1. A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 12
O Poder do Sacerdócio
Enraizado nas Famílias, p. 28
Centros de Jovens Adultos: Um Lugar
para Se Reunir, Aprender e Fazer
Amigos, p. 42
Será Que Sei o Suficiente?
p. 48
Marta Provou Ser Amiga
de Verdade, p. 60
4. JOVENS ADULTOS JOVENS CRIANÇAS
34 Seus Deveres do 63
Sacerdócio Aarônico
Paul VanDenBerghe
Quais são as responsabilidades
dos diáconos, dos mestres e dos
sacerdotes?
46 Perguntas e Respostas
Às vezes me sinto sobrecarre-
gado quando penso em tudo que
preciso fazer para viver o evan-
gelho. Por onde devo começar?
42
48 Você Sabe o Suficiente
42 Reunir-se em uma Élder Neil L. Andersen 60 Uma Amiga de Verdade
Unidade de Fé Se você acha que seu conheci- Sarah Chow
Stephanie J. Burns mento espiritual é limitado, pode Os amigos verdadeiros aju-
Os centros de jovens adultos ser que saiba mais do que pensa. dam-se mutuamente a cumprir
tornaram-se locais de reunião: os mandamentos.
lá os jovens se conhecem, viven- 50 Pausa para a Missão
ciam a união e aprendem — e Elyse Alexandria Holmes 62 Nossa Página
compartilham — o evangelho. Aos dezoito anos, William
Hopoate recebeu a proposta de 63 As Bênçãos do Trabalho
um contrato para jogar rúgbi Árduo
profissionalmente. Ele tinha de Élder Per G. Malm
tomar uma decisão. O labor físico honesto é uma
maneira de fazer o que é certo.
53 Do Campo Missionário:
Veja se consegue
O Milagre da Cura Espiritual 64 Trazer a Primária para Casa:
Elizabeth Stitt Escolho o Certo Vivendo os
encontrar a Lia- Princípios do Evangelho
hona oculta nesta 54 Pôster: Ajoelhar-se com 66 Um Parquinho para Carly
edição. Dica: A Humildade
procura vai ser um Chad E. Phares
trabalho árduo. 55 Linha sobre Linha: Carly sempre está ajudando os
Doutrina e Convênios 135:3 outros, e alguns amigos resolve-
56 Aonde Minhas Escolhas ram ajudá-la também.
Me Levarão?
Adam C. Olson
68 A Lição da Equipe
Infanto-Juvenil
Suas escolhas no passado desvia- Lindsay Stevens
ram seu curso. Mas as novas Lindsay aprende a torcer pelo
escolhas trouxeram Karina de irmão mais novo.
volta.
70 Para as Criancinhas
58 Um Exemplo Melhor
Shaneen Cloward 81 Figuras das Escrituras
Uma experiência dolorosa me do Livro de Mórmon
56
ensinou a ouvir meus líderes da
Igreja com mais disposição.
2
6. MENSAGEM DA PRIMEIR A PRESIDÊNCIA
Presidente
Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro na
Primeira Presidência
Chamado por Deus
E APOIADO PELO
POVO
C
omo membros da Igreja, com frequência somos convi- Aquele rapaz, com apenas um ano de Igreja, ensinou
dados a apoiar pessoas em seus chamados para servir. pelo exemplo o que Deus pode fazer com um líder que
Há alguns anos, um estudante de dezoito anos de é apoiado pela fé e pelas orações daqueles a quem é
idade mostrou-me o que significa apoiar os servos do Senhor. chamado a guiar. Aquele jovem demonstrou para mim o
Ainda hoje me sinto abençoado por seu humilde exemplo. poder da lei de comum acordo na Igreja (ver D&C 26:2).
Ele estava no início do primeiro ano de faculdade. Embora o Senhor chame Seus servos por revelação, eles
Tinha sido batizado havia menos de um ano antes de sair somente agem depois de serem apoiados por aqueles a
de casa para começar a estudar numa grande universi- quem são chamados a servir.
dade. Eu servia como bispo lá. Por meio de nosso voto de apoio, fazemos promessas
Com o início do ano letivo, fiz uma rápida entrevista solenes. Prometemos orar pelos servos do Senhor para
com ele na sala do bispado. Lembro-me de pouca coisa que Ele os guie e fortaleça (ver D&C 93:51). Comprome-
daquela primeira entrevista, exceto que ele me falou das temo-nos a buscar e esperar sentir a inspiração de Deus
dificuldades que enfrentava numa cidade diferente, mas quando eles derem conselhos e sempre que agirem em
jamais esquecerei nosso segundo encontro. seu chamado (ver D&C 1:38).
Ele me pediu que o recebesse em minha sala. Fiquei Essa promessa precisa ser renovada com frequência em
surpreso quando ele disse: “Podemos orar juntos, e permi- nosso coração. Seu professor da Escola Dominical tenta
te-me oferecer a oração?” Por pouco não lhe disse que já ensinar pelo Espírito, mas assim como vocês, ele pode
havia orado e esperava que ele também, mas em vez disso cometer erros diante da classe. Contudo, vocês podem
concordei. decidir ouvir e prestar atenção aos momentos em que
Ele começou a oração com seu testemunho do fato de podem sentir a inspiração chegar. Com o tempo, obser-
o bispo ter sido chamado por Deus. Pediu a Deus que varão menos erros e provas mais frequentes de que Deus
me orientasse sobre o que ele devia fazer quanto a um apoia aquele professor.
assunto de grandes consequências espirituais. O rapaz Ao erguermos a mão em sinal de apoio a alguém, com-
disse a Deus que tinha certeza de que o bispo já sabia prometemo-nos a trabalhar pelo propósito para o qual a
quais eram suas necessidades e que lhe daria os conselhos pessoa foi chamada pelo Senhor a realizar, seja ele qual
que precisava ouvir. for. Quando nossos filhos eram pequenos, minha mulher
Enquanto ele falava, os perigos específicos que ele foi chamada para ensinar as criancinhas de nossa ala. Eu
enfrentaria me vieram à mente. Os conselhos eram sim- não só ergui a mão para apoiá-la, mas também orei por
ples, mas deviam ser dados com grande clareza: orar ela e depois pedi permissão para ajudá-la. Aprendi a valo-
sempre, obedecer aos mandamentos e não temer. rizar o trabalho das mulheres e o amor que o Senhor tem
4 A Liahona
7. pelas crianças, e aquelas lições ainda hoje abençoam ENSINAR USANDO ESTA MENSAGEM
minha família e minha vida.
Recentemente conversei com aquele rapaz que
apoiou seu bispo há vários anos. Soube que o
D epois de deixar esta mensagem, você pode ler a
seguinte citação: “O Senhor o tornará um instru-
mento em Suas mãos se você for humilde, fiel e diligente.
Senhor e o povo o haviam apoiado em seu chamado (…) Você receberá força renovada quando for apoiado
como missionário, como presidente de estaca e como pela congregação e designado” (Ensino, Não Há Maior
pai. Ao fim de nossa conversa, ele disse: “Ainda oro Chamado, 2009, p. 20). Reúna a família em volta de um
por você todos os dias”. objeto pesado e peça a alguém que o erga. Chamando
Podemos decidir orar diariamente por alguém uma pessoa por vez, convide outros membros da família
que foi chamado por Deus para nos servir. Podemos para ajudar a levantar o objeto. Pergunte o que acon-
agradecer a alguém — homem ou mulher — que tece quando todos ajudam. Se julgar oportuno, ressalte
nos abençoou com seu serviço. Podemos dar um também o conselho do Presidente Eyring sobre algu-
passo adiante quando alguém que apoiamos solicitar mas maneiras práticas de apoiarmos as pessoas em seu
voluntários.1 chamado.
Aqueles que apoiam os servos do Senhor em Seu
reino serão amparados por Seu poder incomparável.
Todos nós precisamos dessa bênção. ◼
NOTA
1. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith,
1998, pp. 211–212.
J u n h o d e 2 0 1 2 5
8. JOVENS CRIANÇAS
Gratidão por Minha Professora
da Escola Dominical
Nome não divulgado
M inha classe da Escola Dominical nem sempre é
reverente. Adoro participar da aula todas as
semanas, mas às vezes parece que os demais alunos
não sentem o mesmo. Estão sempre conversando
entre si ou brincando com joguinhos eletrônicos
enquanto a professora tenta nos ensinar. E, infeliz-
mente, há momentos em que também faço parte do
problema.
Certa vez, a classe estava pior do que nunca e, no
final da aula, nossa professora estava em prantos
porque ninguém prestou atenção à aula. Ao sairmos
da sala, senti remorso.
No domingo seguinte, nossa professora expli-
cou-nos que havia orado muito durante a semana,
buscando orientação, e ocorreu-lhe que precisava
À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO DE SCOTT SNOW; ACIMA: ILUSTRAÇÕES DE SCOTT GREER; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE WELDEN C. ANDERSEN, HYUN-GYU LEE E FRANK HELMRICH
mostrar um filme da Igreja. A apresentação começou.
Era um filme sobre a vida de Jesus Cristo e os milagres Apoiar Significa Ajudar
O
que realizou.
Presidente Eyring disse que, quando erguemos
Ao refletir sobre aquele filme no final do dia, senti
a mão para apoiar alguém, prometemos ajudar
algo mudar dentro de mim. De repente, percebi que
estava sentindo o Espírito, mais do que nunca antes. aquela pessoa a fazer o serviço para o qual foi chamada.
Imediatamente, decidi fazer mudanças em minha vida Quais das crianças acima estão apoiando um líder
para ser mais semelhante ao Salvador e percebi que ou um(a) professor(a)?
a experiência daquele dia na Escola Dominical havia
fortalecido muito meu testemunho. Sou muito grato Aqui estão algumas pessoas a quem apoiamos:
por minha professora da Escola Dominical e por tudo profeta, membros do bispado ou da presidência do
o que ela faz por nossa classe todas as semanas. ◼
ramo, líder da missão da ala ou do ramo, professora
da Primária, líderes da Primária.
Escreva ou converse com seus pais a respeito de
algumas coisas que você pode fazer para apoiar
essas pessoas.
6 A Liahona
9. M E N S AG E M DA S P R O F E S S O R A S V I S I TA N T E S
Estude este material em espírito de oração e, conforme julgar conveniente, discuta-o com as irmãs que Fé, Família, Auxílio
você visita. Use as perguntas para ajudar no fortalecimento das irmãs e para fazer com que a Socie-
dade de Socorro seja parte ativa da sua própria vida.
Professora De Nossa História
Visitante: Um Eliza R. Snow, a segunda
presidente geral da Socie-
Chamado Sagrado dade de Socorro, ensinou:
“Considero o cargo de pro-
C omo professoras visitantes, temos fessora elevado e sagrado”.
uma importante missão espiritual a Ela aconselhou as professoras
cumprir. “O bispo, que é ordenado pas- visitantes a estarem “cheias
tor da ala, não tem condições de cuidar do Espírito de Deus, de
de todas as ovelhas do Senhor de uma só sabedoria, de humildade,
vez. Ele depende de professoras visitan- de amor” antes de visitar o
tes inspiradas que o ajudem.” 1 É essen- lar das irmãs, a fim de pode-
cial buscar e receber revelação quanto rem conhecer e suprir suas
a quem deve ser designada a cuidar de necessidades espirituais e
cada irmã. materiais. Ela disse: “Sentirão
A inspiração começa quando as irmãs se devem falar palavras de
que compõem a presidência da Socie- paz e consolo, e caso encon-
dade de Socorro discutem, em espírito
de oração, as necessidades das pessoas
Das Escrituras trem a irmã passando frio,
Mateus 22:36–40; João 13:34–35; Alma 37:6–7 tomem-na em seu coração
individualmente e das famílias. Depois, como tomariam uma criança
com a aprovação do bispo, a presidência no colo para aquecê-la”.5
da Sociedade de Socorro faz as designa- NOTAS
Ao prosseguirmos com
1. Julie B. Beck, “Sociedade de Socorro — Um Tra-
ções de modo a ajudar as irmãs a com- balho Sagrado”, A Liahona, novembro de 2009, fé, como o fizeram nossas
preender que o trabalho de professora p. 110.
2. Ver Manual 2: Administração da Igreja, 2010, irmãs pioneiras da Sociedade
visitante é uma importante responsabili- 9.5; 9.5.2.
de Socorro, teremos a com-
dade espiritual.2 3. Ver Manual 2, 9.5.1.
4. Julie B. Beck, A Liahona, novembro de 2009, panhia do Espírito Santo e
As professoras visitantes passam a p. 110.
seremos inspiradas a saber
5. Eliza R. Snow, citada em Filhas em Meu Reino:
conhecer e a amar sinceramente cada A História e o Trabalho da Sociedade de como ajudar cada irmã que
irmã, ajudam-nas a fortalecer sua fé e Socorro, 2011, p. 118.
visitarmos. “Que [busque-
6. Eliza R. Snow, em Filhas em Meu Reino, p. 50.
oferecem ajuda quando necessário. Elas mos] sabedoria em vez de
buscam revelação pessoal para saber poder”, disse a irmã Snow,
como atender às necessidades espirituais “e [teremos] todo o poder
e temporais de cada irmã que visitam.3 que [tivermos] a sabedoria
“A visita de professoras visitantes se
O Que Posso Fazer? para exercer”. 6
torna um trabalho do Senhor quando
focalizamos a pessoa, em vez de estatís- 1. Como posso melhorar minha capaci-
dade de cumprir minha importante res-
ticas. Na realidade, a visita da professora ponsabilidade como professora visitante?
visitante não termina. Trata-se de uma
2. Como professora visitante, como posso
forma de vida, mais do que uma tarefa.” 4 ajudar outras irmãs a cumprir sua respon-
sabilidade de professoras visitantes?
Acesse www.reliefsociety.LDS.org para mais informações.
J u n h o d e 2 0 1 2 7
11. A ESCOLHA DOS
HINOS PARA AS Você Conhece as Mulheres
REUNIÕES DA das Escrituras?
IGREJA
V
• Antes do início da reunião,
eja se consegue fazer a correspondência da descri-
certifique-se de que a auto-
ção das mulheres das escrituras com os respectivos
ridade que estiver presi- nomes. Utilize as referências das escrituras, caso precise
dindo aprova a música que de ajuda.
foi selecionada.
• Com vários dias de antece-
dência, entre em contato
com o(a) pianista ou o(a)
organista para que saiba
quais hinos deve ensaiar
para a reunião.
A. Maria, B. Saria C. Ana D. Eva E. Abis
• Para as reuniões sacramen- mãe do Senhor
tais, pense na atmosfera que
cada hino criará. Os hinos
de abertura, na reunião
sacramental, externam lou-
vor e gratidão a Deus pela
Restauração do evangelho.
Os hinos sacramentais refle- F. Sara G. Ester H. Maria, I. Emma Smith J. Rute
irmã de Marta
tem sobre o sacramento
ou o sacrifício do Salvador.
1. Meu marido consolou-me quando cho- 5. Eu “[escolhi] a boa parte” ao ouvir as
Os hinos de encerramento
rei por meus filhos, que estavam numa palavras de Jesus Cristo quando Ele visi-
podem inspirar a congrega-
viagem perigosa (ver 1 Néfi 5:1, 6). tou minha família em Betânia (ver Lucas
ção a reforçar seu compro-
2. Fui serva na casa do rei Lamôni e 10:42).
misso com os convênios que havia-me convertido ao Senhor muitos 6. Meu povo jejuou por mim quando arris-
renovaram e prestar teste- anos antes da conversão do rei (ver quei minha própria vida ao suplicar ao
munho dos princípios do Alma 19:16). rei que os poupasse (ver Ester 4:16).
evangelho que aprenderam. 3. Quando meu marido morreu, “[ape- 7. Meu nome significa “mãe de todos os
• Para as aulas da Sociedade guei-me]” a minha sogra e disse-lhe que viventes” (ver Gênesis 3:20).
de Socorro ou as reuniões seu povo seria meu povo, e seu Deus, 8. Fui chamada de “mulher eleita” em
do sacerdócio, convém meu Deus (ver Rute 1:14, 16). Doutrina e Convênios e fiz “uma seleção
consultar o instrutor. Ele ou 4. Sou mencionada pelo nome tanto no de hinos sacros” (ver D&C 25:3, 11).
ela pode querer sugerir um Novo Testamento quanto no Livro de 9. Eu era viúva havia 84 anos quando sau-
hino relacionado à aula. Se Mórmon. Sou descrita como “extrema- dei o menino Jesus no templo (ver Lucas
o instrutor não tiver prefe- mente branca e formosa” e como “um 2:36–38).
rências, os líderes podem vaso precioso e escolhido” (ver 1 Néfi 0. Quando o Senhor mudou o nome de
1
11:13; Alma 7:10). meu marido, mudou o meu para um
propor um hino que com-
nome que significa “princesa” (ver Gêne-
plemente o tema da aula.
sis 17:15).
Ver Hinos, pp. 266–267; Manual 2:
Administração da Igreja, 2010, 14.4;
14.6.
Respostas: 1. B; 2. E; 3. J; 4. A; 5. H; 6. G; 7. D; 8. I; 9. C; 10. F
J u n h o d e 2 0 1 2 9
12. NOSSA CRENÇA
O Jejum NOS FORTALECE TANTO ESPIRITUAL
COMO MATERIALMENTE
O
jejum faz parte do evangelho que têm problemas de saúde que para receber revelação para nossas
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: TALAT MEHMOOD, JOHN LUKE E
WELDEN C. ANDERSEN; DETALHE DE PARA TAL TEMPO COMO
de Jesus Cristo desde a época podem agravar-se devido ao jejum responsabilidades na Igreja e assim
do Velho Testamento (ver, devem exercer sabedoria e modificar por diante. O jejum ajuda-nos a sentir
por exemplo, Daniel 9:3; Joel 2:12). O a forma de fazê-lo. compaixão por aqueles que passam
jejum fortalece as pessoas espiritual- Os membros da Igreja jejuam por fome regularmente. O jejum também
mente e aumenta a eficácia de suas diversas razões. Podemos jejuar e orar ajuda nosso espírito a triunfar sobre o
orações (ver Isaías 58:6–11). Atual- por um membro da família que esteja corpo. ◼
ESTE, DE ELSPETH YOUNG
mente, os membros da Igreja de Jesus doente, por exemplo. Podemos jejuar NOTA
1. Sempre Fiéis, 2004, p. 102.
Cristo dos Santos dos Últimos Dias para expressar gratidão a Deus, para
jejuam e doam à Igreja o dinheiro desenvolver maior humildade, para Para saber mais sobre esse assunto, ver
que teriam gasto em alimentos, a fim superar uma fraqueza ou um pecado, Mateus 6:16–18; Alma 5:46; 6:6.
de ajudar os pobres e necessitados.
“A Igreja designa um domingo a
cada mês, geralmente o primeiro,
como dia de jejum. A observância
correta do domingo de jejum inclui
passarmos sem alimento ou bebida
por duas refeições consecutivas [num
período de 24 horas], assistir à reu-
nião de jejum e testemunhos e dar-
mos uma oferta de jejum para ajudar
a cuidar dos necessitados.
A sua oferta de jejum deve ser
pelo menos o equivalente às duas
refeições que você deixou de comer.
Quando possível, seja generoso e doe
muito mais do que isso.
Além da observância dos dias de
jejum determinados pelos líderes da
Igreja, você pode jejuar em qualquer
outro dia, de acordo com as neces-
sidades pessoais ou a dos outros.
Entretanto, não é aconselhável jejuar
com muita frequência nem por perío-
dos excessivamente longos.” 1 Aqueles
10 A L i a h o n a
13. O domingo de jejum inclui
prestar testemunho na reunião
sacramental.
Somos incentivados a
Jejuar significa ficar ser generosos ao fazer
deliberadamente sem comer as ofertas de jejum, pois
ou beber com o propósito de a Igreja usa o dinheiro
aproximar-nos do Senhor e para ajudar os pobres e
pedir Suas bênçãos. necessitados.
“[A lei do jejum] é simples e
perfeita, baseada na razão e
na inteligência, e não apenas
proporcionaria uma solução
à questão do auxílio aos
pobres, mas teria bons resul-
tados para os que cumprissem
essa lei. Ela faria (…) o corpo
sujeitar-se ao espírito, e assim
promoveria a comunhão com
O jejum é mais eficaz O jejum sempre foi praticado
o Espírito Santo, assegurando
quando acompanhado pelos que creem. Os antigos
pela oração. judeus, por exemplo, jejuaram força e poder espirituais de
por Ester para que ela pudesse que as pessoas deste país
entrar na presença do rei e tanto precisam. Como o jejum
suplicar-lhe que protegesse seu sempre se faz acompanhar da
povo (ver Ester 4:16). oração, essa lei aproximaria
muito mais as pessoas
de Deus.”
Presidente Joseph F. Smith (1838–
1918), Ensinamentos dos Presidentes
da Igreja: Joseph F. Smith, 1998,
pp. 197–198.
J u n h o d e 2 0 1 2 11
14. SERVIR NA IGREJA
O POTENCIAL
DE SERVIÇO
DOS JOVENS
Norman C. Hill
O
s nigerianos gostam de dizer
que vivem sob “um escal-
dante sol africano”. As tem- DAR AOS
peraturas perto da linha do Equador de largura”, disse Emmanuel. “Se JOVENS A
variam muito pouco, seja qual for a conseguirmos terminar rapidamente, OPORTUNI-
estação. Assim, quando realizamos os outros verão que é possível acabar DADE DE
nosso projeto de serviço pan-afri- antes do que imaginam.” SERVIR
cano em agosto, iniciamos às 7 horas Os rapazes tinham trabalhado o “Quantas presi-
da manhã para conseguir fazer o dia inteiro, divididos em dois grupos, dências de quórum
máximo possível nas horas mais fres- cada qual partindo de extremos opos- de diáconos e mestres se conten-
cas da manhã. tos do terreno. Nenhum dos grupos tam em simplesmente chamar
Munidos de pás, ancinhos e facões, conseguira passar da metade e abrir alguém para oferecer uma oração
ou distribuir o sacramento? Irmãos,
começamos a retirar ervas daninhas caminho pelo labirinto de mato. Com
esses são espíritos verdadeiramente
e recolher o lixo do terreno baldio dores nas costas, pus-me de joelhos
especiais, e eles podem realizar
próximo à capela da Ala Yaba, Estaca em busca de alívio enquanto conti-
coisas de grande importância:
Lagos Nigéria. Depois de três horas, nuava roçando o mato com um facão. — só precisam de uma chance!”
havíamos limpado cerca de três quar- Preocupados, alguns jovens se apro-
Élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quó-
tos do lote de quase dois hectares. ximaram para ver se podiam ajudar e rum dos Doze Apóstolos, “Unto the Rising
Generation”, Ensign, abril de 1985, p. 11.
“O que acham de completar esse então se atiraram ao trabalho ao ver
pedaço e marcar outro dia para con- que Emmanuel e eu continuávamos a
cluir a limpeza do terreno?” pergun- cortar o mato, cada qual partindo de
tou o bispo. seu extremo do terreno, em direção aqueles rapazes podiam realizar.
Ao ouvir isso do bispo, o jovem ao outro. Em questão de minutos nos Víamos somente rapazes cansados,
Emmanuel, presidente do quórum de encontramos no meio do terreno e mas o Emmanuel viu uma oportu-
mestres, expressou decepção. festejamos juntos. Ao ver esse resul- nidade para seus amigos crescerem
“Se deixarmos essa parte sem tado, outros jovens se puseram a em dignidade e autoconfiança. Ele
fazer, nenhum dos jovens vai sentir trabalhar em pares, fazendo a mesma sabia que aquele esforço extra traria
que fez um bom trabalho hoje”, disse coisa. maior satisfação para eles do que
ele. “Por favor, vamos terminar.” Em menos de uma hora, termi- deixar para terminar o trabalho mais
O mato na maior parte chegava namos tudo. Satisfeitos e risonhos, tarde. Ele nos fez recordar a força dos
a quase dois metros de altura, obs- cumprimentamo-nos mutuamente — jovens da Igreja e o quanto todos nos
truindo-nos a visão e dificultando em especial ao Emmanuel, que lite- beneficiamos quando eles contribuem
a percepção de quanto faltava para ralmente havia aberto o caminho para e lideram.
ILUSTRAÇÃO: BRIAN CALL
terminar. os outros seguirem. Aprendi que não precisamos espe-
“Irmão Hill, vamos ver quanto O bispo e eu pensávamos que, rar que nossos jovens cresçam — eles
tempo nós dois demoramos para lim- com toda a nossa experiência e podem fazer a diferença já: basta que
par uma faixa estreita de meio metro sabedoria, tínhamos noção do que os deixemos agir. ◼
12 A L i a h o n a
16. Teria sido fácil Dias e não compartilhavam nossas crenças às reuniões no domingo. Tínhamos frequen-
encontrar justifica- religiosas. Para eles, o Dia do Senhor era ape- tado a Igreja o ano inteiro, e nossos paren-
tivas racionais para nas outro dia para brincar e divertir-se. Como tes só podiam reunir-se por um período de
havia mais parentes na praia nos fins de poucas semanas no ano.
quebrar o manda-
semana do que nos outros dias da semana, Mesmo assim, nunca deixamos de ir à
mento do Dia do nossa presença e participação nas atividades Igreja aos domingos, nem uma vez sequer!
Senhor em nossas dominicais eram não apenas esperadas, mas Lembramos os ensinamentos do Senhor:
férias anuais na insistentemente solicitadas, inclusive por “E para que mais plenamente te conserves
praia, mas nunca nossos filhos. limpo das manchas do mundo, irás à casa de
deixamos de ir à Nossos filhos eram pequenos e estavam oração e oferecerás teus sacramentos no meu
ainda aprendendo a aplicar as verdades do dia santificado;
Igreja aos domingos.
evangelho. Para eles, a tentação de partici- Porque em verdade este é um dia desig-
par de atividades com os primos e amigos nado para descansares de teus labores e
no domingo era muito grande. Dedicar prestares tua devoção ao Altíssimo; (…)
tempo à família é uma parte importante do Lembra-te, porém, de que no dia do
evangelho, e seria fácil encontrar justificati- Senhor oferecerás tuas oblações e teus sacra-
vas racionais para quebrar o mandamento mentos ao Altíssimo. (…)
do Dia do Senhor. Afinal, a unidade mais E nesse dia não farás qualquer outra coisa;
próxima da Igreja, na época, ficava a quase seja teu alimento preparado com singeleza
100 quilômetros da praia. Nossos amigos e de coração para que teu jejum seja perfeito,
vizinhos de nossa congregação de origem ou, em outras palavras, para que tua alegria
estavam bem distantes, e nenhum deles fica- seja completa” (D&C 59:9–13).
ria sabendo que ficamos na praia em vez de Decidimos cumprir esse mandamento
pegar a estrada para ir até a capela e assistir e ensinamos a nossos filhos que deviam
14 A L i a h o n a
17. cumpri-lo também. Em pouco tempo, eles
compreenderam que era mais importante
adorar a Deus em Seu dia santificado do que
agradar à família e aos amigos ou satisfazer
seus próprios desejos.
Abençoados pela Obediência
Nos domingos, na praia, acordávamos
cedo, vestíamo-nos para a adoração de
domingo e íamos de carro até a capela mais
próxima. Em nossa viagem e durante todo mas todos sabem que no domingo nossa Ainda vamos àquela
o dia, desfrutávamos a paz e a alegria que família não estará ali para brincar. Em vez praia todos os anos,
o Senhor prometeu aos que cumprem Seus disso, vamos à Igreja e adoramos a Deus
mas todos sabem que
mandamentos. Aprendemos que esse sen- com nossos familiares que se uniram a nós:
no domingo nossa
timento de paz e alegria não provém do um grupo que está ficando cada vez maior
mundo. a cada ano! família não estará ali
Após vários anos seguindo essa rotina, Quando recordamos aqueles anos e pen- para brincar. Em vez
algo maravilhoso aconteceu. Nossos filhos samos nas escolhas que fizemos, agradece- disso, vamos à Igreja
pararam de questionar a importância de mos a Deus por ajudar-nos a ter a coragem e adoramos a Deus
adorar a Deus em Seu dia santificado, e de fazer o que era certo e de ensinar nossos com nossos familiares
vários dos primos de nossos filhos come- filhos a agir da mesma forma. Não temos a
que se uniram a nós.
çaram a perguntar se podiam ir à Igreja menor dúvida de que aquela decisão fortale-
conosco! Mal sabíamos que o sentimento de ceu nossos filhos bem como nossos parentes.
paz e alegria que tínhamos também era sen- Ela nos proporcionou a paz prometida pelo
tido por nossos sobrinhos quando voltáva- Senhor, teve um papel importante na conver-
mos das reuniões. Por fim, isso resultou em são de membros de nossa família e nos aben-
uma grande bênção. Depois que algumas çoou com uma satisfação que não se pode
daquelas crianças se tornaram adolescentes, encontrar em outras atividades de domingo
dois deles de uma família disseram aos pais: que não preenchem a alma.
“Queremos tornar-nos santos dos últimos Testifico que temos alegria e bênçãos
dias”. Pouco depois, toda a família foi bati- quando adoramos a Deus em Seu dia santifi-
zada. Recentemente, um dos filhos, hoje cado — inclusive bênçãos que não podemos
ex-missionário, casou-se no templo. ver. Testifico que “bem-aventurado é o povo
Ainda vamos àquela praia todos os anos, cujo Deus é o Senhor” (Salmos 144:15). ◼
J u n h o d e 2 0 1 2 15
19. JOVENS
que são antigos, os quais contêm aquelas
partes de minhas escrituras das quais se
falou pela manifestação de meu Espírito”.
Depois de lidar daquela forma com o
problema em questão, o Senhor revelou um
princípio que se aplicava àquela e a todas
as situações semelhantes: “Eu te falarei em
tua mente e em teu coração, pelo Espírito
Santo que virá sobre ti e que habitará em
teu coração. Ora, eis que este é o espírito de
revelação” (D&C 8:2–3).
(…) E então, ele pediu. E como sabem,
ele falhou: foi totalmente incapaz de tradu-
zir. (…) O assunto foi levado novamente ao
Senhor, cuja promessa eles haviam tentado
colocar em prática. E a resposta veio, a
razão pela qual ele não conseguiu traduzir:
“Eis que não compreendeste; supuseste que
eu o concederia a ti, quando nada fizeste a
não ser pedir-me” (D&C 9:7).
Mas parecia que essa fora justamente a
instrução recebida: pedir com fé. Todavia, o
processo de pedir com fé implica o cumpri-
mento da exigência precedente, que é fazer
tudo ao nosso alcance para cumprir a meta
que almejamos. Devemos usamos o arbítrio
do qual fomos investidos. Devemos usar
todas as faculdades, capacidades e habilida-
des que possuímos para atingir o objetivo
em questão. Isso se aplica à tradução do
Livro de Mórmon, à escolha da esposa ou
de um emprego: aplica-se a qualquer uma
das inúmeras coisas importantes que sur-
gem em nossa vida.
“Que Desejais Que Eu Faça?”
Passemos ao segundo estudo de caso:
[Os jareditas] chegam ao grande mar que
J u n h o d e 2 0 1 2 17
20. C lássicos do E vangelho
Ao amadure- deverão cruzar, e o Senhor ordena [ao irmão deu porque o irmão de Jarede se empenhara
de Jarede]: “Construa barcos”. (…) ao máximo e se aconselhara com o Senhor.
cermos espi-
[Os barcos] seriam usados em circunstân- Há um equilíbrio delicado entre arbítrio
ritualmente, cias bem difíceis e inusitadas, e [o irmão de e inspiração. O que se espera de nós é que
aprendemos Jarede] precisava de algo mais do que aquilo façamos tudo a nosso alcance, para depois
a estabelecer que já havia nos barcos: necessitava de ar. buscar uma resposta do Senhor, um selo de
Esse era um problema que estava além de confirmação de que chegamos à conclusão
o equilíbrio sua capacidade. Por isso, levou o assunto ao correta. E há felizes ocasiões, em que, além
entre o uso de Senhor e, como a solução transcendia total- disso, obtemos até mais verdades e conheci-
nosso arbítrio mente sua capacidade, o Senhor resolveu a mento do que havíamos imaginado.
questão e disse: “Aja desta forma e assim
para decidir terá ar”. “Como Decidirem entre Eles e Mim”
o que fazer e E novamente o irmão de Jarede — con- Vejamos o terceiro estudo de caso: No
a orientação fiante por ter conversado com o Senhor início da história da Igreja, o Senhor ordenou
longamente e obtido respostas — fez-Lhe que os santos se reunissem em certo lugar
que recebemos outra pergunta: (…) “Como faremos para ter no Missouri. (…) Vejam o que aconteceu.
pelo espírito de luz nos barcos?” O Senhor disse:
inspiração. E o Senhor conversou com ele mais um “Como falei a respeito de meu servo
pouco e depois indagou: “Que desejais que Edward Partridge, esta terra é a terra de sua
eu faça, a fim de que tenhais luz em vossos residência e dos que ele nomeou como seus
barcos?” (Éter 2:23). Em outras palavras: conselheiros; e também a terra da residência
“Dei-te o arbítrio; recebeste a capacidade e daquele a quem designei para cuidar de meu
a habilidade. Agora arregaça as mangas e armazém;
resolve o problema!” Portanto, que tragam suas famílias para
E o irmão de Jarede captou a mensagem. esta terra [prestem atenção nisto], como deci-
Subiu ao monte chamado Selém, e o registro direm entre eles e mim” [D&C 58:24–25; grifo
diz que “de uma rocha [ele] fundiu dezes- do autor]. (…)
seis pequenas pedras; e elas eram brancas Como veem, o Senhor disse “reunir-se”
e límpidas, como vidro transparente” (Éter em Sião. Contudo, os detalhes e os prepara-
3:1). (…) tivos, o como, o quando e as circunstâncias
E o Senhor fez conforme o irmão de deveriam ser determinados pelo arbítrio dos
Jarede pediu, e essa é a ocasião em que ele que foram chamados para reunir-se. Mas eles
viu o dedo do Senhor. E durante aquele deviam aconselhar-se com o Senhor. (…)
momento de comunhão, recebeu revelações Depois de dizer isso ao Bispado Presi-
que excediam tudo o que qualquer profeta dente da Igreja, o Senhor revelou o princípio
já recebera até aquele momento. O Senhor que regeu aquela situação e que rege todas
revelou-lhe Sua natureza e personalidade as situações. Trata-se de uma de nossas glo-
mais do que jamais o fizera antes, e isso se riosas verdades reveladas. Ele disse:
18 A L i a h o n a
21. JOVENS
“Pois eis que não é conveniente que em
todas as coisas eu mande; pois o que é com-
pelido em todas as coisas é servo indolente e
não sábio; portanto não recebe recompensa.
Em verdade eu digo: Os homens devem
ocupar-se zelosamente numa boa causa e
fazer muitas coisas de sua livre e espontâ-
nea vontade e realizar muita retidão” [D&C
58:26–27; grifo do autor]. (…)
Esses são os três estudos de caso. Vamos
ver qual foi a conclusão revelada. (…)
Caso vocês aprendam a usar o arbítrio
que Deus lhes concedeu, caso procurem
tomar as próprias decisões, caso cheguem a
conclusões que lhes pareçam boas e cor-
retas, e caso se aconselhem com o Senhor
e obtenham Seu aval, o selo de aprovação,
sobre as conclusões a que chegaram, então,
por um lado, terão recebido revelação. E
por outro, terão a grande recompensa da
vida eterna e serão elevados no último
dia. (…)
Deus nos concedeu sabedoria nessas
coisas. Concedeu-nos a coragem e a capaci-
dade de andarmos com as próprias pernas
e usarmos nosso arbítrio e as faculdades e
habilidades que possuímos. Portanto, que
sejamos suficientemente humildes e moldá-
veis diante do Espírito para submetermos
nossa vontade à vontade Dele, para obter-
mos seu ratificador selo de aprovação e
FOTOGRAFIA DE ÁRVORES: CRAIG DIMOND
assim conseguirmos em nossa vida o espírito
de revelação. Se assim procedermos, não há
dúvida quanto ao resultado, que será: paz
nesta vida; glória, honra e distinção na vida
futura. ◼
A ortografia, a pontuação e o uso de iniciais maiúsculas
foram atualizados.
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22. AGIR SOB
Inspiração
Todo santo dos últimos dias tem o privilégio de receber diariamente
inspiração por meio do Espírito. Se estivermos dignos de seguir os sussur-
ros espirituais e dispostos a fazê-lo, podemos receber a orientação com a
qual o Pai Celestial deseja nos abençoar. Seguem-se três relatos de mem-
bros que ouviram e seguiram os sussurros do Espírito e que, por isso,
receberam bênçãos em abundância.
Eu Precisava Voltar
C erta noite, enquanto servia na estaca
como líder do sacerdócio em Loulé, Por-
tugal, fui levar alguns jovens para casa após
Pai Celestial: “Senhor, o que foi?” Assim que
cheguei à ponte, saí do carro e o Senhor me
respondeu, pois ouvi alguém gritando lá de
uma atividade da estaca. Era muito tarde, e ao baixo: “Socorro! Ajude-nos!”
ir para casa depois de deixar os jovens, entrei Havia pouquíssima luz, e não conseguia ver
numa estrada escura de uma área rural com nada além da pequena luz laranja brilhando
poucos carros. No caminho, passei sobre uma lá em baixo. Havia um barranco íngreme sob
pequena ponte e vi uma luz tremeluzindo a ponte e, sem ter luz suficiente, não sabia
a meu lado direito na beira do rio, como se como ajudar. Peguei o telefone e liguei para a
fosse um início de incêndio. equipe de resgate, que chegou pouco tempo
Devido à umidade da noite, pensei que, depois.
mesmo que fosse um incêndio, ele se apaga- A pequena luz vinha de um carro com
ria sozinho, e decidi voltar a atenção para a cinco pessoas que havia derrapado na estrada.
estrada adiante. Duas pessoas perderam a vida, mas poderia
Não tinha dirigido mais do que alguns ter sido pior se eu não tivesse atendido à voz
metros quando ouvi uma voz que disse: do Espírito Santo.
“Pare!” Fiquei surpreso, pois estava sozinho no Testifico que o Senhor fala a nós por meio
ILUSTRAÇÕES: DAN BURR
carro; mas ignorei a voz e continuei a dirigir. do Espírito, seja com uma voz mansa e deli-
Em seguida a voz soou como um trovão: “Pare cada, seja com voz de trovão. Sou grato por
e volte!” Imediatamente, dei meia-volta com tê-la ouvido naquela noite. Sei que o Senhor
o carro e voltei. Ao fazer isso, perguntei ao vive, que nos ama e que o Espírito Santo Se
20 A L i a h o n a
23.
comunica conosco. Só precisamos estar aten-
tos a Sua voz. ◼
Nestor Querales, Portugal
Decidi Ouvir
H á muitos anos, comecei a ter a sensação
persistente de que precisava montar um
livro de receitas da família, que contivesse
também receitas de parentes mais afasta-
dos. Deixei a ideia de lado. Pensava comigo
mesma: “Não tenho tempo para fazer um fútil
livro de receitas! Tenho seis filhos agitados!
Montar livros de receitas é para as mães que
passam o dia fazendo pães caseiros e rosqui-
nhas de canela. Não tenho tempo para isso!”
Mas aquele sentimento ainda me perseguiu
durante anos, até que um dia, finalmente,
decidi levar a ideia a sério. Perguntei-me
quem, em minha família, gostaria de parti-
cipar. Eu era o único membro da Igreja na
família. Meus pais eram falecidos, eu não
tinha irmãos, e a maioria dos outros parentes
morava longe. Contudo, decidi dar ouvidos
àquela inspiração mesmo assim.
Entrei em contato com meus familiares e
expliquei-lhes que estava montando um livro
de receitas da família e pedi-lhes que me
mandassem receitas. Durante o ano que se
seguiu, recebi diversas receitas. Alguns paren-
tes mandaram também relatos e fotografias da
família. Isso me inspirou a entrevistar meus
parentes vivos mais idosos e reunir as histórias
de nossa família, que decidi incluir no livro.
Na montagem do livro, percebi que nem
sequer conhecia muitos dos membros da
família que haviam enviado as receitas. Por
essa razão, decidi incluir também uma árvore
genealógica. Solicitei os dados pessoais de
todo mundo, coloquei-os na árvore da família
e acrescentei ao manuscrito.
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24. Parecia a Coisa Certa
O ESPÍRITO
VAI GUIÁ-LOS
“O dom do Espí-
Ao fazer a última revisão do livro depois de
montado, parei na página da árvore genealó-
gica e subitamente senti-me subjugada pelo
O Espírito comunica-Se conosco de inú-
meras maneiras. Já vivenciei momentos
de paz, sentimentos de consolo e clareza de
rito Santo, se vocês Espírito. Não pude conter as lágrimas ao pensamento. Algumas de minhas impressões
permitirem, vai perceber de modo pungente o motivo pelo mais fortes vêm simplesmente como um senti-
guiá-los e protegê- qual eu devia montar aquele “fútil” livro de mento que confirma que algo é verdadeiro ou
los, e até corrigir receitas. Não se tratava, na verdade, de um correto. Não é fácil descrever esse sentimento,
suas ações. É uma livro de receitas. Eu havia colecionado nomes mas ele se manifesta quando simplesmente
voz espiritual que e datas de gerações de antepassados. Todas sabemos que alguma coisa é verdadeira ou
vem à mente como
aquelas pessoas poderiam então receber as que precisamos agir.
um pensamento ou
ordenanças do templo. Além disso, eu tinha Uma das experiências pessoais mais intensas
como um sentimento
preservado histórias maravilhosas para as que já tive quanto a esse sentimento ocorreu na
colocado em seu
gerações vindouras. época em que procurava uma casa para com-
coração. (…) Não é
esperado que vocês Hoje mantenho regularmente contato com prar. Eu era solteiro e durante anos acalentara
nunca cometam erros vários primos e desfruto um relacionamento o sonho da casa própria. Eu disse à corretora
na vida, mas vocês maravilhoso com meus parentes. Quando de imóveis o que eu procurava, e ela se saiu
não vão cometer um olho para meu livro de receitas, penso sem- muito bem ao localizar casas que correspon-
erro importante sem pre na escritura: “Portanto, não vos canseis diam a minha descrição. Ela me mostrava as
antes serem avisados de fazer o bem, porque estais lançando o casas, mas eu sempre as descartava, pois sentia
pelos sussurros do alicerce de uma grande obra. E de pequenas que não era exatamente aquilo. Ela passou a
Santo Espírito. Essa coisas provém aquilo que é grande” (D&C me perguntar o que eu não tinha gostado em
promessa se aplica a 64:33). Ainda me assombro quando paro cada uma das casas, a fim de poder me mostrar
todos os membros para pensar em todas as coisas alegres e outras mais adequadas a minhas necessidades.
da Igreja.” maravilhosas que resultaram do fato de eu Infelizmente, não conseguia expressar muito
Presidente Boyd K. Packer, seguir uma inspiração e montar um simples bem o que estava faltando.
Presidente do Quórum dos
Doze Apóstolos, “Conselho livro de culinária. ◼ Por fim, numa tarde, entramos numa casa
para os Jovens”, A Liahona, Nancy Williamson Gibbs, Colorado, EUA que não era tão bonita quanto algumas que
novembro de 2011, p. 16.
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