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Biografias –
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Gilvan José Meira Lins Samico (Recife: 1928-2013)
Iniciou autodidaticamente como pintor.Gravador, pintor, desenhista, professor.
Em 1952 funda, juntamente com outros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte
Moderna do Recife- SAMR, idealizado por Abelardo da Hora (1924).
Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de
Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo- MAM-SP. Em 1958 transfere-se
para o Rio de Janeiro, onde cursará gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola
Nacional de Belas Artes. Dedica-se à elaboração de texturas elaboradas em seu trabalho.
Em 1957, 1958 e 1960 obteve os primeiros prêmios no setor de gravura do SPMEP. Fez
parte ainda do VII ao XVII SNAM (de 1958 a 1968/ prêmio de aquisição em 1960,
certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagens ao país em 1962 e de viagem
ao estrangeiro em 1968), V Bienal de Tóquio (1959); Bienal de Arte Litúrgica (Trieste,
1959); I e II Bienais de Paris (1959 e 1961); I e II Panorâmicas de Artes Plásticas de
Pernambuco (Recife: 1959 e 1962); VI, VII e IX BSP(Binais de São Paulo, entre 1961 e
1967), XXXI Bienal de Veneza (1962/ Prêmio de arte litúrgica) I Bienal Americana de
Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF(1965), participando também das mostras
Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e Oficina Pernambucana
(Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967).
Realizou exposições individuais nas galerias Lemac (Recife, 1960) e do Teatro
Popular do Nordeste (Recife, 1966), Na Petite Galerie (1965) e na Universidade Federal
da Paraíba.
Em 1965 passa a se fixar em Olinda e leciona xilogravura no setor de artes plásticas na
Universidade Federal da Paraíba.
Ao receber o prêmio do 17º Salão Nacional de Arte Moderna viaja ao exterior e
permanece assim por dois anos na Europa. Em 1971 é convidado por Ariano Suassuna a
integrar o Movimento Armorial. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro
popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização da xilogravura. Suas
gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros provenientes de lendas e
narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos.
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Comentário Crítico:
Gilvan Samico inicia-se em pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de
Arte Moderna do Recife - SAMR, criada por Abelardo da Hora (1924), que tem
importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é criar
no Recife um amplo movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásticas, teatro
e música, incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações. Em 1952,
Samico é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da SAMR, centro de estudos
de desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social.
Vem para São Paulo em 1957, onde tem aulas com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola
de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Da convivência com
Abramo Samico guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da madeira
e o interesse pelas texturas muito elaboradas. O artista passa a criar ritmos lineares, que
se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras.
Viaja no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde freqüenta o curso livre de gravura de
Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O contato com
o gravador é percebido no emprego de atmosferas noturnas em seus trabalhos, utilizando
número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor.
Sua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, através da
literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é
então povoado por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas
populares, e também por muitos animais e seres fantásticos: leões, serpentes, dragões.
Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força
expressiva. A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a
bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por
exemplo, em O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso, 1963. A xilogravura Suzana no
Banho, 1966 apresenta características formais que se tornam constantes na obra de
Samico: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição,
emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço.
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Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais longamente à realização de
cada gravura, chegando a produzir uma matriz por ano. Exercita com a goiva toda uma
variedade de cortes, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado. Nos trabalhos
recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando motivos originários
da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A Espada e o Dragão, 2000, por
exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso da cor.
Ao se referir ao seu trabalho, disse Ferreira Gullar: “(...) acordam em nós uma
emoção atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas
dos temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua
iconografia”.
E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade
brasileira são fáceis de perceber. É o Nordeste que o inspira, o Nordeste visto através das
gravuras que ilustram os cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e do
fantástico, de uma imaginação poderosa e mórbida que mescla caboclos, santos,
monstros, diabos e estranhas aves de rapina”.
José Roberto Teixeira Leite analisou sua obra em A Gravura Brasileira
Contemporânea (1965). Foi também incluído em um dos álbuns de gravadores brasileiros
organizados por Orlando da Silva.
Wilton de Andrade Souza (Recife: 1933)
Pintor, desenhista, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo e cronista de arte.
Autodidata. Além de ser premiado várias vezes SPMEP; Nos anos 50 estuda desenho e
pintura com Reynaldo Fonseca (1925) e Abelardo da Hora. Faz parte da fundação do
Ateliê Coletivo com Abelardo, Samico, Ionaldo, Ivan Carneiro, José Claudio, Marius
Lauritzen Bern, Wellington Virgolino e o Clube de Gravura do Recife 1952. Atua como
presidente da Sociedade de Arte Moderna em 1964. Figurou nas mostras Gravuras
Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e apresentada em países
da Europa e da Ásia durante o ano de 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte
Popular da Bahia,1963) e Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário,
Recife,1965), be, como na I BNAP (1966).
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Realizou exposições individuais na Galeria de Arte do Recife(1963) e no Museu
de Arte Moderna da Bahia (1964). Apresentando, em 1965, na Galeria Bela Aurora do
Recife, quinze monotipias, figurando telhados da capital pernambucana. Foi premiado
como melhor cenógrafo de Pernambuco em 1963, pelos cenários criados para o
espetáculo Da Lapinha ao Pastoril, Além dessas atividades lança álbuns de desenhos
sobre frevo e Maracatu e cria a Galeria Itinerário em 1979. Dirige a Galeria Metropolitana
de Arte Aloísio Magalhães de 1981 a 1987 e atua como diretor do Museu Murilo Lagreca
e vice-presidente da Escolinha de Arte do Recife em 1987. É membro da Academia de
Artes e Letras no Recife e da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.
Montez Magno de Oliveira (Timbaúba-PE 1934)
Pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura
entre 1953 e 1966.
Conquistou o prêmio de Pintura no XVIII SPMEP (1958); participou ainda dos
VIII, IX, XIV, XVI, XVII e XVIII SNAM (entre 1959 e 1969/ certificado de isenção de
júri em 1967); V, VIII e IX Bienais de São Paulo (entre 1959 e 1967/ prêmio de aquisição
em 1967); IX SPAM (1962/medalha de bronze); I EJDN (1963); I e II SEAJ (1965 E
1968); I Salão de Abril (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1966); I BNAP
(1966); IV SAMDF (1967) e da mostra do Concurso de Caixas (Petite Galerie, GB,1967).
Realizou exposições individuais nas galerias do Instituto dos Arquitetos do Brasil
(seção do Recife,1957), Lemac (Recife, 1958); Seta (São Paulo, 1963); Goeld (GB,1965),
Atrium (São Paulo,1965); Ônix (Recife,1966) e Cantu (GB, 1967).
A partir de 1960 publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros.
Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 63 e 64, possibilitando assim
viajar por vários países da Europa. Vindo do Abstracionismo para a Figuração, foi dito a
respeito de seus desenhos no catálogo da exposição na Galeria Ônix (1966): “Pertencem
ao mundo complexo e intimista das sondagens efetuadas por Francisco Goya, James
Ensor, Edward Munch e Emil Nolde no mais recôndito da alma humana. Apensar deste
confronto, é nos trabalhos de Alenchinsky, Pignon e Karel Appel que vamos encontrar
maior identificação e paralelismo com os desenhos de Montez Magno”. Em entrevista
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concedida a Frederico Morais (Diário de Notícias, 9 de maio de 1968) disse o próprio
artista: Particularmente me situo entre os que se propõem a renovar constantemente no
setor da pintura e da escultura (ou do objeto). Para mim estas duas manifestações artísticas
se fundem numa só, pois meus trabalhos mais recentes são estruturas tridimensionais,
ligadas, portanto à escultura, complementadas por elementos de cor, sendo também
pintura”. Nos seus trabalhos retoma o abstracionismo de definição geométrica. Publicou
o texto “O material na obra de Arte: Mito e Preconceitos” (Jornal do Brasil, GB, 5 de
Julho de 1969). Com o prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa
e Argélia a estudos em 75. De volta ao Brasil, leciona escultura na Universidade Federal
da Paraíba. Ilustra o livro O diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de
sua própria autoria.
Wellington Virgolino (Recife 1929-1988)
Pintor, gravador e escultor. Em 1950 passa a integrar a Sociedade de Arte Moderna do
Recife e já no ano seguinte começou a participar do SPMEP, no qual recebeu menção
honrosa em escultura (1955) e o primeiro e segundo prêmios de pintura (1960 e 1961).
Em 1952 participa da fundação do Ateliê Coletivo.
Expôs nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto
Alegre, em 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963);
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Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário, 1965); Seis Artistas de
Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana
(Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1967). Tomou parte
ainda nas VI e VII Bienais de São Paulo (1961 e 1963), I BNAP (1966) e IV SAMDF
(1967).
Individualmente expôs nas galerias Astréia (São Paulo,1964), Rosenblit (1964) e Ônix
(1965), as duas últimas no Recife. A seu respeito disse Walter Zanini, em 1967: “A raiz
popularesca (...) amolda-se perfeitamente ao caráter simbólico e arcaizante de suas
representações dominadas por um certo tema exposto com clareza e concisão, não
obstante a avassalante presença dos motivos de preenchimento que movimentam e
enriquecem todos os aspectos da composição. Na cor densa e ‘úmida’ transparece ainda
a sensibilidade equatorial deste pintor que soube definir uma própria e instintiva fantasia
poética”.
José Cláudio (Ipojuca 1932)
Pintor, desenhista, crítico de arte e escritor. Em 52 faz parte da fundação do Ateliê
Coletivo da SAMR. Posteriormente, em Salvador, é orientado por Mario Cravo Júnior
(1923), Carybé (1911-1997) e Jenner Augusto (1924-2003), Viaja à São Paulo em 55
onde, inicialmente, trabalha com Di Cavalcanti (1924-1976)estudando também gravura
com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo. Recebe
bolsa de estudos da fundação Rotelini em 57, permanecendo por um ano em Roma na
Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos
sobre artes plásticas para o Diário da Noite, em Recife.
Suas pinturas são marcadas por um caráter figurativo que retratavam cenas regionais e
paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. Escreve ao longo de sua
carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a
mostra Oficina Pernambucana (1967).
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Comentário Crítico
José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do
Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington
Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de desenho
e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre 1952 e 1957.
Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior
(1923),Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003).
O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 -
1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em
1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma,
na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve
artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife.
José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens
do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do Mercado (1972) ou
Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973), destaca-se o diálogo
com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e o colorido intenso. Em
suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola de Paris e também pelos
expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da década de 1970. O carnaval é
o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei Agora (ambos de 1974), com cores
vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de expedição à Amazônia, promovida
pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, registrando em vários desenhos
a óleo diversos aspectos regionais.
Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O Repouso
do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela a
tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos formais,
que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como Ipojuca e
Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas.
O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições
de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre
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outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários
artistas que integram o grupo.
Ionaldo Andrade Cavalcanti ( Recife 1933- São Paulo 2002)
Desenhista, artista gráfico. Em 1949, segundo a enciclopédia Itaú Cultural, ele
inicia autodidaticamente em pintura.Em 52 participa da fundação do Ateliê Coletivo.
Entretanto em 59 passa a fixar-se em São Paulo onde em 62 atua também como professor
de desenho e pintura na Galeria Dearte. Em 65 executa o álbum de desenhos PEGI, em
77 lança o livro O Mundo dos Quadrinhos, pela Editora Símbolo e em 88 lança o livro
Esses Incríveis Heróis do Papel, pela Editora Mater.
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Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife 1925)
Pintor, muralista, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Frequentava como ouvinte
a Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde se torna aluno de Lula Cardoso
Ayres (1910-1987), e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 passa a residir no
Rio de Janeiro e estuda com Candido Portinari por seis meses.Entre 1948 e 1949 esteve
na Europa. É também um dos fundadores da SAMR, realiza viagem de estudos à Europa,
em 48.Estuda gravura em metal com Henrique Oswald (1918-65) no Liceu de Artes e
Ofícios do Rio de Janeiro, entre 49 e 51.
Em 1966: O mundo de Reinaldo Fonseca é fechado, mas por isso mesmo, povoado
de sonhos e de mitos (...) é um mundo oblíquo e dissimulado o desse pintor, que é bastante
sábio e refinado para esmaltar sua cor em transparências que parece ter herdado dos
nomes mais ilustres da tradição renascentista ou pré-renascentista e, ao mesmo tempo,
bastante primitivo para se deslumbrar com isso, como qualquer homem do povo que se
extasia com o “bem pintado”. E Valmir Ayala acrescentaria, no catálogo de sua mais
recente exposição individual na galeria Bonino (GB, 1969): “Personagens, perspectivas,
objetos, gestos, se sucedem para criar uma nítida visão do mundo – que se aliena da
circunstância, na medida em que compreende a grandeza da fuga maior: a do milagre, da
levitação, da faina familiar, do supra real, o descanso dos gatos, uma dança maliciosa de
demonologia enraiada nas coisas que passam e se transformam”.
Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela,
apresentando produções figurativas. Em meados de 52, torna-se professor catedrático de
desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco.
Frequenta o ateliê Coletivo e realiza cursos de desenho. Em Recife, realiza mural para o
Banco do Brasil, em 64. Volta a morar no Rio de Janeiro em 69, e retorna ao Recife na
década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas
de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 94 hove no Centro
Cultural do Banco do Brasil (CCBB)uma mostra retrospectiva de sua produção no Rio de
Janeiro e em São Paulo
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Comentário crítico:
Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife -
SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação
de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes
plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos
de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática
regional.
O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam
renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela,
gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do
desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de
fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.
Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com
crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza,
que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do
primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-
americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto
Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre
o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente,
e por vezes com uma parcela de ironia.
João Câmara Filho (João Pessoa PB 1944)
Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, professor e crítico. Estuda pintura no
curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, entre 1960
e 1963. Nesse ano é eleito presidente da Sociedade de Arte Moderna do Recife e cursa
xilogravura, sob a orientação de Henrique Oswald (1918-1965) e Emanuel Araújo (1940),
na Escola de Belas Artes de Salvador.
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Conquistou os primeiros prêmios de pintura e gravura nos SPMEP de 1962 e 1964.
Figurou ainda no XI Festival Universitário de Arte (Belo Horizonte, 1962/ primeiro
prêmio de pintura e segundo de desenho). I BNAP (1966/ prêmio de aquisição em pintura,
III Bienal Americana de Arte (Córdoba, Argentina, 1966/ prêmio de Bolsa de Comércio
de Córdoba/ foi incluído também numa seleção de artistas dessa Bienal exibida no Museu
de Arte Moderna de Buenos Aires) e IV SAMDF ( 1967/ grande prêmio do salão), bem
como nas mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963),
inaugural da Galeria de Arte da Ribeira (Olinda,1964), Seis Artistas de Pernambuco
(Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo,1967).
Muito Além de apresentar seus trabalhos, juntamente com Maria Carmem e
Anchises de Azevedo, na galeria Arte da Ribeira (1965), realizou exposições individuais
nas galerias de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (1963),
Rosenblit (1964) e Ônix (1966), as duas últimas em Recife, Gastão de Holanda referiu-
se ao antilirismo e ao sentido de realismo crítico de sua arte, na qual se observam acentos
irônicos e dramáticos e a seu respeito comentou Walter Zanini, em 1967: “ suas imagens
encadeadas quase como um puzzle parecem amalgamar deuses astecas e ícones do
baralho, assumindo ar de aquilina terribilitá sombriamente derrisório”. Participando pela
primeira vez do SNAM em 1969, com três pinturas de grandes dimensões, nele recebeu
o certificado de isenção de júri. Tem publicado, regularmente, artigos sobre artes plásticas
na imprensa pernambucana, inclusive no Diário de Pernambuco.
Em 1964, funda, com Adão Pinheiro (1938), José Tavares e Guita Charifker
(1936), o Ateliê Coletivo da Ribeira e, em 1965, o Ateliê +Dez, ambos em Olinda. Entre
67 e 70, leciona pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Paraíba. Em
74, monta um ateliê de Litografia, transformando depois na Oficina Guaianases de
Gravura, que, a partir de 95, é incorporada ao Laboratório de Artes Visuais da UFPE. A
partir da década de 60, a produção de João Câmara caracteriza-se por apresentar, ao lado
de figuras humanas com seus corpos estruturados, representações de corpos
fragmentados, o que confere um caráter de estranheza aos trabalhos. Na década de 1970,
inicia a realização das séries Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974- 1976) e Dez
Casos de Amor e uma Pintura de Câmera (1977-1983). Em 1986, realiza a série O Olho
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de meu Pai sobre a Cidade, em que faz uma homenagem ao seu pai e à Recife. Em 2001,
conclui a série Duas Cidades, que tem como cenário Olinda e Recife.
Quando Aracy Amaral em seu livro Arte para que? Faz uma abordagem sobre a
ineficiência da arte ela cita como exemplo uma série de quadros feitos por João Câmara
como se houvesse por parte do artista o desejo de manter a ambiguidade na postura em
relação aos quadros, onde em sua série de pinturas sobre a época de Getúlio Vargas, que
mesmo que estivesse longe de se parecer uma pintura histórica, tem, segundo Aracy, uma
estrutura imagética intrincada, que se torna difícil desvincular a denúncia da exaltação.
E, no entanto, esta série foi alvo de aquisição pelo Estado, assim como o artista vendeu
uma série de cem litografias que acompanhava a série.1
Comentário Crítico
Em 1959, João Câmara começa a pintar paisagens, sob a orientação do pintor José
Tavares. Em 1960, ingressa no curso científico do Colégio Nóbrega, no Recife, e no curso
livre de pintura da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, que freqüenta até 1963.
Estuda com Mário Nunes (1889 - 1982) e Laerte Baldini, entre outros, e,
esporadicamente, com Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970). Interessa-se pelo
cubismo e pós-cubismo de Pablo Picasso (1881 - 1973) e pelo trabalho de Abelardo da
Hora (1924), Francisco Brennand (1927), Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), Reynaldo
Fonseca (1925) e Wellington Virgolino (1929 - 1988). Já revela nesse período sua
preferência por pintar grandes superfícies, que se desdobram em dípticos, trípticos ou
polípticos.
Na década de 1960, sua produção aproxima-se do expressionismo e do fauvismo. Em
algumas obras enfoca a violência, e o caráter trágico da composição acentua-se pelo uso
de tons escuros que se contrapõem aos vermelhos e azuis fortes, como pode ser observado
em Vietonose Perfil III (1966) e Exposição e Motivos da Violência (1967).
EmTestemunhal, Reconstituição e Uma Confissão (todas de 1971), aborda a tortura e a
1
Amaral,Aracy. Arte para que? Pag.12.
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opressão humana. O artista, ao voltar-se para o corpo do homem, submete-o a torções e
deformações, sem prejuízo de certo erotismo.
Em 1963, faz curso de xilografia, orientado por Henrique Oswald (1918 -
1965) e Emanoel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes, em Salvador. No início dos
anos 1970, começa a realizar litografias e, com Delano, improvisa um ateliê dessa técnica
no Recife, posteriormente transferido para o Mercado da Ribeira, em Olinda. Trabalha a
litografia com liberdade, e a utiliza ainda como uma espécie de ensaio para as grandes
pinturas. João Câmara realiza muitas séries de pinturas e gravuras, como Cenas da Vida
Brasileira 1930/1954 (1974-1980) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de
Câmara (1977-1980), que inclui montagens e objetos. Em Cenas da Vida Brasileira, não
busca reproduzir a veracidade dos acontecimentos políticos do período, mas vincula
personagens históricos, como Getúlio Vargas (1882 - 1954), a objetos insólitos e
personagens fictícios, criando uma narrativa própria, um passado imaginário, ao qual se
mesclam as suas recordações da infância. Já em Dez Casos de Amor e uma Pintura
de Câmara, a mulher surge como personagem principal. Nessa série, o artista acrescenta
diversos elementos à superfície da tela, como ilhoses, parafusos, couro, tecido e chumbo.
Além dos temas políticos e dos retratos, a temática regionalista torna-se mais constante
em sua produção a partir da década de 1980. Na série O Olho de Meu Pai sobre a
Cidade(1986), faz uma homenagem ao pai e à cidade do Recife, e começa a realizar, nos
anos 1990, a série Duas Cidades, com obras que têm como cenário Recife e Olinda.
Para a estudiosa Almerinda da Silva Lopes, o projeto poético de João Câmara, desde o
início de sua atuação profissional, consiste em traduzir, plasticamente, uma visão crítica
da sociedade. Sua obra dialoga com a história política brasileira, com a arte e a mitologia.
O artista cria dessa forma, em seus trabalhos, metáforas com as quais ironiza o poder e as
relações sociais.
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Anchises Azevedo (Salvador BA 1933)
Pintor e gravador. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de
Raimundo Cela, entre 47 e 51. Em 55, já aqui em Recife, estuda com Giordano Severi e
ingressa na SAMR e ganha o primeiro Salão de Pintura do Museu do Estado em 1956.
Em 60, cursa desenho no Liceu de Artes e Ofícios de Recife, em 75, executa um mural
em concreto no Edifício Saara em Boa Viagem.
Hélio Feijó (Recife 1913- 1991)
Desenhista, Pintor, Arquiteto. Hélio Feijó nasceu em 26 de janeiro de 1913 na
cidade de Recife, Pernambuco. Hélio Feijó foi um dos mais completos e inovadores
artistas na história da arte pernambucana e brasileira. Discípulo de Cândido Portinari e
Carlos Chamberland, durante sua trajetória cultural produziu importante conjunto de
obras em diversos campos das artes plásticas. Como pintor, deixou grande legado em
murais, pinturas, cenários, caricaturas, gravuras, desenhos e artes gráficas. Inovou
criando, em 1941, uma técnica de impressão onde se misturam fotografia e desenho.
Como arquiteto, teve atuação de destaque integrando a equipe precursora do movimento
moderno da arquitetura brasileira no Recife. Em 1949, recebeu o prêmio Le Corbusier,
no VI Salão de Arte Moderna, em São Paulo, com o projeto arquitetônico “Sistema de
Autoventilação”.
Como poeta, publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas do nordeste.
Exerceu grande influência na disseminação do movimento modernista no nordeste,
sendo o fundador do Grupo dos Independentes, em 1933, e da Sociedade de Arte
Moderna, em 1947. Sua última grande exposição foi na Galeria Nega Fulô na década de
70. Passou seus últimos anos na ilha de Itamaracá, Pernambuco. Faleceu no dia 9 de
setembro de 1991nacidade onde nasceu.
Coletiva – Participação de Eventos
1931 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil - Salão Revolucionário (1931 : Rio de
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Janeiro, RJ) - Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro RJ)
1975 - Recife - Pernambuco - Brasil - Coletiva de Abertura (1975 : Recife, PE) -
Ranulpho Galeria de Arte (Recife, PE)
1976 - São Paulo - São Paulo - Brasil - O Desenho em Pernambuco (1976 : São Paulo,
SP) - Galeria Nara Roesler (São Paulo, SP)
1983 - Olinda - Pernambuco - Brasil - Hélio Feijó e Aprígio (1983 : Olinda, PE) - sem
local de realização definido.
1984 - São Paulo - São Paulo - Brasil - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura
brasileiras (1984 : São Paulo, SP) - Fundação Bienal (São Paulo, SP)
Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata 1924- 2014)
Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Estudou na Faculdade de
Direto de Olinda, posteriormente, frequentou o curso livre de escultura da Escola de Belas
Artes de Recife, onde foi aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 40, realizou
vários trabalhos em cerâmica para Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas e
motivos regionais. Em 47, participa da criação da SAMR, que dirige durante dez anos e
onde criou, em 1952, o Ateliê Coletivo. Obteve medalha de bronze em escultura no
SNBA de 1950 e o primeiro prêmio nessa especialidade noa SPMEP de 1952 e 1956,
sendo sua gravura Enterro de Camponês premiada pelo Clube de Gravuras do Recife em
1953. Figurou ainda nos VI e XV SNAM (1957 e 1966) e nas mostras Gravuras
Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e exibida em países da
Europa e da Ásia em 1954), Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,
1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São
Paulo, 1967).
Participou diretamente das atividades do Movimento de Cultura Popular, do
Recife, até quando elas foram encerradas em 1964, teve um álbum de desenhos lançado
em 1962, por essa entidade, com o título de Meninos do Recife, Sua temática social é
demarcada também nas esculturas.
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A respeito do qual disse Mário Barata: “Sensível aos valores plásticos e visuais
do modernismo, Abelardo exerce sua emocionalidade no âmbito dos temas humanos da
desgraça profunda de nossa gente. No artista ele supera o cotidiano e eterniza-se no traço
e no claro-escuro de um desenho novo, não retórico na sua essencialidade figurativa”.
Anteriormente a 1964, além de exercer o magistério (vários artistas pernambucanos com
ele se formaram).
É integrante também da fundação do Ateliê Coletivo, dirigindo-o entre 1952 e
1957. Será neste período que Abelardo passará a produzir esculturas para praças do
Recife, com representação de tipos populares
Durante a década de 60, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de
Parques e jardins, secretário de Educação e diretor da Dvisão de Artes Plásticas e
Artesanato em Recife. É integrante da fundação do Movimento de Cultura Popular –
MCP, movimento que abrange não só as artes plásticas, mas música, dança e teatro. Em
1986 é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, gerido pela Prefeitura do Recife.
Comentário Crítico
Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é
visível a influência da obra de Candido Portinari (1903 - 1962). Na xilogravura Meninos
do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas,
apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é
revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em
cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de
sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para
praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na
cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de
Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como em
Desamparados e Água para o Morro (ambos de 1974).
Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico
pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife - SAMR,
com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de
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educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952
oAteliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes
representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico (1928), José Cláudio
(1932) eAloísio Magalhães (1927 - 1982), entre outros.
Raul Córdula Filho (Campina Grande PB 1943)
Pintor, artista plástico, cenógrafo, professor, crítico de arte. Inicia a pintura sob
orientação de seu amigo Flávio Bezerra de Carvalho. EM 1959, ilustra poesias da Geração
59, grupo de poetas paraibanos que edita o Suplemento Literário A União nas Letras e
nas Artes. No início da década de 60, viaja para o Rio de Janeiro e estuda história da arte
no Instituto de Belas Artes e técnica em pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro, onde se torna aluno e Domenico Lazzarini (1920-1987). Entre 1963 e 65 é
supervisor de setor de artes plásticas da Universidade Federal da Paraíba. Atua como
cenógrafo em várias emissoras de televisão, entre 65 e 72. Em 67, torna-se diretor do
Museu de Arte Assis Chateaubriand de Campina Grande- Maac. Em 1977, idealiza o
Núcleo de Arte Popular e Artesanato – NAP, da casa de Arte Contemporânea da UFPB.
Leciona história da arte e fundamentos da linguagem visual nos cursos de educação
artística e arquitetura e urbanismo do Departamento de Artes entre 78 e 88. É contratado
em 1994 pelo Museu de Arte Moderna da Bahia para coordenar a implantação do Salão
MAM-Bahia de artes plásticas. Entre 97 e 98 torna-se diretor de desenvolvimento
artístico e cultural da fundação Espaço Cultural da Paraíba- Funesc.
Comentário Crítico
No início da carreira, Raul Córdula realiza obras figurativas, e mantém diálogo com a arte
pop e a nova figuração. O artista parte de desenhos infantis e sinais do meio urbano, como
[Digite aqui]
os de trânsito. Seu trabalho apresenta concisão de formas e cores, utilizando cada vez
mais os signos e símbolos na construção de obras ligadas ao abstracionismo geométrico.
A partir da década de 1980, explora as tensões e distensões da superfície articulada em
planos triangulares, fase denominada pela crítica como "nova geometria". Como nota o
crítico Paulo Sérgio Duarte, em suas telas Córdula revela também uma ligação com a
paisagem nordestina, que transparece no uso da paleta de tons luminosos que distingue
sua produção.
Ladjane Maria Ladjane Bandeira de Lira
Nasceu em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, em 5 de junho de 1927 e
faleceu em Recife, no dia 24 de março de 1999. Em 1942 fez colaboração poética para a
“Gazeta de Nazaré”, no ginasial. Dirigido pelo Padre Daniel Lima, cujo jornal tinha uma
grande circulação no meio intelectual de Recife. Aos 20 anos, em 1947, mudou-se para o
Recife e cursou Especialização Pedagógica (Pós-graduação). Em 1948 tornou-se
integrante fundadora da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), juntamente com
os artistas plásticos Abelardo da Hora e Hélio Feijó. Nesse mesmo ano realizou sua
primeira individual de pintura e desenho no Salão Nobre da Faculdade de Direito do
Recife, com trabalhos figurativos. Esta exposição suscitou comentários, reportagens,
entrevistas e críticas nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commércio, Folha da
Manhã, Jornal Pequeno, assinados por alguns intelectuais, por exemplo, Waldimir Maia
Leite, Guerra de Holanda, Aderbal Jurema, Mário Melo e Luís Teixeira. Em 1949 iniciou
suas primeiras colaborações literárias e artísticas para o Suplemento Literário do Jornal
do Commércio (PE), Diário de Pernambuco (PE), Correio da Manhã (RJ) e Revista
Branca (RJ). Ilustrou neste ano, o livro “FÁBULA SERENA” de Darcy Damasceno
(Editora Orfeu, RJ) e fez ilustrações para Revista NORDESTE de Esmaragdo Marroquim
e Aderbal Jurema.
Nos anos 1950 publicou história em quadrinhos no Diário da Noite (Recife/PE),
ilustrando a vida do sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre por ocasião das
comemorações do cinquentenário de seu nascimento. Realizou individual no Gabinete
Português de Leitura do Recife, tendo fundado, dirigido e colaborado com a página
individual do Gabinete. Em 1952 fundou e dirigiu até 1962 a página ARTE do Diário da
Noite, em Recife. Em 1955, aos 28 anos, conquistou o PRÊMIO UNIVERSIDADE
[Digite aqui]
FEDERAL DE PERNAMBUCO, em Pintura, realizado anualmente no Museu do Estado.
Realizou individual no Gabinete Português de Leitura (1956), participou do V SALÃO
DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro em 1957 e neste mesmo ano iniciou curso de
Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
Proferiu diversas palestras sobre "Arte" patrocinadas pela Sociedade de Arte Moderna do
Recife (SAMR). Um marco importante em 1958, aos 31 anos, foi a execução de um painel
concretista, em grandes dimensões, para a Escola Politécnica do Recife, abstração
geométrica em vidrotil, e a realização da exposição individual “Dez anos de Pintura e
Desenho” inaugurando a Galeria Lemac de Arte no Recife. Participou da I Feira de Arte
do Recife, criação do Nordeste e Artístico, patrocinada pela Sociedade de Arte Moderna
do Recife (SAMR) e da I Panorâmica de Artes Plásticas do Recife. Neste ano assumiu a
direção artística da Revista Nordeste e da Editora do Nordeste.
A artista e crítica, ao longo de sua trajetória, realizou inúmeras conferências sobre
História da Arte, variadas exposições, pertenceu a Associação Internacional de Artistas
Plásticos, Sociedade de Arte Moderna do Recife, Associação de Artistas Plásticos
Profissionais de Pernambuco, Associação Brasileira de Críticos de Arte, Associação
Internacional de Arte, Academia de Ciências de Pernambuco, Academia de Letras e Artes
do Nordeste Brasileiro, Gabinete Português de Leitura, Fundação Joaquim Nabuco, Pen
Club do Brasil. Fez belas ilustrações e recebeu diversas medalhas, homenagens e prêmios
em reconhecimento a suas produções artísticas e literárias. Em 1981 foi eleita com
“Medalha de Ouro” para a Academia Itália de Artes e Ofícios, em Parma na Itália. Foi
homenageada com uma Sala Especial no XXXIV Salão de Artes Plásticas de
Pernambuco. Para a sua série A Biopaisagem foi organizada uma exposição em sala
especial no Museu do Estado de PE. Gravou para o Museu da Imagem e do Som. Foi
membro da União Brasileira de Escritores, seção Pernambuco, tem dois livros publicados
e dezenas de outros inéditos. Essa breve trajetória da artista aponta para sua inserção no
campo da cultura e das artes plásticas em Pernambuco e no Brasil, o que permite apostar
na importância dessa pesquisa para o Estado de Pernambuco, para a ampliação das
versões sobre a história das artes no Brasil, inserindo Pernambuco como um dos centros
de produção não apenas das artes visuais, mas sobremaneira, na produção da critica de
arte e seus impactos no meio artístico. (1960) ocorre exposição coletiva de inauguração
da Galeria de Arte do Recife, promovida pelo Movimento de Cultura Popular, ao lado de
artistas mais jovens, como Anchises Azevedo, Gilvan Sâmico, Montez Magno, José
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Cláudio. Foi incluído (Vicente do Rego) também, por Ariano Suassuna, na exposição
Pintores Pernambucanos Contemporâneos que integrou o Congresso Brasileiro de Crítica
e História Literária na então Universidade do Recife em 1960.
No livreto que traz a lista de obras, Suassuna explica os critérios de seleção dos artistas e
de organização da exposição. Vicente foi incluído na geração “modernistas, com sua
variante regionalista” (ao lado de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres), que era precedida
pelos pintores “chamados acadêmicos ou conservadores” (Murillo La Greca, Fédora do
Rego Monteiro Fernandes, Baltazar da Câmara, Mário Nunes), e que abriria caminho para
a “geração que sucede”, composta por Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, Aloísio
Magalhães. Duas exceções: Joaquim do Rego Monteiro e Adão Pinheiro. O primeiro, por
ser um pintor vanguardista que morrera muito novo, o segundo, por ser, nas palavras de
Suassuna, uma “homenagem da Universidade aos mais novos, dos quais ele é realmente
um dos melhores”. Nessa geração dos mais novos, ou dos que mereceriam figurar na
exposição, Suassuna menciona Ladjane Bandeira, Elezier Xavier, Montez Magno e
Wellington Virgolino (SUASSUNA, 1960). Exibindo telas datadas dos anos 1920, essa
exposição organizada por Ariano Suassuna talvez seja uma das primeiras nas quais
Vicente figura não como um artista atuante, mas como um artista incorporado ao
patrimônio de um modernismo pernambucano já consolidado.
[Digite aqui]
Bibliografia:
DINIZ, Clarissa, Gleyce Kelly Heitor e Paulo Marcondes Soares (ORG.). Crítica de Arte
em Pernambuco: escritos do século XX. Azougue. Recife, 2012.
AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. Perspectiva. São Paulo. 1970;
PONTUAL, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Ed. Civilização
Brasileira. Rio de Janeiro. 1997.
Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br

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  • 2. [Digite aqui] Gilvan José Meira Lins Samico (Recife: 1928-2013) Iniciou autodidaticamente como pintor.Gravador, pintor, desenhista, professor. Em 1952 funda, juntamente com outros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife- SAMR, idealizado por Abelardo da Hora (1924). Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo- MAM-SP. Em 1958 transfere-se para o Rio de Janeiro, onde cursará gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola Nacional de Belas Artes. Dedica-se à elaboração de texturas elaboradas em seu trabalho. Em 1957, 1958 e 1960 obteve os primeiros prêmios no setor de gravura do SPMEP. Fez parte ainda do VII ao XVII SNAM (de 1958 a 1968/ prêmio de aquisição em 1960, certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagens ao país em 1962 e de viagem ao estrangeiro em 1968), V Bienal de Tóquio (1959); Bienal de Arte Litúrgica (Trieste, 1959); I e II Bienais de Paris (1959 e 1961); I e II Panorâmicas de Artes Plásticas de Pernambuco (Recife: 1959 e 1962); VI, VII e IX BSP(Binais de São Paulo, entre 1961 e 1967), XXXI Bienal de Veneza (1962/ Prêmio de arte litúrgica) I Bienal Americana de Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF(1965), participando também das mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967). Realizou exposições individuais nas galerias Lemac (Recife, 1960) e do Teatro Popular do Nordeste (Recife, 1966), Na Petite Galerie (1965) e na Universidade Federal da Paraíba. Em 1965 passa a se fixar em Olinda e leciona xilogravura no setor de artes plásticas na Universidade Federal da Paraíba. Ao receber o prêmio do 17º Salão Nacional de Arte Moderna viaja ao exterior e permanece assim por dois anos na Europa. Em 1971 é convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização da xilogravura. Suas gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros provenientes de lendas e narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos.
  • 3. [Digite aqui] Comentário Crítico: Gilvan Samico inicia-se em pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, criada por Abelardo da Hora (1924), que tem importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é criar no Recife um amplo movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásticas, teatro e música, incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações. Em 1952, Samico é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da SAMR, centro de estudos de desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social. Vem para São Paulo em 1957, onde tem aulas com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Da convivência com Abramo Samico guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas. O artista passa a criar ritmos lineares, que se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras. Viaja no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde freqüenta o curso livre de gravura de Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O contato com o gravador é percebido no emprego de atmosferas noturnas em seus trabalhos, utilizando número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor. Sua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, através da literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é então povoado por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas populares, e também por muitos animais e seres fantásticos: leões, serpentes, dragões. Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força expressiva. A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por exemplo, em O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso, 1963. A xilogravura Suzana no Banho, 1966 apresenta características formais que se tornam constantes na obra de Samico: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição, emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço.
  • 4. [Digite aqui] Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais longamente à realização de cada gravura, chegando a produzir uma matriz por ano. Exercita com a goiva toda uma variedade de cortes, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado. Nos trabalhos recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando motivos originários da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A Espada e o Dragão, 2000, por exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso da cor. Ao se referir ao seu trabalho, disse Ferreira Gullar: “(...) acordam em nós uma emoção atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas dos temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua iconografia”. E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade brasileira são fáceis de perceber. É o Nordeste que o inspira, o Nordeste visto através das gravuras que ilustram os cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e do fantástico, de uma imaginação poderosa e mórbida que mescla caboclos, santos, monstros, diabos e estranhas aves de rapina”. José Roberto Teixeira Leite analisou sua obra em A Gravura Brasileira Contemporânea (1965). Foi também incluído em um dos álbuns de gravadores brasileiros organizados por Orlando da Silva. Wilton de Andrade Souza (Recife: 1933) Pintor, desenhista, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo e cronista de arte. Autodidata. Além de ser premiado várias vezes SPMEP; Nos anos 50 estuda desenho e pintura com Reynaldo Fonseca (1925) e Abelardo da Hora. Faz parte da fundação do Ateliê Coletivo com Abelardo, Samico, Ionaldo, Ivan Carneiro, José Claudio, Marius Lauritzen Bern, Wellington Virgolino e o Clube de Gravura do Recife 1952. Atua como presidente da Sociedade de Arte Moderna em 1964. Figurou nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e apresentada em países da Europa e da Ásia durante o ano de 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário, Recife,1965), be, como na I BNAP (1966).
  • 5. [Digite aqui] Realizou exposições individuais na Galeria de Arte do Recife(1963) e no Museu de Arte Moderna da Bahia (1964). Apresentando, em 1965, na Galeria Bela Aurora do Recife, quinze monotipias, figurando telhados da capital pernambucana. Foi premiado como melhor cenógrafo de Pernambuco em 1963, pelos cenários criados para o espetáculo Da Lapinha ao Pastoril, Além dessas atividades lança álbuns de desenhos sobre frevo e Maracatu e cria a Galeria Itinerário em 1979. Dirige a Galeria Metropolitana de Arte Aloísio Magalhães de 1981 a 1987 e atua como diretor do Museu Murilo Lagreca e vice-presidente da Escolinha de Arte do Recife em 1987. É membro da Academia de Artes e Letras no Recife e da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro. Montez Magno de Oliveira (Timbaúba-PE 1934) Pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura entre 1953 e 1966. Conquistou o prêmio de Pintura no XVIII SPMEP (1958); participou ainda dos VIII, IX, XIV, XVI, XVII e XVIII SNAM (entre 1959 e 1969/ certificado de isenção de júri em 1967); V, VIII e IX Bienais de São Paulo (entre 1959 e 1967/ prêmio de aquisição em 1967); IX SPAM (1962/medalha de bronze); I EJDN (1963); I e II SEAJ (1965 E 1968); I Salão de Abril (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1966); I BNAP (1966); IV SAMDF (1967) e da mostra do Concurso de Caixas (Petite Galerie, GB,1967). Realizou exposições individuais nas galerias do Instituto dos Arquitetos do Brasil (seção do Recife,1957), Lemac (Recife, 1958); Seta (São Paulo, 1963); Goeld (GB,1965), Atrium (São Paulo,1965); Ônix (Recife,1966) e Cantu (GB, 1967). A partir de 1960 publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros. Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 63 e 64, possibilitando assim viajar por vários países da Europa. Vindo do Abstracionismo para a Figuração, foi dito a respeito de seus desenhos no catálogo da exposição na Galeria Ônix (1966): “Pertencem ao mundo complexo e intimista das sondagens efetuadas por Francisco Goya, James Ensor, Edward Munch e Emil Nolde no mais recôndito da alma humana. Apensar deste confronto, é nos trabalhos de Alenchinsky, Pignon e Karel Appel que vamos encontrar maior identificação e paralelismo com os desenhos de Montez Magno”. Em entrevista
  • 6. [Digite aqui] concedida a Frederico Morais (Diário de Notícias, 9 de maio de 1968) disse o próprio artista: Particularmente me situo entre os que se propõem a renovar constantemente no setor da pintura e da escultura (ou do objeto). Para mim estas duas manifestações artísticas se fundem numa só, pois meus trabalhos mais recentes são estruturas tridimensionais, ligadas, portanto à escultura, complementadas por elementos de cor, sendo também pintura”. Nos seus trabalhos retoma o abstracionismo de definição geométrica. Publicou o texto “O material na obra de Arte: Mito e Preconceitos” (Jornal do Brasil, GB, 5 de Julho de 1969). Com o prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa e Argélia a estudos em 75. De volta ao Brasil, leciona escultura na Universidade Federal da Paraíba. Ilustra o livro O diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria. Wellington Virgolino (Recife 1929-1988) Pintor, gravador e escultor. Em 1950 passa a integrar a Sociedade de Arte Moderna do Recife e já no ano seguinte começou a participar do SPMEP, no qual recebeu menção honrosa em escultura (1955) e o primeiro e segundo prêmios de pintura (1960 e 1961). Em 1952 participa da fundação do Ateliê Coletivo. Expôs nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre, em 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963);
  • 7. [Digite aqui] Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário, 1965); Seis Artistas de Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1967). Tomou parte ainda nas VI e VII Bienais de São Paulo (1961 e 1963), I BNAP (1966) e IV SAMDF (1967). Individualmente expôs nas galerias Astréia (São Paulo,1964), Rosenblit (1964) e Ônix (1965), as duas últimas no Recife. A seu respeito disse Walter Zanini, em 1967: “A raiz popularesca (...) amolda-se perfeitamente ao caráter simbólico e arcaizante de suas representações dominadas por um certo tema exposto com clareza e concisão, não obstante a avassalante presença dos motivos de preenchimento que movimentam e enriquecem todos os aspectos da composição. Na cor densa e ‘úmida’ transparece ainda a sensibilidade equatorial deste pintor que soube definir uma própria e instintiva fantasia poética”. José Cláudio (Ipojuca 1932) Pintor, desenhista, crítico de arte e escritor. Em 52 faz parte da fundação do Ateliê Coletivo da SAMR. Posteriormente, em Salvador, é orientado por Mario Cravo Júnior (1923), Carybé (1911-1997) e Jenner Augusto (1924-2003), Viaja à São Paulo em 55 onde, inicialmente, trabalha com Di Cavalcanti (1924-1976)estudando também gravura com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo. Recebe bolsa de estudos da fundação Rotelini em 57, permanecendo por um ano em Roma na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, em Recife. Suas pinturas são marcadas por um caráter figurativo que retratavam cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. Escreve ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967).
  • 8. [Digite aqui] Comentário Crítico José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de desenho e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre 1952 e 1957. Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior (1923),Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003). O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em 1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma, na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife. José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do Mercado (1972) ou Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973), destaca-se o diálogo com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e o colorido intenso. Em suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola de Paris e também pelos expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da década de 1970. O carnaval é o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei Agora (ambos de 1974), com cores vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de expedição à Amazônia, promovida pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, registrando em vários desenhos a óleo diversos aspectos regionais. Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O Repouso do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela a tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos formais, que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como Ipojuca e Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas. O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre
  • 9. [Digite aqui] outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários artistas que integram o grupo. Ionaldo Andrade Cavalcanti ( Recife 1933- São Paulo 2002) Desenhista, artista gráfico. Em 1949, segundo a enciclopédia Itaú Cultural, ele inicia autodidaticamente em pintura.Em 52 participa da fundação do Ateliê Coletivo. Entretanto em 59 passa a fixar-se em São Paulo onde em 62 atua também como professor de desenho e pintura na Galeria Dearte. Em 65 executa o álbum de desenhos PEGI, em 77 lança o livro O Mundo dos Quadrinhos, pela Editora Símbolo e em 88 lança o livro Esses Incríveis Heróis do Papel, pela Editora Mater.
  • 10. [Digite aqui] Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife 1925) Pintor, muralista, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Frequentava como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde se torna aluno de Lula Cardoso Ayres (1910-1987), e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 passa a residir no Rio de Janeiro e estuda com Candido Portinari por seis meses.Entre 1948 e 1949 esteve na Europa. É também um dos fundadores da SAMR, realiza viagem de estudos à Europa, em 48.Estuda gravura em metal com Henrique Oswald (1918-65) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, entre 49 e 51. Em 1966: O mundo de Reinaldo Fonseca é fechado, mas por isso mesmo, povoado de sonhos e de mitos (...) é um mundo oblíquo e dissimulado o desse pintor, que é bastante sábio e refinado para esmaltar sua cor em transparências que parece ter herdado dos nomes mais ilustres da tradição renascentista ou pré-renascentista e, ao mesmo tempo, bastante primitivo para se deslumbrar com isso, como qualquer homem do povo que se extasia com o “bem pintado”. E Valmir Ayala acrescentaria, no catálogo de sua mais recente exposição individual na galeria Bonino (GB, 1969): “Personagens, perspectivas, objetos, gestos, se sucedem para criar uma nítida visão do mundo – que se aliena da circunstância, na medida em que compreende a grandeza da fuga maior: a do milagre, da levitação, da faina familiar, do supra real, o descanso dos gatos, uma dança maliciosa de demonologia enraiada nas coisas que passam e se transformam”. Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela, apresentando produções figurativas. Em meados de 52, torna-se professor catedrático de desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Frequenta o ateliê Coletivo e realiza cursos de desenho. Em Recife, realiza mural para o Banco do Brasil, em 64. Volta a morar no Rio de Janeiro em 69, e retorna ao Recife na década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 94 hove no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB)uma mostra retrospectiva de sua produção no Rio de Janeiro e em São Paulo
  • 11. [Digite aqui] Comentário crítico: Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática regional. O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela, gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros. Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte- americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia. João Câmara Filho (João Pessoa PB 1944) Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, professor e crítico. Estuda pintura no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, entre 1960 e 1963. Nesse ano é eleito presidente da Sociedade de Arte Moderna do Recife e cursa xilogravura, sob a orientação de Henrique Oswald (1918-1965) e Emanuel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes de Salvador.
  • 12. [Digite aqui] Conquistou os primeiros prêmios de pintura e gravura nos SPMEP de 1962 e 1964. Figurou ainda no XI Festival Universitário de Arte (Belo Horizonte, 1962/ primeiro prêmio de pintura e segundo de desenho). I BNAP (1966/ prêmio de aquisição em pintura, III Bienal Americana de Arte (Córdoba, Argentina, 1966/ prêmio de Bolsa de Comércio de Córdoba/ foi incluído também numa seleção de artistas dessa Bienal exibida no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires) e IV SAMDF ( 1967/ grande prêmio do salão), bem como nas mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963), inaugural da Galeria de Arte da Ribeira (Olinda,1964), Seis Artistas de Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo,1967). Muito Além de apresentar seus trabalhos, juntamente com Maria Carmem e Anchises de Azevedo, na galeria Arte da Ribeira (1965), realizou exposições individuais nas galerias de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (1963), Rosenblit (1964) e Ônix (1966), as duas últimas em Recife, Gastão de Holanda referiu- se ao antilirismo e ao sentido de realismo crítico de sua arte, na qual se observam acentos irônicos e dramáticos e a seu respeito comentou Walter Zanini, em 1967: “ suas imagens encadeadas quase como um puzzle parecem amalgamar deuses astecas e ícones do baralho, assumindo ar de aquilina terribilitá sombriamente derrisório”. Participando pela primeira vez do SNAM em 1969, com três pinturas de grandes dimensões, nele recebeu o certificado de isenção de júri. Tem publicado, regularmente, artigos sobre artes plásticas na imprensa pernambucana, inclusive no Diário de Pernambuco. Em 1964, funda, com Adão Pinheiro (1938), José Tavares e Guita Charifker (1936), o Ateliê Coletivo da Ribeira e, em 1965, o Ateliê +Dez, ambos em Olinda. Entre 67 e 70, leciona pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Paraíba. Em 74, monta um ateliê de Litografia, transformando depois na Oficina Guaianases de Gravura, que, a partir de 95, é incorporada ao Laboratório de Artes Visuais da UFPE. A partir da década de 60, a produção de João Câmara caracteriza-se por apresentar, ao lado de figuras humanas com seus corpos estruturados, representações de corpos fragmentados, o que confere um caráter de estranheza aos trabalhos. Na década de 1970, inicia a realização das séries Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974- 1976) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmera (1977-1983). Em 1986, realiza a série O Olho
  • 13. [Digite aqui] de meu Pai sobre a Cidade, em que faz uma homenagem ao seu pai e à Recife. Em 2001, conclui a série Duas Cidades, que tem como cenário Olinda e Recife. Quando Aracy Amaral em seu livro Arte para que? Faz uma abordagem sobre a ineficiência da arte ela cita como exemplo uma série de quadros feitos por João Câmara como se houvesse por parte do artista o desejo de manter a ambiguidade na postura em relação aos quadros, onde em sua série de pinturas sobre a época de Getúlio Vargas, que mesmo que estivesse longe de se parecer uma pintura histórica, tem, segundo Aracy, uma estrutura imagética intrincada, que se torna difícil desvincular a denúncia da exaltação. E, no entanto, esta série foi alvo de aquisição pelo Estado, assim como o artista vendeu uma série de cem litografias que acompanhava a série.1 Comentário Crítico Em 1959, João Câmara começa a pintar paisagens, sob a orientação do pintor José Tavares. Em 1960, ingressa no curso científico do Colégio Nóbrega, no Recife, e no curso livre de pintura da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, que freqüenta até 1963. Estuda com Mário Nunes (1889 - 1982) e Laerte Baldini, entre outros, e, esporadicamente, com Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970). Interessa-se pelo cubismo e pós-cubismo de Pablo Picasso (1881 - 1973) e pelo trabalho de Abelardo da Hora (1924), Francisco Brennand (1927), Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), Reynaldo Fonseca (1925) e Wellington Virgolino (1929 - 1988). Já revela nesse período sua preferência por pintar grandes superfícies, que se desdobram em dípticos, trípticos ou polípticos. Na década de 1960, sua produção aproxima-se do expressionismo e do fauvismo. Em algumas obras enfoca a violência, e o caráter trágico da composição acentua-se pelo uso de tons escuros que se contrapõem aos vermelhos e azuis fortes, como pode ser observado em Vietonose Perfil III (1966) e Exposição e Motivos da Violência (1967). EmTestemunhal, Reconstituição e Uma Confissão (todas de 1971), aborda a tortura e a 1 Amaral,Aracy. Arte para que? Pag.12.
  • 14. [Digite aqui] opressão humana. O artista, ao voltar-se para o corpo do homem, submete-o a torções e deformações, sem prejuízo de certo erotismo. Em 1963, faz curso de xilografia, orientado por Henrique Oswald (1918 - 1965) e Emanoel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes, em Salvador. No início dos anos 1970, começa a realizar litografias e, com Delano, improvisa um ateliê dessa técnica no Recife, posteriormente transferido para o Mercado da Ribeira, em Olinda. Trabalha a litografia com liberdade, e a utiliza ainda como uma espécie de ensaio para as grandes pinturas. João Câmara realiza muitas séries de pinturas e gravuras, como Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974-1980) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara (1977-1980), que inclui montagens e objetos. Em Cenas da Vida Brasileira, não busca reproduzir a veracidade dos acontecimentos políticos do período, mas vincula personagens históricos, como Getúlio Vargas (1882 - 1954), a objetos insólitos e personagens fictícios, criando uma narrativa própria, um passado imaginário, ao qual se mesclam as suas recordações da infância. Já em Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara, a mulher surge como personagem principal. Nessa série, o artista acrescenta diversos elementos à superfície da tela, como ilhoses, parafusos, couro, tecido e chumbo. Além dos temas políticos e dos retratos, a temática regionalista torna-se mais constante em sua produção a partir da década de 1980. Na série O Olho de Meu Pai sobre a Cidade(1986), faz uma homenagem ao pai e à cidade do Recife, e começa a realizar, nos anos 1990, a série Duas Cidades, com obras que têm como cenário Recife e Olinda. Para a estudiosa Almerinda da Silva Lopes, o projeto poético de João Câmara, desde o início de sua atuação profissional, consiste em traduzir, plasticamente, uma visão crítica da sociedade. Sua obra dialoga com a história política brasileira, com a arte e a mitologia. O artista cria dessa forma, em seus trabalhos, metáforas com as quais ironiza o poder e as relações sociais.
  • 15. [Digite aqui] Anchises Azevedo (Salvador BA 1933) Pintor e gravador. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de Raimundo Cela, entre 47 e 51. Em 55, já aqui em Recife, estuda com Giordano Severi e ingressa na SAMR e ganha o primeiro Salão de Pintura do Museu do Estado em 1956. Em 60, cursa desenho no Liceu de Artes e Ofícios de Recife, em 75, executa um mural em concreto no Edifício Saara em Boa Viagem. Hélio Feijó (Recife 1913- 1991) Desenhista, Pintor, Arquiteto. Hélio Feijó nasceu em 26 de janeiro de 1913 na cidade de Recife, Pernambuco. Hélio Feijó foi um dos mais completos e inovadores artistas na história da arte pernambucana e brasileira. Discípulo de Cândido Portinari e Carlos Chamberland, durante sua trajetória cultural produziu importante conjunto de obras em diversos campos das artes plásticas. Como pintor, deixou grande legado em murais, pinturas, cenários, caricaturas, gravuras, desenhos e artes gráficas. Inovou criando, em 1941, uma técnica de impressão onde se misturam fotografia e desenho. Como arquiteto, teve atuação de destaque integrando a equipe precursora do movimento moderno da arquitetura brasileira no Recife. Em 1949, recebeu o prêmio Le Corbusier, no VI Salão de Arte Moderna, em São Paulo, com o projeto arquitetônico “Sistema de Autoventilação”. Como poeta, publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas do nordeste. Exerceu grande influência na disseminação do movimento modernista no nordeste, sendo o fundador do Grupo dos Independentes, em 1933, e da Sociedade de Arte Moderna, em 1947. Sua última grande exposição foi na Galeria Nega Fulô na década de 70. Passou seus últimos anos na ilha de Itamaracá, Pernambuco. Faleceu no dia 9 de setembro de 1991nacidade onde nasceu. Coletiva – Participação de Eventos 1931 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil - Salão Revolucionário (1931 : Rio de
  • 16. [Digite aqui] Janeiro, RJ) - Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro RJ) 1975 - Recife - Pernambuco - Brasil - Coletiva de Abertura (1975 : Recife, PE) - Ranulpho Galeria de Arte (Recife, PE) 1976 - São Paulo - São Paulo - Brasil - O Desenho em Pernambuco (1976 : São Paulo, SP) - Galeria Nara Roesler (São Paulo, SP) 1983 - Olinda - Pernambuco - Brasil - Hélio Feijó e Aprígio (1983 : Olinda, PE) - sem local de realização definido. 1984 - São Paulo - São Paulo - Brasil - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras (1984 : São Paulo, SP) - Fundação Bienal (São Paulo, SP) Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata 1924- 2014) Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Estudou na Faculdade de Direto de Olinda, posteriormente, frequentou o curso livre de escultura da Escola de Belas Artes de Recife, onde foi aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 40, realizou vários trabalhos em cerâmica para Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas e motivos regionais. Em 47, participa da criação da SAMR, que dirige durante dez anos e onde criou, em 1952, o Ateliê Coletivo. Obteve medalha de bronze em escultura no SNBA de 1950 e o primeiro prêmio nessa especialidade noa SPMEP de 1952 e 1956, sendo sua gravura Enterro de Camponês premiada pelo Clube de Gravuras do Recife em 1953. Figurou ainda nos VI e XV SNAM (1957 e 1966) e nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e exibida em países da Europa e da Ásia em 1954), Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967). Participou diretamente das atividades do Movimento de Cultura Popular, do Recife, até quando elas foram encerradas em 1964, teve um álbum de desenhos lançado em 1962, por essa entidade, com o título de Meninos do Recife, Sua temática social é demarcada também nas esculturas.
  • 17. [Digite aqui] A respeito do qual disse Mário Barata: “Sensível aos valores plásticos e visuais do modernismo, Abelardo exerce sua emocionalidade no âmbito dos temas humanos da desgraça profunda de nossa gente. No artista ele supera o cotidiano e eterniza-se no traço e no claro-escuro de um desenho novo, não retórico na sua essencialidade figurativa”. Anteriormente a 1964, além de exercer o magistério (vários artistas pernambucanos com ele se formaram). É integrante também da fundação do Ateliê Coletivo, dirigindo-o entre 1952 e 1957. Será neste período que Abelardo passará a produzir esculturas para praças do Recife, com representação de tipos populares Durante a década de 60, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de Parques e jardins, secretário de Educação e diretor da Dvisão de Artes Plásticas e Artesanato em Recife. É integrante da fundação do Movimento de Cultura Popular – MCP, movimento que abrange não só as artes plásticas, mas música, dança e teatro. Em 1986 é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, gerido pela Prefeitura do Recife. Comentário Crítico Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é visível a influência da obra de Candido Portinari (1903 - 1962). Na xilogravura Meninos do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como em Desamparados e Água para o Morro (ambos de 1974). Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife - SAMR, com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de
  • 18. [Digite aqui] educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952 oAteliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico (1928), José Cláudio (1932) eAloísio Magalhães (1927 - 1982), entre outros. Raul Córdula Filho (Campina Grande PB 1943) Pintor, artista plástico, cenógrafo, professor, crítico de arte. Inicia a pintura sob orientação de seu amigo Flávio Bezerra de Carvalho. EM 1959, ilustra poesias da Geração 59, grupo de poetas paraibanos que edita o Suplemento Literário A União nas Letras e nas Artes. No início da década de 60, viaja para o Rio de Janeiro e estuda história da arte no Instituto de Belas Artes e técnica em pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde se torna aluno e Domenico Lazzarini (1920-1987). Entre 1963 e 65 é supervisor de setor de artes plásticas da Universidade Federal da Paraíba. Atua como cenógrafo em várias emissoras de televisão, entre 65 e 72. Em 67, torna-se diretor do Museu de Arte Assis Chateaubriand de Campina Grande- Maac. Em 1977, idealiza o Núcleo de Arte Popular e Artesanato – NAP, da casa de Arte Contemporânea da UFPB. Leciona história da arte e fundamentos da linguagem visual nos cursos de educação artística e arquitetura e urbanismo do Departamento de Artes entre 78 e 88. É contratado em 1994 pelo Museu de Arte Moderna da Bahia para coordenar a implantação do Salão MAM-Bahia de artes plásticas. Entre 97 e 98 torna-se diretor de desenvolvimento artístico e cultural da fundação Espaço Cultural da Paraíba- Funesc. Comentário Crítico No início da carreira, Raul Córdula realiza obras figurativas, e mantém diálogo com a arte pop e a nova figuração. O artista parte de desenhos infantis e sinais do meio urbano, como
  • 19. [Digite aqui] os de trânsito. Seu trabalho apresenta concisão de formas e cores, utilizando cada vez mais os signos e símbolos na construção de obras ligadas ao abstracionismo geométrico. A partir da década de 1980, explora as tensões e distensões da superfície articulada em planos triangulares, fase denominada pela crítica como "nova geometria". Como nota o crítico Paulo Sérgio Duarte, em suas telas Córdula revela também uma ligação com a paisagem nordestina, que transparece no uso da paleta de tons luminosos que distingue sua produção. Ladjane Maria Ladjane Bandeira de Lira Nasceu em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, em 5 de junho de 1927 e faleceu em Recife, no dia 24 de março de 1999. Em 1942 fez colaboração poética para a “Gazeta de Nazaré”, no ginasial. Dirigido pelo Padre Daniel Lima, cujo jornal tinha uma grande circulação no meio intelectual de Recife. Aos 20 anos, em 1947, mudou-se para o Recife e cursou Especialização Pedagógica (Pós-graduação). Em 1948 tornou-se integrante fundadora da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), juntamente com os artistas plásticos Abelardo da Hora e Hélio Feijó. Nesse mesmo ano realizou sua primeira individual de pintura e desenho no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife, com trabalhos figurativos. Esta exposição suscitou comentários, reportagens, entrevistas e críticas nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commércio, Folha da Manhã, Jornal Pequeno, assinados por alguns intelectuais, por exemplo, Waldimir Maia Leite, Guerra de Holanda, Aderbal Jurema, Mário Melo e Luís Teixeira. Em 1949 iniciou suas primeiras colaborações literárias e artísticas para o Suplemento Literário do Jornal do Commércio (PE), Diário de Pernambuco (PE), Correio da Manhã (RJ) e Revista Branca (RJ). Ilustrou neste ano, o livro “FÁBULA SERENA” de Darcy Damasceno (Editora Orfeu, RJ) e fez ilustrações para Revista NORDESTE de Esmaragdo Marroquim e Aderbal Jurema. Nos anos 1950 publicou história em quadrinhos no Diário da Noite (Recife/PE), ilustrando a vida do sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre por ocasião das comemorações do cinquentenário de seu nascimento. Realizou individual no Gabinete Português de Leitura do Recife, tendo fundado, dirigido e colaborado com a página individual do Gabinete. Em 1952 fundou e dirigiu até 1962 a página ARTE do Diário da Noite, em Recife. Em 1955, aos 28 anos, conquistou o PRÊMIO UNIVERSIDADE
  • 20. [Digite aqui] FEDERAL DE PERNAMBUCO, em Pintura, realizado anualmente no Museu do Estado. Realizou individual no Gabinete Português de Leitura (1956), participou do V SALÃO DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro em 1957 e neste mesmo ano iniciou curso de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. Proferiu diversas palestras sobre "Arte" patrocinadas pela Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR). Um marco importante em 1958, aos 31 anos, foi a execução de um painel concretista, em grandes dimensões, para a Escola Politécnica do Recife, abstração geométrica em vidrotil, e a realização da exposição individual “Dez anos de Pintura e Desenho” inaugurando a Galeria Lemac de Arte no Recife. Participou da I Feira de Arte do Recife, criação do Nordeste e Artístico, patrocinada pela Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR) e da I Panorâmica de Artes Plásticas do Recife. Neste ano assumiu a direção artística da Revista Nordeste e da Editora do Nordeste. A artista e crítica, ao longo de sua trajetória, realizou inúmeras conferências sobre História da Arte, variadas exposições, pertenceu a Associação Internacional de Artistas Plásticos, Sociedade de Arte Moderna do Recife, Associação de Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco, Associação Brasileira de Críticos de Arte, Associação Internacional de Arte, Academia de Ciências de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, Gabinete Português de Leitura, Fundação Joaquim Nabuco, Pen Club do Brasil. Fez belas ilustrações e recebeu diversas medalhas, homenagens e prêmios em reconhecimento a suas produções artísticas e literárias. Em 1981 foi eleita com “Medalha de Ouro” para a Academia Itália de Artes e Ofícios, em Parma na Itália. Foi homenageada com uma Sala Especial no XXXIV Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Para a sua série A Biopaisagem foi organizada uma exposição em sala especial no Museu do Estado de PE. Gravou para o Museu da Imagem e do Som. Foi membro da União Brasileira de Escritores, seção Pernambuco, tem dois livros publicados e dezenas de outros inéditos. Essa breve trajetória da artista aponta para sua inserção no campo da cultura e das artes plásticas em Pernambuco e no Brasil, o que permite apostar na importância dessa pesquisa para o Estado de Pernambuco, para a ampliação das versões sobre a história das artes no Brasil, inserindo Pernambuco como um dos centros de produção não apenas das artes visuais, mas sobremaneira, na produção da critica de arte e seus impactos no meio artístico. (1960) ocorre exposição coletiva de inauguração da Galeria de Arte do Recife, promovida pelo Movimento de Cultura Popular, ao lado de artistas mais jovens, como Anchises Azevedo, Gilvan Sâmico, Montez Magno, José
  • 21. [Digite aqui] Cláudio. Foi incluído (Vicente do Rego) também, por Ariano Suassuna, na exposição Pintores Pernambucanos Contemporâneos que integrou o Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária na então Universidade do Recife em 1960. No livreto que traz a lista de obras, Suassuna explica os critérios de seleção dos artistas e de organização da exposição. Vicente foi incluído na geração “modernistas, com sua variante regionalista” (ao lado de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres), que era precedida pelos pintores “chamados acadêmicos ou conservadores” (Murillo La Greca, Fédora do Rego Monteiro Fernandes, Baltazar da Câmara, Mário Nunes), e que abriria caminho para a “geração que sucede”, composta por Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, Aloísio Magalhães. Duas exceções: Joaquim do Rego Monteiro e Adão Pinheiro. O primeiro, por ser um pintor vanguardista que morrera muito novo, o segundo, por ser, nas palavras de Suassuna, uma “homenagem da Universidade aos mais novos, dos quais ele é realmente um dos melhores”. Nessa geração dos mais novos, ou dos que mereceriam figurar na exposição, Suassuna menciona Ladjane Bandeira, Elezier Xavier, Montez Magno e Wellington Virgolino (SUASSUNA, 1960). Exibindo telas datadas dos anos 1920, essa exposição organizada por Ariano Suassuna talvez seja uma das primeiras nas quais Vicente figura não como um artista atuante, mas como um artista incorporado ao patrimônio de um modernismo pernambucano já consolidado.
  • 22. [Digite aqui] Bibliografia: DINIZ, Clarissa, Gleyce Kelly Heitor e Paulo Marcondes Soares (ORG.). Crítica de Arte em Pernambuco: escritos do século XX. Azougue. Recife, 2012. AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. Perspectiva. São Paulo. 1970; PONTUAL, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Ed. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 1997. Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br