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DOMINGO
Caderno2Edição de
Esportes
ATLETISMO
EM CRISE
É grande o risco de
o Brasil não ganhar
uma só medalha na
Olimpíada do Rio. PÁG. D6
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
DANÇA
ÀMINEIRA
GrupoCorpocelebra
40anoscomestreia
deSuíteBranca
eDançaSinfônica
Haddadexecuta6,5%degastosnasaúde
C
alais, na França, é o novo
símbolo da explosão mi-
gratória que desafia a Eu-
ropa,informaAndreiNetto,dire-
tamentedo“newjungle”,campo
derefugiadosnocoraçãodocon-
tinente. INTERNACIONAL / PÁG. A12
23H30
JULIO MESQUITA
(1862 - 1927)
SP irregular. Construções à beira da Represa Billings: faltam obras para preservar e despoluir reservatórios
Tempo em SP
27 Máx. 13° Mín.
OLADOSOMBRA
Migraçãoilegal
FOTOSJOSELUIZPEDERNEIRAS
CasaCasa
PlanaltoapostanoSenado
parabarrarcrisepolítica
Governo põe ministros e líderes petistas para tentar melhorar relação com Renan Calheiros após recesso
Cuidado com o sócio
O empreendedor muitas vezes es-
quece que sócio não pode ser man-
dado embora. Uma briga desse tipo
pode ficar anos na Justiça.
ECONOMIA / PÁG. B11
Ossete compromissos firmados pelo
prefeito Fernando Haddad (PT) no
Plano de Metas para a área da saúde
consumiriam, nos quatro anos de
mandato, cerca de R$ 1,6 bilhão. Até
agora, somente R$ 108,9 milhões, ou
6,5%dototal,foramgastos.Naeduca-
ção seriam 20 Centros Educacionais
Unificados (CEUs) até o fim de 2016.
Mas, por enquanto, foi entregue ape-
nas o de Heliópolis. Já no Programa
Mananciais não há sinal de obras.
METRÓPOLE / PÁGS. A18, A21 e A22
‘ESSEPT
CHEGOUAO
FIMDOCICLO’
José Alexandre Scheinkman. ‘Não
podemos ficar paralisados. Brasil precisa
retomar ambição de longo prazo.’ PÁG. B5
Beatriz Accioly mostra
dubiedade da internet
na violência contra a
mulher. “Ao julgarmos
a mulher, dizemos que
é culpada.”
NOVASELVA
FRANCESA
Alunodeuniversidade
aindapatinano inglês
METRÓPOLE / PÁG. A26
Palmeiras lota arena
contra o Atlético-PR
EDIÇÃO DE ESPORTES / PÁG. D1
Caradolugar. CasasdeRio
e BH mostram diferentes estilos
Empresas nacionais endividadas em
moeda estrangeira estão em alerta.
Alémdoaumentododólaredocustode
captações no exterior, a deterioração
daeconomiadificultaarolagemdedívi-
das.Desde2008,adívidaexternasubiu
75%,paraUS$348bilhões.Aparcelada
iniciativa privada representou 61% do
totale cresceu130%. ECONOMIA / PÁG. B1
Dívida em dólar
de empresas
cresce 130%
l Câmara vai interpelar advogada
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou
que a advogada Beatriz Catta Preta
será interpelada judicialmente para
esclarecer acusação de que foi
ameaçada por integrantes da CPI da
Petrobrás. PÁG. A7
TratadopeloPlanaltocomopeça-chave
paraimpediroagravamentodacrisepo-
lítica, o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), tem sinalizado
quepodevoltaracolaborarcomogover-
no Dilma Rousseff a partir desta sema-
na, na volta do recesso parlamentar.
Mascobrará“faturas”nasáreaspolítica
eeconômicaemtrocadaajuda.Háduas
semanas,logoapósoanúnciodorompi-
mentodopresidentedaCâmara,Eduar-
do Cunha (PMDB-RJ), o governo deci-
diu reforçar operação envolvendo mi-
nistroseliderançaspetistasparacorte-
jarRenan. Oobjetivoérecriararelação
do primeiro mandato, quando ele foi o
principal interlocutor do governo no
Congresso. O afastamento ocorreu na
esteiradaLavaJato.Nosbastidores,Re-
nanacusaoPlanalto deteratuado para
incluí-lo entre os investigados. Dilma
tambémtentaneutralizarefeitosdepro-
vável decisão desfavorável do TCU no
julgamentodascontas.POLÍTICA/PÁG.A4
FUNDADO EM
1875
l Entrevistas
Multimídia. Veja infográficos e assista
aos vídeos em estadao.com.br/e/metasp
A
rticuladorpolíticodeumafren-
tenacionaldeesquerda,Tarso
GenrodisseaVeraRosaqueo
PSDB ou mesmo o PMDB pode ven-
ceraeleiçãopresidencialde2018,seo
governo Dilma Rousseff não mudar
sua política econômica nem fizer as
pazescomsuabasesocialecomaclas-
semédia.POLÍTICA / PÁG. A6
Entrevista
Tarso Genro
EX-GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL
Somos todos
É sempre mais fácil dizer que os ou-
trosestão errados e prejudicando o
bom andamento do mundo do que
localizar em nós os pontos negativos.
CADERNO2 / PÁG. C4
ANDREI NETTO/ESTADÃO
Afegãos. Bahadel e Kabil
6
Antônio Delfim Netto. ‘Dilma preci-
sa assumir o protagonismo, tem de en-
frentar o panelaço que lhe cabe.’ PÁG. B4
RENATO CRUZ NOTAS & INFORMAÇÕES
A desconfiança como legado
Aresponsabilidade pelodescrédito
nospolíticosnão podeser debitada
somenteaDilmaRousseff.PÁG. A3
Sol.Dia
seco.
Pág. A26
FERNANDO HENRIQUE
Lobo ou cordeiro?
Será que é tempo de rezar pela sorte
de setores empresariais e políticos?
A horapara agirjá nãoé mais doCon-
gresso e dos partidos, mas da Justiça.
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Caderno2
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Dança à
mineira
Sinônimo de excelência, Grupo Corpo comemora
40 anos com a estreia de duas obras, ‘Suíte Branca’
e ‘Dança Sinfônica’. Págs. C6 e C7
A volta do Beco
das Garrafas
Um dos berços da
bossa nova, ponto
carioca renasce
Pág. C12
JOSE LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO
Renovação. Ex-bailarina da
companhia, Cassi Abranches
assina um dos balés
%HermesFileInfo:C-6:20150802:
C6 Caderno 2 DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO
Dança
Após criar vocabulário único em 4 décadas, Grupo Corpo
abre espaço para nova coreógrafa, de olho na renovação
l Janeiro de 1975
Grupo Corpo é criado em Belo
Horizonte. A sede da companhia
é a casa da família Pederneiras
na Rua Barão de Lucena.
l 1º de abril de 1976
Estreia Maria Maria, com coreo-
grafia do argentino Oscar Araiz,
música de Milton Nascimento e
roteiro de Fernando Brant.
l 11 de maio de 1978
Inauguração da nova sede e
estreia de Rodrigo Pederneiras
como coreógrafo. Foi o ano da
primeira turnê internacional.
DEPOIMENTO
Tradição
e futuro
Juliana Ravelli
BELO HORIZONTE
Tudocomeçounolardeumafa-
míliamineira.Em1975,osirmãos
Paulo,RodrigoeMiriamtransfor-
maram a casaonde nasceram na
sede do Grupo Corpo, que ti-
nham acabado de criar. Os pais
foram morar de aluguel para dar
espaçoaosonhodosfilhos.Qua-
renta anos depois, quem entra
noedifíciodetrêsandares–ergui-
doem1978,emoutroendereço–,
no bairro Mangabeiras, em Belo
Horizonte,aindasenteoclimafa-
miliar.Lá,éfácilacharumaxíca-
radecaféebompapo.Masasin-
gelezaestáaoladodeoutrapecu-
liaridade: a dedicação extrema à
arte.Foiotrabalhosério,doqual
os Pederneiras gostam, que ele-
vou o Corpo ao posto de maior
companhiadedançabrasileira.
Como disse o diretor artístico
Paulo Pederneiras: “Nós todos
somos muito exigentes. Mas es-
se rigor não ofende ninguém”.
Em quatro décadas, o Corpo se
apresentou pelo mundo, multi-
plicou parcerias com profissio-
nais de outras artes, desdobrou-
seemprojetossociaisesetornou
sinônimodeexcelência.Parace-
lebrar tantas conquistas, apre-
senta duas obras inéditas neste
mês em Belo Horizonte e São
Paulo e, em setembro, no Rio:
Dança Sinfônica e Suíte Branca.
Éaprimeiravezem24anosquea
companhia tem duas estreias na
mesma noite. Também é a pri-
meiravez,desde1988,quecoloca
emcenaumbalénãocoreografa-
doporRodrigoPederneiras.
A temporada comemorativa
começa no dia 5 no Palácio das
Artes, na capital mineira. Assim,
o Corpo volta no tempo para a
sua própria estreia naquele pal-
co, em 1.º de abril de 1976. Foi lá
que o público conheceu o balé
que se tornaria um clássico, Ma-
ria Maria. Com coreografia do
argentinoOscarAraiz,músicade
Milton Nascimento e roteiro de
Fernando Brant, a obra virou fe-
nômeno. Lotou plateias e abriu
portasparaogrupo.
“Não sei se (a longevidade do
grupo) tem segredo. Mas nós
temos um convívio muito ho-
nesto.Nãotemespaçoparavai-
dades exacerbadas”, explica
Paulo. “Temos uma maneira
aberta de se comportar. Não
temfrescura.Outraquestãoim-
portante é a excelência artísti-
ca. Não só dos bailarinos, mas
de toda a equipe. Não dá para
deixar mais ou menos.”
Aolongodopercurso,oCorpo
desenvolveu um repertório que
transita com naturalidade entre
oeruditoeopopular,ourbanoe
oregional.Coreógrafo-residente
dacompanhiadesde1978,Rodri-
gocriou movimentosque tradu-
zem a brasilidade para a dança.
EssepercursoéomotedeDança
Sinfônica, de Rodrigo. “Quis fa-
zerumacoisaMinasGerais”,diz
ocoreógrafo.“Agentecaminhou
demais.E,agora,estamosvoltan-
doparaoninho.Sebemquenun-
casaímosdoninho.”
Os 40 anos ganham significa-
doprofundocomamúsicatrans-
cendental de Marco Antônio
Guimarães (criador do grupo
Uakti), interpretada pela Or-
questra Filarmônica de Minas
Gerais, regida pelo maestro Fá-
bioMechetti.Aemotividadees-
tá por toda parte, do cenário
commaisdemilfotosfeitaspor
quem passou pelo Corpo desde
1975atéopasdedeuxcomavete-
rana Silvia Gaspar.
“Eu me lembrei que costumo
guardarcertasideiasali,nagave-
ta.TemumlivrodoCaioFernan-
do Abreu que adorava, que se
chama Ovelhas Negras. Era isso,
ideias antigas que ele não tinha
publicado. Pensei: ‘Vou fazer a
mesma coisa que ele’. Peguei
ideias antigas e tentei misturar
com coisas novas, de hoje, que
gostaria de fazer. E também
com alguma coisa da história
das pessoas. Não vou citar no-
mes,masháhomenagensquefa-
çoadeterminadasfigurasquees-
tão aqui e que passaram por
aqui”,revela Rodrigo.
Nova geração. Seoprimeiroba-
lé é uma ode à memória e tradi-
çãodoCorpo,osegundorevelaa
preocupação da companhia em
sempre se renovar. Suíte Branca
é coreografia da paulista Cassi
Abranches, que foi bailarina do
grupopor12anos.
Ela conta que teve total liber-
dade, recebeu “uma folha em
branco” para criar o que quises-
se. A ideia se materializou tam-
bémnocenárioefigurinos,tudo
branco. “O conceito da noite é
lindo. É contar os 40 anos, com
asfotos,eolharparafrente,com
obranco”,dizCassi.
Para reforçar esse espírito de
juventude, o Corpo convocou
Samuel Rosa e seu grupo Skank
paracriaratrilha,quetempega-
da rock-and-roll. As notas casa-
ramcomaideiadeCassideusar
agravidadecomoreferênciapa-
raosmovimentos.“Quandome
deram o primeiro acorde da tri-
lha, não sei por que, imaginei o
movimento de cair. Então, per-
gunteiparaameninaquecome-
çao balé oquanto ela conseguia
deixar o corpo cair sem se ma-
chucar.Apartirdaí,fuiconstru-
indoosmovimentos,brincando
comessa coisa do risco.”
É para Cassi que Rodrigo
quer passar o bastão de princi-
pal coreógrafa do Corpo. Mas
isso,elegarante, nadatem aver
comofatodeapaulistasercasa-
dacomseufilho,GabrielPeder-
neiras, coordenador técnico da
companhia. “Ela é o máximo.
Tem linguagem própria”, diz
Rodrigo.“Quandoa‘lorinha’es-
tavafazendoapeçadela,nãofa-
lei um ‘a’.” Paulo concorda. “A
gentesentequeelatemmaturi-
dade suficiente. Estamos apos-
tandonisso,renovação”,afirma
o diretor artístico.
Pénochão,Cassiestáhabitua-
daao“modoPederneiras”detra-
balhar e sabe que, para conquis-
tarseuespaço,precisacriarsozi-
nhasuaidentidadeartística.“Evi-
to (pedir ajuda). Independente-
mente de o ‘Digo’ ser meu mes-
tre, ele pensa diferente de mim
em algumas coisas. Tenho um
pouco de receio de perguntar e,
de repente, não ser o caminho
queestouseguindo.Possoatéer-
rar, mas, se recebo uma interfe-
rência, talvez saia do que estou
tentandofazer.”
Inês Bogéa
ESPECIAL PARA O ESTADO
“Fui bailarina do Grupo Cor-
po de 1989 a 2001 e isso mar-
cou profundamente a minha
trajetória na dança. Aprendi
muito com eles, especialmen-
te um rigor e uma entrega a ca-
da detalhe da construção dos
trabalhos. O que se vê na cena
é resultado de uma decanta-
ção de ideias que perpassam
todas as áreas do Grupo, da
produção à criação.
Como bailarina vivenciei
muitos processos de criação
coreográfica e o encadeamen-
to dos elementos da cena. O
Grupo, desde seu início, já
com a direção artística de Pau-
lo Pederneiras, revela um pro-
jeto muito cuidadoso de mos-
trar o Brasil em movimento,
seja nas primeiras obras – Ma-
ria Maria e Último Trem – do ar-
gentino Oscar Araiz ou nas
obras mais emblemáticas (21,
Parabelo, Breu, entre outras) de
Rodrigo Pederneiras, coreógra-
fo que criou uma identidade
de movimento para o Grupo.
Essa identidade, que vai
além dos gestos, apresenta
uma maneira de construir a
cena como um todo, ligando
os diferentes elementos (dan-
ça, música, figurinos, cenários
e luz). Essa identidade é obra
dos irmãos Pederneiras e dos
colaboradores que a cada co-
reografia se juntam e inven-
tam uma maneira singular de
ver o nosso tempo, uma iden-
tidade que revela uma cultura
brasileira forte, autônoma,
confiante em si a ponto de es-
capar das definições. E como
bailarina, não posso deixar de
comentar que o corpo do bai-
larino do Corpo dança em vá-
rios ritmos, pulsa no tempo,
em uma dança atual e arcaica,
malemolente e precisa, dinâ-
mica e fluida, que contagia a
plateia nas mais diferentes
partes do mundo.
E essa dança é afinada nos
ensaios com a presença sem-
pre marcante dos ensaiado-
res. Na minha época, Car-
mem Purri e Miriam Pedernei-
ras eram as duas ensaiadoras,
que conheciam o movimento
no corpo por terem participa-
do desde o início do Grupo,
decantando um aprendizado
vivido nas transformações
das diferentes épocas. Para
mim, foi uma inspiração e um
grande privilégio aprender e
conviver com esses grandes
artistas da dança.”
]
INÊS BOGÉA É DIRETORA ARTÍSTICA
DA SÃO PAULO COMPANHIA DE
DANÇA E FOI BAILARINA DO
GRUPO CORPO DURANTE 12 ANOS
GRUPO CORPO 40 ANOS
Teatro Alfa. R. Bento Branco de
Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-
4000. Estreia 12/8. 4ª e 5ª, às 21h;
6ª, às 21h30; sáb., às 20h, e dom.
às 18h. R$ 50/R$ 130. Até 23/8
REPRODUÇÃO
CRONOLOGIA
Lembranças. Inês Bogéa em ‘Parabelo’, de 1997, um dos marcos da companhia mineira
‘Aprendi um rigor e uma
entrega a cada detalhe’
Diretora artística da São
Paulo Companhia de
Dança, Inês Bogéa foi
bailarina do Grupo Corpo
de 1989 a 2001
DIVULGAÇÃO
A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE
DA PRODUÇÃO DO GRUPO
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2015 Caderno 2 C7
Corpo já passou por mais
de 200 cidades; extensa
agenda fora do Brasil
obrigou grupo a estrear
uma obra a cada 2 anos
A música é o ponto de partida
para a concepção de todo espe-
táculo do Grupo Corpo. É ela
tambémumadasprincipaisres-
ponsáveisporditarapersonali-
dade de cada balé. É por isso
que, quando o público assiste à
companhia,consegueverasno-
tas musicais ganhando movi-
mentopor meio dosbailarinos.
Apartirde21,coreografadopor
Rodrigo Pederneiras em 1992, o
Corpooptouporusarapenastri-
lhasoriginais(aexceçãofoiLecuo-
na,em2004).Amúsicadessees-
petáculoédeMarcoAntônioGui-
marães, que já havia colaborado
com a companhia em Uakti
(1988),baléhomônimoaogrupo
criadoporeleem1978.Agora,Gui-
marãeséoresponsávelpelacom-
posição de Dança Sinfônica, sua
quintacontribuiçãoparaogrupo.
Em rara entrevista, Guima-
rães conta ao Estado que já co-
nhece a maneira de Rodrigo co-
reografar.Destavez,noentanto,
foi um pouco mais complexo.
“Opessoalresolveufazeralgodi-
ferente. Nunca tinha sido enco-
mendadaumacoisagravadapor
uma sinfônica. Quando Paulo e
Rodrigo me procuraram, já ti-
nham conversado com o maes-
tro (Fabio) Mechetti e a direção
daFilarmônica(deMinasGerais,
queexecutaa composição).”
O fundador do Uakti afirma
queseinspirouemtodaasuaex-
periência para compor a música
deDançaSinfônica.AlunodaEsco-
ladeMúsicadaUniversidadeFe-
deraldaBahianosanos1960,teve
aulas de composição com Ernst
Widmer e, com Walter Smetak,
aprendeu a criar os próprios ins-
trumentos. “Ano que vem faz 50
anosqueentreinaoficinadoSme-
tak. Eu não sabia quem ele era e,
quandoentreilá,nãosabiaqueis-
soiriamudarminhavida.”
Depois da faculdade, Guima-
rães tocou violoncelo em sin-
fônicasdurante15anos,passan-
dopela(Osesp)recémrecriada
por Eleazar de Carvalho. “Para
a trilha desse balé, peguei todo
essematerial.ÉoqueoRodrigo
falou. Fui aos baús antigos, revi
a vivência da sinfônica e peças
queescrevihámaistempo,com
a experiência que tenho hoje.”
O outro balé comemorativo
dos 40 anos, Suíte Branca, tem a
trilha assinada por Samuel Rosa
e o Skank. Embora tenha sido
umaexperiêncianova,Rosacon-
ta que o processo ocorreu sem
muitoesforço.Asreferênciaspa-
ra a composição estão no “DNA
da banda”, segundo o músico.
“Tem, nessa trilha, tudo o que o
Skankfoinessesmaisde20anos,
um pouco de psicodelia, o dub,
que é a psicodelia jamaicana e a
misturacomcoisasmineiras.”
Liberdade, sempre. O único
problemaparaoSkankfoiencon-
traroequilíbrionoexcessodeau-
tonomiaqueosirmãosPedernei-
ras deram, como fazem com to-
dos os compositores. “Falavam
‘vailá,criaàvontade’.Emumse-
gundomomento,apontavam‘is-
so funciona mais, isso menos’”,
diz Rosa. “No começo, fomos
um pouco afoitos demais. Paulo
falou:‘Nãovouterbailarinopara
isso’.Perguntei:‘Porque,oelen-
co é pequeno?’ Ele respondeu:
‘Não, você vai cansar os caras.
Precisatermaisnuances’.”
Lenine, que contribuiu com a
trilha de Breu (2007) e Triz
(2013),tambémsentiuopesoeo
privilégiodaautonomia.“Aliber-
dade opressora, sem briefing, é
uma janela muito poderosa”,
diz. “Para mim, é uma possibili-
dade de exercitar uma musica
instrumentalquerarasvezeste-
nhoaoportunidadedetocar.Foi
incrívelverpelaprimeiravezmi-
nhamúsicaemtrêsdimensões.”
Sobre as experiências, Leni-
ne diz que foi um aprendizado.
“Quando fiz Breu, tudo era no-
vo. Com Triz, já tinha uma di-
mensãorealdoquepoderia es-
timular a expressão daqueles
corpos. O que não mudou foi a
liberdade de fazer a música.”
Por isso, ele é grato. “Nós, da
música,temosumdébitoenor-
me com o Corpo. Durante
anos,elespersistiramemacre-
ditar na composição de trilhas
originais.” / J.R.
Companhia passa a maior parte
do ano em turnê no exterior
l 18 de junho de 1992
A partir de 21 (foto), o grupo deci-
de usar só trilhas originais para
os balés. Marco Antônio Guima-
rães compõe a música da obra.
l 1998
Companhia desenvolve o projeto
Sambalelê, que passa a atender
120 crianças da periferia da
capital mineira.
l 2015
Corpo faz 40 anos, com obras
inéditas: Suíte Branca, de Cassi
Abranches, e Dança Sinfônica
(foto), de Rodrigo Pederneiras.
Maria Maria levou o Grupo
Corpopara aprimeiraturnê in-
ternacional em 1978. Na oca-
sião, passou por sete países da
AméricaLatina,alémdeLisboa
eParis,ondelotouoThéâtrede
la Ville. Desde aquela vez, a
agenda no exterior só cresceu.
Segundo o diretor artístico da
companhia, Paulo Pederneiras,
a maior parte das apresenta-
ções é realizada fora do País, o
que garante certa estabilidade
financeira em tempos de crise.
Nesterastrodeapariçõespor
mais de 200 cidades do mundo
– de Anchorage, no Alasca, a
Zug,naSuíça–,oCorpofezhis-
tória como o primeiro grupo
brasileiro a se apresentar em
teatros e festivais históricos.
“Seutrabalhonopalconãoéna-
da menos do que eletrizante. A
companhiaéumtesouronacio-
nal brasileiro e respeitada glo-
balmente por sua força na dan-
ça”, afirmaJoseph Melillo,pro-
dutor executivo do Brooklyn
AcademyofMusic,onde oCor-
pojáseapresentoucincovezes.
“Eu estava pesquisando tra-
balhos de dança na América do
Sulefuiaumaapresentaçãode-
lesemoutracidadeaquinosEs-
tados Unidos. Fiquei imediata-
mente impressionado com a
qualidadeartísticadacoreogra-
fiaeashabilidadesextraordiná-
riasdosbailarinos”,dizMelillo.
A fama do Corpo também se
espalha pelo boca a boca. Dire-
tora artística da casa de espetá-
culos austríaca Festspielhaus
St. Pölten, Brigitte Fürle soube
das qualidades da companhia
pormeiodeamigosemumavia-
gemaoBrasil.Naocasião,ogru-
po não estava no País. “Tive de
esperar até vê-los em Barcelo-
na,mesesdepois. Trabalhamos
muito para coordenar as datas.
Na primeira temporada que fiz
a programação do Festspie-
lhausSt.Pölten,oCorpoestava
no programa. Fiquei muito or-
gulhosa. Ter a companhia pela
primeiraveznaÁustriafoimui-
to significativo”, diz Brigitte.
Sem parar. A extensa agenda
fora do Brasil foi o que obrigou
oCorpoaestrearumnovobalé
a cada dois anos – e não mais
anualmente –, a partir de 1999.
Agora, os estrangeiros que já
conhecem a companhia tor-
cemparaqueelaconquisteain-
damaisreconhecimentonoce-
nário internacional.
“Não podemos comparar o
Corpoanenhumaoutracompa-
nhia. Diria que é um estilo úni-
co”, elogia Brigitte. “Lecuona,
Onqotô, Benguelê, Breu, Imã e
Sem Mim demonstraram cresci-
mentocoreográficoecuriosida-
demusical.Oquetemsidocon-
sistente é a disciplina artística
excepcional dos bailarinos”,
afirma Melillo. / J.R.
Criadores.
O Skank
e Cassi
Abranches
(acima)
e Marco
Antônio
Guimarães
NA WEB
FOTOS JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO
S
ão40anosconstruindoumpensamen-
todedança.Nãosomenteumjeitode
fazercoreografias–oquejáserialou-
vável–,masalgoamais.Trata-sedeumsa-
bersobreoquecompõeosseusnascimen-
tos.Essepensamentodadançacomeçana
relaçãoentrecriaçãoeelenco,naquala
músicatemumpapelcentral,vital,eque
culminacommodocomoosbailarinoses-
tãovestidos,maquiados,penteados,qual
luzvaitornarvisíveloquefazem,eemque
tipodecenáriovãoapresentartudoisso.
Talveztenhasidoessaamarcamaisforte
queoGrupoCorpoimprimiunacenada
dançanoBrasil.Fazendodorigoroseudia-
pasão,transformouseunomeemumselo
dequalidade.Osresponsáveispelaconfec-
çãodestepadrãoforamaquelesque,aolon-
godessasquatrodécadasdeatuação,fize-
rampartedaequipecomandadaporPaulo
Pederneiras,odiretorartístico,aqueleque
sabeorganizaremodelaramatériapreexis-
tente(odemiurgo,nosentidodePlatão).
Cadaqual,noseufazerespecífico,agre-
gouváriascamadasdeexpertisenessalapi-
daçãopermanente.
Nosúltimosanos,essenúcleoacabouse
concentrandonalongaparceriaentrePaulo
Pederneiras(tambémresponsávelpelace-
nografiaeiluminação),RodrigoPedernei-
ras(coreografia)eFreusaZechmeister(fi-
gurinosevisagismo).
Odesenvolvimentodeumalínguapró-
priaempreendidoporRodrigoPederneiras
ocupaoeixocentralnesseprocesso.
Guiadopelamúsica,seumododecoreo-
grafarsempreesteveporosoàsdançasque
existiamnoscorposdosseusintérpretes.
Àmedidaqueosbailarinosforamtrazen-
doinformaçõesquenãomaisvinhamexclu-
sivamentedotreinamentoparaacena,seu
processodecriaçãoganhousoluços,que-
bras,curvas,espiralamentos,outrostipos
deênfasenoataqueenafinalizaçãodomo-
vimento.
Masfoinospas-de-deux–quetratouco-
mominilaboratóriosdeváriostiposdeou-
sadias–queeleconquistouamaestria.Se
coubessefalaremumlegado,quemsabe
possaestarsendodesenhadoagora,quando
acompanhiacelebraseu40ºaniversário
apresentandoumanovacoreógrafa,Cassi
Abranches.
AssimcomoRodrigoPederneirasfeza
refundaçãodoGrupoCorpoquandocome-
çouariscaroqueotempotransformariana
suaassinaturapessoalnadança,quemsabe
caberáaCassiAbranchesumapróximare-
fundação,nestefluxodevivacidadeque
vemtecendoahistóriadestacompanhia.
Quandoapostanestapossibilidade,asóli-
datrajetóriadoGrupoCorpo,peloBrasile
pelomundo,explicitaquepavimentaráa
continuidadedoseupercursotecendooho-
jecomoagora.Reconhecidonacionalein-
ternacionalmente,oGrupoCorpotransfor-
mou-seemumapotentereferêncianaeda
dançaqueseproduznoBrasil.Emtempos
demesmiceglobalizada,nãoépoucacoisa.
Inspiração. ‘Dança
Sinfônica’ homenageia
pessoas que passaram
pelo Grupo Corpo
Composições são ponto
departidadostrabalhos
Grupo constrói, há 40
anos, um pensamento
específico de dança
l Antes de se tornar a sucessora
anunciada de Rodrigo Pedernei-
ras, Cassi Abranches teve de se
desdobrar para ser aceita como
bailarina do Grupo Corpo. Fez
duas audições da companhia. Foi
preterida em ambas. Só conse-
guiu a vaga após se mudar para
Belo Horizonte e pedir para fazer
aulas na sede do grupo. A insis-
tência resultou na contratação.
No Corpo, dançou de 2001 a
2013. Resolveu deixar o palco
para se dedicar ao trabalho de
coreógrafa, que havia começado
em 2009. “Foi difícil parar”, diz.
“Entendi que precisava me desco-
lar e andar com minhas próprias
pernas, até para que um dia eu
voltasse.” Entre os projetos que
ganharam sua assinatura estão o
balé GEN, da São Paulo Compa-
nhia de Dança, e um segmento
do filme Rio Eu Te Amo. / J.R.
Novos trabalhos têm
trilha de Marco Antônio
Guimarães e Samuel Rosa;
o ponto em comum é a
liberdade para compor
Fotos. Veja
imagens de todos
os espetáculos
estadao.com.br/e/ocorpo
]
ANÁLISE: Helena Katz
Cassisóentrou
nogrupona
terceiratentativa
MIGUEL AUN/DIVULGAÇÃO
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Especial. Conheça
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  • 1. DOMINGO Caderno2Edição de Esportes ATLETISMO EM CRISE É grande o risco de o Brasil não ganhar uma só medalha na Olimpíada do Rio. PÁG. D6 DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO DANÇA ÀMINEIRA GrupoCorpocelebra 40anoscomestreia deSuíteBranca eDançaSinfônica Haddadexecuta6,5%degastosnasaúde C alais, na França, é o novo símbolo da explosão mi- gratória que desafia a Eu- ropa,informaAndreiNetto,dire- tamentedo“newjungle”,campo derefugiadosnocoraçãodocon- tinente. INTERNACIONAL / PÁG. A12 23H30 JULIO MESQUITA (1862 - 1927) SP irregular. Construções à beira da Represa Billings: faltam obras para preservar e despoluir reservatórios Tempo em SP 27 Máx. 13° Mín. OLADOSOMBRA Migraçãoilegal FOTOSJOSELUIZPEDERNEIRAS CasaCasa PlanaltoapostanoSenado parabarrarcrisepolítica Governo põe ministros e líderes petistas para tentar melhorar relação com Renan Calheiros após recesso Cuidado com o sócio O empreendedor muitas vezes es- quece que sócio não pode ser man- dado embora. Uma briga desse tipo pode ficar anos na Justiça. ECONOMIA / PÁG. B11 Ossete compromissos firmados pelo prefeito Fernando Haddad (PT) no Plano de Metas para a área da saúde consumiriam, nos quatro anos de mandato, cerca de R$ 1,6 bilhão. Até agora, somente R$ 108,9 milhões, ou 6,5%dototal,foramgastos.Naeduca- ção seriam 20 Centros Educacionais Unificados (CEUs) até o fim de 2016. Mas, por enquanto, foi entregue ape- nas o de Heliópolis. Já no Programa Mananciais não há sinal de obras. METRÓPOLE / PÁGS. A18, A21 e A22 ‘ESSEPT CHEGOUAO FIMDOCICLO’ José Alexandre Scheinkman. ‘Não podemos ficar paralisados. Brasil precisa retomar ambição de longo prazo.’ PÁG. B5 Beatriz Accioly mostra dubiedade da internet na violência contra a mulher. “Ao julgarmos a mulher, dizemos que é culpada.” NOVASELVA FRANCESA Alunodeuniversidade aindapatinano inglês METRÓPOLE / PÁG. A26 Palmeiras lota arena contra o Atlético-PR EDIÇÃO DE ESPORTES / PÁG. D1 Caradolugar. CasasdeRio e BH mostram diferentes estilos Empresas nacionais endividadas em moeda estrangeira estão em alerta. Alémdoaumentododólaredocustode captações no exterior, a deterioração daeconomiadificultaarolagemdedívi- das.Desde2008,adívidaexternasubiu 75%,paraUS$348bilhões.Aparcelada iniciativa privada representou 61% do totale cresceu130%. ECONOMIA / PÁG. B1 Dívida em dólar de empresas cresce 130% l Câmara vai interpelar advogada Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou que a advogada Beatriz Catta Preta será interpelada judicialmente para esclarecer acusação de que foi ameaçada por integrantes da CPI da Petrobrás. PÁG. A7 TratadopeloPlanaltocomopeça-chave paraimpediroagravamentodacrisepo- lítica, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sinalizado quepodevoltaracolaborarcomogover- no Dilma Rousseff a partir desta sema- na, na volta do recesso parlamentar. Mascobrará“faturas”nasáreaspolítica eeconômicaemtrocadaajuda.Háduas semanas,logoapósoanúnciodorompi- mentodopresidentedaCâmara,Eduar- do Cunha (PMDB-RJ), o governo deci- diu reforçar operação envolvendo mi- nistroseliderançaspetistasparacorte- jarRenan. Oobjetivoérecriararelação do primeiro mandato, quando ele foi o principal interlocutor do governo no Congresso. O afastamento ocorreu na esteiradaLavaJato.Nosbastidores,Re- nanacusaoPlanalto deteratuado para incluí-lo entre os investigados. Dilma tambémtentaneutralizarefeitosdepro- vável decisão desfavorável do TCU no julgamentodascontas.POLÍTICA/PÁG.A4 FUNDADO EM 1875 l Entrevistas Multimídia. Veja infográficos e assista aos vídeos em estadao.com.br/e/metasp A rticuladorpolíticodeumafren- tenacionaldeesquerda,Tarso GenrodisseaVeraRosaqueo PSDB ou mesmo o PMDB pode ven- ceraeleiçãopresidencialde2018,seo governo Dilma Rousseff não mudar sua política econômica nem fizer as pazescomsuabasesocialecomaclas- semédia.POLÍTICA / PÁG. A6 Entrevista Tarso Genro EX-GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL Somos todos É sempre mais fácil dizer que os ou- trosestão errados e prejudicando o bom andamento do mundo do que localizar em nós os pontos negativos. CADERNO2 / PÁG. C4 ANDREI NETTO/ESTADÃO Afegãos. Bahadel e Kabil 6 Antônio Delfim Netto. ‘Dilma preci- sa assumir o protagonismo, tem de en- frentar o panelaço que lhe cabe.’ PÁG. B4 RENATO CRUZ NOTAS & INFORMAÇÕES A desconfiança como legado Aresponsabilidade pelodescrédito nospolíticosnão podeser debitada somenteaDilmaRousseff.PÁG. A3 Sol.Dia seco. Pág. A26 FERNANDO HENRIQUE Lobo ou cordeiro? Será que é tempo de rezar pela sorte de setores empresariais e políticos? A horapara agirjá nãoé mais doCon- gresso e dos partidos, mas da Justiça. ESPAÇO ABERTO / PÁG. A2 Esta publicação é impressa em papel certificado FSC® garantia de manejo florestal responsável, pela S. A. O Estado de S. Paulo FÁBIO PORCHAT %HermesFileInfo:A-1:20150802: 2 DE AGOSTO DE 2015 R$ 6,00 ANO 136 Nº 44483 EDIÇÃO DE estadão.com.br
  • 2. %HermesFileInfo:C-1:20150802: C1 DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2015 ANO XXIX – Nº 9906 O ESTADO DE S. PAULO Caderno2 CONHEÇA TODAS AS NOSSAS OPÇÕES DE CORES BRANCO BRANCOBLACK BLACKBRANCO COM CROMADO BRANCO COM CROMADO BLACK COM CROMADO BLACK COM CROMADO NOVO CONCEITO DE LANÇAM ENTO CHUVEIRO ELÉTRICO NO SEU BANHEIRO linha Acqua ultrA AcquA StorM AcquA StaR 0800 016 02 11 www.lorenzetti.com.br longa duração em comparação às resistências comuns jatos de alta performance dispensa pressurizador permite a escolha gradual e precisa da temperatura Resistência Loren UltrA ExclusivA Tecnologia Press PluS EletrônicA Você encontra a linha Acqua Ultra nas principais lojas de materiais de construção Dança à mineira Sinônimo de excelência, Grupo Corpo comemora 40 anos com a estreia de duas obras, ‘Suíte Branca’ e ‘Dança Sinfônica’. Págs. C6 e C7 A volta do Beco das Garrafas Um dos berços da bossa nova, ponto carioca renasce Pág. C12 JOSE LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO Renovação. Ex-bailarina da companhia, Cassi Abranches assina um dos balés
  • 3. %HermesFileInfo:C-6:20150802: C6 Caderno 2 DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO Dança Após criar vocabulário único em 4 décadas, Grupo Corpo abre espaço para nova coreógrafa, de olho na renovação l Janeiro de 1975 Grupo Corpo é criado em Belo Horizonte. A sede da companhia é a casa da família Pederneiras na Rua Barão de Lucena. l 1º de abril de 1976 Estreia Maria Maria, com coreo- grafia do argentino Oscar Araiz, música de Milton Nascimento e roteiro de Fernando Brant. l 11 de maio de 1978 Inauguração da nova sede e estreia de Rodrigo Pederneiras como coreógrafo. Foi o ano da primeira turnê internacional. DEPOIMENTO Tradição e futuro Juliana Ravelli BELO HORIZONTE Tudocomeçounolardeumafa- míliamineira.Em1975,osirmãos Paulo,RodrigoeMiriamtransfor- maram a casaonde nasceram na sede do Grupo Corpo, que ti- nham acabado de criar. Os pais foram morar de aluguel para dar espaçoaosonhodosfilhos.Qua- renta anos depois, quem entra noedifíciodetrêsandares–ergui- doem1978,emoutroendereço–, no bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte,aindasenteoclimafa- miliar.Lá,éfácilacharumaxíca- radecaféebompapo.Masasin- gelezaestáaoladodeoutrapecu- liaridade: a dedicação extrema à arte.Foiotrabalhosério,doqual os Pederneiras gostam, que ele- vou o Corpo ao posto de maior companhiadedançabrasileira. Como disse o diretor artístico Paulo Pederneiras: “Nós todos somos muito exigentes. Mas es- se rigor não ofende ninguém”. Em quatro décadas, o Corpo se apresentou pelo mundo, multi- plicou parcerias com profissio- nais de outras artes, desdobrou- seemprojetossociaisesetornou sinônimodeexcelência.Parace- lebrar tantas conquistas, apre- senta duas obras inéditas neste mês em Belo Horizonte e São Paulo e, em setembro, no Rio: Dança Sinfônica e Suíte Branca. Éaprimeiravezem24anosquea companhia tem duas estreias na mesma noite. Também é a pri- meiravez,desde1988,quecoloca emcenaumbalénãocoreografa- doporRodrigoPederneiras. A temporada comemorativa começa no dia 5 no Palácio das Artes, na capital mineira. Assim, o Corpo volta no tempo para a sua própria estreia naquele pal- co, em 1.º de abril de 1976. Foi lá que o público conheceu o balé que se tornaria um clássico, Ma- ria Maria. Com coreografia do argentinoOscarAraiz,músicade Milton Nascimento e roteiro de Fernando Brant, a obra virou fe- nômeno. Lotou plateias e abriu portasparaogrupo. “Não sei se (a longevidade do grupo) tem segredo. Mas nós temos um convívio muito ho- nesto.Nãotemespaçoparavai- dades exacerbadas”, explica Paulo. “Temos uma maneira aberta de se comportar. Não temfrescura.Outraquestãoim- portante é a excelência artísti- ca. Não só dos bailarinos, mas de toda a equipe. Não dá para deixar mais ou menos.” Aolongodopercurso,oCorpo desenvolveu um repertório que transita com naturalidade entre oeruditoeopopular,ourbanoe oregional.Coreógrafo-residente dacompanhiadesde1978,Rodri- gocriou movimentosque tradu- zem a brasilidade para a dança. EssepercursoéomotedeDança Sinfônica, de Rodrigo. “Quis fa- zerumacoisaMinasGerais”,diz ocoreógrafo.“Agentecaminhou demais.E,agora,estamosvoltan- doparaoninho.Sebemquenun- casaímosdoninho.” Os 40 anos ganham significa- doprofundocomamúsicatrans- cendental de Marco Antônio Guimarães (criador do grupo Uakti), interpretada pela Or- questra Filarmônica de Minas Gerais, regida pelo maestro Fá- bioMechetti.Aemotividadees- tá por toda parte, do cenário commaisdemilfotosfeitaspor quem passou pelo Corpo desde 1975atéopasdedeuxcomavete- rana Silvia Gaspar. “Eu me lembrei que costumo guardarcertasideiasali,nagave- ta.TemumlivrodoCaioFernan- do Abreu que adorava, que se chama Ovelhas Negras. Era isso, ideias antigas que ele não tinha publicado. Pensei: ‘Vou fazer a mesma coisa que ele’. Peguei ideias antigas e tentei misturar com coisas novas, de hoje, que gostaria de fazer. E também com alguma coisa da história das pessoas. Não vou citar no- mes,masháhomenagensquefa- çoadeterminadasfigurasquees- tão aqui e que passaram por aqui”,revela Rodrigo. Nova geração. Seoprimeiroba- lé é uma ode à memória e tradi- çãodoCorpo,osegundorevelaa preocupação da companhia em sempre se renovar. Suíte Branca é coreografia da paulista Cassi Abranches, que foi bailarina do grupopor12anos. Ela conta que teve total liber- dade, recebeu “uma folha em branco” para criar o que quises- se. A ideia se materializou tam- bémnocenárioefigurinos,tudo branco. “O conceito da noite é lindo. É contar os 40 anos, com asfotos,eolharparafrente,com obranco”,dizCassi. Para reforçar esse espírito de juventude, o Corpo convocou Samuel Rosa e seu grupo Skank paracriaratrilha,quetempega- da rock-and-roll. As notas casa- ramcomaideiadeCassideusar agravidadecomoreferênciapa- raosmovimentos.“Quandome deram o primeiro acorde da tri- lha, não sei por que, imaginei o movimento de cair. Então, per- gunteiparaameninaquecome- çao balé oquanto ela conseguia deixar o corpo cair sem se ma- chucar.Apartirdaí,fuiconstru- indoosmovimentos,brincando comessa coisa do risco.” É para Cassi que Rodrigo quer passar o bastão de princi- pal coreógrafa do Corpo. Mas isso,elegarante, nadatem aver comofatodeapaulistasercasa- dacomseufilho,GabrielPeder- neiras, coordenador técnico da companhia. “Ela é o máximo. Tem linguagem própria”, diz Rodrigo.“Quandoa‘lorinha’es- tavafazendoapeçadela,nãofa- lei um ‘a’.” Paulo concorda. “A gentesentequeelatemmaturi- dade suficiente. Estamos apos- tandonisso,renovação”,afirma o diretor artístico. Pénochão,Cassiestáhabitua- daao“modoPederneiras”detra- balhar e sabe que, para conquis- tarseuespaço,precisacriarsozi- nhasuaidentidadeartística.“Evi- to (pedir ajuda). Independente- mente de o ‘Digo’ ser meu mes- tre, ele pensa diferente de mim em algumas coisas. Tenho um pouco de receio de perguntar e, de repente, não ser o caminho queestouseguindo.Possoatéer- rar, mas, se recebo uma interfe- rência, talvez saia do que estou tentandofazer.” Inês Bogéa ESPECIAL PARA O ESTADO “Fui bailarina do Grupo Cor- po de 1989 a 2001 e isso mar- cou profundamente a minha trajetória na dança. Aprendi muito com eles, especialmen- te um rigor e uma entrega a ca- da detalhe da construção dos trabalhos. O que se vê na cena é resultado de uma decanta- ção de ideias que perpassam todas as áreas do Grupo, da produção à criação. Como bailarina vivenciei muitos processos de criação coreográfica e o encadeamen- to dos elementos da cena. O Grupo, desde seu início, já com a direção artística de Pau- lo Pederneiras, revela um pro- jeto muito cuidadoso de mos- trar o Brasil em movimento, seja nas primeiras obras – Ma- ria Maria e Último Trem – do ar- gentino Oscar Araiz ou nas obras mais emblemáticas (21, Parabelo, Breu, entre outras) de Rodrigo Pederneiras, coreógra- fo que criou uma identidade de movimento para o Grupo. Essa identidade, que vai além dos gestos, apresenta uma maneira de construir a cena como um todo, ligando os diferentes elementos (dan- ça, música, figurinos, cenários e luz). Essa identidade é obra dos irmãos Pederneiras e dos colaboradores que a cada co- reografia se juntam e inven- tam uma maneira singular de ver o nosso tempo, uma iden- tidade que revela uma cultura brasileira forte, autônoma, confiante em si a ponto de es- capar das definições. E como bailarina, não posso deixar de comentar que o corpo do bai- larino do Corpo dança em vá- rios ritmos, pulsa no tempo, em uma dança atual e arcaica, malemolente e precisa, dinâ- mica e fluida, que contagia a plateia nas mais diferentes partes do mundo. E essa dança é afinada nos ensaios com a presença sem- pre marcante dos ensaiado- res. Na minha época, Car- mem Purri e Miriam Pedernei- ras eram as duas ensaiadoras, que conheciam o movimento no corpo por terem participa- do desde o início do Grupo, decantando um aprendizado vivido nas transformações das diferentes épocas. Para mim, foi uma inspiração e um grande privilégio aprender e conviver com esses grandes artistas da dança.” ] INÊS BOGÉA É DIRETORA ARTÍSTICA DA SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA E FOI BAILARINA DO GRUPO CORPO DURANTE 12 ANOS GRUPO CORPO 40 ANOS Teatro Alfa. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693- 4000. Estreia 12/8. 4ª e 5ª, às 21h; 6ª, às 21h30; sáb., às 20h, e dom. às 18h. R$ 50/R$ 130. Até 23/8 REPRODUÇÃO CRONOLOGIA Lembranças. Inês Bogéa em ‘Parabelo’, de 1997, um dos marcos da companhia mineira ‘Aprendi um rigor e uma entrega a cada detalhe’ Diretora artística da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bogéa foi bailarina do Grupo Corpo de 1989 a 2001 DIVULGAÇÃO A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA PRODUÇÃO DO GRUPO
  • 4. O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 2 DE AGOSTO DE 2015 Caderno 2 C7 Corpo já passou por mais de 200 cidades; extensa agenda fora do Brasil obrigou grupo a estrear uma obra a cada 2 anos A música é o ponto de partida para a concepção de todo espe- táculo do Grupo Corpo. É ela tambémumadasprincipaisres- ponsáveisporditarapersonali- dade de cada balé. É por isso que, quando o público assiste à companhia,consegueverasno- tas musicais ganhando movi- mentopor meio dosbailarinos. Apartirde21,coreografadopor Rodrigo Pederneiras em 1992, o Corpooptouporusarapenastri- lhasoriginais(aexceçãofoiLecuo- na,em2004).Amúsicadessees- petáculoédeMarcoAntônioGui- marães, que já havia colaborado com a companhia em Uakti (1988),baléhomônimoaogrupo criadoporeleem1978.Agora,Gui- marãeséoresponsávelpelacom- posição de Dança Sinfônica, sua quintacontribuiçãoparaogrupo. Em rara entrevista, Guima- rães conta ao Estado que já co- nhece a maneira de Rodrigo co- reografar.Destavez,noentanto, foi um pouco mais complexo. “Opessoalresolveufazeralgodi- ferente. Nunca tinha sido enco- mendadaumacoisagravadapor uma sinfônica. Quando Paulo e Rodrigo me procuraram, já ti- nham conversado com o maes- tro (Fabio) Mechetti e a direção daFilarmônica(deMinasGerais, queexecutaa composição).” O fundador do Uakti afirma queseinspirouemtodaasuaex- periência para compor a música deDançaSinfônica.AlunodaEsco- ladeMúsicadaUniversidadeFe- deraldaBahianosanos1960,teve aulas de composição com Ernst Widmer e, com Walter Smetak, aprendeu a criar os próprios ins- trumentos. “Ano que vem faz 50 anosqueentreinaoficinadoSme- tak. Eu não sabia quem ele era e, quandoentreilá,nãosabiaqueis- soiriamudarminhavida.” Depois da faculdade, Guima- rães tocou violoncelo em sin- fônicasdurante15anos,passan- dopela(Osesp)recémrecriada por Eleazar de Carvalho. “Para a trilha desse balé, peguei todo essematerial.ÉoqueoRodrigo falou. Fui aos baús antigos, revi a vivência da sinfônica e peças queescrevihámaistempo,com a experiência que tenho hoje.” O outro balé comemorativo dos 40 anos, Suíte Branca, tem a trilha assinada por Samuel Rosa e o Skank. Embora tenha sido umaexperiêncianova,Rosacon- ta que o processo ocorreu sem muitoesforço.Asreferênciaspa- ra a composição estão no “DNA da banda”, segundo o músico. “Tem, nessa trilha, tudo o que o Skankfoinessesmaisde20anos, um pouco de psicodelia, o dub, que é a psicodelia jamaicana e a misturacomcoisasmineiras.” Liberdade, sempre. O único problemaparaoSkankfoiencon- traroequilíbrionoexcessodeau- tonomiaqueosirmãosPedernei- ras deram, como fazem com to- dos os compositores. “Falavam ‘vailá,criaàvontade’.Emumse- gundomomento,apontavam‘is- so funciona mais, isso menos’”, diz Rosa. “No começo, fomos um pouco afoitos demais. Paulo falou:‘Nãovouterbailarinopara isso’.Perguntei:‘Porque,oelen- co é pequeno?’ Ele respondeu: ‘Não, você vai cansar os caras. Precisatermaisnuances’.” Lenine, que contribuiu com a trilha de Breu (2007) e Triz (2013),tambémsentiuopesoeo privilégiodaautonomia.“Aliber- dade opressora, sem briefing, é uma janela muito poderosa”, diz. “Para mim, é uma possibili- dade de exercitar uma musica instrumentalquerarasvezeste- nhoaoportunidadedetocar.Foi incrívelverpelaprimeiravezmi- nhamúsicaemtrêsdimensões.” Sobre as experiências, Leni- ne diz que foi um aprendizado. “Quando fiz Breu, tudo era no- vo. Com Triz, já tinha uma di- mensãorealdoquepoderia es- timular a expressão daqueles corpos. O que não mudou foi a liberdade de fazer a música.” Por isso, ele é grato. “Nós, da música,temosumdébitoenor- me com o Corpo. Durante anos,elespersistiramemacre- ditar na composição de trilhas originais.” / J.R. Companhia passa a maior parte do ano em turnê no exterior l 18 de junho de 1992 A partir de 21 (foto), o grupo deci- de usar só trilhas originais para os balés. Marco Antônio Guima- rães compõe a música da obra. l 1998 Companhia desenvolve o projeto Sambalelê, que passa a atender 120 crianças da periferia da capital mineira. l 2015 Corpo faz 40 anos, com obras inéditas: Suíte Branca, de Cassi Abranches, e Dança Sinfônica (foto), de Rodrigo Pederneiras. Maria Maria levou o Grupo Corpopara aprimeiraturnê in- ternacional em 1978. Na oca- sião, passou por sete países da AméricaLatina,alémdeLisboa eParis,ondelotouoThéâtrede la Ville. Desde aquela vez, a agenda no exterior só cresceu. Segundo o diretor artístico da companhia, Paulo Pederneiras, a maior parte das apresenta- ções é realizada fora do País, o que garante certa estabilidade financeira em tempos de crise. Nesterastrodeapariçõespor mais de 200 cidades do mundo – de Anchorage, no Alasca, a Zug,naSuíça–,oCorpofezhis- tória como o primeiro grupo brasileiro a se apresentar em teatros e festivais históricos. “Seutrabalhonopalconãoéna- da menos do que eletrizante. A companhiaéumtesouronacio- nal brasileiro e respeitada glo- balmente por sua força na dan- ça”, afirmaJoseph Melillo,pro- dutor executivo do Brooklyn AcademyofMusic,onde oCor- pojáseapresentoucincovezes. “Eu estava pesquisando tra- balhos de dança na América do Sulefuiaumaapresentaçãode- lesemoutracidadeaquinosEs- tados Unidos. Fiquei imediata- mente impressionado com a qualidadeartísticadacoreogra- fiaeashabilidadesextraordiná- riasdosbailarinos”,dizMelillo. A fama do Corpo também se espalha pelo boca a boca. Dire- tora artística da casa de espetá- culos austríaca Festspielhaus St. Pölten, Brigitte Fürle soube das qualidades da companhia pormeiodeamigosemumavia- gemaoBrasil.Naocasião,ogru- po não estava no País. “Tive de esperar até vê-los em Barcelo- na,mesesdepois. Trabalhamos muito para coordenar as datas. Na primeira temporada que fiz a programação do Festspie- lhausSt.Pölten,oCorpoestava no programa. Fiquei muito or- gulhosa. Ter a companhia pela primeiraveznaÁustriafoimui- to significativo”, diz Brigitte. Sem parar. A extensa agenda fora do Brasil foi o que obrigou oCorpoaestrearumnovobalé a cada dois anos – e não mais anualmente –, a partir de 1999. Agora, os estrangeiros que já conhecem a companhia tor- cemparaqueelaconquisteain- damaisreconhecimentonoce- nário internacional. “Não podemos comparar o Corpoanenhumaoutracompa- nhia. Diria que é um estilo úni- co”, elogia Brigitte. “Lecuona, Onqotô, Benguelê, Breu, Imã e Sem Mim demonstraram cresci- mentocoreográficoecuriosida- demusical.Oquetemsidocon- sistente é a disciplina artística excepcional dos bailarinos”, afirma Melillo. / J.R. Criadores. O Skank e Cassi Abranches (acima) e Marco Antônio Guimarães NA WEB FOTOS JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO S ão40anosconstruindoumpensamen- todedança.Nãosomenteumjeitode fazercoreografias–oquejáserialou- vável–,masalgoamais.Trata-sedeumsa- bersobreoquecompõeosseusnascimen- tos.Essepensamentodadançacomeçana relaçãoentrecriaçãoeelenco,naquala músicatemumpapelcentral,vital,eque culminacommodocomoosbailarinoses- tãovestidos,maquiados,penteados,qual luzvaitornarvisíveloquefazem,eemque tipodecenáriovãoapresentartudoisso. Talveztenhasidoessaamarcamaisforte queoGrupoCorpoimprimiunacenada dançanoBrasil.Fazendodorigoroseudia- pasão,transformouseunomeemumselo dequalidade.Osresponsáveispelaconfec- çãodestepadrãoforamaquelesque,aolon- godessasquatrodécadasdeatuação,fize- rampartedaequipecomandadaporPaulo Pederneiras,odiretorartístico,aqueleque sabeorganizaremodelaramatériapreexis- tente(odemiurgo,nosentidodePlatão). Cadaqual,noseufazerespecífico,agre- gouváriascamadasdeexpertisenessalapi- daçãopermanente. Nosúltimosanos,essenúcleoacabouse concentrandonalongaparceriaentrePaulo Pederneiras(tambémresponsávelpelace- nografiaeiluminação),RodrigoPedernei- ras(coreografia)eFreusaZechmeister(fi- gurinosevisagismo). Odesenvolvimentodeumalínguapró- priaempreendidoporRodrigoPederneiras ocupaoeixocentralnesseprocesso. Guiadopelamúsica,seumododecoreo- grafarsempreesteveporosoàsdançasque existiamnoscorposdosseusintérpretes. Àmedidaqueosbailarinosforamtrazen- doinformaçõesquenãomaisvinhamexclu- sivamentedotreinamentoparaacena,seu processodecriaçãoganhousoluços,que- bras,curvas,espiralamentos,outrostipos deênfasenoataqueenafinalizaçãodomo- vimento. Masfoinospas-de-deux–quetratouco- mominilaboratóriosdeváriostiposdeou- sadias–queeleconquistouamaestria.Se coubessefalaremumlegado,quemsabe possaestarsendodesenhadoagora,quando acompanhiacelebraseu40ºaniversário apresentandoumanovacoreógrafa,Cassi Abranches. AssimcomoRodrigoPederneirasfeza refundaçãodoGrupoCorpoquandocome- çouariscaroqueotempotransformariana suaassinaturapessoalnadança,quemsabe caberáaCassiAbranchesumapróximare- fundação,nestefluxodevivacidadeque vemtecendoahistóriadestacompanhia. Quandoapostanestapossibilidade,asóli- datrajetóriadoGrupoCorpo,peloBrasile pelomundo,explicitaquepavimentaráa continuidadedoseupercursotecendooho- jecomoagora.Reconhecidonacionalein- ternacionalmente,oGrupoCorpotransfor- mou-seemumapotentereferêncianaeda dançaqueseproduznoBrasil.Emtempos demesmiceglobalizada,nãoépoucacoisa. Inspiração. ‘Dança Sinfônica’ homenageia pessoas que passaram pelo Grupo Corpo Composições são ponto departidadostrabalhos Grupo constrói, há 40 anos, um pensamento específico de dança l Antes de se tornar a sucessora anunciada de Rodrigo Pedernei- ras, Cassi Abranches teve de se desdobrar para ser aceita como bailarina do Grupo Corpo. Fez duas audições da companhia. Foi preterida em ambas. Só conse- guiu a vaga após se mudar para Belo Horizonte e pedir para fazer aulas na sede do grupo. A insis- tência resultou na contratação. No Corpo, dançou de 2001 a 2013. Resolveu deixar o palco para se dedicar ao trabalho de coreógrafa, que havia começado em 2009. “Foi difícil parar”, diz. “Entendi que precisava me desco- lar e andar com minhas próprias pernas, até para que um dia eu voltasse.” Entre os projetos que ganharam sua assinatura estão o balé GEN, da São Paulo Compa- nhia de Dança, e um segmento do filme Rio Eu Te Amo. / J.R. Novos trabalhos têm trilha de Marco Antônio Guimarães e Samuel Rosa; o ponto em comum é a liberdade para compor Fotos. Veja imagens de todos os espetáculos estadao.com.br/e/ocorpo ] ANÁLISE: Helena Katz Cassisóentrou nogrupona terceiratentativa MIGUEL AUN/DIVULGAÇÃO 6 NA WEB Especial. Conheça osmomentos históricos estadao.com.br/e/40anos 6