O documento descreve procedimentos específicos realizados em hemocomponentes como irradiação, desleucocitação e lavagem para prevenir complicações transfusivas. Também lista indicações e contraindicações destes procedimentos, bem como possíveis reações e complicações associadas à transfusão de sangue.
2. IRRADIAÇÃO
A irradiação dos hemocomponentes é realizada
para a prevenção da doença do enxerto versus
hospedeiro associada a transfusão (DECH-AT),
complicação imunológica usualmente fatal,
causada pela enxertia e expansão clonal dos
linfócitos do doador em receptores suscetíveis.
Com a finalidade de prevenir esta complicação,
os hemocomponentes celulares (concentrado de
hemácias e de plaquetas) devem ser submetidos a
irradiação gama na dose de, pelo menos, 2500cGy
(25Gy), impossibilitando a multiplicação dos
linfócitos.
3. INDICAÇÕES
• Transfusão intra-uterina.
• Exsanguineo-transfusao, obrigatoriamente, quando houver
transfusão intra-uterina previa.
• Recem-nascidos prematuros (inferior a 28 semanas) e/ou de baixo
peso (1.200g).
• Portadores de imunodeficiências congênitas graves.
• Pós transplante de medula óssea autólogo ou alogênico.
• Pós transplante com células de cordão umbilical.
• Pacientes tratados com análogos da purina; fludarabina, cladribine,
deoxicoformicina.
• Receptor de transplante de coração ou pulmão.
• Portadores de linfomas, leucemia mieloide aguda e anemia aplastica
em uso de imunossupressor.
• Receptor de concentrado de plaquetas HLA compatíveis.
• Quando o receptor tiver qualquer grau de parentesco com o doador
4. DESLEUCOCITAÇÃO
É um procedimento realizado através de filtros
específicos para remoção de leucócitos de um componente
sanguíneo celular (glóbulos vermelhos e plaquetas).
Uma unidade de sangue total contem cerca de 2 a 3 x109
leucócitos. O componente desleucocitado deve conter menos
que 5x106 leucócitos. Com este procedimento ocorre redução
de 99% dos leucócitos no produto inicial, restando no produto
final menos que 5x106 leucócitos.
Está indicado nas prevenções de complicações
relacionadas a transfusão de hemocomponentes alogenicos
devido a exposição do receptor aos leucócitos do doador.
5. INDICAÇÕES
• Hemoglobinopatias.
• Anemias hemoliticas hereditarias.
• Historia de duas reacoes febris nao-hemoliticas.
• Sindromes de imunodefi ciencias congenitas.
• Transplante de medula ossea.
• Anemia aplastica.
• Leucemia mieloide aguda.
• Doenças onco-hematologicas graves ate esclarecimento
diagnostico.
• Prevenção de Infecção para CMV nas seguintes situacoes:
− Paciente HIV positivo com sorologia negativa para CMV.
− Candidato a transplante de orgaos e medula ossea se doador e
receptor forem negativos para CMV.
− Transfusao intra-uterina.
− Gestantes com sorologia nao-reativa ou desconhecida para CMV.
− Recem-nascidos prematuros e de baixo peso (1.200g) de maes
CMV negativas ou com sorologia desconhecida.
6. LAVAGEM
É obtida através de lavagens dos
hemocomponentes celulares (glóbulos vermelhos
e plaquetas) com solução isotônica de cloreto de
sódio estéril em quantidade suficiente (1 a 3
litros), com a finalidade de eliminar a maior
quantidade possível de plasma.
Este procedimento é realizado no Banco de
Sangue e/ou unidade de hemoterapia através de
fluxo laminar.
8. AQUECIMENTO DE
HEMOCOMPONENTES
Consiste no aquecimento de hemocomponentes através de equipamentos especiais e em
temperatura controlada.
Indicações:
• Paciente adulto que recebera sangue ou plasma em velocidade superior a 15ml/kg/hora
por mais de 30 minutos.
• Paciente pediátrico que recebera sangue ou plasma em velocidade superior a
15ml/kg/hora.
• Transfusões maciças (administração aguda de volume superior a uma vez e meia a volemia
do paciente, ou a reposição com sangue estocado equivalente ao volume sanguineo total
de um paciente, em 24 horas).
• Paciente com altos títulos de anticorpo hemolítico frio com alta amplitude térmica, que
reage a 370C.
• Pacientes portadores de fenômeno de Raynaud.
• Exsanguineo-transfusao
Contra-Indicacao:
os componentes plaquetarios não devem ser aquecidos devido a alteração de sua função.
9. COMPLICAÇÕES
A transfusão é um evento irreversível que acarreta benefícios e
riscos potenciais ao receptor. Apesar da indicação precisa e
administração correta, reações as transfusões podem ocorrer.
Portanto, e importante que todos profissionais envolvidos na
prescrição e administração de hemocomponentes estejam
capacitados a prontamente identificar e utilizar estratégias
adequadas para resolução e prevenção de novos episódios de
reação transfusional.
A ocorrência destas reações esta associada a diferentes causas,
dentre as quais fatores de responsabilidade da equipe hospitalar
como erros de identificação de pacientes, amostras ou produtos,
utilização de insumos inadequados (equipos, bolsa, etc.), fatores
relacionados ao receptor e/ou doador como existência de
anticorpos irregulares não detectados em testes pre-transfusionais
de rotina.
10. REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
As reações transfusionais podem ser
classificadas em imediatas (até 24 horas da
transfusão) ou tardias (após 24 horas da
transfusão), imunológicas e não imunológicas
11.
12.
13.
14. REAÇÕES HEMOLÍTICAS
TARDIAS
• Ocorre quando a transfusão do CH induz uma resposta
imunológica antieritrocitária dias ou semanas após a
transfusão.
• Quadro clínico indolente, geralmente com mal-estar,
fraqueza, anemia e icterícia, não causando risco para o
paciente.
• Não é necessária terapêutica aguda
• Cuidados nas futuras transfusões para prevenir novas
reações.
• Geralmente, estão envolvidos anticorpos de outros
sistemas sanguíneos que não o ABO, como os sistemas
Rh e Kell.
15. Aloimunização HLA
• Complicação freqüente nos pacientes adultos
submetidos a transfusões
• Está envolvida na fisiopatologia da
refratariedade plaquetária.
• Pacientes submetidos à transfusão crônica
antes dos 10 anos de idade apresentavam
maior tolerância e raramente desenvolvem tal
complicação.
16. Doença do Enxerto versus
Hospedeiro Transfusional
• Rara, mas fatal.
• A expansão clonal dos linfócitos T do doador em um
paciente imunossuprimido leva a um ataque
imunológico aos tecidos do receptor, culminando com
febre, pancitopenia, eritrodermia, hepatite e
enterocolite.
• Os sintomas iniciam-se com 10 a 12 dias da transfusão.
• Não há tratamento efetivo, pois imunossupressores
mostraram-se pouco eficazes
• A prevenção deve ser realizada por meio da irradiação
de hemocomponentes
17. SOBRECARGA DE FERRO
• Ocorre após 50 a 100 transfusões de CH
• Tratamento com quelantes de ferro deve ser
iniciado quando o nível sérico de ferritina
ultrapassar o valor de 1.000mg/dL.
• A desferroxamina tem sido o quelante mais
utilizado.
18. INFECÇÕES TRANSMITIDAS
POR TRANSFUSÕES
• Infecções virais podem ser transmitidas por meio da
transfusão de hemocomponentes. Como por exemplos
temos:
hepatites (B, C, O); West Nile vírus;
HIV; TTV;
HTLV 1/11; SEN-V;
CMV; príons (relacionados às encefalopatias
Epstein-Barr; espongiformes transmissíveis - doença de
herpesvirus 6 e 8; Creulzfeldt-Jakob e Creulzfeldt-Jakob
parvovírus B19; variante).
• São fundamentais a triagem rigorosa dos doadores de
sangue e a execução de testes laboratoriaisde alta
sensibilidade para selecionar as unidades que podem
ser transfundidas.