2. Apresentação
Identificação:
A.O.P., sexo feminino, 57 anos, branca.
Procedente de Campos Novos Paulista-
SP. Aposentada, 1º grau
completo, católica, casada.
3. Apresentação
Antecedentes Pessoais
HAS de longa data. Transtorno depressivo há 3
anos. Obesidade mórbida. DM2 há 8 anos.
Gonoartrose bilateral. Cirurgia para catarata,
bilateralmente há 1 ano. Cirurgia em joelho E há 22
anos. G1P1A0. No climatério (não sabe referir
precisamente desde quando). Nega alergias.
Hábitos de vida
Nega tabagismo, etilismo ou uso de outras
substâncias. Sedentária.
4. Apresentação
Em uso de:
- enalapril 20mg (12/12h)
- atenolol 25mg (12/12h)
- metformina 850mg (no almoço e jantar)
- glibenclamida (não recorda posologia)
- sertralina 50mg (12/12h)
- clonazepam 2mg (1x ao dia/ à noite)
5. Apresentação
Antecedentes Familiares
Mãe teve IAM há 1 ano, é hipertensa,
tem DM2, dislipidemia e problemas
cardíacos (não sabe especificar). Pai
falecido jovem, desconhece causa.
Irmão hipertenso.
6. PERFIL DE RISCO
Complicações
Obesidade OA
DM2 agudas e
crônicas
Sedentarismo
Insuf. Dislipidemia
Renal Idade
HAS
Osteoporose
Síndrome
Eventos
Metabólica
Cardiovasculares
Climatério
Baixa
Adesão ao
Tratamento
Crise Agravamento
Escolaridade Depressão Psicótico
Conversiva
(os quadrados em verde indicam condições já existentes)
7. Queixa e HMA
Admissão PS: 12/03/2012 (22h)
Marido refere que há duas horas a paciente
apresentou fala enrolada, associada a dificuldade de
deambulação.
Sudorese intensa. Com parestesia em hemicorpo E.
Refere que no mesmo dia sentiu cefaléia, desde
manhã cedo em região frontal E – refere que sente
cefaléia com freqüência.
Sem outras queixas associadas. Nega ocorrência de
episódios anteriores semelhantes.
9. Exame Físico
PA 180x100mmHg , FC 86 bpm, temperatura
e FR não relatados.
Glasgow 15
Acianótica, anictérica, afebril.
Sudorese proeminente em hemicorpo E.
2BRNF s/s. Ausculta pulmonar e exame de
abdome não relatados.
Desvio de rima D, disartria. Hemiplegia E.
Reflexos simétricos. Babinsky + à E.
Avaliação de orientação temporal e espacial
não ralatada, função linguística não relatada.
10. Exames de Admissão
Ht 36; Hb 12,1; Leucócitos 11600 (0-0-0-81-
1-0-12-0-6), Plaquetas 295000
Na 140; K 3,9; Ca 9,7; Mg 1,7; P 3,26
Glicemia: 241
Uréia: 41; creatinina: 1,2
TGO: 35, TGO: 32
CPK: 1094
TAP 14,5; INR 1,17; TTPA 37,5; Ratio 1,15;
Fibrinogênio 445; Ativ. Protrombina 79%
11. Exames de Admissão
TC de crânio evidenciando área isquêmica em região parietal D,
radiologistas sugerem maior investigação
13. Internação e seguimento
No dia da internação (13 de março), a
paciente apresentou picos febris
(>38°C), que se mantiveram nos dois
dias seguintes. Após investigação,
conclui-se se tratar de pneumonia
aspirativa, sendo então instituído
tratamento de acordo.
15. Internação e seguimento
Ao longo da internação, a paciente
manteve o quadro neurolocomotor,
porém apresentava frequentes
alterações do estado de consciência.
A investigação com RM de crânio
evidenciou transformação hemorrágica
e acometimento isquêmico de extenso
território da artéria cerebral média D.
17. Internação e Segmento
RM de crânio em T1 com focos de transformação hemorrágica
próximos aos núcleos da base
18. Internação e Seguimento
Outros exames evidenciaram:
Ecocardiografia transtorácica (20/mar): FE
60%, insuficiência mitral discreta, disfunção
diastólica ventricular grau I (alteração de
relaxamento).
Doppler de carótidas (20/mar): oclusão total
de carótida interna D, próxima ao bulbo.
19. Internação e Seguimento
A paciente segue clinicamente
estável, com previsão de alta após
completar antibioticoterapia. Fará
seguimento com a neurologia e cirurgia
vascular.
20. Comentários
Este caso mostra uma condição aguda bastante
comum no estágio da clínica médica, fruto da
combinação de múltiplos fatores de risco, e bastante
recorrente em pacientes cujo seguimento
ambulatorial de suas condições de base geralmente
encontra-se prejudicado, seja por não adesão ou
baixo nível de instrução.
Também é um exemplo de paciente que exibe
morbidades crônicas bastante comuns à população
atualmente, exemplificando a influência dos hábitos
de vida, positiva ou negativamente sobre o curso
natural dessas doenças.
21. Comentários
Notamos que a grande maioria dos casos é de
AVCs isquêmicos, acometendo territórios das
artérias cerebrais médias, sendo poucos
casos os que sofrem transformação
hemorrágica, o que piora o prognóstico.
Lamentavelmente, não podemos contar com
terapia trombolítica em nosso serviço, o que
acaba resultando de perdas funcionais a longo
prazo para estes pacientes, e maiores
encargos emocionais e financeiros às suas
famílias.