso entendimento para percebermos a revelação do mistério da
Palavra e como isso se aplica ao nosso caso e à Igreja.
Para a leitura da palavra é necessário contato prolongado, assiduidade,silencio,
solidão e recolhimento:
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. (Mateus 6.6 )
Precisamos ter um lugar de oração e nossos familiares devem saber disso e será
uma boa disciplina espiritual preservarmos esse lugar de tudo o que nos
possa tirar a atenção daquilo que o Espírito Santo quer nos dizer. Uma vez
alguém me contou que educou sua família a que , quando estivesse determinado
lugar com a Bíblia, que não a interrompessem.
Nunca é demais repetir: a leitura da Palavra deve ser feita de modo lento e com
pausas para que o Espírito possa ter espaço para trazer insights e revelações,
olhares diferentes para a vida e para o texto. Muitas vezes ler rápido certos
versículos e passar para o seguinte pode ser uma forma disfarçada de controlarmos
o significado do texto. Devemos resistir a isso, e se notarmos que o fizemos,
devemos voltar ao texto novamente, nem que seja um ou dois dias após e dar
liberdade ao Espírito Santo deixando que Ele complete a obra em nós.
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O que ler na Bíblia? Por onde começar?
Os Evangelhos devem ter preeminência na nossa leitura, mas toda a Escritura deve
ser lida. Devemos preceder a leitura com período de silencio para sossegarmos o
barulho interior que produzimos.
A Lectio não é um fim em si mesma – uma meditação para nos fazer sentir bem,
nos causar boas e agradáveis sensações. Se fosse assim seria algo idólatra, mas
precisamos nos ater à Palavra para percebermos qual é a vontade do Pai em nossa
vida – o operatio.
E obedecer!
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As Parábolas
No segundo ano de seu ministério, aparentemente, Jesus dá uma guinada no seu
tipo de preleção. Seus discípulos ficam confusos:
“10 Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: “Por que falas ao povo por
parábolas?”
11 Ele respondeu: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos
céus, mas a eles não. 12 A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade.
De quem não tem, até o que tem lhe será tirado. 13 Por essa razão eu lhes falo por
parábolas: “ ‘Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem.14
Neles se cumpre a profecia de Isaías: “ ‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês
nunca entenderão;ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão.15 Pois o
coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus
ouvidos,e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos,
ouvir com os ouvidos,entender com o coração e converter-se, e eu os curaria’.16 Mas,
felizes são os olhos de vocês, porque vêem; e os ouvidos de vocês, porque
ouvem. 17 Pois eu lhes digo a verdade: Muitos profetas e justos desejaram ver o que
vocês estão vendo, mas não viram, e ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não
ouviram.” (Mateus 13) negrito nosso
Parábola vem do grego para = ao longo e de bola = atirar. São estórias baseadas
em fatos do cotidiano com o objetivo de ilustrar ou aclarar uma verdade. As
parábolas não eram uma novidade ,elas aparecem no VelhoTestamento em 2
Samuel 12:1-4 e Isaías 5:1-10.
Perguntado acerca da sua mudança de método, Jesus a atribui a um endurecimento
do coração e mentes de seus ouvintes. A tensão contra Jesus chegara a um nível
muito forte segundo Mateus cap. 12. Os mestres e fariseus “batiam forte” em Jesus
e, constantemente, atrapalhavam a pregação do evangelho por Jesus e, o pior de
tudo, nada aprendiam!
O propósito das parábolas era revelar as verdades ocultas do reino de Deus, mas
não a todos. Ao coração desejoso de aprender sobre as verdades desse Reino,
estas estórias trabalhariam em sua imaginação e trariam mais luz interior. Por outro
lado, aos de coração duro quase nada acrescentariam – seria uma estorinha de
fundo moral!
As parábolas são retóricas, fazem trabalhar a imaginação das pessoas fazendo-as
compreender as novas verdades que o Espírito quer trazer às suas vidas. O ouvinte
e leitor, percebendo a comparação entre a estória e sua própria situação individual é
estimulado a pensar e sentir coisas novas, identificando a verdade principal que a
parábola ilustra, com a ajuda do Espírito Santo. Geralmente são simples, com
personagens bem caracterizados,emoções contidas, alternando linguagem direta
com solilóquio (falar consigo mesmo), cenas do cotidiano judaico e o mais
importante fica para o final da narrativa: cada estória convida o ouvinte a emitir uma
conclusão para si mesmo.
Algumas vezes as parábolas são contadas a pessoas que divergiam de Jesus, mas
essas estórias como que constroem uma ponte sobre a divergência; nelas Jesus
se afasta da controvérsia judaica da Lei e entra em território neutro. Assim, quem a
ouve sai da posição defensiva e é atraído por Jesus. Em geral as parábolas existem
para dizer algo a respeito do reino de Deus em nossas vidas e não para
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emitirem preceitos moralistas. Elas são uma narrativa menor dentro da
narrativa maior (o advento do Evangelho da Graça).Tente responder a essas
perguntas quando você lê alguma parábola:
- A quem Jesus se dirige :à multidão ou seus adversários?
- Onde parece que Ele quer chegar?
- E o mais importante: - Como ela me atinge?
Como ensina Carlos Mesters:
“ O objetivo último da explicação da Bíblia ao povo não deve ser simplesmente
descobrir o sentido histórico-literal dos textos , mas deve se descobrir os sinais da
presença de Deus com os seus apelos na vida que vivemos, através de uma reflexão
profunda (e científica, quando necessário) sobre o textos que nos vêm do passado. Em
última análise,o seu objetivo não se restringe a procurar interpretar um texto, mas a
procurar interpretar a vida à luz daqueles textos, a fim de que aumentem no povo a
fé, a esperança e o amor.”* (negrito nosso)
Ore agora , antes de ler sua parábola de hoje , pedindo que o Senhor lhe revele a
Sua vontade no texto. Experimente fazer uma imersão no texto. Leia a estória como
se fôsse sua, como se você um dos protagonistas dela.
:
* MESTERS C. Por trás das palavras. Petrópolis: Editora Vozes . Petrópolis, 2007.
p.133-134.
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A quietude
O silêncio perante Deus melhora nossa oração.Estar quieto e em silencio antes de
nossa oração significa rejeitar toda e qualquer invasão que possa atrapalhar ou
interromper o nosso estar com Deus.
Salmo 62:1 - Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha
salvação.
Salmo 46:10 - Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.
Nossos ruídos interiores
Em nossa sociedade "faladeira" o silêncio se tornou algo constrangedor. Se o pastor
pedir numa celebração: "Façamos silêncio por alguns momentos", as pessoas se
inquietam e perguntam a si mesmas: "Quando isso vai acabar?".
Tudo isso acaba nos distraindo daquilo que o Pai quer nos revelar. O acontecimento
real é que o Pai nos fala e nos comunica o Seu amor...Mas nós nos distraímos.
O silêncio do cristão não é igual a solidão. É estar com o Pai e receber a Sua
revelação. A leitura meditativa da Bíblia cria o espaço interior onde possamos ouvir
o Pai. No aconselhamento, é importante que o pastor e o aconselhando entrem no
amorável silêncio do Pai e ali esperem pela palavra que cura. É preciso perceber os
movimentos do Espírito, conselheiro divino, e seguir esses movimentos sem medo.
Como intercessores nossa tarefa é o contrário da distração. É ajudar as pessoas a
se concentrarem no acontecimento real, mas muitas vezes oculto, da presença de
Deus em suas vidas.
Torna-se absolutamente necessário que os ministérios cuidem em não manter seus
membros tão atarefados que não possam mais ouvir o Deus que fala no silêncio.
O propósito de todo ministério é revelar que Deus não é um Deus de medo, mas um
Deus de amor. Os ministérios ensinarão isso quando levarem seus cooperadores à
capela de oração.
Vivemos na compulsão da pressa, do corre-corre. Provavelmente é assim que você
se sente hoje: conseguiu encaixar esta leitura em uma agenda apertada e talvez
esteja preocupado acabar logo para preparar “a agenda de amanhã ou da próxima
semana...”.
Loucura? Mas é assim!
Certamente gastamos muito mais energia (e tempo) do que deveríamos porque em
nosso dia de 24 horas não conseguimos dedicar o tempo necessário à intimidade
com o Pai e receber a Sua direção em nossa vida.
Nesta questão da busca da intimidade com o Pai, somos todos amadores. Falando
nisso, fique tranqüilo - o Pai gosta de amadores – o que Ele não gosta é de gente
“religiosa” (deram muito trabalho para Jesus e sem proveito algum). O Pai nos
ensina a viver um dia de cada vez e nesta leitura vamos reconhecê-Lo junto a nós.
Se não na teoria, na prática vivemos como se tivéssemos um Deus impessoal – algo
tipo Internet, um provedor à distância (estamos em 2011), literalmente. Utilizamo-nos
dele quando precisamos e temos o poder de pedir a “desconexão” quando
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satisfeitos. Mas, a Bíblia faz referência a um Deus que sente tristeza, que é pessoal
que quer se relacionar, falar, conversar conosco. Só que um bom relacionamento
pressupõe intimidade, conversa, tempo – todos nós sabemos disso. Quando
tentamos nos comunicar, sem intimidade com o Pai, incorremos na tragédia
humana, qual seja: dizer a Deus quem Ele é e o que Ele deve fazer! Ao invés de
esperar as Suas boas respostas e sermos surpreendidos por Ele e pelo Seu amor,
queremos controlá-Lo para assim garantir a qualidade da resposta.
Só que Ele é o Criador e nós, as criaturas!
Nesse conhecimento do Pai eu sempre vou me surpreender. Nunca vou saber quem
Deus é. Em Êxodo 33:17-23 Ele se dá a conhecer a Moisés pelas costas, pois
ninguém conseguiria ver a face do Senhor e sair vivo do encontro. Todo o nosso
conhecimento é parcial e limitado - precisamos ter humildade, qualquer que tenha
sido a nossa experiência com Ele. Minha segurança nesse Pai não é pelo que eu
conheço dEle, mas é afetiva! Eu não duvido do seu amor por mim! Esta é a
chave do relacionamento. Muitas vezes achamos que sabemos tudo sobre Deus
como se fôssemos donos dEle, seus criadores. (Essa, aliás, foi a tragédia dos
fariseus: achavam que sabiam tudo sobre Deus, e quando surge um Deus “que não
se encaixa...” não admitem, não aceitam Jesus!). Este é o problema da religião!
Precisamos diariamente conhecer e desfrutar do amor do Pai, um dos seus atributos
mais marcantes. Esse conhecimento é profundo, pois toca o coração, faz vínculos e
estreita o relacionamento dEle conosco. Esse relacionamento afetivo, essa
experiência com o Seu amor é o eixo central da nossa caminhada na vida cristã. Só
assim vou pensar o que Ele pensa e desejar o que ele deseja. Posso até ter tido
experiências pentecostais, mas não ter uma experiência profunda com o amor de
Deus.
O relacionamento de hoje não acumula para amanhã, pois amanhã é outro dia – e
você terá de buscá-Lo novamente.
É importante exercitar nossa alma em dois movimentos:
1 - da ação à contemplação – como eu consigo aquietar minha alma e me apresento
como um filho que retorna ao Pai.
2 - da contemplação à ação – como posso caminhar sob a partir de direção do Pai
, a partir de um encontro com Ele.
Quando eu contemplo o Pai, eu O adoro silenciosamente em meu coração. Eu
entendo o que Paulo nos ensina em Romanos 8:16: “O Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus”. Quem é filho, sabe que é.
Engraçado, porque nem sempre nós nos sentimos assim – filhos?
Para isso, precisamos contemplá-Lo!
Como fazer esse caminho?
É neste confronto com o Pai e na percepção do significado de Suas respostas que
eu sigo descobrindo dia-a-dia a minha verdadeira identidade e consigo direção para
a minha caminhada.
Durante esse período, preste atenção em tudo o que o Espírito lhe fizer perceber.
George MacDonald diz que “as minhas orações não fluem do homem que eu sou,
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pois meu coração pode me enganar, mas as respostas do Pai vêem para o homem
que eu realmente devo ser”.
Procure “estar presente”, ou seja, desligue-se de problemas que ficaram no
escritório, em casa, etc... Feche os olhos por alguns minutos (10 a 15). No início
parecerá difícil, mas depois você vai se acostumar. Deixe as idéias irem e virem,
quaisquer que sejam. Quando sua mente e coração se acalmarem, faça a leitura do
texto escolhido, pois na meditação cristã coração e mente funcionam juntos!
Além de nos aquietarmos, ficaremos em solitude. “Solitude” vem da palavra solus,
que significa estar só. A grande verdade é que produzimos muito barulho na nossa
alma e por isso não conseguimos ouvir a voz de um Pai que fala. Também vivemos
na ilusão de controlar nosso próprio destino e criamos uma identidade enganosa
respeito de nós mesmos. A verdade é que:
• não somos quem nós nos sabemos ser, mas quem Deus sabe que somos.
• não somos o que podemos adquirir e conquistar, mas o que recebemos.
• não somos o dinheiro que ganhamos, os amigos que fazemos ou os
resultados que conseguimos.
• Somos antes quem Deus nos fez em seu infinito amor.
E é daí que vem a nossa dignidade.
A solitude envolve oração, leitura espiritual e estar a sós com o Pai. Tudo isso visa
desenvolver uma consciência da voz do Pai em nossos corações .
Você pode perguntar: - O que faço em minha solitude?
A resposta é: nada. Apenas esteja presente para Ele que deseja a sua atenção e
escute!
É nessa presença “inútil” diante de Deus que podemos morrer gradualmente para
nossas ilusões de poder e controle e dar ouvidos à voz de amor escondida no centro
de nosso ser, e deixarmo-nos ler por Ele! É quando conseguimos ver nosso próprio
eu pecador num espelho tranquilo e confessar que também somos promotores de
guerras é que poderemos estar prontos para começar a caminhar humildemente na
estrada para a paz.
O apóstolo Paulo tinha um propósito na vida:
“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento
de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a Cristo 3.9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que
procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus,
baseada na fé; 3.10 para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão
dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
3.11 para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos”.(Colossensses
3:8-11)
É nesse encontro que o Pai nos revela quem realmente somos!”
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Desenvolvendo comunidades com base na oração e santificação
Amizades com ênfase na oração são vacina contra o individualismo excessivo. E
necessário que existam pessoas de oração e com sã doutrina para servirem de
mentores para o crescimento dessas comunidades em santificação.
Os Pais do Deserto, no século IV após a Igreja ser reconhecida como religião oficial
do Império Romano abandonaram as fantasia de status que uma religião oficial,
ligada ao poder e portanto não profética, poderia proporcionar e decidiram criar
comunidades no deserto onde poderiam viver um cristianismo que rendesse a
vontade do povo a Deus com a ajudada da solidão,oração e do jejum. Isso foi o
Movimento Monástico.
Um dos Pais do Deserto identificou e elaborou uma lista de Sete Pecados Capitais,
que são as tentações, as paixões mais básicas de um ser humano , mais passíveis
de tentar um cristão e levá-lo a pecar:
Gula
Luxuria -desejo por outros corpos
Ganância
Inveja
Ira
Preguiça -covardia espiritual
Orgulho ou autocongratulação
O conceito e a lista dos Sete Pecados Capitais não constam das Escrituras. Foram
criadas por um monge grego Evagrius do Ponto . A Bíblia fala das obras da carne
em Gálatas 5 , fala do perfil e do caráter do homem afastado e Deus em
Colossensses e Efésios.
A lista surgiu no século IV durante o Movimento Monástico e Cassiano, discípulo de
Evagrius, traz a lista para o Oriente no século V e o papa Gregório Magno no século
VI a colocou no Catecismo da Igreja.
São chamados de “capitais” porque são pecados-cabeça - são origem , fonte e
liderança - e dão origem a outros pecados:
Por exemplo a Ira dá origem a vingança e a Soberba dá origem a vaidade.
Olhar essa lista de Pecados Capitais vem nos ajudar a perceber que tipo de gente
estamos nos tornando; é como se fosse um gabarito com o qual nos comparamos .
Isto vem na contramão de nossa cultura que não considera o problema do pecado.
A oração vem guerrear contra todas essas tentações. Jesus disse em Marcos
14:35-39:
“E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe
fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este
cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. Voltando, achou-os
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dormindo; e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto,
mas a carne é fraca. Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras.”
Também Pedro ensina em 2 Pedro 1:1-8:
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé
igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, graça e paz vos
sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto
como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à
vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui
grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina,
livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós,
reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o
conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a
perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a
fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando,
fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de
nosso Senhor Jesus Cristo.
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Obstáculos à vida de oração.
Nossas feridas serão obstáculos enquanto não tivermos coragem de falar sobre elas
em nosso momento particular e depois no comunitário,Temos de nos fazer humildes
como crianças que expõem o seu problema para Jesus:
Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é,
porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no
meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos
tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele
que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E quem receber
uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. Mateus 18
Nosso ativismo
Em nosso mundo você é o que você faz (ou ganha). Isto gera nas pessoas impulsos
violentos que geralmente trabalham contra sua vida de oração.Nossa oração deve
sempre preceder e dirigir nosso empreendedorismo.
Desconfiança sobre o caráter de Deus.
Muitas vezes projetamos dificuldades que tivemos com nossos pais em Deus.Por
exemplo, se nosso pai foi um ausente ou tirano, podemos achar que Deus também
o é em nossas vidas.
Individualismo excessivo
Frequentemente as pessoas fazem de sua vida de oração um isolamento social –
um fim em si mesmo. O ato de me retirar para orar e estar com Deus (solitude) é
necessário para que eu ouça a Deus. Porém, a solitude sempre termina na
comunidade, nos relaciona com as necessidades dos outros e nos abre para novos
relacionamentos.
Desde o Antigo Testamento Deus faz aliança com um povo e não com pessoas
isoladas: Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus (Êxodo 6:7)
Medo da poda
A falta de visão da Graça e do perdão oferecido pelo Pai.
E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se,
perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus:
Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sabes os
mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso
testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Então, ele
respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. E Jesus,
fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos
pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me. Ele, porém, contrariado
com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades. Marcos
10:17-22
Vãs repetições
Ricardo Barbosa nos ensina:
“O problema das vãs repetições não está na nossa necessidade de suplicar a até
mesmo insistir por elas diante de Deus, mas no conceito falso de que é a nossa
insistência que abre os ouvidos de Deus.. Quando agimos assim, colocamos na oração
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um poder que não lhe pertence. Achamos que é a repetição que torna a súplica
favorável diante de Deus e não a mediação soberana de Jesus Cristo. O povo insistiu
para ter um rei e Deus lhes deu Saul. No entanto, essa insistência levou-os a trocar o
governo justo de Deus por um governo humano limitado e frágil. A insistência fez que
rompessem as relações pessoais que haviam sido construídas pela aliança que Deus
tinha estabelecido para viverem uma relação institucional e impessoal com o
imperador. Quando substituímos Deus, com seu imenso amor e cuidado paterno, pela
insistência vã e repetitiva transformamos a oração em um fim e Deus apenas no meio
para alcançarmos o que a nossa vaidade busca. Deus, e somente Deus, é o motivo de
nossa oração. “*
SOUSA,RB. Janelas para a vida .Curitiba: Editora Encontro, 1999. p 171
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