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Avaliando o efeito contágio
entre economias durante
crises financeiras
FERNANDA PEROBELLI, TATIANA VIDAL E JOSÉ ROBERTO SECURATO
REVISTA DE ESTUDOS ECONÔMICOS – 2013
SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM FINANÇAS – LÍVIA BOTELHO LINHARES
INTRODUÇÃO
• Com a intensificação das relações entre países, desequilíbrios iniciados em um país
são rapidamente transmitidos para a economia de outros, muitas vezes de forma
intensa e imprevisível. Essa situação pode ser caracterizada como crise financeira.
• Vasta literatura sobre causas e efeitos, assim como estudos que propõem formas
de prevê-las.
• Apesar de acontecer em épocas diferentes e sobre ativos diferentes, os
fundamentos das crises se repetem.
• Por exemplo, geralmente acontecem após períodos de amplo desenvolvimento
econômico, abundância de crédito e expectativas de retornos anormais infinitos.
INTRODUÇÃO
• Economias apresentam uma síndrome que faz com que o ciclo de crises financeiras
nunca tenha um fim – síndrome do “desta vez é diferente”.
• É a crença convicta de que as crises financeiras são coisas que acontecem com
outras pessoas, em outros países e em outras épocas.
• Essa crença existe porque as pessoas acham que lições já foram aprendidas com
crises passadas, novos métodos de avaliação de ativos são mais rigorosos e não
apresentam os problemas anteriores, as inovações tecnológicas e as políticas
públicas são infalíveis.
• Historicamente, momentos que antecedem crises financeiras são semelhantes.
INTRODUÇÃO
• Pesquisas teóricas são focadas no entendimento acerca das possíveis causas das
crises recentes, assim como seu timing e sua forma de propagação.
• Pesquisas empíricas o objetivo tem sido levantar indicadores que possam
evidenciar a eminência de uma crise, para então buscar maneiras de prevenir ou
responder eficientemente a futuras crises.
• Ponto de concordância na literatura: a integração dos mercados fez com que os
choques se propagassem mais rapidamente pelos canais de transmissão.
• Tem havido propagação de turbulências financeiras entre países geograficamente
distantes, com diferentes estruturas financeiras e sem ligações econômicas
significantes. (Pericoli e Sbracia, 2013)
INTRODUÇÃO
• Questões que tem motivados estudos:
 Quais são os canais de transmissão das crises financeiras?
 Devem os investidores e gestores de políticas econômicas preocuparem-se com o
aumento dos comovimentos de preços entre países?
• O advento de uma crise em determinado país pode levar investidores a reestruturarem
seus portfólios, reconsiderando seus investimentos em diversos mercados, sem levar
em conta nem mesmo as diferenças existentes entre os fundamentos
macroeconômicos desses mercados. (Dornbusch, Park e Claessens, 2000)
• Isso dá origem ao “efeito contágio”, causado por pânicos financeiros, comportamentos
de efeito manada, pera de confiança, aumento da aversão ao risco, etc.
• Crises da década de 90 dificilmente conseguem ser explicadas por mudanças nos
fundamentos macroeconômicos.
INTRODUÇÃO
• Existe uma integração pré-existente entre econômicas dos países. Durante períodos de
turbulência financeira, essa relação apresenta uma tendência a se mostrar mais intensa.
(Forbes e Rigobon, 2002)
• Essa intensidade pode ser suficiente para promover quebras na estrutura previamente
existente de transmissão de choques.
• Quando isso acontece, o episódio é caracterizado como efeito contágio, ou seja, choques
de uma economia contagiaram a economia de outro país, independente da situação dos
fundamentos macroeconômicos dos dois países.
• Por outro lado, quando há um aumento normal na intensidade das relações, o episódio
pode ser classificado como interdependência, oriunda das relações econômicas
preexistentes entre países.
• Caso os choques transmitidos não sejam intensos o suficiente para promover esta mudança
na interrelação entre as economias, diz-se que o cenário de interdependência foi mantido.
INTRODUÇÃO
• Com aumento da integração entre economias, espera-se que, para constituir
contágio, sejam necessárias turbulências cada vez mais severas, capazes de
ocasionar quebras estruturais.
• Principal relevância dos testes de efeito contágio: a partir do entendimento do
fenômeno, antever impactos de turbulências entre economias diversas, no
intuito de, através de modelos robustos, antecipar intervenções político-
econômicas e tornar os impactos de choques internacionais os mínimos
possíveis.
• Outro ponto importante desse tipo de estudo: avaliação de seu impacto nas
decisões de investimento em carteiras diversificadas.
INTRODUÇÃO
• O único componente de risco a que o investidor deveria se submeter, seria o risco
sistêmico, ou seja, o risco advindo do sistema econômico a que os ativos estão
submetidos, capaz de causar uma resposta comum nos retornos dos ativos.
• Considerando a possibilidade de investimento entre países, montar uma carteira
com ativos de países diferentes seria beneficiar-se da redução do risco próprio
também das economias às quais os ativos pertençam, restando apenas o risco
sistêmico (respostas de cada país a movimentos globais).
• Mas, caso haja disseminação da crise, espera-se uma redução na razão entre risco
próprio de países que estejam enfrentando crise e risco sistêmico.
• Nesse caso, a redução do risco próprio da carteira através de sua composição com
ativos de diferentes países não seria mais tão significante justamente quando suas
propriedades são mais necessárias: em momentos de crise.
INTRODUÇÃO
• O principal objetivo do trabalho é identificar indícios de efeito contágio nos
mercados de capitais mais representativos do mundo, utilizando a metodologia
sugerida por Corsetti, Percoli e Sbracia (2005).
• A partir de críticas ao trabalho de Forbes e Rigobon (2002), os autores propõem
uma metodologia alternativa, que afirmam não ser enviesada por considerar a
variância dos retornos oriunda dos fatores específicos do país de origem da crise,
quando comparada à variância oriunda do fator sistêmico.
• O efeito contágio será testado empiricamente, considerando os principais
momentos de turbulências internacionais desde 1990 até a primeira década do
século XXI.
INTRODUÇÃO
• Importância do artigo: ampliou a amostra em relação a CPS (2005), que se limitou
à crise asiática.
• Essa ampliação é importante devido à particularidade de cada crise financeira,
como a situação dos fundamentos macroeconômicos, intensidade, rapidez e canais
de transmissão dos choques do país de origem das crises em relação ao resto do
mundo.
• Objetivo secundário: comparar resultados obtidos usando a metodologia de CPS
(2005) com os resultados, supostamente enviesados, da metodologia de FR
(2002), para evidenciar o comportamento heterocedástico das variâncias dos
riscos próprios e sistêmicos nos testes empregados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
• r: retorno dos países i e j;
• α: constantes e representam o retorno autônomo (livre de risco);
• γ: cargas fatoriais (sensibilidades) dos países a um fator de risco comum/sistêmico;
• f: fator de risco comum/sistêmico entre todos países da economia global;
• ε: termos aleatórios ou componentes idiossincráticos dos retornos (riscos próprios
de cada país).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Forbes e Rigobon (2002)
• Utilizar apenas o aumento da correlação entre os países como variável indicativa
do contágio pode levar a conclusões errôneas, sendo importante considerar que
existe uma influência esperada no aumento da variância do retorno do país de
origem da crise na correlação deste com outros país, de modo a aumentá-la.
• Entretanto, consideram que a variância que pode influenciar a correlação entre
retornos dos países é advinda do fator sistêmico, ou comum, uma vez que eles
assumem como premissa que a variância advinda de fatores próprios do país é
homocedástica ou constante, conforme as equações:
 E(εt) = 0
 E(εt²) = c < ∞
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Forbes e Rigobon (2002)
• Para eliminas o viés de heterocedasticidade da variância dos retornos advinda do
fator comum e ajustar o coeficiente de correlação à variância dos retornos do país
da crise, e considerando a inexistência de endogeneidade e variáveis omissas,
sugerem o cálculo de um coeficiente de correlação condicional, que leva em
consideração o aumento da variância dos retornos do país de origem da crise,
durante o período de turbulência.
• Este coeficiente é ajustado ao aumento da variância dos retornos do país de
origem da crise (δ).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Forbes e Rigobon (2002)
• ρaj é o coeficiente de correlação condicional;
• ρ* é o coeficiente de correlação não condicional ao aumento de variância dos
retornos do país j, dada uma crise, ou seja, a correlação observada;
• δ é o aumento da variância dos retornos no país de origem da crise.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Forbes e Rigobon (2002)
• Apenas o aumento de ρaj do período de crise, relativamente ao ρaj de todo
período , constituiria contágio.
• Teste de hipótese
 H0: Não há contágio, há interdependência.
 H1: Há contágio.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005)
• Reconhecem a contribuição de FR (2002) ao considerar o viés trazido pela
heterocedasticidade dos retornos, que favorece a aceitação do efeito contágio.
• Mas considerar a componente de variância própria do retorno do país j como
homocedástica ou constante pode ser tendencial a aceitar a hipótese nula de
interdependência.
• Eles consideram que a variância do componente próprio do país i, influenciado pela
crise, deve ser constante entre os regimes, uma vez que os choques são transmitidos
sistematicamente.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005)
• Criam um índice de interdependência, ou seja, uma medida teórica da
interdependência, que leva em conta a razão existente entre a variância do fator
específico do país (ε), e o fator comum (f) para períodos de tranquilidade (λT) e crise
(λC), do aumento da variância dos retornos do país de origem da crise (δ) e da
correlação observada no período de tranquilidade (ρT).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005)
• Coeficiente de correlação entre ri e rj durante a crise = ρC.
• Medida teórica da interdependência φ.
• Se γi e γj não se alteram durante a crise, ρC e φ irão se coincidir.
• Mas se houver contágio na forma de um aumento da magnitude das cargas fatoriais,
ρC será maior do que φ.
• Teste de hipótese
 H0: Não há contágio
 H1: Há contágio
METODOLOGIA
• Turbulências analisadas: Crise da Ásia (1997-1998), Crise da Rússia (1998), Crise
Brasileira (1999), Bolha da Internet (2000), Crise Argentina (2001), Ataque Terrorista
de 11 de Setembro (2001), Crise Brasileira (2002) e Crise do Subprime (2007-2008).
• Dados obtidos na base da Bloomberg.
• Período amostral é de 01/06/1996 (início do período de tranquilidade da crise da
Ásia) a 17/03/2009 (final do período incial da crise Subprime).
• Amostra compreende valores diários dos índices das bolsas transformados em
retornos logarítmicos, utilizando a média móvel de dois dias, com intuito de captar
diferenças de fuso horário.
METODOLOGIA
• A técnica de Análise Fatorial foi utilizada para estimar o fator de risco sistêmico
(score fatorial) que representa a componente comum dos retornos dos países da
amostra.
• As cargas fatoriais de cada país nesse score foram tomadas como a sensibilidade de
cada país ao fator comum (γ).
• Para a etapa de extração de fatores foi utilizado o método de Análise dos
Componentes Principais, sendo o número de fatores escolhido a priori.
• A rotação de vetores foi realizada pelo método Varimax.
METODOLOGIA
• Foi escolhido o retorno nominal do principal índice da bolsa de valores de cada país
como representativo do retorno financeiro da economia daquele país.
• O trabalho de CPS (2005) mostrou que não há diferenças significativas entre os
testes utilizando índices dolarizados e em moedas locais, uma vez que eram
utilizados os retornos logaritmos deles.
• O artigo utiliza o retorno dos índices em moeda local e realiza teste de robustez
com índices dolarizados.
METODOLOGIA
• Critérios para compor a amostra do estudo:
1. Média do volume de negócios na principal bolsa de valores do país entre
01/01/2009 e 17/08/2010;
2. Origem das crises financeiras a serem estudadas;
3. Importância econômica dos países no cenário internacional;
4. Adequação dos dados à técnica estatística a ser aplicada;
5. Participação efetiva na composição do fator de risco sistêmico.
• Optou-se pela escolhe máxima de cinco países por continente, visando captar
indícios de contágio em todas regiões do mundo, não se limitando a efeitos de
determinada região ou determinado bloco.
METODOLOGIA
• As datas de início das crises foram escolhidas de acordo com a primeira queda do
índice das bolsas de valores dos países e suportada ela literatura.
• Se houver eventos pontuais não relacionados ao mercado de capitais (ex:
moratórias, abandono do sistema cambial), considerou o início a data da primeira
queda do índice de mercado de capitais mais próximo ao período indicado pela
mídia como turbulência, visto que esse eventos são considerados como
consequências de crises iniciadas anteriormente.
• As datas dos eventos pontuais foram utilizadas para realizar o teste de robustez dos
resultados.
• Data de fim da crise foi baseada na literatura existente e na recuperação do nível
do índice à estabilidade.
RESULTADOS
• O teste de Forbes e Rigobon (2002) não trouxe nenhuma evidência de contágio
decorrente de nenhuma das oito crises analisadas.
• A metodologia de Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005) trouxe indícios de oito casos de
contágio durante a Crise Asiática, seis após o ataque terrorista de 11 de setembro
de 2001, quatro durante a crise brasileira de 1999, três durante a bolha da Internet
de 2000 e dois durante a crise do Subprime.
• Para as crises russa, argentina e brasileira de 2002 não houve indícios de efeito
contágio.
RESULTADOS
• Em comparação com as outras crises, a crise asiática é o principal exemplo de efeito
contágio estudado.
• Isso deve ser ponderado pelo momento vivenciado pela economia internacional.
• A correlação entre os países na época era baixa durante o período de tranquilidade,
uma vez que muitos deles ainda não apresentavam uma abertura econômica
significativa.
• Os modelos que avaliavam os riscos dos investimentos eram simplórios e timidamente
utilizados.
• O desenvolvimento das instituições privadas asiáticas deu-se, principalmente, através
de investimentos estrangeiros, intensificando assim as relações internacionais da Ásia
com o resto do mundo e aumentando a vulnerabilidade dos países frente à criação de
um relevante canal de transmissão de choques.
RESULTADOS
• Com exceção de Canadá, Espanha e França, os países contagiados pela crise
asiática foram países emergentes.
• A crise russa de 1998, e a crise brasileira de 1999 são vistas como
consequências da crise asiática, uma vez que, após a crise de confiança instalada
na Ásia, os investidores internacionais passaram a rever suas posições em outros
países emergentes e a restringir crédito a economias que eram vistas como
semelhantes em risco.
• Esse contexto justifica a falta de indícios de efeito contágio da crise russa de
1998.
• As crises asiática e russa contribuíram para acelerar a desvalorização do câmbio
brasileiro, ocasionando queda no preço das commodities e redução do crédito
externo.
RESULTADOS
• O país tentou manter o regime de câmbio vigente e os juros altos, atrativos para
os investidores estrangeiros, às custas do aumento da dívida externa e
privatizações, tornando suas relações internacionais vulneráveis.
• Estas iniciativas brasileiras, associadas aos eventos do Apagão Elétrico e
superávit comercial brasileiro nas relações comerciais com a Argentina,
tornaram insustentável a manutenção do regime argentino de paridade com o
dólar, levando à desvalorização do câmbio desse país, assim como ao decreto de
moratória da dívida externa, culminando na crise argentina de 2001.
• Já a crise brasileira de 2002 apresentou características estritamente
particulares, justificando a não existência de indícios de efeito contágio.
RESULTADOS
• Resultado inesperado: a crise do Subprime de 2007, originada nos Estados
Unidos, apresentou indícios de contágio apenas no Brasil e Canadá.
• Em todos os outros países da amostra, a estrutura de transmissão de choques
manteve-se constante e o aumento nas correlações manteve-se em um intervalo
esperado.
TESTE DE ROBUSTEZ
• A escolha dos períodos de tranquilidade e crise e a sobreposição de datas podem impactar os
resultados.
• As principais discrepâncias estão na crise da Ásia, em que o teste de robustez para a
metodologia de CPS (2005) não indicou efeito contágio para Canadá e Chile;
• Na crise brasileira de 1999, em que o teste de robustez indicou efeito contágio apenas entre
Brasil e Argentina;
• Na bolha da Internet, cujo teste de robustez para FR (2002) indicou efeito contágio para a
Argentina;
• No ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 o teste de robustez não indicou efeito contágio
para o Brasil e para o Chile;
• Na crise brasileira de 2002, o teste de robustez indicou efeito contágio para a África do Sul.
CONCLUSÃO
• A crise asiática foi a mais contagiosa, devido ao momento internacional à época. As
economias não estavam tão integradas como atualmente e as turbulências financeiras
fizeram com que novas ferramentas que visam à redução da vulnerabilidade financeira
e internacional fossem criadas.
• Ao longo do tempo, apesar da severidade das turbulências, essas se tornaram menos
contagiosas, como no caso dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e do
Subprime de 2007.
• Quando os eventos financeiros foram originados em países desenvolvidos, como os
Estados Unidos, as crises apresentaram indícios de contágio, como no caso da Bolha da
Internet de 2000, ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e crise do Subprime
de 2007.
CONCLUSÃO
• No caso de crises originadas em países subdesenvolvidos, apenas a crise da Ásia
de 1997 e a crise brasileira de 1999 contagiaram outros países
• Episódios como a crise da Rússia de 1998, a crise argentina de 2001 e a crise
brasileira de 2002 não apresentatam indícios de efeito contágio porque esses
eventos são consequências profundas de turbulências anteriores que
desencadearam crises nesses países.
CONCLUSÃO
• Pontos fortes:
 Considera as particularidades de cada crise e analisa oito diferentes;
 Utiliza duas metodologias diferentes, o que permite também conclusões acerca
da eficiência delas.
• Pontos fracos:
 Falta de métodos científicos para identificar canais de transmissão dos choques;
 Utiliza a correlação como proxy, e não captura o comportamento da volatilidade
e sua direção internacional.
• Mensagem para praticantes do mercados e criadores de políticas financeiras: não
subestimar a possibilidade de crise e, quando houver algum evento preocupante
em qualquer país que seja, observar a comovimentação dos mercados para se
antecipar.

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  • 1. Avaliando o efeito contágio entre economias durante crises financeiras FERNANDA PEROBELLI, TATIANA VIDAL E JOSÉ ROBERTO SECURATO REVISTA DE ESTUDOS ECONÔMICOS – 2013 SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM FINANÇAS – LÍVIA BOTELHO LINHARES
  • 2. INTRODUÇÃO • Com a intensificação das relações entre países, desequilíbrios iniciados em um país são rapidamente transmitidos para a economia de outros, muitas vezes de forma intensa e imprevisível. Essa situação pode ser caracterizada como crise financeira. • Vasta literatura sobre causas e efeitos, assim como estudos que propõem formas de prevê-las. • Apesar de acontecer em épocas diferentes e sobre ativos diferentes, os fundamentos das crises se repetem. • Por exemplo, geralmente acontecem após períodos de amplo desenvolvimento econômico, abundância de crédito e expectativas de retornos anormais infinitos.
  • 3. INTRODUÇÃO • Economias apresentam uma síndrome que faz com que o ciclo de crises financeiras nunca tenha um fim – síndrome do “desta vez é diferente”. • É a crença convicta de que as crises financeiras são coisas que acontecem com outras pessoas, em outros países e em outras épocas. • Essa crença existe porque as pessoas acham que lições já foram aprendidas com crises passadas, novos métodos de avaliação de ativos são mais rigorosos e não apresentam os problemas anteriores, as inovações tecnológicas e as políticas públicas são infalíveis. • Historicamente, momentos que antecedem crises financeiras são semelhantes.
  • 4. INTRODUÇÃO • Pesquisas teóricas são focadas no entendimento acerca das possíveis causas das crises recentes, assim como seu timing e sua forma de propagação. • Pesquisas empíricas o objetivo tem sido levantar indicadores que possam evidenciar a eminência de uma crise, para então buscar maneiras de prevenir ou responder eficientemente a futuras crises. • Ponto de concordância na literatura: a integração dos mercados fez com que os choques se propagassem mais rapidamente pelos canais de transmissão. • Tem havido propagação de turbulências financeiras entre países geograficamente distantes, com diferentes estruturas financeiras e sem ligações econômicas significantes. (Pericoli e Sbracia, 2013)
  • 5. INTRODUÇÃO • Questões que tem motivados estudos:  Quais são os canais de transmissão das crises financeiras?  Devem os investidores e gestores de políticas econômicas preocuparem-se com o aumento dos comovimentos de preços entre países? • O advento de uma crise em determinado país pode levar investidores a reestruturarem seus portfólios, reconsiderando seus investimentos em diversos mercados, sem levar em conta nem mesmo as diferenças existentes entre os fundamentos macroeconômicos desses mercados. (Dornbusch, Park e Claessens, 2000) • Isso dá origem ao “efeito contágio”, causado por pânicos financeiros, comportamentos de efeito manada, pera de confiança, aumento da aversão ao risco, etc. • Crises da década de 90 dificilmente conseguem ser explicadas por mudanças nos fundamentos macroeconômicos.
  • 6. INTRODUÇÃO • Existe uma integração pré-existente entre econômicas dos países. Durante períodos de turbulência financeira, essa relação apresenta uma tendência a se mostrar mais intensa. (Forbes e Rigobon, 2002) • Essa intensidade pode ser suficiente para promover quebras na estrutura previamente existente de transmissão de choques. • Quando isso acontece, o episódio é caracterizado como efeito contágio, ou seja, choques de uma economia contagiaram a economia de outro país, independente da situação dos fundamentos macroeconômicos dos dois países. • Por outro lado, quando há um aumento normal na intensidade das relações, o episódio pode ser classificado como interdependência, oriunda das relações econômicas preexistentes entre países. • Caso os choques transmitidos não sejam intensos o suficiente para promover esta mudança na interrelação entre as economias, diz-se que o cenário de interdependência foi mantido.
  • 7. INTRODUÇÃO • Com aumento da integração entre economias, espera-se que, para constituir contágio, sejam necessárias turbulências cada vez mais severas, capazes de ocasionar quebras estruturais. • Principal relevância dos testes de efeito contágio: a partir do entendimento do fenômeno, antever impactos de turbulências entre economias diversas, no intuito de, através de modelos robustos, antecipar intervenções político- econômicas e tornar os impactos de choques internacionais os mínimos possíveis. • Outro ponto importante desse tipo de estudo: avaliação de seu impacto nas decisões de investimento em carteiras diversificadas.
  • 8. INTRODUÇÃO • O único componente de risco a que o investidor deveria se submeter, seria o risco sistêmico, ou seja, o risco advindo do sistema econômico a que os ativos estão submetidos, capaz de causar uma resposta comum nos retornos dos ativos. • Considerando a possibilidade de investimento entre países, montar uma carteira com ativos de países diferentes seria beneficiar-se da redução do risco próprio também das economias às quais os ativos pertençam, restando apenas o risco sistêmico (respostas de cada país a movimentos globais). • Mas, caso haja disseminação da crise, espera-se uma redução na razão entre risco próprio de países que estejam enfrentando crise e risco sistêmico. • Nesse caso, a redução do risco próprio da carteira através de sua composição com ativos de diferentes países não seria mais tão significante justamente quando suas propriedades são mais necessárias: em momentos de crise.
  • 9. INTRODUÇÃO • O principal objetivo do trabalho é identificar indícios de efeito contágio nos mercados de capitais mais representativos do mundo, utilizando a metodologia sugerida por Corsetti, Percoli e Sbracia (2005). • A partir de críticas ao trabalho de Forbes e Rigobon (2002), os autores propõem uma metodologia alternativa, que afirmam não ser enviesada por considerar a variância dos retornos oriunda dos fatores específicos do país de origem da crise, quando comparada à variância oriunda do fator sistêmico. • O efeito contágio será testado empiricamente, considerando os principais momentos de turbulências internacionais desde 1990 até a primeira década do século XXI.
  • 10. INTRODUÇÃO • Importância do artigo: ampliou a amostra em relação a CPS (2005), que se limitou à crise asiática. • Essa ampliação é importante devido à particularidade de cada crise financeira, como a situação dos fundamentos macroeconômicos, intensidade, rapidez e canais de transmissão dos choques do país de origem das crises em relação ao resto do mundo. • Objetivo secundário: comparar resultados obtidos usando a metodologia de CPS (2005) com os resultados, supostamente enviesados, da metodologia de FR (2002), para evidenciar o comportamento heterocedástico das variâncias dos riscos próprios e sistêmicos nos testes empregados.
  • 11. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA • r: retorno dos países i e j; • α: constantes e representam o retorno autônomo (livre de risco); • γ: cargas fatoriais (sensibilidades) dos países a um fator de risco comum/sistêmico; • f: fator de risco comum/sistêmico entre todos países da economia global; • ε: termos aleatórios ou componentes idiossincráticos dos retornos (riscos próprios de cada país).
  • 12. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Forbes e Rigobon (2002) • Utilizar apenas o aumento da correlação entre os países como variável indicativa do contágio pode levar a conclusões errôneas, sendo importante considerar que existe uma influência esperada no aumento da variância do retorno do país de origem da crise na correlação deste com outros país, de modo a aumentá-la. • Entretanto, consideram que a variância que pode influenciar a correlação entre retornos dos países é advinda do fator sistêmico, ou comum, uma vez que eles assumem como premissa que a variância advinda de fatores próprios do país é homocedástica ou constante, conforme as equações:  E(εt) = 0  E(εt²) = c < ∞
  • 13. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Forbes e Rigobon (2002) • Para eliminas o viés de heterocedasticidade da variância dos retornos advinda do fator comum e ajustar o coeficiente de correlação à variância dos retornos do país da crise, e considerando a inexistência de endogeneidade e variáveis omissas, sugerem o cálculo de um coeficiente de correlação condicional, que leva em consideração o aumento da variância dos retornos do país de origem da crise, durante o período de turbulência. • Este coeficiente é ajustado ao aumento da variância dos retornos do país de origem da crise (δ).
  • 14. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Forbes e Rigobon (2002) • ρaj é o coeficiente de correlação condicional; • ρ* é o coeficiente de correlação não condicional ao aumento de variância dos retornos do país j, dada uma crise, ou seja, a correlação observada; • δ é o aumento da variância dos retornos no país de origem da crise.
  • 15. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Forbes e Rigobon (2002) • Apenas o aumento de ρaj do período de crise, relativamente ao ρaj de todo período , constituiria contágio. • Teste de hipótese  H0: Não há contágio, há interdependência.  H1: Há contágio.
  • 16. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005) • Reconhecem a contribuição de FR (2002) ao considerar o viés trazido pela heterocedasticidade dos retornos, que favorece a aceitação do efeito contágio. • Mas considerar a componente de variância própria do retorno do país j como homocedástica ou constante pode ser tendencial a aceitar a hipótese nula de interdependência. • Eles consideram que a variância do componente próprio do país i, influenciado pela crise, deve ser constante entre os regimes, uma vez que os choques são transmitidos sistematicamente.
  • 17. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005) • Criam um índice de interdependência, ou seja, uma medida teórica da interdependência, que leva em conta a razão existente entre a variância do fator específico do país (ε), e o fator comum (f) para períodos de tranquilidade (λT) e crise (λC), do aumento da variância dos retornos do país de origem da crise (δ) e da correlação observada no período de tranquilidade (ρT).
  • 18. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005) • Coeficiente de correlação entre ri e rj durante a crise = ρC. • Medida teórica da interdependência φ. • Se γi e γj não se alteram durante a crise, ρC e φ irão se coincidir. • Mas se houver contágio na forma de um aumento da magnitude das cargas fatoriais, ρC será maior do que φ. • Teste de hipótese  H0: Não há contágio  H1: Há contágio
  • 19. METODOLOGIA • Turbulências analisadas: Crise da Ásia (1997-1998), Crise da Rússia (1998), Crise Brasileira (1999), Bolha da Internet (2000), Crise Argentina (2001), Ataque Terrorista de 11 de Setembro (2001), Crise Brasileira (2002) e Crise do Subprime (2007-2008). • Dados obtidos na base da Bloomberg. • Período amostral é de 01/06/1996 (início do período de tranquilidade da crise da Ásia) a 17/03/2009 (final do período incial da crise Subprime). • Amostra compreende valores diários dos índices das bolsas transformados em retornos logarítmicos, utilizando a média móvel de dois dias, com intuito de captar diferenças de fuso horário.
  • 20. METODOLOGIA • A técnica de Análise Fatorial foi utilizada para estimar o fator de risco sistêmico (score fatorial) que representa a componente comum dos retornos dos países da amostra. • As cargas fatoriais de cada país nesse score foram tomadas como a sensibilidade de cada país ao fator comum (γ). • Para a etapa de extração de fatores foi utilizado o método de Análise dos Componentes Principais, sendo o número de fatores escolhido a priori. • A rotação de vetores foi realizada pelo método Varimax.
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  • 22. METODOLOGIA • Foi escolhido o retorno nominal do principal índice da bolsa de valores de cada país como representativo do retorno financeiro da economia daquele país. • O trabalho de CPS (2005) mostrou que não há diferenças significativas entre os testes utilizando índices dolarizados e em moedas locais, uma vez que eram utilizados os retornos logaritmos deles. • O artigo utiliza o retorno dos índices em moeda local e realiza teste de robustez com índices dolarizados.
  • 23. METODOLOGIA • Critérios para compor a amostra do estudo: 1. Média do volume de negócios na principal bolsa de valores do país entre 01/01/2009 e 17/08/2010; 2. Origem das crises financeiras a serem estudadas; 3. Importância econômica dos países no cenário internacional; 4. Adequação dos dados à técnica estatística a ser aplicada; 5. Participação efetiva na composição do fator de risco sistêmico. • Optou-se pela escolhe máxima de cinco países por continente, visando captar indícios de contágio em todas regiões do mundo, não se limitando a efeitos de determinada região ou determinado bloco.
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  • 25. METODOLOGIA • As datas de início das crises foram escolhidas de acordo com a primeira queda do índice das bolsas de valores dos países e suportada ela literatura. • Se houver eventos pontuais não relacionados ao mercado de capitais (ex: moratórias, abandono do sistema cambial), considerou o início a data da primeira queda do índice de mercado de capitais mais próximo ao período indicado pela mídia como turbulência, visto que esse eventos são considerados como consequências de crises iniciadas anteriormente. • As datas dos eventos pontuais foram utilizadas para realizar o teste de robustez dos resultados. • Data de fim da crise foi baseada na literatura existente e na recuperação do nível do índice à estabilidade.
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  • 28. RESULTADOS • O teste de Forbes e Rigobon (2002) não trouxe nenhuma evidência de contágio decorrente de nenhuma das oito crises analisadas. • A metodologia de Corsetti, Pericoli e Sbracia (2005) trouxe indícios de oito casos de contágio durante a Crise Asiática, seis após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, quatro durante a crise brasileira de 1999, três durante a bolha da Internet de 2000 e dois durante a crise do Subprime. • Para as crises russa, argentina e brasileira de 2002 não houve indícios de efeito contágio.
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  • 38. RESULTADOS • Em comparação com as outras crises, a crise asiática é o principal exemplo de efeito contágio estudado. • Isso deve ser ponderado pelo momento vivenciado pela economia internacional. • A correlação entre os países na época era baixa durante o período de tranquilidade, uma vez que muitos deles ainda não apresentavam uma abertura econômica significativa. • Os modelos que avaliavam os riscos dos investimentos eram simplórios e timidamente utilizados. • O desenvolvimento das instituições privadas asiáticas deu-se, principalmente, através de investimentos estrangeiros, intensificando assim as relações internacionais da Ásia com o resto do mundo e aumentando a vulnerabilidade dos países frente à criação de um relevante canal de transmissão de choques.
  • 39. RESULTADOS • Com exceção de Canadá, Espanha e França, os países contagiados pela crise asiática foram países emergentes. • A crise russa de 1998, e a crise brasileira de 1999 são vistas como consequências da crise asiática, uma vez que, após a crise de confiança instalada na Ásia, os investidores internacionais passaram a rever suas posições em outros países emergentes e a restringir crédito a economias que eram vistas como semelhantes em risco. • Esse contexto justifica a falta de indícios de efeito contágio da crise russa de 1998. • As crises asiática e russa contribuíram para acelerar a desvalorização do câmbio brasileiro, ocasionando queda no preço das commodities e redução do crédito externo.
  • 40. RESULTADOS • O país tentou manter o regime de câmbio vigente e os juros altos, atrativos para os investidores estrangeiros, às custas do aumento da dívida externa e privatizações, tornando suas relações internacionais vulneráveis. • Estas iniciativas brasileiras, associadas aos eventos do Apagão Elétrico e superávit comercial brasileiro nas relações comerciais com a Argentina, tornaram insustentável a manutenção do regime argentino de paridade com o dólar, levando à desvalorização do câmbio desse país, assim como ao decreto de moratória da dívida externa, culminando na crise argentina de 2001. • Já a crise brasileira de 2002 apresentou características estritamente particulares, justificando a não existência de indícios de efeito contágio.
  • 41. RESULTADOS • Resultado inesperado: a crise do Subprime de 2007, originada nos Estados Unidos, apresentou indícios de contágio apenas no Brasil e Canadá. • Em todos os outros países da amostra, a estrutura de transmissão de choques manteve-se constante e o aumento nas correlações manteve-se em um intervalo esperado.
  • 42. TESTE DE ROBUSTEZ • A escolha dos períodos de tranquilidade e crise e a sobreposição de datas podem impactar os resultados. • As principais discrepâncias estão na crise da Ásia, em que o teste de robustez para a metodologia de CPS (2005) não indicou efeito contágio para Canadá e Chile; • Na crise brasileira de 1999, em que o teste de robustez indicou efeito contágio apenas entre Brasil e Argentina; • Na bolha da Internet, cujo teste de robustez para FR (2002) indicou efeito contágio para a Argentina; • No ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 o teste de robustez não indicou efeito contágio para o Brasil e para o Chile; • Na crise brasileira de 2002, o teste de robustez indicou efeito contágio para a África do Sul.
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  • 44. CONCLUSÃO • A crise asiática foi a mais contagiosa, devido ao momento internacional à época. As economias não estavam tão integradas como atualmente e as turbulências financeiras fizeram com que novas ferramentas que visam à redução da vulnerabilidade financeira e internacional fossem criadas. • Ao longo do tempo, apesar da severidade das turbulências, essas se tornaram menos contagiosas, como no caso dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e do Subprime de 2007. • Quando os eventos financeiros foram originados em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, as crises apresentaram indícios de contágio, como no caso da Bolha da Internet de 2000, ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e crise do Subprime de 2007.
  • 45. CONCLUSÃO • No caso de crises originadas em países subdesenvolvidos, apenas a crise da Ásia de 1997 e a crise brasileira de 1999 contagiaram outros países • Episódios como a crise da Rússia de 1998, a crise argentina de 2001 e a crise brasileira de 2002 não apresentatam indícios de efeito contágio porque esses eventos são consequências profundas de turbulências anteriores que desencadearam crises nesses países.
  • 46. CONCLUSÃO • Pontos fortes:  Considera as particularidades de cada crise e analisa oito diferentes;  Utiliza duas metodologias diferentes, o que permite também conclusões acerca da eficiência delas. • Pontos fracos:  Falta de métodos científicos para identificar canais de transmissão dos choques;  Utiliza a correlação como proxy, e não captura o comportamento da volatilidade e sua direção internacional. • Mensagem para praticantes do mercados e criadores de políticas financeiras: não subestimar a possibilidade de crise e, quando houver algum evento preocupante em qualquer país que seja, observar a comovimentação dos mercados para se antecipar.