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Terceira geração modernista
A terceira geração modernista teve início com a publicação de Rosa extinta, de
Domingos Carvalho da Silva, O engenheiro, de João Cabral de Melo Neto, Predestinação,
de Geraldo Vidigal, Ode e elegia, de Ledo Ivo. A geração, que realizou a sua produção
após o fim da Segunda Guerra Mundial, viu uma renovação do movimento modernista e
dedicou-se à pesquisa e à experimentação estética, embora não tivesse proposto um
novo movimento literário. Fazem parte da chamada Geração de 45 os autores já citados
e outros como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.
Uma das principais características da geração era o desejo de conciliar a modernidade e
a tradição. Nas artes visuais, a descrição da realidade cedeu lugar à composição
abstrata. Na literatura, a pesquisa sobre a linguagem literária tornou-se um ponto
importante para o trabalho de escritores que, a exemplo do que já acontecera na
geração anterior, usavam o texto literário para denunciar as injustiças sociais. Havia a
preocupação com o aspecto formal do texto, o que dividiu o grupo: de um lado, os
autores que seguiam a estética do Parnasianismo; de outro, os que se dedicavam a
uma linguagem racional, objetiva e sintética.
Morte e vida Severina talvez seja a obra mais importante de João Cabral de Melo Neto. A
obra foi estruturada em forma de auto e escrita a pedido de Maria Clara Machado que
encomendou ao escritor uma peça natalina pernambucana. O personagem Severino
abandona o sertão em direção ao litoral, tentando encontrar um meio de sobreviver à
seca.
Além de marcar o início de uma nova geração modernista, 1945 marca também o ano
da deposição de Getúlio Vargas – o início de uma era de democratização que se
estenderia até 1964, o ano do Golpe Militar. Nesse contexto, houve uma renovação do
gosto pela arte regional e popular, o que foi compreendido como um caráter
revolucionário. As artes oscilavam entre o resgate do passado e a busca do novo.
Literariamente, a geração de 1945 representou um retorno às conquistas de 1922:
propunha-se a volta ao passado, a revalorização da rima, da métrica, do vocabulário
requintado e das referências mitológicas. Paradoxalmente, havia um desejo de renovar a
literatura internacional lida no Brasil; o grupo foi, então, influenciado pela leitura de
escritores como Fernando Pessoa, T.S. Elliot, Paul Valèry e Garcia Lorca. Esta geração
combinava o nacionalismo característico da geração de 22 e o universalismo
da geração de 30.
Momento histórico da terceira Geração Modernista
Considera-se 1945, ano da deposição de Getúlio Vargas, o início de um novo período
político-social em nosso país. Trata-se de um era de “democratização”, que se estende até
1964, quando ocorre o Golpe Militar.
Nesses quase vinte anos, os fatos históricos que se sucedem fazem parte de nossa
memória nacional mais recente: o fim do Estado Novo (1945), o afastamento temporário
de Getúlio da vida política (1945–1950), seu retorno (1951–1954), a presidência de
Juscelino Kubitschek (1956-1961), a fundação de Brasília, nova capital do país (1960), as
presidências de Jânio Quadros (1961) e de João Goulart (1961–março de 1964).
Adotando modelos políticos populistas, o Brasil tenta encontrar os rumos de seu
desenvolvimento. Apesar da grande abertura ao capital estrangeiro proporcionada pelo
Plano de Metas do governo Juscelino, será apenas na fase seguinte, com a ditadura militar
(1964-1978), que se consolidará o modelo econômico assentado no Estado, nas
multinacionais e no capital nacional.
Em 1979, co a pose do presidente Figueiredo, é assinado o decreto de anistia aos presos
políticos, implementa-se a reforma partidária e tem início o processo de redemocratização
do país.
O Tema e a ideologia do desenvolvimento dão cores esquerdizantes ao nacionalismo,
bandeira vinculada à direita nos anos 20.
Nesse contexto, renova-se o gosto pela arte regional e popular, cujo potencial
revolucionário torna-se objeto de grande atenção. Em contrapartida, as camadas
conservadoras reagem sistematicamente contra as manifestações políticas nacionais-
populistas.
No cenário internacional do pós-guerra, a Guerra Fria e a ameaça atômica predominam a
partir de 1945, dividindo o mundo em sistemas que mutuamente se hostilizam.
Nessa oscilação entre enfatizar o nacional e reprimi-lo, entre resgatar o passado e
descobrir o futuro, entre a consideração eminentemente política da necessidade de
testemunhar o momento político presente e uma aura quase mítica de entusiasmo
generalizado pela mídia e pela máquina – dois fetiches ligados à explosão industrial dos
anos 60 tanto na Europa quanto nos Estados Unidos -, nasce o que alguns chamam de
“fim do Modernismo” e, outros, de “Neo-Modernismo”.
Características da Terceira Geração Modernista
Retrocesso em relação às conquistas de 22.
Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das
referências mitológicas.
Passadismo, academicismo.
Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras
Os grandes criadores de 45, que retomam e fecundam as experiências desenvolvidas no
país
Prosa João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Poesia: João Cabral de Melo Neto.
Literatura: constante pesquisa da linguagem + senso do compromisso entre arte e
realidade, engajamento.
Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo +
universalismo.
Guimarães Rosa: narrativas mitopoéticas, que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o
texto literário.
Clarice Lispector: romances e contos introspectivos, que dialogam com as fronteiras do
indizível.
João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica, substantiva.
GUIMARÃES ROSA
João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais.
E desde pequeno era encantado por estudar outras línguas. Iniciou-se sozinho no estudo
do francês. Um frade ensinou a ele o holandês e o ajudou a seguir no estudo do francês.
Após passar por alguns colégios, fixa-se em Belo Horizonte, onde completa o curso
secundário em uma escola de padres alemães. Logo que ingressa, Guimarães Rosa
começa o estudo de alemão.
Ainda nessa cidade, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas
Gerais, em 1925.
Nem tinha formado, quando em 1929, escreveu seus primeiros contos e deu início à sua
carreira como literário. Já a princípio, ganhou prêmio em dinheiro pelos tais contos, ao
participar de concurso oferecido pela revista “O Cruzeiro”.
Nesse período, suas obras, apesar de premiadas, não tinham a linguagem literária que
representou um marco na literatura brasileira.
Na data de seu aniversário e no ano de 1930, casa-se com a primeira esposa, Lígia Cabral
Penna, com quem tem duas filhas: Vilma e Agnes. Forma-se no mesmo ano em Medicina
e exerce sua função nas várias cidades do interior mineiro. Após presenciar as
dificuldades de se trabalhar em lugares que não ofereciam condições e pessoas sofrendo
e morrendo por causa disso, o autor abandona a Medicina, pois não consegue conviver
com tal realidade.
Porém, trabalhou por alguns anos como Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, como
concursado. Contudo, não presenciava as mazelas da Revolução Constitucionalista de
1932, ao contrário, dedicava-se a escrever mais contos, pois lhe sobrava tempo.
No entanto, percebe com o tempo que não tinha intimidade com aquele tipo de trabalho,
senão com as letras. Então, por saber várias línguas, decide prestar concurso e ingressa
na carreira diplomática, em 1934, quando serve na Alemanha, Colômbia e França.
Em 1936, participa de concursos literários que lhe rende prêmio da Academia Brasileira de
Letras por “Magma”, uma coletânea de poemas. Após um ano, seu livro “Contos”, o qual
mais tarde se chamaria Sagarana, ganhou o prêmio Humberto de Campos. O primeiro de
tantos outros que recebeu por esta obra que reúne contos sobre a vida rural em Minas. É
através desse livro que Guimarães Rosa começa a mostrar o regionalismo através da
linguagem, característica maior do autor.
É em sua viagem à Europa, em 1938, que o escritor conhece Aracy Moebius de Carvalho,
que viria a ser sua segunda mulher. Quando o Brasil rompe relações com a Alemanha,
Guimarães Rosa é detido, juntamente com outros brasileiros, até que são soltos em troca
de diplomatas alemães.
Depois disso, torna-se secretário da Embaixada de Bogotá, Colômbia, onde permanece
por muitos anos. Vem ao Brasil somente em visitas ocasionais.
Retorna ao país de origem em definitivo somente no ano de 1951 e começa a investigar a
vida sertaneja, os usos, os costumes, as crenças, as músicas e também a fauna e a flora.
É quando escreve “Corpo de Baile”, dividida em três novelas: Manuelzão e Miguilim, No
Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão.
“Grande sertão: veredas” vem logo após e é aclamado pela crítica por suas inovações nas
formas e na escrita. Além de receber prêmios por esta obra, Guimarães passa a ser
reconhecido como especial dentro da 3ª geração pós-modernista.
O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos. As crenças
politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua vida. Assim, curandeiros,
feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e a força dos astros refletiam em
concordância com as ideias deste autor.
morreu em 19/11/1967.
"Grande Sertão: Veredas" - Resumo da obra de
Guimarães Rosa
Durante a primeira parte da obra, o narrador em primeira pessoa, Riobaldo, faz um relato de
fatos diversos e aparentemente desconexos entre si, que versam sobre suas inquietações
sobre a vida. Os temas giram em torno das clássicas questões filosóficas ocidentais, tais como
a origem do homem, reflexões sobre a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Porém, Riobaldo
não consegue organizar suas ideias e expressa-las de modo satisfatório, o que gera um relato
bastante caótico. Até que em certo ponto aparece Quelemén de Góis, que o ajuda em parte,
e Riobaldo dá início à narrativa propriamente dita.
Riobaldo começa a rememorar seu passado e conta sobre sua mãe e como conhecera o
menino Reinaldo, que se declarava ser “diferente”. Riobaldo admira a coragem do amigo.
Quando sua mãe vem a falecer, ele é levado para viver com seu padrinho na fazenda São
Gregório, onde conhece Joca Ramiro, grande chefe dos jagunços. Selorico Mendes, o
padrinho, coloca-o para estudar e após um tempo Riobaldo começa a lecionar para Zé Bebelo,
um fazendeiro da região. Pouco tempo depois, Zé Bebelo, que queria por fim na atuação dos
jagunços pela região, convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, o que esse aceita.
Assim começa a história da primeira guerra narrada em "Grande Sertão: Veredas".
O bando dos jagunços liderado por Hermógenes entra em guerra zontra Zé Bebelo e os
soldados do governo, mas logo Hermógenes foge da batalha. Riobaldo resolve desertar do
bando de Zé Bebelo e encontra Reinaldo, que faz parte do bando de Joca Ramiro. Ele decide
então juntar-se ao grupo também.
A amizade entre Riobaldo e Reinaldo se fortalece com o passar do tempo e Reinaldo o
confidencia em segredo seu nome verdadeiro: Diadorim. Em certo momento dá-se a batalha
entre o bando de Zé Bebelo e de Joca Ramiro, onde Zé Bebelo é capturado. Então, ele é
julgado pelo tribunal composto dos líderes dos jagunços, dos quais Joca Ramiro é o chefe
supremo. Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento,
porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele vá para
Goiás e não volte até segunda ordem. Após o julgamento, Riobaldo e Reinaldo juntam-se ao
bando de Titão Passos, que também lutou ao lado de Hermógenes.
Após longo período de paz e bonança no sertão, um jagunço chamado Gavião-Cujo vai até o
grupo de Titão informar que Joca Ramiro foi traído e morto por Hermógenes e Ricardão, que
ficam conhecidos como “os judas”. Nesse ponto da narrativa, Riobaldo tem um caso amoroso
com a prostituta Nhorinhá e, posteriormente, com Otacília, por quem se apaixona. Diadorim
dica com raiva e durante uma discussão com Riobaldo ameaça-o com um punhal.
Os jagunços se reúnem para combater “os judas” e assim começa a segunda guerra,
organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos de Joca
Ramiro e traidores do bando; de outro, os jagunços liderados por Zé Bebelo, que retorna para
vingar a morte de seu salvador. Em certo momento da narrativa os dois bandos se unem para
tentar fugir do cerco armado pelos soldados do governo, mas o bando de Zé Bebelo foge na
surdina do local e deixam Hermógenes e seu bando lutando sozinhos contra os soldados. Rio
baldo entrega a pedra de topázio a Diadorim, o que simboliza a união entre os dois, mas esse
recusa dizendo que devem esperar o fim da batalha.
Quando o grupo de Zé Bebeto chega às Veredas-Mortas, em dado momento Riobaldo faz um
pacto com o diabo para que possam vencer o bando de Hermógenes. Sob o nome Urutu-
Branco, ele assume a chefia do bando e Zé Bebelo deserto do grupo. Rio baldo pede para um
jagunço entregar a pedra de topázio à Otacília, o que firma o compromisso de casamento
entre os dois.
O bando liderado por Riobaldo (ou Urutu-Branco) segue em caça por Hermógenes, chegando
até sua fazenda já em terras baianas. Lá eles aprisionam a mulher de Hermógenes e, não o
encontrando, voltam para Minas Gerais. Em um primeiro momento, acham o bando de
Ricardão e Urutu-Branco o mata. Por fim, encontram o grupo de Hermógenes no Paredão e há
uma grande e sangrenta batalha. Diadorim enfrenta Hermógenes em confronto direto e ambos
morrem. Riobaldo descobre, então, que Diadorim é na realidade a filha de Joca Ramiro, e se
chama Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins.
CLARICE LISPECTOR
BIOGRAFIA
Clarice LispectornasceunaUcrânia, na aldeiaTchetchenilk,noanode 1920. Os Lispector
emigraramda Rússiapara o Brasil noano seguinte,e Clarice nuncamaisvoltouápequena
aldeia.Fixaram-se emRecife,onde aescritorapassouainfância.Clarice tinha12 anose já era
órfã de mãe quandoa famíliamudou-se paraoRiode Janeiro.Entre muitasleituras,ingressou
no curso de Direito,formou-se e começouacolaborarem jornaiscariocas.Casou-se comum
colegade faculdade em1943. No anoseguinte publicavasuaprimeiraobra:“Pertodocoração
selvagem”.A moçade 19 anos assistiuàperplexidade nosleitorese nacrítica: quemera
aquelajovemque escrevia"tãodiferente"?Seguindoomarido,diplomatade carreira,viveu
fora doBrasil por quinze anos.Dedicava-se exclusivamente aescrever.Separadadomaridoe
de voltaao Brasil,passoua morar no Rio de Janeiro.Em1976 foi convidadapara representaro
Brasil no CongressoMundial de Bruxaria,naColômbia.Claroque aceitou:afinal,semprefora
mística,supersticiosa,curiosaarespeitodosobrenatural.Emnovembrode 1977 soube que
sofriade câncer generalizado.Nomêsseguinte,navésperade seuaniversário,morriaem
plenaatividade literáriae gozandodoprestígiode seruma das maisimportantesvozesda
literaturabrasileira.
Obra:
O objetivode Clarice,emsuasobras,é o de atingiras regiõesmaisprofundasdamente das
personagensparaaí sondar complexosmecanismospsicológicos.Éessaprocura que
determinaascaracterísticasespecificasde seuestilo.
O enredotemimportânciasecundária.Asações - quandoocorrem - destinam-se ailustrar
características psicológicasdaspersonagens.SãocomunsemClarice históriassemcomeço,
meiooufim.Por isso,elase dizia,maisque umaescritora,uma"sentidora",porque registrava
empalavrasaquiloque sentia.Maisque histórias,seuslivrosapresentamimpressões.
Predominaemsuasobraso tempopsicológico,vistoque onarradorsegue ofluxodo
pensamentoe omonólogointeriordaspersonagens.Logo,oenredopode fragmentar-se.O
espaçoexteriortambémtemimportânciasecundária,umavezque anarrativaconcentra-se no
espaçomental daspersonagens.Característicasfísicasdaspersonagensficamemsegundo
plano.Muitaspersonagensnãoapresentamsequernome.
As personagenscriadasporClarice Lispectordescobrem-se nummundoabsurdo;esta
descobertadá-se normalmente diante de umfatoinusitado - pelomenosinusitadoparaa
personagem.Aíocorre a “epifania”,classificadocomoomomentoemque a personagemsente
uma luziluminadorade suaconsciênciae que afará despertarpara a vidae situaçõesaela
pertencentesque emoutrainstâncianãofariama menordiferença.
Esse fato provocaum desequilíbriointeriorque mudaráa vidada personagemparasempre.
Para Clarice,"Nãoé fácil escrever.Éduro quebrarrochas.Mas voam faíscase lascascomo aços
espelhados"."Masjá que se há de escrever,que aomenosnão se esmaguemcompalavrasas
entrelinhas"."Minhaliberdade é escrever.A palavraé o meudomíniosobre omundo."
Obra:
Romances:
Pertodo Coração Selvagem, RJ,A Noite,1944.
Lustre,RJ, Agir, 1946.
A Cidade Sitiada,A Noite,1949.
A Maçã no Escuro,RJ, FranciscoAlves,1961.
A PaixãoSegundoG.H.,RJ,FranciscoAlves,1964.
Uma AprendizagemouOLivrodos Prazeres,RJ,Sabiá,1969.
A Hora da Estrela,RJ,José Olympio,1977.
Contose crônicas:
Laços de Família,RJ,FranciscoAlves,1960.
A LegiãoEstrangeira,RJ,Ed. doAutor,1964.
FelicidadeClandestina,RJ,Sabiá,1971.
A Imitaçãoda Rosa,RJ, Artenova,1973.
A Via-CrucisdoCorpo,RJ,Artenova,1974.
A Belae a Fera,RJ, NovaFronteira,1979.
Literaturainfantil:
MistériodoCoelhoPensante,RJ,J.Álvaro,1967.
A VidaÍntimade Laura, RJ,Sabiá,1974.
A Mulherque Matou os Peixes,RJ,Sabiá,1969.
Quase de Verdade,RJ,Rocco,1978.
"Meuslivrosfelizmenteparamimnãosão superlotadosde fatos,
e simda repercussãodosfatosnosindivíduos.
Eu me refugieiemescrever.Achoque consegui devidoaumavocação bastante forte e uma
faltade medoao ser considerada
diferente noambiente emque vivia."
“Com sete anoseumandavahistóriase históriasparaa seçãoinfantil que saíaàs quintas-feiras
numdiário.Nuncaforam aceitas."
"A hora da estrela" - Resumo da obra de Clarice Lispector
O narrador conta a históriade Macabéa, jovemalagoanade 19 anosque vive noRiode
Janeiro.Órfã,mal se lembravadospais,que morreramquandoelaera aindacriança.Foi criada
por uma tiamuitoreligiosae moralista,cheiade superstiçõese tabus,osquaiselapassoupara
a sobrinha.
Essa tia tambémtinhacertoprazermórbidoemcastigar Macabéa com cascudosna cabeça,
muitasvezessemmotivo,alémde privá-lade suaúnicapaixão:agoiabadacom queijona
sobremesa.Assim,depoisde umainfânciamiserável,semconfortonemamor,semtertido
amigosnemanimaisde estimação,Macabéavai para a cidade grande coma tia.
Apesarde ter estudadopoucoe não saberescreverdireito,Macabéafazum curso de
datilografiae consegue umemprego,noqual recebe menosque osaláriomínimo.Apósa
morte da tia,deixade ir à igrejae passa a repartirum quartode pensão comquatro
balconistasde umalojapopular.
Macabéa cheiravamal,poisraramente tomavabanho.À noite,nãodormiadireitoporcausa
da tosse persistente,daazia — emvirtude docafé frioque tomavaantesde se deitar — e da
fome,que eladisfarçavacomendopedacinhosde papel.
A moça tinhahábitose maniasque aliviavamumpoucoa solidãoe o vaziode sua existência.
Entretinha-se ouvindoaRádioRelógionumaparelhoemprestadode umadascolegas.Essa
emissorainformavaahoracerta, transmitiacultura inútil e propaganda,semnenhumamúsica.
A garota colecionavatambémanúnciosde jornaise revistas,que colavanumálbum.Certavez,
cobiçouum creme cosmético,que preferiacomeremvezde passarna pele.
Era muitomagra e pálida,poisnãose alimentava direito.Basicamente viviade cachorro-
quente comCoca-Cola,que comiana hora doalmoço,empé,no balcão de uma lanchonete ou
no escritórioemque trabalhava.Nãosabiaoque era uma refeiçãoquente.Seusluxos
consistiamempintarde vermelhoasunhas, que roíadepois,compraruma rosa e,quando
recebiaosalário,ir ao cinema,oque a faziadesejarserestrelade cinema,comoMarilyn
Monroe,seugrande sonho.
Certodia,o chefe de Macabéa, Raimundo,cansadodopéssimotrabalhoque elaexecutava,
com textosdatilografadoscheiosde errosde ortografiae marcasde gordura,resolve despedi-
la.A reação da garota, de se desculparpeloaborrecimentocausado,acabadesarmando
Raimundo,que decide mantê-lapormaisum tempo.
Numdia 7 de maio,Macabéa mente dizendoque arrancariaumdente e faltaao trabalhopara
poderaproveitara liberdadedasolidãoe fazeralgodiferente.Assimque ascolegassaempara
trabalhar,elacoloca umamúsicaalta, dança,toma café solúvel e até mesmose dáao luxode
se entediar. Énesse diaque conhece Olímpicode Jesus,úniconamoradoque teve.
Não foi umnamoro convencional.OlímpicotambémhaviamigradodoNordeste,ondematara
um homem,fugindoparaoRio de Janeiro.Conseguiraempregonumametalúrgica,oque dá
delíriosde grandezaemMacabéa.Afinal,ambostinhamprofissão:elaeradatilógrafae ele,
metalúrgico.
Mau-caráter e ambicioso,Olímpicomoravade favorno trabalho,roubavaoscolegase
almejavaumdiaser deputado.Opasseiodosnamoradoserasempre seguidode chuvase de
programasgratuitos,como sentar-se embancosde praça para conversar.Nessasocasiões,
Olímpicose irritavacom as perguntasque Macabéafazia,o que a levavaconstantementease
desculpar,poisnãoqueriaperdê-lo,apesarde seusmaus-tratos.
Certodia,admitindoque elanuncalhe davadespesa,Olímpicodecide pagarumcafezinho
para Macabéa no bar da esquina.Avisa,porém, que se ocafé com leite fossemaiscaro,ela
pagaria a diferença.Macabéa,emocionadacoma "bondade"donamorado,acaba enchendoo
copo de açúcar para aproveitar,ficandoenjoadadepois.Emumpasseioaozoológico,
Macabéa fica com tantomedodo rinoceronte que urinanaroupae tentadisfarçarpara não
desagradarao namorado.Um dia,vendoque só o chefe e suacolegade escritório,Glória,
recebiamtelefonemas,Macabéadáuma fichatelefônicaparaque Olímpicoligue paraela.Ele
se recusa,dizendoque nãoqueriaouviras"bobagens"dela.
Até que,apósconhecerGlória,Olímpicodecide rompercomMacabéapara ficar com a sua
amiga.O rapaz consideraa troca um progresso,jáque elaseramopostas:Glóriaera loira
(oxigenada),cheiade corpo,moravanumacasa confortável,tinhatrêsrefeiçõespordiae,o
maisimportante,seupai eraaçougueiro,profissãoambicionadaporOlímpico.
Apósesse episódio,Macabéavai ao médicoe descobre que temtuberculose,masnão
entende muitobemagravidade dadoença.Sente-sebemsóporter idoao consultórioe não
acha necessáriocompraro medicamentoreceitado.Comdornaconsciênciaporter roubadoo
namoradode Macabéa, Glóriaa convidapara lancharem suacasa. Macabéa, maisuma vez,
aproveitaaoportunidade e come demais.Apesarde passarmal,nãovomitapara não
desperdiçaroluxodochocolate,massente remorsosporterroubadouma rosquinha.
Finalmente,aconselhadaporGlória,Macabéavai até uma cartomante para saberde sua sorte.
Lá, é recebidapelaprópria,MadamaCarlota,que impressionaapobre moça pelo"requinte"
de sua residência,repletade plástico,e pelaamabilidadeafetadacomque a trata. Após
Madama Carlota contar sobre suavida comoprostitutae cafetina,lê ascartas para Macabéa,
que,emocionada,pelaprimeiravezvislumbraumfuturoe se permite teresperança.Afinal,
iriase casar com um estrangeirorico,que dariatodoo amor de que elaprecisava.
Inebriadacomas previsõesdacartomante,Macabéaatravessaa rua semolhar e é atropelada
por uma Mercedes-Benz.Caídana calçadae sangrando,seufimé testemunhadoporinúmeros
espectadoresque se aglomeramemtornodela,sem que nenhumofereçasocorro.Porfim, a
garota tosse sangue e morre.Havia chegadoa hora da estrela.
JOÃO CABRAL DE MELO NETO
João Cabral de MeloNeto(1920-1999) nasceuem Recife e é consideradoumdosmaiores
poetasda Geração de 45, assimchamada por rejeitaros“excessosdomodernismo”para
elaboraruma poesiade rigorformal,construindoumaexpressãopoéticamaisdisciplinada.
Desde cedomostrouinteressepelapalavra,pelaliteraturade cordel e almejavasercrítico
literário.ConviveucomManuel Bandeirae GilbertoFreyre,que eramseusprimos.Comapenas
o curso secundáriomudou-separao Riode Janeiroe ingressounofuncionalismopúblico.Três
anos depois,atravésde concurso,mudou-se paraoItamarati,ocupandocargos diplomáticose
morandoemvárias cidadesdomundo,comoLondres,Sevilha,Barcelona,Marselha,Berna,
Genebra.
Apesarde ser cronologicamente umpoetadaGeração de 45, JoãoCabral seguiuumcaminho
próprio,recuperandocertostraçosda poesiade Drummonde MuriloMendes,comoa poesia
substantivae a precisãodosvocábulos,produzindoumapoesiade caráterobjetivonuma
linguagemsemsentimentalismoe rompendocomadefiniçãode “poesiaprofunda”utilizada
até então.Parao poeta,“a poesianãoé frutode inspiraçãoemrazãodo sentimento”,masde
transpiração:“frutodo trabalhopaciente e lúcidodopoeta”.
A primeiraobrade João Cabral,Pedradosono (1945) apresentaumadeclinaçãoparaa
objetividade e imagemsurrealista.JáemOengenheiro(1945),percebe-se que opoetase
afasta da linhasurrealista,pendendoparaageometrizaçãoe exatidãodalinguagem, comose
ele própriofosse oengenheiro,economizandoaspalavras(omaterial comse constrói) e a
objetivaçãodopoema(opropósitodousodo material –a construçãoterminada).
Nas suasprincipaisobras,comoO cão semplumas(1950), O rio (1954), Quaderna(1960),
Morte e vidaseverina(1965),A educaçãoda pedra(1966), Museude tudo (1975), A escoladas
facas (1980), Poesiacrítica (1982), Agrestes(1985) e AndandoemSevilha(1990),o poeta
revelaumapreocupaçãocom a realidade social,principalmentecoma do Nordeste Brasileiro;
reflete constantemente sobre acriaçãoartística (Catar feijão –poema);aprimoraa poéticada
linguagemobjeto,definidacomoalinguagemque, pelaprópriaconstrução,sugere de que
assuntoaborda (Tecendoamanhã – poema).Essacaracterística de sua obra constitui a
principal referênciadoMovimentoConcretistadadécadade 50 e 60 e de váriospoetas
contemporâneos,comoArnaldoAntunes.
Morte e vidaseverina(Autode natal pernambucano) é aobra maispopularde JoãoCabral.
Nela,opoetamantéma tradição dosautos medievais,fazendousodamusicalidade,doritmo
e dasredondilhas,recursosque agradamopovo.Ela foi encenadapelaprimeiravez em1966
no Teatroda PUC emSão Paulo,commúsicade Chico Buarque.Foi premiadanoBrasil e na
França e,a partirdaí, vemsendoencenadadiversasvezese até adaptadapara a televisão.
O poemanarra à caminhadadoretirante Severino,desdeosertãoaté sua chegadaemRecife
e,alémdas denúnciasde certosproblemassociaisdoNordeste,constitui umareflexãosobre a
condiçãohumana.
João Cabral é consideradopeloscríticos“nãoapenasum dosmaiorespoetassociais,masum
renovadorconsistente,instigantee original dadicçãopoéticaantes,durante e depoisdele”.
Ele e GracilianoRamospossuemomesmograuéticoe artístico,um na poesia,ooutro na
prosa,que objetivacomprecisãoumaprática poéticacomum:deramà paisagemnordestina,
com suas diferençassociais,umadasdimensõesestéticasmaisfortes,cruéise indiscutíveis
que já se conheceu.

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Terceira geração modernista

  • 1. Terceira geração modernista A terceira geração modernista teve início com a publicação de Rosa extinta, de Domingos Carvalho da Silva, O engenheiro, de João Cabral de Melo Neto, Predestinação, de Geraldo Vidigal, Ode e elegia, de Ledo Ivo. A geração, que realizou a sua produção após o fim da Segunda Guerra Mundial, viu uma renovação do movimento modernista e dedicou-se à pesquisa e à experimentação estética, embora não tivesse proposto um novo movimento literário. Fazem parte da chamada Geração de 45 os autores já citados e outros como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles. Uma das principais características da geração era o desejo de conciliar a modernidade e a tradição. Nas artes visuais, a descrição da realidade cedeu lugar à composição abstrata. Na literatura, a pesquisa sobre a linguagem literária tornou-se um ponto importante para o trabalho de escritores que, a exemplo do que já acontecera na geração anterior, usavam o texto literário para denunciar as injustiças sociais. Havia a preocupação com o aspecto formal do texto, o que dividiu o grupo: de um lado, os autores que seguiam a estética do Parnasianismo; de outro, os que se dedicavam a uma linguagem racional, objetiva e sintética. Morte e vida Severina talvez seja a obra mais importante de João Cabral de Melo Neto. A obra foi estruturada em forma de auto e escrita a pedido de Maria Clara Machado que encomendou ao escritor uma peça natalina pernambucana. O personagem Severino abandona o sertão em direção ao litoral, tentando encontrar um meio de sobreviver à seca. Além de marcar o início de uma nova geração modernista, 1945 marca também o ano da deposição de Getúlio Vargas – o início de uma era de democratização que se estenderia até 1964, o ano do Golpe Militar. Nesse contexto, houve uma renovação do gosto pela arte regional e popular, o que foi compreendido como um caráter revolucionário. As artes oscilavam entre o resgate do passado e a busca do novo. Literariamente, a geração de 1945 representou um retorno às conquistas de 1922: propunha-se a volta ao passado, a revalorização da rima, da métrica, do vocabulário requintado e das referências mitológicas. Paradoxalmente, havia um desejo de renovar a literatura internacional lida no Brasil; o grupo foi, então, influenciado pela leitura de escritores como Fernando Pessoa, T.S. Elliot, Paul Valèry e Garcia Lorca. Esta geração combinava o nacionalismo característico da geração de 22 e o universalismo da geração de 30. Momento histórico da terceira Geração Modernista Considera-se 1945, ano da deposição de Getúlio Vargas, o início de um novo período político-social em nosso país. Trata-se de um era de “democratização”, que se estende até 1964, quando ocorre o Golpe Militar. Nesses quase vinte anos, os fatos históricos que se sucedem fazem parte de nossa memória nacional mais recente: o fim do Estado Novo (1945), o afastamento temporário
  • 2. de Getúlio da vida política (1945–1950), seu retorno (1951–1954), a presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961), a fundação de Brasília, nova capital do país (1960), as presidências de Jânio Quadros (1961) e de João Goulart (1961–março de 1964). Adotando modelos políticos populistas, o Brasil tenta encontrar os rumos de seu desenvolvimento. Apesar da grande abertura ao capital estrangeiro proporcionada pelo Plano de Metas do governo Juscelino, será apenas na fase seguinte, com a ditadura militar (1964-1978), que se consolidará o modelo econômico assentado no Estado, nas multinacionais e no capital nacional. Em 1979, co a pose do presidente Figueiredo, é assinado o decreto de anistia aos presos políticos, implementa-se a reforma partidária e tem início o processo de redemocratização do país. O Tema e a ideologia do desenvolvimento dão cores esquerdizantes ao nacionalismo, bandeira vinculada à direita nos anos 20. Nesse contexto, renova-se o gosto pela arte regional e popular, cujo potencial revolucionário torna-se objeto de grande atenção. Em contrapartida, as camadas conservadoras reagem sistematicamente contra as manifestações políticas nacionais- populistas. No cenário internacional do pós-guerra, a Guerra Fria e a ameaça atômica predominam a partir de 1945, dividindo o mundo em sistemas que mutuamente se hostilizam. Nessa oscilação entre enfatizar o nacional e reprimi-lo, entre resgatar o passado e descobrir o futuro, entre a consideração eminentemente política da necessidade de testemunhar o momento político presente e uma aura quase mítica de entusiasmo generalizado pela mídia e pela máquina – dois fetiches ligados à explosão industrial dos anos 60 tanto na Europa quanto nos Estados Unidos -, nasce o que alguns chamam de “fim do Modernismo” e, outros, de “Neo-Modernismo”. Características da Terceira Geração Modernista Retrocesso em relação às conquistas de 22. Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas. Passadismo, academicismo. Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras Os grandes criadores de 45, que retomam e fecundam as experiências desenvolvidas no país Prosa João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
  • 3. Poesia: João Cabral de Melo Neto. Literatura: constante pesquisa da linguagem + senso do compromisso entre arte e realidade, engajamento. Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo + universalismo. Guimarães Rosa: narrativas mitopoéticas, que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o texto literário. Clarice Lispector: romances e contos introspectivos, que dialogam com as fronteiras do indizível. João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica, substantiva. GUIMARÃES ROSA João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais. E desde pequeno era encantado por estudar outras línguas. Iniciou-se sozinho no estudo do francês. Um frade ensinou a ele o holandês e o ajudou a seguir no estudo do francês. Após passar por alguns colégios, fixa-se em Belo Horizonte, onde completa o curso secundário em uma escola de padres alemães. Logo que ingressa, Guimarães Rosa começa o estudo de alemão. Ainda nessa cidade, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1925. Nem tinha formado, quando em 1929, escreveu seus primeiros contos e deu início à sua carreira como literário. Já a princípio, ganhou prêmio em dinheiro pelos tais contos, ao participar de concurso oferecido pela revista “O Cruzeiro”. Nesse período, suas obras, apesar de premiadas, não tinham a linguagem literária que representou um marco na literatura brasileira. Na data de seu aniversário e no ano de 1930, casa-se com a primeira esposa, Lígia Cabral Penna, com quem tem duas filhas: Vilma e Agnes. Forma-se no mesmo ano em Medicina e exerce sua função nas várias cidades do interior mineiro. Após presenciar as dificuldades de se trabalhar em lugares que não ofereciam condições e pessoas sofrendo e morrendo por causa disso, o autor abandona a Medicina, pois não consegue conviver com tal realidade.
  • 4. Porém, trabalhou por alguns anos como Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, como concursado. Contudo, não presenciava as mazelas da Revolução Constitucionalista de 1932, ao contrário, dedicava-se a escrever mais contos, pois lhe sobrava tempo. No entanto, percebe com o tempo que não tinha intimidade com aquele tipo de trabalho, senão com as letras. Então, por saber várias línguas, decide prestar concurso e ingressa na carreira diplomática, em 1934, quando serve na Alemanha, Colômbia e França. Em 1936, participa de concursos literários que lhe rende prêmio da Academia Brasileira de Letras por “Magma”, uma coletânea de poemas. Após um ano, seu livro “Contos”, o qual mais tarde se chamaria Sagarana, ganhou o prêmio Humberto de Campos. O primeiro de tantos outros que recebeu por esta obra que reúne contos sobre a vida rural em Minas. É através desse livro que Guimarães Rosa começa a mostrar o regionalismo através da linguagem, característica maior do autor. É em sua viagem à Europa, em 1938, que o escritor conhece Aracy Moebius de Carvalho, que viria a ser sua segunda mulher. Quando o Brasil rompe relações com a Alemanha, Guimarães Rosa é detido, juntamente com outros brasileiros, até que são soltos em troca de diplomatas alemães. Depois disso, torna-se secretário da Embaixada de Bogotá, Colômbia, onde permanece por muitos anos. Vem ao Brasil somente em visitas ocasionais. Retorna ao país de origem em definitivo somente no ano de 1951 e começa a investigar a vida sertaneja, os usos, os costumes, as crenças, as músicas e também a fauna e a flora. É quando escreve “Corpo de Baile”, dividida em três novelas: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão. “Grande sertão: veredas” vem logo após e é aclamado pela crítica por suas inovações nas formas e na escrita. Além de receber prêmios por esta obra, Guimarães passa a ser reconhecido como especial dentro da 3ª geração pós-modernista. O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos. As crenças politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua vida. Assim, curandeiros, feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e a força dos astros refletiam em concordância com as ideias deste autor. morreu em 19/11/1967. "Grande Sertão: Veredas" - Resumo da obra de Guimarães Rosa Durante a primeira parte da obra, o narrador em primeira pessoa, Riobaldo, faz um relato de fatos diversos e aparentemente desconexos entre si, que versam sobre suas inquietações
  • 5. sobre a vida. Os temas giram em torno das clássicas questões filosóficas ocidentais, tais como a origem do homem, reflexões sobre a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Porém, Riobaldo não consegue organizar suas ideias e expressa-las de modo satisfatório, o que gera um relato bastante caótico. Até que em certo ponto aparece Quelemén de Góis, que o ajuda em parte, e Riobaldo dá início à narrativa propriamente dita. Riobaldo começa a rememorar seu passado e conta sobre sua mãe e como conhecera o menino Reinaldo, que se declarava ser “diferente”. Riobaldo admira a coragem do amigo. Quando sua mãe vem a falecer, ele é levado para viver com seu padrinho na fazenda São Gregório, onde conhece Joca Ramiro, grande chefe dos jagunços. Selorico Mendes, o padrinho, coloca-o para estudar e após um tempo Riobaldo começa a lecionar para Zé Bebelo, um fazendeiro da região. Pouco tempo depois, Zé Bebelo, que queria por fim na atuação dos jagunços pela região, convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, o que esse aceita. Assim começa a história da primeira guerra narrada em "Grande Sertão: Veredas". O bando dos jagunços liderado por Hermógenes entra em guerra zontra Zé Bebelo e os soldados do governo, mas logo Hermógenes foge da batalha. Riobaldo resolve desertar do bando de Zé Bebelo e encontra Reinaldo, que faz parte do bando de Joca Ramiro. Ele decide então juntar-se ao grupo também. A amizade entre Riobaldo e Reinaldo se fortalece com o passar do tempo e Reinaldo o confidencia em segredo seu nome verdadeiro: Diadorim. Em certo momento dá-se a batalha entre o bando de Zé Bebelo e de Joca Ramiro, onde Zé Bebelo é capturado. Então, ele é julgado pelo tribunal composto dos líderes dos jagunços, dos quais Joca Ramiro é o chefe supremo. Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento, porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele vá para Goiás e não volte até segunda ordem. Após o julgamento, Riobaldo e Reinaldo juntam-se ao bando de Titão Passos, que também lutou ao lado de Hermógenes. Após longo período de paz e bonança no sertão, um jagunço chamado Gavião-Cujo vai até o grupo de Titão informar que Joca Ramiro foi traído e morto por Hermógenes e Ricardão, que ficam conhecidos como “os judas”. Nesse ponto da narrativa, Riobaldo tem um caso amoroso com a prostituta Nhorinhá e, posteriormente, com Otacília, por quem se apaixona. Diadorim dica com raiva e durante uma discussão com Riobaldo ameaça-o com um punhal. Os jagunços se reúnem para combater “os judas” e assim começa a segunda guerra, organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos de Joca Ramiro e traidores do bando; de outro, os jagunços liderados por Zé Bebelo, que retorna para vingar a morte de seu salvador. Em certo momento da narrativa os dois bandos se unem para tentar fugir do cerco armado pelos soldados do governo, mas o bando de Zé Bebelo foge na surdina do local e deixam Hermógenes e seu bando lutando sozinhos contra os soldados. Rio baldo entrega a pedra de topázio a Diadorim, o que simboliza a união entre os dois, mas esse recusa dizendo que devem esperar o fim da batalha. Quando o grupo de Zé Bebeto chega às Veredas-Mortas, em dado momento Riobaldo faz um pacto com o diabo para que possam vencer o bando de Hermógenes. Sob o nome Urutu- Branco, ele assume a chefia do bando e Zé Bebelo deserto do grupo. Rio baldo pede para um jagunço entregar a pedra de topázio à Otacília, o que firma o compromisso de casamento entre os dois. O bando liderado por Riobaldo (ou Urutu-Branco) segue em caça por Hermógenes, chegando até sua fazenda já em terras baianas. Lá eles aprisionam a mulher de Hermógenes e, não o
  • 6. encontrando, voltam para Minas Gerais. Em um primeiro momento, acham o bando de Ricardão e Urutu-Branco o mata. Por fim, encontram o grupo de Hermógenes no Paredão e há uma grande e sangrenta batalha. Diadorim enfrenta Hermógenes em confronto direto e ambos morrem. Riobaldo descobre, então, que Diadorim é na realidade a filha de Joca Ramiro, e se chama Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins. CLARICE LISPECTOR BIOGRAFIA Clarice LispectornasceunaUcrânia, na aldeiaTchetchenilk,noanode 1920. Os Lispector emigraramda Rússiapara o Brasil noano seguinte,e Clarice nuncamaisvoltouápequena aldeia.Fixaram-se emRecife,onde aescritorapassouainfância.Clarice tinha12 anose já era órfã de mãe quandoa famíliamudou-se paraoRiode Janeiro.Entre muitasleituras,ingressou no curso de Direito,formou-se e começouacolaborarem jornaiscariocas.Casou-se comum colegade faculdade em1943. No anoseguinte publicavasuaprimeiraobra:“Pertodocoração selvagem”.A moçade 19 anos assistiuàperplexidade nosleitorese nacrítica: quemera aquelajovemque escrevia"tãodiferente"?Seguindoomarido,diplomatade carreira,viveu fora doBrasil por quinze anos.Dedicava-se exclusivamente aescrever.Separadadomaridoe de voltaao Brasil,passoua morar no Rio de Janeiro.Em1976 foi convidadapara representaro Brasil no CongressoMundial de Bruxaria,naColômbia.Claroque aceitou:afinal,semprefora mística,supersticiosa,curiosaarespeitodosobrenatural.Emnovembrode 1977 soube que sofriade câncer generalizado.Nomêsseguinte,navésperade seuaniversário,morriaem plenaatividade literáriae gozandodoprestígiode seruma das maisimportantesvozesda literaturabrasileira. Obra: O objetivode Clarice,emsuasobras,é o de atingiras regiõesmaisprofundasdamente das personagensparaaí sondar complexosmecanismospsicológicos.Éessaprocura que determinaascaracterísticasespecificasde seuestilo. O enredotemimportânciasecundária.Asações - quandoocorrem - destinam-se ailustrar características psicológicasdaspersonagens.SãocomunsemClarice históriassemcomeço, meiooufim.Por isso,elase dizia,maisque umaescritora,uma"sentidora",porque registrava empalavrasaquiloque sentia.Maisque histórias,seuslivrosapresentamimpressões. Predominaemsuasobraso tempopsicológico,vistoque onarradorsegue ofluxodo pensamentoe omonólogointeriordaspersonagens.Logo,oenredopode fragmentar-se.O espaçoexteriortambémtemimportânciasecundária,umavezque anarrativaconcentra-se no espaçomental daspersonagens.Característicasfísicasdaspersonagensficamemsegundo plano.Muitaspersonagensnãoapresentamsequernome.
  • 7. As personagenscriadasporClarice Lispectordescobrem-se nummundoabsurdo;esta descobertadá-se normalmente diante de umfatoinusitado - pelomenosinusitadoparaa personagem.Aíocorre a “epifania”,classificadocomoomomentoemque a personagemsente uma luziluminadorade suaconsciênciae que afará despertarpara a vidae situaçõesaela pertencentesque emoutrainstâncianãofariama menordiferença. Esse fato provocaum desequilíbriointeriorque mudaráa vidada personagemparasempre. Para Clarice,"Nãoé fácil escrever.Éduro quebrarrochas.Mas voam faíscase lascascomo aços espelhados"."Masjá que se há de escrever,que aomenosnão se esmaguemcompalavrasas entrelinhas"."Minhaliberdade é escrever.A palavraé o meudomíniosobre omundo." Obra: Romances: Pertodo Coração Selvagem, RJ,A Noite,1944. Lustre,RJ, Agir, 1946. A Cidade Sitiada,A Noite,1949. A Maçã no Escuro,RJ, FranciscoAlves,1961. A PaixãoSegundoG.H.,RJ,FranciscoAlves,1964. Uma AprendizagemouOLivrodos Prazeres,RJ,Sabiá,1969. A Hora da Estrela,RJ,José Olympio,1977. Contose crônicas: Laços de Família,RJ,FranciscoAlves,1960. A LegiãoEstrangeira,RJ,Ed. doAutor,1964. FelicidadeClandestina,RJ,Sabiá,1971. A Imitaçãoda Rosa,RJ, Artenova,1973. A Via-CrucisdoCorpo,RJ,Artenova,1974.
  • 8. A Belae a Fera,RJ, NovaFronteira,1979. Literaturainfantil: MistériodoCoelhoPensante,RJ,J.Álvaro,1967. A VidaÍntimade Laura, RJ,Sabiá,1974. A Mulherque Matou os Peixes,RJ,Sabiá,1969. Quase de Verdade,RJ,Rocco,1978. "Meuslivrosfelizmenteparamimnãosão superlotadosde fatos, e simda repercussãodosfatosnosindivíduos. Eu me refugieiemescrever.Achoque consegui devidoaumavocação bastante forte e uma faltade medoao ser considerada diferente noambiente emque vivia." “Com sete anoseumandavahistóriase históriasparaa seçãoinfantil que saíaàs quintas-feiras numdiário.Nuncaforam aceitas." "A hora da estrela" - Resumo da obra de Clarice Lispector O narrador conta a históriade Macabéa, jovemalagoanade 19 anosque vive noRiode Janeiro.Órfã,mal se lembravadospais,que morreramquandoelaera aindacriança.Foi criada por uma tiamuitoreligiosae moralista,cheiade superstiçõese tabus,osquaiselapassoupara a sobrinha. Essa tia tambémtinhacertoprazermórbidoemcastigar Macabéa com cascudosna cabeça, muitasvezessemmotivo,alémde privá-lade suaúnicapaixão:agoiabadacom queijona sobremesa.Assim,depoisde umainfânciamiserável,semconfortonemamor,semtertido amigosnemanimaisde estimação,Macabéavai para a cidade grande coma tia. Apesarde ter estudadopoucoe não saberescreverdireito,Macabéafazum curso de datilografiae consegue umemprego,noqual recebe menosque osaláriomínimo.Apósa morte da tia,deixade ir à igrejae passa a repartirum quartode pensão comquatro balconistasde umalojapopular. Macabéa cheiravamal,poisraramente tomavabanho.À noite,nãodormiadireitoporcausa da tosse persistente,daazia — emvirtude docafé frioque tomavaantesde se deitar — e da fome,que eladisfarçavacomendopedacinhosde papel.
  • 9. A moça tinhahábitose maniasque aliviavamumpoucoa solidãoe o vaziode sua existência. Entretinha-se ouvindoaRádioRelógionumaparelhoemprestadode umadascolegas.Essa emissorainformavaahoracerta, transmitiacultura inútil e propaganda,semnenhumamúsica. A garota colecionavatambémanúnciosde jornaise revistas,que colavanumálbum.Certavez, cobiçouum creme cosmético,que preferiacomeremvezde passarna pele. Era muitomagra e pálida,poisnãose alimentava direito.Basicamente viviade cachorro- quente comCoca-Cola,que comiana hora doalmoço,empé,no balcão de uma lanchonete ou no escritórioemque trabalhava.Nãosabiaoque era uma refeiçãoquente.Seusluxos consistiamempintarde vermelhoasunhas, que roíadepois,compraruma rosa e,quando recebiaosalário,ir ao cinema,oque a faziadesejarserestrelade cinema,comoMarilyn Monroe,seugrande sonho. Certodia,o chefe de Macabéa, Raimundo,cansadodopéssimotrabalhoque elaexecutava, com textosdatilografadoscheiosde errosde ortografiae marcasde gordura,resolve despedi- la.A reação da garota, de se desculparpeloaborrecimentocausado,acabadesarmando Raimundo,que decide mantê-lapormaisum tempo. Numdia 7 de maio,Macabéa mente dizendoque arrancariaumdente e faltaao trabalhopara poderaproveitara liberdadedasolidãoe fazeralgodiferente.Assimque ascolegassaempara trabalhar,elacoloca umamúsicaalta, dança,toma café solúvel e até mesmose dáao luxode se entediar. Énesse diaque conhece Olímpicode Jesus,úniconamoradoque teve. Não foi umnamoro convencional.OlímpicotambémhaviamigradodoNordeste,ondematara um homem,fugindoparaoRio de Janeiro.Conseguiraempregonumametalúrgica,oque dá delíriosde grandezaemMacabéa.Afinal,ambostinhamprofissão:elaeradatilógrafae ele, metalúrgico. Mau-caráter e ambicioso,Olímpicomoravade favorno trabalho,roubavaoscolegase almejavaumdiaser deputado.Opasseiodosnamoradoserasempre seguidode chuvase de programasgratuitos,como sentar-se embancosde praça para conversar.Nessasocasiões, Olímpicose irritavacom as perguntasque Macabéafazia,o que a levavaconstantementease desculpar,poisnãoqueriaperdê-lo,apesarde seusmaus-tratos. Certodia,admitindoque elanuncalhe davadespesa,Olímpicodecide pagarumcafezinho para Macabéa no bar da esquina.Avisa,porém, que se ocafé com leite fossemaiscaro,ela pagaria a diferença.Macabéa,emocionadacoma "bondade"donamorado,acaba enchendoo copo de açúcar para aproveitar,ficandoenjoadadepois.Emumpasseioaozoológico, Macabéa fica com tantomedodo rinoceronte que urinanaroupae tentadisfarçarpara não desagradarao namorado.Um dia,vendoque só o chefe e suacolegade escritório,Glória, recebiamtelefonemas,Macabéadáuma fichatelefônicaparaque Olímpicoligue paraela.Ele se recusa,dizendoque nãoqueriaouviras"bobagens"dela. Até que,apósconhecerGlória,Olímpicodecide rompercomMacabéapara ficar com a sua amiga.O rapaz consideraa troca um progresso,jáque elaseramopostas:Glóriaera loira (oxigenada),cheiade corpo,moravanumacasa confortável,tinhatrêsrefeiçõespordiae,o maisimportante,seupai eraaçougueiro,profissãoambicionadaporOlímpico.
  • 10. Apósesse episódio,Macabéavai ao médicoe descobre que temtuberculose,masnão entende muitobemagravidade dadoença.Sente-sebemsóporter idoao consultórioe não acha necessáriocompraro medicamentoreceitado.Comdornaconsciênciaporter roubadoo namoradode Macabéa, Glóriaa convidapara lancharem suacasa. Macabéa, maisuma vez, aproveitaaoportunidade e come demais.Apesarde passarmal,nãovomitapara não desperdiçaroluxodochocolate,massente remorsosporterroubadouma rosquinha. Finalmente,aconselhadaporGlória,Macabéavai até uma cartomante para saberde sua sorte. Lá, é recebidapelaprópria,MadamaCarlota,que impressionaapobre moça pelo"requinte" de sua residência,repletade plástico,e pelaamabilidadeafetadacomque a trata. Após Madama Carlota contar sobre suavida comoprostitutae cafetina,lê ascartas para Macabéa, que,emocionada,pelaprimeiravezvislumbraumfuturoe se permite teresperança.Afinal, iriase casar com um estrangeirorico,que dariatodoo amor de que elaprecisava. Inebriadacomas previsõesdacartomante,Macabéaatravessaa rua semolhar e é atropelada por uma Mercedes-Benz.Caídana calçadae sangrando,seufimé testemunhadoporinúmeros espectadoresque se aglomeramemtornodela,sem que nenhumofereçasocorro.Porfim, a garota tosse sangue e morre.Havia chegadoa hora da estrela. JOÃO CABRAL DE MELO NETO João Cabral de MeloNeto(1920-1999) nasceuem Recife e é consideradoumdosmaiores poetasda Geração de 45, assimchamada por rejeitaros“excessosdomodernismo”para elaboraruma poesiade rigorformal,construindoumaexpressãopoéticamaisdisciplinada. Desde cedomostrouinteressepelapalavra,pelaliteraturade cordel e almejavasercrítico literário.ConviveucomManuel Bandeirae GilbertoFreyre,que eramseusprimos.Comapenas o curso secundáriomudou-separao Riode Janeiroe ingressounofuncionalismopúblico.Três anos depois,atravésde concurso,mudou-se paraoItamarati,ocupandocargos diplomáticose morandoemvárias cidadesdomundo,comoLondres,Sevilha,Barcelona,Marselha,Berna, Genebra. Apesarde ser cronologicamente umpoetadaGeração de 45, JoãoCabral seguiuumcaminho próprio,recuperandocertostraçosda poesiade Drummonde MuriloMendes,comoa poesia substantivae a precisãodosvocábulos,produzindoumapoesiade caráterobjetivonuma linguagemsemsentimentalismoe rompendocomadefiniçãode “poesiaprofunda”utilizada até então.Parao poeta,“a poesianãoé frutode inspiraçãoemrazãodo sentimento”,masde transpiração:“frutodo trabalhopaciente e lúcidodopoeta”.
  • 11. A primeiraobrade João Cabral,Pedradosono (1945) apresentaumadeclinaçãoparaa objetividade e imagemsurrealista.JáemOengenheiro(1945),percebe-se que opoetase afasta da linhasurrealista,pendendoparaageometrizaçãoe exatidãodalinguagem, comose ele própriofosse oengenheiro,economizandoaspalavras(omaterial comse constrói) e a objetivaçãodopoema(opropósitodousodo material –a construçãoterminada). Nas suasprincipaisobras,comoO cão semplumas(1950), O rio (1954), Quaderna(1960), Morte e vidaseverina(1965),A educaçãoda pedra(1966), Museude tudo (1975), A escoladas facas (1980), Poesiacrítica (1982), Agrestes(1985) e AndandoemSevilha(1990),o poeta revelaumapreocupaçãocom a realidade social,principalmentecoma do Nordeste Brasileiro; reflete constantemente sobre acriaçãoartística (Catar feijão –poema);aprimoraa poéticada linguagemobjeto,definidacomoalinguagemque, pelaprópriaconstrução,sugere de que assuntoaborda (Tecendoamanhã – poema).Essacaracterística de sua obra constitui a principal referênciadoMovimentoConcretistadadécadade 50 e 60 e de váriospoetas contemporâneos,comoArnaldoAntunes. Morte e vidaseverina(Autode natal pernambucano) é aobra maispopularde JoãoCabral. Nela,opoetamantéma tradição dosautos medievais,fazendousodamusicalidade,doritmo e dasredondilhas,recursosque agradamopovo.Ela foi encenadapelaprimeiravez em1966 no Teatroda PUC emSão Paulo,commúsicade Chico Buarque.Foi premiadanoBrasil e na França e,a partirdaí, vemsendoencenadadiversasvezese até adaptadapara a televisão. O poemanarra à caminhadadoretirante Severino,desdeosertãoaté sua chegadaemRecife e,alémdas denúnciasde certosproblemassociaisdoNordeste,constitui umareflexãosobre a condiçãohumana. João Cabral é consideradopeloscríticos“nãoapenasum dosmaiorespoetassociais,masum renovadorconsistente,instigantee original dadicçãopoéticaantes,durante e depoisdele”. Ele e GracilianoRamospossuemomesmograuéticoe artístico,um na poesia,ooutro na prosa,que objetivacomprecisãoumaprática poéticacomum:deramà paisagemnordestina, com suas diferençassociais,umadasdimensõesestéticasmaisfortes,cruéise indiscutíveis que já se conheceu.