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W KlKUMUALDO FIGUEIREDO
ALGUMA COISA
SOBKK o
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LISBOA
.ivRARiA Editora Viuva Tavares Cardoso
5 — Largo de Camões — 6
Alguma eoisâ sobre o Theâtro PoFtugQez
ROMUALDO FIGUEIREDO
ALGUMA COISA
SOBRE O
IHEAÍRO PORÍUGUEZ
LISBOA
.lYRARiA Editora Viuva Tavares Cardoso
5 — Largro de Camões — 6
JUN26 1968
^
A GRANDE ACTRIZ
liUeji^PA SIMÕES
COMO HOMENAGEM S DEVOÇÃO AO SEU
LUMINOSO TALENTO DE ESCLARE-
CIDA ARTISTA.
Dedica o auctor.
Lisboa — Agosto de 1904.
A Mentira, eis ahi o que aborreço, o
que me faz o mais desconfiado dos
homens e ainda o mais desgraçado.
Alfredo de Musset.
Quem menos sabe, se diz sempre o que
sente e o que cré verdade, dirá mais
coisas e coisas mais novas, que os
sábios que antes de abrirem a bocca,
pensam nas conveniências sociaes.
Frederico L- rales.
Hevista Branca, n.° UO.
Eu creio de utilidade dizer-se alguma coisa so-
bre o aspecto geral do theatro contemporâneo, que
na feição psichica da vida portugueza, apresenta
fácies de decadência moral e iutellectual, tendendo
de prompto a esboroar se. De facto, n'uma socie-
dade algo isenta de orientação intellectiva, per-
cebe-se a impossibilidade d'uma comprehensão
nitida do que seja o theatro como principio de
educação social, e a facilidade de preferir-se, a
uma litteralura que inicie a remodelação do theatro
degradante, outra que fumega podridão e vicio.
Assim, n'esta symbiose de vileza moral, temos
ainda a cachética critica, sabidamente criminosa,
sem uma comprehensão humana, larga, simples-
12
mente com o desejo legitimo de espojar-se no pros-
tíbulo onde esbarram preguiçosamente os nullos e
os úteis. Temos de prova que o ttieatro, hoje, é
uma espécie de creche onde se acoitam impune-
mente innumeros pedantes de comprovadíssima in-
ferioridade mental, que nada percebendo do fim
útil a que elle se destina, amoldam-n'o a seu ca-
racter, contagiam-n'o, desprestigiando aquelles que
tentam dar-lbe rejuvenescimento por uma forma
natural, artística, verdadeira, a dentro d'uma lit-
teratura filha de sâ mentalidade, cheia de vida
germinadora, de verdade analytíca, fecunda como
a luz do sol, e que vá explodir nos cérebros mer-
gulhados na mais cerrada escuridão. O theatro é
de bnnefica influencia na formação de sentimentos
sublimes, e apura o homem, elevando-o á mais com-
pleta perfeição. E' elle a revelação da superioridade
humana, encanta, enternece, obriga-nos a analysar
o que nos rodeia, a comprehendermos as maravi-
lhas da Natureza. E a uma nação que não tenha
um theatro sadio, vital, é lhe preferível, creio, não
possuir nenhum, porque aos olhos dos que vêem, a
arte dramática é unicamente educativa, salutar, e
nunca, como geralmente se observa em Portugal,
degenerada, prejudicial, tendendo para a imper-
feição humana. E é tão verdadeiro isto, que a Eu-
ropa cívilisada tem um febre ávida pelo theatro
dos grandes conflictos da vida. Paizes ha, em que
13
se põe já de parte o theatro langoroso, para se
exhibir aquelle que possue um são raciocinio, e,
como se sabe, Zacooi, Novelli, Duse e Vitaliani,
preferem o theatro oade expludem os sentimentos
humanos, fazendo nos assistir a obras de Ibsen *,
Aristófanes, Shaclíspeare, Strideberg, Zola, Bjorn-
son, Suudermann, Hauptmann, Mirbeau, e muitos
outros dramaturgos da mais saudável mentalidade.
O grande Antoine, o verdadeiro artista moderno,
prova nos suCQcientemente que o publico também
se acostuma ao novo theatro, e que as suas peças
— ao contrario do que dizem alguns actores —dão
dinheiro, o ponto é sabel-as interpretar, sentir,
viver. E nós temos artistas mais ou menos edu-
cados para isso. Prova-nos o desempenho da Casa
de Boneca^ Inimigo do Povo e Pato Bvavo^ de
Ibsen; da Honra, de Sundermann ; das Fogueiras
de S. João, de Hauptmann ; da Blanchette, de Her-
vieu ; do Inquérito, de Brieux; da Moral d^elles^ do
Em Ruinas e do A'manhã. Por consequência at-
tinge o extremo da criminalidade a existência de
* O theatro ibseiiiano, grandemente philosophico, reclama
para seu entendimento alta contensão de espirito, impor-
tando um singular esforço de cerebração ; de prever é que
não encontre fácil albergue na rasão e na emotividade de
uma raça essencialmente amante da linha e da côr.
(Ernesto da Silva — Conferencia T^^aíf o Líur^.)
14
semelhante theatro, abertamente exposto a vários
imbecis que vêem n'elle o ultimo refugio.
Escrever, não para dizer coisas, nem para fa-
zer dinheiro, ou ganhar a popularidade. Escrever
para abrir uma phase que repilla por completo as
quinquilharias que nos tem pervertido os senti-
mentos. Cheguem-se á comprehensâo de que ar-
ranjar peças perniciosas, derramadoras de idéas
pornográficas, é-nos logicamente perigoso, porque
cria caracteres desligados por completo de tudo
que seja humanitário. Discutam á luz da rampa,
n'uma analyse serena, a educação, a felicidade, o
ennobrecimento moral. Não pervertam pelo theatro
— que é uma escola — os poucos indivíduos ca-
pazes de conceber idéas generosas. Enalteçam a
Verdade, estrangulem a Mentira. Não proclamem
a ignorância, a prostituição, o crime. Redimam.
A continuar assim, convencem-nos que desconhe-
cem aquella phrase de Tolstoi : ~ Para conseguir-
mos uma definição exacta da Arte, é necessário,
acima de tudo, não a considerarmos um meio de
prazer, mas sim uma das condições da Vida —
Emprehendam obra salutar e verão os resultados
educativos e favoráveis, e d'esse emprehendimento
15
ha-de nascer a maxiroa amplitude da perfeição
psichica da humanidade.
Diz algures Bento Faria, que o theatro é sem
duvida a mais delicada das manifestações do espi-
rito humano, e a mais forte alavanca da civilisa-
çâo. * De facto, assim é. O theatro arrasta-nos ás
mais alevautadas abnegações, conquistando-nos o
cérebro e o espirito, sendo conduzido para dentro
da verdade, porque, de contrario, prova que nada
vale como educativo, vigoroso e ulil. Theatro que
pretenda cravar no cérebro das platéas, malignas
idéas, é theatro injustificado e criminoso. Ser útil,
é a primeira e única qualidade que elle nos offe-
rece,, e creio ser bastante para a sua estabilidade
garantida.
Mas a dolorosa verdade é esta. — Entre tantos
escriptores dramáticos, poucos nos oíTerecem thea-
tro que redima, que castigue as iniquidades mo-
raes e sociaes. Optam pelas picantes saladas litte-
*. . . Arrasta as multidões n'um bloco ás mais alevauta-
das das abnegações; domina, arrebata, vence, conquista,
n'uma palavra, dá vida. Sem a arte a existência seria mo-
nótona, sombria, tristonha; e a sua luz, que é a d'um sol,
illumina e aquece as almas, dá alegria aos corações, dá
vigor aos cérebros, torna-nos humanos, emfim. Indubita-
velmente, a arte é o mais poderoso factor da civilisação.
( Bento Faria. — Amor e Liberdade, n.*» 4.)
10
rarias e pelas quinquilherias que enribrulecem. E
a senhora Dona Critica observa, philosópha e con-
sente, o que nâo épara estranhar, allendendo a que
não pôde reagir quem tem o cérebro no estômago. *
Em relação a interpretes, a situação diverge um
pouco. Simplesmente um pouco. Confessaremos
que a dentro do theatro portuguez existem artis-
tas com grandes condições, fazendo viver as per-
sonagens que representam e considerando- se, nâo
um actor, mas o indivíduo imaginado pelo auctor.
Assim, temos artistas que soíírem e gosam con-
forme deveria gosar e soíTrer a personagem que
representam, faltando lhes, talvez, a alguns, conhe-
cimentos sociológicos. E na pratica está sobeja-
mente provado que os artistas não podem prescindir
d'estes conhecimentos, porque fugirão á verdade,
e ainda que se diga que na scena a o falso é ver-
* Não ha que admirar-se o silencio, que ás vezes parece
sibilino e prophetico, da critica portugueza, acerca das obras
que de ordinário representam estudo, paciência, observação
ou vigílias suarentas e tresnoitadas. . . iNão tem razão o
pasmo I Tanto o silencio d'e?sa ventruda e delambida da-
ma como o seu mazombo desdém, procedem somente do
seu péssimo sestro de ter sempre gostado de coisas gor-
das, e de certos piteos afrodisíacos, muito adubados com
pimentos á hespanhola. Nada mais. E não achinelar-ncs
com tal bandalheira.
(Gomes Leal. — Século Litterario, n." 100.)
17
dadeiro», os interpretes, sendo sempre só conhe-
cedores da sua profissão, ficam sendo, apenas,
maus actores. Isto, dil-o, não só eu, mas também
a respeitabilissima mestra Lucinda Simões. Leiam
commigo o que ella, entre outras coisas, diz no seu
trabalho lilterario : Modos de ver!.., * acerca do
theatro
:
— Diz se que o actor deve parecer que sente
sem sentir, substituindo o sentimento pela Arte.
Assim será como theoria. Mas na pratica os artis-
tas que se alheiam das suas personagens, ex-
pnodo-as apenas em plena calma dos seus nervos,
ficam sendo só actores regulares. E os que se en-
tregam à sua personagem, sentindo o seu sentir,
rindo com vontade de rir, violentos nas suas vio-
lências, chorando lagrimas verdadeiras, absorven-
do-se, emfim, por completo na personagem apre-
sentada... e guardando ainda assim o sentimento
da observação de si mesmos, sâo os celebres. De-
viam pois ser preparados os discípulos, recorren-
do-se á musica, á dança, á gymnastica, á esgrima, •
i
Publicado na Revista iitteraria d'0 Sectdo em 1904.
* Aconselha o mesmo, notando a utilidade do desenho
e citando obras por onde se poderá adquirir conhecimentos,
como As paixões de Lebrun e 0$ princípios de desenho
de Veloso.
(Manuel Macedo — Arte dramática, pag. 26.)
2
ifi
e sobre tudo, não os obrigar a repetir papeis, que
sâo ensinados p^r modelos pasmdns e que nunca po-
dem servir aos que vêem de futuro. Qual é o ideal
da Arte? — A Verdade! E', foi, e será sempre o
objectivo do artista, e modernos são os que inven-
tam, os que r^^formam, os independentes, os que
salientam. Que sejam, pois, os novos educados com
carinho, dando-se lhes luz ao espirito, mas não os
sujeitando d velha tradição^ fantasma conveucíonal
que nunca deve ser chamado, por ser inútil, como
tudo que deixou de existir. Estudem, pois, segundo
a maneira de ver progressiva. A grande Clairon,
pelas suas revoltas, chegou a ser presa, e tão vi-
ctoriosa saiu d'essas revoltas, que a elia se deve
o representarmos com trajos e adereços apro-
priados às épocas, pois que até então vestiam os
«pepíuns sobre paniers.» Adrienne Lécouvreur
ganhou a sua celebridade e grandeza pela fôrma
nova, original e verdadeira que dava aos papeis do
velho repertório. Talma * impunha na sua forma
de representar uma tal elegância e verdade, que
* Talma foi o principal auetor da revolução no vestuário
scenico, já começada |>or Lekain e Clairon. Não foi sem
resistência que o alcançou. Na tragedia firi^íMS, de Voltaire,
mandcu cortar os próprios cabeilos, segundo um modelo de
um busto de Tilus. Os espectadores acolheran.^ a sua en-
trada era sceiíá com um louco enthusiasmo, e oito dias
àepois, os galantes penteavam á Titus.
19
era chamado por Napoleão, para que lhe ensinasse
a preguear e manejar o seu manío imperial. E' pro-
vável, é quasi certo, que muitos camaradas dis>3or-
dem d'esta opinião, mas foi para nós, artistas dra
maticos, que se inventou o annexim —cada cabeça
sua sentença f
»
Leram? Pois é de Lucinda Simões.
N'estas circumstancias é caso para deixarmos a
chaga evoluir o seu curso? Não. Nunca. Tanto
mais que o theatro ainda nos apresenta uma facie
mais degradante do que as expostas. Refiro-me ás
mulheres. Aparte dignúsimas excepções, pretendem
d'elle uma espécie de moustruario onde exhibem
a sua plasticidade de prostitutas estéticas, ao ca-
pricho requintadamente debochado do freguez.
Numa scena bem picante, perna nua, de bella car-
nação e que estimule o apparelho genital, faz se
algumas vezes a celebridade d'uma devassa, que
encontrou ali com uma mimica sabida, uns olhares
guisados e uma cosedura de risos, um turbilhão
de applausos arrebatadores, soltados por uns imbe-
cis de cérebros ocos. Não. Nunca.
Tomem conhecimento da Arte e da Moral, te-
nham, como d'z Lucinda Simões, luz no espirito,
lembrando-se sempre que o objectivo do theatro é
a suprema revelação da superioridade humana que
deve apurar os cérebros, pondo um facho de luz
em cada intelligencia.
20
Diz Fernandes Costa, que existe hoje na capital
litteraria do mundo, uma forte corrente ibseniana,
que ameaça abrir e desmoronar muito em breve
todo o theatro de enredo e de movimento, toda a
arte engenhosa e pueril dos Scribe e dos Sardou. *
Assim parece. E creio bem que de futuro o thea-
tro útil será unicamente o que reinará, conquis-
tando, ainda que de vagar, todos os templos da
Arte, desalojando d'elles os fazedores de fancarias,
para collocar os que possuem incontestavelmente
a nilida comprehensâò do seu papel.
Porém esta tendência nota-se menos em Portu-
gal, devido talvez ao theatro ter sido assalta^^o por
uma quaniidade enorme de escriptores e artistas
de salão, muito indifferentes á utilidade da arte,
como principio educativo, e que olham soberba-
mente aos que pensam na plantação d^outro thea-
tro.
Bem longe de ser indifferente á arte, o thea-
tro moderno é, incontestavelmente, o mais artis-
tico de todos os theatros, garantindo-nos um ar-
chívo de lições nobres, luminosas, dignas de ser
concebidas pelo cérebro humano. Será elle a de-
sejada Alleluia da arte dramática, e ai dnquelles
que vêem pelo futuro, se não se dedicarem á nova
1 A Leitura — publicação da Livraria Berlrand. Tomo
2.«, vol. n.M.
21
fórma de representar, que está rasgando, nervosa
e palpitante, a ousada fórma mentirosa e pueril,
que já n'outroò paizes vae agonisando.
Na Hespanha, representa-se já bastante theatro-
novo, e na futura época teremos no Hespanhol
:
Amémonos e El Camino dei Amor — peças de
Frederico Urales.
Na França, onde mais rápida e definitivamente
se desenvolveu o progresso dramático, onde Ba-
ron teve a verdadeira revelação do futuro realis-
mo, e o grande trágico Lekain — talvez um pouco
incorrecto — soube encaminhar a declamação e a
interpretação dos papeis para a imitação mais fiel
da Natureza, transformando quanto poude os ri-
dículos trajos dos personagens ; e que teve ainda
Préville, verdadeiro revolucionário da comedia, e
o grande Talma, que despedaçou os moldes con-
vencionaes, dedicando-se á interpretação estudada
dos caracléres das personagens, na França, dizia
eu, temos o theatro Antoine, que, apesar de nem
sempre ser artisticamente social, tem feito um
prodigioso bem ao theatro moderno, á Arte e á
Verdade, oíTerecendo á França, uma vigorosa plêia-
de de artistas, onde se destaca a Grande Susanne
Després, e provocou o nascimento de fortes espiri-
tos, como Brieux, Hervieu, Mirbeau, Malato, Pré-
vost, Boniface e Bodin, e ainda na presente época-
aléra do theatro Antoine, outros representaram pe-
n
ças educativas, coimo, por exemplo, a lienaissance,
VOeniie, Odeon e Porte de Saint Martin. K posto
que o illustre sr. Fialho d'Almeida aílirme, - triste
aííjrmpçâo— que tudo alli está vincado pela me-
diocridade da democracia e da republica, não tendo
um escríptor que seja ao mesmo tempo pensa-
dor *, o intrépido Antoine nâo foi condemnado ao
desespero da desistência, o que sobejamente pro-
vado está lhe aconteceria, se tentasse alguma coisa
iilil em Portugal, e encontrou sempre escriptores
que fossem ao mesmo tempo pensadores, e que o
ajudassem a condemnar processos desconch«va-
dos.
Na Inglaterra, onde Garrik e Siddons reforma-
ram a arte grego-romana; ond^; o celebre Carlos
Kean, artista eminente e homem de vasta erudic-
ção artística e litteraria ', attingiu a perfeição no
desempenho de Shakspeare, e onde lambem
Edmundo Kean, que no dizer dos francezes reu
nia em si Talma, Lemaitre, Macready e Webster ^
espantou o publico, por ter atlingido pela obser-
vação da verdade os effeitps physicos da dôr e
da alegria, já existe uma lucidez artística, perso-
nalisada em Francis Baumont, John Fletcher y
1 O Dia, jornal de 27 de novembro de 1902, e conferen-
cia Theatro Livre, de E. da Silva.
* Arte Dramática, Manuel de Macedo, pag. 13.
n
Johnson, qne, com alguns artistas modernos, vêem
também a vencer as difficuldades e obstáculos na
transformação do theatro actual.
xNa Allemanha, onde Iffland, Echhoff e Schroed-
der, imprimiram á arte dramática alguns elemen-
tos de progresso, trata -se de levar á realisação a
nova forma e já o Deutscher Theater representa
theatro tendente á perfeição máxima do homem,
representando n'esta época peças de Hermann
Bach, e entre ellas O Mapstro. obra intencionada
e de forte seiva.
Na Itália e nos paizes siavos, onde Henrique
Ibsen, Máximo Gorki, Piélro Gori, Gerardo Hau-
ptmann, Bjoernstjerne, Bjoernson e tantos outros,
reconhecendo a importância inadiável áh redimir
pela arte e vencer pela educação, vêem lutando,
levantando o espirito da humanidade, apresentando
modernas obras que formam indiscutivelmente ca-
racteres e afinam senlimeotos.
Na America, onde a arte dramática teve em
Chushman, trágica de fama, bem como no come*
diante Sothern, o primeiro sopro de evolução,
temos actualmente tablados scenicos onde sé inten-
ta levantar a cerebração do publico ao nivel das
mais nobres idéas, e assim esta época ali se
representou peças como, Meti filho, O Doutor, de-
vidas á pena de um litterato de muito valor, Flo-
rêncio Sanchez.
24
Portugal porém que teve em Taborda e Moniz,
dois talentos originaes, o primeiro, o verdadeiro
mestre do realismo na scena portugueza *;
E ainda Isidoro, Santos, Epifânio, Tasso, Ta-
lassi, Emilia das Neves, Eslher de Carvalho e tam"
bem Romão Martins *;
E ainda o consciencioso Ribeiro e o grande An-
tónio Pedro, que no dizer d'um nosso illustre lit-
terato, a sua cabeça devia pertencer à sciencia, tão
extraordinário era o seu cérebro que comprehen-
dia sempre mais do que lhe ensinavam ; Portugal,
que possue artistas como João Rosa, Augusto Mel-
lo, Joaquim d'Almeida, Augusto Rosa, Brazão, Ta-
veira, Ricardo, Virginia, Lucinda e Lucília Simões,
Angela Pinto e Palmyra Bastos, só encontrou, ver-
dade seja dita, no Ex.""" Sr. Visconde de S. Luiz
de Braga o empreendimento na representação d'es-
se theatro, pois que foi elle quem nos fez deli-
ciar com As fogueiras de S. Joõo, Casa de Boneca^
Inquérito, Blanchette^ Cabeça de estopa, Resurrei-
ção, e nos trouxe Zaconi, Duse e o Antoine; isto
apesar --segundo diz Alfredo Oscar May ser a ma-
nia de emprezario a mais intensa que se conhe-
* Attestado no Amor Londrino, em que tudo era verdade,
desde a cabelleira até ao bico das botas. Manuel Macedo
—
Arte Dramática, pag. 43.
' Ensaiador que foi do Gymnasio Dramático.
2o
ce ^ Se se representou O inimigo do povo, de
Ibsen, e Os Vencidos, de Ernesto da Silva ^, foi de-
vido a muitos exforços e sacrifícios á^algiiem, e
em recitas de artistas.
Temos que acrescentar a este reconhecimento
os espectáculos da Sociedade Ttieatro Livre ^, obra
iniciada por um punhado de rapazes desejosos de
Theatro Livre e Arte Social, e a que já me referi
n'outro trabalho *. Concluiu se d'estas represen-
tações que existe realmente no publico a vontade
de se libertar do embotamento a que parece con-
demnado, e que dispomos de interpretes capazes
de dar florescimento ao progresso intellectual do
povo, ao inicial rejuvenescimento do theatro portu-
guez. E de facto, temos artistas conscienciosos, pu-
ramente modernos, innovadores, como Ferreira da
Silva, António Pinheiro, Ignacio Peixoto, Luciano
de Castro, Chrisliano de Sousa, Araújo Pereira,
Lucinda Simões, Lucilia Simões e muitos outros
que me nâo occorrem, mas que, a quererem, farão
i
Theatros, vol. de 1891, artigo de A. Oscar May.
2 Representadas respectivamente em recitas dos artistas
Adelaide Coutinlio e Luciano de Castro, nos theairos do
Gymnasio e Príncipe Real.
' Realisados no Theatro do Príncipe Real de Lisboa
Empreza Alves da Silva.
< Pablícado no Despertar, jornal do Porto, dia 1 de março
de 1903.
uma reacção intelligentemente orientada e perseve-
rautemente proseguida, insuflando ao theatro por-
tugaez intenções nobres, e vindo a refutar o que
diz o respeitabilissimo Max Nordau *.
.. .«Os homens nascem para caminhar no meio
da multidão. Nos mais graves, como nos mais in-
significantes assumptos, obedecem á opinião publi-
ca; desde a côr da gravata até à escolha do mo-
delo tudo é realisado em attenção aos companhei-
ros de quem não desviam por um só instante o
olhar anciosol. . .»
E a provar a veracidade do que affirma Ernesto
da Silva «:
«Ao progresso e ás civilisaçôes das sociedades
é sempre mais útil a livre iniciativa individual que
a intervenção do Estado.»
Estou plenamente d'accordo com isto. Pedir ao
Estado que aniquile um mal é tão absurdo como
pedir a um doido que tenha juizo. Por consequên-
cia a iniciativa tem de ser aossa, e como prova
Marguery:
* As Mcnliras convencionaes — Max Nordau.
2 Theatro Livre e Arte Social — Ernesto da Silva.
27
aE' para o povo que a arte, em todos os tem-
pos, lem edificado as suas mais grandiosas crnce-
pçôes *, o que quer dizer: a alma da arte é pro-
prialmente a Arfe Social.» E como justificadamente
disse o litterato: «A ignorância dos povos tem sido
sempre guiada pela ignorância dos artistas.»
^
Talma condemuou, durante toda a sua vida ar-
tistica, a declamação cantada e berrada, apople-
tica, abuso este de que foram victimas alguns
actores, jà contraindo enfermidades graves, já mor-
rendo de congestões em scena, como succedeu ao
actor Monfleury.
'
Alguém attribuiu também a uma enfermidade
adquirida por esta forma, o facto do actor J.
Booth, irmão do illustre artista Edmim Booth, ter
assassinado o presidente Lincoln. * O aCtOr La-
santa foi morto em scena por seu próprio irmão,
que lhe disparou ura tiro á cabeça. O celebre tra-
* A Obra de Arte e a Evolução — E . Marguery
2 Amor e Liberdade, revista quinzenal, Liiboa, n." 1.
5 Arte Dramática^ Manuel Macedo, pag 10.
* Arte Dramática— Manuel Macedo, pag iõ.
28
gico Macready, representando Macbeth, feriu grave-
mente um collega. De Garrik, conta se que repre-
sentando o Othelo, se lançou tão brutalmente sobre a
Desdemona na scena da estrangulaçâo, que a actriz
encarregada d'esse papel pediu soccorro. Na Sué-
cia, repnesentando-se ante o rei D. João II uma
peça intitulada 0>' Myslerios da Paixão, o actor
que interpretava Jesus Ghristo acabava de ser posto
na cruz, e o actor que desempenhava Longinos
devia feril-o nas costas. Aconteceu que este ultimo?
accommettendo o outro com grande Ímpeto, atra-
vessou o de lado a lado com a lança. Jesus Ghristo
soltou-se da cruz e o seu cadáver cahiu sobre a
actriz que representava a Virgem Maria. O rei
D. João II saltou á scena, agarrou Longinos pelos
cabellos e cortou lhe a cabeça.
O publico que admirava, lançou-se por sua vez
sobre o rei, e despedaçou-o. * Todas estas trage-
dias teem achado explicação na nervosidade adqui-
rida na apopletica forma falsa e um tanto ou quanto
inconsciente.
Alguém dirá: — Isso é o fogo sagrado. E' a
força de convicção que o artista põe no desempe-
nho do seu papel artii^tico. E' o calor, que tantos
aplausos arrebata. —Greio que não é. Opto um
pouco pela inconsciência. Desde que haja conscien-
Tragedias em Theatro — Victor Fournel
.
29
cia do que se vae commetter, desde que em
nosí-o cérebro penetrou o verdadeiro ideal artís-
tico, jamais poderemos, a não ser a fatalidade, o
que é quasi impossivel onde haja cuidado, ou a
vingança, jamais poderemos, dizia, attentar contra
o que nos serve de base.
Amar, rir, soíTrer, chorar, mas tudo isto sahido
de uma fórmula de Arte, replecta de intuitos hu-
manos, * eis o que eu comprehendo como consciên-
cia artistica. Procedendo o artista com a máxima
consciência, não substituindo a energia pela vio-
lência, nem cahindo em exaggeros de verdade ma-
terial, sob preslexlo de eíTeito, lendo uma convic-
ção nitida da Arte, evitará os sinistros a que venho
referindo. ^ E se conduzir a Arte para dentro da
sociologia, fará a boa figura da pessoa que tudo
pensa de verdade, tudo sente de justiça e tudo
faz de util.
^
* Theatro Livre e Arte Social — Ernesio da Silva.
2 Estarei enganado n'este ponto? Talvez. Mas n'esse
caso outros se enganam. «Nota do aucíor.*
3 Amor e Uberdade, Revista quinzenal — Lisboa — Nu-
mero-programma.
30
Longe de nós pois, o (healro prejudicial. Bem
longe a Jilteratura leprosa que evidencia uno syníi-
ptoma de decadência intellectual e moral. Compre-
hendamos com H. Salgado:— A arte moderna nâo
pôde ficar-se no culto da forma, deve ser vincula-
do idéas sãs, e fomentadoras de sentimentos no-
bres. Convençamo-nos do que aííirma o respeita-
bilissimo Max Nordau.
«O theatro tornar-seha como nos seus começos,
ha dois mil e quinhentos annos, um logar de culio
para os homens ; nâo mais n'elle se verão reinar
a obscenidade, as canções triviaes, o riso besta, a
semi-nudez lasciva, mas ver-se hão, palpitantes em
bellas personificações, as paixões e a vontade, o
egoísmo e o renunciamento, todas as personagens
tendo por base a existência solidaria da humani-
dade. *«
Assim, feita a analyse do que deve ser o theatro,
quer como meio de educação, quer como meio de
enobrecimento moral, desde já applauso e louvor
áquelles que se propozerem, pelo estudo e pela
verdadeira Arte, combater com vontade o theatro
escoadouro, esterqueira, fortalecendo o espirito,
germinando sobre o mar rutilante dos cérebros.
1 Tian ripto do Theatro Livre e Arle Soc/a/ — Ernesto
da Silva.
31
Educar depurando sentimentos pela influencia
da Arte. —E' este o motivo do artista.
cA vontade, é a reacção motriz,» affirma philoso-
phicamente o nosso erudito Teophilo Braga.
Havendo vontade o pensamento liberla-se das
cadeias a que esteja criminosamente sugeito. Vi-
sando agora a critica, como consequência, aílirmar-
Ihe-hei que é tempo de pôr a descoberto, submet-
tendo a uma barrella severa, o theatro actual.
Não mais o habito, a indiíTerença.
Empregar bem a intelligencia, a energia, aca-
bando de vez com a depravação pelo palco, e dan-
do um forte impulso ás iniciativas que surjam.
Porque hade continuar semelhante privillegio,
quando precisamente as multidões mais necessitam
de se elevarem, de se purificarem? Porque o es-
tômago d'alguns assim o reclama ? Mas a Arte não
pôde estar sugeita a egoísmos de ninguém, e a
maioria já se revolta contra o rebaixamento e a
decadência do Theatro Nacional. Existe um punhado
de individaos que se envergonham da existência
de tantos litteratos, notando que poucos empregam
3á
esforços para o levantamento do theatro portuguez
e muitosr quasi todos, applaudem as velhas ful-
gurações e a arte manca.
Abandonem a maldito medo que vem sempre
oppor-se á razão. Expulsem-n'o e esqueçam a bar-
riga. Ou então deixem-se de criticar, que já assim
não trazem ninguém illudido.
Critica, faz-se da seguinte forma
:
E' útil ? N'esse caso é bom. Applaude-se, per-
petua-se. —E' nocivo? Então é péssimo. Gondem-
na-se, extingue-se. As opiniões podem mudar. O
conhecimento do que é útil ou nocivo, não; por-
que o fundo fica sempre. Que valha de alguma
cousa o que disse Guyau
:
«Se forte, sê grande em todas as tuas affirma-
ções; sê o mais rico possivel em energia. Guiado
sempre por uma intelligencia ricamente desenvol-
vida, luta, expõe-te ; a audácia tem os seus gosos,
Lança as luas forças sem as medir, emquanto as
tiveres, em tudo o que sentires bello e grande, e
terás gosado a maior somma de felicidade.»
A critica não deve illudir, enganar, fraudar.
A proceder assim será considerada pequena, mes-
quinha, e como tal tratada. Mas se, ao contrario,
vendo uma mentira na sciencia, e uma inutilidade
na Arte, se revoltar energicamente, será tão digna
33
quanto maior fôr a luta. Venha a verdade. tA
verdade não pôde ser nociva» — disse Helvetius»
e lodo o mundo o comprehende. Que importa as
consequências ?E' necessário derrubar, derrube se.
Angelina Vidal, n'um bello grito, aflfirmou: *
«E' triste cobardia a indignação calar.» — Por-
tanto, venba a verdade, venha a indignação. Olhar
o theatro, não desde o ponto de vista convencional,
mas desde o que é preciso estabelecer, de forma
que o povo sinta e inspire a Arte, e que esta seja
sensivel, porque de contrario não pode ser Arte.
Que tenhamos cerebração para comprehendermos
estas verdades amargas de Joaquim Leitão.
'
«A litleratura portugueza não se interessa por
coisa alguma que directa ou indirectamente se re-
fira á vida, pelo simples motivo de que não ensina
ninguém a lutar ou a soffrer, não ajuda a educar
um filho, não intercede a evitar um erro d'onde
amanhã jorrem infortúnios, não consola narrando
casos gémeos da nossa amargura, não parece com-
prehender as nossas aíílicções. A desculpa de que
não se fazem obras de intuitos, por terem falhado
as tentativas em Portugal, não colhe, porque o mais
superficial exame indica que a obra de these
triumpha em Portugal, como tem triumphado em
1 /caro—Angelina Vidal.
í O Século —Revista litteraria. Dia 1 de agosto de 1904.
3i
toda a parte, desde que o escriplor abandone os ares
mofados de pedagogo e aprenda a niauipular a
sua bomba, envolvendo-a numa acção subjugadora-
mente dramática e humana, com aliciencias de
estylo e seducçôes pérfidas de rythmo. Por isso
mesmo, quando um escriptor annuncia uma obra
que tem alguma cousa de commum com a vida de
toda a gente, um grande redemoinho de assombro
se faz em seu torno. . .»
Devemos pois fazer todos alguma coisa contra o
theatro existente e ajudarmos as iniciativas dos ou-
tros. O caminho é direito para podermos andal-o
o mais depressa possivel. Lutemos muito Quanto
mais lutarmos, mais valentes seremos contra os
inimigos do theatro moderno. Muito ha que escre-
ver a respeito da sua transformação, muito ha que
combater para romper todas as fronteiras que dif
ficultam a avançada. A evolução nos ajudará, por-
que a evolução continua sempre ; e o que é ur
gentemente necessário, é ir desilludindo os que
estejam illudidos, mas sem odiar ninguém ; só a
Mentira. E foi até do horror á Mentira, que nasceu
este alinhavado de phrases, sem intenção de ferir
ninguém, e sem fanatismo por entidades, mas
tendo em vista explanar quanto possivel a nossa
forma de pensar, certos de que todos que sintam
pulsar um coração, devem, sem ódios nem resenti-
mentos, comprehender que se falíamos foi por
35
muito amor á sublime Arte, por a sentirmos atra-
vez da vida, e não atravez das conveniências, e
ainda por querermos contribuir com a nossa pou-
quissima actividade intelleclual, para o floresci-
mento preciso do theatro portuguez, que deve as-
signalar, com razão, a norma justa das relações
humanas.
E para aquell^s que por ventura nos pretendam
aggredir por tão nobres intenções, pedimos tenham
em desconto a aííirmativa da queridissima artista
Lucinda Simões.
«Foi para nós, artistas dramáticos, que se inven-
tou o anexim
:
«Cada cabeça, sua sentença!»
FIM
wLIVRARIA EDltORA '.
VIUVA TAVARES CARDOSO ?
5, Largo de Camões, 6 — LISBOA
François Coppée
O Pater, traducção de Margarida de Sequeira
Henrique de Mendonça
O sonho d'um príncipe, tragedia em i acto,. .
.
D. João da Camar^
Theatro em verso: Auto do menino Jesus --Os
dois barcos — O poeta e a saudade. . . . . .
s^.
João Gouveia
Engano dilma^ peça em i acto 2<
•>
Júlio Dantas / j
A ceia dos cardeaes^ 7.' edição .... 2Ç
/) Beltrão de Figueirôa ^1 ... zt
Paço de Veiros. 3c
Um serão nas Laranjeiras . ji
O que morreu d'amor. 40(
A Severa no prél
Manoel Penteado
LeiSan^ phantasia dramática em i acto ......
PN Figueiredo, Romualdo
2793 Alguma coisa sobre o thea-
F5 portuguez
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1904 alguma coisa sobre o teatro portugues de romualdo figueiredo

  • 1.
  • 2.
  • 3. W KlKUMUALDO FIGUEIREDO ALGUMA COISA SOBKK o EAiRO mmwí &T' LISBOA .ivRARiA Editora Viuva Tavares Cardoso 5 — Largo de Camões — 6
  • 4.
  • 5. Alguma eoisâ sobre o Theâtro PoFtugQez
  • 6.
  • 7. ROMUALDO FIGUEIREDO ALGUMA COISA SOBRE O IHEAÍRO PORÍUGUEZ LISBOA .lYRARiA Editora Viuva Tavares Cardoso 5 — Largro de Camões — 6
  • 9. A GRANDE ACTRIZ liUeji^PA SIMÕES COMO HOMENAGEM S DEVOÇÃO AO SEU LUMINOSO TALENTO DE ESCLARE- CIDA ARTISTA. Dedica o auctor. Lisboa — Agosto de 1904.
  • 10.
  • 11. A Mentira, eis ahi o que aborreço, o que me faz o mais desconfiado dos homens e ainda o mais desgraçado. Alfredo de Musset.
  • 12.
  • 13. Quem menos sabe, se diz sempre o que sente e o que cré verdade, dirá mais coisas e coisas mais novas, que os sábios que antes de abrirem a bocca, pensam nas conveniências sociaes. Frederico L- rales. Hevista Branca, n.° UO.
  • 14.
  • 15. Eu creio de utilidade dizer-se alguma coisa so- bre o aspecto geral do theatro contemporâneo, que na feição psichica da vida portugueza, apresenta fácies de decadência moral e iutellectual, tendendo de prompto a esboroar se. De facto, n'uma socie- dade algo isenta de orientação intellectiva, per- cebe-se a impossibilidade d'uma comprehensão nitida do que seja o theatro como principio de educação social, e a facilidade de preferir-se, a uma litteralura que inicie a remodelação do theatro degradante, outra que fumega podridão e vicio. Assim, n'esta symbiose de vileza moral, temos ainda a cachética critica, sabidamente criminosa, sem uma comprehensão humana, larga, simples-
  • 16. 12 mente com o desejo legitimo de espojar-se no pros- tíbulo onde esbarram preguiçosamente os nullos e os úteis. Temos de prova que o ttieatro, hoje, é uma espécie de creche onde se acoitam impune- mente innumeros pedantes de comprovadíssima in- ferioridade mental, que nada percebendo do fim útil a que elle se destina, amoldam-n'o a seu ca- racter, contagiam-n'o, desprestigiando aquelles que tentam dar-lbe rejuvenescimento por uma forma natural, artística, verdadeira, a dentro d'uma lit- teratura filha de sâ mentalidade, cheia de vida germinadora, de verdade analytíca, fecunda como a luz do sol, e que vá explodir nos cérebros mer- gulhados na mais cerrada escuridão. O theatro é de bnnefica influencia na formação de sentimentos sublimes, e apura o homem, elevando-o á mais com- pleta perfeição. E' elle a revelação da superioridade humana, encanta, enternece, obriga-nos a analysar o que nos rodeia, a comprehendermos as maravi- lhas da Natureza. E a uma nação que não tenha um theatro sadio, vital, é lhe preferível, creio, não possuir nenhum, porque aos olhos dos que vêem, a arte dramática é unicamente educativa, salutar, e nunca, como geralmente se observa em Portugal, degenerada, prejudicial, tendendo para a imper- feição humana. E é tão verdadeiro isto, que a Eu- ropa cívilisada tem um febre ávida pelo theatro dos grandes conflictos da vida. Paizes ha, em que
  • 17. 13 se põe já de parte o theatro langoroso, para se exhibir aquelle que possue um são raciocinio, e, como se sabe, Zacooi, Novelli, Duse e Vitaliani, preferem o theatro oade expludem os sentimentos humanos, fazendo nos assistir a obras de Ibsen *, Aristófanes, Shaclíspeare, Strideberg, Zola, Bjorn- son, Suudermann, Hauptmann, Mirbeau, e muitos outros dramaturgos da mais saudável mentalidade. O grande Antoine, o verdadeiro artista moderno, prova nos suCQcientemente que o publico também se acostuma ao novo theatro, e que as suas peças — ao contrario do que dizem alguns actores —dão dinheiro, o ponto é sabel-as interpretar, sentir, viver. E nós temos artistas mais ou menos edu- cados para isso. Prova-nos o desempenho da Casa de Boneca^ Inimigo do Povo e Pato Bvavo^ de Ibsen; da Honra, de Sundermann ; das Fogueiras de S. João, de Hauptmann ; da Blanchette, de Her- vieu ; do Inquérito, de Brieux; da Moral d^elles^ do Em Ruinas e do A'manhã. Por consequência at- tinge o extremo da criminalidade a existência de * O theatro ibseiiiano, grandemente philosophico, reclama para seu entendimento alta contensão de espirito, impor- tando um singular esforço de cerebração ; de prever é que não encontre fácil albergue na rasão e na emotividade de uma raça essencialmente amante da linha e da côr. (Ernesto da Silva — Conferencia T^^aíf o Líur^.)
  • 18. 14 semelhante theatro, abertamente exposto a vários imbecis que vêem n'elle o ultimo refugio. Escrever, não para dizer coisas, nem para fa- zer dinheiro, ou ganhar a popularidade. Escrever para abrir uma phase que repilla por completo as quinquilharias que nos tem pervertido os senti- mentos. Cheguem-se á comprehensâo de que ar- ranjar peças perniciosas, derramadoras de idéas pornográficas, é-nos logicamente perigoso, porque cria caracteres desligados por completo de tudo que seja humanitário. Discutam á luz da rampa, n'uma analyse serena, a educação, a felicidade, o ennobrecimento moral. Não pervertam pelo theatro — que é uma escola — os poucos indivíduos ca- pazes de conceber idéas generosas. Enalteçam a Verdade, estrangulem a Mentira. Não proclamem a ignorância, a prostituição, o crime. Redimam. A continuar assim, convencem-nos que desconhe- cem aquella phrase de Tolstoi : ~ Para conseguir- mos uma definição exacta da Arte, é necessário, acima de tudo, não a considerarmos um meio de prazer, mas sim uma das condições da Vida — Emprehendam obra salutar e verão os resultados educativos e favoráveis, e d'esse emprehendimento
  • 19. 15 ha-de nascer a maxiroa amplitude da perfeição psichica da humanidade. Diz algures Bento Faria, que o theatro é sem duvida a mais delicada das manifestações do espi- rito humano, e a mais forte alavanca da civilisa- çâo. * De facto, assim é. O theatro arrasta-nos ás mais alevautadas abnegações, conquistando-nos o cérebro e o espirito, sendo conduzido para dentro da verdade, porque, de contrario, prova que nada vale como educativo, vigoroso e ulil. Theatro que pretenda cravar no cérebro das platéas, malignas idéas, é theatro injustificado e criminoso. Ser útil, é a primeira e única qualidade que elle nos offe- rece,, e creio ser bastante para a sua estabilidade garantida. Mas a dolorosa verdade é esta. — Entre tantos escriptores dramáticos, poucos nos oíTerecem thea- tro que redima, que castigue as iniquidades mo- raes e sociaes. Optam pelas picantes saladas litte- *. . . Arrasta as multidões n'um bloco ás mais alevauta- das das abnegações; domina, arrebata, vence, conquista, n'uma palavra, dá vida. Sem a arte a existência seria mo- nótona, sombria, tristonha; e a sua luz, que é a d'um sol, illumina e aquece as almas, dá alegria aos corações, dá vigor aos cérebros, torna-nos humanos, emfim. Indubita- velmente, a arte é o mais poderoso factor da civilisação. ( Bento Faria. — Amor e Liberdade, n.*» 4.)
  • 20. 10 rarias e pelas quinquilherias que enribrulecem. E a senhora Dona Critica observa, philosópha e con- sente, o que nâo épara estranhar, allendendo a que não pôde reagir quem tem o cérebro no estômago. * Em relação a interpretes, a situação diverge um pouco. Simplesmente um pouco. Confessaremos que a dentro do theatro portuguez existem artis- tas com grandes condições, fazendo viver as per- sonagens que representam e considerando- se, nâo um actor, mas o indivíduo imaginado pelo auctor. Assim, temos artistas que soíírem e gosam con- forme deveria gosar e soíTrer a personagem que representam, faltando lhes, talvez, a alguns, conhe- cimentos sociológicos. E na pratica está sobeja- mente provado que os artistas não podem prescindir d'estes conhecimentos, porque fugirão á verdade, e ainda que se diga que na scena a o falso é ver- * Não ha que admirar-se o silencio, que ás vezes parece sibilino e prophetico, da critica portugueza, acerca das obras que de ordinário representam estudo, paciência, observação ou vigílias suarentas e tresnoitadas. . . iNão tem razão o pasmo I Tanto o silencio d'e?sa ventruda e delambida da- ma como o seu mazombo desdém, procedem somente do seu péssimo sestro de ter sempre gostado de coisas gor- das, e de certos piteos afrodisíacos, muito adubados com pimentos á hespanhola. Nada mais. E não achinelar-ncs com tal bandalheira. (Gomes Leal. — Século Litterario, n." 100.)
  • 21. 17 dadeiro», os interpretes, sendo sempre só conhe- cedores da sua profissão, ficam sendo, apenas, maus actores. Isto, dil-o, não só eu, mas também a respeitabilissima mestra Lucinda Simões. Leiam commigo o que ella, entre outras coisas, diz no seu trabalho lilterario : Modos de ver!.., * acerca do theatro : — Diz se que o actor deve parecer que sente sem sentir, substituindo o sentimento pela Arte. Assim será como theoria. Mas na pratica os artis- tas que se alheiam das suas personagens, ex- pnodo-as apenas em plena calma dos seus nervos, ficam sendo só actores regulares. E os que se en- tregam à sua personagem, sentindo o seu sentir, rindo com vontade de rir, violentos nas suas vio- lências, chorando lagrimas verdadeiras, absorven- do-se, emfim, por completo na personagem apre- sentada... e guardando ainda assim o sentimento da observação de si mesmos, sâo os celebres. De- viam pois ser preparados os discípulos, recorren- do-se á musica, á dança, á gymnastica, á esgrima, • i Publicado na Revista iitteraria d'0 Sectdo em 1904. * Aconselha o mesmo, notando a utilidade do desenho e citando obras por onde se poderá adquirir conhecimentos, como As paixões de Lebrun e 0$ princípios de desenho de Veloso. (Manuel Macedo — Arte dramática, pag. 26.) 2
  • 22. ifi e sobre tudo, não os obrigar a repetir papeis, que sâo ensinados p^r modelos pasmdns e que nunca po- dem servir aos que vêem de futuro. Qual é o ideal da Arte? — A Verdade! E', foi, e será sempre o objectivo do artista, e modernos são os que inven- tam, os que r^^formam, os independentes, os que salientam. Que sejam, pois, os novos educados com carinho, dando-se lhes luz ao espirito, mas não os sujeitando d velha tradição^ fantasma conveucíonal que nunca deve ser chamado, por ser inútil, como tudo que deixou de existir. Estudem, pois, segundo a maneira de ver progressiva. A grande Clairon, pelas suas revoltas, chegou a ser presa, e tão vi- ctoriosa saiu d'essas revoltas, que a elia se deve o representarmos com trajos e adereços apro- priados às épocas, pois que até então vestiam os «pepíuns sobre paniers.» Adrienne Lécouvreur ganhou a sua celebridade e grandeza pela fôrma nova, original e verdadeira que dava aos papeis do velho repertório. Talma * impunha na sua forma de representar uma tal elegância e verdade, que * Talma foi o principal auetor da revolução no vestuário scenico, já começada |>or Lekain e Clairon. Não foi sem resistência que o alcançou. Na tragedia firi^íMS, de Voltaire, mandcu cortar os próprios cabeilos, segundo um modelo de um busto de Tilus. Os espectadores acolheran.^ a sua en- trada era sceiíá com um louco enthusiasmo, e oito dias àepois, os galantes penteavam á Titus.
  • 23. 19 era chamado por Napoleão, para que lhe ensinasse a preguear e manejar o seu manío imperial. E' pro- vável, é quasi certo, que muitos camaradas dis>3or- dem d'esta opinião, mas foi para nós, artistas dra maticos, que se inventou o annexim —cada cabeça sua sentença f » Leram? Pois é de Lucinda Simões. N'estas circumstancias é caso para deixarmos a chaga evoluir o seu curso? Não. Nunca. Tanto mais que o theatro ainda nos apresenta uma facie mais degradante do que as expostas. Refiro-me ás mulheres. Aparte dignúsimas excepções, pretendem d'elle uma espécie de moustruario onde exhibem a sua plasticidade de prostitutas estéticas, ao ca- pricho requintadamente debochado do freguez. Numa scena bem picante, perna nua, de bella car- nação e que estimule o apparelho genital, faz se algumas vezes a celebridade d'uma devassa, que encontrou ali com uma mimica sabida, uns olhares guisados e uma cosedura de risos, um turbilhão de applausos arrebatadores, soltados por uns imbe- cis de cérebros ocos. Não. Nunca. Tomem conhecimento da Arte e da Moral, te- nham, como d'z Lucinda Simões, luz no espirito, lembrando-se sempre que o objectivo do theatro é a suprema revelação da superioridade humana que deve apurar os cérebros, pondo um facho de luz em cada intelligencia.
  • 24. 20 Diz Fernandes Costa, que existe hoje na capital litteraria do mundo, uma forte corrente ibseniana, que ameaça abrir e desmoronar muito em breve todo o theatro de enredo e de movimento, toda a arte engenhosa e pueril dos Scribe e dos Sardou. * Assim parece. E creio bem que de futuro o thea- tro útil será unicamente o que reinará, conquis- tando, ainda que de vagar, todos os templos da Arte, desalojando d'elles os fazedores de fancarias, para collocar os que possuem incontestavelmente a nilida comprehensâò do seu papel. Porém esta tendência nota-se menos em Portu- gal, devido talvez ao theatro ter sido assalta^^o por uma quaniidade enorme de escriptores e artistas de salão, muito indifferentes á utilidade da arte, como principio educativo, e que olham soberba- mente aos que pensam na plantação d^outro thea- tro. Bem longe de ser indifferente á arte, o thea- tro moderno é, incontestavelmente, o mais artis- tico de todos os theatros, garantindo-nos um ar- chívo de lições nobres, luminosas, dignas de ser concebidas pelo cérebro humano. Será elle a de- sejada Alleluia da arte dramática, e ai dnquelles que vêem pelo futuro, se não se dedicarem á nova 1 A Leitura — publicação da Livraria Berlrand. Tomo 2.«, vol. n.M.
  • 25. 21 fórma de representar, que está rasgando, nervosa e palpitante, a ousada fórma mentirosa e pueril, que já n'outroò paizes vae agonisando. Na Hespanha, representa-se já bastante theatro- novo, e na futura época teremos no Hespanhol : Amémonos e El Camino dei Amor — peças de Frederico Urales. Na França, onde mais rápida e definitivamente se desenvolveu o progresso dramático, onde Ba- ron teve a verdadeira revelação do futuro realis- mo, e o grande trágico Lekain — talvez um pouco incorrecto — soube encaminhar a declamação e a interpretação dos papeis para a imitação mais fiel da Natureza, transformando quanto poude os ri- dículos trajos dos personagens ; e que teve ainda Préville, verdadeiro revolucionário da comedia, e o grande Talma, que despedaçou os moldes con- vencionaes, dedicando-se á interpretação estudada dos caracléres das personagens, na França, dizia eu, temos o theatro Antoine, que, apesar de nem sempre ser artisticamente social, tem feito um prodigioso bem ao theatro moderno, á Arte e á Verdade, oíTerecendo á França, uma vigorosa plêia- de de artistas, onde se destaca a Grande Susanne Després, e provocou o nascimento de fortes espiri- tos, como Brieux, Hervieu, Mirbeau, Malato, Pré- vost, Boniface e Bodin, e ainda na presente época- aléra do theatro Antoine, outros representaram pe-
  • 26. n ças educativas, coimo, por exemplo, a lienaissance, VOeniie, Odeon e Porte de Saint Martin. K posto que o illustre sr. Fialho d'Almeida aílirme, - triste aííjrmpçâo— que tudo alli está vincado pela me- diocridade da democracia e da republica, não tendo um escríptor que seja ao mesmo tempo pensa- dor *, o intrépido Antoine nâo foi condemnado ao desespero da desistência, o que sobejamente pro- vado está lhe aconteceria, se tentasse alguma coisa iilil em Portugal, e encontrou sempre escriptores que fossem ao mesmo tempo pensadores, e que o ajudassem a condemnar processos desconch«va- dos. Na Inglaterra, onde Garrik e Siddons reforma- ram a arte grego-romana; ond^; o celebre Carlos Kean, artista eminente e homem de vasta erudic- ção artística e litteraria ', attingiu a perfeição no desempenho de Shakspeare, e onde lambem Edmundo Kean, que no dizer dos francezes reu nia em si Talma, Lemaitre, Macready e Webster ^ espantou o publico, por ter atlingido pela obser- vação da verdade os effeitps physicos da dôr e da alegria, já existe uma lucidez artística, perso- nalisada em Francis Baumont, John Fletcher y 1 O Dia, jornal de 27 de novembro de 1902, e conferen- cia Theatro Livre, de E. da Silva. * Arte Dramática, Manuel de Macedo, pag. 13.
  • 27. n Johnson, qne, com alguns artistas modernos, vêem também a vencer as difficuldades e obstáculos na transformação do theatro actual. xNa Allemanha, onde Iffland, Echhoff e Schroed- der, imprimiram á arte dramática alguns elemen- tos de progresso, trata -se de levar á realisação a nova forma e já o Deutscher Theater representa theatro tendente á perfeição máxima do homem, representando n'esta época peças de Hermann Bach, e entre ellas O Mapstro. obra intencionada e de forte seiva. Na Itália e nos paizes siavos, onde Henrique Ibsen, Máximo Gorki, Piélro Gori, Gerardo Hau- ptmann, Bjoernstjerne, Bjoernson e tantos outros, reconhecendo a importância inadiável áh redimir pela arte e vencer pela educação, vêem lutando, levantando o espirito da humanidade, apresentando modernas obras que formam indiscutivelmente ca- racteres e afinam senlimeotos. Na America, onde a arte dramática teve em Chushman, trágica de fama, bem como no come* diante Sothern, o primeiro sopro de evolução, temos actualmente tablados scenicos onde sé inten- ta levantar a cerebração do publico ao nivel das mais nobres idéas, e assim esta época ali se representou peças como, Meti filho, O Doutor, de- vidas á pena de um litterato de muito valor, Flo- rêncio Sanchez.
  • 28. 24 Portugal porém que teve em Taborda e Moniz, dois talentos originaes, o primeiro, o verdadeiro mestre do realismo na scena portugueza *; E ainda Isidoro, Santos, Epifânio, Tasso, Ta- lassi, Emilia das Neves, Eslher de Carvalho e tam" bem Romão Martins *; E ainda o consciencioso Ribeiro e o grande An- tónio Pedro, que no dizer d'um nosso illustre lit- terato, a sua cabeça devia pertencer à sciencia, tão extraordinário era o seu cérebro que comprehen- dia sempre mais do que lhe ensinavam ; Portugal, que possue artistas como João Rosa, Augusto Mel- lo, Joaquim d'Almeida, Augusto Rosa, Brazão, Ta- veira, Ricardo, Virginia, Lucinda e Lucília Simões, Angela Pinto e Palmyra Bastos, só encontrou, ver- dade seja dita, no Ex.""" Sr. Visconde de S. Luiz de Braga o empreendimento na representação d'es- se theatro, pois que foi elle quem nos fez deli- ciar com As fogueiras de S. Joõo, Casa de Boneca^ Inquérito, Blanchette^ Cabeça de estopa, Resurrei- ção, e nos trouxe Zaconi, Duse e o Antoine; isto apesar --segundo diz Alfredo Oscar May ser a ma- nia de emprezario a mais intensa que se conhe- * Attestado no Amor Londrino, em que tudo era verdade, desde a cabelleira até ao bico das botas. Manuel Macedo — Arte Dramática, pag. 43. ' Ensaiador que foi do Gymnasio Dramático.
  • 29. 2o ce ^ Se se representou O inimigo do povo, de Ibsen, e Os Vencidos, de Ernesto da Silva ^, foi de- vido a muitos exforços e sacrifícios á^algiiem, e em recitas de artistas. Temos que acrescentar a este reconhecimento os espectáculos da Sociedade Ttieatro Livre ^, obra iniciada por um punhado de rapazes desejosos de Theatro Livre e Arte Social, e a que já me referi n'outro trabalho *. Concluiu se d'estas represen- tações que existe realmente no publico a vontade de se libertar do embotamento a que parece con- demnado, e que dispomos de interpretes capazes de dar florescimento ao progresso intellectual do povo, ao inicial rejuvenescimento do theatro portu- guez. E de facto, temos artistas conscienciosos, pu- ramente modernos, innovadores, como Ferreira da Silva, António Pinheiro, Ignacio Peixoto, Luciano de Castro, Chrisliano de Sousa, Araújo Pereira, Lucinda Simões, Lucilia Simões e muitos outros que me nâo occorrem, mas que, a quererem, farão i Theatros, vol. de 1891, artigo de A. Oscar May. 2 Representadas respectivamente em recitas dos artistas Adelaide Coutinlio e Luciano de Castro, nos theairos do Gymnasio e Príncipe Real. ' Realisados no Theatro do Príncipe Real de Lisboa Empreza Alves da Silva. < Pablícado no Despertar, jornal do Porto, dia 1 de março de 1903.
  • 30. uma reacção intelligentemente orientada e perseve- rautemente proseguida, insuflando ao theatro por- tugaez intenções nobres, e vindo a refutar o que diz o respeitabilissimo Max Nordau *. .. .«Os homens nascem para caminhar no meio da multidão. Nos mais graves, como nos mais in- significantes assumptos, obedecem á opinião publi- ca; desde a côr da gravata até à escolha do mo- delo tudo é realisado em attenção aos companhei- ros de quem não desviam por um só instante o olhar anciosol. . .» E a provar a veracidade do que affirma Ernesto da Silva «: «Ao progresso e ás civilisaçôes das sociedades é sempre mais útil a livre iniciativa individual que a intervenção do Estado.» Estou plenamente d'accordo com isto. Pedir ao Estado que aniquile um mal é tão absurdo como pedir a um doido que tenha juizo. Por consequên- cia a iniciativa tem de ser aossa, e como prova Marguery: * As Mcnliras convencionaes — Max Nordau. 2 Theatro Livre e Arte Social — Ernesto da Silva.
  • 31. 27 aE' para o povo que a arte, em todos os tem- pos, lem edificado as suas mais grandiosas crnce- pçôes *, o que quer dizer: a alma da arte é pro- prialmente a Arfe Social.» E como justificadamente disse o litterato: «A ignorância dos povos tem sido sempre guiada pela ignorância dos artistas.» ^ Talma condemuou, durante toda a sua vida ar- tistica, a declamação cantada e berrada, apople- tica, abuso este de que foram victimas alguns actores, jà contraindo enfermidades graves, já mor- rendo de congestões em scena, como succedeu ao actor Monfleury. ' Alguém attribuiu também a uma enfermidade adquirida por esta forma, o facto do actor J. Booth, irmão do illustre artista Edmim Booth, ter assassinado o presidente Lincoln. * O aCtOr La- santa foi morto em scena por seu próprio irmão, que lhe disparou ura tiro á cabeça. O celebre tra- * A Obra de Arte e a Evolução — E . Marguery 2 Amor e Liberdade, revista quinzenal, Liiboa, n." 1. 5 Arte Dramática^ Manuel Macedo, pag 10. * Arte Dramática— Manuel Macedo, pag iõ.
  • 32. 28 gico Macready, representando Macbeth, feriu grave- mente um collega. De Garrik, conta se que repre- sentando o Othelo, se lançou tão brutalmente sobre a Desdemona na scena da estrangulaçâo, que a actriz encarregada d'esse papel pediu soccorro. Na Sué- cia, repnesentando-se ante o rei D. João II uma peça intitulada 0>' Myslerios da Paixão, o actor que interpretava Jesus Ghristo acabava de ser posto na cruz, e o actor que desempenhava Longinos devia feril-o nas costas. Aconteceu que este ultimo? accommettendo o outro com grande Ímpeto, atra- vessou o de lado a lado com a lança. Jesus Ghristo soltou-se da cruz e o seu cadáver cahiu sobre a actriz que representava a Virgem Maria. O rei D. João II saltou á scena, agarrou Longinos pelos cabellos e cortou lhe a cabeça. O publico que admirava, lançou-se por sua vez sobre o rei, e despedaçou-o. * Todas estas trage- dias teem achado explicação na nervosidade adqui- rida na apopletica forma falsa e um tanto ou quanto inconsciente. Alguém dirá: — Isso é o fogo sagrado. E' a força de convicção que o artista põe no desempe- nho do seu papel artii^tico. E' o calor, que tantos aplausos arrebata. —Greio que não é. Opto um pouco pela inconsciência. Desde que haja conscien- Tragedias em Theatro — Victor Fournel .
  • 33. 29 cia do que se vae commetter, desde que em nosí-o cérebro penetrou o verdadeiro ideal artís- tico, jamais poderemos, a não ser a fatalidade, o que é quasi impossivel onde haja cuidado, ou a vingança, jamais poderemos, dizia, attentar contra o que nos serve de base. Amar, rir, soíTrer, chorar, mas tudo isto sahido de uma fórmula de Arte, replecta de intuitos hu- manos, * eis o que eu comprehendo como consciên- cia artistica. Procedendo o artista com a máxima consciência, não substituindo a energia pela vio- lência, nem cahindo em exaggeros de verdade ma- terial, sob preslexlo de eíTeito, lendo uma convic- ção nitida da Arte, evitará os sinistros a que venho referindo. ^ E se conduzir a Arte para dentro da sociologia, fará a boa figura da pessoa que tudo pensa de verdade, tudo sente de justiça e tudo faz de util. ^ * Theatro Livre e Arte Social — Ernesio da Silva. 2 Estarei enganado n'este ponto? Talvez. Mas n'esse caso outros se enganam. «Nota do aucíor.* 3 Amor e Uberdade, Revista quinzenal — Lisboa — Nu- mero-programma.
  • 34. 30 Longe de nós pois, o (healro prejudicial. Bem longe a Jilteratura leprosa que evidencia uno syníi- ptoma de decadência intellectual e moral. Compre- hendamos com H. Salgado:— A arte moderna nâo pôde ficar-se no culto da forma, deve ser vincula- do idéas sãs, e fomentadoras de sentimentos no- bres. Convençamo-nos do que aííirma o respeita- bilissimo Max Nordau. «O theatro tornar-seha como nos seus começos, ha dois mil e quinhentos annos, um logar de culio para os homens ; nâo mais n'elle se verão reinar a obscenidade, as canções triviaes, o riso besta, a semi-nudez lasciva, mas ver-se hão, palpitantes em bellas personificações, as paixões e a vontade, o egoísmo e o renunciamento, todas as personagens tendo por base a existência solidaria da humani- dade. *« Assim, feita a analyse do que deve ser o theatro, quer como meio de educação, quer como meio de enobrecimento moral, desde já applauso e louvor áquelles que se propozerem, pelo estudo e pela verdadeira Arte, combater com vontade o theatro escoadouro, esterqueira, fortalecendo o espirito, germinando sobre o mar rutilante dos cérebros. 1 Tian ripto do Theatro Livre e Arle Soc/a/ — Ernesto da Silva.
  • 35. 31 Educar depurando sentimentos pela influencia da Arte. —E' este o motivo do artista. cA vontade, é a reacção motriz,» affirma philoso- phicamente o nosso erudito Teophilo Braga. Havendo vontade o pensamento liberla-se das cadeias a que esteja criminosamente sugeito. Vi- sando agora a critica, como consequência, aílirmar- Ihe-hei que é tempo de pôr a descoberto, submet- tendo a uma barrella severa, o theatro actual. Não mais o habito, a indiíTerença. Empregar bem a intelligencia, a energia, aca- bando de vez com a depravação pelo palco, e dan- do um forte impulso ás iniciativas que surjam. Porque hade continuar semelhante privillegio, quando precisamente as multidões mais necessitam de se elevarem, de se purificarem? Porque o es- tômago d'alguns assim o reclama ? Mas a Arte não pôde estar sugeita a egoísmos de ninguém, e a maioria já se revolta contra o rebaixamento e a decadência do Theatro Nacional. Existe um punhado de individaos que se envergonham da existência de tantos litteratos, notando que poucos empregam
  • 36. 3á esforços para o levantamento do theatro portuguez e muitosr quasi todos, applaudem as velhas ful- gurações e a arte manca. Abandonem a maldito medo que vem sempre oppor-se á razão. Expulsem-n'o e esqueçam a bar- riga. Ou então deixem-se de criticar, que já assim não trazem ninguém illudido. Critica, faz-se da seguinte forma : E' útil ? N'esse caso é bom. Applaude-se, per- petua-se. —E' nocivo? Então é péssimo. Gondem- na-se, extingue-se. As opiniões podem mudar. O conhecimento do que é útil ou nocivo, não; por- que o fundo fica sempre. Que valha de alguma cousa o que disse Guyau : «Se forte, sê grande em todas as tuas affirma- ções; sê o mais rico possivel em energia. Guiado sempre por uma intelligencia ricamente desenvol- vida, luta, expõe-te ; a audácia tem os seus gosos, Lança as luas forças sem as medir, emquanto as tiveres, em tudo o que sentires bello e grande, e terás gosado a maior somma de felicidade.» A critica não deve illudir, enganar, fraudar. A proceder assim será considerada pequena, mes- quinha, e como tal tratada. Mas se, ao contrario, vendo uma mentira na sciencia, e uma inutilidade na Arte, se revoltar energicamente, será tão digna
  • 37. 33 quanto maior fôr a luta. Venha a verdade. tA verdade não pôde ser nociva» — disse Helvetius» e lodo o mundo o comprehende. Que importa as consequências ?E' necessário derrubar, derrube se. Angelina Vidal, n'um bello grito, aflfirmou: * «E' triste cobardia a indignação calar.» — Por- tanto, venba a verdade, venha a indignação. Olhar o theatro, não desde o ponto de vista convencional, mas desde o que é preciso estabelecer, de forma que o povo sinta e inspire a Arte, e que esta seja sensivel, porque de contrario não pode ser Arte. Que tenhamos cerebração para comprehendermos estas verdades amargas de Joaquim Leitão. ' «A litleratura portugueza não se interessa por coisa alguma que directa ou indirectamente se re- fira á vida, pelo simples motivo de que não ensina ninguém a lutar ou a soffrer, não ajuda a educar um filho, não intercede a evitar um erro d'onde amanhã jorrem infortúnios, não consola narrando casos gémeos da nossa amargura, não parece com- prehender as nossas aíílicções. A desculpa de que não se fazem obras de intuitos, por terem falhado as tentativas em Portugal, não colhe, porque o mais superficial exame indica que a obra de these triumpha em Portugal, como tem triumphado em 1 /caro—Angelina Vidal. í O Século —Revista litteraria. Dia 1 de agosto de 1904.
  • 38. 3i toda a parte, desde que o escriplor abandone os ares mofados de pedagogo e aprenda a niauipular a sua bomba, envolvendo-a numa acção subjugadora- mente dramática e humana, com aliciencias de estylo e seducçôes pérfidas de rythmo. Por isso mesmo, quando um escriptor annuncia uma obra que tem alguma cousa de commum com a vida de toda a gente, um grande redemoinho de assombro se faz em seu torno. . .» Devemos pois fazer todos alguma coisa contra o theatro existente e ajudarmos as iniciativas dos ou- tros. O caminho é direito para podermos andal-o o mais depressa possivel. Lutemos muito Quanto mais lutarmos, mais valentes seremos contra os inimigos do theatro moderno. Muito ha que escre- ver a respeito da sua transformação, muito ha que combater para romper todas as fronteiras que dif ficultam a avançada. A evolução nos ajudará, por- que a evolução continua sempre ; e o que é ur gentemente necessário, é ir desilludindo os que estejam illudidos, mas sem odiar ninguém ; só a Mentira. E foi até do horror á Mentira, que nasceu este alinhavado de phrases, sem intenção de ferir ninguém, e sem fanatismo por entidades, mas tendo em vista explanar quanto possivel a nossa forma de pensar, certos de que todos que sintam pulsar um coração, devem, sem ódios nem resenti- mentos, comprehender que se falíamos foi por
  • 39. 35 muito amor á sublime Arte, por a sentirmos atra- vez da vida, e não atravez das conveniências, e ainda por querermos contribuir com a nossa pou- quissima actividade intelleclual, para o floresci- mento preciso do theatro portuguez, que deve as- signalar, com razão, a norma justa das relações humanas. E para aquell^s que por ventura nos pretendam aggredir por tão nobres intenções, pedimos tenham em desconto a aííirmativa da queridissima artista Lucinda Simões. «Foi para nós, artistas dramáticos, que se inven- tou o anexim : «Cada cabeça, sua sentença!» FIM
  • 40.
  • 41.
  • 42. wLIVRARIA EDltORA '. VIUVA TAVARES CARDOSO ? 5, Largo de Camões, 6 — LISBOA François Coppée O Pater, traducção de Margarida de Sequeira Henrique de Mendonça O sonho d'um príncipe, tragedia em i acto,. . . D. João da Camar^ Theatro em verso: Auto do menino Jesus --Os dois barcos — O poeta e a saudade. . . . . . s^. João Gouveia Engano dilma^ peça em i acto 2< •> Júlio Dantas / j A ceia dos cardeaes^ 7.' edição .... 2Ç /) Beltrão de Figueirôa ^1 ... zt Paço de Veiros. 3c Um serão nas Laranjeiras . ji O que morreu d'amor. 40( A Severa no prél Manoel Penteado LeiSan^ phantasia dramática em i acto ......
  • 43. PN Figueiredo, Romualdo 2793 Alguma coisa sobre o thea- F5 portuguez PLEASE DO NOT REMOVE CARDS OR SLIPS FROM THIS POCKET UNIVERSITY OF TORONTO LIBRARY