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Universidade Fernando Pessoa
Liliana nº 26289
1
Introdução
Este trabalho pretende dar a conhecer o que é o Bullying, de que forma
este pode ser expresso, qual o perfil dos agressores, bem como, das vítima e
explicar de que forma este ocorre em contexto escolar, procurando encontrar
os factores que possam estar na sua origem. A razão pela qual abordo este
tema, prende-se com o facto de este ser um tema actual, que desperta no ser
humano vontade de agir/reagir, que necessita ser explorado e apresentado a
todos de forma a consciencializar cada indivíduo do desenvolvimento deste
fenómeno, para as suas consequências e para o perigo que o Bullying
representa, quer para o presente das nossas crianças e jovens, como para o
futuro de todos nós e da sociedade.
Atualmente, as crianças passam grande parte do seu dia-a-dia na
escola, junto com professores, funcionários e colegas. Envolvidos em aulas,
em actividades de tempo livre, jogos e brincadeiras, as crianças vão
construindo a sua identidade e adquirindo valores que os conduzirão ao longo
da vida deles. No entanto, a escola sofreu uma grande evolução e tornou-se
além de um lugar de partilha, um lugar de diferença: diferentes culturas,
religiões, pensamentos, ideais e estilos de vida. Neste sentido, desenvolve-se
um novo fenómeno nas escolas: o Bullying, ou seja, um acto de intimidação ou
provocação de um grupo de pares dominante às outras crianças. O Bullying
acaba por estar associado às desigualdades sociais, à diferença de
oportunidades e ainda aos impactos psicológicos a que os jovens estão
sujeitos, que os conduz a agir de determinada forma. Não é um fenómeno
novo, mas está a deixar cada vez mais todos os agentes educativos
preocupados e em alerta, até porque as consequências do Bullying podem ser
nefastas.
Como tal, é de ressaltar a necessidade urgente das escolas e todos os
agentes educativos agirem e cumprirem o seu papel de prevenção e
intervenção. Todos devem estar atentos aos sinais que estas crianças nos dão,
sendo o medo de ir para a escola o mais visível. Ao procurarmos diminuir a
violência vivida nas escolas, estaremos a contribuir para a diminuição da
2
criminalidade futura, porque uma criança agressora corre sérios riscos de se
tornar um delinquente no futuro.
3
O Bullying na escola
Todos os dias os canais de televisão apresentam notícias de bullying
associadas ao ambiente escolar e às crianças que partilham desse espaço.
Além do mais, muitas destas notícias têm um desfecho trágico e, muitas vezes,
conduzem ao silêncio e posterior suicídio de uma criança vítima de bullying.
Este fenómeno não é recente e tem tido sua constante presença nas escolas,
contudo, agora é muito mais exteriorizado e mais frequente. Segundo Olweus o
bullying ocorre quando um aluno está a ser provocado/vitimado, quando ele ou
ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da
parte de uma ou mais pessoas. Considera-se uma acção negativa quando
alguém intencionalmente causa, ou tenta causar, danos ou mal-estar a outra
pessoa. Esse repetido importunar pode ser físico, verbal, psicológico e/ou
sexual (Susana Carvalhosa, Luísa Lima e Margarida de Matos, Bullying – A
provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português, Análise
Psicológica (2001), pág. (s) 523-537).
Desde sempre existiu um predomínio do mais forte sobre o mais fraco,
sempre existiram crianças que usavam da sua força ou rebeldia para se
imporem, mas agora este fenómeno acabou por ganhar novas e maiores
dimensões. Os agressores que ameaçam as outras crianças podem ser
constituídos por um grupo, que se une com o intuito de agredir ou provocar,
mas também apenas por um indivíduo, independente do sexo, podendo ser
rapazes ou raparigas. Contudo, importa salientar que, por norma, as raparigas
praticam violência verbal e/ou social, como por exemplo, a exclusão do grupo e
nos rapazes é mais comum a violência física. Tal como afirmam Beatriz
Pereira, Marta Iossi Silva e Berta Nunes quanto ao sexo os meninos vitimizam
mais que as meninas e utilizam mais agressão física, com confronto físico e
verbal e comportamentos agressivos assumidos, sendo que as meninas
quando agressoras usam mais de agressão indirecta a exemplo de fofocas,
excluir outros do grupo, espalhar rumores e histórias humilhantes (Beatriz
Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA
ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev.
Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009).
4
Para ocorrer Bullying basta para tal haver uma intenção, cujo objectivo é
provocar o outro, causar mal-estar e ganhar um certo domínio sobre essa
pessoa, chegando mesmo a causar medo. Por norma, este comportamento
ocorre repetidamente, ao longo do tempo, sobre vítimas que são consideradas
alvos fáceis, desconhecendo-se as razões que podem levar ao seu fim. O
Bullying pode assumir diferentes formas, que se traduzem nos seguintes
comportamentos: violência e ataques físicos, insultos verbais, ameaças e
intimidações, extorsão ou roubo de dinheiro e pertences e exclusão do grupo
de colegas. A maioria das situações de intimidação ocorre em contexto escolar
(recreios, casas de banho, refeitórios e salas de aula) ou no percurso entre a
casa e a escola, onde não existe supervisão de um adulto, através da Internet
ou mesmo do telemóvel, frequentemente, a sala de aula também se torna um
espaço propenso ao Bullying.
É neste sentido, que urge a necessidade de serem tomadas medidas
que procurem colocar um fim a esta situação. Todos nós somos responsáveis
por proporcionar um ambiente seguro a todas as crianças, quer sejamos pais,
professores ou funcionários. A todos cabe o papel de impedir que
comportamentos violentos como o Bullying surjam no recinto escolar ou mesmo
fora dela e de consciencializar todas as crianças, de modo a que estas também
denunciem os possíveis agressores. Tal como ressaltam Beatriz Pereira, Marta
Iossi Silva, Berta Nunes a ocorrência de bullying na vida de crianças e jovens
contribui para o desenvolvimento de problemas físicos e emocionais,
destacando-se o stress, o risco de diminuir ou perder sua autoestima,
desenvolver ansiedade e depressão, se sentirem infelizes, e até mesmo em
casos mais severos desenvolverem a ideia de suicídio (Beatriz Pereira, Marta
Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de
um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ.,
Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009). Assim, é fundamental que os
pais, familiares e a escola estejam sensibilizados e aprofundem o seu
conhecimento acerca deste tema.
Num mundo ideal as crianças jamais seriam sujeitas a qualquer tipo de
sofrimento, porém esta não é a nossa realidade. São vários os perigos que as
rodeiam e nem sempre encontramos a melhor forma de agir ou reagimos
atempadamente.
5
Não existe uma razão específica que conduza ao Bullying, na sua
origem podem estar vários factores: físicos, sociais ou psicológicos. Os
agressores podem já ter sido vítimas de maus tratos e terem o mesmo
comportamento com outras crianças, pode ser a forma que encontram para
extravasar o que sentem, as suas emoções e frustrações, pode ter por base
diferenças sociais, entre outros aspectos. Os agressores não apresentam, um
único perfil, uns são violentos, abusam do poder sobre os pares pela força
enquanto que outros são manipuladores, sedutores até atingirem os seus
objectivos. Por isso quando se fala no perfil normalmente parece estar
associado a um sujeito com força física, encorpado e muitas vezes quando nos
confrontamos com as crianças verificamos que aparentam ser frágeis e
pequenas mesmo relativamente aos seus pares. Outros ainda há que são
pessoas muito agradáveis parecem preocupadas com os outros atenciosas e
são esses que manipulam os seus pares para atingirem os seus objectivos
como por exemplo extorquir dinheiro dos colegas não furtando (de forma
invisível) ou roubando (com recurso à força) mas pedindo dinheiro a troco de
atenção da sua amizade. Ainda neste sentido, o insucesso escolar parece estar
associado ao aumento percentual de crianças envolvidas com Bullying, sejam
enquanto agressoras ou vítimas (Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta
Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento
de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p.
455-466, set./dez. 2009). Por outro lado, no que respeita à vítima as suas
características são frequentemente as mesmas: normalmente têm uma baixa
auto-estima e uma fraca estrutura psicológica, têm também poucos amigos e
geralmente são pessoas socialmente isoladas. Estas não denunciam os seus
agressores porque acabam por ter medo de represálias, por nem sempre
compreenderem a gravidade da situação, por não saber como resolver o
problema e não terem em quem confiar e porque os adultos nem sempre
reagem de forma acertada, ignorando o que as crianças dizem ou não dando
importância. Contudo, se todos formos atentos e responsáveis, são vários os
sinais que estas crianças apresentam e que nos indicam que algo não está
bem, como por exemplo: ter um desinteresse súbito pela escola, ter um
desmazelo súbito com os trabalhos de casa, escolher um caminho diferente
para o percurso casa-escola, ter pesadelos e insónias durante a noite, voltar da
6
escola com arranhões inexplicáveis e a roupa rasgada ou sentirem-se
deprimidas e a falar em suicídio. As manifestações são diferentes de criança
para criança, podendo, nalguns casos, ser pouco visíveis ou mesmo passarem
despercebidas, sem que isso signifique menor gravidade. É inegável que os
fatores que desencadeiam a violência podem estar fora da escola, nos
problemas sociais e familiares de cada criança, mas também dentro da escola,
ou seja, nos espaços e materiais a que os alunos têm acesso. (Lourenço Lélio
Moura , Pereira Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A GESTÃO
EDUCACIONAL E O BULLYING: UM ESTUDO EM ESCOLAS
PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208-228 (2009))Para ajudar as vítimas de bullying
é imprescindível ser sensível para o facto de a vítima se sentir humilhada,
tentar saber o que aconteceu como, quando e porquê, não incitar a vítima a
retaliar, não pedir à vítima que ignore, comunicar a situação à escola e incluir a
vítima na tentativa de arranjar uma solução. De igual forma, deve-se procurar
sempre que o agressor seja castigado pelos seus actos, que não permaneça
impune e que beneficie de um acompanhamento psicológico. Na opinião de
Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva e Berta Nunes para prevenir e reduzir o
bullying devemos a longo prazo proceder à inclusão desta temática na
formação académica de profissionais de diferentes áreas a exemplo da
educação, saúde, assistência social, judiciário, segurança pública; ao
melhoramento na arquitectura e qualificação dos recreios exteriores. E a curto
médio prazo tratar desta questão o mais cedo possível junto ao contexto
educacional e comunitário, uma vez que devemos falar em prevenção de
bullying desde o jardim-de-infância; sensibilizar e formar docentes,
funcionários, pais ou encarregados de educação; melhorar os recreios;
oferecer desporto escolar e outras actividades de ocupação de tempos livre e
actividades nas paragens lectivas; sensibilizar/formar de médicos pediatras,
enfermeiros, psicólogos e outros profissionais identificados como fundamentais
para um trabalho interdisciplinar e intersectorial; sensibilizar os alunos para
este problema e criar um clima não favorável à ocorrência destas situações. O
efeito destas medidas não é imediato, mas será certamente duradoiro. Beatriz
Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA
ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev.
Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009).
7
Todos os profissionais envolvidos em contexto escolar, incluindo pais e
alunos devem estar conscientes sobre o que é o bullying e suas consequências
e estar capacitados para se aperceberem dos sinais que o denunciam e saber
agir, intervindo e prevenindo um futuro menos sorridente. O papel da escola é
de fundamental importância, devendo disponibilizar espaços para que as
crianças possam falar de suas emoções e sentimentos, que discutam, reflitam,
disponibilizem jogos e alternativas de lazer e interação social e encontrem
soluções para as diversas situações da vida. (Lourenço Lélio Moura , Pereira
Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A GESTÃO EDUCACIONAL E O
BULLYING: UM ESTUDO EM ESCOLAS PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208-
228 (2009))
8
Os diferentes tipos de bullying
 Verbal: insultar, ser sarcástico, lançar calúnias ou gozar com alguma
característica particular do outro (“gordo”, “caixa de óculos”,…)
 Físico: puxar, pontapear, bater, beliscar ou outro tipo de violência física
 Emocional: excluir, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar,
chantagear, ridicularizar, ignorar
 Racista: toda a ofensa que resulte da cor da pele, de diferenças
culturais, étnicas ou religiosas
 Cyberbullying: utilizar tecnologias de informação e comunicação
(internet ou telemóvel) para hostilizar, deliberada e repetidamente, uma
pessoa, com o intuito de a magoar
9
Casos reais – crianças vítimas de bullying por todo o mundo
Jeremy suicidou-se a 8 de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, numa
escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente de
30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos actos de
perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música
(Jeremy) interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense
Pearl Jam.
Em São Paulo, Brasil, uma menina foi espancada até desmaiar por colegas
que a perseguiam e em Porto Alegre um jovem foi morto com arma de fogo
durante um longo processo de bullying.
Carlos foi vítima de bullying por alguns colegas durante muito tempo, porque
não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de
homossexual nas aulas de educação física. Isso ofendia-o de sobremaneira,
levando-o a pensar em suicidar-se e matar muitos colegas na escola
Ana tem 14 anos e namora com João de 16. Gosta de enviar fotografias
"provocadoras" ao namorado e este guarda-as no computador. Hugo, de 18, é
amigo de João e utilizou o computador deste último. Descobriu as fotografias
de Ana e partilhou-as com colegas da escola. Ana e João de nada sabiam, mas
rapidamente se aperceberam da situação. Foi a vergonha para Ana. A sua vida
tornou-se num inferno, e afectou a família, que ponderou sair de Serpa. Hugo,
maior de idade, foi acusado de posse e distribuição de pornografia infantil. João
aguarda para saber se enfrentará problemas. Ana tenta ultrapassar a vergonha
e regressar à normalidade.
10
11
Mitos e Factos sobre o Bullying
Mito: “Bullying é apenas uma fase, uma parte normal da vida. Eu passei por
isto e meus filhos vão passar também.
Fato: Bullying não é um comportamento nem `normal` nem socialmente
aceitável. Na verdade, se aceitarmos este comportamento estamos a incentivá-
lo.
Mito: “Se eu contar a alguém, vai piorar.’
Fato: As pesquisas mostram que o bullying pára quando adultos com
autoridade e os colegas se envolvem.
Mito: “Reaja e devolva as ofensas ou pancadas.”
Fato: Embora haja algumas vezes em que as pessoas podem ser forçadas a se
defender, responder agressivamente pode reforçar o bullying e aumenta o risco
de sério dano físico.
Mito: “Bullying é um problema escolar, os professores é que devem tratar
disto.”
Fato: Bullying é um problema social mais amplo e que ocorre com frequência
fora das escolas, na rua, nos shoppings, na piscina, no desporto e no local de
trabalho dos adultos.
Mito: “As pessoas já nascem com apetência para o bullying.”
Fato: Bullying é um comportamento aprendido e comportamentos podem ser
mudados.
12
Conclusão
O Bullying traduz-se assim num comportamento consciente, por parte do
agressor, intencional, malicioso e repetido, cuja intenção é magoar o outro: a
vítima. É um fenómeno que recorre à violência, à agressão e que pode ocorrer
em idades diferentes e até em contextos diversos: Bullying escolar, assédio
sexual, ataques de gangue, violência no namoro, violência conjugal, abuso
infantil, assédio no local de trabalho e abuso de idosos.
O Bullying não é passageiro, não é de todo considerado normal ou
comum, é uma acção de provocação, é desagradável e magoa. Não é uma
provocação quando dois alunos da mesma idade ou tamanho se envolvem
numa discussão ou briga, é algo mais preocupante que isso e que pode ganhar
proporções imagináveis.
Prevenir atos de violência nas escolas, elucidar jovens e adultos e cuidar
dos que nos rodeiam é fundamental para pôr fim a um fenómenos que nunca
deveria ter existido e que está a provocar o caos nas escolas do mundo inteiro.
13
Bibliografia
 Pereira Beatriz, Silva Marta Iossi, Nunes Berta, DESCREVER O BULLYING
NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal,
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009)
 Carvalhosa Susana, Lima Luísa e Matos Margarida, Bullying – A
provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português, Análise
Psicológica (2001), pág. (s) 523-537
 Lourenço Lélio Moura, Pereira Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A
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PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208-228 (2009).

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Bullying liliana (1)

  • 2. 1 Introdução Este trabalho pretende dar a conhecer o que é o Bullying, de que forma este pode ser expresso, qual o perfil dos agressores, bem como, das vítima e explicar de que forma este ocorre em contexto escolar, procurando encontrar os factores que possam estar na sua origem. A razão pela qual abordo este tema, prende-se com o facto de este ser um tema actual, que desperta no ser humano vontade de agir/reagir, que necessita ser explorado e apresentado a todos de forma a consciencializar cada indivíduo do desenvolvimento deste fenómeno, para as suas consequências e para o perigo que o Bullying representa, quer para o presente das nossas crianças e jovens, como para o futuro de todos nós e da sociedade. Atualmente, as crianças passam grande parte do seu dia-a-dia na escola, junto com professores, funcionários e colegas. Envolvidos em aulas, em actividades de tempo livre, jogos e brincadeiras, as crianças vão construindo a sua identidade e adquirindo valores que os conduzirão ao longo da vida deles. No entanto, a escola sofreu uma grande evolução e tornou-se além de um lugar de partilha, um lugar de diferença: diferentes culturas, religiões, pensamentos, ideais e estilos de vida. Neste sentido, desenvolve-se um novo fenómeno nas escolas: o Bullying, ou seja, um acto de intimidação ou provocação de um grupo de pares dominante às outras crianças. O Bullying acaba por estar associado às desigualdades sociais, à diferença de oportunidades e ainda aos impactos psicológicos a que os jovens estão sujeitos, que os conduz a agir de determinada forma. Não é um fenómeno novo, mas está a deixar cada vez mais todos os agentes educativos preocupados e em alerta, até porque as consequências do Bullying podem ser nefastas. Como tal, é de ressaltar a necessidade urgente das escolas e todos os agentes educativos agirem e cumprirem o seu papel de prevenção e intervenção. Todos devem estar atentos aos sinais que estas crianças nos dão, sendo o medo de ir para a escola o mais visível. Ao procurarmos diminuir a violência vivida nas escolas, estaremos a contribuir para a diminuição da
  • 3. 2 criminalidade futura, porque uma criança agressora corre sérios riscos de se tornar um delinquente no futuro.
  • 4. 3 O Bullying na escola Todos os dias os canais de televisão apresentam notícias de bullying associadas ao ambiente escolar e às crianças que partilham desse espaço. Além do mais, muitas destas notícias têm um desfecho trágico e, muitas vezes, conduzem ao silêncio e posterior suicídio de uma criança vítima de bullying. Este fenómeno não é recente e tem tido sua constante presença nas escolas, contudo, agora é muito mais exteriorizado e mais frequente. Segundo Olweus o bullying ocorre quando um aluno está a ser provocado/vitimado, quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da parte de uma ou mais pessoas. Considera-se uma acção negativa quando alguém intencionalmente causa, ou tenta causar, danos ou mal-estar a outra pessoa. Esse repetido importunar pode ser físico, verbal, psicológico e/ou sexual (Susana Carvalhosa, Luísa Lima e Margarida de Matos, Bullying – A provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português, Análise Psicológica (2001), pág. (s) 523-537). Desde sempre existiu um predomínio do mais forte sobre o mais fraco, sempre existiram crianças que usavam da sua força ou rebeldia para se imporem, mas agora este fenómeno acabou por ganhar novas e maiores dimensões. Os agressores que ameaçam as outras crianças podem ser constituídos por um grupo, que se une com o intuito de agredir ou provocar, mas também apenas por um indivíduo, independente do sexo, podendo ser rapazes ou raparigas. Contudo, importa salientar que, por norma, as raparigas praticam violência verbal e/ou social, como por exemplo, a exclusão do grupo e nos rapazes é mais comum a violência física. Tal como afirmam Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva e Berta Nunes quanto ao sexo os meninos vitimizam mais que as meninas e utilizam mais agressão física, com confronto físico e verbal e comportamentos agressivos assumidos, sendo que as meninas quando agressoras usam mais de agressão indirecta a exemplo de fofocas, excluir outros do grupo, espalhar rumores e histórias humilhantes (Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009).
  • 5. 4 Para ocorrer Bullying basta para tal haver uma intenção, cujo objectivo é provocar o outro, causar mal-estar e ganhar um certo domínio sobre essa pessoa, chegando mesmo a causar medo. Por norma, este comportamento ocorre repetidamente, ao longo do tempo, sobre vítimas que são consideradas alvos fáceis, desconhecendo-se as razões que podem levar ao seu fim. O Bullying pode assumir diferentes formas, que se traduzem nos seguintes comportamentos: violência e ataques físicos, insultos verbais, ameaças e intimidações, extorsão ou roubo de dinheiro e pertences e exclusão do grupo de colegas. A maioria das situações de intimidação ocorre em contexto escolar (recreios, casas de banho, refeitórios e salas de aula) ou no percurso entre a casa e a escola, onde não existe supervisão de um adulto, através da Internet ou mesmo do telemóvel, frequentemente, a sala de aula também se torna um espaço propenso ao Bullying. É neste sentido, que urge a necessidade de serem tomadas medidas que procurem colocar um fim a esta situação. Todos nós somos responsáveis por proporcionar um ambiente seguro a todas as crianças, quer sejamos pais, professores ou funcionários. A todos cabe o papel de impedir que comportamentos violentos como o Bullying surjam no recinto escolar ou mesmo fora dela e de consciencializar todas as crianças, de modo a que estas também denunciem os possíveis agressores. Tal como ressaltam Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes a ocorrência de bullying na vida de crianças e jovens contribui para o desenvolvimento de problemas físicos e emocionais, destacando-se o stress, o risco de diminuir ou perder sua autoestima, desenvolver ansiedade e depressão, se sentirem infelizes, e até mesmo em casos mais severos desenvolverem a ideia de suicídio (Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009). Assim, é fundamental que os pais, familiares e a escola estejam sensibilizados e aprofundem o seu conhecimento acerca deste tema. Num mundo ideal as crianças jamais seriam sujeitas a qualquer tipo de sofrimento, porém esta não é a nossa realidade. São vários os perigos que as rodeiam e nem sempre encontramos a melhor forma de agir ou reagimos atempadamente.
  • 6. 5 Não existe uma razão específica que conduza ao Bullying, na sua origem podem estar vários factores: físicos, sociais ou psicológicos. Os agressores podem já ter sido vítimas de maus tratos e terem o mesmo comportamento com outras crianças, pode ser a forma que encontram para extravasar o que sentem, as suas emoções e frustrações, pode ter por base diferenças sociais, entre outros aspectos. Os agressores não apresentam, um único perfil, uns são violentos, abusam do poder sobre os pares pela força enquanto que outros são manipuladores, sedutores até atingirem os seus objectivos. Por isso quando se fala no perfil normalmente parece estar associado a um sujeito com força física, encorpado e muitas vezes quando nos confrontamos com as crianças verificamos que aparentam ser frágeis e pequenas mesmo relativamente aos seus pares. Outros ainda há que são pessoas muito agradáveis parecem preocupadas com os outros atenciosas e são esses que manipulam os seus pares para atingirem os seus objectivos como por exemplo extorquir dinheiro dos colegas não furtando (de forma invisível) ou roubando (com recurso à força) mas pedindo dinheiro a troco de atenção da sua amizade. Ainda neste sentido, o insucesso escolar parece estar associado ao aumento percentual de crianças envolvidas com Bullying, sejam enquanto agressoras ou vítimas (Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009). Por outro lado, no que respeita à vítima as suas características são frequentemente as mesmas: normalmente têm uma baixa auto-estima e uma fraca estrutura psicológica, têm também poucos amigos e geralmente são pessoas socialmente isoladas. Estas não denunciam os seus agressores porque acabam por ter medo de represálias, por nem sempre compreenderem a gravidade da situação, por não saber como resolver o problema e não terem em quem confiar e porque os adultos nem sempre reagem de forma acertada, ignorando o que as crianças dizem ou não dando importância. Contudo, se todos formos atentos e responsáveis, são vários os sinais que estas crianças apresentam e que nos indicam que algo não está bem, como por exemplo: ter um desinteresse súbito pela escola, ter um desmazelo súbito com os trabalhos de casa, escolher um caminho diferente para o percurso casa-escola, ter pesadelos e insónias durante a noite, voltar da
  • 7. 6 escola com arranhões inexplicáveis e a roupa rasgada ou sentirem-se deprimidas e a falar em suicídio. As manifestações são diferentes de criança para criança, podendo, nalguns casos, ser pouco visíveis ou mesmo passarem despercebidas, sem que isso signifique menor gravidade. É inegável que os fatores que desencadeiam a violência podem estar fora da escola, nos problemas sociais e familiares de cada criança, mas também dentro da escola, ou seja, nos espaços e materiais a que os alunos têm acesso. (Lourenço Lélio Moura , Pereira Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A GESTÃO EDUCACIONAL E O BULLYING: UM ESTUDO EM ESCOLAS PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208-228 (2009))Para ajudar as vítimas de bullying é imprescindível ser sensível para o facto de a vítima se sentir humilhada, tentar saber o que aconteceu como, quando e porquê, não incitar a vítima a retaliar, não pedir à vítima que ignore, comunicar a situação à escola e incluir a vítima na tentativa de arranjar uma solução. De igual forma, deve-se procurar sempre que o agressor seja castigado pelos seus actos, que não permaneça impune e que beneficie de um acompanhamento psicológico. Na opinião de Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva e Berta Nunes para prevenir e reduzir o bullying devemos a longo prazo proceder à inclusão desta temática na formação académica de profissionais de diferentes áreas a exemplo da educação, saúde, assistência social, judiciário, segurança pública; ao melhoramento na arquitectura e qualificação dos recreios exteriores. E a curto médio prazo tratar desta questão o mais cedo possível junto ao contexto educacional e comunitário, uma vez que devemos falar em prevenção de bullying desde o jardim-de-infância; sensibilizar e formar docentes, funcionários, pais ou encarregados de educação; melhorar os recreios; oferecer desporto escolar e outras actividades de ocupação de tempos livre e actividades nas paragens lectivas; sensibilizar/formar de médicos pediatras, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais identificados como fundamentais para um trabalho interdisciplinar e intersectorial; sensibilizar os alunos para este problema e criar um clima não favorável à ocorrência destas situações. O efeito destas medidas não é imediato, mas será certamente duradoiro. Beatriz Pereira, Marta Iossi Silva, Berta Nunes, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009).
  • 8. 7 Todos os profissionais envolvidos em contexto escolar, incluindo pais e alunos devem estar conscientes sobre o que é o bullying e suas consequências e estar capacitados para se aperceberem dos sinais que o denunciam e saber agir, intervindo e prevenindo um futuro menos sorridente. O papel da escola é de fundamental importância, devendo disponibilizar espaços para que as crianças possam falar de suas emoções e sentimentos, que discutam, reflitam, disponibilizem jogos e alternativas de lazer e interação social e encontrem soluções para as diversas situações da vida. (Lourenço Lélio Moura , Pereira Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A GESTÃO EDUCACIONAL E O BULLYING: UM ESTUDO EM ESCOLAS PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208- 228 (2009))
  • 9. 8 Os diferentes tipos de bullying  Verbal: insultar, ser sarcástico, lançar calúnias ou gozar com alguma característica particular do outro (“gordo”, “caixa de óculos”,…)  Físico: puxar, pontapear, bater, beliscar ou outro tipo de violência física  Emocional: excluir, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar, chantagear, ridicularizar, ignorar  Racista: toda a ofensa que resulte da cor da pele, de diferenças culturais, étnicas ou religiosas  Cyberbullying: utilizar tecnologias de informação e comunicação (internet ou telemóvel) para hostilizar, deliberada e repetidamente, uma pessoa, com o intuito de a magoar
  • 10. 9 Casos reais – crianças vítimas de bullying por todo o mundo Jeremy suicidou-se a 8 de janeiro de 1991, aos 15 anos de idade, numa escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente de 30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos actos de perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música (Jeremy) interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense Pearl Jam. Em São Paulo, Brasil, uma menina foi espancada até desmaiar por colegas que a perseguiam e em Porto Alegre um jovem foi morto com arma de fogo durante um longo processo de bullying. Carlos foi vítima de bullying por alguns colegas durante muito tempo, porque não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de homossexual nas aulas de educação física. Isso ofendia-o de sobremaneira, levando-o a pensar em suicidar-se e matar muitos colegas na escola Ana tem 14 anos e namora com João de 16. Gosta de enviar fotografias "provocadoras" ao namorado e este guarda-as no computador. Hugo, de 18, é amigo de João e utilizou o computador deste último. Descobriu as fotografias de Ana e partilhou-as com colegas da escola. Ana e João de nada sabiam, mas rapidamente se aperceberam da situação. Foi a vergonha para Ana. A sua vida tornou-se num inferno, e afectou a família, que ponderou sair de Serpa. Hugo, maior de idade, foi acusado de posse e distribuição de pornografia infantil. João aguarda para saber se enfrentará problemas. Ana tenta ultrapassar a vergonha e regressar à normalidade.
  • 11. 10
  • 12. 11 Mitos e Factos sobre o Bullying Mito: “Bullying é apenas uma fase, uma parte normal da vida. Eu passei por isto e meus filhos vão passar também. Fato: Bullying não é um comportamento nem `normal` nem socialmente aceitável. Na verdade, se aceitarmos este comportamento estamos a incentivá- lo. Mito: “Se eu contar a alguém, vai piorar.’ Fato: As pesquisas mostram que o bullying pára quando adultos com autoridade e os colegas se envolvem. Mito: “Reaja e devolva as ofensas ou pancadas.” Fato: Embora haja algumas vezes em que as pessoas podem ser forçadas a se defender, responder agressivamente pode reforçar o bullying e aumenta o risco de sério dano físico. Mito: “Bullying é um problema escolar, os professores é que devem tratar disto.” Fato: Bullying é um problema social mais amplo e que ocorre com frequência fora das escolas, na rua, nos shoppings, na piscina, no desporto e no local de trabalho dos adultos. Mito: “As pessoas já nascem com apetência para o bullying.” Fato: Bullying é um comportamento aprendido e comportamentos podem ser mudados.
  • 13. 12 Conclusão O Bullying traduz-se assim num comportamento consciente, por parte do agressor, intencional, malicioso e repetido, cuja intenção é magoar o outro: a vítima. É um fenómeno que recorre à violência, à agressão e que pode ocorrer em idades diferentes e até em contextos diversos: Bullying escolar, assédio sexual, ataques de gangue, violência no namoro, violência conjugal, abuso infantil, assédio no local de trabalho e abuso de idosos. O Bullying não é passageiro, não é de todo considerado normal ou comum, é uma acção de provocação, é desagradável e magoa. Não é uma provocação quando dois alunos da mesma idade ou tamanho se envolvem numa discussão ou briga, é algo mais preocupante que isso e que pode ganhar proporções imagináveis. Prevenir atos de violência nas escolas, elucidar jovens e adultos e cuidar dos que nos rodeiam é fundamental para pôr fim a um fenómenos que nunca deveria ter existido e que está a provocar o caos nas escolas do mundo inteiro.
  • 14. 13 Bibliografia  Pereira Beatriz, Silva Marta Iossi, Nunes Berta, DESCREVER O BULLYING NA ESCOLA: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal, Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 455-466, set./dez. 2009)  Carvalhosa Susana, Lima Luísa e Matos Margarida, Bullying – A provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português, Análise Psicológica (2001), pág. (s) 523-537  Lourenço Lélio Moura, Pereira Beatriz, Paiva Débora Pereira, Gebara Carla. A GESTÃO EDUCACIONAL E O BULLYING: UM ESTUDO EM ESCOLAS PORTUGUESAS, no. 13, pp. 208-228 (2009).