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RELATÓRIO DE ATIVIDADES
Entre a renovação e o esquecimento.
As artes plásticas em Pernambuco nos anos 1950
1105/13
2
2
Entre a renovação e o esquecimento.
As artes plásticas em Pernambuco nos anos 1950
1105/13
PROPONENTE: JOANA D’ ARC DE SOUSA LIMA
CPC: 02874/12
PERIODO DE EXECUÇÃO: 01/03/2014 a 31/08/2015
EQUIPE PRINCIPAL:
Flávio Weistein Teixeira
Joana D’Arc de Sousa Lima
Taciana Neves
Assistente de Pesquisa: Josefa Juany Leda Nunes da Silva (Juany Nunes)
Equipe de Captação de Imagens: Oegue Vídeo
Programador Visual: Pedro Albuquerque Xavier
3
3
OBJETO DO PROJETO
“Entre a renovação e o esquecimento. As artes plásticas em Pernambuco nos anos
1950” propõe uma investigação histórica sobre o duplo embate com que precisou se
defrontar toda uma geração de artistas plásticos pernambucanos (Abelardo da Hora,
Gilvan Samico, José Cláudio, Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, etc.) que,
surgindo para o mundo das artes nos anos 1950, teve, simultaneamente, de fazer
frente ao stablishment artístico local, ao mesmo tempo em que precisou confrontar-se
com um novo fazer artístico que por essa época despontava nos dois principais centros
culturais do país – Rio e São Paulo – e que, rapidamente, consolidou-se como
dominante em âmbito nacional. Vitoriosos na arena local, esses artistas, entretanto,
viram suas possibilidades de reconhecimento e consagração nacional se esvanecerem
em velocidade acelerada.
Para a consecução desta pesquisa, far-se-á necessário um trabalho de resgate dos
debates então ocorridos nos jornais e revistas de circulação no Recife, bem como a
partir dos depoimentos (entrevistas filmadas) de personagens centrais a esse
processo: artistas, críticos, colecionadores, galeristas, etc.
Os resultados esperados são: 1) criação de um acervo contendo o registro eletrônico
de todos o material pesquisado em publicações (jornais e revistas) que circulavam à
época; 2) um ensaio crítico para publicação em revista com tradição e reconhecimento
acadêmico nesta área de estudos; 3) um DVD contendo a íntegra dos dez (10)
depoimentos de personalidades do campo artístico em Pernambuco dos anos 1950; 5)
Disponibilização pública de todo material coletado (organizado e indexado) por meio
do LAHOI (Laboratório de História Oral e Imagem), vinculado ao Departamento de
História da UFPE..
OBJETIVOS
GERAL
4
4
Pesquisar a História das Artes Plásticas em Pernambuco revisitando analiticamente a
produção artística emergente nos anos 1950 a partir de uma perspectiva que, de um
lado, considera o embate travado por tais artistas a fim de renovar as práticas
artísticas vigentes e, de outro, observa a luta desses mesmos artistas contra o
desapreço e desconsideração das instâncias nacionais de reconhecimento e
consagração.
ESPECÍFICO
• Contribuir para a ampliação das investigações sobre a história da arte
produzida em Pernambuco;
• Potencializar o debate sobre a produção da escrita crítica das artes plásticas em
Pernambuco;
• Fomentar a reflexão sobre a relação entre a escrita crítica das artes plásticas e
os possíveis impactos na produção artística;
• Divulgar por meio da sistematização, organização e análise em mídia eletrônica
parte da história das artes plásticas e da escrita sobre arte em periódicos
pernambucanos;
• Difundir a trajetória de uma das mais importantes e influentes gerações de
artistas pernambucanos;
• Ampliar o corpus documental sobre a história das artes plásticas de
Pernambuco entrevistando artistas plásticos, críticos, colecionadores, galeristas,
etc.;
• Estimular novos pesquisadores e críticos de arte para a investigação e leitura do
campo artístico em Pernambuco;
• Formar públicos ao divulgar os resultados da pesquisa em debate aberto e
público para professores, pesquisadores; artistas plásticos; críticos de arte,
galeristas, diretores de museus, institutos culturais, acervos documentais,
estudantes, curadores, estudantes e interessados no tema.
5
5
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
1ª Etapa – Pré-Produção e Pesquisa bibliográfica e Campo- período de um (02) meses
Março/Abril – 2014
• Definição e fechamento da equipe;
• Reunião com equipe de trabalho para organização e planejamento;
• Reunião com equipe de filmagem verificação de necessidades de produção e
agenda para primeiros trabalhos de registro em acervos documentais;
• Levantamento Bibliográfico
• Elaboração dos Roteiros de entrevistas;
2ª Etapa – Pesquisa de campo, Seleção de dados e Sistematização – período de (03)
Meses
Maio, Junho e Julho de 2014
• Elaboração da pesquisa sobre cada um dos entrevistados
• Agendamento das entrevistas;
• Levantamento Documental – Pesquisa de Campo - mapeamento
• Registro fotográfico dos documentos;
• Início da realização de Entrevistas;
3ª Etapa – Pesquisa de campo e Sistematização dos dados - período de três (03)
meses – Agosto, Setembro e Outubro de 2014
6
6
• Realização das Entrevistas;
• Primeiros desenhos de organização dos materiais visando à apresentação
pública;
• Análise de Dados
• Registro fotográfico de obras de arte dos respectivos artistas realizadas no
período que se inscreve a pesquisa;
• Seleção da documentação;
• Registro fotográfico dos documentos;
• Sistematização das documentações;
4ª Etapa – Organização do Banco de Dados, Leitura das entrevistas e Edição dos
materiais pesquisados (documentação) - período de quatro (04 ) meses – Novembro,
Dezembro (2014) e Janeiro e Fevereiro – 2015
• Análise de Dados;
• Organização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual
(Entrevistas);
• Reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas;
• Retorno aos Acervos visitados para fotografar profissionalmente a
documentação selecionada;
• Retorno aos ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico;
5ª Etapa – Disponibilização do Banco de dados, Finalização do Ensaio Crítico,
relatório final e prestação de contas – período (06) meses – Março, Abril, Maio,
Junho, Julho e agosto de 2015.
• Redação do ensaio crítico;
• Organização e Disponibilização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e
Audiovisual (Entrevistas);
7
7
• Elaboração e Submissão de Artigo com Análise Crítica;
• Elaboração de Relatório para Funcultura;
• Prestação de contas ao Funcultura;
.
8
8
EXECUÇÃO - Descrição
1ª Etapa – Pré-Produção e Pesquisa bibliográfica e Campo- período de um (02) meses
Março/Abril – 2014
Nesta primeira etapa de trabalho atuamos para afinar a equipe com os
propósitos da pesquisa. Assim após a integração e definição de todos os integrantes do
grupo. Iniciamos uma etapa de pesquisa bibliográfica e leitura de alguns dos textos
teóricos selecionados pelo coordenador da pesquisa para dotar toda equipe de um
repertório teórico comum. Realizou-se encontros semanais no espaço físico da
Universidade Federal de Pernambuco para semanalmente apresentarmos a equipe
composta nesse momento pelo coordenador, pesquisadora, estagiaria e pesquisadores
convidados para apresentação do mapeamento bibliográfico e discussão de textos
teóricos. Foram realizados 08 encontros abertos ao público.
Nestes encontros se discutia em torno de textos que de certa maneira
norteariam teoricamente a proposta da pesquisa, leituras da obra, As Regras da Arte
do sociológo Pierre Bourdieu e História Cultural, entre práticas e representações do
historiador Roger Chartier foram imprescindíveis para a adoção de um repertório
comum entre os integrantes. Considero este momento como um dos mais
importantes, já que tínhamos o momento tanto do debate, mas também da
apropriação teórica que seria desenvolvida no decorrer da pesquisa. Os outros dois
momentos ocorreram, de certa maneira, paralelamente vinculados a essa primeira
etapa por ser marcado pelo aprofundamento desse debate teórico.
2ª Etapa – Pesquisa de campo, Seleção de dados e Sistematização – período de (03)
Meses
Maio, Junho e Julho de 2014
9
9
• Elaboração da pesquisa sobre cada um dos entrevistados
• Agendamento das entrevistas;
• Levantamento Documental – Pesquisa de Campo - mapeamento
• Registro fotográfico dos documentos;
• Início da realização de Entrevistas;
Nesta segunda etapa de caráter formativo, os textos discutidos eram as
produções de historiadores sobre a História da Arte Brasileira e a produção artística no
feita no Brasil, por exemplo, visitamos historiadores da arte como Francisco Alambert,
Aracy Amaral, Fernando Cocchiarali, Tadeu Chiarelli, Walter Zanini, Roberto Pontual,
entre outros (ver levantamento bibliográfico em Anexo 1). A terceira e quarta (última
etapa da formação), era a junção das etapas anteriores porque tínhamos a
possibilidade de discutir os textos e ao mesmo tempo, estávamos em contato direto
com os jornais, revistas da época com os depoimentos (já realizados nas etapas
posteriores) o que foi muito importante para nossa reflexão sobre o tema proposto.
Nesses três meses (maio, junho e julho de 2014), estruturamos um grupo de estudos
que se reunia 01 vez ao mês por 03 horas. Ao todo nos realizamos 12 encontros
(fechados) e 06 abertos ao público que os denominamos de Jornadas de Estudos na
Universidade Federal de Pernambuco entre os meses de maio a novembro de 2014.
Retomamos as atividades em fevereiro a junho de 2015, (ver fotos em Anexo 2).
Ainda nessa 2ª. etapa de trabalho pesquisamos sobre a trajetória artística e de
visa de cada um dos possíveis entrevistados (ver lista de entrevistados, Anexo 4): 1.
Anchises de Azevedo; 2. Celso Marconi (jornalista e crítico de arte e de cinema); 3.
Corbiniano Lins (artista); 4. Ipyranga Filho (artista); 5. José Cláudio (artista); 6. Leonice
Silva (bibliotecária e integrante do Ateliê Coletivo de 1952 a 195, (ver Anexo 3) sobre o
Ateliê Coletivo); 7. Montez Magno (artista); 8. Raul Córdula; 10. Reynaldo Fonseca
(artista), 9. Wilton de Souza (artista).
Os agendamentos das entrevistas foram realizados de forma a dar ao
entrevistado a possibilidade de escolher a data, horário. A agenda sofreu várias
10
10
alterações por motivos de ocorrências de saúde por parte dos entrevistados.
Realizamos as entrevistas em momentos diferenciados.
Nessa etapa de trabalho iniciamos a pesquisa de campo com o mapeamento e
levantamento documental com visitas periódicas aos arquivos públicos (ver lista no
Anexo 5), seguido de registro fotográfico de toda a documentação pesquisada, nesse
primeiro momento de levantamento. Realizamos também a confecção de roteiros de
entrevista. Trabalhos com roteiros abertos, por meio da história de vida tematizada
por questões relativas à formação artística e universo familiar; inicio do ofício no
campo da arte; passagem pelo Ateliê Coletivo; amizade; consagração X esquecimento;
mercado de arte. Ver roteiro de entrevista no Anexo 9).
Também priorizamos alguns encontros com artistas selecionados para serem os
depoentes, realizando algumas entrevistas informais para depois agendarmos as
gravações.
3ª Etapa – Pesquisa de campo e Sistematização dos dados - período de três (03)
meses – Agosto, Setembro e Outubro de 2014
• Realização das Entrevistas;
• Primeiros desenhos de organização dos materiais visando à apresentação
pública;
• Análise de Dados
• Registro fotográfico de obras de arte dos respectivos artistas realizadas no
período que se inscreve a pesquisa;
• Seleção da documentação;
• Registro fotográfico dos documentos;
• Sistematização das documentações;
11
11
Essa etapa do trabalho foi mais lenta e demorada porque as entrevistas
agendadas, muitas delas iam sendo desmarcada por motivos de saúde e ou
insegurança do depoente. Mas conseguimos realizar 10 entrevista com
aproximadamente 1 a 1:40 de duração, todas foram gravadas áudio e vídeo e estão
disponíveis em DVD em anexo (10) nesse relatório como parte dos produtos finais.
Tivemos problemas com dois depoimentos, especificamente cito: Leonice Silva e
Ypiranga Filho. Ambos, no momento em que fazíamos o back up dos arquivos para o
HD (arquivo bruto), houve uma correção no windows e essas duas entrevistas ficaram
em arquivo oculto, como se ocorresse uma falha no disco do HD. Já tentamos de tudo,
levamos para um técnico e até a data da entrega desse documento, nada foi resolvido.
Assim nesse relatório os dois depoimentos em DVD não estão constando, apenas os
áudios, mas sabemos que vamos conseguir (já notificado pelo técnico), assim nos
comprometemos depois incorporar, ambos, ao arquivo de entrevistas. Cito parecer da
empresa AOGUE Video: “Venho relatar a entrega parcial de 08 entrevistas (filmagem e
edição – Rubrica 2.4) das 10 realizadas para o projeto cultural “ENTRE A RENOVAÇÃO E
O ESQUECIMENTO” - Funcultura 1105/13. Enquanto fazíamos o back up (cópia) do
material filmado, o nosso HD (hard disk) principal apresentou falhas em seu disco -
ranhuras por conta do uso. Este HD compunha todas as nossas entrevistas, de forma
que o dano impossibilitou o reconhecimento de duas delas (dos artistas plásticos
Leonice e Ypiranga). O HD já está em posse de um técnico especializado e
pretendemos, o mais rápido possível, recuperar o material perdido e honrar com nosso
compromisso”. Ver Anexo 12.
Iniciamos o processo de registro fotográfico de obras de arte dos respectivos
artistas realizadas no período que se inscreve a pesquisa documental. Inicialmente
pesquisamos e registramos mais de 3.000 documentos, entre jornais e revistas de
referência. Depois ainda nessa etapa começamos a seleção da documentação e parte
da sistematização, ou seja, a separação e estabelecimentos de conexões entre os
documentos. Ainda nessa etapa de trabalho prevíamos o inicio do trabalho de registro
profissional das imagens documentais que estávamos selecionando, contudo, por
motivo de viagem programa para o México para um estágio profissional na Escuela
Nacional de Posgrado em Antropologia e Historia: Posgrado em Historía e Ethohistoría,
12
12
na cidade do México (ver Anexo 7), solicitamos a prorrogação dos prazos e
interrompemos em parte os trabalhos mais específicos de elaboração e sistematização
conceitual e de analise.
4ª Etapa – Organização do Banco de Dados, Leitura das entrevistas e Edição dos
materiais pesquisados (documentação) - período de quatro (04) meses – Novembro,
Dezembro (2014) e Janeiro e Fevereiro – 2015
• Análise de Dados;
• Organização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual
(Entrevistas);
• Reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas;
• Retorno aos Acervos visitados para fotografar profissionalmente a
documentação selecionada;
• Retorno aos ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico;
Começamos paulatinamente analise de dados e organização do Acervo Documental
(Jornais e Revistas) e Audiovisual (Entrevistas). Essa fase foi marcada pela urgência de
reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas do retorno aos Acervos
visitados para fotografar profissionalmente a documentação selecionada. Retorno aos
ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico cedidos por esses que estão
presentes no banco de dados.
5ª Etapa – Disponibilização do Banco de dados, Finalização do Ensaio Crítico,
relatório final e prestação de contas – período (06) meses – Março, Abril, Maio,
Junho, Julho e agosto de 2015.
• Redação do ensaio crítico;
• Organização e Disponibilização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e
13
13
Audiovisual (Entrevistas);
• Elaboração de Relatório para Funcultura;
• Prestação de contas ao Funcultura;
.
Nesse período as visitas aos acervos documentais se intensificaram para
finalização da pesquisa documental e o registro fotográfico profissional de obras.
Houve uma greve dos funcionários públicos (professores) e o arquivo permaneceu
fechado durante mais de dois meses, por esse motivo solicitamos prorrogação do
prazo para a entrega desse e dos produtos finais em anexo (ver Anexo 8). Realizamos a
edição final da documentação, realizamos o registro e tratamento fotográfico de 1.600
imagens documentais que estão disponíveis na plataforma virtual do Laboratório de
história Oral e imagem – LAHOI, ligado ao departamento de História da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), (ver https://www.ufpe.br/lahoi), como produto final
desse projeto.
Finalizamos a redação do artigo científico, cujo título cito, Impostura e
degradação. Notas sobre os limites da arte moderna no Recife nos anos 1950 (Por
Flávio Weinstein Teixeira, professor doutor coordenador desse projeto, ver Anexo 11),
que está no anexo x desse relatório como produto final desse projeto.
Nessa etapa final trabalhos com as transcrições de 06 entrevistas das 10 que
realizamos. O motivo de entregarmos 06 dessas se refere a autorização do depoentes.
Todos os depoentes assinaram termo de sessão de direito de uso da imagem e da fala,
contudo nem todos concordaram que seus depoimentos fossem disponibilizados na
integra para o publico, sobretudo na forma de texto transcrito (documento), assim
respeitamos a vontade do depoente e apenas vamos liberar na plataforma virtual do
Laboratório de história Oral e Imagem – LAHOI, ligado ao departamento de História da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), (ver https://www.ufpe.br/lahoi), com
link para o https://www.youtube.com trechos dos depoimentos, se um usuário desejar
ter acesso á totalidade do depoimento, poderá agendar hora no LAHOI e pesquisar em
locum.
Por fim, segue a lista dos produtos finais resultados desse projeto de pesquisa:
14
14
1. Oito (08) Depoimentos de oito (08) artistas e críticos das artes pernambucanos
gravados em DVD – montados e sem edição;
2. Dois (02) Depoimentos de oito (02) artistas das artes pernambucanos gravados
em CD – sem edição;
3. Seis (06) Depoimentos transcritos de seis artistas das artes pernambucanos
gravados em CD – sem edição;
4. Uma plataforma virtual hospedada no site https://www.ufpe.br/lahoi), com
link para o https://www.youtube.com contendo 1.600 imagens, textos
biográficos, trabalhos acadêmicos de referencia;
5. Artigo Científico sob o título: Impostura e degradação. Notas sobre os limites
da arte moderna no Recife nos anos 1950 (Por Flávio Weinstein Teixeira,
professor doutor coordenador desse projeto).
ANEXOS
ANEXO 1 - Bibliografia utilizada na pesquisa.
ANEXO 2 – Registro fotográficos de alguns dos encontros de Formação (Grupo de
estudos)
ANEXO 3 – Breve Histórico sobre o Ateliê Coletivo
ANEXO 4 – Lista de personalidades entrevistadas
ANEXO 5 – Acervos Públicos Visitados e Lista de Periódicos Visitados
15
15
ANEXO 6 – BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E MENCIONADS NO ESCOPO DA
PESQUISA
ANEXO 7 – Carta convite México e pedido oficial à Comissão do Funcultura solicitando
prorrogação dos prazos
ANEXO 8 – Pedido oficial à Comissão do Funcultura solicitando prorrogação dos prazos
ANEXO 9 – Modelo de Roteiro de entrevista
ANEXO 10 - Entrevistas Gravadas áudio e vídeo e estão disponíveis em DVD
ANEXO 11 – ARTIGO CIENTÍFICO Impostura e degradação. Notas sobre os limites da
arte moderna no Recife nos anos 1950
ANEXO 12 – Relatório sobre problema em salvar dois arquivos de entrevistas
16
16
ANEXO 01
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA E MAPEADA NA PESQUISA
17
17
Bibliografia Utilizada:
AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros - A/L. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 493
p. / v. 1, il. color.
AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros - M/Z. Rio de Janeiro: Spala, 1992.
457 p. / v.2, il. color.
CAVALCANTI, Eduardo Bezerra. Hélio Feijó. Leitura de imagens. Recife: Fundação
Joaquim Nabuco/ Editora Massangana, 2001, 189 pp, il. p& b.
GOUVEIA, Graça. Abelardo da Hora: a mediocridade se destrói por si mesma. Diário de
Pernambuco, 4 mar. 1976, s.p.
HELIO, Mário. O expressionista Abelardo da Hora. Diário de Pernambuco, Suplemento
Cultural, fev. 1992, s.p.
LEITE, José Roberto T. A gravura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Editora
Expressão e Cultura S.A., 1966, 70 pp. il. p& b. color
PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand.
Tradução Florence Eleanor Irvin, John Knox. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil,
1976. 478 p., il. color.
SUASSUNA, Ariano. A gravura de Samico. In: SAMICO, Gilvan. Xilogravuras. Rio de
Janeiro: Petite Galerie, 1965, s.p. il. p& b. color. [Texto originalmente publicado no
Diário de Pernambuco, 01 fev. 1964].
SAMICO, Gilvan. Gilvan Samico, obras de 1980-1994. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca
Escritório de Arte, 1995, s.p.
ZANINI, Walter (org.). História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma
Guimarães: Instituto Moreira Salles, 1983, 1116 pp. il. p& b. color., 2v.
18
18
CERTEAU, Michel de. A operação historiográfica. In: A Escrita da História. Trad. Maria
de Lourdes Menezes, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p 56 – 108;
CHARTIER, Roger. A História Cultural: Entre práticas e Representações. Miraflores.
Difel, 1987;
BOURDIEU, Pierre e Roger Chartier. O Sociólogo e o Historiador. Belo Horizonte.
Autêntica, 2011;
BOURDIEU, Pierre. O poder Simbólico. Bertrand. 16º Edição. 2012;
DINIZ, Clarissa, Gleyce Kelly Heitor e Paulo Marcondes Soares (ORG.). Crítica de Arte
em Pernambuco: escritos do século XX. Azougue. Recife, 2012.
AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. Perspectiva. São Paulo. 1970;
ALAMBERT, Francisco e Polyana Canhête. Bienais de São Paulo, da era do Museu à era
dos curadores.Boitempo.2004.
DIMITROV, Eduardo. Regional como opção, Regional como prisão: Trajetórias artísticas
no modernismo Pernambucano. USP, São Paulo, 2013.
NETO, José Bezerra de Brito Neto. “Educar para o Belo” Arte e política nos Salões de
Belas Artes de Pernambuco. 1929- 1945. Dissertação de MestradoUFRPE. 2011
BORGES, Raquel Czarneski. Recife Lírica: Representações da cidade na obra de Cícero
Dias. Recife: UFPE. 2012. Dissertação de Mestrado.
PAZ, Raissa Alves C. Preocupações Artísticas: O caso do Atelier Coletivo da Sociedade
de Arte Moderna do Recife Dissertação de MestradoUNICAMP´: Campinas 2014.
PONTUAL, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Ed. Civilização Brasileira.
Rio de Janeiro. 1997
19
19
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro:
Artlivre, 1988.
ZANINI, Walter (Org.). História geral da arte no Brasil – São Paulo: Fundação Djalma
Guimarães: Instituto Moreira Salles, 1983.
ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: Trajetórias relevantes. Rio
de Janeiro: 4 Estações, 1998.
AMARAL, Aracy (Org.). Arte construtiva no Brasil. São Paulo: Companhia
Melhoramentos; DBA Artes Gráficas, 1998.
AMARAL, Aracy. Arte pra quê?:a preocupação social na arte brasileira 1930-1970:
subsídio para uma história social da arte no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984.
CAVAALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, (Org.). Dicionário brasileiro de artistas plásticos.
Brasília: MEC/INL, 1973-1980.
20
20
ANEXO 02
REGISTRO FOTOGRÁFICO DO GRUPO DE ESTUDOS
E das reuniões públicas chamadas Jornadas de Estudos
21
21
22
22
Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
23
23
Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
24
24
Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
25
25
Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer
26
26
Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer
Com a presença da professora doutora convidada Regina Beatriz Guimarães
27
27
Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer
Com a presença da professora doutora convidada Regina Beatriz Guimarães
28
28
Jornadas de Estudos sobre o pensador italiano Giorgio Agamben
Com a presença do professor doutor convidado Alessandro de Jesus
29
29
Jornadas de Estudos sobre o pensador italiano Giorgio Agamben
Com a presença do professor doutor convidado Alessandro de Jesus
30
30
ANEXO 03
SOBRE O ATELIÊ COLETIVO
1952 e 1957
31
31
Ateliê Coletivo
Histórico
"Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas
saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio,
um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora, entre
1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do
Recife - SAMR, fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do
arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó. A criação da SAMR, em 1948, marca o
rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas
Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na
capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte
Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior.
No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro
de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo -
Ladjane Bandeira, Gilvan Samico, Ionaldo, Wilton de Souza, Ivan Carneiro, Wellington
Virgolino, Reynaldo Fonseca, Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de
seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo
social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que
trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o
povo.
Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente
linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da
gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto
Alegre, dirigido por Carlos Scliar - em que a técnica é exercitada com base em
temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular
nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas
visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas
32
32
técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a
paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas
mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa
abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao
absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do
grupo.
A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas
xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que
ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos,
anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia
popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos
contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho,
verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa,
precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos
ensinamentos de Lívio Abramo e de Oswaldo Goeldi, seus professores em 1957 e 1958,
respectivamente.
A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros
rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e
gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas
cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de
Lasar Segall em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo
conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira,
realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de-
açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com
elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político
de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que
ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro -
PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel
Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes
plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no
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Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora,
sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social.
Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis.
Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma
série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa.
Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes e Joaquim
Cardozo, à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930,
aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio
Costa, no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do
salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas
Artes - Enba. Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido
Portinari, com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas
sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela
abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
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ANEXO 04
LISTA DAS PERSONALIDADES ENTREVISTADAS
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• Anchises de Azevedo;
• Celso Marconi (jornalista e crítico de arte e de cinema);
• Corbiniano Lins (artista);
• Ipyranga Filho (artista);
• José Cláudio (artista);
• Leonice Silva (bibliotecária e integrante do Ateliê Coletivo de 1952 a 195, ver
Anexo 3 sobre o Ateliê Coletivo);
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• Montez Magno (artista);
• Raul Córdula (artista);
• Reynaldo Fonseca (artista),
• Wilton de Souza (artista).
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ANEXO 05
Lista dos Acervos Visitados e Periódicos Pesquisados
Acervos Visitados:
• Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano;
• Núcleo de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco.
• Jornais documentados de 1948 à 1958:
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• Diário de Pernambuco;
• Diário da Noite;
• Jornal Pequeno;
• Revista Contraponto;
• Revista Região;
• Revista Nordeste.
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ANEXO 6
BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E MENCIONADS NO ESCOPO DA
PESQUISA
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BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E
MENCIONADAS NO ESCOPO DA PESQUISA
1. Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata 1924- 2014)
Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Estudou na Faculdade de Direto
de Olinda, posteriormente, frequentou o curso livre de escultura da Escola de Belas
Artes de Recife, onde foi aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 40, realizou
vários trabalhos em cerâmica para Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas
e motivos regionais. Em 47, participa da criação da SAMR, que dirige durante dez anos
e onde criou, em 1952, o Ateliê Coletivo. Obteve medalha de bronze em esculturano
SNBA de 1950 e o primeiro prêmio nessa especialidade no SPMEP de 1952 e 1956,
sendo sua gravura Enterro de Camponês premiada pelo Clube de Gravuras do Recife
em 1953. Figurou ainda nos VI e XV SNAM (1957 e 1966) e nas mostras Gravuras
Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e exibida em países da
Europa e da Ásia em 1954), Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,
1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo, 1967).
Participou diretamente das atividades do Movimento de Cultura Popular, do Recife,
até quando elas foram encerradas em 1964, teve um álbum de desenhos lançado em
1962, por essa entidade, com o título de Meninos do Recife, Sua temática social é
demarcada também nas esculturas.
A respeito do qual disse Mário Barata: “Sensível aos valores plásticos e visuais do
modernismo, Abelardo exerce sua emocionalidade no âmbito dos temas humanos da
desgraça profunda de nossa gente. No artista ele supera o cotidiano e eterniza-se no
traço e no claro-escuro de um desenho novo, não retórico na sua essencialidade
figurativa”. Anteriormente a 1964, além de exercer o magistério (vários artistas
pernambucanos com ele se formaram).
É integrante também da fundação do Ateliê Coletivo, dirigindo-o entre 1952 e 1957.
Será neste período que Abelardo passará a produzir esculturas para praças do Recife,
com representação de tipos populares
Durante a década de 60, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de
Parques e jardins, secretário de Educação e diretor da Divisão de Artes Plásticas e
Artesanato em Recife. É integrante da fundação do Movimento de Cultura Popular –
MCP, movimento que abrange não só as artes plásticas, mas, música, dança e teatro.
Em 1986 é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, gerido pela Prefeitura do
Recife.
2. Anchises Azevedo (Salvador BA 1933)
Pintor e gravador. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de
Raimundo Cela, entre 47 e 51. Em 55, já aqui em Recife, estuda com Giordano Severi e
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ingressa na SAMR e ganha o primeiro Salão de Pintura do Museu do Estado em 1956.
Em 60, cursa desenho no Liceu de Artes e Ofícios de Recife, em 75, executa um mural
em concreto no Edifício Saara em Boa Viagem.
3. Celso Marconi
Celso Marconi de Medeiro Lins (Recife, Pernambuco, 23 de agosto de 1930). Cineasta,
jornalista, crítico de cinema. Teve formação em Filosofia e Antropologia pela
Universidade Federal de Pernambuco.
Atuou como crítico de cinema em jornais como, Jornal do Commercio e Diário da
Noite, Recife, Pernambuco. Foi editor do Suplemento Cultural e do Caderno C do
Jornal do Commercio.
FILMOGRAFIA (reunida no DVD O cinema de Celso Marconi):
Manguecidade
Terra Ying
Como nossos pais?
Achados e perdidos
Passeio em Itaparica
Recife 0km
Flagrantes
Corbiniano Lins: Sua arte
Ana das Carrancas
Bajado: Um artista de Olinda
Brigada Portinari
Sérgio Lemos: Sua arte
Maurício Silva: Uma exposição
“Seu” Amaro: Um artista de rua
Que viva Glauber
Quatro X Arte
40 mil anos de arte no Nordeste
Morro da Conceição: Dia 8, a festa
Dia de babá orixalá: Dona Betinha
Feira de Caruaru
Bacamarteiros de Caruaru
Cinema: 100 anos de discurso
Entrevista publicada no Jornal Folha de Pernambuco em 2011
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Nelson Pereira dos Santos escreveu a respeito de Celso Marconi que ele “fazia cinema
ao escrever”, na apresentação do compêndio Cinema Brasileiro, que reúne críticas do
pernambucano sobre filmes nacionais. Assim, o cineasta de clássicos como Rio, 40
Graus, Vidas Secas e Como Era Gostoso o Meu Francês resumiu o papel fundamental
do trabalho de Marconi e sua dedicação ao cinema. Dos tempos das resenhas na Folha
da Manhã e no periódico comunista Folha do Povo, na década de 50, até os atuais
posts em blog e outros projetos culturais, são mais de 50 anos voltados a lançar um
olhar questionador sobre a sétima arte.
Formado em filosofia, começou a escrever sobre cinema como lazer. Sob o
pseudônimo de João do Povo, assinou críticas na Folha do Povo. Chegou a ser preso
por três meses nos tempos da Ditadura Militar e tornou-se persona non grata para o
mercado. “Os jornais estavam proibidos de admitir ex-funcionários da Folha do Povo,
passei mais de um ano sem poder trabalhar”, só não teve mais problemas por nunca
ter abonado o posto de funcionário público no INSS.
Depois, tornou-se crítico do Jornal do Commercio na década de 60, e acompanhou de
perto o desenvolver do cinema brasileiro. Testemunhou com seus registros tanto o
nascimento das vanguardas cinematográfica, do Cinema Novo de Gláuber Rocha ao
cinema marginal Boca do Lixo de Sganzerla e Bressane, até a retomada na década de
90. É uma das vozes capazes de tecer não só sobre os filmes, mas também retratar
sobre uma época, sobre a dinâmica dos bastidores do cinema de lá para cá e o
contexto histórico atravessado pela cultura brasileira.
“A indústria cultural dominou tudo, mas o cinema independente sempre há de
conseguir sobreviver, do neorealismo italiano ou da nouvelle vague de Godard até o
cinema novo ou a retomada pernambucana, quem busca um cinema para transmitir
uma idéia e para pensar o mundo dá um jeito de preservar sua arte”, comenta Celso
Marconi.
“A tecnologia abriu portas sem dúvidas, e mais gente teve chance de fazer parte.
Vivemos isso com o super oito e nomes como Kleber Mendonça Filho ou Camilo
Cavalcanti despontam com obras belas graças à revolução digital. E o melhor de tudo é
a pirataria. A internet permitiu que a gente possa ver filmes que antigamente seria de
difícil ou impossível acesso. Se quero conhecer o trabalho de um cineasta, eu busco e
baixo seu filme. O cinéfilo não é mais refém dos interesses comerciais da programação
das salas, espaço que tem seus dias contados. Podemos constatar com o fim dos
cinemas de bairro “, polemiza com sorrisos.
Fez parte de uma geração que falava o que pensava e tinha autoridade para o livre
comentário, nos tempos em que opinião estruturava-se como uma das bases da
análise crítica cultural. Obviamente, pelo caráter mais personalístico e menos
consensual, não agradou a gregos e troianos. No começo da década de 1990, foi se
despedindo da vitrine jornalística. Mas ela, tão somente, nunca resumiu seu entrelace
com o cinema.
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E reza o jargão popular que quem não sabe fazer, escreve sobre. Mas a relação de
Celso Marconi, 80 anos, com o cinema ultrapassa a análise externa e distanciada e
flerta com a mão na massa e a vontade de fazer parte significante do trabalho de levar
a público aquilo que “merece ser visto”, seja documentando em super oito ou vídeo o
que desperta interesse de seuespírito irrequieto, ou seja, trabalhando como formador
de platéia abraçando o papel de programador de sala.
Muito antes de existir o Cinema da Fundação, hoje o principal recanto de exibição de
filmes de arte no Recife, tertúlias de cinefilia eram possíveis graças a um grupo de
apaixonados que encabeçou, na década de 80, umas alternativas sessões de arte que
ao longo dos anos passaram por salas como São Luiz, AIP (Associação da Imprensa de
Pernambuco), Trianon, Arte Palácio, Coliseu. A projeto era persistido ao lado
deFernando Spencer, Ivan Soares, José de Souza Alencar e do colunista Alex.
Daí surgiu a idéia de transformar o Teatro do Parque numa sala de cinema. Voltado
para a formação de platéia, o intuito era dispor bons filmes, com uma curadoria
artística, a preços módicos. O Cinema do Parque passou a figurar na década de 80 e
continua até hoje com outras administrações municipais. Nos anos 90,
Celso Marconi também esteve à frente, mediante o papel de diretor do Museu da
Imagem e do Som de Pernambuco (Misp), do cinema da programação de cinema do
Ribeira, depois deslocada para o Arraial. Numa tranqüila e ventilada casa em Olinda,
reside na companhia de familiares e de seus “melhores amigos”, cerca de seis mil
livros, dos quais quase metade sobre cinema. No momento, debruça-se sobre a leitura
de uma biografia de Godard assinada por Antoine de Baecque.
Hoje, aos 80 anos, não pensa em parar. Desde 2008, com aprovação do projeto no
Funcultura, luta para lançar o duplo DVD que compila seus trabalhos como diretor. São
22 obras reunidas em mais de 6 horas de exibição. O Cinema de Celso Marconi será
lançado no dia 5 de maio.
Celso Marconi: oito décadas e muitos planos
Jornalista e cineasta, completa, 80 anos com planos de lançar DVD LUIZ
JOAQUIMCINEASTA vai por, em breve, seus 22 filmes à disposição para uma nova
geração.
Hoje é dia de festa para o cinema e o jornalismo cultural pernambucano, uma vez que
um de seus ícones completa 80 anos. Ele é Celso Marconi, cujo trabalho como crítico
de cinema pode ser revisto pelos seus livros “Obra Jornalística de Celso Marconi”
(2000) e “Super8 e Outros: Cinema Brasileiro” (2002). Como cineasta, sua produção
poderá ser revista - e descoberta por toda uma nova geração - quando o realizador
lançar em breve o DVD duplo “O Cinema de Celso Marconi”.
Nos dois discos, em seis horas e 40 minutos, divididas em 22 filmes - boa parte feito
em Super-8 nos anos 1970, e alguns em vídeo -, Celso resgata aquele que é o seu
principal discurso como cineasta. E é ele próprio quem explica, num depoimento
gravado no Morro da Conceição para o disco 1. Nele, Celso conta que o seu cinema
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tem uma ligação direta com a realidade popular e como ele quer transformá-la para
uma realidade melhor.
“Não é um cinema pelo cinema, é um cinema que serve. Mesmo sem técnica
aprimorada, ele quer documentar. É como um antropólogo que chega numa aldeia e
documenta o que se apresenta para seu estudo, mas não com distanciamento, mas
sim com participação”, reflete para a câmera enquanto caminha pelas escadarias do
Morro.
Ainda na apresentação do 1º DVD, seu amigo há mais de cinco décadas, o mestre
alucinante alucinado Jomard Muniz de Britto, conta da influência de Celso em sua vida,
e dos caminhos profissionais do jornalista desde a época em que escrevia para o jornal
comunista “Folha da Manhã”, nos anos 1960, quando assinava como João do Povo, até
o período em que lecionou na Universidade Católica, nos anos 1990.
Um outro depoimento bastante lúcido nesta apresentação é o do jovem jornalista e
produtor cultural Sérgio Souza Dantas. Sérgio faz uma correta reflexão sobre três
características que marcam a obra do diretor: a naturalista, a antropológica e a
experimental. Pelo aspecto naturalista, o produtor destaca a forma como Celso
posiciona a câmera e a movimenta semelhante ao olhar de uma pessoa curiosa diante
de seu objeto, pessoa ou tema.
Do ponto de vista antropológico, está bastante marcado o interesse do
documentarista em tratar as pessoas e eventos sociais que falam de aspectos e rituais
religiosos, além dos artistas populares. Como exemplo, Sérgio cita os filmes “Morro da
Conceição”, “Dona Betinha” e “Ana das Carrancas”. Pelo experimentalismo, o que
sobressai são os textos poéticos e engajados politicamente, marcados por
performances com pessoas diante da câmera.
“O filme Terra Ying é um exemplo, quando ele usa a música de Caetano Veloso
fazendo uma analogia entre uma mulher grávida e a terra arada e tratada”, explica
Sérgio, que também cita “Recife 0 Km”, sobre a degradação dos prédios no bairro do
Recife Antigo já no final dos anos 1970, tendo como performers artistas do Movimento
Super-8.
O projeto “O Cinema de Celso Marconi” foi aprovado pelo Sistema Municipal de
Incentivo a Cultura da Prefeitura do Recife em 2008 e está pronto. As cópias do disco
foram feitas em Paris e aguarda apenas apoio financeiro para o material chegar ao
Recife e ser lançado. Esperamos que o aporte chegue logo, assim como os DVDs
cheguem ao Recife, para a cidade comemorar os 80 anos do cineasta assistindo sua
obra cinematográfica.
4. Corbianiano Lins (Olinda, 1924)
José Corbiniano Lins é um escultor pernambucano nascido em Olinda em 1924.
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Corbiniano iniciou como pintor em 1949. Fez parte do movimento de Arte Moderna do
Recife na década de 1950 junto com nomes como Abelardo da Hora, Reynaldo
Fonseca, Samico e Celina Lima Verde. Em 1952, ingressa no Atelier Coletivo de Olinda.
Participou de diversas exposições coletivas e individuais em galerias, museus, espaços
culturais e Salões em Recife, Olinda, São Paulo, Rio de Janeiro, na Europa e na América
Latina. Trabalha ativamente em seu atelier onde recebe encomendas de esculturas.
Um artista múltiplo, que explorou suportes como desenhos, gravura, serigrafias,
tapeçaria, entalhes, pinturas e especialmente escultura. Em boa parte dos seus 90
anos de vida, completados no último dia 2 de março de 2014, Corbiniano Lins trouxe à
sua arte os tipos populares e a admiração pela figura feminina.
A primeira experimentação de Corbiniano na arte foi com a pintura, ainda como aluno
da antiga Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco. A partir de 1949, o artista
realizou suas primeiras pinturas. Foi integrante do Ateliê Coletivo de Olinda, ao lado de
nomes como Abelardo da Hora e Gilvan Samico. A partir dos anos 50, passou a
esculpir, tornando-se um dos artistas mais conhecidos nesse suporte em Pernambuco.
5. Gilvan José Meira Lins Samico (Recife: 1928-2013)
Iniciou autodidaticamente como pintor. Gravador, pintor, desenhista, professor. Em
1952 funda juntamente com outros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte
Moderna do Recife- SAMR, idealizado por Abelardo da Hora (1924).
Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de
Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo- MAM-SP. Em 1958 transfere-se
para o Rio de Janeiro, onde cursará gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola
Nacional de Belas Artes. Dedica-se à elaboração de texturas elaboradas em seu
trabalho. Em 1957, 1958 e 1960 obteve os primeiros prêmios no setor de gravura do
SPMEP. Fez parte ainda do VII ao XVII SNAM(de 1958 a 1968/ prêmio de aquisição em
1960, certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagens ao país em 1962 e
de viagem ao estrangeiro em 1968), V Bienal de Tóquio (1959); Bienal de Arte Litúrgica
(Trieste, 1959); I e II Bienais de Paris (1959 e 1961); I e II Panorâmicas de Artes
Plásticas de Pernambuco (Recife: 1959 e 1962); VI, VII e IX BSP(Binais de São Paulo,
entre 1961 e 1967), XXXI Bienal de Veneza (1962/ Prêmio de arte litúrgica) I Bienal
Americana de Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF(1965), participando
também das mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e
Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo,
1967).
Realizou exposições individuais nas galerias Lemac (Recife, 1960) e do Teatro
Popular do Nordeste (Recife, 1966), Na Petite Galerie (1965) e na Universidade Federal
da Paraíba.
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Em 1965 passa a se fixar em Olinda e leciona xilogravura no setor de artes plásticas na
Universidade Federal da Paraíba.
Ao receber o prêmio do 17º Salão Nacional de Arte Moderna viaja ao exterior e
permanece assim por dois anos na Europa. Em 1971 é convidado por Ariano Suassuna
a integrar o Movimento Armorial. Sua produção é marcada pela recuperação do
romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização da
xilogravura. Suas gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros
provenientes de lendas e narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos.
Comentário Crítico:
Gilvan Samico inicia-se em pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de
Arte Moderna do Recife - SAMR, criada por Abelardo da Hora (1924), que tem
importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é
criar no Recife um amplo movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásticas,
teatro e música, incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações.
Em 1952, Samico é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da SAMR, centro de estudos de
desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social.
Vem para São Paulo em 1957, onde tem aulas com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola
de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Da convivência com
Abramo Samico guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da
madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas. O artista passa a criar ritmos
lineares, que se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras.
Viaja no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde freqüenta o curso livre de gravura
deOswaldo Goeldi (1895 - 1961), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O contato
com o gravador é percebido no emprego de atmosferas noturnas em seus trabalhos,
utilizando número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor.
Sua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, através da
literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é
então povoado por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas
populares, e também por muitos animais e seres fantásticos: leões, serpentes, dragões.
Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força
expressiva. A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a
bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por
exemplo, em O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso, 1963. A xilogravura Suzana no
Banho, 1966 apresenta características formais que se tornam constantes na obra de
Samico: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição,
emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço.
Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais longamente à realização de
cada gravura, chegando a produzir uma matriz por ano. Exercita com a goiva toda uma
variedade de cortes, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado. Nos
trabalhos recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando
motivos originários da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A Espada e o
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Dragão, 2000, por exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso
da cor.
Ao se referir ao seu trabalho, disse Ferreira Gullar: “(...) acordam em nós uma emoção
atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas dos
temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua
iconografia”.
E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade
brasileira são fáceis de perceber. É o Nordeste que o inspira, o Nordeste, visto através
das gravuras que ilustram os cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e
do fantástico, de uma imaginação poderosa e mórbida que mescla caboclos, santos,
monstros, diabos e estranhas aves de rapina”.
José Roberto Teixeira Leite analisou sua obra em A Gravura Brasileira Contemporânea
(1965). Foi também incluído em um dos álbuns de gravadores brasileiros organizados
por Orlando da Silva.
6. Hélio Feijó (Recife 1913- 1991)
Desenhista, Pintor, Arquiteto. Hélio Feijó nasceu em 26 de janeiro de 1913 na cidade
de Recife, Pernambuco. Hélio Feijó foi um dos mais completos e inovadores artistas na
história da arte pernambucana e brasileira. Discípulo de Cândido Portinari e Carlos
Chamberland, durante sua trajetória cultural produziu importante conjunto de obras
em diversos campos das artes plásticas. Como pintor, deixou grande legado em
murais, pinturas, cenários, caricaturas, gravuras, desenhos e artes gráficas. Inovou
criando, em 1941, uma técnica de impressão onde se misturam fotografia e
desenho.Como arquiteto, teve atuação de destaque integrando a equipe precursora
do movimento moderno da arquitetura brasileira no Recife. Em 1949, recebeu o
prêmio Le Corbusier, no VI Salão de Arte Moderna, em São Paulo, com o projeto
arquitetônico “Sistema de Autoventilação”.
Como poeta, publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas do nordeste.
Exerceu grande influência na disseminação do movimento modernista no nordeste,
sendo o fundador do Grupo dos Independentes, em 1933, e da Sociedade de Arte
Moderna, em 1947. Sua última grande exposição foi na Galeria Nega Fulô na década
de 70. Passou seus últimos anos na ilha de Itamaracá, Pernambuco. Faleceu no dia 9
de setembro de 1991 n acidade onde nasceu.
Participação de Eventos
1931 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil - Salão Revolucionário (1931 : Rio de
Janeiro, RJ) - Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro RJ)
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1975 - Recife - Pernambuco - Brasil - Coletiva de Abertura (1975: Recife, PE) - Ranulpho
Galeria de Arte (Recife, PE)
1976 - São Paulo - São Paulo - Brasil - O Desenho em Pernambuco (1976: São Paulo, SP)
- Galeria Nara Roesler (São Paulo, SP)
1983 - Olinda - Pernambuco - Brasil - Hélio Feijó e Aprígio (1983: Olinda, PE) - sem local
de realização definido.
1984 - São Paulo - São Paulo - Brasil - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura
brasileiras (1984 : São Paulo, SP) - Fundação Bienal (São Paulo, SP)
7. Ionaldo Andrade Cavalcanti (Recife 1933- São Paulo 2002)
Desenhista, artista gráfico. Em 1949, segundo a enciclopédia Itaú Cultural, ele
inicia autodidaticamente em pintura. Em 52 participa da fundação do Ateliê Coletivo.
Entretanto em 59 passa a fixar-se em São Paulo onde em 62 atua também como
professor de desenho e pintura na Galeria Dearte. Em 65 executa o álbum de desenhos
PEGI, em 77 lança o livro O Mundo dos Quadrinhos, pela Editora Símbolo e em 88
lança o livro Esses Incríveis Heróis do Papel, pela Editora Mater.
8. João Câmara Filho (João Pessoa PB 1944)
Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, professor e crítico. Estuda pintura no
curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, entre
1960 e 1963. Nesse ano é eleito presidente da Sociedade de Arte Moderna do Recife e
cursa xilogravura, sob a orientação de Henrique Oswald (1918-1965) e Emanuel Araújo
(1940), na Escola de Belas Artes de Salvador.
Conquistou os primeiros prêmios de pintura e gravura nos SPMEP de 1962 e 1964.
Figurou ainda no XI Festival Universitário de Arte (Belo Horizonte, 1962/ primeiro
prêmio de pintura e segundo de desenho). I BNAP (1966/ prêmio de aquisição em
pintura, III Bienal Americana de Arte (Córdoba, Argentina, 1966/ prêmio de Bolsa de
Comércio de Córdoba/ foi incluído também numa seleção de artistas dessa Bienal
exibida no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires) e IV SAMDF ( 1967/ grande
prêmio do salão), bem como nas mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte
Popular da Bahia, 1963), inaugural da Galeria de Arte da Ribeira (Olinda,1964), Seis
Artistas de Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina
Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo,1967).
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Muito Além de apresentar seus trabalhos, juntamente com Maria Carmem e Anchises
de Azevedo, na galeria Arte da Ribeira (1965), realizou exposições individuais nas
galerias de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (1963), Rosenblit
(1964) e Ônix (1966), as duas últimas em Recife, Gastão de Holanda referiu-se ao
antilirismo e ao sentido de realismo crítico de sua arte, na qual se observam acentos
irônicos e dramáticos e a seu respeito comentou Walter Zanini, em 1967: “ suas
imagens encadeadas quase como um puzzle parecem amalgamar deuses astecas e
ícones do baralho, assumindo ar de aquilina terribilitá sombriamente derrisório”.
Participando pela primeira vez do SNAM em 1969, com três pinturas de grandes
dimensões, nele recebeu o certificado de isenção de júri. Tem publicado,
regularmente, artigos sobre artes plásticas na imprensa pernambucana, inclusive no
Diário de Pernambuco.
Em 1964, funda, com Adão Pinheiro (1938), José Tavares e Guita Charifker (1936), o
Ateliê Coletivo da Ribeira e, em 1965, o Ateliê +Dez, ambos em Olinda. Entre 67 e 70,
leciona pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Paraíba. Em 74,
monta um ateliê de Litografia, transformando depois na Oficina Guaianases de
Gravura, que, a partir de 95, é incorporada ao Laboratório de Artes Visuais da UFPE. A
partir da década de 60, a produção de João Câmara caracteriza-se por apresentar, ao
lado de figuras humanas com seus corpos estruturados, representações de corpos
fragmentados, o que confere um caráter de estranheza aos trabalhos. Na década de
1970, inicia a realização das séries Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974- 1976) e
Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmera (1977-1983). Em 1986, realiza a série O
Olho de meu Pai sobre a Cidade, em que faz uma homenagem ao seu pai e à Recife.
Em 2001, conclui a série Duas Cidades, que tem como cenário Olinda e Recife.
Quando Aracy Amaral em seu livro Arte para que? Faz uma abordagem sobre a
ineficiência da arte ela cita como exemplo uma série de quadros feitos por João
Câmara como se houvesse por parte do artista o desejo de manter a ambiguidade na
postura em relação aos quadros, onde em sua série de pinturas sobre a época de
Getúlio Vargas, que mesmo que estivesse longe de se parecer uma pintura histórica,
tem, segundo Aracy, uma estrutura imagética intrincada, que se torna difícil
desvincular a denúncia da exaltação. E, no entanto, esta série foi alvo de aquisição pelo
Estado, assim como o artista vendeu uma série de cem litografias que acompanhava a
série.
Comentário Crítico
Em 1959, João Câmara começa a pintar paisagens, sob a orientação do pintor José
Tavares. Em 1960, ingressa no curso científico do Colégio Nóbrega, no Recife, e no curso
livre de pintura da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, que freqüenta até 1963.
Estuda com Mário Nunes (1889 - 1982) e Laerte Baldini, entre outros, e,
esporadicamente, com Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970). Interessa-se pelo
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cubismo e pós-cubismo de Pablo Picasso (1881 - 1973) e pelo trabalho de Abelardo da
Hora (1924), Francisco Brennand (1927), Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), Reynaldo
Fonseca (1925) e Wellington Virgolino (1929 - 1988). Já revela nesse período sua
preferência por pintar grandes superfícies, que se desdobram em dípticos, trípticos ou
polípticos.
Na década de 1960, sua produção aproxima-se do expressionismo e do fauvismo. Em
algumas obras enfoca a violência, e o caráter trágico da composição acentua-se pelo
uso de tons escuros que se contrapõem aos vermelhos e azuis fortes, como pode ser
observado em Vietonose Perfil III (1966) e Exposição e Motivos da Violência (1967). Em
Testemunhal, Reconstituição e Uma Confissão (todas de 1971), aborda a tortura e a
opressão humana. O artista, ao voltar-se para o corpo do homem, submete-o a torções
e deformações, sem prejuízo de certo erotismo.
Em 1963, faz curso de xilografia, orientado por Henrique Oswald (1918 - 1965) e
Emanoel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes, em Salvador. No início dos anos 1970,
começa a realizar litografias e, com Delano, improvisa um ateliê dessa técnica no Recife,
posteriormente transferido para o Mercado da Ribeira, em Olinda. Trabalha a litografia
com liberdade, e a utiliza ainda como uma espécie de ensaio para as grandes pinturas.
João Câmara realiza muitas séries de pinturas e gravuras, como Cenas da Vida Brasileira
1930/1954 (1974-1980) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara (1977-1980),
que inclui montagens e objetos. Em Cenas da Vida Brasileira, não busca reproduzir a
veracidade dos acontecimentos políticos do período, mas vincula personagens
históricos, como Getúlio Vargas (1882 - 1954), a objetos insólitos e personagens fictícios,
criando uma narrativa própria, um passado imaginário, ao qual se mesclam as suas
recordações da infância. Já em Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara, a mulher
surge como personagem principal. Nessa série, o artista acrescenta diversos elementos
à superfície da tela, como ilhoses, parafusos, couro, tecido e chumbo.
Além dos temas políticos e dos retratos, a temática regionalista torna-se mais constante
em sua produção a partir da década de 1980. Na série O Olho de Meu Pai sobre a
Cidade (1986), faz uma homenagem ao pai e à cidade do Recife, e começa a realizar,
nos anos 1990, a série Duas Cidades, com obras que têm como cenário Recife e Olinda.
Para a estudiosa Almerinda da Silva Lopes, o projeto poético de João Câmara, desde o
início de sua atuação profissional, consiste em traduzir, plasticamente, uma visão crítica
da sociedade. Sua obra dialoga com a história política brasileira, com a arte e a
mitologia. O artista cria dessa forma, em seus trabalhos, metáforas com as quais ironiza
o poder e as relações sociais.
9. José Cláudio (Ipojuca 1932)
Pintor, desenhista, crítico de arte e escritor. Em 52 faz parte da fundação do Ateliê
Coletivo da SAMR. Posteriormente, em Salvador, é orientado por Mario Cravo Júnior
(1923), Carybé (1911-1997) e Jenner Augusto (1924-2003),Viaja à São Paulo em 55
onde, inicialmente, trabalha com Di Cavalcanti (1924-1976)estudando também gravura
com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo. Recebe
bolsa de estudos da fundação Rotelini em 57, permanecendo por um ano em Romana
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Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos
sobre artes plásticas para o Diário da Noite, em Recife.
Suas pinturas são marcadas por um caráter figurativo que retratavam cenas regionais e
paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. Escreve ao longo de sua
carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como
a mostra Oficina Pernambucana (1967).
Nascido em Ipojuca, na zona da Mata Sul de Pernambuco, em 27 de agosto de 1932,
José Cláudio da Silva foi o único filho homem do comerciante Amaro Silva e de Maria
Ramos da Silva e, segundo conta em entrevista, o primeiro de toda a família que teve o
privilégio de pôr os pés num colégio. O próprio artista descreve sua trajetória:
“Eu vim para o Recife, para um internato no Colégio Marista, para fazer ginásio, que
em Ipojuca não tinha. Fiz exame de admissão, depois fiz ginásio, colegial, passei para o
Colégio Oswaldo Cruz, para fazer o clássico, estudar Direito. Entrei para a Faculdade, e
foi quando eu vi que não era a minha praia. E conheci Abelardo da Hora e outros
amigos; aliás, eu conheci primeiro um ex-aluno do Marista, Ivan Carneiro, que
perguntou se eu ainda gostava de desenho, e eu disse que sim. Então, ele disse “vamos
abrir um ateliê”; aí, eu fiz parte desse ateliê, e eu fui um dos fundadores, fui da
primeira leva desse Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, que,
muitos anos depois, [Giuseppe] Baccaro quis reviver e fundou outro ateliê coletivo,
com alguns que eram do primeiro ateliê coletivo, esse de 1952, como [Givan] Samico e
Guita Charifker, que entrou um pouco depois. [...] Abelardo da Hora era como um
“mister”, e ele pregava uma arte para o povo, dirigida ao povo, em que o povo fosse
protagonista. Daí, a gente pintava trabalhador, visita às feiras, Xangô, e sonhava coisas
populares, e as sonhava como aprendidas pela massa, pela população. [...] Depois, eu
fui para São Paulo, me desviando desse rumo. Depois de um tempo, começou a
prevalecer [a relação com a cultura popular], e hoje eu levei mais a serio, mas por
outras circunstâncias. Morei na Bahia. E trabalhava para Carybé, que tinha muitos
murais e precisava de muita gente para preparar a parede. [Eu] Era um trabalho braçal.
Carybé sabia que meu interesse era pintura, e trabalhamos com vários pintores,
naquela época. Com Cravo, com Carybé, com Augusto e pintores que não eram
conhecidos e ajudavam os que eram conhecidos. Geraldo Trindade Leal, que nunca
mais ouvi falar dele, era do Rio Grande do Sul, Inis Covadine, que mora em Jundiaí até
hoje, Rubem Valentim, que estava começando, na época; eu era ajudante desses
pintores. Bem, na casa de Carybé, eu conheci Arnaldo Pedroso D’Orta, e ele disse que,
quando eu quisesse, eu poderia ir a São Paulo; eu fui, e nos tornamos muito amigos.
Foi a época das grandes Bienais, a Bienal do IV Centenário. E foi aí que eu conheci a
pintura do mundo todo. Aqui [no Recife], a gente não tinha nem reprodução para ver,
e lá eu vi os originais desse pessoal todo; teve uma grande retrospectiva do Cubismo, e
tudo que eu aprendi foi praticamente nessa época. aí, eu ganhei uma bolsa, passei um
ano na Itália [...]” (Silva, J., 2009).
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José Cláudio voltou ao Recife em 1954, participou da I Exposição do Atelier Coletivo e
obteve Menção Honrosa no Salão do Museu do Estado de Pernambuco. No ano
seguinte, retornou à Bahia, onde passou a dedicar-se mais ao desenho e,
posteriormente, viajou para São Paulo, onde trabalhou com artistas do Modernismo
brasileiro como Di Cavalcanti (1897-1976) e estudou gravura com Lívio Abramo (1903-
1992), na escola de artesanato do MAM. Nessa cidade realizou, em 1956, sua primeira
exposição individual, Desenhos, no Clube dos Artistas e Amigos da Arte. Obteve o
segundo lugar para desenhos do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, participou da
IV Bienal de São Paulo (1957), onde lhe foi conferido o prêmio de aquisição, e recebeu
a bolsa de estudos da Fundação Rotelini, o que lhe possibilitou permanecer um ano em
Roma, na Academia de Belas Artes, estudando História da Arte e Modelo Vivo. De volta
ao Brasil em 1959, passou a residir em Olinda, no ateliê de Montez Magno, Adão
Pinheiro e Anchises Azevedo, e realizou sua segunda individual, agora no Recife. Na
década de 1960, realizou muitas exposições individuais, participou das Bienais de São
Paulo em 1961 e 1963 e obteve do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea para
desenho (1962). Escreveu artigos sobre artes plásticas e literatura para o Diário da
Noite (1961) e para o Jornal do Commercio (1965), lançou os livros Viagem de um
jovem à Bahia (1965), Ipojuca de Santo Cristo e Bem dentro (ambos em 1968), além
dos álbuns Os bichos da roda (1966) e Catende-xilos (1971).
Na década de 1970, fez 100 óleos documentando aspectos da Amazônia (1975), tema
inspirado por sua participação numa expedição à Amazônia – em que estiveram
também cientistas e o zoólogo e compositor músico Paulo Vanzolini, que costumava
levar um artista nas excursões, como se fazia no século XIX. Adquiridos pelo governo
de São Paulo, os quadros estão hoje no Palácio dos Bandeirantes, e um dos desenhos
da série foi levado pelo zoólogo estadunidense Ronald Hayer para o Museum of
Natural History, da Smithsonian Institution, Washington.
Fortemente inspirada na cultura popular e no cotidiano de Olinda, Recife e outras
cidades brasileiras, sua obra já percorreu museus e galerias de todo o país e explora
especialmente brincadeiras infantis, tipos populares, festas do interior nordestino e
mulheres sedutoras de todos os mundos. Hoje, José Cláudio vive em Olinda, onde tem
seu ateliê, pinta por encomenda e escreve periodicamente para a revista Continente,
dedicada à arte e à cultura.
Comentário Crítico
José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do
Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington
Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de
desenho e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre
1952 e 1957. Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo
Júnior (1923),Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003).
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O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 -
1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em
1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma,
na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve
artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife.
José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e
paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do
Mercado (1972) ou Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973),
destaca-se o diálogo com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e
o colorido intenso. Em suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola
de Paris e também pelos expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da
década de 1970. O carnaval é o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei
Agora (ambos de 1974), com cores vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de
expedição à Amazônia, promovida pelo Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo, registrando em vários desenhos a óleo diversos aspectos regionais.
Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O
Repouso do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela
a tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos
formais, que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como
Ipojuca e Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas.
O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para
exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967).
Publica, entre outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne
depoimentos dos vários artistas que integram o grupo.
10. Ladjane Maria Ladjane Bandeira de Lira
Nasceu em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, em 5 de junho de 1927 e faleceu
em Recife, no dia 24 de março de 1999. Em 1942 fez colaboração poética para a
“Gazeta de Nazaré”, no ginasial. Dirigido pelo Padre Daniel Lima, cujo jornal tinha uma
grande circulação no meio intelectual de Recife. Aos 20 anos, em 1947, mudou-se para
o Recife e cursou Especialização Pedagógica (Pós-graduação). Em 1948 tornou-se
integrante fundadora da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), juntamente
com os artistas plásticos Abelardo da Hora e Hélio Feijó. Nesse mesmo ano realizou
sua primeira individual de pintura e desenho no Salão Nobre da Faculdade de Direito
do Recife, com trabalhos figurativos. Esta exposição suscitou comentários,
reportagens, entrevistas e críticas nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do
Commércio, Folha da Manhã, Jornal Pequeno, assinados por alguns intelectuais, por
exemplo, Waldimir Maia Leite, Guerra de Holanda, Aderbal Jurema, Mário Melo e Luís
Teixeira. Em 1949 iniciou suas primeiras colaborações literárias e artísticas para o
Suplemento Literário do Jornal do Commércio (PE), Diário de Pernambuco (PE), Correio
da Manhã (RJ) e Revista Branca (RJ). Ilustrou neste ano, o livro “FÁBULA SERENA” de
Darcy Damasceno (Editora Orfeu, RJ) e fez ilustrações para Revista NORDESTE de
Esmaragdo Marroquim e Aderbal Jurema.
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Nos anos 1950 publicou história em quadrinhos no Diário da Noite (Recife/PE),
ilustrando a vida do sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre por ocasião das
comemorações do cinquentenário de seu nascimento. Realizou individual no Gabinete
Português de Leitura do Recife, tendo fundado, dirigido e colaborado com a página
individual do Gabinete. Em 1952 fundou e dirigiu até 1962 a página ARTE do Diário da
Noite, em Recife. Em 1955, aos 28 anos, conquistou o PRÊMIO UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PERNAMBUCO, em Pintura, realizado anualmente no Museu do Estado.
Realizou individual no Gabinete Português de Leitura (1956), participou do V SALÃO DE
ARTE MODERNA do Rio de Janeiro em 1957 e neste mesmo ano iniciou curso de
Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
Proferiu diversas palestras sobre “Arte” patrocinadas pela Sociedade de Arte Moderna
do Recife (SAMR). Um marco importante em 1958, aos 31 anos, foi a execução de um
painel concretista, em grandes dimensões, para a Escola Politécnica do Recife,
abstração geométrica em vidrotil, e a realização da exposição individual “Dez anos de
Pintura e Desenho” inaugurando a Galeria Lemac de Arte no Recife. Participou da I
Feira de Arte do Recife, criação do Nordeste e Artístico, patrocinada pela Sociedade de
Arte Moderna do Recife (SAMR) e da I Panorâmica de Artes Plásticas do Recife. Neste
ano assumiu a direção artística da Revista Nordeste e da Editora do Nordeste.
A artista e crítica, ao longo de sua trajetória, realizou inúmeras conferências sobre
História da Arte, variadas exposições, pertenceu a Associação Internacional de Artistas
Plásticos, Sociedade de Arte Moderna do Recife, Associação de Artistas Plásticos
Profissionais de Pernambuco, Associação Brasileira de Críticos de Arte, Associação
Internacional de Arte, Academia de Ciências de Pernambuco, Academia de Letras e
Artes do Nordeste Brasileiro, Gabinete Português de Leitura, Fundação Joaquim
Nabuco, Pen Club do Brasil. Fez belas ilustrações e recebeu diversas medalhas,
homenagens e prêmios em reconhecimento a suas produções artísticas e literárias. Em
1981 foi eleita com “Medalha de Ouro” para a Academia Itália de Artes e Ofícios, em
Parma na Itália. Foi homenageada com uma Sala Especial no XXXIV Salão de Artes
Plásticas de Pernambuco. Para a sua série A Biopaisagem foi organizada uma exposição
em sala especial no Museu do Estado de PE. Gravou para o Museu da Imagem e do
Som. Foi membro da União Brasileira de Escritores, seção Pernambuco, tem dois livros
publicados e dezenas de outros inéditos. Essa breve trajetória da artista aponta para
sua inserção no campo da cultura e das artes plásticas em Pernambuco e no Brasil, o
que permite apostar na importância dessa pesquisa para o Estado de Pernambuco,
para a ampliação das versões sobre a história das artes no Brasil, inserindo
Pernambuco como um dos centros de produção não apenas das artes visuais, mas
sobremaneira, na produção da critica de arte e seus impactos no meio artístico. (1960)
ocorre exposição coletiva de inauguração da Galeria de Arte do Recife, promovida pelo
Movimento de Cultura Popular, ao lado de artistas mais jovens, como Anchises
Azevedo, Gilvan Sâmico, Montez Magno, José Cláudio. Foi incluído (Vicente do Rego)
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também, por Ariano Suassuna, na exposição Pintores Pernambucanos
Contemporâneos que integrou o Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária na
então Universidade do Recife em 1960.
No livreto que traz a lista de obras, Suassuna explica os critérios de seleção dos artistas
e de organização da exposição. Vicente foi incluído na geração “modernistas, com sua
variante regionalista” (ao lado de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres), que era precedida
pelos pintores “chamados acadêmicos ou conservadores” (Murillo La Greca, Fédora do
Rego Monteiro Fernandes, Baltazar da Câmara, Mário Nunes), e que abriria caminho
para a “geração que sucede”, composta por Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca,
Aloísio Magalhães. Duas exceções: Joaquim do Rego Monteiro e Adão Pinheiro. O
primeiro, por ser um pintor vanguardista que morrera muito novo, o segundo, por ser,
nas palavras de Suassuna, uma “homenagem da Universidade aos mais novos, dos
quais ele é realmente um dos melhores”. Nessa geração dos mais novos, ou dos que
mereceriam figurar na exposição, Suassuna menciona Ladjane Bandeira, Elezier Xavier,
Montez Magno e Wellington Virgolino (SUASSUNA, 1960). Exibindo telas datadas dos
anos 1920, essa exposição organizada por Ariano Suassuna talvez seja, uma das
primeiras nas quais Vicente figura não como um artista atuante, mas como um artista
incorporado ao patrimônio de um modernismo pernambucano já consolidado.
Comentário Crítico
Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em
que é visível a influência da obra de Candido Portinari (1903 - 1962). Na
xilogravuraMeninos do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças
esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma
temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e
principalmente em cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que
acrescenta um grau de sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista
produz várias esculturas para praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos
populares, inspirados na cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a
admiração pela obra de Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem
posteriores, como emDesamparados e Água para o Morro (ambos de 1974).
Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico
pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife - SAMR,
com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de
educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952
oAteliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes
representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico (1928), José Cláudio (1932) e
Aloísio Magalhães (1927 - 1982), entre outros.
11. Montez Magno de Oliveira (Timbaúba-PE 1934)
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Pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura
entre 1953 e 1966.
Conquistou o prêmio de Pintura no XVIII SPMEP (1958); participou ainda dos VIII, IX,
XIV, XVI, XVII e XVIII SNAM (entre 1959 e 1969/ certificado de isenção de júri em 1967);
V, VIII e IX Bienais de São Paulo (entre 1959 e 1967/ prêmio de aquisição em 1967); IX
SPAM (1962/medalha de bronze); I EJDN (1963); I e II SEAJ (1965 E 1968); I Salão de
Abril (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1966); I BNAP (1966); IV SAMDF
(1967) e da mostra do Concurso de Caixas (PetiteGalerie, GB,1967).
Realizou exposições individuais nas galerias do Instituto dos Arquitetos do Brasil (seção
do Recife,1957), Lemac (Recife, 1958); Seta (São Paulo, 1963); Goeld (GB,1965), Atrium
(São Paulo,1965); Ônix (Recife,1966) e Cantu (GB, 1967).
A partir de 1960 publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros. Torna-se
bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 63 e 64, possibilitando assim viajar por
vários países da Europa. Vindo do Abstracionismo para a Figuração, foi dito a respeito
de seus desenhos no catálogo da exposição na Galeria Ônix (1966): “Pertencem ao
mundo complexo e intimista das sondagens efetuadas por Francisco Goya, James
Ensor, Edward Munch e Emil Nolde no mais recôndito da alma humana. Apensar deste
confronto, é nos trabalhos de Alenchinsky, Pignon e KarelAppel que vamos encontrar
maior identificação e paralelismo com os desenhos de Montez Magno”. Em entrevista
concedida a Frederico Morais (Diário de Notícias, 9 de maio de 1968) disse o próprio
artista: Particularmente me situo entre os que se propõem a renovar constantemente
no setor da pintura e da escultura (ou do objeto). Para mim estas duas manifestações
artísticas se fundem numa só, pois meus trabalhos mais recentes são estruturas
tridimensionais, ligadas, portanto à escultura, complementadas por elementos de cor,
sendo também pintura”. Nos seus trabalhos retoma o abstracionismo de definição
geométrica. Publicou o texto “O material na obra de Arte: Mito e Preconceitos” (Jornal
do Brasil, GB, 5 de Julho de 1969). Com o prêmio recebido no I Salão Global do
Nordeste, viaja para Europa e Argélia a estudos em 75. De volta ao Brasil, leciona
escultura na Universidade Federal da Paraíba. Ilustra o livro O diabo na Noite de Natal,
de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria.
12. Raul Córdula Filho (Campina Grande PB 1943)
Raul Córdula é artista plástico, curador e crítico de arte. Com mais de 50 anos de arte,
seu repertório e poética é atravessado pela arte primitiva, o concretismo,
neoconcretismo, arte experimental, arte engajada, arte postal e pop arte.
Conhecido principalmente pela sua pintura geométrica, o artista nasceu em Campina
Grande, Paraíba, em 17 de abril de 1943. Filho do professor Raul Córdula,mudou-se
com a família para o Rio de Janeiro -RJ em 1946. Ao regressar a Paraíba,
primeiramente em Campina Grande em 1957, começa a pintar acompanhado de um
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grupo de adolescentes do qual participaram Flávio Bezerra de Carvalho, artista que
morreu ainda criança, e Ney Suassuna.
Um ano depois, a família fixa residência em João Pessoa-PB. Nesta época estudava
desenho na Escola de Arte de Campina Grande com o professor Miranda e a
professora Lourdes Almeida, em 1958. O ano de 1959 foi marcante para o jovem que
deseja ser artista. Conhece os grupos de poetas e intelectuais proximos à vertente
artística concretistae construtivista, conhece Jomard Muniz de Brito, tem contato com
o texto emblemático publicado no Rio de Janeiro de Ferreira Gular, Teoria do Não
Objeto, imediatamente ao seu lançamento.
No Rio de Janeiro, estudou técnica de pintura com o professor Domenico Lazzarini no
Museu de Arte Moderna e história da arte com professor Carlos Cavalcanti no Instituto
de Belas Artes (atualmente Escola de Artes Visuais do Parque Lage), entre os anos de
1962 e 63. Assim como, teve orientações técnicas e teóricas nos ateliers de Adão
Pinheiro (Olinda), Márcio Mattar (Rio de Janeiro), Iberê Camargo, Lygia Clarck e Hélio
Oiticica (Rio de Janeiro).
Anos 1960
A dinâmica das artes plásticas no eixo Rio-São Paulo se caracteriza pela consolidação
de museus de arte e pelas polêmicas trazidase discursos narrativos trazidos pela Bienal
de São Paulo. Uma ampliação do conceito de arte brasileira para arte internacional
brasileira parece se esboçar com as defesas e recuos em relação a arte abstrata e o
figurativismo, anos depois essas polêmicas serão sistemátizadas e teorizado por
críticos e historiadores de arte. O Museu de Arte Moderna (MAM-RJ) se revelou como
um espaço importante às manifestações de vanguarda, realizando mostras
comoExposição Opinião 65, Exposição Nova Objetividade Brasileira, em 1967, Salão da
Bússola em 1969 e Domingos de Criação em 1971.
No Nordeste, surgem movimentos como o Movimento da Cultura Popular em Recife-
PE, o Teatro Popular do Nordeste de Hermilio Borba Filho e Ariano Suassuna em João
Pessoa-PB. Ainda na Paraíba, o Clube do Silêncio, a Geração 59 e o Grupo Snhauá
foram movimentos responsáveis pelas mobilizações de vanguarda na época no meio
cultural no início da décade de 60. Inicialmente formada por poetas, no decorrer de
suas atividades outras categorias artísticas foram acrescidas, como: teatro, música,
artes visuais e ciência.
Raul Córdula, seu pai, diretor da Divisão de Documentação e Cultura (DDC), realizou
uma série de eventos culturais viabilizando a atuação de artistas de várias linguagens.
Raul Córdula Filho teve seu contato com o movimento por meio do Salão de Poesia,
organizado pela DDC, em que ilustrava os poemas juntamente com Walmick Brito.
Assim, foi na Geração 59 que o artista ressalta que “adquiriu a sua poética”.
Marcado por esse panorama de efervescência cultural, Raul Córdula integrou o grupo
que criou a Escola de Artes Plásticas Tomaz Santa Rosa, no Theatro Santa Roza, que
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posteriormente em 1963 foi absorvida pela Universidade Federal da Paraíba para
formar o Serviço de Artes Plásticas do Departamento Cultural da Universidade Federal
da Paraíba, núcleo da atual Pró Reitoria de Extensão Cultural. Como fruto das
experiências no ateliê desta universidade, em 1960 acontece a primeira exposição
individual do artista na Biblioteca Pública da Paraíba, João Pessoa-PB, apresentando 22
trabalhos. A partir desta data, logo participou dos seus primeiros salões de arte ainda
na Paraíba.
Posteriormente, o artista passa a morar no Rio de Janeiro, foi cenógrafo da TV Tupi
(canal 6), realizou exposições em importantes galerias do sudeste brasileiro e recebeu
premiações nos principais salões de arte do país na época, como o Salão Mineiro.
Córdula volta a Paraíba com o principal intuito de criar o Museu de Arte Assis
Chateaubriand, em Campina Grande, e formar o acervo da instituição por meio de
campanhas com grandes empresários. Nesse retorno, inserindo este museu no circuito
nacional de artes visuais, por meio de uma coleção de arte contemporânea de
vanguarda, retoma a movimentação da produção artística local e funda a Associação
Paraibana de Artistas Plásticos – APAP.
Também no mesmo ano, a Reitoria da UFPB programou para sua galeria de arte,
instalada no hall, uma série de exposições de artistas plásticos ligados ao seu
Departamento Cultural. Nesta época, uma série de decretos foram emitidos no regime
militar brasileiro nos anos posteriores ao Golpe Militar de 1964, havia um clima de
tensão envolvido por censuras e repressões militares, e nesse contexto a exposição de
Raul foi censurada por ordem do Conselho Universitário no dia seguinte à abertura.
Depois da censura oficial, o governador da Paraíba, publicou nota no Jornal O Norte
repudiando tal ato e oferece ao jovem qualquer dos espaços culturais da cidade que
estavam sob tutala do estado. A mostra foi exposta no Theatro Santa Roza (João
Pessoa). A convite de JOmard Muniz de Brito a exposição seguiu para a Oficina 154
(Olinda), e no Clube Carnavalesco Os Amantes das Flores (Recife). No vernissage da
exposição da Oficina 154, o artista assina o II Manifesto Tropicalista – Inventário do
Feudalismo Cultural Nordestino escrito por Jomard Muniz de Brito e lido por Gilberto
Gil e Caetano Veloso, e assinado pelos artistas presente no Lançamento do livro de
poesias de Marcos Vinicius de Andrade, Idolatina.
Devido a censura o artista foi demitido da UFPB e transferiu-se para São Paulo, que
trabalha como cenógrafo na TV Bandeirante (canal 13), e depois para o Rio de Janeiro.
Anos 1970
Em tempos de exílio do nordeste Raul Córdula trabalha comocenógrafo da TV Globo
(canal 4) até 1972, assim como, fez programação visual para várias empresas no Rio de
Janeiro, entre elas a Rádio Ministério da Educação e Cultura.
Em 1972, ao voltar para Paraíba, abre um Bar com um grupo de amigos, Asa Branca,
ambientado por artistas. O Asa Branca se torna um espaço de exibição de produções
59
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culturais e artísticas, sendo marcante os espetáculos musicais independentes de Zé
Ramalho, Vital Farias, Marconi Notaro e Carlos Aranha. Manteve um escritório de
Programação Visual em João Pessoa, até 1975.
Com a exposição censurada, o medo e a decepção encontrada na censura levou ao
artista trilhar uma nova fase, fase que mais o consagrou. A pintura abstrata, a
geometria dos triângulos, círculos, retângulos, bem como os rabiscos infantis, passam
a potencializar aparatos simbólicos com os mais diversos significados.
Nos anos 1970, ganha prêmios no 1º e 2º Salão de Arte Global de Pernambuco,
realizado pela Rede Globo de Televisão. No ano seguinte, participa como curador,
realizando o 3º Salão – O Artesanto e o Homem. Ainda em 1973, é inaugurado o novo
edifício da Assembleia Legislativa em João Pessoa, o artista participa e integra o albúm
da exposição em homenagem a inauguração, além de conceber um mural frontispício
do edifício, construído em aço inox sobre mármore trave tino.
Ao acompanhar seus passos é possívelentender a mudança entre a fase da pintura
figurativa à produção do abstracionismo informal, depois a um abstracionismo
geométrico, integrando-se a uma vertente polêmica da arte brasileira.
Há uma ênface nesse período à pesquisa com a arte popular, destaca-se a viagem ao
México para o 9º Conferência Mundial de Artesanato, como observador da Rede Globo
de Televisão, World CraftCouncil (Conselho Mundial de Artesanato), ONG filiada a
UNESCO na categoria A. Nessa viagem visita o ex-lider das Ligas Camposesas de
Pernambuco, Francisco Julião que estava no exílio em Cuernavaca, México.
Esta década também fica em evidência sua produção como agente cultural entre os
estados de Pernambuco e Paraíba, onde montou em 1977 o Núcleo de Arte Popular e
Artesanato (NAP) da Casa de Cultura de Pernambuco da Fundação do Patrimônio
Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), cujo acervo é um dos núcleos do
Museu do Barro, em Caruaru-PE. No ano seguinte, em 1978, integra o grupo de artistas
que funda e coordena o Núcleo de Arte Contemporânea (NAC) da Universidade
Federal da Paraíba, retomando a esta universidade como professor das disciplinas
História da Arte e Fundamentos da Linguagem Visual II nos cursos de Educação
Artística e Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Artes do CCHLA da UFPB.
Anos 1980
Entre a década de 1970 e 1980 a trajetória de Raul Córdula apresenta um intenso fluxo
de exposições em instituições culturais, bienais e festivais de arte. Sobretudo, vale
salientar suas exposições em diversas galerias de arte - um circuito característico da
geração dos anos 1980, o circuito do mercado de arte. Nesta década, o artista
encontra-se em uma maturidade plástica, sendo considerado um dos mais importantes
representantes do abstracionismo geométrico brasileiro, que sob o rótulo criado pela
crítica de geometria tropical distanciando-se (argumento crítico) dos artistas
construtivos-geométricos europeus.
60
60
Nos anos 1980 uma nova configuração do mundo das artes começa a ser desenhada.
Assim, neste novo desenho do circuito artístico, há a figura do curador um novo
protagonista responsável por projetar ideias e construir discursos a partir da realidade
da obra. Raul Córdula, que já tinha um trabalho na escrita crítica em artes visuais na
imprensa paraibana e em diversas exposições, também participa como impulsionador
do desenvolvimento da arte emergente por meio da curadoria. Pode-se destacar a sua
entrada na Associação Brasileira de Críticos da Arte – ABCA e Associação Internacional
de Críticos de Arte – AICA, e como diretor artístico e diretor técnico da Oficina
Guaianases de Gravura, em Olinda, estas últimas funções assumidas até 1984.
Não é apenas com o trabalho de crítica, pesquisa e gestão que sua atuação se torna
mais abrangente, em 1982 produz uma série bem importante no seu percurso
artístico, intitulada País da Saudade. Evidenciando mais uma vez sua linha política e
experimental. A série País da Saudade de arte postal, convida o público a fazer leituras
sobre o contexto sociopolítico da época. O artista enviava a amigos e artistas um papel
em branco com um pedido carimbado “por favor, interfira e me devolva”.
Nos anos 1980, o artista filia-se ao Partido dos Trabalhadores (filiado até hoje), e
participa de uma exposição e leilão de suas obras com o intuito de contribuir com a
campanha do então candidato a presidência Lula. A exposição e o leilão “Lula lá” teve
apoio de diversos artistas do estado de Pernambuco.
Anos 1990
Com uma exposição comemorativa de 30 anos de atividades artísticas na Fundação
Joaquim Nabuco (FUNDAJ), o artista inicia esta década dos anos 90 marcada por um
fluxo de exposições nacionais e internacionais.
Sobre estes deslocamentos, o artista conta sobre a véspera de sua viagem para sua
exposição no Espaço Cultural da Embaixada do Brasil em Paris, em que viajaria com
sua esposa ( a artista plástica Amélia Couto) e ainda não tinham conseguido dinheiro
algum. Antes de sua ida, realiza anteriormente uma exposição comercial no Espaço
Cultural Pallon (depois chamada de Galeria Pallon). Poderia ter sido apenas mais uma
exposição comercial, mas o governador de Cabo Verde em visita ao Recife passou pela
Galeria que tinha quadros na sua vitrine da Conselheiro Aguiar, e se encantou com um
de seus quadros. O motorista estacionou e ele entrou na Galeria e comprou o quadro
se desculpando porque só tinha dólar (U$ 2.000 cash). Tal acontecimento financiou
parte da viagem a Paris. Situações como esta tão singular pode dizer pouco para um
debate sobre sua inserção no mercado e valor de um obra de arte, mas evidencia uma
imprevisibilidade da produção independente em artes visuais.
Em 1992 foi responsável pela implantação, no Brasil, da Associação Cultural de Le
HorsLá, de origem Marserlhesa, nas cidades de Recife, João Pessoa, Salvador e
Curitiba. Esta associação já foi responsável por intercâmbios entre artistas brasileiros e
franceses entre os anos de 1991 a 1997, promovendo mais de 30 eventos como
61
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exposições, instalações, trabalhos artísticos coletivos e debates sobre a mestiçagem
comum às nossas cultura.
Raul passa a ser referência não apenas pela sua produção artística, mas também por
meio da sua produção de conhecimento em artes visuais. Há uma participação
evidente na rede simbólica da produção contemporânea por meio de festivais,
exposições e bienais, tais como: a comissão de Seleção e premiação da5ª Bienal
Internacional de Esculturas delChaco na Argentina, membro da comissão de Seleção e
Premiação do 4º Salão MAM Bahia de Artes Plásticas. Além de assumir a diretor de
Desenvolvimento Artístico e Cultural da Fundação Espaço Cultural da Paraíba
(FUNESC).
Lança seu primeiro livro “Fragmentos: comentário sobre artes plásticas”, uma seleção
de textos escritos pelo artista desde os anos 60 sobre a produção de diversos artistas,
sobretudo na região do Nordeste. Publicação importante sobre as memórias e a
história das artes visuais por meio de um registro singular das exposições: os textos.
Sua obra pictórica passa a ser objeto de Tese (na época utilizava tal nomeclatura para
o trabalho final do mestrado) de Mestrado na Escola de Belas Artes da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro pela arquiteta e mestre em artes plásticas Eleine Bourdette,
intitulado “Raul Córdula: 30 anos de pintura – de olho no mundo à sublime
reconstrução do olhar”.
Anos 2000 e atualidade
A curadoria ganha um participação expressiva na produção desta década,
potencializando assim discussões contemporâneas, demonstrando uma vontade de
experimento e posicionamento crítico por meio deste “espaço de negociação”.
Em 2000 é curador geral do 44º Salão Pernambucano de Artes Plásticas em Recife.
Após dez anos de hiato sem ocorrencia do SPAP/PE, fundado em 1942, Raul Córdula
propoe um Salão voltado para o público e não para o artista. Destaca-se uma atenção
maior às práticas educativas do evento, preocupações estas sempre recorrentes nas
atividades desenvolvidas pelo artista .
Foi curador adjunto da exposição “Museu de Arte Assis Chateubriand – MAAC.
Coleções do Brasil”. Em Brasília no Centro Cultural Banco do Brasil. Curador da
exposição“A Pintta de Paisagem em Pernambuco”, no Centro de Convenções de
Pernambuco, realizado pelas Tintas Iquine, em Recife. Curadoria na exposição
“Arte&Linguagem: 40 anos de Arte Visual, no Museu do Estado de Pernambuco,
também na cidade do Recife.
Pela Galeria Arte Plural, participou como curador na exposição “A reinvenção de
Samico”, na exposição “Derlon Almeida e Galo de Souza”, (com curadoria adjunta de
Bárbara Collier), na exposição “Geometrias, gestos e grafias”, na exposição “A
persistência da Paisagem Antônio Mendes”, na exposição “Maurício Arraes”, na
62
62
exposição “Cabeça-retrato – Manuel Dantas Suassuna”, na exposição “Paraísos José
Barbosa”, e na exposição “Florença/ Recife: pintura pura”.
Curador na exposição “LE HORS-LÀ = 20 ANOS DE INTERCÂMBIO Brasil-França” junto
com Dyógenes Chaves, na Usiina Cultural Energisa, no qual também organizou uma
publicação sobre a Associação Le Hors-Lá.
Nos últimos anos, o artista continua produzindo como artista plástico, curador e crítico
de arte. O trabalho artístico recente foi exposto na galeria Janete Costa em 2012 em
comemoração do seus 50 anos de produção na mostra “50 anos de arte: uma
antologia”, que teve a curadoria em parceria com a jornalista Olívia Mindelo. A
antologia propõe uma seleção de fases da obra do artista, apresentando um percurso
visual em 9 séries e expos também seu livro de artista, nunca apresentado ao público
anteriormente.
Como crítico e escritor, em 2013 lança o livro “Utopia do Olhar” em Olinda e devido a
esta publicação ganha o Prêmio Sergio Milliet, pela Associação Brasileira de Críticos de
Arte, em São Paulo.
Sua obra pictória é objeto de estudo no Mestrado de Artes Visuais pela Universidade
Federal da Paraíba pelo pesquisador Sidney Leonardo Albuquerque de Azevedo,
intitulado “A imagem da palavra na obra de Raul Córdula”. Como também, sua obra é
objeto de pesquisa em andamento para a tese de doutorado da pesquisadora e escrita
Jussara Salazar por meio do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Comentário Crítico
No início da carreira, Raul Córdula realiza obras figurativas, e mantém diálogo com a
arte pop e a nova figuração. O artista parte de desenhos infantis e sinais do meio
urbano, como os de trânsito. Seu trabalho apresenta concisão de formas e cores,
utilizando cada vez mais os signos e símbolos na construção de obras ligadas ao
abstracionismo geométrico. A partir da década de 1980, explora as tensões e
distensões da superfície articulada em planos triangulares, fase denominada pela
crítica como “nova geometria”. Como nota o crítico Paulo Sérgio Duarte, em suas telas
Córdula revela também uma ligação com a paisagem nordestina, que transparece no
uso da paleta de tons luminosos que distingue sua produção.
13. Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife 1925)
Pintor, muralista, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Frequentava como
ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde se torna aluno de Lula
Cardoso Ayres (1910-1987), e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 passa a
residir no Rio de Janeiro e estuda com Candido Portinari por seis meses.Entre 1948 e
1949 esteve na Europa. É também um dos fundadores da SAMR, realiza viagem de
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  • 1. RELATÓRIO DE ATIVIDADES Entre a renovação e o esquecimento. As artes plásticas em Pernambuco nos anos 1950 1105/13
  • 2. 2 2 Entre a renovação e o esquecimento. As artes plásticas em Pernambuco nos anos 1950 1105/13 PROPONENTE: JOANA D’ ARC DE SOUSA LIMA CPC: 02874/12 PERIODO DE EXECUÇÃO: 01/03/2014 a 31/08/2015 EQUIPE PRINCIPAL: Flávio Weistein Teixeira Joana D’Arc de Sousa Lima Taciana Neves Assistente de Pesquisa: Josefa Juany Leda Nunes da Silva (Juany Nunes) Equipe de Captação de Imagens: Oegue Vídeo Programador Visual: Pedro Albuquerque Xavier
  • 3. 3 3 OBJETO DO PROJETO “Entre a renovação e o esquecimento. As artes plásticas em Pernambuco nos anos 1950” propõe uma investigação histórica sobre o duplo embate com que precisou se defrontar toda uma geração de artistas plásticos pernambucanos (Abelardo da Hora, Gilvan Samico, José Cláudio, Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, etc.) que, surgindo para o mundo das artes nos anos 1950, teve, simultaneamente, de fazer frente ao stablishment artístico local, ao mesmo tempo em que precisou confrontar-se com um novo fazer artístico que por essa época despontava nos dois principais centros culturais do país – Rio e São Paulo – e que, rapidamente, consolidou-se como dominante em âmbito nacional. Vitoriosos na arena local, esses artistas, entretanto, viram suas possibilidades de reconhecimento e consagração nacional se esvanecerem em velocidade acelerada. Para a consecução desta pesquisa, far-se-á necessário um trabalho de resgate dos debates então ocorridos nos jornais e revistas de circulação no Recife, bem como a partir dos depoimentos (entrevistas filmadas) de personagens centrais a esse processo: artistas, críticos, colecionadores, galeristas, etc. Os resultados esperados são: 1) criação de um acervo contendo o registro eletrônico de todos o material pesquisado em publicações (jornais e revistas) que circulavam à época; 2) um ensaio crítico para publicação em revista com tradição e reconhecimento acadêmico nesta área de estudos; 3) um DVD contendo a íntegra dos dez (10) depoimentos de personalidades do campo artístico em Pernambuco dos anos 1950; 5) Disponibilização pública de todo material coletado (organizado e indexado) por meio do LAHOI (Laboratório de História Oral e Imagem), vinculado ao Departamento de História da UFPE.. OBJETIVOS GERAL
  • 4. 4 4 Pesquisar a História das Artes Plásticas em Pernambuco revisitando analiticamente a produção artística emergente nos anos 1950 a partir de uma perspectiva que, de um lado, considera o embate travado por tais artistas a fim de renovar as práticas artísticas vigentes e, de outro, observa a luta desses mesmos artistas contra o desapreço e desconsideração das instâncias nacionais de reconhecimento e consagração. ESPECÍFICO • Contribuir para a ampliação das investigações sobre a história da arte produzida em Pernambuco; • Potencializar o debate sobre a produção da escrita crítica das artes plásticas em Pernambuco; • Fomentar a reflexão sobre a relação entre a escrita crítica das artes plásticas e os possíveis impactos na produção artística; • Divulgar por meio da sistematização, organização e análise em mídia eletrônica parte da história das artes plásticas e da escrita sobre arte em periódicos pernambucanos; • Difundir a trajetória de uma das mais importantes e influentes gerações de artistas pernambucanos; • Ampliar o corpus documental sobre a história das artes plásticas de Pernambuco entrevistando artistas plásticos, críticos, colecionadores, galeristas, etc.; • Estimular novos pesquisadores e críticos de arte para a investigação e leitura do campo artístico em Pernambuco; • Formar públicos ao divulgar os resultados da pesquisa em debate aberto e público para professores, pesquisadores; artistas plásticos; críticos de arte, galeristas, diretores de museus, institutos culturais, acervos documentais, estudantes, curadores, estudantes e interessados no tema.
  • 5. 5 5 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO 1ª Etapa – Pré-Produção e Pesquisa bibliográfica e Campo- período de um (02) meses Março/Abril – 2014 • Definição e fechamento da equipe; • Reunião com equipe de trabalho para organização e planejamento; • Reunião com equipe de filmagem verificação de necessidades de produção e agenda para primeiros trabalhos de registro em acervos documentais; • Levantamento Bibliográfico • Elaboração dos Roteiros de entrevistas; 2ª Etapa – Pesquisa de campo, Seleção de dados e Sistematização – período de (03) Meses Maio, Junho e Julho de 2014 • Elaboração da pesquisa sobre cada um dos entrevistados • Agendamento das entrevistas; • Levantamento Documental – Pesquisa de Campo - mapeamento • Registro fotográfico dos documentos; • Início da realização de Entrevistas; 3ª Etapa – Pesquisa de campo e Sistematização dos dados - período de três (03) meses – Agosto, Setembro e Outubro de 2014
  • 6. 6 6 • Realização das Entrevistas; • Primeiros desenhos de organização dos materiais visando à apresentação pública; • Análise de Dados • Registro fotográfico de obras de arte dos respectivos artistas realizadas no período que se inscreve a pesquisa; • Seleção da documentação; • Registro fotográfico dos documentos; • Sistematização das documentações; 4ª Etapa – Organização do Banco de Dados, Leitura das entrevistas e Edição dos materiais pesquisados (documentação) - período de quatro (04 ) meses – Novembro, Dezembro (2014) e Janeiro e Fevereiro – 2015 • Análise de Dados; • Organização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual (Entrevistas); • Reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas; • Retorno aos Acervos visitados para fotografar profissionalmente a documentação selecionada; • Retorno aos ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico; 5ª Etapa – Disponibilização do Banco de dados, Finalização do Ensaio Crítico, relatório final e prestação de contas – período (06) meses – Março, Abril, Maio, Junho, Julho e agosto de 2015. • Redação do ensaio crítico; • Organização e Disponibilização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual (Entrevistas);
  • 7. 7 7 • Elaboração e Submissão de Artigo com Análise Crítica; • Elaboração de Relatório para Funcultura; • Prestação de contas ao Funcultura; .
  • 8. 8 8 EXECUÇÃO - Descrição 1ª Etapa – Pré-Produção e Pesquisa bibliográfica e Campo- período de um (02) meses Março/Abril – 2014 Nesta primeira etapa de trabalho atuamos para afinar a equipe com os propósitos da pesquisa. Assim após a integração e definição de todos os integrantes do grupo. Iniciamos uma etapa de pesquisa bibliográfica e leitura de alguns dos textos teóricos selecionados pelo coordenador da pesquisa para dotar toda equipe de um repertório teórico comum. Realizou-se encontros semanais no espaço físico da Universidade Federal de Pernambuco para semanalmente apresentarmos a equipe composta nesse momento pelo coordenador, pesquisadora, estagiaria e pesquisadores convidados para apresentação do mapeamento bibliográfico e discussão de textos teóricos. Foram realizados 08 encontros abertos ao público. Nestes encontros se discutia em torno de textos que de certa maneira norteariam teoricamente a proposta da pesquisa, leituras da obra, As Regras da Arte do sociológo Pierre Bourdieu e História Cultural, entre práticas e representações do historiador Roger Chartier foram imprescindíveis para a adoção de um repertório comum entre os integrantes. Considero este momento como um dos mais importantes, já que tínhamos o momento tanto do debate, mas também da apropriação teórica que seria desenvolvida no decorrer da pesquisa. Os outros dois momentos ocorreram, de certa maneira, paralelamente vinculados a essa primeira etapa por ser marcado pelo aprofundamento desse debate teórico. 2ª Etapa – Pesquisa de campo, Seleção de dados e Sistematização – período de (03) Meses Maio, Junho e Julho de 2014
  • 9. 9 9 • Elaboração da pesquisa sobre cada um dos entrevistados • Agendamento das entrevistas; • Levantamento Documental – Pesquisa de Campo - mapeamento • Registro fotográfico dos documentos; • Início da realização de Entrevistas; Nesta segunda etapa de caráter formativo, os textos discutidos eram as produções de historiadores sobre a História da Arte Brasileira e a produção artística no feita no Brasil, por exemplo, visitamos historiadores da arte como Francisco Alambert, Aracy Amaral, Fernando Cocchiarali, Tadeu Chiarelli, Walter Zanini, Roberto Pontual, entre outros (ver levantamento bibliográfico em Anexo 1). A terceira e quarta (última etapa da formação), era a junção das etapas anteriores porque tínhamos a possibilidade de discutir os textos e ao mesmo tempo, estávamos em contato direto com os jornais, revistas da época com os depoimentos (já realizados nas etapas posteriores) o que foi muito importante para nossa reflexão sobre o tema proposto. Nesses três meses (maio, junho e julho de 2014), estruturamos um grupo de estudos que se reunia 01 vez ao mês por 03 horas. Ao todo nos realizamos 12 encontros (fechados) e 06 abertos ao público que os denominamos de Jornadas de Estudos na Universidade Federal de Pernambuco entre os meses de maio a novembro de 2014. Retomamos as atividades em fevereiro a junho de 2015, (ver fotos em Anexo 2). Ainda nessa 2ª. etapa de trabalho pesquisamos sobre a trajetória artística e de visa de cada um dos possíveis entrevistados (ver lista de entrevistados, Anexo 4): 1. Anchises de Azevedo; 2. Celso Marconi (jornalista e crítico de arte e de cinema); 3. Corbiniano Lins (artista); 4. Ipyranga Filho (artista); 5. José Cláudio (artista); 6. Leonice Silva (bibliotecária e integrante do Ateliê Coletivo de 1952 a 195, (ver Anexo 3) sobre o Ateliê Coletivo); 7. Montez Magno (artista); 8. Raul Córdula; 10. Reynaldo Fonseca (artista), 9. Wilton de Souza (artista). Os agendamentos das entrevistas foram realizados de forma a dar ao entrevistado a possibilidade de escolher a data, horário. A agenda sofreu várias
  • 10. 10 10 alterações por motivos de ocorrências de saúde por parte dos entrevistados. Realizamos as entrevistas em momentos diferenciados. Nessa etapa de trabalho iniciamos a pesquisa de campo com o mapeamento e levantamento documental com visitas periódicas aos arquivos públicos (ver lista no Anexo 5), seguido de registro fotográfico de toda a documentação pesquisada, nesse primeiro momento de levantamento. Realizamos também a confecção de roteiros de entrevista. Trabalhos com roteiros abertos, por meio da história de vida tematizada por questões relativas à formação artística e universo familiar; inicio do ofício no campo da arte; passagem pelo Ateliê Coletivo; amizade; consagração X esquecimento; mercado de arte. Ver roteiro de entrevista no Anexo 9). Também priorizamos alguns encontros com artistas selecionados para serem os depoentes, realizando algumas entrevistas informais para depois agendarmos as gravações. 3ª Etapa – Pesquisa de campo e Sistematização dos dados - período de três (03) meses – Agosto, Setembro e Outubro de 2014 • Realização das Entrevistas; • Primeiros desenhos de organização dos materiais visando à apresentação pública; • Análise de Dados • Registro fotográfico de obras de arte dos respectivos artistas realizadas no período que se inscreve a pesquisa; • Seleção da documentação; • Registro fotográfico dos documentos; • Sistematização das documentações;
  • 11. 11 11 Essa etapa do trabalho foi mais lenta e demorada porque as entrevistas agendadas, muitas delas iam sendo desmarcada por motivos de saúde e ou insegurança do depoente. Mas conseguimos realizar 10 entrevista com aproximadamente 1 a 1:40 de duração, todas foram gravadas áudio e vídeo e estão disponíveis em DVD em anexo (10) nesse relatório como parte dos produtos finais. Tivemos problemas com dois depoimentos, especificamente cito: Leonice Silva e Ypiranga Filho. Ambos, no momento em que fazíamos o back up dos arquivos para o HD (arquivo bruto), houve uma correção no windows e essas duas entrevistas ficaram em arquivo oculto, como se ocorresse uma falha no disco do HD. Já tentamos de tudo, levamos para um técnico e até a data da entrega desse documento, nada foi resolvido. Assim nesse relatório os dois depoimentos em DVD não estão constando, apenas os áudios, mas sabemos que vamos conseguir (já notificado pelo técnico), assim nos comprometemos depois incorporar, ambos, ao arquivo de entrevistas. Cito parecer da empresa AOGUE Video: “Venho relatar a entrega parcial de 08 entrevistas (filmagem e edição – Rubrica 2.4) das 10 realizadas para o projeto cultural “ENTRE A RENOVAÇÃO E O ESQUECIMENTO” - Funcultura 1105/13. Enquanto fazíamos o back up (cópia) do material filmado, o nosso HD (hard disk) principal apresentou falhas em seu disco - ranhuras por conta do uso. Este HD compunha todas as nossas entrevistas, de forma que o dano impossibilitou o reconhecimento de duas delas (dos artistas plásticos Leonice e Ypiranga). O HD já está em posse de um técnico especializado e pretendemos, o mais rápido possível, recuperar o material perdido e honrar com nosso compromisso”. Ver Anexo 12. Iniciamos o processo de registro fotográfico de obras de arte dos respectivos artistas realizadas no período que se inscreve a pesquisa documental. Inicialmente pesquisamos e registramos mais de 3.000 documentos, entre jornais e revistas de referência. Depois ainda nessa etapa começamos a seleção da documentação e parte da sistematização, ou seja, a separação e estabelecimentos de conexões entre os documentos. Ainda nessa etapa de trabalho prevíamos o inicio do trabalho de registro profissional das imagens documentais que estávamos selecionando, contudo, por motivo de viagem programa para o México para um estágio profissional na Escuela Nacional de Posgrado em Antropologia e Historia: Posgrado em Historía e Ethohistoría,
  • 12. 12 12 na cidade do México (ver Anexo 7), solicitamos a prorrogação dos prazos e interrompemos em parte os trabalhos mais específicos de elaboração e sistematização conceitual e de analise. 4ª Etapa – Organização do Banco de Dados, Leitura das entrevistas e Edição dos materiais pesquisados (documentação) - período de quatro (04) meses – Novembro, Dezembro (2014) e Janeiro e Fevereiro – 2015 • Análise de Dados; • Organização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual (Entrevistas); • Reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas; • Retorno aos Acervos visitados para fotografar profissionalmente a documentação selecionada; • Retorno aos ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico; Começamos paulatinamente analise de dados e organização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e Audiovisual (Entrevistas). Essa fase foi marcada pela urgência de reunião dos depoimentos gravados em vídeo das entrevistas do retorno aos Acervos visitados para fotografar profissionalmente a documentação selecionada. Retorno aos ateliês dos artistas para registro de materiais iconográfico cedidos por esses que estão presentes no banco de dados. 5ª Etapa – Disponibilização do Banco de dados, Finalização do Ensaio Crítico, relatório final e prestação de contas – período (06) meses – Março, Abril, Maio, Junho, Julho e agosto de 2015. • Redação do ensaio crítico; • Organização e Disponibilização do Acervo Documental (Jornais e Revistas) e
  • 13. 13 13 Audiovisual (Entrevistas); • Elaboração de Relatório para Funcultura; • Prestação de contas ao Funcultura; . Nesse período as visitas aos acervos documentais se intensificaram para finalização da pesquisa documental e o registro fotográfico profissional de obras. Houve uma greve dos funcionários públicos (professores) e o arquivo permaneceu fechado durante mais de dois meses, por esse motivo solicitamos prorrogação do prazo para a entrega desse e dos produtos finais em anexo (ver Anexo 8). Realizamos a edição final da documentação, realizamos o registro e tratamento fotográfico de 1.600 imagens documentais que estão disponíveis na plataforma virtual do Laboratório de história Oral e imagem – LAHOI, ligado ao departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), (ver https://www.ufpe.br/lahoi), como produto final desse projeto. Finalizamos a redação do artigo científico, cujo título cito, Impostura e degradação. Notas sobre os limites da arte moderna no Recife nos anos 1950 (Por Flávio Weinstein Teixeira, professor doutor coordenador desse projeto, ver Anexo 11), que está no anexo x desse relatório como produto final desse projeto. Nessa etapa final trabalhos com as transcrições de 06 entrevistas das 10 que realizamos. O motivo de entregarmos 06 dessas se refere a autorização do depoentes. Todos os depoentes assinaram termo de sessão de direito de uso da imagem e da fala, contudo nem todos concordaram que seus depoimentos fossem disponibilizados na integra para o publico, sobretudo na forma de texto transcrito (documento), assim respeitamos a vontade do depoente e apenas vamos liberar na plataforma virtual do Laboratório de história Oral e Imagem – LAHOI, ligado ao departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), (ver https://www.ufpe.br/lahoi), com link para o https://www.youtube.com trechos dos depoimentos, se um usuário desejar ter acesso á totalidade do depoimento, poderá agendar hora no LAHOI e pesquisar em locum. Por fim, segue a lista dos produtos finais resultados desse projeto de pesquisa:
  • 14. 14 14 1. Oito (08) Depoimentos de oito (08) artistas e críticos das artes pernambucanos gravados em DVD – montados e sem edição; 2. Dois (02) Depoimentos de oito (02) artistas das artes pernambucanos gravados em CD – sem edição; 3. Seis (06) Depoimentos transcritos de seis artistas das artes pernambucanos gravados em CD – sem edição; 4. Uma plataforma virtual hospedada no site https://www.ufpe.br/lahoi), com link para o https://www.youtube.com contendo 1.600 imagens, textos biográficos, trabalhos acadêmicos de referencia; 5. Artigo Científico sob o título: Impostura e degradação. Notas sobre os limites da arte moderna no Recife nos anos 1950 (Por Flávio Weinstein Teixeira, professor doutor coordenador desse projeto). ANEXOS ANEXO 1 - Bibliografia utilizada na pesquisa. ANEXO 2 – Registro fotográficos de alguns dos encontros de Formação (Grupo de estudos) ANEXO 3 – Breve Histórico sobre o Ateliê Coletivo ANEXO 4 – Lista de personalidades entrevistadas ANEXO 5 – Acervos Públicos Visitados e Lista de Periódicos Visitados
  • 15. 15 15 ANEXO 6 – BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E MENCIONADS NO ESCOPO DA PESQUISA ANEXO 7 – Carta convite México e pedido oficial à Comissão do Funcultura solicitando prorrogação dos prazos ANEXO 8 – Pedido oficial à Comissão do Funcultura solicitando prorrogação dos prazos ANEXO 9 – Modelo de Roteiro de entrevista ANEXO 10 - Entrevistas Gravadas áudio e vídeo e estão disponíveis em DVD ANEXO 11 – ARTIGO CIENTÍFICO Impostura e degradação. Notas sobre os limites da arte moderna no Recife nos anos 1950 ANEXO 12 – Relatório sobre problema em salvar dois arquivos de entrevistas
  • 16. 16 16 ANEXO 01 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA E MAPEADA NA PESQUISA
  • 17. 17 17 Bibliografia Utilizada: AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros - A/L. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 493 p. / v. 1, il. color. AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros - M/Z. Rio de Janeiro: Spala, 1992. 457 p. / v.2, il. color. CAVALCANTI, Eduardo Bezerra. Hélio Feijó. Leitura de imagens. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/ Editora Massangana, 2001, 189 pp, il. p& b. GOUVEIA, Graça. Abelardo da Hora: a mediocridade se destrói por si mesma. Diário de Pernambuco, 4 mar. 1976, s.p. HELIO, Mário. O expressionista Abelardo da Hora. Diário de Pernambuco, Suplemento Cultural, fev. 1992, s.p. LEITE, José Roberto T. A gravura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura S.A., 1966, 70 pp. il. p& b. color PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Tradução Florence Eleanor Irvin, John Knox. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976. 478 p., il. color. SUASSUNA, Ariano. A gravura de Samico. In: SAMICO, Gilvan. Xilogravuras. Rio de Janeiro: Petite Galerie, 1965, s.p. il. p& b. color. [Texto originalmente publicado no Diário de Pernambuco, 01 fev. 1964]. SAMICO, Gilvan. Gilvan Samico, obras de 1980-1994. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1995, s.p. ZANINI, Walter (org.). História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Moreira Salles, 1983, 1116 pp. il. p& b. color., 2v.
  • 18. 18 18 CERTEAU, Michel de. A operação historiográfica. In: A Escrita da História. Trad. Maria de Lourdes Menezes, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000, p 56 – 108; CHARTIER, Roger. A História Cultural: Entre práticas e Representações. Miraflores. Difel, 1987; BOURDIEU, Pierre e Roger Chartier. O Sociólogo e o Historiador. Belo Horizonte. Autêntica, 2011; BOURDIEU, Pierre. O poder Simbólico. Bertrand. 16º Edição. 2012; DINIZ, Clarissa, Gleyce Kelly Heitor e Paulo Marcondes Soares (ORG.). Crítica de Arte em Pernambuco: escritos do século XX. Azougue. Recife, 2012. AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. Perspectiva. São Paulo. 1970; ALAMBERT, Francisco e Polyana Canhête. Bienais de São Paulo, da era do Museu à era dos curadores.Boitempo.2004. DIMITROV, Eduardo. Regional como opção, Regional como prisão: Trajetórias artísticas no modernismo Pernambucano. USP, São Paulo, 2013. NETO, José Bezerra de Brito Neto. “Educar para o Belo” Arte e política nos Salões de Belas Artes de Pernambuco. 1929- 1945. Dissertação de MestradoUFRPE. 2011 BORGES, Raquel Czarneski. Recife Lírica: Representações da cidade na obra de Cícero Dias. Recife: UFPE. 2012. Dissertação de Mestrado. PAZ, Raissa Alves C. Preocupações Artísticas: O caso do Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife Dissertação de MestradoUNICAMP´: Campinas 2014. PONTUAL, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Ed. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 1997
  • 19. 19 19 LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. ZANINI, Walter (Org.). História geral da arte no Brasil – São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Moreira Salles, 1983. ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: Trajetórias relevantes. Rio de Janeiro: 4 Estações, 1998. AMARAL, Aracy (Org.). Arte construtiva no Brasil. São Paulo: Companhia Melhoramentos; DBA Artes Gráficas, 1998. AMARAL, Aracy. Arte pra quê?:a preocupação social na arte brasileira 1930-1970: subsídio para uma história social da arte no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984. CAVAALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir, (Org.). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Brasília: MEC/INL, 1973-1980.
  • 20. 20 20 ANEXO 02 REGISTRO FOTOGRÁFICO DO GRUPO DE ESTUDOS E das reuniões públicas chamadas Jornadas de Estudos
  • 21. 21 21
  • 22. 22 22 Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
  • 23. 23 23 Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
  • 24. 24 24 Conversa sobre o autor Di di Huberman, convidada profa. Carolina Ruoso
  • 25. 25 25 Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer
  • 26. 26 26 Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer Com a presença da professora doutora convidada Regina Beatriz Guimarães
  • 27. 27 27 Jornadas de Estudos sobre o pensador francês Paul Ricouer Com a presença da professora doutora convidada Regina Beatriz Guimarães
  • 28. 28 28 Jornadas de Estudos sobre o pensador italiano Giorgio Agamben Com a presença do professor doutor convidado Alessandro de Jesus
  • 29. 29 29 Jornadas de Estudos sobre o pensador italiano Giorgio Agamben Com a presença do professor doutor convidado Alessandro de Jesus
  • 30. 30 30 ANEXO 03 SOBRE O ATELIÊ COLETIVO 1952 e 1957
  • 31. 31 31 Ateliê Coletivo Histórico "Não se poderia imaginar a arte em Pernambuco se retirássemos dela os artistas saídos do Ateliê Coletivo, sem falar nos descendentes", afirma o pintor José Cláudio, um dos integrantes do grupo. Criado e dirigido pelo escultor Abelardo da Hora, entre 1952 e 1957, o Ateliê nasce como resultado direto da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, fundada quatro anos antes por iniciativa do próprio Abelardo e do arquiteto, pintor e desenhista Hélio Feijó. A criação da SAMR, em 1948, marca o rompimento com o sistema acadêmico de ensino implantado pela Escola de Belas Artes local. Trata-se de um dos primeiros movimentos de artistas organizados na capital pernambucana, responsável, entre outros, pelos 3º e 4º Salões de Arte Moderna, como continuação dos 1º e 2º Salões dos Independentes da década anterior. No Ateliê Coletivo, o objetivo central é "valorizar a arte e revigorar o caráter brasileiro de nossa criação artística", indica seu diretor. A despeito da diversidade do grupo - Ladjane Bandeira, Gilvan Samico, Ionaldo, Wilton de Souza, Ivan Carneiro, Wellington Virgolino, Reynaldo Fonseca, Mário Lauritz, entre outros -, é possível apontar alguns de seus traços comuns: o trabalho com a figuração, a adesão aos cânones do realismo social, o diálogo entre arte e artesanato (o artista é pensado como um artesão que trabalha coletivamente), a temática regional e a preocupação em levar a arte para o povo. Desenho com modelo vivo, pintura, escultura e gravura - principalmente linoleogravura - são as modalidades artísticas praticadas pelo grupo. O privilégio da gravura se relaciona à inspiração tomada nos Clubes de Gravura, como o de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar - em que a técnica é exercitada com base em temáticas sociais e políticas -, mas tem a ver diretamente com a cultura popular nordestina e com as xilogravuras que ilustram os folhetos de cordel, que os artistas visam retomar. Nesse sentido, a arte proposta pelo grupo dialoga com as conquistas
  • 32. 32 32 técnicas da arte contemporânea mas possui forte enraizamento regional. Descrever a paisagem social e a realidade, ensinam os cancioneiros populares, os artistas mexicanos ligados ao muralismo e também à literatura latino-americana, não significa abrir mão da imaginação e dos elementos fantásticos. Ao contrário, o recurso ao absurdo, ao mundo da fábula e dos mitos é parte constitutiva do universo temático do grupo. A combinação entre realismo social e fantasia se explicita de modo evidente nas xilogravuras de Samico. Sua obra tem clara inspiração nas xilogravuras nordestinas que ilustram os folhetos de cordel, em que os elementos fantásticos - caboclos, santos, anjos, monstros, diabos e bichos - são acionados para narrar a vida do povo. A poesia popular dos cancioneiros é recriada pelo artista por meio dos espaços brancos contornados pelas linhas negras, das tramas interpostas, dos toques de cor: vermelho, verde, amarelo e azul. Os críticos mencionam freqüentemente a "gravura limpa, precisa, sucinta, clara, direta e despojada" de Samico, que se beneficia dos ensinamentos de Lívio Abramo e de Oswaldo Goeldi, seus professores em 1957 e 1958, respectivamente. A obra de Abelardo da Hora parte de princípios semelhantes, mas encontra outros rendimentos. A combinação de materiais diferentes - pedra, cimento, areia, barro e gesso - é mobilizada para reconstruir a vida cotidiana do povo: os ambulantes nas cidades, o trabalho na terra, as festas populares. O intenso contato com a obra de Lasar Segall em sua estada paulistana (1943) confere a figuras e desenhos de Abelardo conotação expressionista, como ele próprio gosta de afirmar. No início da carreira, realiza séries de pratos reproduzindo a temática popular: Bangüê (ciclo da cana-de- açúcar), Casa de Farinha (ciclo da mandioca). Executa também jarros desenhados com elementos da flora e da fauna. Ao lado de um eixo mais propriamente social e político de seu trabalho, encontra-se uma veia mais erótica e impregnada de sensualidade, que ele explora nas figuras e corpos femininos. Membro do Partido Comunista Brasileiro - PCB até 1964, Abelardo da Hora teve participação intensa no governo de Miguel Arraes, com o Movimento de Cultura Popular. Aí, trabalha na integração das artes plásticas com o teatro, a música e o artesanato, que já está em pauta quando atua no
  • 33. 33 33 Ateliê Coletivo. O muralismo mexicano marca de perto a obra de Abelardo da Hora, sobretudo na ambição à monumentalidade que impregna o seu registro da cena social. Isso fica particularmente claro em suas tapeçarias e painéis. Hélio Feijó, embora na origem do Ateliê Coletivo e compartilhando com o grupo uma série de pressupostos comuns, encaminha sua produção em direção um pouco diversa. Sua experiência como arquiteto, integrante da equipe de Luiz Nunes e Joaquim Cardozo, à frente da renovação urbanística da cidade do Recife na década de 1930, aproxima-o dos debates da arquitetura moderna empreendidos pelo grupo de Lucio Costa, no Rio de Janeiro, ao qual Nunes era ligado. Não por acaso Feijó participa do salão de 1931, na curta gestão de Lucio Costa na direção da Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Se a obra de Hélio Feijó sofre de perto as influências de Candido Portinari, com quem convive no Rio de Janeiro em 1931, aproximando-se dos temas sociais e da dicção realista do Ateliê Coletivo, ele parece atraído desde cedo pela abstração geométrica, como indicam seus desenhos e ilustrações.
  • 34. 34 34 ANEXO 04 LISTA DAS PERSONALIDADES ENTREVISTADAS
  • 35. 35 35 • Anchises de Azevedo; • Celso Marconi (jornalista e crítico de arte e de cinema); • Corbiniano Lins (artista); • Ipyranga Filho (artista); • José Cláudio (artista); • Leonice Silva (bibliotecária e integrante do Ateliê Coletivo de 1952 a 195, ver Anexo 3 sobre o Ateliê Coletivo);
  • 36. 36 36 • Montez Magno (artista); • Raul Córdula (artista); • Reynaldo Fonseca (artista), • Wilton de Souza (artista).
  • 37. 37 37 ANEXO 05 Lista dos Acervos Visitados e Periódicos Pesquisados Acervos Visitados: • Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano; • Núcleo de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco. • Jornais documentados de 1948 à 1958:
  • 38. 38 38 • Diário de Pernambuco; • Diário da Noite; • Jornal Pequeno; • Revista Contraponto; • Revista Região; • Revista Nordeste.
  • 39. 39 39 ANEXO 6 BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E MENCIONADS NO ESCOPO DA PESQUISA
  • 40. 40 40 BIOGRAFIAS DE ARTISTAS ENTREVISTADOS E MENCIONADAS NO ESCOPO DA PESQUISA 1. Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata 1924- 2014) Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Estudou na Faculdade de Direto de Olinda, posteriormente, frequentou o curso livre de escultura da Escola de Belas Artes de Recife, onde foi aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 40, realizou vários trabalhos em cerâmica para Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas e motivos regionais. Em 47, participa da criação da SAMR, que dirige durante dez anos e onde criou, em 1952, o Ateliê Coletivo. Obteve medalha de bronze em esculturano SNBA de 1950 e o primeiro prêmio nessa especialidade no SPMEP de 1952 e 1956, sendo sua gravura Enterro de Camponês premiada pelo Clube de Gravuras do Recife em 1953. Figurou ainda nos VI e XV SNAM (1957 e 1966) e nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e exibida em países da Europa e da Ásia em 1954), Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967). Participou diretamente das atividades do Movimento de Cultura Popular, do Recife, até quando elas foram encerradas em 1964, teve um álbum de desenhos lançado em 1962, por essa entidade, com o título de Meninos do Recife, Sua temática social é demarcada também nas esculturas. A respeito do qual disse Mário Barata: “Sensível aos valores plásticos e visuais do modernismo, Abelardo exerce sua emocionalidade no âmbito dos temas humanos da desgraça profunda de nossa gente. No artista ele supera o cotidiano e eterniza-se no traço e no claro-escuro de um desenho novo, não retórico na sua essencialidade figurativa”. Anteriormente a 1964, além de exercer o magistério (vários artistas pernambucanos com ele se formaram). É integrante também da fundação do Ateliê Coletivo, dirigindo-o entre 1952 e 1957. Será neste período que Abelardo passará a produzir esculturas para praças do Recife, com representação de tipos populares Durante a década de 60, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de Parques e jardins, secretário de Educação e diretor da Divisão de Artes Plásticas e Artesanato em Recife. É integrante da fundação do Movimento de Cultura Popular – MCP, movimento que abrange não só as artes plásticas, mas, música, dança e teatro. Em 1986 é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, gerido pela Prefeitura do Recife. 2. Anchises Azevedo (Salvador BA 1933) Pintor e gravador. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de Raimundo Cela, entre 47 e 51. Em 55, já aqui em Recife, estuda com Giordano Severi e
  • 41. 41 41 ingressa na SAMR e ganha o primeiro Salão de Pintura do Museu do Estado em 1956. Em 60, cursa desenho no Liceu de Artes e Ofícios de Recife, em 75, executa um mural em concreto no Edifício Saara em Boa Viagem. 3. Celso Marconi Celso Marconi de Medeiro Lins (Recife, Pernambuco, 23 de agosto de 1930). Cineasta, jornalista, crítico de cinema. Teve formação em Filosofia e Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco. Atuou como crítico de cinema em jornais como, Jornal do Commercio e Diário da Noite, Recife, Pernambuco. Foi editor do Suplemento Cultural e do Caderno C do Jornal do Commercio. FILMOGRAFIA (reunida no DVD O cinema de Celso Marconi): Manguecidade Terra Ying Como nossos pais? Achados e perdidos Passeio em Itaparica Recife 0km Flagrantes Corbiniano Lins: Sua arte Ana das Carrancas Bajado: Um artista de Olinda Brigada Portinari Sérgio Lemos: Sua arte Maurício Silva: Uma exposição “Seu” Amaro: Um artista de rua Que viva Glauber Quatro X Arte 40 mil anos de arte no Nordeste Morro da Conceição: Dia 8, a festa Dia de babá orixalá: Dona Betinha Feira de Caruaru Bacamarteiros de Caruaru Cinema: 100 anos de discurso Entrevista publicada no Jornal Folha de Pernambuco em 2011
  • 42. 42 42 Nelson Pereira dos Santos escreveu a respeito de Celso Marconi que ele “fazia cinema ao escrever”, na apresentação do compêndio Cinema Brasileiro, que reúne críticas do pernambucano sobre filmes nacionais. Assim, o cineasta de clássicos como Rio, 40 Graus, Vidas Secas e Como Era Gostoso o Meu Francês resumiu o papel fundamental do trabalho de Marconi e sua dedicação ao cinema. Dos tempos das resenhas na Folha da Manhã e no periódico comunista Folha do Povo, na década de 50, até os atuais posts em blog e outros projetos culturais, são mais de 50 anos voltados a lançar um olhar questionador sobre a sétima arte. Formado em filosofia, começou a escrever sobre cinema como lazer. Sob o pseudônimo de João do Povo, assinou críticas na Folha do Povo. Chegou a ser preso por três meses nos tempos da Ditadura Militar e tornou-se persona non grata para o mercado. “Os jornais estavam proibidos de admitir ex-funcionários da Folha do Povo, passei mais de um ano sem poder trabalhar”, só não teve mais problemas por nunca ter abonado o posto de funcionário público no INSS. Depois, tornou-se crítico do Jornal do Commercio na década de 60, e acompanhou de perto o desenvolver do cinema brasileiro. Testemunhou com seus registros tanto o nascimento das vanguardas cinematográfica, do Cinema Novo de Gláuber Rocha ao cinema marginal Boca do Lixo de Sganzerla e Bressane, até a retomada na década de 90. É uma das vozes capazes de tecer não só sobre os filmes, mas também retratar sobre uma época, sobre a dinâmica dos bastidores do cinema de lá para cá e o contexto histórico atravessado pela cultura brasileira. “A indústria cultural dominou tudo, mas o cinema independente sempre há de conseguir sobreviver, do neorealismo italiano ou da nouvelle vague de Godard até o cinema novo ou a retomada pernambucana, quem busca um cinema para transmitir uma idéia e para pensar o mundo dá um jeito de preservar sua arte”, comenta Celso Marconi. “A tecnologia abriu portas sem dúvidas, e mais gente teve chance de fazer parte. Vivemos isso com o super oito e nomes como Kleber Mendonça Filho ou Camilo Cavalcanti despontam com obras belas graças à revolução digital. E o melhor de tudo é a pirataria. A internet permitiu que a gente possa ver filmes que antigamente seria de difícil ou impossível acesso. Se quero conhecer o trabalho de um cineasta, eu busco e baixo seu filme. O cinéfilo não é mais refém dos interesses comerciais da programação das salas, espaço que tem seus dias contados. Podemos constatar com o fim dos cinemas de bairro “, polemiza com sorrisos. Fez parte de uma geração que falava o que pensava e tinha autoridade para o livre comentário, nos tempos em que opinião estruturava-se como uma das bases da análise crítica cultural. Obviamente, pelo caráter mais personalístico e menos consensual, não agradou a gregos e troianos. No começo da década de 1990, foi se despedindo da vitrine jornalística. Mas ela, tão somente, nunca resumiu seu entrelace com o cinema.
  • 43. 43 43 E reza o jargão popular que quem não sabe fazer, escreve sobre. Mas a relação de Celso Marconi, 80 anos, com o cinema ultrapassa a análise externa e distanciada e flerta com a mão na massa e a vontade de fazer parte significante do trabalho de levar a público aquilo que “merece ser visto”, seja documentando em super oito ou vídeo o que desperta interesse de seuespírito irrequieto, ou seja, trabalhando como formador de platéia abraçando o papel de programador de sala. Muito antes de existir o Cinema da Fundação, hoje o principal recanto de exibição de filmes de arte no Recife, tertúlias de cinefilia eram possíveis graças a um grupo de apaixonados que encabeçou, na década de 80, umas alternativas sessões de arte que ao longo dos anos passaram por salas como São Luiz, AIP (Associação da Imprensa de Pernambuco), Trianon, Arte Palácio, Coliseu. A projeto era persistido ao lado deFernando Spencer, Ivan Soares, José de Souza Alencar e do colunista Alex. Daí surgiu a idéia de transformar o Teatro do Parque numa sala de cinema. Voltado para a formação de platéia, o intuito era dispor bons filmes, com uma curadoria artística, a preços módicos. O Cinema do Parque passou a figurar na década de 80 e continua até hoje com outras administrações municipais. Nos anos 90, Celso Marconi também esteve à frente, mediante o papel de diretor do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Misp), do cinema da programação de cinema do Ribeira, depois deslocada para o Arraial. Numa tranqüila e ventilada casa em Olinda, reside na companhia de familiares e de seus “melhores amigos”, cerca de seis mil livros, dos quais quase metade sobre cinema. No momento, debruça-se sobre a leitura de uma biografia de Godard assinada por Antoine de Baecque. Hoje, aos 80 anos, não pensa em parar. Desde 2008, com aprovação do projeto no Funcultura, luta para lançar o duplo DVD que compila seus trabalhos como diretor. São 22 obras reunidas em mais de 6 horas de exibição. O Cinema de Celso Marconi será lançado no dia 5 de maio. Celso Marconi: oito décadas e muitos planos Jornalista e cineasta, completa, 80 anos com planos de lançar DVD LUIZ JOAQUIMCINEASTA vai por, em breve, seus 22 filmes à disposição para uma nova geração. Hoje é dia de festa para o cinema e o jornalismo cultural pernambucano, uma vez que um de seus ícones completa 80 anos. Ele é Celso Marconi, cujo trabalho como crítico de cinema pode ser revisto pelos seus livros “Obra Jornalística de Celso Marconi” (2000) e “Super8 e Outros: Cinema Brasileiro” (2002). Como cineasta, sua produção poderá ser revista - e descoberta por toda uma nova geração - quando o realizador lançar em breve o DVD duplo “O Cinema de Celso Marconi”. Nos dois discos, em seis horas e 40 minutos, divididas em 22 filmes - boa parte feito em Super-8 nos anos 1970, e alguns em vídeo -, Celso resgata aquele que é o seu principal discurso como cineasta. E é ele próprio quem explica, num depoimento gravado no Morro da Conceição para o disco 1. Nele, Celso conta que o seu cinema
  • 44. 44 44 tem uma ligação direta com a realidade popular e como ele quer transformá-la para uma realidade melhor. “Não é um cinema pelo cinema, é um cinema que serve. Mesmo sem técnica aprimorada, ele quer documentar. É como um antropólogo que chega numa aldeia e documenta o que se apresenta para seu estudo, mas não com distanciamento, mas sim com participação”, reflete para a câmera enquanto caminha pelas escadarias do Morro. Ainda na apresentação do 1º DVD, seu amigo há mais de cinco décadas, o mestre alucinante alucinado Jomard Muniz de Britto, conta da influência de Celso em sua vida, e dos caminhos profissionais do jornalista desde a época em que escrevia para o jornal comunista “Folha da Manhã”, nos anos 1960, quando assinava como João do Povo, até o período em que lecionou na Universidade Católica, nos anos 1990. Um outro depoimento bastante lúcido nesta apresentação é o do jovem jornalista e produtor cultural Sérgio Souza Dantas. Sérgio faz uma correta reflexão sobre três características que marcam a obra do diretor: a naturalista, a antropológica e a experimental. Pelo aspecto naturalista, o produtor destaca a forma como Celso posiciona a câmera e a movimenta semelhante ao olhar de uma pessoa curiosa diante de seu objeto, pessoa ou tema. Do ponto de vista antropológico, está bastante marcado o interesse do documentarista em tratar as pessoas e eventos sociais que falam de aspectos e rituais religiosos, além dos artistas populares. Como exemplo, Sérgio cita os filmes “Morro da Conceição”, “Dona Betinha” e “Ana das Carrancas”. Pelo experimentalismo, o que sobressai são os textos poéticos e engajados politicamente, marcados por performances com pessoas diante da câmera. “O filme Terra Ying é um exemplo, quando ele usa a música de Caetano Veloso fazendo uma analogia entre uma mulher grávida e a terra arada e tratada”, explica Sérgio, que também cita “Recife 0 Km”, sobre a degradação dos prédios no bairro do Recife Antigo já no final dos anos 1970, tendo como performers artistas do Movimento Super-8. O projeto “O Cinema de Celso Marconi” foi aprovado pelo Sistema Municipal de Incentivo a Cultura da Prefeitura do Recife em 2008 e está pronto. As cópias do disco foram feitas em Paris e aguarda apenas apoio financeiro para o material chegar ao Recife e ser lançado. Esperamos que o aporte chegue logo, assim como os DVDs cheguem ao Recife, para a cidade comemorar os 80 anos do cineasta assistindo sua obra cinematográfica. 4. Corbianiano Lins (Olinda, 1924) José Corbiniano Lins é um escultor pernambucano nascido em Olinda em 1924.
  • 45. 45 45 Corbiniano iniciou como pintor em 1949. Fez parte do movimento de Arte Moderna do Recife na década de 1950 junto com nomes como Abelardo da Hora, Reynaldo Fonseca, Samico e Celina Lima Verde. Em 1952, ingressa no Atelier Coletivo de Olinda. Participou de diversas exposições coletivas e individuais em galerias, museus, espaços culturais e Salões em Recife, Olinda, São Paulo, Rio de Janeiro, na Europa e na América Latina. Trabalha ativamente em seu atelier onde recebe encomendas de esculturas. Um artista múltiplo, que explorou suportes como desenhos, gravura, serigrafias, tapeçaria, entalhes, pinturas e especialmente escultura. Em boa parte dos seus 90 anos de vida, completados no último dia 2 de março de 2014, Corbiniano Lins trouxe à sua arte os tipos populares e a admiração pela figura feminina. A primeira experimentação de Corbiniano na arte foi com a pintura, ainda como aluno da antiga Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco. A partir de 1949, o artista realizou suas primeiras pinturas. Foi integrante do Ateliê Coletivo de Olinda, ao lado de nomes como Abelardo da Hora e Gilvan Samico. A partir dos anos 50, passou a esculpir, tornando-se um dos artistas mais conhecidos nesse suporte em Pernambuco. 5. Gilvan José Meira Lins Samico (Recife: 1928-2013) Iniciou autodidaticamente como pintor. Gravador, pintor, desenhista, professor. Em 1952 funda juntamente com outros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife- SAMR, idealizado por Abelardo da Hora (1924). Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo- MAM-SP. Em 1958 transfere-se para o Rio de Janeiro, onde cursará gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola Nacional de Belas Artes. Dedica-se à elaboração de texturas elaboradas em seu trabalho. Em 1957, 1958 e 1960 obteve os primeiros prêmios no setor de gravura do SPMEP. Fez parte ainda do VII ao XVII SNAM(de 1958 a 1968/ prêmio de aquisição em 1960, certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagens ao país em 1962 e de viagem ao estrangeiro em 1968), V Bienal de Tóquio (1959); Bienal de Arte Litúrgica (Trieste, 1959); I e II Bienais de Paris (1959 e 1961); I e II Panorâmicas de Artes Plásticas de Pernambuco (Recife: 1959 e 1962); VI, VII e IX BSP(Binais de São Paulo, entre 1961 e 1967), XXXI Bienal de Veneza (1962/ Prêmio de arte litúrgica) I Bienal Americana de Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF(1965), participando também das mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967). Realizou exposições individuais nas galerias Lemac (Recife, 1960) e do Teatro Popular do Nordeste (Recife, 1966), Na Petite Galerie (1965) e na Universidade Federal da Paraíba.
  • 46. 46 46 Em 1965 passa a se fixar em Olinda e leciona xilogravura no setor de artes plásticas na Universidade Federal da Paraíba. Ao receber o prêmio do 17º Salão Nacional de Arte Moderna viaja ao exterior e permanece assim por dois anos na Europa. Em 1971 é convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização da xilogravura. Suas gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros provenientes de lendas e narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos. Comentário Crítico: Gilvan Samico inicia-se em pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, criada por Abelardo da Hora (1924), que tem importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é criar no Recife um amplo movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásticas, teatro e música, incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações. Em 1952, Samico é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da SAMR, centro de estudos de desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social. Vem para São Paulo em 1957, onde tem aulas com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Da convivência com Abramo Samico guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da madeira e o interesse pelas texturas muito elaboradas. O artista passa a criar ritmos lineares, que se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras. Viaja no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde freqüenta o curso livre de gravura deOswaldo Goeldi (1895 - 1961), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O contato com o gravador é percebido no emprego de atmosferas noturnas em seus trabalhos, utilizando número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor. Sua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, através da literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é então povoado por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas populares, e também por muitos animais e seres fantásticos: leões, serpentes, dragões. Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força expressiva. A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por exemplo, em O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso, 1963. A xilogravura Suzana no Banho, 1966 apresenta características formais que se tornam constantes na obra de Samico: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição, emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço. Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais longamente à realização de cada gravura, chegando a produzir uma matriz por ano. Exercita com a goiva toda uma variedade de cortes, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado. Nos trabalhos recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando motivos originários da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A Espada e o
  • 47. 47 47 Dragão, 2000, por exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso da cor. Ao se referir ao seu trabalho, disse Ferreira Gullar: “(...) acordam em nós uma emoção atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas dos temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua iconografia”. E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade brasileira são fáceis de perceber. É o Nordeste que o inspira, o Nordeste, visto através das gravuras que ilustram os cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e do fantástico, de uma imaginação poderosa e mórbida que mescla caboclos, santos, monstros, diabos e estranhas aves de rapina”. José Roberto Teixeira Leite analisou sua obra em A Gravura Brasileira Contemporânea (1965). Foi também incluído em um dos álbuns de gravadores brasileiros organizados por Orlando da Silva. 6. Hélio Feijó (Recife 1913- 1991) Desenhista, Pintor, Arquiteto. Hélio Feijó nasceu em 26 de janeiro de 1913 na cidade de Recife, Pernambuco. Hélio Feijó foi um dos mais completos e inovadores artistas na história da arte pernambucana e brasileira. Discípulo de Cândido Portinari e Carlos Chamberland, durante sua trajetória cultural produziu importante conjunto de obras em diversos campos das artes plásticas. Como pintor, deixou grande legado em murais, pinturas, cenários, caricaturas, gravuras, desenhos e artes gráficas. Inovou criando, em 1941, uma técnica de impressão onde se misturam fotografia e desenho.Como arquiteto, teve atuação de destaque integrando a equipe precursora do movimento moderno da arquitetura brasileira no Recife. Em 1949, recebeu o prêmio Le Corbusier, no VI Salão de Arte Moderna, em São Paulo, com o projeto arquitetônico “Sistema de Autoventilação”. Como poeta, publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas do nordeste. Exerceu grande influência na disseminação do movimento modernista no nordeste, sendo o fundador do Grupo dos Independentes, em 1933, e da Sociedade de Arte Moderna, em 1947. Sua última grande exposição foi na Galeria Nega Fulô na década de 70. Passou seus últimos anos na ilha de Itamaracá, Pernambuco. Faleceu no dia 9 de setembro de 1991 n acidade onde nasceu. Participação de Eventos 1931 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil - Salão Revolucionário (1931 : Rio de Janeiro, RJ) - Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro RJ)
  • 48. 48 48 1975 - Recife - Pernambuco - Brasil - Coletiva de Abertura (1975: Recife, PE) - Ranulpho Galeria de Arte (Recife, PE) 1976 - São Paulo - São Paulo - Brasil - O Desenho em Pernambuco (1976: São Paulo, SP) - Galeria Nara Roesler (São Paulo, SP) 1983 - Olinda - Pernambuco - Brasil - Hélio Feijó e Aprígio (1983: Olinda, PE) - sem local de realização definido. 1984 - São Paulo - São Paulo - Brasil - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras (1984 : São Paulo, SP) - Fundação Bienal (São Paulo, SP) 7. Ionaldo Andrade Cavalcanti (Recife 1933- São Paulo 2002) Desenhista, artista gráfico. Em 1949, segundo a enciclopédia Itaú Cultural, ele inicia autodidaticamente em pintura. Em 52 participa da fundação do Ateliê Coletivo. Entretanto em 59 passa a fixar-se em São Paulo onde em 62 atua também como professor de desenho e pintura na Galeria Dearte. Em 65 executa o álbum de desenhos PEGI, em 77 lança o livro O Mundo dos Quadrinhos, pela Editora Símbolo e em 88 lança o livro Esses Incríveis Heróis do Papel, pela Editora Mater. 8. João Câmara Filho (João Pessoa PB 1944) Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, professor e crítico. Estuda pintura no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, entre 1960 e 1963. Nesse ano é eleito presidente da Sociedade de Arte Moderna do Recife e cursa xilogravura, sob a orientação de Henrique Oswald (1918-1965) e Emanuel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes de Salvador. Conquistou os primeiros prêmios de pintura e gravura nos SPMEP de 1962 e 1964. Figurou ainda no XI Festival Universitário de Arte (Belo Horizonte, 1962/ primeiro prêmio de pintura e segundo de desenho). I BNAP (1966/ prêmio de aquisição em pintura, III Bienal Americana de Arte (Córdoba, Argentina, 1966/ prêmio de Bolsa de Comércio de Córdoba/ foi incluído também numa seleção de artistas dessa Bienal exibida no Museu de Arte Moderna de Buenos Aires) e IV SAMDF ( 1967/ grande prêmio do salão), bem como nas mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963), inaugural da Galeria de Arte da Ribeira (Olinda,1964), Seis Artistas de Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo,1967).
  • 49. 49 49 Muito Além de apresentar seus trabalhos, juntamente com Maria Carmem e Anchises de Azevedo, na galeria Arte da Ribeira (1965), realizou exposições individuais nas galerias de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (1963), Rosenblit (1964) e Ônix (1966), as duas últimas em Recife, Gastão de Holanda referiu-se ao antilirismo e ao sentido de realismo crítico de sua arte, na qual se observam acentos irônicos e dramáticos e a seu respeito comentou Walter Zanini, em 1967: “ suas imagens encadeadas quase como um puzzle parecem amalgamar deuses astecas e ícones do baralho, assumindo ar de aquilina terribilitá sombriamente derrisório”. Participando pela primeira vez do SNAM em 1969, com três pinturas de grandes dimensões, nele recebeu o certificado de isenção de júri. Tem publicado, regularmente, artigos sobre artes plásticas na imprensa pernambucana, inclusive no Diário de Pernambuco. Em 1964, funda, com Adão Pinheiro (1938), José Tavares e Guita Charifker (1936), o Ateliê Coletivo da Ribeira e, em 1965, o Ateliê +Dez, ambos em Olinda. Entre 67 e 70, leciona pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Paraíba. Em 74, monta um ateliê de Litografia, transformando depois na Oficina Guaianases de Gravura, que, a partir de 95, é incorporada ao Laboratório de Artes Visuais da UFPE. A partir da década de 60, a produção de João Câmara caracteriza-se por apresentar, ao lado de figuras humanas com seus corpos estruturados, representações de corpos fragmentados, o que confere um caráter de estranheza aos trabalhos. Na década de 1970, inicia a realização das séries Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974- 1976) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmera (1977-1983). Em 1986, realiza a série O Olho de meu Pai sobre a Cidade, em que faz uma homenagem ao seu pai e à Recife. Em 2001, conclui a série Duas Cidades, que tem como cenário Olinda e Recife. Quando Aracy Amaral em seu livro Arte para que? Faz uma abordagem sobre a ineficiência da arte ela cita como exemplo uma série de quadros feitos por João Câmara como se houvesse por parte do artista o desejo de manter a ambiguidade na postura em relação aos quadros, onde em sua série de pinturas sobre a época de Getúlio Vargas, que mesmo que estivesse longe de se parecer uma pintura histórica, tem, segundo Aracy, uma estrutura imagética intrincada, que se torna difícil desvincular a denúncia da exaltação. E, no entanto, esta série foi alvo de aquisição pelo Estado, assim como o artista vendeu uma série de cem litografias que acompanhava a série. Comentário Crítico Em 1959, João Câmara começa a pintar paisagens, sob a orientação do pintor José Tavares. Em 1960, ingressa no curso científico do Colégio Nóbrega, no Recife, e no curso livre de pintura da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, que freqüenta até 1963. Estuda com Mário Nunes (1889 - 1982) e Laerte Baldini, entre outros, e, esporadicamente, com Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970). Interessa-se pelo
  • 50. 50 50 cubismo e pós-cubismo de Pablo Picasso (1881 - 1973) e pelo trabalho de Abelardo da Hora (1924), Francisco Brennand (1927), Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), Reynaldo Fonseca (1925) e Wellington Virgolino (1929 - 1988). Já revela nesse período sua preferência por pintar grandes superfícies, que se desdobram em dípticos, trípticos ou polípticos. Na década de 1960, sua produção aproxima-se do expressionismo e do fauvismo. Em algumas obras enfoca a violência, e o caráter trágico da composição acentua-se pelo uso de tons escuros que se contrapõem aos vermelhos e azuis fortes, como pode ser observado em Vietonose Perfil III (1966) e Exposição e Motivos da Violência (1967). Em Testemunhal, Reconstituição e Uma Confissão (todas de 1971), aborda a tortura e a opressão humana. O artista, ao voltar-se para o corpo do homem, submete-o a torções e deformações, sem prejuízo de certo erotismo. Em 1963, faz curso de xilografia, orientado por Henrique Oswald (1918 - 1965) e Emanoel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes, em Salvador. No início dos anos 1970, começa a realizar litografias e, com Delano, improvisa um ateliê dessa técnica no Recife, posteriormente transferido para o Mercado da Ribeira, em Olinda. Trabalha a litografia com liberdade, e a utiliza ainda como uma espécie de ensaio para as grandes pinturas. João Câmara realiza muitas séries de pinturas e gravuras, como Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974-1980) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara (1977-1980), que inclui montagens e objetos. Em Cenas da Vida Brasileira, não busca reproduzir a veracidade dos acontecimentos políticos do período, mas vincula personagens históricos, como Getúlio Vargas (1882 - 1954), a objetos insólitos e personagens fictícios, criando uma narrativa própria, um passado imaginário, ao qual se mesclam as suas recordações da infância. Já em Dez Casos de Amor e uma Pintura de Câmara, a mulher surge como personagem principal. Nessa série, o artista acrescenta diversos elementos à superfície da tela, como ilhoses, parafusos, couro, tecido e chumbo. Além dos temas políticos e dos retratos, a temática regionalista torna-se mais constante em sua produção a partir da década de 1980. Na série O Olho de Meu Pai sobre a Cidade (1986), faz uma homenagem ao pai e à cidade do Recife, e começa a realizar, nos anos 1990, a série Duas Cidades, com obras que têm como cenário Recife e Olinda. Para a estudiosa Almerinda da Silva Lopes, o projeto poético de João Câmara, desde o início de sua atuação profissional, consiste em traduzir, plasticamente, uma visão crítica da sociedade. Sua obra dialoga com a história política brasileira, com a arte e a mitologia. O artista cria dessa forma, em seus trabalhos, metáforas com as quais ironiza o poder e as relações sociais. 9. José Cláudio (Ipojuca 1932) Pintor, desenhista, crítico de arte e escritor. Em 52 faz parte da fundação do Ateliê Coletivo da SAMR. Posteriormente, em Salvador, é orientado por Mario Cravo Júnior (1923), Carybé (1911-1997) e Jenner Augusto (1924-2003),Viaja à São Paulo em 55 onde, inicialmente, trabalha com Di Cavalcanti (1924-1976)estudando também gravura com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo. Recebe bolsa de estudos da fundação Rotelini em 57, permanecendo por um ano em Romana
  • 51. 51 51 Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, em Recife. Suas pinturas são marcadas por um caráter figurativo que retratavam cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. Escreve ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Nascido em Ipojuca, na zona da Mata Sul de Pernambuco, em 27 de agosto de 1932, José Cláudio da Silva foi o único filho homem do comerciante Amaro Silva e de Maria Ramos da Silva e, segundo conta em entrevista, o primeiro de toda a família que teve o privilégio de pôr os pés num colégio. O próprio artista descreve sua trajetória: “Eu vim para o Recife, para um internato no Colégio Marista, para fazer ginásio, que em Ipojuca não tinha. Fiz exame de admissão, depois fiz ginásio, colegial, passei para o Colégio Oswaldo Cruz, para fazer o clássico, estudar Direito. Entrei para a Faculdade, e foi quando eu vi que não era a minha praia. E conheci Abelardo da Hora e outros amigos; aliás, eu conheci primeiro um ex-aluno do Marista, Ivan Carneiro, que perguntou se eu ainda gostava de desenho, e eu disse que sim. Então, ele disse “vamos abrir um ateliê”; aí, eu fiz parte desse ateliê, e eu fui um dos fundadores, fui da primeira leva desse Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, que, muitos anos depois, [Giuseppe] Baccaro quis reviver e fundou outro ateliê coletivo, com alguns que eram do primeiro ateliê coletivo, esse de 1952, como [Givan] Samico e Guita Charifker, que entrou um pouco depois. [...] Abelardo da Hora era como um “mister”, e ele pregava uma arte para o povo, dirigida ao povo, em que o povo fosse protagonista. Daí, a gente pintava trabalhador, visita às feiras, Xangô, e sonhava coisas populares, e as sonhava como aprendidas pela massa, pela população. [...] Depois, eu fui para São Paulo, me desviando desse rumo. Depois de um tempo, começou a prevalecer [a relação com a cultura popular], e hoje eu levei mais a serio, mas por outras circunstâncias. Morei na Bahia. E trabalhava para Carybé, que tinha muitos murais e precisava de muita gente para preparar a parede. [Eu] Era um trabalho braçal. Carybé sabia que meu interesse era pintura, e trabalhamos com vários pintores, naquela época. Com Cravo, com Carybé, com Augusto e pintores que não eram conhecidos e ajudavam os que eram conhecidos. Geraldo Trindade Leal, que nunca mais ouvi falar dele, era do Rio Grande do Sul, Inis Covadine, que mora em Jundiaí até hoje, Rubem Valentim, que estava começando, na época; eu era ajudante desses pintores. Bem, na casa de Carybé, eu conheci Arnaldo Pedroso D’Orta, e ele disse que, quando eu quisesse, eu poderia ir a São Paulo; eu fui, e nos tornamos muito amigos. Foi a época das grandes Bienais, a Bienal do IV Centenário. E foi aí que eu conheci a pintura do mundo todo. Aqui [no Recife], a gente não tinha nem reprodução para ver, e lá eu vi os originais desse pessoal todo; teve uma grande retrospectiva do Cubismo, e tudo que eu aprendi foi praticamente nessa época. aí, eu ganhei uma bolsa, passei um ano na Itália [...]” (Silva, J., 2009).
  • 52. 52 52 José Cláudio voltou ao Recife em 1954, participou da I Exposição do Atelier Coletivo e obteve Menção Honrosa no Salão do Museu do Estado de Pernambuco. No ano seguinte, retornou à Bahia, onde passou a dedicar-se mais ao desenho e, posteriormente, viajou para São Paulo, onde trabalhou com artistas do Modernismo brasileiro como Di Cavalcanti (1897-1976) e estudou gravura com Lívio Abramo (1903- 1992), na escola de artesanato do MAM. Nessa cidade realizou, em 1956, sua primeira exposição individual, Desenhos, no Clube dos Artistas e Amigos da Arte. Obteve o segundo lugar para desenhos do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, participou da IV Bienal de São Paulo (1957), onde lhe foi conferido o prêmio de aquisição, e recebeu a bolsa de estudos da Fundação Rotelini, o que lhe possibilitou permanecer um ano em Roma, na Academia de Belas Artes, estudando História da Arte e Modelo Vivo. De volta ao Brasil em 1959, passou a residir em Olinda, no ateliê de Montez Magno, Adão Pinheiro e Anchises Azevedo, e realizou sua segunda individual, agora no Recife. Na década de 1960, realizou muitas exposições individuais, participou das Bienais de São Paulo em 1961 e 1963 e obteve do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea para desenho (1962). Escreveu artigos sobre artes plásticas e literatura para o Diário da Noite (1961) e para o Jornal do Commercio (1965), lançou os livros Viagem de um jovem à Bahia (1965), Ipojuca de Santo Cristo e Bem dentro (ambos em 1968), além dos álbuns Os bichos da roda (1966) e Catende-xilos (1971). Na década de 1970, fez 100 óleos documentando aspectos da Amazônia (1975), tema inspirado por sua participação numa expedição à Amazônia – em que estiveram também cientistas e o zoólogo e compositor músico Paulo Vanzolini, que costumava levar um artista nas excursões, como se fazia no século XIX. Adquiridos pelo governo de São Paulo, os quadros estão hoje no Palácio dos Bandeirantes, e um dos desenhos da série foi levado pelo zoólogo estadunidense Ronald Hayer para o Museum of Natural History, da Smithsonian Institution, Washington. Fortemente inspirada na cultura popular e no cotidiano de Olinda, Recife e outras cidades brasileiras, sua obra já percorreu museus e galerias de todo o país e explora especialmente brincadeiras infantis, tipos populares, festas do interior nordestino e mulheres sedutoras de todos os mundos. Hoje, José Cláudio vive em Olinda, onde tem seu ateliê, pinta por encomenda e escreve periodicamente para a revista Continente, dedicada à arte e à cultura. Comentário Crítico José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de desenho e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre 1952 e 1957. Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior (1923),Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003).
  • 53. 53 53 O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em 1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma, na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife. José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do Mercado (1972) ou Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973), destaca-se o diálogo com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e o colorido intenso. Em suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola de Paris e também pelos expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da década de 1970. O carnaval é o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei Agora (ambos de 1974), com cores vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de expedição à Amazônia, promovida pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, registrando em vários desenhos a óleo diversos aspectos regionais. Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O Repouso do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela a tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos formais, que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como Ipojuca e Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas. O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários artistas que integram o grupo. 10. Ladjane Maria Ladjane Bandeira de Lira Nasceu em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, em 5 de junho de 1927 e faleceu em Recife, no dia 24 de março de 1999. Em 1942 fez colaboração poética para a “Gazeta de Nazaré”, no ginasial. Dirigido pelo Padre Daniel Lima, cujo jornal tinha uma grande circulação no meio intelectual de Recife. Aos 20 anos, em 1947, mudou-se para o Recife e cursou Especialização Pedagógica (Pós-graduação). Em 1948 tornou-se integrante fundadora da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), juntamente com os artistas plásticos Abelardo da Hora e Hélio Feijó. Nesse mesmo ano realizou sua primeira individual de pintura e desenho no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife, com trabalhos figurativos. Esta exposição suscitou comentários, reportagens, entrevistas e críticas nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commércio, Folha da Manhã, Jornal Pequeno, assinados por alguns intelectuais, por exemplo, Waldimir Maia Leite, Guerra de Holanda, Aderbal Jurema, Mário Melo e Luís Teixeira. Em 1949 iniciou suas primeiras colaborações literárias e artísticas para o Suplemento Literário do Jornal do Commércio (PE), Diário de Pernambuco (PE), Correio da Manhã (RJ) e Revista Branca (RJ). Ilustrou neste ano, o livro “FÁBULA SERENA” de Darcy Damasceno (Editora Orfeu, RJ) e fez ilustrações para Revista NORDESTE de Esmaragdo Marroquim e Aderbal Jurema.
  • 54. 54 54 Nos anos 1950 publicou história em quadrinhos no Diário da Noite (Recife/PE), ilustrando a vida do sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre por ocasião das comemorações do cinquentenário de seu nascimento. Realizou individual no Gabinete Português de Leitura do Recife, tendo fundado, dirigido e colaborado com a página individual do Gabinete. Em 1952 fundou e dirigiu até 1962 a página ARTE do Diário da Noite, em Recife. Em 1955, aos 28 anos, conquistou o PRÊMIO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, em Pintura, realizado anualmente no Museu do Estado. Realizou individual no Gabinete Português de Leitura (1956), participou do V SALÃO DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro em 1957 e neste mesmo ano iniciou curso de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. Proferiu diversas palestras sobre “Arte” patrocinadas pela Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR). Um marco importante em 1958, aos 31 anos, foi a execução de um painel concretista, em grandes dimensões, para a Escola Politécnica do Recife, abstração geométrica em vidrotil, e a realização da exposição individual “Dez anos de Pintura e Desenho” inaugurando a Galeria Lemac de Arte no Recife. Participou da I Feira de Arte do Recife, criação do Nordeste e Artístico, patrocinada pela Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR) e da I Panorâmica de Artes Plásticas do Recife. Neste ano assumiu a direção artística da Revista Nordeste e da Editora do Nordeste. A artista e crítica, ao longo de sua trajetória, realizou inúmeras conferências sobre História da Arte, variadas exposições, pertenceu a Associação Internacional de Artistas Plásticos, Sociedade de Arte Moderna do Recife, Associação de Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco, Associação Brasileira de Críticos de Arte, Associação Internacional de Arte, Academia de Ciências de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, Gabinete Português de Leitura, Fundação Joaquim Nabuco, Pen Club do Brasil. Fez belas ilustrações e recebeu diversas medalhas, homenagens e prêmios em reconhecimento a suas produções artísticas e literárias. Em 1981 foi eleita com “Medalha de Ouro” para a Academia Itália de Artes e Ofícios, em Parma na Itália. Foi homenageada com uma Sala Especial no XXXIV Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Para a sua série A Biopaisagem foi organizada uma exposição em sala especial no Museu do Estado de PE. Gravou para o Museu da Imagem e do Som. Foi membro da União Brasileira de Escritores, seção Pernambuco, tem dois livros publicados e dezenas de outros inéditos. Essa breve trajetória da artista aponta para sua inserção no campo da cultura e das artes plásticas em Pernambuco e no Brasil, o que permite apostar na importância dessa pesquisa para o Estado de Pernambuco, para a ampliação das versões sobre a história das artes no Brasil, inserindo Pernambuco como um dos centros de produção não apenas das artes visuais, mas sobremaneira, na produção da critica de arte e seus impactos no meio artístico. (1960) ocorre exposição coletiva de inauguração da Galeria de Arte do Recife, promovida pelo Movimento de Cultura Popular, ao lado de artistas mais jovens, como Anchises Azevedo, Gilvan Sâmico, Montez Magno, José Cláudio. Foi incluído (Vicente do Rego)
  • 55. 55 55 também, por Ariano Suassuna, na exposição Pintores Pernambucanos Contemporâneos que integrou o Congresso Brasileiro de Crítica e História Literária na então Universidade do Recife em 1960. No livreto que traz a lista de obras, Suassuna explica os critérios de seleção dos artistas e de organização da exposição. Vicente foi incluído na geração “modernistas, com sua variante regionalista” (ao lado de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres), que era precedida pelos pintores “chamados acadêmicos ou conservadores” (Murillo La Greca, Fédora do Rego Monteiro Fernandes, Baltazar da Câmara, Mário Nunes), e que abriria caminho para a “geração que sucede”, composta por Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, Aloísio Magalhães. Duas exceções: Joaquim do Rego Monteiro e Adão Pinheiro. O primeiro, por ser um pintor vanguardista que morrera muito novo, o segundo, por ser, nas palavras de Suassuna, uma “homenagem da Universidade aos mais novos, dos quais ele é realmente um dos melhores”. Nessa geração dos mais novos, ou dos que mereceriam figurar na exposição, Suassuna menciona Ladjane Bandeira, Elezier Xavier, Montez Magno e Wellington Virgolino (SUASSUNA, 1960). Exibindo telas datadas dos anos 1920, essa exposição organizada por Ariano Suassuna talvez seja, uma das primeiras nas quais Vicente figura não como um artista atuante, mas como um artista incorporado ao patrimônio de um modernismo pernambucano já consolidado. Comentário Crítico Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é visível a influência da obra de Candido Portinari (1903 - 1962). Na xilogravuraMeninos do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como emDesamparados e Água para o Morro (ambos de 1974). Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife - SAMR, com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952 oAteliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico (1928), José Cláudio (1932) e Aloísio Magalhães (1927 - 1982), entre outros. 11. Montez Magno de Oliveira (Timbaúba-PE 1934)
  • 56. 56 56 Pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura entre 1953 e 1966. Conquistou o prêmio de Pintura no XVIII SPMEP (1958); participou ainda dos VIII, IX, XIV, XVI, XVII e XVIII SNAM (entre 1959 e 1969/ certificado de isenção de júri em 1967); V, VIII e IX Bienais de São Paulo (entre 1959 e 1967/ prêmio de aquisição em 1967); IX SPAM (1962/medalha de bronze); I EJDN (1963); I e II SEAJ (1965 E 1968); I Salão de Abril (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1966); I BNAP (1966); IV SAMDF (1967) e da mostra do Concurso de Caixas (PetiteGalerie, GB,1967). Realizou exposições individuais nas galerias do Instituto dos Arquitetos do Brasil (seção do Recife,1957), Lemac (Recife, 1958); Seta (São Paulo, 1963); Goeld (GB,1965), Atrium (São Paulo,1965); Ônix (Recife,1966) e Cantu (GB, 1967). A partir de 1960 publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros. Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 63 e 64, possibilitando assim viajar por vários países da Europa. Vindo do Abstracionismo para a Figuração, foi dito a respeito de seus desenhos no catálogo da exposição na Galeria Ônix (1966): “Pertencem ao mundo complexo e intimista das sondagens efetuadas por Francisco Goya, James Ensor, Edward Munch e Emil Nolde no mais recôndito da alma humana. Apensar deste confronto, é nos trabalhos de Alenchinsky, Pignon e KarelAppel que vamos encontrar maior identificação e paralelismo com os desenhos de Montez Magno”. Em entrevista concedida a Frederico Morais (Diário de Notícias, 9 de maio de 1968) disse o próprio artista: Particularmente me situo entre os que se propõem a renovar constantemente no setor da pintura e da escultura (ou do objeto). Para mim estas duas manifestações artísticas se fundem numa só, pois meus trabalhos mais recentes são estruturas tridimensionais, ligadas, portanto à escultura, complementadas por elementos de cor, sendo também pintura”. Nos seus trabalhos retoma o abstracionismo de definição geométrica. Publicou o texto “O material na obra de Arte: Mito e Preconceitos” (Jornal do Brasil, GB, 5 de Julho de 1969). Com o prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa e Argélia a estudos em 75. De volta ao Brasil, leciona escultura na Universidade Federal da Paraíba. Ilustra o livro O diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria. 12. Raul Córdula Filho (Campina Grande PB 1943) Raul Córdula é artista plástico, curador e crítico de arte. Com mais de 50 anos de arte, seu repertório e poética é atravessado pela arte primitiva, o concretismo, neoconcretismo, arte experimental, arte engajada, arte postal e pop arte. Conhecido principalmente pela sua pintura geométrica, o artista nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 17 de abril de 1943. Filho do professor Raul Córdula,mudou-se com a família para o Rio de Janeiro -RJ em 1946. Ao regressar a Paraíba, primeiramente em Campina Grande em 1957, começa a pintar acompanhado de um
  • 57. 57 57 grupo de adolescentes do qual participaram Flávio Bezerra de Carvalho, artista que morreu ainda criança, e Ney Suassuna. Um ano depois, a família fixa residência em João Pessoa-PB. Nesta época estudava desenho na Escola de Arte de Campina Grande com o professor Miranda e a professora Lourdes Almeida, em 1958. O ano de 1959 foi marcante para o jovem que deseja ser artista. Conhece os grupos de poetas e intelectuais proximos à vertente artística concretistae construtivista, conhece Jomard Muniz de Brito, tem contato com o texto emblemático publicado no Rio de Janeiro de Ferreira Gular, Teoria do Não Objeto, imediatamente ao seu lançamento. No Rio de Janeiro, estudou técnica de pintura com o professor Domenico Lazzarini no Museu de Arte Moderna e história da arte com professor Carlos Cavalcanti no Instituto de Belas Artes (atualmente Escola de Artes Visuais do Parque Lage), entre os anos de 1962 e 63. Assim como, teve orientações técnicas e teóricas nos ateliers de Adão Pinheiro (Olinda), Márcio Mattar (Rio de Janeiro), Iberê Camargo, Lygia Clarck e Hélio Oiticica (Rio de Janeiro). Anos 1960 A dinâmica das artes plásticas no eixo Rio-São Paulo se caracteriza pela consolidação de museus de arte e pelas polêmicas trazidase discursos narrativos trazidos pela Bienal de São Paulo. Uma ampliação do conceito de arte brasileira para arte internacional brasileira parece se esboçar com as defesas e recuos em relação a arte abstrata e o figurativismo, anos depois essas polêmicas serão sistemátizadas e teorizado por críticos e historiadores de arte. O Museu de Arte Moderna (MAM-RJ) se revelou como um espaço importante às manifestações de vanguarda, realizando mostras comoExposição Opinião 65, Exposição Nova Objetividade Brasileira, em 1967, Salão da Bússola em 1969 e Domingos de Criação em 1971. No Nordeste, surgem movimentos como o Movimento da Cultura Popular em Recife- PE, o Teatro Popular do Nordeste de Hermilio Borba Filho e Ariano Suassuna em João Pessoa-PB. Ainda na Paraíba, o Clube do Silêncio, a Geração 59 e o Grupo Snhauá foram movimentos responsáveis pelas mobilizações de vanguarda na época no meio cultural no início da décade de 60. Inicialmente formada por poetas, no decorrer de suas atividades outras categorias artísticas foram acrescidas, como: teatro, música, artes visuais e ciência. Raul Córdula, seu pai, diretor da Divisão de Documentação e Cultura (DDC), realizou uma série de eventos culturais viabilizando a atuação de artistas de várias linguagens. Raul Córdula Filho teve seu contato com o movimento por meio do Salão de Poesia, organizado pela DDC, em que ilustrava os poemas juntamente com Walmick Brito. Assim, foi na Geração 59 que o artista ressalta que “adquiriu a sua poética”. Marcado por esse panorama de efervescência cultural, Raul Córdula integrou o grupo que criou a Escola de Artes Plásticas Tomaz Santa Rosa, no Theatro Santa Roza, que
  • 58. 58 58 posteriormente em 1963 foi absorvida pela Universidade Federal da Paraíba para formar o Serviço de Artes Plásticas do Departamento Cultural da Universidade Federal da Paraíba, núcleo da atual Pró Reitoria de Extensão Cultural. Como fruto das experiências no ateliê desta universidade, em 1960 acontece a primeira exposição individual do artista na Biblioteca Pública da Paraíba, João Pessoa-PB, apresentando 22 trabalhos. A partir desta data, logo participou dos seus primeiros salões de arte ainda na Paraíba. Posteriormente, o artista passa a morar no Rio de Janeiro, foi cenógrafo da TV Tupi (canal 6), realizou exposições em importantes galerias do sudeste brasileiro e recebeu premiações nos principais salões de arte do país na época, como o Salão Mineiro. Córdula volta a Paraíba com o principal intuito de criar o Museu de Arte Assis Chateaubriand, em Campina Grande, e formar o acervo da instituição por meio de campanhas com grandes empresários. Nesse retorno, inserindo este museu no circuito nacional de artes visuais, por meio de uma coleção de arte contemporânea de vanguarda, retoma a movimentação da produção artística local e funda a Associação Paraibana de Artistas Plásticos – APAP. Também no mesmo ano, a Reitoria da UFPB programou para sua galeria de arte, instalada no hall, uma série de exposições de artistas plásticos ligados ao seu Departamento Cultural. Nesta época, uma série de decretos foram emitidos no regime militar brasileiro nos anos posteriores ao Golpe Militar de 1964, havia um clima de tensão envolvido por censuras e repressões militares, e nesse contexto a exposição de Raul foi censurada por ordem do Conselho Universitário no dia seguinte à abertura. Depois da censura oficial, o governador da Paraíba, publicou nota no Jornal O Norte repudiando tal ato e oferece ao jovem qualquer dos espaços culturais da cidade que estavam sob tutala do estado. A mostra foi exposta no Theatro Santa Roza (João Pessoa). A convite de JOmard Muniz de Brito a exposição seguiu para a Oficina 154 (Olinda), e no Clube Carnavalesco Os Amantes das Flores (Recife). No vernissage da exposição da Oficina 154, o artista assina o II Manifesto Tropicalista – Inventário do Feudalismo Cultural Nordestino escrito por Jomard Muniz de Brito e lido por Gilberto Gil e Caetano Veloso, e assinado pelos artistas presente no Lançamento do livro de poesias de Marcos Vinicius de Andrade, Idolatina. Devido a censura o artista foi demitido da UFPB e transferiu-se para São Paulo, que trabalha como cenógrafo na TV Bandeirante (canal 13), e depois para o Rio de Janeiro. Anos 1970 Em tempos de exílio do nordeste Raul Córdula trabalha comocenógrafo da TV Globo (canal 4) até 1972, assim como, fez programação visual para várias empresas no Rio de Janeiro, entre elas a Rádio Ministério da Educação e Cultura. Em 1972, ao voltar para Paraíba, abre um Bar com um grupo de amigos, Asa Branca, ambientado por artistas. O Asa Branca se torna um espaço de exibição de produções
  • 59. 59 59 culturais e artísticas, sendo marcante os espetáculos musicais independentes de Zé Ramalho, Vital Farias, Marconi Notaro e Carlos Aranha. Manteve um escritório de Programação Visual em João Pessoa, até 1975. Com a exposição censurada, o medo e a decepção encontrada na censura levou ao artista trilhar uma nova fase, fase que mais o consagrou. A pintura abstrata, a geometria dos triângulos, círculos, retângulos, bem como os rabiscos infantis, passam a potencializar aparatos simbólicos com os mais diversos significados. Nos anos 1970, ganha prêmios no 1º e 2º Salão de Arte Global de Pernambuco, realizado pela Rede Globo de Televisão. No ano seguinte, participa como curador, realizando o 3º Salão – O Artesanto e o Homem. Ainda em 1973, é inaugurado o novo edifício da Assembleia Legislativa em João Pessoa, o artista participa e integra o albúm da exposição em homenagem a inauguração, além de conceber um mural frontispício do edifício, construído em aço inox sobre mármore trave tino. Ao acompanhar seus passos é possívelentender a mudança entre a fase da pintura figurativa à produção do abstracionismo informal, depois a um abstracionismo geométrico, integrando-se a uma vertente polêmica da arte brasileira. Há uma ênface nesse período à pesquisa com a arte popular, destaca-se a viagem ao México para o 9º Conferência Mundial de Artesanato, como observador da Rede Globo de Televisão, World CraftCouncil (Conselho Mundial de Artesanato), ONG filiada a UNESCO na categoria A. Nessa viagem visita o ex-lider das Ligas Camposesas de Pernambuco, Francisco Julião que estava no exílio em Cuernavaca, México. Esta década também fica em evidência sua produção como agente cultural entre os estados de Pernambuco e Paraíba, onde montou em 1977 o Núcleo de Arte Popular e Artesanato (NAP) da Casa de Cultura de Pernambuco da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE), cujo acervo é um dos núcleos do Museu do Barro, em Caruaru-PE. No ano seguinte, em 1978, integra o grupo de artistas que funda e coordena o Núcleo de Arte Contemporânea (NAC) da Universidade Federal da Paraíba, retomando a esta universidade como professor das disciplinas História da Arte e Fundamentos da Linguagem Visual II nos cursos de Educação Artística e Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Artes do CCHLA da UFPB. Anos 1980 Entre a década de 1970 e 1980 a trajetória de Raul Córdula apresenta um intenso fluxo de exposições em instituições culturais, bienais e festivais de arte. Sobretudo, vale salientar suas exposições em diversas galerias de arte - um circuito característico da geração dos anos 1980, o circuito do mercado de arte. Nesta década, o artista encontra-se em uma maturidade plástica, sendo considerado um dos mais importantes representantes do abstracionismo geométrico brasileiro, que sob o rótulo criado pela crítica de geometria tropical distanciando-se (argumento crítico) dos artistas construtivos-geométricos europeus.
  • 60. 60 60 Nos anos 1980 uma nova configuração do mundo das artes começa a ser desenhada. Assim, neste novo desenho do circuito artístico, há a figura do curador um novo protagonista responsável por projetar ideias e construir discursos a partir da realidade da obra. Raul Córdula, que já tinha um trabalho na escrita crítica em artes visuais na imprensa paraibana e em diversas exposições, também participa como impulsionador do desenvolvimento da arte emergente por meio da curadoria. Pode-se destacar a sua entrada na Associação Brasileira de Críticos da Arte – ABCA e Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA, e como diretor artístico e diretor técnico da Oficina Guaianases de Gravura, em Olinda, estas últimas funções assumidas até 1984. Não é apenas com o trabalho de crítica, pesquisa e gestão que sua atuação se torna mais abrangente, em 1982 produz uma série bem importante no seu percurso artístico, intitulada País da Saudade. Evidenciando mais uma vez sua linha política e experimental. A série País da Saudade de arte postal, convida o público a fazer leituras sobre o contexto sociopolítico da época. O artista enviava a amigos e artistas um papel em branco com um pedido carimbado “por favor, interfira e me devolva”. Nos anos 1980, o artista filia-se ao Partido dos Trabalhadores (filiado até hoje), e participa de uma exposição e leilão de suas obras com o intuito de contribuir com a campanha do então candidato a presidência Lula. A exposição e o leilão “Lula lá” teve apoio de diversos artistas do estado de Pernambuco. Anos 1990 Com uma exposição comemorativa de 30 anos de atividades artísticas na Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ), o artista inicia esta década dos anos 90 marcada por um fluxo de exposições nacionais e internacionais. Sobre estes deslocamentos, o artista conta sobre a véspera de sua viagem para sua exposição no Espaço Cultural da Embaixada do Brasil em Paris, em que viajaria com sua esposa ( a artista plástica Amélia Couto) e ainda não tinham conseguido dinheiro algum. Antes de sua ida, realiza anteriormente uma exposição comercial no Espaço Cultural Pallon (depois chamada de Galeria Pallon). Poderia ter sido apenas mais uma exposição comercial, mas o governador de Cabo Verde em visita ao Recife passou pela Galeria que tinha quadros na sua vitrine da Conselheiro Aguiar, e se encantou com um de seus quadros. O motorista estacionou e ele entrou na Galeria e comprou o quadro se desculpando porque só tinha dólar (U$ 2.000 cash). Tal acontecimento financiou parte da viagem a Paris. Situações como esta tão singular pode dizer pouco para um debate sobre sua inserção no mercado e valor de um obra de arte, mas evidencia uma imprevisibilidade da produção independente em artes visuais. Em 1992 foi responsável pela implantação, no Brasil, da Associação Cultural de Le HorsLá, de origem Marserlhesa, nas cidades de Recife, João Pessoa, Salvador e Curitiba. Esta associação já foi responsável por intercâmbios entre artistas brasileiros e franceses entre os anos de 1991 a 1997, promovendo mais de 30 eventos como
  • 61. 61 61 exposições, instalações, trabalhos artísticos coletivos e debates sobre a mestiçagem comum às nossas cultura. Raul passa a ser referência não apenas pela sua produção artística, mas também por meio da sua produção de conhecimento em artes visuais. Há uma participação evidente na rede simbólica da produção contemporânea por meio de festivais, exposições e bienais, tais como: a comissão de Seleção e premiação da5ª Bienal Internacional de Esculturas delChaco na Argentina, membro da comissão de Seleção e Premiação do 4º Salão MAM Bahia de Artes Plásticas. Além de assumir a diretor de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC). Lança seu primeiro livro “Fragmentos: comentário sobre artes plásticas”, uma seleção de textos escritos pelo artista desde os anos 60 sobre a produção de diversos artistas, sobretudo na região do Nordeste. Publicação importante sobre as memórias e a história das artes visuais por meio de um registro singular das exposições: os textos. Sua obra pictórica passa a ser objeto de Tese (na época utilizava tal nomeclatura para o trabalho final do mestrado) de Mestrado na Escola de Belas Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro pela arquiteta e mestre em artes plásticas Eleine Bourdette, intitulado “Raul Córdula: 30 anos de pintura – de olho no mundo à sublime reconstrução do olhar”. Anos 2000 e atualidade A curadoria ganha um participação expressiva na produção desta década, potencializando assim discussões contemporâneas, demonstrando uma vontade de experimento e posicionamento crítico por meio deste “espaço de negociação”. Em 2000 é curador geral do 44º Salão Pernambucano de Artes Plásticas em Recife. Após dez anos de hiato sem ocorrencia do SPAP/PE, fundado em 1942, Raul Córdula propoe um Salão voltado para o público e não para o artista. Destaca-se uma atenção maior às práticas educativas do evento, preocupações estas sempre recorrentes nas atividades desenvolvidas pelo artista . Foi curador adjunto da exposição “Museu de Arte Assis Chateubriand – MAAC. Coleções do Brasil”. Em Brasília no Centro Cultural Banco do Brasil. Curador da exposição“A Pintta de Paisagem em Pernambuco”, no Centro de Convenções de Pernambuco, realizado pelas Tintas Iquine, em Recife. Curadoria na exposição “Arte&Linguagem: 40 anos de Arte Visual, no Museu do Estado de Pernambuco, também na cidade do Recife. Pela Galeria Arte Plural, participou como curador na exposição “A reinvenção de Samico”, na exposição “Derlon Almeida e Galo de Souza”, (com curadoria adjunta de Bárbara Collier), na exposição “Geometrias, gestos e grafias”, na exposição “A persistência da Paisagem Antônio Mendes”, na exposição “Maurício Arraes”, na
  • 62. 62 62 exposição “Cabeça-retrato – Manuel Dantas Suassuna”, na exposição “Paraísos José Barbosa”, e na exposição “Florença/ Recife: pintura pura”. Curador na exposição “LE HORS-LÀ = 20 ANOS DE INTERCÂMBIO Brasil-França” junto com Dyógenes Chaves, na Usiina Cultural Energisa, no qual também organizou uma publicação sobre a Associação Le Hors-Lá. Nos últimos anos, o artista continua produzindo como artista plástico, curador e crítico de arte. O trabalho artístico recente foi exposto na galeria Janete Costa em 2012 em comemoração do seus 50 anos de produção na mostra “50 anos de arte: uma antologia”, que teve a curadoria em parceria com a jornalista Olívia Mindelo. A antologia propõe uma seleção de fases da obra do artista, apresentando um percurso visual em 9 séries e expos também seu livro de artista, nunca apresentado ao público anteriormente. Como crítico e escritor, em 2013 lança o livro “Utopia do Olhar” em Olinda e devido a esta publicação ganha o Prêmio Sergio Milliet, pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, em São Paulo. Sua obra pictória é objeto de estudo no Mestrado de Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba pelo pesquisador Sidney Leonardo Albuquerque de Azevedo, intitulado “A imagem da palavra na obra de Raul Córdula”. Como também, sua obra é objeto de pesquisa em andamento para a tese de doutorado da pesquisadora e escrita Jussara Salazar por meio do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Comentário Crítico No início da carreira, Raul Córdula realiza obras figurativas, e mantém diálogo com a arte pop e a nova figuração. O artista parte de desenhos infantis e sinais do meio urbano, como os de trânsito. Seu trabalho apresenta concisão de formas e cores, utilizando cada vez mais os signos e símbolos na construção de obras ligadas ao abstracionismo geométrico. A partir da década de 1980, explora as tensões e distensões da superfície articulada em planos triangulares, fase denominada pela crítica como “nova geometria”. Como nota o crítico Paulo Sérgio Duarte, em suas telas Córdula revela também uma ligação com a paisagem nordestina, que transparece no uso da paleta de tons luminosos que distingue sua produção. 13. Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife 1925) Pintor, muralista, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Frequentava como ouvinte a Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde se torna aluno de Lula Cardoso Ayres (1910-1987), e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 passa a residir no Rio de Janeiro e estuda com Candido Portinari por seis meses.Entre 1948 e 1949 esteve na Europa. É também um dos fundadores da SAMR, realiza viagem de