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MÚSICA .FILME .HQ .SHOW 
Ano 3 nº 16 
João Pessoa, outubro 2013 
Distribuição gratuita 
BOKA - O Porão da Pecúlio 
O que falar de um cidadão que aprendeu a tocar bateria no sofá da sala, integrou bandas do cenário santista, como Psychic Possessor, I Shot Cyrus e, além disso, encabeça, desde 1997, um dos selos independentes mais atuantes do Brasil, a Pecúlio Discos? Atualmente, toca nas bandas Ratos de Porão, Safari Hamburguers e em um duo ins- trumental com M.Takara (Hurtmold). Estamos falando do Sr. Maurício Alves Fernandez, vulgarmente conhecido como Boka. Aqui você confere um bate-papo com o surfista e baterista mais hardcore do litoral paulista. 
Ilustração: Pavão 
Você começou a tocar desde moleque. Quais foram as bandas que te levaram a optar pela bateria? 
Eu sempre fui um cara meio inquieto, agitado, acho que, por isso, sempre me interessei por bateria. Ficava imitando e tals e, quando eu tinha por volta de 16 anos, comecei a frequentar os ensaios das bandas locais e daí, sempre que havia um intervalo, eu sentava na batera pra tocar, foi assim que me tornei um baterista. Acho que não foi uma banda em particular ou a música que eu ouvia que me levou nessa direção. 
Desde quando você começou a ouvir jazz? E quando começou a incorporar as influências desse gênero à música do Ratos de Porão? Qual música (s) você pode citar que foi (foram) composta (s) sob essa influência? 
Sempre fui interessado por jazz, acho que qualquer baterista é desde seus primeiros contatos com o instrumento, mas eu comecei a comprar discos de jazz e conhecer mais a fundo nos anos 90. Acho que tudo que ouço, que realmente não é tanta coisa diferente assim, leva algo pra dentro de minhas composições 
vocês gostariam de tocar e ainda não tocaram? 
Não lembro mais quantas turnês fizemos na Europa, teria que contar, mas a quantidade talvez não seja mais relevante pra gente, e sim continuar fazendo bons shows, ter um público com vontade de nos ver e continuar tendo prazer e diversão com isso. Acho que os públicos mais quentes são do leste e dos países latinos, público mais numeroso e mais empolgados. No resto da Europa, o pessoal é mais tímido e são um pouco mais frios os shows, mas é bom também. Acho que gostaríamos de tocar na Rússia, ou na Islândia, devem ser lugares legais pra se tocar, talvez... 
Nessa última turnê europeia, os Ratos de Porão fizeram treze shows em nove países. Que show de banda lhe chamou atenção desta vez? 
Massgrav, da Suécia. Eu nunca tinha visto e achei foda. Também o Haemorrhage, da Espanha. Estas duas me chamaram bastante atenção, fizeram um set matador. 
O que difere essa última turnê das anteriores? 
Basicamente, é igual, só que, ultimamente, esna 
bateria. Acho que, no disco “Homem inimigo do homem”, há algo de uma época regada a be-bop todos os dias, mas não acho que tenha algo que eu possa citar que tem uma influência proposital que foi inspirada em bateristas de jazz. Acho que já incorpora e permeia meu estilo agregando coisas, mas não são facilmente identificáveis ou explícitas. 
A informação de que em agosto, deste ano, vocês entraram em estúdio para gravar CD de inéditas procede? 
Sim, cara, agora atrasou um pouco, mas estaremos, durante o 2° semestre, fazendo material para um novo disco, tem bastante coisa adiantada já, bem como demos gravadas, etc. 
Ratos de Porão esteve em turnê pela Europa, mais uma vez. Quantas vezes vocês já excursionaram por lá? Qual o país em que vocês geram expectativas de público? Em quais países a plateia é mais calorosa e a mais fria e em qual país
MICROFONIA 
2 
EXPEDIENTE 
Editor Responsável: 
Adriano Stevenson (DRT - 3401) 
Olga Costa (DRT - 60/85) 
Colaboradores: Josival Fonseca/ Beto L./Erivan Silva/Fred-Não Conformismo/Joelson Nascimento 
Fotos/Editoração:Olga Costa 
Ilustração:Josival Fonseca 
Ilustração da capa: Pavão 
Revisão: Juliene Paiva Osias 
E-mail:jornalmicrofonia@gmail. com 
Facebook.com/jornalmicrofonia 
Twitter:@jmicrofonia 
Tiragem:5.000 exemplares 
Todos os textos dos nossos colaboradores são assinados e não necessariamente refletem a opi- nião da redação 
tamos fazendo turnês mais curtas. Quando tocamos no verão, fazemos festivais e clubes; quando é no inverno, é mais clubes mesmo. 
Qual foi a roubada “inesquecível”, pela qual vocês passaram tanto aqui no Brasil como no exterior? 
Já houve show onde foi tudo anunciado e não ocorreu, inclusive conosco na cidade, produtores que não pa- garam hotéis, etc. Fora do Brasil, uma vez, chegamos na Alemanha num sábado, que é o melhor dia da tour, e no local não havia ninguém, estava tudo fechado, e o show não existia. Acho que essas coisas soam bem ruins e podemos caracterizá-las por roubadas, sim. 
Antes do RDP, você tocou no Psychic Possessor e gravou o Nós Somos a América do Sul. Em fevereiro desse ano, Márcio Nhonho faleceu. Você ainda mantinha contato com os integrantes? 
Sim, mantenho contato com todos, frequentemente falava com o Marcio pela net porque ele vivia em ou- tra cidade. Foi uma tristeza muito grande, fiquei bem arrasado com isso, mas o tempo cura, e eu sempre lembro dele e do meu início como baterista e como ele foi importante nesse processo. Grande perda... 
O projeto I Shot Cyrus ainda exis- te? Há outros projetos engatilhados? 
Não, I Shot Cyrus encerrou as atividades em 2005, após vários registros lançados no mundo inteiro, muito shows pelo Brasil e Europa. Atualmente toco na banda santista de hardcore dos anos 90, Safari Hamburguers, e tenho um projeto instrumental que é um duo de bateria com o M. Takara. 
Tem alguém que gravou o álbum Good Times na atual formação do Safari Hamburguers? 
Sim, o guitarrista Antonio “Atibaia”. 
Existe previsão para lançar material inédito da Safari Hamburguers? 
A gente tem umas músicas prontas, mas, como a banda é lazer pra todos e não temos um capital pra investir, talvez demore um pouco. 
A cidade de Santos sempre teve uma cena forte. Como está atualmente? 
Hoje está tudo diferente aqui, não houve exatamente uma renovação da geração dentro do underground, então, existe menos público e menos pessoas envolvidas em tudo, porém ainda existe um pessoal alinhado com o faça-você- mesmo, organizando shows, compilações, etc... 
Quais as bandas santistas que você su- gere para ficarmos de ouvidos atentos? 
Gosto muito do Surra, Live by the Fist, Repulsão Explícita e também o Safari Hamburguers, mas não somente porque toco nesta banda, mas porque acredito que o som é relevante e é uma banda que tem raízes no início dos anos 90 e tem história. 
A Peculio Discos iniciou atividades em 1997. Qual foi a motivação para uma loja de discos, selo e distribuidora? 
Sempre fui viciado em discos e em saber de bandas novas, novos sons, etc. Eu criei o selo sinceramente por dois motivos: o primeiro é porque poderia me ajudar financeiramente e realmente ajuda e o segundo era poder ajudar as bandas locais a terem o que as bandas em outros países tinham, que é um cenário de selos e distros independentes, registrando o momento que se vive naquela cena. 
Além da música, qual o critério adotado para fazer parte ao cast da Pecúlio? 
Amizade, inspiração e honestidade com sua música. Outro ponto bastante relevante é sentir que aquela banda vai levar um trabalho à frente, que tenha maturidade e vontade suficiente pra continuar junto depois de briguinhas idiotas de mesa de bar ou de egos inflados. Pra uma banda resistir, ela precisa ter integran- tes que vivam com intensidade o que fazem e que não vão se abalar facilmente com as dificuldades ineren- tes de se relacionar com pessoas e as frustrações e dificuldades de fazer shows, ensaios, gravações, etc. 
O que você fazia no início do punk e que hoje você não faz mais? 
Bem, acho que beber e me drogar, simplesmente porque não faz mais parte da minha vida, não é mais sincero da minha parte continuar fazendo isso. Gravar fitas k-7, porque hoje ou compro o disco ou ouço CD ou no computador, não preciso mais de k-7, apesar de achar legal. Dormir em rodoviária, porque hoje pagam hotel pra mim quando eu viajo pra tocar. Carregar meu equipamento de busão, porque hoje tem outras facilidades, ficar na sala de ensaio já, etc, e quando preciso eu tenho um carro agora, sei lá, acho que é isso. 
EDITORIAL 
Quem matou Laura Palmer? Essa era a pergunta que mais se ouvia no começo da década de 1990. Escrita e dirigida no início pelo diretor David Lynch, Twin Peaks foi uma das séries mais vista nessa mesma década. Uma cidadezinha aparentemente pacata, povoada por pessoas pacatas, escondia, por trás do cenário limpo e perfeito do american way of life, fatos, no mínimo, cabulosos; e, à medida que se investigava o crime, muita coisa estranha ia se revelando, vinda debaixo do porão. E é aí que a gente entra pelo subterrâneo onde tem muita coisa acontecendo. Aproveitando o trocadilho, falamos com o batera Boka, Rato que está no Porão há vinte e dois anos (1991). Sete bandas resenhadas no El Mariachi, vindas do underground de todo o Brasil e do exterior também. No Chamado, A Cama de Jornal mostra que não é por estar distante do eixo que nada acontece. Val Fonseca, de dentro do Sanitário, mostra o que poderá surgir depois do fim. Por falar em fim, Beto L. nos conta o que uma mulher é capaz de fazer diante do juízo final. Essa edição está melhor do que porão de igreja: lá as freiras usam Victoria Secret. É mole ou quer mais? 
Perfil 
Primeiro álbum que comprou: 
AC/DC – If You Want Blood 
Música que sabe a letra de cor: 
Muitas 
Música que está no Top5: 
Olho Seco - Nada 
Álbum antigo que ouve até hoje: 
Os do Iron Maiden 
Álbum que define o punk/hardcore: 
Olho Seco – Botas, Fuzis, Capacetes 
Música do dia: 
Aces High – Iron Maiden 
No momento eu... 
LEIO: Jorge Luiz Borges - Livro Dos Seres Imaginários 
ESCUTO: Spy Vs. Spy - “Xenophobia (Why?)” 
ASSISTO: cine latino em geral 
RECOMENDO: Kvelertak da Noruega
MICROFONIA 
3 
Enquanto isso, fora da redação... 
El Mariachi 
CURSED SLAUGHTER - METAL MOSHING THRASH MACHINE CD 2013 (SP) No melhor estilo Bay Area, o Cursed Slaughter arregaça com um som crossover, de modo que não dá pra tirar da cabeça bandas como o Municipal Waste, D.R.I., e o quase homônimo Cryptic Slaughter. A começar pelo nome bacana do CD, “Metal Moshing Thrash Machine”, tipo de nome bem bolado, pra você dizer bem rápido, com a cabeça cheia de cana. Capa com um colorido que remete a muita coisa oitentista, e o mais importante: o som, algo que o produtor Ciero deixou quase estourando na mixagem, mas digo isso não de forma pejorativa, e sim como ponto positivo para o produto final. Músicas como Rot in the Cross e Wake up... and Smell the Napalm faria o finado Jeff Hanneman dizer: “É disso que estou falando!” Outro destaque também é a faixa Attitude, a única cantada em português, e Crystal Lake, que, com certeza, deixaria a trilha sonora do filme do Jason (Sexta Feira 13) bem mais interessante. Um lançamento ducarai, prova que o Sr. Maurício Alves Fernandes, de bobo, não tem nada. A.S. 
CIDADE CEMITÉRIO ASA MORTE CD SMD (DF) “A estrutura de Brasília é formada por dois grandes eixos que se cruzam em ângulo reto”. Existem algumas abordagens que apenas ao punk rock pertencem. É o que se constata de cara já no nome do CD da banda brasiliense Cidade Cemitério – que remete à estrutura da cidade de Brasília - tema abordado em algumas letras no aspecto econômico e social. A luta contra o sistema imposto nada mais é que luta inglória: sua ideia de resistência/nada mais que egolatria.../você contra o mundo/mas o mundo nem sabe de você. Essa, pelo menos, foi o significado que a letra de Contra o Mundo passou na primeira audição, no entanto, no encarte do CD existe um texto em que se fala sobre o que realmente inspirou a letra. “A superquadra é o reino da vida familiar confortável”, onde cada situação se encontra perfeitamente setorizada, esquadrinhada/dilacerada, estraçalhada/asa morte. “A cidade não seria dividida em bairros ricos e bairros pobres. Haveria integração, em vez de discriminação, o que não houve”. Com essa narração se inicia Até Aqui Tudo Bem: essa é a história de uma sociedade caindo/enquanto vai caindo continua repetindo, título tirado do filme O Ódio. Infelizmente, Cidade Cemitério encerrou atividades em julho deste ano, mas a música permanece ecoando! O.C. 
CRUDE S.S. – KILLING FOR NOTHING LP 2013 (SUÉCIA) Falar o quê desta obra-prima? Simplesmente magnífica! Parabéns aos dois selos que se uniram para realizar este belíssimo trabalho. O Crude S.S. dispensa maiores apresentações para os brasileiros, já que são muito conhecidos aqui, principalmente por conta da lendária coletânea “Afflicted Cries in the Darkness of War”, do igualmente lendário selo New Face Records. Este disco traz as faixas do single “Who`ll survive”, faixas de compilações, demos, encarte cheio de informações, letras e fotos. Ate então, os trabalhos do Crude S.S. que conhecia eram todos cantados em inglês, mas, neste LP, você vai conferir faixas do começo da banda que são cantadas em sueco. Sou suspeito de falar dessa banda que sempre foi uma de minhas favoritas nesses muitos anos de barulheira! A Suécia sempre teve tradição em nos presentear com as mais fudidas bandas HC do globo, e essa compilação com faixas mesmo gravadas tantos anos atrás prova que o Crude S.S. continua sendo uma referência no estilo, influenciando gente até hoje, sobretudo bandas Crusts. São verdadeiros ícones ao lado de Anti Cimex, Mob 47, Raped Teenagergs, Roovesvet e tantos outros. Hail to Sweden! F.N.C. 
SOULSCREAM – WHEN DARKNESS FALLS CD-R EP (PB) 2012 Soulscream faz uma mistura de trash com death, algo que não é nenhuma novidade, mas o trabalho ficou muito bem gravado. Guitarras pesadas com baixo e bateria numa pegada só. Destaque para os solos que são bem heavy metal. Um dos vocais é bem urrado, que casou muito bem com as músicas. Já sobre o outro vocal, não poderei dizer a mesma coisa... À medida que se vai ouvindo o CD, nomes de algumas bandas dos anos 80 vêm à tona, revelando influências do som. A capa ficou bem legal, no formato envelope preto e branco. Infelizmente, a ficha técnica e letras não constam no material, pois, mesmo o CD sendo físico, as informações a respeito da banda só estão disponíveis virtualmente: tnb.art.br/rede/soulscream. (B.L.) 
PORKERIA – 7’ “PORKERIA” (ADELANTE DISCOS – ADL 06) Produção caprichada do selo texano Adelante Discos. O compactozinho 45RPM vem com OBI, capa-encarte com as letras em espanhol e um folheto com a tradução para o inglês. O Porkeria vem do Texas, da área de Austin, formada por quarto latinos e canta em espanhol, o que deixa a coisa ainda mais bacana e que soma muito ao agressivo som da banda. Este trabalho segue a linha do excelente álbum de estréia “La miearda de siempre”, com musicas com fortes influencias de Varukers, Chaos UK, bandas americanas tipo Defiance e aos brazucas do RDP (antigo) e Cólera. São três faixas curtas, agressivas, vocais rasgados cuspindo letras que não fogem ao velho protesto PUNK/HC e que certamente irão agradar em cheio aqueles que procuram um som honesto e que estão cagando e andando pra modismos. Edição limitada lançada na ocasião pra acompanhar a tour da banda em território europeu e que vale adquirir. Interessou-se? Escreva pros caras: adelantediscos@gmail.com. F.N.C. 
C.U.S.P.E. – SEM FÉ, SEM LEI, SEM REI CD-R 2013 (PB) Banda anarco-punk de Campina Grande volta com um trabalho que é, de longe, a melhor gravação da banda e que deve muito ser ouvido. Encarte com letras e a arte fenomenal de Johëël Rodrigues fazem uma ótima degustação para os olhos e ouvidos. A história começa com o antigo baterista, Maurício Remigio, que se encontrava no Amapá e, através da internet, reuniu Jr.Torto (baixo), também da primeira formação da banda, juntamente com Rogério (guitarra e vocal), Washington (percussão e vocal), Tonny (bateria) e o próprio Maurício que aqui faz voz e percussão, para fazer esse petardo. O CD, contendo sete faixas e um bônus, começa com Real Salvação, música da banda Desunidos (na qual Washington era vocal), que já é uma bem conhecida do público paraibano, já tocada por inúmeras bandas. Aqui ela tem uma levada mais groove, culpa do Sr. Tonny que se encarrega de brincar e nos brindar com um tra-balho bem legal no chimbal, destaco Amor e ódio (HC de primeira) e Era uma vez a idade média, hoje! Com um som mais cadenciado e o bônus, Herança maldita, uma puta aula de história, sem esquecer das vinhetas, muito bem colocadas. Que venham mais cusparadas dessa turma! A.S. 
REALIDADE ENCOBERTA – S/T EP CD-R 2013 (PE) Conheço a Realidade Encoberta desde 1988 e pude assistir a um show dessa banda no Terceiro Encontro Antinuclear em Recife. Nessa época, o vocalista era Nado, que faleceu em 1994. Depois disso, nunca mais se ouviu falar da banda. Eis que, dia desses, chega à redação do Microfonia esse EP contendo 5 faixas. Da formação antiga, ainda estão Zeca Aranha (bateria) e Daniel Malcriado (guitarra), e foram adicionados novos três integrantes: Túlio Falcão (guitarra), Magal (baixo) e Carlos Underground (vocal). Um registro que vem com um atraso de 26 anos (“Antes tarde do que nunca”). O som é aquele crossover que bate com o HC NY, leia-se Mad Ball e Cro-Mags. As letras, algumas da época do Nado, como Sintomas de Terror, Postura Falsa e S.O.S. Identidade Humana, continuam soando atuais! Ainda este ano, será lançado o segundo registro da banda. A.S.
MICROFONIA 
4 
Atrás da Porta Verde 
O Chamado 
Sanitário #2 – Grandes Monstros da Humanidade (Independente) 
Capa colorida, miolo P&B 
16,5x25,0 cm, 92 pgs. R$ 15,00 
Vitória da Conquista fica exatamente a 517 km de Salvador, e é de lá que vem uma das mais atuantes bandas soteropolitanas: Cama de Jornal existe há mais de 10 anos, com uma discografia de quatro CDs e um DVD, o qual tive sorte e satisfação de conseguir e agora comento nesta coluna. A história do show é a seguinte: o incansável vocalista Nem Tosco Todo pegou a grana de suas férias, mais algumas economias, e organizou um show em Praça Pública (na Praça 9 de novembro, centro de Vitória da Conquista), no esquema 0800 para todos. Um DVD completo, deixando muita banda mainstream no chinelo, digo no chinelo porque a quantidade de câmeras usadas (cinco no total), bônus, imagens da turnê e qualidade sonora impecável, fazem desse um documento bacana, ao contrário de bandas com gravadoras que gostam de ludibriar os incautos fãs com material caça-níquel. O registro contendo 25 faixas provoca o espectador a fazer uma roda de pogo na sala de casa, de tão contagiante. Helder (bateria), Nem (vocal), Lázaro (guitarra) e Rose (baixo) começam com Vamos Fingir, tipo de som que levanta defunto, e mais 24 músicas, dentre elas, participações que somam na equação: Lé na música Atacando Inércia, Alexandre Pirata (Stinky Kalau) fazendo o vocal em Meu Ex-Amigo e Redson do Cólera dividindo o vocal na faixa Eu Não Faço Parte Desse Sistema, o que acabou sendo um dos últimos registros desse frontman que viria a falecer cinco meses depois. No bônus, as imagens de Nem indo participar de uma homenagem no Hangar 110, ao saudoso vocalista, mas as participações não param por aí, diretamente do RS Houly (Horda Punk) nas faixas Esgoto ou Lama e Que País Legal, do próprio Horda Punk e, por último, e não menos importante, Dalmo (Atestado de Pobreza) na faixa que dá titulo ao DVD Punk Rock de Conquista. Categoricamente o Tosco Todo Selo de Divulgação dispõe a fazer algo de qualidade no underground. Como diria a jurada Márcia de Windsor: Nota 10! A.S. 
A ideia deste filme não é original, mas o conceito é interessante, pois se trata de uma ficção erótica. Podemos ver nessa película a personagem da deliciosa atriz Raylene, a doutora Susan Amele, que, em um momento de loucura, ao saber que o mundo iria se acabar, se tranca no banheiro e começa a se masturbar, escondida do marido. Depois, ao chegar ao consultório, muito excitada, resolve dar folga para a sua assistente, com a condição de que a mesma transe com um colega de trabalho na frente dela (pense numa mulher quente!). Como o mundo iria acabar mesmo, Susan deixa o trabalho no final da tarde e contrata um garoto de programa, levando-o para a casa dela. Chegando lá, ela algema e amordaça o marido, depois transa com o garoto de programa na frente do marido. No decorrer do filme, a personagem participa de outras transas, incluindo um caminhoneiro em pleno deserto da Califórnia. A única coisa que você não vai ver neste filme é o final do mundo, mas quem está se importando com isso? B.L. 
Cama de Jornal 
Punk Rock de 
Conquista 
10 Anos ao Vivo DVD-R 
(2013) 
Em 2010, um grupo de paraibanos se reuniu, tendo em comum o desejo de criar e mostrar suas HQs para todo o mundo através da internet. Em 24 de julho do mesmo ano, o blog do Coletivo WC (o wc tem duplo sentido, web comics e water closet) surge com suas primeiras histórias dos cinco primeiros integrantes. Aos poucos, o grupo foi crescendo, da capital ao interior, surgindo também gente de fora do estado. Em julho de 2012, é lançada a primeira edição: Sanitário – O Mundo Ainda Não Acabou, fazendo referência ao fim do mundo muito mencionado no decorrer de todo o ano. Durante a produção desta, ingressei no grupo convidado pelo Samuel de Gois, mas, infelizmente, não tive como preparar algo a tempo. Já tinha encontrado com a Thais Gualberto e conhecia o Ricardo Jaime, ou seja, muita coisa favoreceu a minha entrada no coletivo. Ao fim de 2012, já estávamos tramando o material para a Sanitário #2 – Grandes Monstros da Humanidade. De cara, “curti e torci” muito por este tema, que acabou caindo no gosto de todos, e logo cada um foi procurar seus monstros. Os ‘bichos’ vieram de todas as direções, de lagartos gigantes a seca do sertão, e cada autor tratou de inventar a sua história. O ano de 2013 chegou, o impresso se fez com mais páginas e mais encorpado e com lançamento duplo: João Pessoa, Centro Cultural Espaço Mundo (27/jul) e Campina Grande, Auditório da Secult (06/set). Agora é a vez de os leitores encararem essas ‘feras’, devorando cada página como se fosse uma delas. Contatos para aquisição podem ser feitos pelo www.gibiarte.blogspot. com, gibi.arte@gmail.com e Coletivo WC no facebook. Com esta edição, as atividades do Coletivo WC chegam ao fim, infelizmente! Mas preste atenção, eu falei “coletivo”, pois individualmente muita coisa pode surgir, e cada um está trabalhando ao seu modo para contribuir com a produção dos quadrinhos paraibanos. Agora é esperar. Quem sabe esses monstros resolvem ressurgir diretamente do sanitário?! Fiquem espertos! J.F. 
Juízo Final (Last Day) 1999 
Direção 
Gary Sage com Raylene, Stephanie Swift, Charlese Lamour, Chloe 
100 Minutos. 
Amor à Queima-Roupa 
PATROCÍNIO

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Anuario ugra 2011_para_download_
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Jornalmicrofonia#03
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Jornal Microfonia#16

  • 1. MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 3 nº 16 João Pessoa, outubro 2013 Distribuição gratuita BOKA - O Porão da Pecúlio O que falar de um cidadão que aprendeu a tocar bateria no sofá da sala, integrou bandas do cenário santista, como Psychic Possessor, I Shot Cyrus e, além disso, encabeça, desde 1997, um dos selos independentes mais atuantes do Brasil, a Pecúlio Discos? Atualmente, toca nas bandas Ratos de Porão, Safari Hamburguers e em um duo ins- trumental com M.Takara (Hurtmold). Estamos falando do Sr. Maurício Alves Fernandez, vulgarmente conhecido como Boka. Aqui você confere um bate-papo com o surfista e baterista mais hardcore do litoral paulista. Ilustração: Pavão Você começou a tocar desde moleque. Quais foram as bandas que te levaram a optar pela bateria? Eu sempre fui um cara meio inquieto, agitado, acho que, por isso, sempre me interessei por bateria. Ficava imitando e tals e, quando eu tinha por volta de 16 anos, comecei a frequentar os ensaios das bandas locais e daí, sempre que havia um intervalo, eu sentava na batera pra tocar, foi assim que me tornei um baterista. Acho que não foi uma banda em particular ou a música que eu ouvia que me levou nessa direção. Desde quando você começou a ouvir jazz? E quando começou a incorporar as influências desse gênero à música do Ratos de Porão? Qual música (s) você pode citar que foi (foram) composta (s) sob essa influência? Sempre fui interessado por jazz, acho que qualquer baterista é desde seus primeiros contatos com o instrumento, mas eu comecei a comprar discos de jazz e conhecer mais a fundo nos anos 90. Acho que tudo que ouço, que realmente não é tanta coisa diferente assim, leva algo pra dentro de minhas composições vocês gostariam de tocar e ainda não tocaram? Não lembro mais quantas turnês fizemos na Europa, teria que contar, mas a quantidade talvez não seja mais relevante pra gente, e sim continuar fazendo bons shows, ter um público com vontade de nos ver e continuar tendo prazer e diversão com isso. Acho que os públicos mais quentes são do leste e dos países latinos, público mais numeroso e mais empolgados. No resto da Europa, o pessoal é mais tímido e são um pouco mais frios os shows, mas é bom também. Acho que gostaríamos de tocar na Rússia, ou na Islândia, devem ser lugares legais pra se tocar, talvez... Nessa última turnê europeia, os Ratos de Porão fizeram treze shows em nove países. Que show de banda lhe chamou atenção desta vez? Massgrav, da Suécia. Eu nunca tinha visto e achei foda. Também o Haemorrhage, da Espanha. Estas duas me chamaram bastante atenção, fizeram um set matador. O que difere essa última turnê das anteriores? Basicamente, é igual, só que, ultimamente, esna bateria. Acho que, no disco “Homem inimigo do homem”, há algo de uma época regada a be-bop todos os dias, mas não acho que tenha algo que eu possa citar que tem uma influência proposital que foi inspirada em bateristas de jazz. Acho que já incorpora e permeia meu estilo agregando coisas, mas não são facilmente identificáveis ou explícitas. A informação de que em agosto, deste ano, vocês entraram em estúdio para gravar CD de inéditas procede? Sim, cara, agora atrasou um pouco, mas estaremos, durante o 2° semestre, fazendo material para um novo disco, tem bastante coisa adiantada já, bem como demos gravadas, etc. Ratos de Porão esteve em turnê pela Europa, mais uma vez. Quantas vezes vocês já excursionaram por lá? Qual o país em que vocês geram expectativas de público? Em quais países a plateia é mais calorosa e a mais fria e em qual país
  • 2. MICROFONIA 2 EXPEDIENTE Editor Responsável: Adriano Stevenson (DRT - 3401) Olga Costa (DRT - 60/85) Colaboradores: Josival Fonseca/ Beto L./Erivan Silva/Fred-Não Conformismo/Joelson Nascimento Fotos/Editoração:Olga Costa Ilustração:Josival Fonseca Ilustração da capa: Pavão Revisão: Juliene Paiva Osias E-mail:jornalmicrofonia@gmail. com Facebook.com/jornalmicrofonia Twitter:@jmicrofonia Tiragem:5.000 exemplares Todos os textos dos nossos colaboradores são assinados e não necessariamente refletem a opi- nião da redação tamos fazendo turnês mais curtas. Quando tocamos no verão, fazemos festivais e clubes; quando é no inverno, é mais clubes mesmo. Qual foi a roubada “inesquecível”, pela qual vocês passaram tanto aqui no Brasil como no exterior? Já houve show onde foi tudo anunciado e não ocorreu, inclusive conosco na cidade, produtores que não pa- garam hotéis, etc. Fora do Brasil, uma vez, chegamos na Alemanha num sábado, que é o melhor dia da tour, e no local não havia ninguém, estava tudo fechado, e o show não existia. Acho que essas coisas soam bem ruins e podemos caracterizá-las por roubadas, sim. Antes do RDP, você tocou no Psychic Possessor e gravou o Nós Somos a América do Sul. Em fevereiro desse ano, Márcio Nhonho faleceu. Você ainda mantinha contato com os integrantes? Sim, mantenho contato com todos, frequentemente falava com o Marcio pela net porque ele vivia em ou- tra cidade. Foi uma tristeza muito grande, fiquei bem arrasado com isso, mas o tempo cura, e eu sempre lembro dele e do meu início como baterista e como ele foi importante nesse processo. Grande perda... O projeto I Shot Cyrus ainda exis- te? Há outros projetos engatilhados? Não, I Shot Cyrus encerrou as atividades em 2005, após vários registros lançados no mundo inteiro, muito shows pelo Brasil e Europa. Atualmente toco na banda santista de hardcore dos anos 90, Safari Hamburguers, e tenho um projeto instrumental que é um duo de bateria com o M. Takara. Tem alguém que gravou o álbum Good Times na atual formação do Safari Hamburguers? Sim, o guitarrista Antonio “Atibaia”. Existe previsão para lançar material inédito da Safari Hamburguers? A gente tem umas músicas prontas, mas, como a banda é lazer pra todos e não temos um capital pra investir, talvez demore um pouco. A cidade de Santos sempre teve uma cena forte. Como está atualmente? Hoje está tudo diferente aqui, não houve exatamente uma renovação da geração dentro do underground, então, existe menos público e menos pessoas envolvidas em tudo, porém ainda existe um pessoal alinhado com o faça-você- mesmo, organizando shows, compilações, etc... Quais as bandas santistas que você su- gere para ficarmos de ouvidos atentos? Gosto muito do Surra, Live by the Fist, Repulsão Explícita e também o Safari Hamburguers, mas não somente porque toco nesta banda, mas porque acredito que o som é relevante e é uma banda que tem raízes no início dos anos 90 e tem história. A Peculio Discos iniciou atividades em 1997. Qual foi a motivação para uma loja de discos, selo e distribuidora? Sempre fui viciado em discos e em saber de bandas novas, novos sons, etc. Eu criei o selo sinceramente por dois motivos: o primeiro é porque poderia me ajudar financeiramente e realmente ajuda e o segundo era poder ajudar as bandas locais a terem o que as bandas em outros países tinham, que é um cenário de selos e distros independentes, registrando o momento que se vive naquela cena. Além da música, qual o critério adotado para fazer parte ao cast da Pecúlio? Amizade, inspiração e honestidade com sua música. Outro ponto bastante relevante é sentir que aquela banda vai levar um trabalho à frente, que tenha maturidade e vontade suficiente pra continuar junto depois de briguinhas idiotas de mesa de bar ou de egos inflados. Pra uma banda resistir, ela precisa ter integran- tes que vivam com intensidade o que fazem e que não vão se abalar facilmente com as dificuldades ineren- tes de se relacionar com pessoas e as frustrações e dificuldades de fazer shows, ensaios, gravações, etc. O que você fazia no início do punk e que hoje você não faz mais? Bem, acho que beber e me drogar, simplesmente porque não faz mais parte da minha vida, não é mais sincero da minha parte continuar fazendo isso. Gravar fitas k-7, porque hoje ou compro o disco ou ouço CD ou no computador, não preciso mais de k-7, apesar de achar legal. Dormir em rodoviária, porque hoje pagam hotel pra mim quando eu viajo pra tocar. Carregar meu equipamento de busão, porque hoje tem outras facilidades, ficar na sala de ensaio já, etc, e quando preciso eu tenho um carro agora, sei lá, acho que é isso. EDITORIAL Quem matou Laura Palmer? Essa era a pergunta que mais se ouvia no começo da década de 1990. Escrita e dirigida no início pelo diretor David Lynch, Twin Peaks foi uma das séries mais vista nessa mesma década. Uma cidadezinha aparentemente pacata, povoada por pessoas pacatas, escondia, por trás do cenário limpo e perfeito do american way of life, fatos, no mínimo, cabulosos; e, à medida que se investigava o crime, muita coisa estranha ia se revelando, vinda debaixo do porão. E é aí que a gente entra pelo subterrâneo onde tem muita coisa acontecendo. Aproveitando o trocadilho, falamos com o batera Boka, Rato que está no Porão há vinte e dois anos (1991). Sete bandas resenhadas no El Mariachi, vindas do underground de todo o Brasil e do exterior também. No Chamado, A Cama de Jornal mostra que não é por estar distante do eixo que nada acontece. Val Fonseca, de dentro do Sanitário, mostra o que poderá surgir depois do fim. Por falar em fim, Beto L. nos conta o que uma mulher é capaz de fazer diante do juízo final. Essa edição está melhor do que porão de igreja: lá as freiras usam Victoria Secret. É mole ou quer mais? Perfil Primeiro álbum que comprou: AC/DC – If You Want Blood Música que sabe a letra de cor: Muitas Música que está no Top5: Olho Seco - Nada Álbum antigo que ouve até hoje: Os do Iron Maiden Álbum que define o punk/hardcore: Olho Seco – Botas, Fuzis, Capacetes Música do dia: Aces High – Iron Maiden No momento eu... LEIO: Jorge Luiz Borges - Livro Dos Seres Imaginários ESCUTO: Spy Vs. Spy - “Xenophobia (Why?)” ASSISTO: cine latino em geral RECOMENDO: Kvelertak da Noruega
  • 3. MICROFONIA 3 Enquanto isso, fora da redação... El Mariachi CURSED SLAUGHTER - METAL MOSHING THRASH MACHINE CD 2013 (SP) No melhor estilo Bay Area, o Cursed Slaughter arregaça com um som crossover, de modo que não dá pra tirar da cabeça bandas como o Municipal Waste, D.R.I., e o quase homônimo Cryptic Slaughter. A começar pelo nome bacana do CD, “Metal Moshing Thrash Machine”, tipo de nome bem bolado, pra você dizer bem rápido, com a cabeça cheia de cana. Capa com um colorido que remete a muita coisa oitentista, e o mais importante: o som, algo que o produtor Ciero deixou quase estourando na mixagem, mas digo isso não de forma pejorativa, e sim como ponto positivo para o produto final. Músicas como Rot in the Cross e Wake up... and Smell the Napalm faria o finado Jeff Hanneman dizer: “É disso que estou falando!” Outro destaque também é a faixa Attitude, a única cantada em português, e Crystal Lake, que, com certeza, deixaria a trilha sonora do filme do Jason (Sexta Feira 13) bem mais interessante. Um lançamento ducarai, prova que o Sr. Maurício Alves Fernandes, de bobo, não tem nada. A.S. CIDADE CEMITÉRIO ASA MORTE CD SMD (DF) “A estrutura de Brasília é formada por dois grandes eixos que se cruzam em ângulo reto”. Existem algumas abordagens que apenas ao punk rock pertencem. É o que se constata de cara já no nome do CD da banda brasiliense Cidade Cemitério – que remete à estrutura da cidade de Brasília - tema abordado em algumas letras no aspecto econômico e social. A luta contra o sistema imposto nada mais é que luta inglória: sua ideia de resistência/nada mais que egolatria.../você contra o mundo/mas o mundo nem sabe de você. Essa, pelo menos, foi o significado que a letra de Contra o Mundo passou na primeira audição, no entanto, no encarte do CD existe um texto em que se fala sobre o que realmente inspirou a letra. “A superquadra é o reino da vida familiar confortável”, onde cada situação se encontra perfeitamente setorizada, esquadrinhada/dilacerada, estraçalhada/asa morte. “A cidade não seria dividida em bairros ricos e bairros pobres. Haveria integração, em vez de discriminação, o que não houve”. Com essa narração se inicia Até Aqui Tudo Bem: essa é a história de uma sociedade caindo/enquanto vai caindo continua repetindo, título tirado do filme O Ódio. Infelizmente, Cidade Cemitério encerrou atividades em julho deste ano, mas a música permanece ecoando! O.C. CRUDE S.S. – KILLING FOR NOTHING LP 2013 (SUÉCIA) Falar o quê desta obra-prima? Simplesmente magnífica! Parabéns aos dois selos que se uniram para realizar este belíssimo trabalho. O Crude S.S. dispensa maiores apresentações para os brasileiros, já que são muito conhecidos aqui, principalmente por conta da lendária coletânea “Afflicted Cries in the Darkness of War”, do igualmente lendário selo New Face Records. Este disco traz as faixas do single “Who`ll survive”, faixas de compilações, demos, encarte cheio de informações, letras e fotos. Ate então, os trabalhos do Crude S.S. que conhecia eram todos cantados em inglês, mas, neste LP, você vai conferir faixas do começo da banda que são cantadas em sueco. Sou suspeito de falar dessa banda que sempre foi uma de minhas favoritas nesses muitos anos de barulheira! A Suécia sempre teve tradição em nos presentear com as mais fudidas bandas HC do globo, e essa compilação com faixas mesmo gravadas tantos anos atrás prova que o Crude S.S. continua sendo uma referência no estilo, influenciando gente até hoje, sobretudo bandas Crusts. São verdadeiros ícones ao lado de Anti Cimex, Mob 47, Raped Teenagergs, Roovesvet e tantos outros. Hail to Sweden! F.N.C. SOULSCREAM – WHEN DARKNESS FALLS CD-R EP (PB) 2012 Soulscream faz uma mistura de trash com death, algo que não é nenhuma novidade, mas o trabalho ficou muito bem gravado. Guitarras pesadas com baixo e bateria numa pegada só. Destaque para os solos que são bem heavy metal. Um dos vocais é bem urrado, que casou muito bem com as músicas. Já sobre o outro vocal, não poderei dizer a mesma coisa... À medida que se vai ouvindo o CD, nomes de algumas bandas dos anos 80 vêm à tona, revelando influências do som. A capa ficou bem legal, no formato envelope preto e branco. Infelizmente, a ficha técnica e letras não constam no material, pois, mesmo o CD sendo físico, as informações a respeito da banda só estão disponíveis virtualmente: tnb.art.br/rede/soulscream. (B.L.) PORKERIA – 7’ “PORKERIA” (ADELANTE DISCOS – ADL 06) Produção caprichada do selo texano Adelante Discos. O compactozinho 45RPM vem com OBI, capa-encarte com as letras em espanhol e um folheto com a tradução para o inglês. O Porkeria vem do Texas, da área de Austin, formada por quarto latinos e canta em espanhol, o que deixa a coisa ainda mais bacana e que soma muito ao agressivo som da banda. Este trabalho segue a linha do excelente álbum de estréia “La miearda de siempre”, com musicas com fortes influencias de Varukers, Chaos UK, bandas americanas tipo Defiance e aos brazucas do RDP (antigo) e Cólera. São três faixas curtas, agressivas, vocais rasgados cuspindo letras que não fogem ao velho protesto PUNK/HC e que certamente irão agradar em cheio aqueles que procuram um som honesto e que estão cagando e andando pra modismos. Edição limitada lançada na ocasião pra acompanhar a tour da banda em território europeu e que vale adquirir. Interessou-se? Escreva pros caras: adelantediscos@gmail.com. F.N.C. C.U.S.P.E. – SEM FÉ, SEM LEI, SEM REI CD-R 2013 (PB) Banda anarco-punk de Campina Grande volta com um trabalho que é, de longe, a melhor gravação da banda e que deve muito ser ouvido. Encarte com letras e a arte fenomenal de Johëël Rodrigues fazem uma ótima degustação para os olhos e ouvidos. A história começa com o antigo baterista, Maurício Remigio, que se encontrava no Amapá e, através da internet, reuniu Jr.Torto (baixo), também da primeira formação da banda, juntamente com Rogério (guitarra e vocal), Washington (percussão e vocal), Tonny (bateria) e o próprio Maurício que aqui faz voz e percussão, para fazer esse petardo. O CD, contendo sete faixas e um bônus, começa com Real Salvação, música da banda Desunidos (na qual Washington era vocal), que já é uma bem conhecida do público paraibano, já tocada por inúmeras bandas. Aqui ela tem uma levada mais groove, culpa do Sr. Tonny que se encarrega de brincar e nos brindar com um tra-balho bem legal no chimbal, destaco Amor e ódio (HC de primeira) e Era uma vez a idade média, hoje! Com um som mais cadenciado e o bônus, Herança maldita, uma puta aula de história, sem esquecer das vinhetas, muito bem colocadas. Que venham mais cusparadas dessa turma! A.S. REALIDADE ENCOBERTA – S/T EP CD-R 2013 (PE) Conheço a Realidade Encoberta desde 1988 e pude assistir a um show dessa banda no Terceiro Encontro Antinuclear em Recife. Nessa época, o vocalista era Nado, que faleceu em 1994. Depois disso, nunca mais se ouviu falar da banda. Eis que, dia desses, chega à redação do Microfonia esse EP contendo 5 faixas. Da formação antiga, ainda estão Zeca Aranha (bateria) e Daniel Malcriado (guitarra), e foram adicionados novos três integrantes: Túlio Falcão (guitarra), Magal (baixo) e Carlos Underground (vocal). Um registro que vem com um atraso de 26 anos (“Antes tarde do que nunca”). O som é aquele crossover que bate com o HC NY, leia-se Mad Ball e Cro-Mags. As letras, algumas da época do Nado, como Sintomas de Terror, Postura Falsa e S.O.S. Identidade Humana, continuam soando atuais! Ainda este ano, será lançado o segundo registro da banda. A.S.
  • 4. MICROFONIA 4 Atrás da Porta Verde O Chamado Sanitário #2 – Grandes Monstros da Humanidade (Independente) Capa colorida, miolo P&B 16,5x25,0 cm, 92 pgs. R$ 15,00 Vitória da Conquista fica exatamente a 517 km de Salvador, e é de lá que vem uma das mais atuantes bandas soteropolitanas: Cama de Jornal existe há mais de 10 anos, com uma discografia de quatro CDs e um DVD, o qual tive sorte e satisfação de conseguir e agora comento nesta coluna. A história do show é a seguinte: o incansável vocalista Nem Tosco Todo pegou a grana de suas férias, mais algumas economias, e organizou um show em Praça Pública (na Praça 9 de novembro, centro de Vitória da Conquista), no esquema 0800 para todos. Um DVD completo, deixando muita banda mainstream no chinelo, digo no chinelo porque a quantidade de câmeras usadas (cinco no total), bônus, imagens da turnê e qualidade sonora impecável, fazem desse um documento bacana, ao contrário de bandas com gravadoras que gostam de ludibriar os incautos fãs com material caça-níquel. O registro contendo 25 faixas provoca o espectador a fazer uma roda de pogo na sala de casa, de tão contagiante. Helder (bateria), Nem (vocal), Lázaro (guitarra) e Rose (baixo) começam com Vamos Fingir, tipo de som que levanta defunto, e mais 24 músicas, dentre elas, participações que somam na equação: Lé na música Atacando Inércia, Alexandre Pirata (Stinky Kalau) fazendo o vocal em Meu Ex-Amigo e Redson do Cólera dividindo o vocal na faixa Eu Não Faço Parte Desse Sistema, o que acabou sendo um dos últimos registros desse frontman que viria a falecer cinco meses depois. No bônus, as imagens de Nem indo participar de uma homenagem no Hangar 110, ao saudoso vocalista, mas as participações não param por aí, diretamente do RS Houly (Horda Punk) nas faixas Esgoto ou Lama e Que País Legal, do próprio Horda Punk e, por último, e não menos importante, Dalmo (Atestado de Pobreza) na faixa que dá titulo ao DVD Punk Rock de Conquista. Categoricamente o Tosco Todo Selo de Divulgação dispõe a fazer algo de qualidade no underground. Como diria a jurada Márcia de Windsor: Nota 10! A.S. A ideia deste filme não é original, mas o conceito é interessante, pois se trata de uma ficção erótica. Podemos ver nessa película a personagem da deliciosa atriz Raylene, a doutora Susan Amele, que, em um momento de loucura, ao saber que o mundo iria se acabar, se tranca no banheiro e começa a se masturbar, escondida do marido. Depois, ao chegar ao consultório, muito excitada, resolve dar folga para a sua assistente, com a condição de que a mesma transe com um colega de trabalho na frente dela (pense numa mulher quente!). Como o mundo iria acabar mesmo, Susan deixa o trabalho no final da tarde e contrata um garoto de programa, levando-o para a casa dela. Chegando lá, ela algema e amordaça o marido, depois transa com o garoto de programa na frente do marido. No decorrer do filme, a personagem participa de outras transas, incluindo um caminhoneiro em pleno deserto da Califórnia. A única coisa que você não vai ver neste filme é o final do mundo, mas quem está se importando com isso? B.L. Cama de Jornal Punk Rock de Conquista 10 Anos ao Vivo DVD-R (2013) Em 2010, um grupo de paraibanos se reuniu, tendo em comum o desejo de criar e mostrar suas HQs para todo o mundo através da internet. Em 24 de julho do mesmo ano, o blog do Coletivo WC (o wc tem duplo sentido, web comics e water closet) surge com suas primeiras histórias dos cinco primeiros integrantes. Aos poucos, o grupo foi crescendo, da capital ao interior, surgindo também gente de fora do estado. Em julho de 2012, é lançada a primeira edição: Sanitário – O Mundo Ainda Não Acabou, fazendo referência ao fim do mundo muito mencionado no decorrer de todo o ano. Durante a produção desta, ingressei no grupo convidado pelo Samuel de Gois, mas, infelizmente, não tive como preparar algo a tempo. Já tinha encontrado com a Thais Gualberto e conhecia o Ricardo Jaime, ou seja, muita coisa favoreceu a minha entrada no coletivo. Ao fim de 2012, já estávamos tramando o material para a Sanitário #2 – Grandes Monstros da Humanidade. De cara, “curti e torci” muito por este tema, que acabou caindo no gosto de todos, e logo cada um foi procurar seus monstros. Os ‘bichos’ vieram de todas as direções, de lagartos gigantes a seca do sertão, e cada autor tratou de inventar a sua história. O ano de 2013 chegou, o impresso se fez com mais páginas e mais encorpado e com lançamento duplo: João Pessoa, Centro Cultural Espaço Mundo (27/jul) e Campina Grande, Auditório da Secult (06/set). Agora é a vez de os leitores encararem essas ‘feras’, devorando cada página como se fosse uma delas. Contatos para aquisição podem ser feitos pelo www.gibiarte.blogspot. com, gibi.arte@gmail.com e Coletivo WC no facebook. Com esta edição, as atividades do Coletivo WC chegam ao fim, infelizmente! Mas preste atenção, eu falei “coletivo”, pois individualmente muita coisa pode surgir, e cada um está trabalhando ao seu modo para contribuir com a produção dos quadrinhos paraibanos. Agora é esperar. Quem sabe esses monstros resolvem ressurgir diretamente do sanitário?! Fiquem espertos! J.F. Juízo Final (Last Day) 1999 Direção Gary Sage com Raylene, Stephanie Swift, Charlese Lamour, Chloe 100 Minutos. Amor à Queima-Roupa PATROCÍNIO