Aula de glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) ou glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) pelo serviço de pediatria do Hospital Municipal da Piedade - UGF
2. Glomérulos com GNDA
Glomérulos Normais
Folheto parietal da
cápsula de
Bowman
Espaço de
Bowman
Comparando-se as duas colunas, nota-se que os glomérulos com
GNDA são maiores e mais celulares que os correspondentes
normais. O espaço de Bowman é comprimido pelo maior volume dos
tufos capilares. O aumento da celularidade se deve não só à
proliferação das células glomerulares, mas também à infiltração por
neutrófilos, atraídos pela fixação do complemento, conseqüente à
deposição de imunocomplexos.
Tufos
capilares
3. DEFINIÇÃO
É um processo inflamatório de
origem imunológica que acomete
todos os glomérulos devido a uma
estreptococcia de pele ou V.A.S.
4. ETIOLOGIA
É a forma mais comum de glomerulonefrite na
criança.
ESTREPTOCOCO β - HEMOLÍTICO DO GRUPO
A.
Os tipos nefritogênicos mais comuns são:
VAS M 12-4-1
PELE M 2-49-56-57-58-60-61
6. INFECÇÃO ESTREPTOCÓCICA
PERÍODO DE LATÊNCIA ENTRE A INFECÇÃO E A
NEFRITE:
Para infecção de pele – 14 a 21 dias
IVAS – 8 a 14 dias
OBS: Quando não há período de latência deve-se
ter cautela no diagnóstico!!!
7. INCIDÊNCIA
Os episódios subclínicos são 4 vezes mais
freqüentes que a enfermidade clínica facilmente
reconhecida.
IDADE- ocorre com mais freqüência acima de 3
anos (pré-escolar/ escolar).
SEXO- A análise de pacientes afetados durante
epidemias de glomerulonefrite pós-estreptocócica
mostra uma proporção masculino/feminina de 1:1.
8. PATOGENIA
A lesão glomerular resulta da deposição(ao
nível da membrana basal do glomérulo) do
imunocomplexo circulante constituído de AGAC.
Este imunocomplexo deposita-se no
glomérulo (região subendotelial) onde ativa o
complemento e determina as lesões na
membrana basal.
11. DIAGNÓSTICO
ANAMNESE:
História de infecção prévia de pele ou VAS.
Edema
Hematúria
Oligúria (oligo-anúria)
QUADRO CLÍNICO:
Edema - Hipertensão
Congestão circulatória
Hematúria macroscópica ou microscópica
12. Hipertensão Arterial na Criança
Diagnóstico
☻Hipertensão - PA acima
do percentil 95
☻Pré-hipertensão - PA
entre percentil 90 e 95
4º National High Blood Pressure Education
Program (NHBPEP)
Pediatrics 11; (2): 555-576,2004.
19. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Outras causas de hematúria:
ITU
Tuberculose renal
Traumas –calculose renal
Corpo estranho
Neoplasias
Discrasias sangüíneas
Outras glomerulopatias:
GNMP
Púrpura de Henoch- Schoenlein
Doença de Berger
20. PROGNÓSTICO
A imunidade da proteína M estreptocócica é
específica do tipo duradoura e protetora.
Isto, aliado ao número limitado de sorotipos
nefritogênicos, explicam a raridade de um
segundo episódio após a cura da lesão renal.
Um dos parâmetros mais usados na investigação
e prognóstico dos pacientes com GNDA é o
complemento sérico.
21. PROGNÓSTICO
Somente 2% a 5% dos pacientes não têm
recuperação completa.
Acompanhamento ambulatorial após a alta.
BIÓPSIA RENAL:
Apresentações atípicas
Resoluções retardadas
22. COMPLICAÇÕES
ICC- é a complicação mais freqüente
Encefalopatia hipertensiva- deve-se essencialmente à
hipertensão:
Cefaléia/vômitos
Convulsões/ perturbações visuais
Sonolência/ coma
FO normal e em alguns casos vasoespasmo na retina
IRA- é rara, porém quando presente pode causar uma
hiperpotassemia com sobrecarga hídrica
potencialmente letais.
23. TRATAMENTO
DIETA:
HIPOSSÓDICA
HIPOPROTEICA- quando a uréia estiver acima de
60mg e/ou associada a evolução clínica(IRA).
RESTRIÇÃO HÍDRICA – 20 ml/kg/dia. Sendo
aumentada conforme a diurese.
REPOUSO NO LEITO – relativo conforme a
gravidade do caso.
ATBTERAPIA- não será feita de rotina,deixandose para os casos em que haja infecção em
atividade.
24. TRATAMENTO
DIURÉTICO- Furosemida 1 a 2 mg/kg/dose a cada 6/8 ou 12
horas, podendo ser IV ou VO, dependendo do quadro
clínico, sendo diminuída a dose gradativamente conforme a
evolução.ATENÇÃO!!
ANTI-HIPERTENSIVOS- nos casos que apresentam níveis
pressóricos altos apesar da resposta ao diurético:
Drogas de ação rápida: Nos casos de níveis pressóricos
(PD>100mmHg/PS>150mmHg)
Drogas de ação lenta:Hipertensão mantida, apesar do
diurético
Quando internar???
25. TRATAMENTO
CRISE AGUDA:
DIAZÓXIDO- 3 a 5 mg/kg por IV lento
NIFEDIPINA- 0,25 a 0,5 mg/kg/dose VO
CAPTOPRIL- 0,25 mg/kg/dose
MANUTENÇÃO:
ALFA-METILDOPA- 10 a 40 mg/kg/dia VO de 8
em 8 horas.
HIDRALAZINA- 1 mg/kg /dia VO de 6 em 6
horas.
26. INDICAÇÃO DE BIÓPSIA
HEMATÚRIA
MACRO
POR
MAIS 04SEM.
COMPLEMENTO
BAIXO POR
MAIS DE 08 SEM.
ASSOCIAÇÃO
COM
SD. NEFRÓTICA
FUNÇÃO RENAL
ALTERADA
POR MAIS
DE 04 SEM.
HIPERTENSÃO
MANTIDA
27. Fragmento renal representado pela cortical com cinco
glomérulos. Observam-se depósitos granulares de IgG e fator
C3 do complemento (3+/3+) na região mesangial e sobre
capilares glomerulares.
28. BIBLIOGRAFIA
TR ATADO DE PEDIATRIA -WALDO E. NELSON, MD- 15ª EDIÇÃO
NEFROLOGIA PEDIÁTRICA -PROFº JULIO TOPOROVSKI