2. 1 Simpatia e antipatia entre os
desencarnados; laços de família
Encarnados ou não somos Espíritos criados por Deus e,
portanto, irmãos.
A humanidade inteira é, assim, uma só família.Mas
entrelaçados pela afeição, simpatia e semelhança das
inclinações, os Espíritos no espaço formam grupos ou
famílias. E essa é que pode ser chamada a verdadeira
família.
Esses grupos ou famílias se reúnem por afinidades. Unem-
se pelos laços de simpatia.
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3. Os bons pelo desejo de fazerem o bem, e os maus de
fazerem o mal.
Sabemos que a simpatia decorre de uma perfeita
concordância no modo de pensar e agir.
Por isso, os Espíritos que se assemelham se procuram,
mesmo que não tenham se conhecido na Terra.
Assim sendo, os Espíritos cultivam, entre si, a simpatia
geral determinada pelas suas próprias semelhanças.
Mas além desta simpatia de caráter geral, existem,
também, as afeições particulares, tal como as que existem
entre os homens.
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4. Assim como há as simpatias entre os Espíritos, há,
também, as antipatias, alimentadas pelo ódio, que geram
inimizades e dissensões.
Este sentimento, todavia, só existe entre os Espíritos
impuros, que não venceram ainda, em si mesmos, o
egoísmo e o orgulho.
Como exercem influência junto aos homens, acabam
estimulando nestes os desentendimentos e as discórdias,
muito comuns na vida humana.
Desde que originada de verdadeira simpatia, a afeição que
dois seres se consagram na Terra continua a existir
sempre no mundo dos Espíritos.
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5. Por sua vez, os Espíritos a quem fizemos mal neste mundo poderão
perdoar-nos se já forem bons e segundo o nosso próprio
arrependimento.
Se, porém, ainda forem maus, podem guardar ressentimentos e nos
perseguir, muitas vezes, até em outras existências.
Como observam os Espíritos superiores, em O Livro dos Espíritos, “da
discórdia nascem todos os males dos homens; da concórdia
resulta a completa felicidade”.
Como um dos objetivos da nossa encarnação é o de trabalhar no
sentido de nos melhorarmos interiormente e chegarmos à perfeição
espiritual, então nossa meta maior será a superação do mal que ainda
existe em nós e nos outros.
E, neste sentido, só a manifestação de amor de nossa parte pode
quebrar o círculo vicioso do ódio que continua a existir, muitas vezes,
depois da morte física.
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6. O período mais propício a esse esforço é, sem dúvida,
quando estamos junto dos nossos inimigos, convivendo
com eles, na condição de encarnados e desencarnados.
Pois aí é precisamente quando temos as melhores
oportunidades de testemunhar nosso propósito de cultivar
a concórdia para com todos e, assim, substituir os laços de
ódio que nos ligavam pelos laços de amor que passam a
nos unir.
Jesus falou prolongadamente sobre a necessidade de
nossa reconciliação com os adversários que aparecem no
quadro de nossa vida terrena.
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7. Nesse particular afirmou:
“Para não acontecer que sejam entregues ao oficial de
justiça, e este vos entregue ao juiz, pois, sendo preso,
dali não saireis enquanto não pagardes o último
centil”.
Jesus recomendou, pois, que esse assunto deva ser
encarado com a devida seriedade, porque diz respeito ao
nosso relacionamento com os nossos semelhantes,
devendo aqui lembrar que existe uma lei de ação e reação,
de causa e efeito, e todo o mal que fizermos ao próximo
demandará resgate, advindo daí os sofrimentos que todos
nós experimentamos na Terra, uma vez que somos
transgressores das leis de Deus.
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8. A reconciliação com nossos adversários fará com que ele
não se vingue de nós quando estiver na vida espiritual, o
que provocaria as obsessões tão comuns na Terra.
E é óbvio que muitos Espíritos, não podendo executar
vinganças quando encarnados, não deixarão de
concretizá-las quando estiverem desencarnados.
No plano espiritual, a reunião de parentes e amigos
depende do grau de evolução e do caminho que seguem
para o seu adiantamento; se um deles está mais adiantado
e caminha mais rápido que os outros, eles não poderão
ficar juntos; poderão ver-se algumas vezes, mas não
estarão sempre reunidos, a não ser quando possam
marchar juntos, ombro a ombro, ou quando tiverem
atingido a igualdade na perfeição. Mas cada caso é um
caso.
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9. A esse respeito, mencionamos o exemplo de Ismália e Alfredo, no livro
Os Mensageiros.
Ambos desencarnados, podiam ver-se algumas vezes, separados que
estavam pela diferença do grau de evolução.
Também Emmanuel, no livro Renúncia, cita o exemplo de Alcione, que
desce das esferas superiores para encontrar-se com seu amado
Pólux, ainda nas regiões de sofrimento, e que sequer conseguia
perceber-lhe a presença.
Pode continuar a existir, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que
dois seres se consagraram na Terra, desde que originada da
verdadeira simpatia.
Se, no entanto, a simpatia nasceu principalmente de causas de ordem
física, desaparece com a causa.
As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na
Terra, por que não se acham subordinadas aos caprichos dos
interesses materiais e do amor próprio.
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10. 2 Almas gêmeas
Num de seus célebres diálogos, O Banquete, Platão narra
curiosa alegoria referente ao amor. Nos primórdios do
mundo, aqui viviam insólitos seres andróginos, de duas
faces e dois pares de braços e pernas.
Por terem desafiado os deuses, foram divididos ao meio.
Desde então, estas duas metades, uma feminina outra
masculina, buscam, ansiosos, a unidade perdida.
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11. Daí, talvez, possa ter-se originado a expressão “metades eternas”.
Dois seres que desde a sua origem foram criados um para o outro.
Allan Kardec, entretanto, em O Livro dos Espíritos, nos esclarece a
esse respeito ao interrogar os Espíritos responsáveis pela
Codificação:
“As almas que devam unir-se estão, desde suas origens,
predestinadas a essa união e cada um de nós tem, em alguma parte
do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?”
Respondem os Espíritos: “Não, não há união particular e fatal, de
duas almas. União que há é a de todos os Espíritos, mas em
graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo
a perfeição que tenham adquirido.Quanto mais perfeitos, tanto
mais unidos. Da discórdia nascem todos os males humanos, da
concórdia resulta a completa felicidade”.
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12. Mais adiante, na Questão 299 do mesmo livro,
encontramos a seguinte colocação: “Se um Espírito
fosse a metade de outro, se os dois se separassem,
estariam ambos incompletos. Se um tivesse que
completar o outro, perderia a sua individualidade”.
Em seus comentários, Kardec assim se coloca: “A teoria
das metades eternas encerra uma simples figura,
representativa de dois Espíritos simpáticos. Não
podemos, portanto, aceitar a idéia de que, criados um
para o outro, dois Espíritos tenham fatalmente que se
reunir um dia na eternidade, depois de haverem estado
separados por tempo mais ou menos longo”.
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13. Sabemos, contudo, que ao longo de nossa caminhada
rumo à perfeição, Espíritos simpáticos unem-se para que,
juntos, possam trabalhar para seu progresso.
Emmanuel, no livro O Consolador, ao tratar desse
assunto, refere-se a essas uniões, porém esclarece, em
Nota à primeira edição, que ao se referir à expressão
“almas gêmeas”, não deseja dizer “metades eternas”.
Ao se referir às uniões humanas considera que estas, em
toda a vida, são orientadas por sentimentos de amor mais
profundos que aqueles encontrados na concepção
humana, que se modificará na esteira da evolução.
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14. Bibliografia
EMMANUEL (Espírito). O consolador. 16. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1993. 233 p.
————. Emmanuel. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 13. ed.
Brasília: FEB, 1987. 186 p.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. 106. ed. Tradução de
Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: FEB, 1994. 435 p.
————. O livro dos espíritos. 74. ed. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio de
Janeiro: FEB, 1994. 494 p.
LUIZ, André (Espírito). Os mensageiros. 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983.
268 p.
MIRANDA, Hermínio C. A reencarnação na Bíblia. 10. ed. São Paulo:
Pensamento, 1995. 99 p.
RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o terceiro milênio. 8. ed. Sobradinho:
EDICEL, 1990. 352 p.
Extraído: Apostila de Estudo dos Aspectos filosófico e religioso da Doutrina
Espírita – Fase 4
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