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Formação da ligação química
Estruturas de Lewis e regra do octeto
Professor Ms. Lucas Mariano da Cunha e Silva
Ligação Química
O conceito de configuração eletrônica e o desenvolvimento da
Tabela Periódica permitiu aos químicos uma base lógica para
explicar a formação de moléculas e outros compostos.
A explicação de Lewis é que os átomos reagem de forma a
alcançar uma configuração electrónica mais estável
(correspondendo à configuração de um gás nobre.
O que é uma ligação química? É o conjunto de forças que
mantém os átomos unidos entre si, dando origem a moléculas.
Em todos os tipos de ligação química as forças de ligação são
essencialmente electrostáticas (ou de Coulomb), isto é, forças
entre cargas elétricas.
Tipos de Ligação Química
Ligação iônica
Ligação covalente
Ligação metálica
Numa ligação química só intervêm os elétrons de
valência, ou seja, os elétrons da camada mais externa do
átomo. Para os representar utilizamos as representações
de Lewis ou notação de Lewis.
Consistem no símbolo do elemento (que representa o
núcleo mais as camadas internas, ou cerne do átomo) e
um ponto (dot) por cada elétron de valência.
Exemplos:
metais alcalinos: Li ; Na oxigénio: O
carbono: C halogéneos: F
Os elementos de transição têm camadas internas incompletas e não
podemos (em geral) escrever a notação de Lewis para estes elementos.
A ligação iónica é característica dos elementos dos
Grupos 1 e 2 e dos halogéneos e oxigénio. As ligações
iónicas formam-se quando um elemento com baixa
energia de ionização cede um electrão a um elemento
com elevada afinidade electrónica.
Exemplo: LiF (fluoreto de lítio)
Li Li+ + e- ionização do lítio
F + e- F - aceitação do eletron pelo flúor
Li+ + F - LiF formação do composto iónico
Íons com cargas opostas são atraídos um para o outro por
forças electrostáticas. Estas forças definem a ligação iônica.
O conjunto de ligações iônicas entre íons vizinhos, Na+ e Cl-
conduzem à formação do sólido iônico. Os íons permanecem
juntos devido à atração eletrostática:
A estabilidade de um composto iônico depende da interação
de todos os íons.
Energia de rede: é a energia necessária para dissociar
completamente um mol de composto iônico sólido nos seus
íons no estado gasoso.
NaCl(s) Na+(g) + Cl-(g) E = +787 kJ/mol
Esta energia não pode ser medida directamente, mas pode
ser obtida a partir de um ciclo de Born-Haber, que mostra
todos os passos que contribuem para a energia total da
reação de formação do composto iônico.
O Ciclo de Born-Haber relaciona a energia de rede com a
energia de ionização, afinidade eletrônica e outras
propriedades atômicas e moleculares.
Energia da formação de ligações iônicas
Na(s) + 1/2 Cl2(g) NaCl(s)
Htotal = -411 kJ/mol
Na(s)
Na(g)
107.3 kJ/mol
1/2 Cl2(g)
Cl(g)
122 kJ/mol
Na(g) Na+(g) +
e-
495.8 kJ/mol
Cl(g) + e- Cl-(g)
-348.6 kJ/mol
Na+(g) + Cl-(g) NaCl(s)
H = ?
H1 + H2 + H3 + H4 + H5 = Htotal
H5 = -787 kJ/mol
Urede = + 787 kJ/mol
Ligação covalente: é uma ligação na qual elétrons são
partilhados por dois átomos.
O comprimento e força da ligação química resultam
do equilíbrio devido à repulsão entre cargas iguais e
atracção entre cargas opostas.
Ligação no H2: H + H H H
Ligação no F2: F + F F F ou F-F
Par ligante
Elétrons não envolvidos na
ligação:pares isolados ou não-
ligantes
Regra do Octeto: Qualquer átomo, exceto o hidrogênio, tem
tendência a formar ligações até ficar rodeado por oito elétrons
de valência (válido para elementos do 2º período).
A energia de dissociação da ligação é a energia
necessária para quebrar essa ligação.
No caso do hidrogênio, H2; os elétrons são igualmente
partilhados pelos dois núcleos. A situação é diferente por
exemplo para o HCl ou HF. Os elétrons passam mais tempo na
vizinhança de um dos átomos.
Electronegatividade (EN): medida da capacidade de um
átomo atrair para si os elétrons partilhados numa ligação.
Ligação covalente polar
Se EN < 2.0 a ligação é covalente polar; Se EN ~ 2.0
tem 50 % de carácter iônico; se EN > 2.0 então a ligação
é predominantemente iônica. Se EN = 0, a ligação é
covalente apolar (0% de carácter iônico).
1)Escrever o esqueleto estrutural do composto. Em geral o
átomo menos electronegativo ocupa posição central. H e F
ocupam sempre posições terminais
2) Contar o número total de eletrons de valência. Para
anions poliatômicos adicionar o número de cargas
negativas. Para cations subtrair.
3) Desenhar uma ligação covalente simples entre o átomo
central e cada um dos átomos em redor. Completar o octeto
dos átomos ligados ao átomo central.
4) Se a regra do octeto não for verificada para o átomo
central experimentar ligações duplas ou triplas entre o
átomo central e os átomos em redor.
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Formação de Ligação Química

  • 1. Formação da ligação química Estruturas de Lewis e regra do octeto Professor Ms. Lucas Mariano da Cunha e Silva
  • 2. Ligação Química O conceito de configuração eletrônica e o desenvolvimento da Tabela Periódica permitiu aos químicos uma base lógica para explicar a formação de moléculas e outros compostos. A explicação de Lewis é que os átomos reagem de forma a alcançar uma configuração electrónica mais estável (correspondendo à configuração de um gás nobre. O que é uma ligação química? É o conjunto de forças que mantém os átomos unidos entre si, dando origem a moléculas. Em todos os tipos de ligação química as forças de ligação são essencialmente electrostáticas (ou de Coulomb), isto é, forças entre cargas elétricas.
  • 3. Tipos de Ligação Química Ligação iônica Ligação covalente Ligação metálica
  • 4. Numa ligação química só intervêm os elétrons de valência, ou seja, os elétrons da camada mais externa do átomo. Para os representar utilizamos as representações de Lewis ou notação de Lewis. Consistem no símbolo do elemento (que representa o núcleo mais as camadas internas, ou cerne do átomo) e um ponto (dot) por cada elétron de valência. Exemplos: metais alcalinos: Li ; Na oxigénio: O carbono: C halogéneos: F
  • 5. Os elementos de transição têm camadas internas incompletas e não podemos (em geral) escrever a notação de Lewis para estes elementos.
  • 6. A ligação iónica é característica dos elementos dos Grupos 1 e 2 e dos halogéneos e oxigénio. As ligações iónicas formam-se quando um elemento com baixa energia de ionização cede um electrão a um elemento com elevada afinidade electrónica. Exemplo: LiF (fluoreto de lítio) Li Li+ + e- ionização do lítio F + e- F - aceitação do eletron pelo flúor Li+ + F - LiF formação do composto iónico
  • 7. Íons com cargas opostas são atraídos um para o outro por forças electrostáticas. Estas forças definem a ligação iônica. O conjunto de ligações iônicas entre íons vizinhos, Na+ e Cl- conduzem à formação do sólido iônico. Os íons permanecem juntos devido à atração eletrostática:
  • 8. A estabilidade de um composto iônico depende da interação de todos os íons. Energia de rede: é a energia necessária para dissociar completamente um mol de composto iônico sólido nos seus íons no estado gasoso. NaCl(s) Na+(g) + Cl-(g) E = +787 kJ/mol Esta energia não pode ser medida directamente, mas pode ser obtida a partir de um ciclo de Born-Haber, que mostra todos os passos que contribuem para a energia total da reação de formação do composto iônico.
  • 9. O Ciclo de Born-Haber relaciona a energia de rede com a energia de ionização, afinidade eletrônica e outras propriedades atômicas e moleculares. Energia da formação de ligações iônicas
  • 10. Na(s) + 1/2 Cl2(g) NaCl(s) Htotal = -411 kJ/mol Na(s) Na(g) 107.3 kJ/mol 1/2 Cl2(g) Cl(g) 122 kJ/mol Na(g) Na+(g) + e- 495.8 kJ/mol Cl(g) + e- Cl-(g) -348.6 kJ/mol Na+(g) + Cl-(g) NaCl(s) H = ? H1 + H2 + H3 + H4 + H5 = Htotal H5 = -787 kJ/mol Urede = + 787 kJ/mol
  • 11. Ligação covalente: é uma ligação na qual elétrons são partilhados por dois átomos. O comprimento e força da ligação química resultam do equilíbrio devido à repulsão entre cargas iguais e atracção entre cargas opostas.
  • 12. Ligação no H2: H + H H H Ligação no F2: F + F F F ou F-F Par ligante Elétrons não envolvidos na ligação:pares isolados ou não- ligantes Regra do Octeto: Qualquer átomo, exceto o hidrogênio, tem tendência a formar ligações até ficar rodeado por oito elétrons de valência (válido para elementos do 2º período).
  • 13.
  • 14. A energia de dissociação da ligação é a energia necessária para quebrar essa ligação.
  • 15. No caso do hidrogênio, H2; os elétrons são igualmente partilhados pelos dois núcleos. A situação é diferente por exemplo para o HCl ou HF. Os elétrons passam mais tempo na vizinhança de um dos átomos. Electronegatividade (EN): medida da capacidade de um átomo atrair para si os elétrons partilhados numa ligação. Ligação covalente polar
  • 16.
  • 17. Se EN < 2.0 a ligação é covalente polar; Se EN ~ 2.0 tem 50 % de carácter iônico; se EN > 2.0 então a ligação é predominantemente iônica. Se EN = 0, a ligação é covalente apolar (0% de carácter iônico).
  • 18. 1)Escrever o esqueleto estrutural do composto. Em geral o átomo menos electronegativo ocupa posição central. H e F ocupam sempre posições terminais 2) Contar o número total de eletrons de valência. Para anions poliatômicos adicionar o número de cargas negativas. Para cations subtrair. 3) Desenhar uma ligação covalente simples entre o átomo central e cada um dos átomos em redor. Completar o octeto dos átomos ligados ao átomo central. 4) Se a regra do octeto não for verificada para o átomo central experimentar ligações duplas ou triplas entre o átomo central e os átomos em redor.