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ESTADO DA PARAÍBA
      SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO
                      SÃO JOSÉ




    SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:

          DESAFIO DO ENSINO INFANTIL




          Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha




                São José de Piranhas – PB

                   Dezembro de 2007


                           1
SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:

      DESAFIO DO ENSINO INFANTIL




                  2
Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha




SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:

      DESAFIO DO ENSINO INFANTIL




                             TCC – Trabalho de Conclusão de
                             Curso – apresentado ao Curso de
                             Formação de Professores para o ensino
                             fundamental (1ª fase) da Escola
                             Estadual de Curso Normal em Nível
                             Médio São José, em cumprimento às
                             exigências para a obtenção do título de
                             professor, orientado pela Professora
                             Especialista Márcia Suzette de Sousa
                             França Rolim.




        São José de Piranhas – PB
           Dezembro de 2007




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ESTADO DA PARAÍBA
      SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO
                         SÃO JOSÉ



           Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha




    SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:

           DESAFIO DO ENSINO INFANTIL



                  BANCA EXAMINADORA




        Prof. Esp. Márcia Suzette de Sousa França Rolim



                        Examinador (a)



                        Examinador (a)




                  São José de Piranhas – PB

                      Dezembro de 2007




                              4
A Deus


Por iluminar os nossos passos, pela constante presença
em nossas vidas, pelas oportunidades que nos foram
dadas, por colocar ao nosso lado a Professora Márcia
Suzete (Suzy) que nos orientou com responsabilidade e
respeito fazendo com que conseguissemos finalizar este
trabalho, apesar de todas as dificuldades existentes, pois,
aprendemos que, o importante é termos a capacidade de
sacrificar aquilo que somos para sermos aquilo que
podemos ser.




               5
Aos que Amamos

Se hoje comemo uma conquista, esta se deve àqueles que
estiveram ao meu lado em todos os momentos; que
fizeram de meus sonhos seus próprios objetivos e de meus
objetivos sua própria luta. Quero compartilhá-la com
vocês... Pessoas tão especiais, que não pouparam
esforços para que o sorriso que hoje trago no rosto fosse
possível. A vocês, que me ofereceram sempre o melhor
que puderam me dar, através de seu olhar de apoio, de
sua palavra de incentivo, de seu gesto de compreensão,
de sua atitude de segurança, mesmo quando me veio o
desânimo. Nos momentos importantes, suportaram a
minha ausência; nos dias de fracasso, respeitaram meus
sentimentos e enxugaram minhas lágrimas. Se hoje estou
aqui é porque vocês acreditaram em meu sucesso e
caminharam ao meu lado! “Muito obrigado”




             6
“Você tem que ser o espelho da mudança que está
propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que
começar por mim”.
                       (Gandhi)




           7
SUMÁRIO

CAPA
FOLHA DE ROSTO
CONTRA-CAPA
FOLHA PARA PARICÊ DA BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
SUMÁRIO
RESUMO ________________________________________________________________09
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________10
   1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO ____________________________________________11
   1.2 - JUSTIFICATIVA __________________________________________________13
   1.3 - PROBLEMA/HIPÓTESE/OBJETIVOS DO TRABALHO _________________ 19
   1.4 - ESTRUTURA _____________________________________________________20
2. PROBLEMATIZAÇÃO _________________________________________________ 22
   2.1 - ENSINO INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA NA
FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES ________________________________ 26
     2.2 – O APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E SUAS
CONCEPÇÕES __________________________________________________________ 29
  2.3 – LITERATURA INFANTIL: O FANTÁSTICO MUNDO
DA REALIDADE _________________________________________________________35
  2.4 – O PROFESSOR-LEITOR E SUA IMPLICAÇÃO NA
FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR __________________________________________38
3. RELATIVIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ____________________________________43
     3.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA CAMPO_______________________44
     3.2 – ASPECTOS FÍSICOS ______________________________________________45
     3.3 – ASPECTOS FUNCIONAIS _________________________________________ 47
     3.4 – COMO A ESCOLA SE ORGANIZA PEDAGOGICAMENTE ______________50
     3.5 – METODOLOGIA: COMO DETECTAMOS O PROBLEMA ______________ 51
     3.6 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ___________________________________ 53
4. PESQUISA COMO TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO ______________________ 55
5.   REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 56




                                    8
RESUMO


A reflexão sobre o ensino da leitura na escola, com um olhar “apurado” para o ensino
infantil, é muito importante nos dias de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os
fatores que impedem a formação de sujeitos leitores para que se possa apresentar
caminhos de renovação e qualificação na prática pedagógica relativa à leitura. Um
trabalho de leitura e de formação de leitores precisa abordar tipos diversificados de
textos, pois o mundo está em mudança constante e é preciso avançar de acordo com a
tecnologia. No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e
desinteressam pela leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o
incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças
a se tornarem "Leitores competentes". Investir na formação de leitores é uma tarefa
urgente. É preciso apostar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos
leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a
opção de mudá-la de alguma forma.

PALAVRAS –CHAVE: Ensino Infantil – Leitura – Leitores competentes




                                            9
INTRODUÇÃO




1.1.Contextualização



                           10
As exigências educativas da sociedade contemporânea são crescentes e estão

relacionadas às diferentes dimensões da vida das pessoas: ao trabalho, à participação

social e política, à vida familiar e comunitária, às oportunidades de lazer e

desenvolvimento cultural.



O mundo passa atualmente por uma revolução tecnológica que está alterando

profundamente as formas de trabalho e de interação, onde, numa economia cada vez

mais globalizada, a competitividade desponta como necessária à subsistência humana.

No afã de auto-superar o homem moderno terminou o século XX em desarmonia

consigo mesmo, sem reflexão crítica sobre as suas reais necessidades, as quais deveriam

permear o próximo milênio.



Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os novos

tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas,

atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os

fatores que possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana

impõe de maneira crescente no meio social.




Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que

possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante

mutação, seria a prática de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou

indireta, uma reflexão sobre o contexto social em que estão inseridas, uma vez que o

movimento dialético da leitura deve inserir o leitor na história deste milênio e o

constituir como agente produtor de seu próprio futuro.


                                          11
As fracas experiências com a leitura afastam o leitor do contexto social e cultural, faz

com que desconheça o que de mais profundo o homem pensou e escreveu sobre si,

alienando-se das informações e, conseqüentemente obsta sua participação ativa e efetiva

na sociedade em que está inserido.



Por esta perspectiva, obvia-se a necessidade da formação de leitores, pois se percebe

que sua participação no contexto social depende de sua visão de mundo, de seus valores,

de seus conhecimentos, de sua reflexão e visão crítica, enfim, da leitura como

instrumento do conhecimento.



Nesta perspectiva, o exercício da leitura transcende, em muito, a utilização de materiais,

muitas vezes empregados como modismos em sala de aula. A formação do leitor impõe-

se como prioridade a ser seguida, pressupondo a figura do professor como interlocutor

ativo no diálogo da leitura, a fim de instigar e promover leitores que estejam à procura

de respostas às suas próprias indagações e a desconfiar dos sentidos das letras impostas

por textos insignificantes para, desta forma, encontrar nos livros, a fonte de sua

sabedoria e inspiração, resgatando a história do conhecimento, tão necessária nos novos

tempos, em que as mudanças são rápidas e atropelam o próprio “saber humano”.




A Escola insere-se neste contexto como instrumento hábil a implementar a leitura na

Educação Infantil e Séries Iniciais, motivando os jovens leitores através de uma

mudança de concepção, ou seja, transformando a leitura como algo agradável, fonte não

apenas de informação, mas principalmente de lazer.




                                           12
É o que se pretende ao longo deste trabalho conclusivo de curso, através da escrita

baseada numa pesquisa bibliográfica atualizada com o tema, demonstrar aos leitores a

relevância do educador na formação de novos leitores, numa concepção de que, sem

rupturas no processo ensino-aprendizagem, a leitura pode ser empregada como

mecanismo de lazer, cultura e formação.




1.2 - Justificativa



A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por

parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas

dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as

questões mais focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após

anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na

insegurança lingüística demonstra o fracasso das práticas lingüísticas das aulas.




A voz do professor raras vezes é ouvida no coro daqueles que denunciam a situação.

Não é de surpreender, pois faz parte do processo de diminuição do professor deixá-lo

sem acesso à palavra escrita, seja, como leitor, porque não detém recursos financeiros

suficientes para adquirir o que é instrumento para seu trabalho, seja como escritor,

porque não é um representante social da elite formadora de opiniões, embora tenha que,

representá-la em sala de aula.




                                           13
A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos

alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os

mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os

alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de

trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel político

na luta contras as desigualdades sociais e assume a responsabilidade de um ensino

eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participação cultural e na

reivindicação social. (Soares, 1995:73)




Entretanto, Foucambert (1994) enfatiza que, faz-se necessário o surgimento de dois

movimentos sociais: um de reinvenção da escola e outro de desescolarização da leitura.

Para que o primeiro se estabeleça, faz-se necessário uma intervenção das instâncias e

movimentos de educação popular; e uma verdadeira mudança de postura política. Já a

concretização do segundo passa pela conscientização dos membros da sociedade em

relação à importância e poder da leitura enquanto ato e aprendizado social possibilitador

de transformação, o qual se caracteriza e se realiza a partir das práticas familiares e

sociais de leitura.




Compartilhando de concepções semelhantes, Kramer (2001) também acredita que o

acesso à alfabetização (enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a

língua), à leitura e à escrita é um direito do cidadão e que, portanto, exige o

comprometimento com um projeto de sociedade que vise à democratização e à justiça

social. Ela também defende que a escola não deve assumir sozinha o compromisso com

as mudanças que precisam ser efetivadas nesta área. Kramer argumenta que é necessário

tanto o desenvolvimento de um projeto econômico como de um projeto de emancipação

                                           14
cultural dentro e fora da escola, que favoreça o contato dos indivíduos com o bem

cultural produzido pela humanidade em todas as áreas do conhecimento. Deste modo,

ela parece propor um acesso às várias leituras, que não apenas a do escrito: a leitura da

escultura, da pintura, do movimento, da dança, da fotografia, da música...




Foucambert (1997) defende que os professores precisam apresentar ações determinantes

tanto dentro como fora da escola, não esperando, de maneira passiva, que este tipo de

mudança seja germinado na sociedade. Deste modo, ele parece também acreditar que o

professor apresenta-se como uma peça fundamental deste processo, postulando que o

mesmo pode engendrar o início desta mudança. Todavia, Foucambert (1997) sustenta

que:

                              assim como acontece com o leitor-aprendiz,torna-se necessário

                              que o professor tenha acesso, em processo de formação inicial

                              ou continuada, ao poder da escrita para que possa colocar-se em

                              uma posição que lhe permita a construção de um novo ponto de

                              vista em relação à atividade de leitura e à sua natureza.




Diz Foucambert (1997) que somente a aproximação do professor com a informação

pertinente e, portanto, com o escrito, pode-lhe conceder a liberdade de escolha sobre o

que é possível fazer em sala de aula. É esta informação teórica que permite a esse

profissional a ampliação de sua percepção, via reflexão e distanciamento do real, e

conseqüente ampliação de sua ação. Para ele, formar-se professor é ter acesso aos

instrumentos que possibilitem a formação do leitor, compreende-los, agir sobre eles e

transformá-los.




                                            15
No entanto, não é isso que tem sido evidenciado em nossa realidade educacional. A

formação de professores por si só, hoje, não parece garantir este poder. Pelo contrário, o

que se observa em cursos de formação de professores e em professores em serviço de

formação com a escrita e, portanto, com a leitura é uma relação técnica, mecânica e,

quase sempre, sem motivação e prazer.




Pensa-se, portanto, que a mudança deve partir de uma reestruturação dos cursos de

formação inicial e continuada de professores, em que o aspecto afetivo destes seja

resgatado, vivenciado e trabalhado, a fim de se possibilitar os acontecimentos, o

controle das emoções, o desenvolvimento da sensibilidade e das habilidades de saber

ouvir empaticamente, saber respeitar as diferenças e saber observar.




Ao adquirir essas habilidades o professor perceberá que a linguagem tem como objetivo

principal à comunicação sendo socialmente construída e transmitida culturalmente.

Portanto, o sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece no diálogo e altera-se

historicamente produzindo formas lingüísticas e atos sociais. A transmissão racional e

intencional de experiência e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo

protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade de intercâmbio durante o trabalho.

(Vygotski, 1998:07)




Mas, freqüentemente o aprendizado fora dos limites da instituição escolar é muito mais

motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. Dessa maneira

percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa sua clientela: seja pelo aspecto

físico, seja pelas condições de trabalho dos professores, seja pelos altos índices de



                                           16
repetência e evasão escolar ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois, a norma culta

padrão é a única variante aceita, e os mecanismos de naturalização dessa ordem da

linguagem são apagados. (Soares, 1995: 36)




A análise das questões sobre a leitura e a escrita está fundamentalmente ligada à

concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas

concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à escola e à

escolarização.




Muitas das abordagens escolares derivam de concepções de ensino e aprendizagem da

palavra escrita que reduzem o processo da alfabetização e de leitura a simples

decodificação dos símbolos lingüísticos. A escola transmite uma concepção de que a

escrita é a transcrição da oralidade (Cagliari, 1989: 26). Parte-se do princípio de que o

aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organização em unidades

e seus princípios fundamentais, que incluiriam basicamente algumas das noções sobre a

relação entre escrita e oralidade, para que possua os pré-requisitos, aprenda e

desenvolva as atividades de leitura e de produção da escrita.




Mas a escrita ultrapassa sua estruturação e a relação entre o que se escreve e como se

escreve demonstra a perspectiva de onde se enuncia e a intencionalidade das formas

escolhidas. (Guimarães, 1995:08) A leitura, por sua vez, ultrapassa a mera

decodificação porque é um processo de (re) atribuição de sentidos.




                                           17
Os que se baseiam em uma visão tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o

aprendizado dessas práticas como o acesso às primeiras letras, que seria acrescido

linearmente do reconhecimento das sílabas, palavras e frases, que, em conjunto,

formariam os textos, e, após o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler

e a escrever. (Cagliari,1989: 48) Essa seria uma concepção de leitura e de escrita como

decifração de signos lingüísticos transparentes, e de ensino e aprendizagem como um

processo cumulativo.




Já na visão contemporânea a construção dos sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela

leitura, está diretamente relacionada às atividades discursivas e às práticas sociais as

quais os sujeitos têm acesso ao longo de seu processo histórico de socialização. As

atividades discursivas podem ser compreendidas como as ações de enunciado que

representam o assunto que é objeto da interlocução e orientam a interação. A construção

das   atividades   discursivas   dá-se    no    espaço     das    práticas   discursivas.

(Matencio,1994:17)




Como dito anteriormente, estamos propondo que enfatizemos as práticas discursivas de

leitura e escrita como fenômenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partimos

do princípio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produção de textos é

muito mais que decodificação de signos lingüísticos, ao contrário, é um processo de

construção de significado e atribuição de sentidos. Pressupomos também que a leitura e

a escrita são atividades dialógicas que ocorrem no meio social através do processo

histórico da humanização.




                                           18
Adotar esse ponto de vista requer mudança de postura, pois a diferença lingüística não é

mais vista como deficiência (Ceccon, 1992:62). O trabalho com a leitura e a escrita

adquire o caráter sócio-histórico do diálogo e a linguagem preenche a representação

social: a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico

ou vivencial. (Baktin, 1992:95)




Nessa perspectiva, a evolução histórica da linguagem, a própria estrutura do significado

e a sua natureza psicológica mudam de acordo com o contexto vivido. A partir das

generalizações primitivas, o pensamento verbal eleva-se ao nível dos conceitos mais

abstratos. (Vigotski, 1997:30). Não é simplesmente o conteúdo de uma palavra que se

altera, mas o modo pelo qual a realidade é generalizada em uma palavra. O significado

dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido;

não passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala. (Vigotski,

1998:156).




1.3 – Problema, hipótese e objetivos do trabalho.




A falta de estímulo à leitura, por parte dos educadores do ensino infantil, na E.E.E.I. F

Santa Maria Gorete, na cidade de São José de Piranhas – PB colabora para que o aluno

conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e não de aprendizado, partindo do

problema exposto, levantam-se as seguintes hipóteses: leitura é apenas decodificar

símbolos; a convivência com pessoas letradas é um estímulo à leitura; a leitura é um

instrumento de aprendizagem; a falta de motivação por parte do professor atrapalha a

aprendizagem do aluno.



                                           19
Sendo assim, objetivamos com este trabalho científico, provar que é preciso haver

estímulo por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em

seus alunos; identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a

praticar o ato de ler; verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno um

retardamento em seu aprendizado; especificar métodos que possam ser utilizados no

ensino-aprendizagem no que se refere à leitura para que os alunos desenvolvam suas

habilidades.




1.4 – Estrutura



O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro é a Introdução: apresenta o

assunto de forma contextualizada divida em contextualização, justificativa, problema,

hipóteses e objetivos do trabalho, além da estrutura; o segundo é a Problematizarão:

representando a base teórica da fundamentação do trabalho. O terceiro é a Relativização

da experiência: são as características históricas, físicas, funcionais levantadas a respeito

da Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete, que são os

métodos utilizados para chegar-se a definição da área de estudo, como por exemplo, sua

localidade, ponto de referencia, a área construída, seu quadro funcional e o número de

alunos matriculados, a metodologia que mostra como detectamos o problema, e as

possíveis deduções encontradas a partir da análise de observação e uma proposta de

intervenção visando contribuir com a melhoria do desempenho da escola campo. O

quarto é a pesquisa como trabalho sócio-educativo: mostrando o nosso ponto de vista

com relação ao tema escolhido e citando as considerações finais do trabalho. O quinto e



                                            20
último capítulo são as Referências Bibliográficas: apresenta as fontes de pesquisa do

nosso TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.




                                         21
A PROBLEMATIZAÇÃO




Semear leitura para colher leitores: Desafio do Ensino Infantil




                2- A PROBLEMATIZAÇÃO:

                              22
Origem e Importância da Leitura


Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe torne mais útil

a vida em sociedade e que lhe possa tornar mais feliz. A criação de mecanismos que

possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de

saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo.




Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio

mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua

própria e mais nobre conquista: a conquista de ser.




Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da

civilização.




Ao longo da história, a leitura foi vista como uma fonte de aprendizagem e de

conhecimento. Foi assim desde a antiguidade, precisamente a partir dos séculos V e VI

a.C, quando a prática da leitura em voz alta foi bastante difundida. Já na Idade Média,

no final do século XI até o século XIV, com o desenvolvimento da alfabetização, as

práticas de escrita e de leitura, antes separadas, aproximaram-se e se tornaram função

uma da outra. A escola passa, então, a ser vista como o principal espaço onde se dará o

ensino de leitura. Posteriormente, na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, as

práticas de leitura estiveram condicionadas à escolarização, às opções religiosas e ao

crescente ritmo de industrialização.




                                          23
Já no transcorrer deste século a imprensa escrita desenvolveu mais nitidamente sua

função educativa, penetrando nos vários setores da vida social, agindo intensamente na

formação do imaginário coletivo. Tornou-se, sobretudo, o principal veículo para

difundir visões de mundo, normas e valores de caráter ideológico dominante. Por outro

lado, aguçou a capacidade crítica dos leitores, ainda que num número insuficiente para

uma sociedade que clama por iguais condições de acessibilidade ao conhecimento.

Pode-se afirmar que a imprensa ao longo da história serviu, sobretudo, à classe

dominante que acreditava no papel da leitura como um elemento auxiliar do processo de

inculcação ideológica, colaborando para a reprodução das estruturas sociais

excludentes.




Nas últimas décadas do século XX, a expansão da tecnologia digital e das redes de

comunicação virtual por meio de computador desenvolveu novos suportes de leitura que

se somaram ao formato do livro impresso. Os discos rígidos, disquetes, cd - rom,

multimídia, mostraram-se como novas alternativas para o ato de leitura, pois o texto

eletrônico permite que o leitor interfira em seu conteúdo tornando-se um co-autor.




O leitor diante da tela pode intervir nos textos, modificá-los, reescrevê-los, fazê-los

seus; ele torna-se “um dos autores de uma escrita de várias vozes ou, pelo menos,

encontra-se em posição de construir um texto novo a partir de fragmentos recortados e

reunidos”. (CHARTIER, 1994, p. 103). Ainda assim, o progresso não possibilita iguais

oportunidades de leitura e escritura à maioria da população brasileira.




                                           24
A criação dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, criam outras

disponibilidades, pois ela é a básica, dela provém as demais. Através da leitura e da

escrita o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes,

harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da

civilização, com a abstração a que nomeamos “Estado”. O homem se organizou

politicamente.



Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos

interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses,

descortinaram as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano,

do seu prazer.



Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-se

a tal ponto de ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento

tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como

ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses.



Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização,

percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinará bons

resultados. Ou seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser,

deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura.



Podemos dizer que a imaginação humana é imperiosa para a construção do

conhecimento, e conhecimento também é arte, daí a importância da Educação Infantil

para enriquecer essa imaginação da criança, oferecendo-lhe condições de liberação



                                           25
saudável, ensinando-lhe a libertar-se no plano metafísico, pelo espírito, levando-a a usar

o raciocínio e a cultivar a liberdade e o hábito da leitura.




   2.1- Ensino Infantil: O papel da escola na formação de leitores competentes



Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infância remontam

ao final do século XVII. Antes disso, as crianças, vistas como adultos em miniatura,

participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta.




Naqueles tempos não havia histórias dirigidas especificamente ao público infantil, pois

a infância, enquanto período de desenvolvimento humano, com particularidades que

deveriam ser respeitadas, inexistia.




As profundas transformações ocorridas no âmbito social e econômico, principalmente

com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que surgisse

uma nova organização familiar e educacional, na qual a criança passou a ocupar um

espaço privilegiado. Com intuito de capacitar cidadãos a fim de enfrentar um mercado

de trabalho tão competitivo já naquela época, tornava-se imperioso o preparo eficiente

das crianças para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social

sustentável.




Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que atenda às novas exigências, repensando-

se todos os produtos culturais destinados a infância e, dentre eles, especialmente o livro.




                                             26
Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepção ideológica comprometida

com um destinatário específico: a criança, embora persistissem resquícios ideológicos

amalgamados à transmissão de valores da sociedade então vigente.




Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vão

gradativamente sofrendo transformações e promovendo, através da disseminação de

uma leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada à construção do conhecimento, um

alargamento vivencial para as crianças.




Nesta direção, a Escola, como espaço socializador do conhecimento, fica com a tarefa

primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer circular

em seu meio uma diversidade de materiais, com conteúdos ricos e variados, que

promovam a formação de leitores livres. Concebe-se assim, a prática da leitura, não

como habilidades lingüísticas, mas como um processo de descoberta e de atribuição de

sentidos que venha possibilitar a interação leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996):

“(...) O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita (...) A leitura

do mundo precede a leitura da palavra.”




Sob este prisma, o professor precisa estar capacitado e preparado para provocar em sala

de aula, a partir de leituras diversificadas, discussões que conduzam os alunos ao

estabelecimento de elos com outras realidades, permitindo assim, a efetivação do real

sentido do que está sendo lido, em consonância com o discurso de SOARES (1995): “A




                                           27
leitura na escola, tem a função de desacomodar o aluno, despertar-lhe o senso crítico,

romper com a alienação(...) já que ler não é apenas decodificar signos gráficos.”




Por esta perspectiva, é oportuno reforçar a assertiva de que o professor deve selecionar

diferentes tipos de textos, literários ou não, que projetem a vida contemporânea do local

onde os alunos estão inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos

pontos de vistas, estimulando discussões, reflexões e confrontos entre os alunos. Com a

virada do milênio a escola, visando incentivar o hábito da leitura, busca construir

mecanismos eficientes a fim de competir com o advento dos recursos visuais, auditivos

e multimídia, a que alguns poucos alunos já têm acesso.




O desenvolvimento intelectual da população representa um fator político-social básico

para o alcance do progresso e aspiração de toda a sociedade. O Brasil intitula-se como

Estado Democrático de Direito e que tem como um dos seus fundamentos

constitucionais básicos a educação como “direito de todos e dever do Estado e da

família (...)”. A amplitude que enseja a formação desses agentes se inicia na Educação

Infantil e Séries Iniciais, e esta não pode estar à margem da modernidade.




Nesta ótica, não há como negar os avanços tecnológicos, no entanto, a Escola deve estar

atenta ao uso que se faz dos recursos eletrônicos e definir com clareza quais objetivos a

serem atingidos com o seu uso.




                                           28
A utilização inadequada dos meios eletrônicos como mecanismo básico do ensino e

leitura induzem a formatação do conhecimento, ao contrário do que ocorre na leitura do

livro, quando o tempo da reflexão assegura um diálogo em que as experiências de vida

são compartilhadas, como diz Bárbara Vasconcelos :




                                       “(...) O livro desempenha um papel importante na vida
                                       e na formação do ser humano, pois através dele nos
                                       tornamos mais sensíveis ao mundo e capazes de
                                       entender nossas próprias reações. O livro incrementa a
                                       missão    de   educar,   pois   fornece    as    crianças
                                       informações, lazer, cultura, propiciando ao leitor
                                       elaborar seu próprio conhecimento, enriquecer seu
                                       vocabulário, facilitar a escrita, agilizar o raciocínio e
                                       aguçar a imaginação. Assim, ao incentivarmos a
                                       leitura, estamos deflagrando um movimento para
                                       desenvolver pessoas críticas, participativas, criativas e
                                       preparadas para construir a nação do futuro .”




A Escola, incumbida então da função de promover a formação do leitor, terá que rever

as condições, muitas vezes restrita, a que impõe a leitura aos seus alunos.




   2.2 - O aprendizado inicial da leitura e suas concepções



 É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A

principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons,

sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção

equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de


                                            29
decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que

tentem ler.




O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não

se deve ensinar a ler por meio de práticas concentradas na decodificação. Ao contrário é

preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os

procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam

inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que

verifiquem suas suposições. É disso que se está falando quando se diz que é preciso

“aprender a ler, lendo”.




A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber,

no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de leituras

impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas

que, ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a

devida reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e

tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras

escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar

para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e

memorização de conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos.




Neste sentido, esta ambigüidade da prática educativa tornam os alunos alheios a

realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que

pensa e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da



                                          30
leitura significa a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder,

chamado linguagem formal, pois é desta forma que estão escritas as leis que regem

nosso país, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um

discurso ideológico em prol da liberdade e da justiça, os mantêm na condição de

detentores do Poder.




Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor em si mesmas, não sendo

sempre necessárias atividades subseqüentes, como o desenho dos personagens, a

resposta de perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais atividades só

devem se realizar quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso

contrário, pudesse oferecer uma idéia distorcida do que é ler.



A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da

leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir

um texto já é uma forma de leitura.



É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de

materiais escritos, uma vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas

culturais mediadas pela escrita. Comunicar práticas de leitura permite colocar as

crianças no papel de “leitoras”, que podem relacionar a linguagem com os textos, os

gêneros e os portadores sobre os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas,

cartas, jornais etc.



As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos,

possibilitam às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos



                                           31
aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e

afetivas envolvidas.



Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este

é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do

discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados.




Neste sentido torna-se oportuno citar FOUCAMBERT (1994, p. 121):




                                       “(...) a leitura aparece também como um instrumento
                                       de conquista de poder por outros atores, antes de ser
                                       meio de lazer ou evasão. O “acesso a leitura” de novas
                                       camadas sociais implica que leitura e produção de
                                       texto se tornem ferramentas de pensamento de uma
                                       experiência social renovada; ela supõe a busca de
                                       novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla,
                                       que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção
                                       simultânea e recíproca de novas relações, novos
                                       escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor
                                       pela transformação da situação que faz que não se o
                                       seja.”




Assim, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam,

tornando-os distintos cultural e socialmente.




Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da

leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa

apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além:



                                            32
Conforme Paulo Freire (2003, p. 11):


                                        “(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura
                                        da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se
                                        antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A
                                        leitura do mundo precede a leitura da palavra (...)
                                        linguagem e realidade se prendem dinamicamente.”




Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo

que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a

opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras

críticas e variadas.



Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como

meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como

atividade ligada a lição e a intenção didática instrucional.



Além da leitura como informação e, conseqüentemente, como fonte de acesso ao

conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e

entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrário

senso, o prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento.



Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura

infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem

parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto,

compreensiva e mais agradável como processo pedagógico.




                                             33
Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o

protagonista é o aluno, e respaldando tal assertiva é oportuno citar Paulo Freire:



                                       “Uma educação que procura desenvolver a tomada de
                                       consciências e a atitude crítica, graças à qual o homem
                                       escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de
                                       domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita
                                       freqüência a educação em vigor num grande número
                                       de países do mundo, educação que tende a ajustar o
                                       indivíduo à sociedade em lugar de promovê-lo em sua
                                       própria linha.”




 Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira

efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz mister uma mudança

na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos

capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.




Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor

ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de

sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler,

não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!




                                            34
2.3- Literatura infantil: O fantástico mundo da realidade



                                       “Um livro infantil, para o quarto de uma criança, é um
                                       objeto tão importante e mais indispensável do que o
                                       berço”
                                                                     Foucambert




Uma das formas de recreação mais importante para a criança, principalmente no que se

refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual

é a leitura.




A literatura infantil, como meio de comunicação e modalidade da leitura, também é um

dos mais eficientes mecanismos de recreação e lazer, servindo como um método prático

de terapia educacional.



Os condicionamentos impingidos pela vida moderna, tais como a massificação da

informação pela televisão, os programas televisivos inadequados, a comunicação via

ciberespaço, os filmes infantis instigando à violência, dentre outros aspectos, despejam

sobre a criança informações que cercam a sua capacidade imaginativa, culminando num

alheamento de perspectiva crítica.




A literatura desempenha papel fundamental na vida da criança, não apenas pelo seu

conteúdo recreativo que desempenha, mas também pela riqueza de motivações,

sugestões e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento.




                                            35
Em seu descobrimento da vida, a criança está ávida por descobrir e entender a realidade

circundante, deslumbrando os mistérios que a aproximam do mundo exterior através

dos símbolos, da leitura infantil. Nessa curiosidade e deslumbramento deverá encontrar

estímulos sadios e enriquecedores que serão a tônica de sua motivação e crescimento

como pessoa humana.




Portanto, deve-se estimular e propiciar ao alcance das crianças os livros infantis, dos

Contos de Fadas, poesias, os mitos, folclore, fábulas, teatro, permitindo-lhe penetrar em

seu universo mágico dos sonhos. É o caminho não apenas de sua descoberta, mas

também um dos mais completos meios de enriquecimento e desenvolvimento de sua

personalidade.




Com a leitura e os livros a criança e o jovem encontrarão caminhos, crescerão e se

desenvolverão na busca de soluções para as suas inquietações e problemas de ordem

intelectual, social, afetiva, ética e moral.




A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização como
pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à
mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado
desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.



Por razões evidentes, não poderíamos deixar de fazer alusão a um dos maiores nomes da

literatura infantil: Monteiro Lobato.




                                               36
Monteiro Lobato tornou-se o maior clássico da literatura brasileira; Não escreveu

apenas livros para crianças, mas sim criou um novo universo para elas. Foi original em

seus escritos, embora utilizasse o rico acervo da literatura clássica infantil de todo o

mundo. Sua maior fonte de inspiração foi a própria criança: os ingredientes de sua

vivência, suas fantasias, suas aventuras, seus jogos e brinquedos, e tudo que povoasse

sua imaginação.



Bárbara Vasconcelos, em sua obra “A literatura Infantil”, retrata bem a importância da

obra de Monteiro Lobato:


                                      “É importante que a criança viva em seu mundo, sem
                                      ser perturbada, para que ela seja criança enquanto for
                                      criança. Lobato realizou uma obra onde a criança,
                                      desinibida e autêntica, é livre para ser criança. E é isso
                                      que é importante. Ele não mente à criança, mas não
                                      lhe impõe os problemas. A criança merece beleza e
                                      respeito,     sem     precocidade      vulgares,     sem
                                      permissividades, porque o nosso objetivo é dar-lhes
                                      condições de crescer. É isso que faz a obra de Lobato.”




A criação literária de Monteiro Lobato contribuiu sobremaneira para a educação,

inspirando as novas gerações para o hábito da leitura, num mundo cheio de fantasia e

beleza, fazendo com que sua presença fique viva nos lares, nas escolas e,

principalmente, nos corações das crianças.



Sua obra infantil tem servido de inspiração para educadores e homens de teatro no

Brasil e no exterior, motivo de orgulho nacional.




                                             37
2.4 – O professor-leitor e sua implicação na formação do aluno-leitor



O trabalho direto com crianças pequenas exige que o “professor do ensino infantil" 1

tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe

trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos

essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do

conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante

ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo

constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as

famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que

desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as

crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.




A implementação e/ou implantação de uma proposta curricular de qualidade depende,

principalmente dos professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas ações,

que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e outros profissionais da

instituição, podem-se construir projetos educativos de qualidade junto aos familiares e
1
  O corpo profissional de grande parte das instituições de educação infantil de todo o país, hoje, é ainda
formado, em sua grande maioria, por mulheres. Este Referencial dirige-se ao professor de educação
infantil como categoria genérica.




                                                   38
às crianças. A idéia que preside a construção de um projeto educativo é a de que se trata

de um processo sempre inacabado, provisório e historicamente contextualizado que

demanda reflexão e debates constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas.




Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato, representar esse

diálogo e debate constante, é preciso ter professores que estejam comprometidos com a

prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das crianças, assim

como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.




É de suma importância, que o professor incentive o gosto pela leitura, para que a

sociedade tenha seus indivíduos como sujeitos da sua história, homens e mulheres que

façam cultura e que impulsionem a transformação, fundamentados em princípios

humanos de liberdade e solidariedade.




A leitura, nas escolas, tem caráter secundário ao da escrita, apesar de ambas

caminharem juntas; a escrita toma todo tempo, enquanto a leitura é vista como uma

atividade extra na aula que, normalmente, acontece, quando os alunos terminam a lição,

ou quando sobra tempo. A leitura precisa ocupar horário “nobre” da aula. A escola

precisa viabilizar tempo para a leitura.




Nem sempre os professores estabelecem boas relações com os livros e com a leitura; há

alguns que afirmam que não gostam de ler; outros que não vêem a leitura como lazer;

outros que as poucas leituras que fazem são quase que, exclusivamente, para a

preparação das aulas.


                                           39
Se o professor formador de leitores não tem o gosto pela leitura, como irá despertar o

interesse dos alunos pelo prazer de ler?




Talvez, esse professor não tenha tido oportunidades de se tornar um bom leitor na sua

fase de escolarização ou profissionalização. Outros fatores, como, condições salariais ou

de trabalho, falta de infra-estrutura, pouco ou nenhum tempo para ler, contribuem

negativamente para a má formação do professor-leitor.




Mas se os professores não forem leitores, dificilmente poderão compartilhar com seus

alunos os mistérios, encantos e alegrias que se podem alcançar pela leitura.




Primeiramente, compete ao professor leitor fazer a “leitura” da sala de aula, como se

fosse um texto a ser compreendido. Se, na leitura de textos, necessitamos de estratégias

ou instrumentos auxiliares de trabalho, também para a leitura da classe precisamos

observar, intuir, imaginar a realidade de cada aluno, suas condições sociais, culturais e

econômicas para, então, o educador ser capaz de interagir, intervir e construir

criticamente o conhecimento.




Assim, o educador é um elemento impulsionador, mediador da leitura, criando em sua

sala de aula condições para que seus alunos possam ler. Dessa forma, ao conquistar o

ato de ler, dentro das condições propícias, o professor e o aluno estarão ampliando seus

conhecimentos, participando ativamente da vida social, alargando a visão de mundo, do

outro e de si mesmo, o que poderá ser revertido em incremento do trabalho pedagógico.




                                           40
É a partir desta perspectiva que Foucambert (1994), em sintonia com Smith (1999) e

Solé (1998), defende um ensino de leitura no qual se aprende a ler lendo, onde o

aprendiz pode estar em contato com os mais diversos tipos de textos sociais dos quais

precisa e se utiliza no cotidiano, e no qual o único pré-requisito para este aprendizado é

a capacidade de questionar sobre as coisas do mundo. Por outro lado, Foucambert

(1994; 1997) e Smith (1999) vão mais longe ao afirmarem que a leitura não pode ser

ensinada e que a responsabilidade do professor é facilitar o aprendizado desta atividade

através do acesso da criança a uma variedade de textos. Para estes autores, as

habilidades de leitura são desenvolvidas por meio da imersão na escrita e na prática da

leitura, não podendo ser ensinadas de maneira isolada e descontextualizada das práticas

sociais. Deste modo, entende-se que os referidos autores diferenciam a atividade de

orientação, na qual o professor-leitor experiente tem a função de tornar possível a

aprendizagem desta atividade.




Segundo esta proposta, o professo-leitor, para facilitar a entrada da criança no mundo da

leitura e escrita, deve ler pra ela, mostrando-lhe como os escritos que circulam no

cotidiano podem ser usados a fim de que a mesma compreenda os sentidos. Segundo

Smith (1999), a criança só é capaz de compartilhar deste mundo, quando compreende o

seu significado, sendo este o descobrimento da diferença entre a fala e escrita os dois

insights necessários para o aprendizado inicial da leitura.




É preciso, então, um professor-leitor, que compartilhe com os alunos o passaporte

imprevisível e maravilhoso da leitura. É preciso que os professores conheçam a natureza

da literatura, as obras, os autores, que saibam selecionar textos e tenham se apropriado

do conhecimento para estabelecer, com os alunos, as relações possíveis. Quando uma


                                            41
criança não encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe outros exemplos.

Quando uma criança não se interessa pela leitura, é o professor quem deve criar

situações mais envolventes. O próprio interesse e envolvimento do professor-leitor com

a leitura servem como modelo indispensável: ninguém ensina bem uma criança a ler

bem se não se interessa pela leitura.




Lendo diversos gêneros e portadores textuais, ouvindo contos, notícias, poemas, textos

informativos, histórias em quadrinhos é que oportunizaremos o acesso a tudo o que a

escrita e a leitura representa, dentro e fora da escola. Ou seja, os alunos precisam saber

que lemos por diferentes razões e que não lemos todos os textos da mesma forma.




Portanto, na formação de leitores, é necessário dominar as diferentes estratégias de

leitura (antecipação – inferência – decodificação – verificação), pra adequá-las aos

diferentes objetivos e situações presentes no mundo letrado. O domínio das estratégias

de leitura decorre de uma prática viva do ato de ler de um lado, vivenciando os

diferentes modos de ler existentes nas práticas sociais de outro, respondendo aos

diferentes propósitos de quem lê.




                                           42
RELATIVIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA




Fonte: Arquivo pessoal




                         43
3.1 - Aspectos históricos da escola campo



  A Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete está

  localizada a rua Inácio Lira, centro, ao lado da Igreja Matriz São José.




A escola foi construída pela paróquia com a colaboração voluntária da comunidade no

dia 10 de março de 1962 com o objetivo de suprir as necessidades algumas famílias

pobres, tendo como mentor o Padre José Gálea, que por alguns anos supriu todas as

despesas da escola.



No início de sua fundação, a escola não possuía prédio próprio, funcionava em um salão

que era dividido ao meio pelas cadeiras dos alunos onde as professoras fundadoras junto

com o padre ensinavam há mais ou menos 36 alunos da periferia. Raimunda Mendes

Cavalcanti e Judite Inácio foram as primeiras professoras a lecionarem na Escola Santa

Maria Gorete que até então não era estadual. No dia 19 de maio de 1983 com o grande

apoio e esforço do Padre Antônio de Sousa a escola passou a ser realmente do estado. A

partir de então, foram contratados professores, ampliação do prédio e todas as despesas

eram custeadas pelo Governo do Estado.



O nome Escola Santa Maria Gorete foi uma homenagem a uma santa a qual o padre

José Gálea, seu fundador tinha devoção religiosa. No início de seus trabalhos

educacionais a escola funcionava apenas com a primeira fase do Ensino Infantil, em

virtude de sua trajetória e da grande procura por vagas, os administradores responsáveis

pela mesma, solicitaram ao Governo do Estado junto a Secretaria da Educação e Cultura




                                           44
a ampliação do Ensino Fundamental no ano de 2000, para possibilitar todas as séries em

uma só escola.



A lei estadual que regimenta a escola é a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Ainda hoje a

escola mantém um vinculo muito grande com a Igreja católica, pois o prédio onde

funciona a mesma é patrimônio da igreja e todos os meses o Governo do Estado paga o

aluguel ao sacerdote representante maior da igreja na cidade local.




3.2 - Aspectos físicos



Sala de aula: dimensão, arejamento e iluminação.



Cada sala mede aproximadamente 7x8 metros. Sistema de ventilação e iluminação é

precário, pois quando se escreve na lousa faz-se necessário fechar todas as janelas,

ficando a sala de aula escura e sem nenhuma ventilação, a iluminação das lâmpadas não

são suficientes devido algumas estarem queimadas. As salas não dispõem de

ventiladores.



Salas especiais, leitura e vídeo: como são utilizadas.



Por não disponibilizar de muito espaço físico a escola não possui sala de vídeo e de

leitura. Quando os professores precisam utilizar algum outro recurso (vídeo, tv, etc), o

material é deslocado para as salas de aula.




                                              45
Pátio para recreação, educação física, auditório e outros.



A escola não possui um pátio para recreação. A recreação é feita em uma quadra de

esporte com dimensões favoráveis e em boas condições de uso. Não dispõe também de

auditório, qualquer evento da escola é feito na quadra de esportes.



Salas para o setor de administração



A sala de administração não é apropriada, dividindo em uma mesma sala: secretaria,

administração e biblioteca.



Biblioteca



A biblioteca funciona na secretaria da escola, é consultada de forma lenta, pois não

dispõe de livros que atendam as necessidades dos alunos.




                                           46
3.3 – Aspectos funcionais



Corpo técnico-administrativo



O corpo técnico-administrativo é formado por sete pessoas. Uma diretora formada em

    Letras e concursada; um secretário com Ensino Médio completo e concursado; um

    técnico de nível médio com Curso Superior e concursado readaptado com Curso

    Superior e concursado e três auxiliares de secretaria: um com Curso Superior e dois

    com Ensino Médio, sendo todos contratados.




                               Quadro demonstrativo
          Nome                                                      Situação
                              Cargo
Maria da Silva Lima Inácio             Diretora                      Efetivo
      José Lira Neto                  Secretário                     Efetivo
   Edna Pereira Faustino        Técnico Nível Médio                  Efetivo
Francisca Batista de Araújo     Professora readaptada               Contrato

         Vicente                    (secretaria)
   Maria Edileuda de S.         Auxiliar de secretária              Contrato

        Cavalcanti
  Edilene Alves Roberto         Auxiliar de secretária              Contrato
    Jaci Bento de Lira          Auxiliar de secretária              Contrato




Corpo docente e técnico-pedagógico



O corpo docente é formado por 21 professores, sendo 6 da primeira fase e 15 da

segunda fase. Irá interessar-nos apenas os professores da primeira fase do Ensino

Fundamental.


                                          47
Quadro demonstrativo
 Série                  Nome                       Formação          Número
                                                                                 Situaçã
                                                                     de alunos
                                                                                     o
  Pré I    Alecsandra Moreira Cavalcanti       Superior incompleto      18       Contrato
1ª E “F”    Valdenisa Pereira de Freitas           Magistério           23       Contrato

                     Tavares
  1ª A       Tereza Cristina Gonçalves             Magistério           19        Efetivo

                      Ferreira
  2ª A         Maria do Céu Moreira                Magistério           28        Efetivo

                    Cavalcanti
  3ª A      Maria Pereira Lima de Assis        Superior completo        32        Efetivo
  4ª A      Maria Aparecida de Sousa           Superior completo        26        Efetivo

                     Cavalcanti




Corpo de funcionários



  O corpo de funcionário de apoio é formado por sete funcionários: cinco auxiliares de

  limpeza/merenda e dois vigilantes, sendo todos contratados.




                                          48
Quadro demonstrativo de funcionários de apoio
                                       Cargo                       Situação
Nome
 Maria do Socorro da Silva      Auxiliar de limpeza e              Contrato

        Alcântara                   merendeira
  Maria Eliana de S. Lins       Auxiliar de limpeza e               Contrato

                                    merendeira
  Maria Elma G. da Silva        Auxiliar de limpeza e               Contrato

                                    merendeira
 Maria Juraci A. Amorim         Auxiliar de limpeza e               Contrato

                                    merendeira
   Eurique Cavalcanti de         Auxiliar de limpeza                Contrato

          Sousa
  Antônio Bazílio Braga               Vigilante                     Contrato
    José Petrônio do                  Vigilante                     Contrato

        Nascimento




3.4 - Como a escola se organiza pedagogicamente



Com a implantação da Lei complementar 11.274 de 06 de fevereiro de 2006 a Escola

Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete passa a ter a 9ª série do

Ensino Fundamental, ficando as séries divididas em 9 anos.



Para ter um maior desenvolvimento educacional a escola desenvolve o Projeto Político

Pedagógico (PPP) que abrange o lado pedagógico, administrativo e social da escola.

Esse projeto tem como principal objetivo destacar a real situação de sua escola,

buscando soluções para os problemas apresentados.




                                         49
A escola não possui um orientador pedagógico, mas cada final de bimestre os

professores reúnem-se para fazer o planejamento bimestral das atividades. Os

professores são orientados por uma pessoa da 9ª Regional de Ensino, que nem sempre

vem aos planejamentos. A maior necessidade docente na parte pedagógica é justamente

essa falta de orientação, os professores desejariam ter um maior acompanhamento em

suas atividades escolares.



Apesar de não ter todo um acompanhamento pedagógico o plano de ensino passado

durante os planejamentos é seguido ao máximo pelos professores e estes

conseqüentemente tentam passar o máximo de conhecimento para seus alunos não

somente o que tem nos livros didáticos, mas conhecimentos que eles levam para vida

como cidadãos conscientes e críticos. Todos os dias em sala de aula os alunos estão

sendo avaliados, não somente por provas escritas, mas principalmente pela assiduidade,

comportamento e participação nas aulas. Assim, o tipo de avaliação adotada pela escola

é qualitativa, ou seja, o alvo principal não é a nota e sim o aprendizado dos alunos.




3.5 - Metodologia: como detectamos o problema?



A partir de estágio feito em todas as etapas na E.E.E.I.E.F. Santa Maria Gorete,

detectamos um grave problema que permeia a educação atual e conseqüentemente, as

salas de aula pelas quais passamos: o trabalho com a leitura. Porém, foi o Ensino

Infantil que mais nos chamou a atenção por ser este o início de toda a formação

educacional.




                                            50
Desde o estágio de participação até o de regência percebemos a grande dificuldade que

os alunos têm em relação à leitura. Os professores pelos quais passamos não têm o

habito de ler em sala de aula, “ler por prazer”, quando fazem uma leitura já querem algo

em troca dos seus alunos. Com isso, as crianças no início de sua vida de verdadeiros

leitores, não conseguem ler por prazer. Durante os nossos estágios tentamos fazer

diferente, todos os dias no início da aula fazíamos uma roda de leitura, cada dia da

semana ficavam três alunos faziam a leitura para os colegas e todos comentavam o

texto. No começo estranharam, mas logo se acostumaram e amaram a idéia e até

falavam que “ler é melhor que escrever”.



Diante desta grande problemática onde os alunos não estão abertos à leitura, vimos a

grande necessidade de tentarmos amenizar este problema. Desde cedo os alunos não se

sentem motivados a ler. Onde estará o problema? Em casa, na escola, no professor ou

no próprio aluno?

Aprendizagem, motivação e interesse tem que vir por parte de todos (família, escola,

professor e aluno) para que juntos possam buscar reais soluções para tal situação.



Um dos maiores impasses para que os alunos não gostem de ler desde as séries iniciais é

a não importância que os professores dão a leitura, preocupando-se apenas com a

escrita. Falam que é primordial aprender a escrever, claro que é, mas, se a criança

apenas escreve sem saber ler, ela está apenas reproduzindo o que se está vendo. Na

verdade será a partir da habilidade da leitura que o aluno irá desenvolver seu

pensamento crítico e conseqüentemente aprenderá a escrever, com uma diferença,

porque se o aluno sabe ler, ele sabe o que escreve.




                                           51
Os professores por estarem sobre carregados, não buscam melhorias para a

aprendizagem dos seus alunos e também não são verdadeiros leitores, as leituras que

fazem são por “obrigações” impostas pela profissão, não lêem por prazer. Os alunos

vêem tudo isso e sentem-se desmotivados, ficando cada vez mais alheios a leitura.



As pessoas têm uma visão errônea do professor do pré-escolar, achando que a função

destes é única e exclusiva para brincar com os alunos, mas é nesta fase da escola que o

professor despertará o prazer dos alunos pela leitura. Eles ainda não sabem ler, mas

sabem ouvir; através da audição, a criança passa a apreender conhecimentos com a

leitura compartilhada pelo professor, roda de conversa entre colegas, desenvolvendo

assim suas verdadeiras habilidades de leitores que lêem por prazer e não por pura

obrigação.

3.6 – Proposta de intervenção



Com a ideologia na prática pedagógica de que: a sala de aula é o ambiente ideal para

que os alunos construam conhecimentos e consequentemente sejam bons leitores,

estamos lançando à E.E.E.I.F Santa Maria Gorete alternativas de promoção de leitura,

objetivando despertar o interesse e a vontade de ler por parte dos alunos através das

seguintes ações:



       a) Utilização de textos literários somados ao trabalho com livros didáticos;

       b) Dramatizações com a participação dos alunos;

       c) Atividades com ORIGAMI, arte japonesa que constitui na dobradura artística

             de papéis, criando personagens das histórias;

       d) Feira de leitura:



                                             52
e) Manipulação de argila e construção de maquetes, fundamentados na releitura

           das histórias;

       f) Realização de atividades com os diversos gêneros textuais como, por

           exemplo, com bulas de remédios, para troca de informações, experiências e

           conselhos;

       g) Criação de caixinhas de remédios e elaboração de bulas com base em algum

           medicamento natural conhecido;

       h) Exploração de receitas culinárias;

       i) Trabalho com jornais;

       j) Leitura de histórias em quadrinhos:

As histórias em quadrinhos têm um efeito surpreendente como mecanismo de incentivo

à leitura. Tais histórias atraem os alunos pela identificação que estes fazem com alguns

personagens, semelhante ao mundo fático. A fantasia transforma a leitura em

modalidade de ensino e de prazer.




A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares, poderá

estimular nos alunos à vontade e o prazer da leitura.



                                           53
Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira

efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, faz-se necessário uma

mudança na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos

nos capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.




Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor

ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de

sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler,

não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!




4 – Pesquisa como trabalho sócio-educativo


Ao longo dessas linhas buscou-se inspiração, sobretudo, na crença e firme convicção

como educadoras, de que o futuro está na educação, principalmente na Educação

Infantil e Séries Iniciais.



O desfio do novo educador, daquele adequado ao mundo contemporâneo, está

justamente em fazer frente às ideologias dominantes que insistem em práticas

educativas tradicionais e descomprometidas com o objetivo máximo da educação,

centro para onde deveriam convergir todos os interesses: o aluno.




                                           54
Nesse desiderato, comprometidos com o amanhã e com o futuro de nossos filhos, de

nossa história, e porque não dizer de nossa própria existência, incumbe-nos, através de

um discurso pragmático e não meramente dogmático, persuadir o público que tem

compromisso com a educação, na realidade da família ao professor, da Escola ao

próprio Estado, a implementar ações voltadas para a formação do futuro cidadão, sendo

o incentivo ao hábito da leitura o mais ideal dos instrumentos para essa conquista.




O nosso intuito com este trabalho de conclusão de curso é que este não seja apenas um

documento obrigatório para obtenção do título de professor, mais que seja um ponto de

referência na busca por soluções no processo de leitura e escrita. Nos realizaremos ainda

mais se este tema fomentar em outros educadores o desejo de continuar este nosso

trabalho, fazendo dele fonte de pesquisa e inquietação.

Que as vicissitudes do cotidiano nos permita avançar através da leitura, rumo a

uma Sociedade Livre, Justa e Igualitária, valores supremos de qualquer nação!

5 – Referências Bibliográficas




BAKTIN, Mikail. Maxismo e filosofia da linguagem. 6ed. São Paulo: Hucitec, 1992.
CAGLIAI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1989.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A Literatura Infantil: Visão Histórica e Crítica.
4ª ed. Global. São Paulo. 1985.
CECCON, Claudius (org). A vida na escola e a escola da vida. 24.ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 1992.
CHARTIER, Roger. Cultura Escrita, Literatura e História. Porto Alegre: Artes
Médicas,2001.

FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
_______________. A criança, o professor e a leitura. Porto Alegre: Artes Médicas,
1997.


                                           55
FREIRE, Paulo. Professor sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2ªed. São Paulo:
Olho d’água, 1995.
__________. A importância do ato d ler: em três artigos que se completam. 45ªed. São
Paulo: Cortez, 2003.
GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 4ªed. São Paulo: Ática, 1995.
KRAMER, S. Alfabetização, leitura e escrita: Formação de professores em curso. São
Paulo: Ática, 2001.
MATENCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Leitura, produção de texto e a escola.
Autores associados: São Paulo, 1994.
SMITHI, F. Leitura significativa. 3ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 13ªed. São Paulo:
Ática, 1995.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
VYGOTSKI, Liev Semiónovittch. A formação social da mente. 2ªed. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
____________. Pensamento e linguagem. 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.




                                          56

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  • 1. ESTADO DA PARAÍBA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO SÃO JOSÉ SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha São José de Piranhas – PB Dezembro de 2007 1
  • 2. SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL 2
  • 3. Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – apresentado ao Curso de Formação de Professores para o ensino fundamental (1ª fase) da Escola Estadual de Curso Normal em Nível Médio São José, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de professor, orientado pela Professora Especialista Márcia Suzette de Sousa França Rolim. São José de Piranhas – PB Dezembro de 2007 3
  • 4. ESTADO DA PARAÍBA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO SÃO JOSÉ Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES: DESAFIO DO ENSINO INFANTIL BANCA EXAMINADORA Prof. Esp. Márcia Suzette de Sousa França Rolim Examinador (a) Examinador (a) São José de Piranhas – PB Dezembro de 2007 4
  • 5. A Deus Por iluminar os nossos passos, pela constante presença em nossas vidas, pelas oportunidades que nos foram dadas, por colocar ao nosso lado a Professora Márcia Suzete (Suzy) que nos orientou com responsabilidade e respeito fazendo com que conseguissemos finalizar este trabalho, apesar de todas as dificuldades existentes, pois, aprendemos que, o importante é termos a capacidade de sacrificar aquilo que somos para sermos aquilo que podemos ser. 5
  • 6. Aos que Amamos Se hoje comemo uma conquista, esta se deve àqueles que estiveram ao meu lado em todos os momentos; que fizeram de meus sonhos seus próprios objetivos e de meus objetivos sua própria luta. Quero compartilhá-la com vocês... Pessoas tão especiais, que não pouparam esforços para que o sorriso que hoje trago no rosto fosse possível. A vocês, que me ofereceram sempre o melhor que puderam me dar, através de seu olhar de apoio, de sua palavra de incentivo, de seu gesto de compreensão, de sua atitude de segurança, mesmo quando me veio o desânimo. Nos momentos importantes, suportaram a minha ausência; nos dias de fracasso, respeitaram meus sentimentos e enxugaram minhas lágrimas. Se hoje estou aqui é porque vocês acreditaram em meu sucesso e caminharam ao meu lado! “Muito obrigado” 6
  • 7. “Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim”. (Gandhi) 7
  • 8. SUMÁRIO CAPA FOLHA DE ROSTO CONTRA-CAPA FOLHA PARA PARICÊ DA BANCA EXAMINADORA DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS EPÍGRAFE SUMÁRIO RESUMO ________________________________________________________________09 1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________10 1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO ____________________________________________11 1.2 - JUSTIFICATIVA __________________________________________________13 1.3 - PROBLEMA/HIPÓTESE/OBJETIVOS DO TRABALHO _________________ 19 1.4 - ESTRUTURA _____________________________________________________20 2. PROBLEMATIZAÇÃO _________________________________________________ 22 2.1 - ENSINO INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES ________________________________ 26 2.2 – O APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E SUAS CONCEPÇÕES __________________________________________________________ 29 2.3 – LITERATURA INFANTIL: O FANTÁSTICO MUNDO DA REALIDADE _________________________________________________________35 2.4 – O PROFESSOR-LEITOR E SUA IMPLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR __________________________________________38 3. RELATIVIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ____________________________________43 3.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA CAMPO_______________________44 3.2 – ASPECTOS FÍSICOS ______________________________________________45 3.3 – ASPECTOS FUNCIONAIS _________________________________________ 47 3.4 – COMO A ESCOLA SE ORGANIZA PEDAGOGICAMENTE ______________50 3.5 – METODOLOGIA: COMO DETECTAMOS O PROBLEMA ______________ 51 3.6 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ___________________________________ 53 4. PESQUISA COMO TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO ______________________ 55 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 56 8
  • 9. RESUMO A reflexão sobre o ensino da leitura na escola, com um olhar “apurado” para o ensino infantil, é muito importante nos dias de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a formação de sujeitos leitores para que se possa apresentar caminhos de renovação e qualificação na prática pedagógica relativa à leitura. Um trabalho de leitura e de formação de leitores precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo está em mudança constante e é preciso avançar de acordo com a tecnologia. No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores competentes". Investir na formação de leitores é uma tarefa urgente. É preciso apostar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção de mudá-la de alguma forma. PALAVRAS –CHAVE: Ensino Infantil – Leitura – Leitores competentes 9
  • 11. As exigências educativas da sociedade contemporânea são crescentes e estão relacionadas às diferentes dimensões da vida das pessoas: ao trabalho, à participação social e política, à vida familiar e comunitária, às oportunidades de lazer e desenvolvimento cultural. O mundo passa atualmente por uma revolução tecnológica que está alterando profundamente as formas de trabalho e de interação, onde, numa economia cada vez mais globalizada, a competitividade desponta como necessária à subsistência humana. No afã de auto-superar o homem moderno terminou o século XX em desarmonia consigo mesmo, sem reflexão crítica sobre as suas reais necessidades, as quais deveriam permear o próximo milênio. Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os novos tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas, atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os fatores que possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana impõe de maneira crescente no meio social. Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante mutação, seria a prática de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou indireta, uma reflexão sobre o contexto social em que estão inseridas, uma vez que o movimento dialético da leitura deve inserir o leitor na história deste milênio e o constituir como agente produtor de seu próprio futuro. 11
  • 12. As fracas experiências com a leitura afastam o leitor do contexto social e cultural, faz com que desconheça o que de mais profundo o homem pensou e escreveu sobre si, alienando-se das informações e, conseqüentemente obsta sua participação ativa e efetiva na sociedade em que está inserido. Por esta perspectiva, obvia-se a necessidade da formação de leitores, pois se percebe que sua participação no contexto social depende de sua visão de mundo, de seus valores, de seus conhecimentos, de sua reflexão e visão crítica, enfim, da leitura como instrumento do conhecimento. Nesta perspectiva, o exercício da leitura transcende, em muito, a utilização de materiais, muitas vezes empregados como modismos em sala de aula. A formação do leitor impõe- se como prioridade a ser seguida, pressupondo a figura do professor como interlocutor ativo no diálogo da leitura, a fim de instigar e promover leitores que estejam à procura de respostas às suas próprias indagações e a desconfiar dos sentidos das letras impostas por textos insignificantes para, desta forma, encontrar nos livros, a fonte de sua sabedoria e inspiração, resgatando a história do conhecimento, tão necessária nos novos tempos, em que as mudanças são rápidas e atropelam o próprio “saber humano”. A Escola insere-se neste contexto como instrumento hábil a implementar a leitura na Educação Infantil e Séries Iniciais, motivando os jovens leitores através de uma mudança de concepção, ou seja, transformando a leitura como algo agradável, fonte não apenas de informação, mas principalmente de lazer. 12
  • 13. É o que se pretende ao longo deste trabalho conclusivo de curso, através da escrita baseada numa pesquisa bibliográfica atualizada com o tema, demonstrar aos leitores a relevância do educador na formação de novos leitores, numa concepção de que, sem rupturas no processo ensino-aprendizagem, a leitura pode ser empregada como mecanismo de lazer, cultura e formação. 1.2 - Justificativa A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as questões mais focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na insegurança lingüística demonstra o fracasso das práticas lingüísticas das aulas. A voz do professor raras vezes é ouvida no coro daqueles que denunciam a situação. Não é de surpreender, pois faz parte do processo de diminuição do professor deixá-lo sem acesso à palavra escrita, seja, como leitor, porque não detém recursos financeiros suficientes para adquirir o que é instrumento para seu trabalho, seja como escritor, porque não é um representante social da elite formadora de opiniões, embora tenha que, representá-la em sala de aula. 13
  • 14. A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel político na luta contras as desigualdades sociais e assume a responsabilidade de um ensino eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participação cultural e na reivindicação social. (Soares, 1995:73) Entretanto, Foucambert (1994) enfatiza que, faz-se necessário o surgimento de dois movimentos sociais: um de reinvenção da escola e outro de desescolarização da leitura. Para que o primeiro se estabeleça, faz-se necessário uma intervenção das instâncias e movimentos de educação popular; e uma verdadeira mudança de postura política. Já a concretização do segundo passa pela conscientização dos membros da sociedade em relação à importância e poder da leitura enquanto ato e aprendizado social possibilitador de transformação, o qual se caracteriza e se realiza a partir das práticas familiares e sociais de leitura. Compartilhando de concepções semelhantes, Kramer (2001) também acredita que o acesso à alfabetização (enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a língua), à leitura e à escrita é um direito do cidadão e que, portanto, exige o comprometimento com um projeto de sociedade que vise à democratização e à justiça social. Ela também defende que a escola não deve assumir sozinha o compromisso com as mudanças que precisam ser efetivadas nesta área. Kramer argumenta que é necessário tanto o desenvolvimento de um projeto econômico como de um projeto de emancipação 14
  • 15. cultural dentro e fora da escola, que favoreça o contato dos indivíduos com o bem cultural produzido pela humanidade em todas as áreas do conhecimento. Deste modo, ela parece propor um acesso às várias leituras, que não apenas a do escrito: a leitura da escultura, da pintura, do movimento, da dança, da fotografia, da música... Foucambert (1997) defende que os professores precisam apresentar ações determinantes tanto dentro como fora da escola, não esperando, de maneira passiva, que este tipo de mudança seja germinado na sociedade. Deste modo, ele parece também acreditar que o professor apresenta-se como uma peça fundamental deste processo, postulando que o mesmo pode engendrar o início desta mudança. Todavia, Foucambert (1997) sustenta que: assim como acontece com o leitor-aprendiz,torna-se necessário que o professor tenha acesso, em processo de formação inicial ou continuada, ao poder da escrita para que possa colocar-se em uma posição que lhe permita a construção de um novo ponto de vista em relação à atividade de leitura e à sua natureza. Diz Foucambert (1997) que somente a aproximação do professor com a informação pertinente e, portanto, com o escrito, pode-lhe conceder a liberdade de escolha sobre o que é possível fazer em sala de aula. É esta informação teórica que permite a esse profissional a ampliação de sua percepção, via reflexão e distanciamento do real, e conseqüente ampliação de sua ação. Para ele, formar-se professor é ter acesso aos instrumentos que possibilitem a formação do leitor, compreende-los, agir sobre eles e transformá-los. 15
  • 16. No entanto, não é isso que tem sido evidenciado em nossa realidade educacional. A formação de professores por si só, hoje, não parece garantir este poder. Pelo contrário, o que se observa em cursos de formação de professores e em professores em serviço de formação com a escrita e, portanto, com a leitura é uma relação técnica, mecânica e, quase sempre, sem motivação e prazer. Pensa-se, portanto, que a mudança deve partir de uma reestruturação dos cursos de formação inicial e continuada de professores, em que o aspecto afetivo destes seja resgatado, vivenciado e trabalhado, a fim de se possibilitar os acontecimentos, o controle das emoções, o desenvolvimento da sensibilidade e das habilidades de saber ouvir empaticamente, saber respeitar as diferenças e saber observar. Ao adquirir essas habilidades o professor perceberá que a linguagem tem como objetivo principal à comunicação sendo socialmente construída e transmitida culturalmente. Portanto, o sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece no diálogo e altera-se historicamente produzindo formas lingüísticas e atos sociais. A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade de intercâmbio durante o trabalho. (Vygotski, 1998:07) Mas, freqüentemente o aprendizado fora dos limites da instituição escolar é muito mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. Dessa maneira percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa sua clientela: seja pelo aspecto físico, seja pelas condições de trabalho dos professores, seja pelos altos índices de 16
  • 17. repetência e evasão escolar ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois, a norma culta padrão é a única variante aceita, e os mecanismos de naturalização dessa ordem da linguagem são apagados. (Soares, 1995: 36) A análise das questões sobre a leitura e a escrita está fundamentalmente ligada à concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à escola e à escolarização. Muitas das abordagens escolares derivam de concepções de ensino e aprendizagem da palavra escrita que reduzem o processo da alfabetização e de leitura a simples decodificação dos símbolos lingüísticos. A escola transmite uma concepção de que a escrita é a transcrição da oralidade (Cagliari, 1989: 26). Parte-se do princípio de que o aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organização em unidades e seus princípios fundamentais, que incluiriam basicamente algumas das noções sobre a relação entre escrita e oralidade, para que possua os pré-requisitos, aprenda e desenvolva as atividades de leitura e de produção da escrita. Mas a escrita ultrapassa sua estruturação e a relação entre o que se escreve e como se escreve demonstra a perspectiva de onde se enuncia e a intencionalidade das formas escolhidas. (Guimarães, 1995:08) A leitura, por sua vez, ultrapassa a mera decodificação porque é um processo de (re) atribuição de sentidos. 17
  • 18. Os que se baseiam em uma visão tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o aprendizado dessas práticas como o acesso às primeiras letras, que seria acrescido linearmente do reconhecimento das sílabas, palavras e frases, que, em conjunto, formariam os textos, e, após o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler e a escrever. (Cagliari,1989: 48) Essa seria uma concepção de leitura e de escrita como decifração de signos lingüísticos transparentes, e de ensino e aprendizagem como um processo cumulativo. Já na visão contemporânea a construção dos sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela leitura, está diretamente relacionada às atividades discursivas e às práticas sociais as quais os sujeitos têm acesso ao longo de seu processo histórico de socialização. As atividades discursivas podem ser compreendidas como as ações de enunciado que representam o assunto que é objeto da interlocução e orientam a interação. A construção das atividades discursivas dá-se no espaço das práticas discursivas. (Matencio,1994:17) Como dito anteriormente, estamos propondo que enfatizemos as práticas discursivas de leitura e escrita como fenômenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partimos do princípio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produção de textos é muito mais que decodificação de signos lingüísticos, ao contrário, é um processo de construção de significado e atribuição de sentidos. Pressupomos também que a leitura e a escrita são atividades dialógicas que ocorrem no meio social através do processo histórico da humanização. 18
  • 19. Adotar esse ponto de vista requer mudança de postura, pois a diferença lingüística não é mais vista como deficiência (Ceccon, 1992:62). O trabalho com a leitura e a escrita adquire o caráter sócio-histórico do diálogo e a linguagem preenche a representação social: a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. (Baktin, 1992:95) Nessa perspectiva, a evolução histórica da linguagem, a própria estrutura do significado e a sua natureza psicológica mudam de acordo com o contexto vivido. A partir das generalizações primitivas, o pensamento verbal eleva-se ao nível dos conceitos mais abstratos. (Vigotski, 1997:30). Não é simplesmente o conteúdo de uma palavra que se altera, mas o modo pelo qual a realidade é generalizada em uma palavra. O significado dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido; não passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala. (Vigotski, 1998:156). 1.3 – Problema, hipótese e objetivos do trabalho. A falta de estímulo à leitura, por parte dos educadores do ensino infantil, na E.E.E.I. F Santa Maria Gorete, na cidade de São José de Piranhas – PB colabora para que o aluno conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e não de aprendizado, partindo do problema exposto, levantam-se as seguintes hipóteses: leitura é apenas decodificar símbolos; a convivência com pessoas letradas é um estímulo à leitura; a leitura é um instrumento de aprendizagem; a falta de motivação por parte do professor atrapalha a aprendizagem do aluno. 19
  • 20. Sendo assim, objetivamos com este trabalho científico, provar que é preciso haver estímulo por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em seus alunos; identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a praticar o ato de ler; verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno um retardamento em seu aprendizado; especificar métodos que possam ser utilizados no ensino-aprendizagem no que se refere à leitura para que os alunos desenvolvam suas habilidades. 1.4 – Estrutura O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro é a Introdução: apresenta o assunto de forma contextualizada divida em contextualização, justificativa, problema, hipóteses e objetivos do trabalho, além da estrutura; o segundo é a Problematizarão: representando a base teórica da fundamentação do trabalho. O terceiro é a Relativização da experiência: são as características históricas, físicas, funcionais levantadas a respeito da Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete, que são os métodos utilizados para chegar-se a definição da área de estudo, como por exemplo, sua localidade, ponto de referencia, a área construída, seu quadro funcional e o número de alunos matriculados, a metodologia que mostra como detectamos o problema, e as possíveis deduções encontradas a partir da análise de observação e uma proposta de intervenção visando contribuir com a melhoria do desempenho da escola campo. O quarto é a pesquisa como trabalho sócio-educativo: mostrando o nosso ponto de vista com relação ao tema escolhido e citando as considerações finais do trabalho. O quinto e 20
  • 21. último capítulo são as Referências Bibliográficas: apresenta as fontes de pesquisa do nosso TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. 21
  • 22. A PROBLEMATIZAÇÃO Semear leitura para colher leitores: Desafio do Ensino Infantil 2- A PROBLEMATIZAÇÃO: 22
  • 23. Origem e Importância da Leitura Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe torne mais útil a vida em sociedade e que lhe possa tornar mais feliz. A criação de mecanismos que possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo. Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua própria e mais nobre conquista: a conquista de ser. Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da civilização. Ao longo da história, a leitura foi vista como uma fonte de aprendizagem e de conhecimento. Foi assim desde a antiguidade, precisamente a partir dos séculos V e VI a.C, quando a prática da leitura em voz alta foi bastante difundida. Já na Idade Média, no final do século XI até o século XIV, com o desenvolvimento da alfabetização, as práticas de escrita e de leitura, antes separadas, aproximaram-se e se tornaram função uma da outra. A escola passa, então, a ser vista como o principal espaço onde se dará o ensino de leitura. Posteriormente, na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, as práticas de leitura estiveram condicionadas à escolarização, às opções religiosas e ao crescente ritmo de industrialização. 23
  • 24. Já no transcorrer deste século a imprensa escrita desenvolveu mais nitidamente sua função educativa, penetrando nos vários setores da vida social, agindo intensamente na formação do imaginário coletivo. Tornou-se, sobretudo, o principal veículo para difundir visões de mundo, normas e valores de caráter ideológico dominante. Por outro lado, aguçou a capacidade crítica dos leitores, ainda que num número insuficiente para uma sociedade que clama por iguais condições de acessibilidade ao conhecimento. Pode-se afirmar que a imprensa ao longo da história serviu, sobretudo, à classe dominante que acreditava no papel da leitura como um elemento auxiliar do processo de inculcação ideológica, colaborando para a reprodução das estruturas sociais excludentes. Nas últimas décadas do século XX, a expansão da tecnologia digital e das redes de comunicação virtual por meio de computador desenvolveu novos suportes de leitura que se somaram ao formato do livro impresso. Os discos rígidos, disquetes, cd - rom, multimídia, mostraram-se como novas alternativas para o ato de leitura, pois o texto eletrônico permite que o leitor interfira em seu conteúdo tornando-se um co-autor. O leitor diante da tela pode intervir nos textos, modificá-los, reescrevê-los, fazê-los seus; ele torna-se “um dos autores de uma escrita de várias vozes ou, pelo menos, encontra-se em posição de construir um texto novo a partir de fragmentos recortados e reunidos”. (CHARTIER, 1994, p. 103). Ainda assim, o progresso não possibilita iguais oportunidades de leitura e escritura à maioria da população brasileira. 24
  • 25. A criação dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, criam outras disponibilidades, pois ela é a básica, dela provém as demais. Através da leitura e da escrita o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da civilização, com a abstração a que nomeamos “Estado”. O homem se organizou politicamente. Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses, descortinaram as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano, do seu prazer. Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-se a tal ponto de ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses. Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização, percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinará bons resultados. Ou seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser, deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura. Podemos dizer que a imaginação humana é imperiosa para a construção do conhecimento, e conhecimento também é arte, daí a importância da Educação Infantil para enriquecer essa imaginação da criança, oferecendo-lhe condições de liberação 25
  • 26. saudável, ensinando-lhe a libertar-se no plano metafísico, pelo espírito, levando-a a usar o raciocínio e a cultivar a liberdade e o hábito da leitura. 2.1- Ensino Infantil: O papel da escola na formação de leitores competentes Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infância remontam ao final do século XVII. Antes disso, as crianças, vistas como adultos em miniatura, participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta. Naqueles tempos não havia histórias dirigidas especificamente ao público infantil, pois a infância, enquanto período de desenvolvimento humano, com particularidades que deveriam ser respeitadas, inexistia. As profundas transformações ocorridas no âmbito social e econômico, principalmente com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que surgisse uma nova organização familiar e educacional, na qual a criança passou a ocupar um espaço privilegiado. Com intuito de capacitar cidadãos a fim de enfrentar um mercado de trabalho tão competitivo já naquela época, tornava-se imperioso o preparo eficiente das crianças para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social sustentável. Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que atenda às novas exigências, repensando- se todos os produtos culturais destinados a infância e, dentre eles, especialmente o livro. 26
  • 27. Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepção ideológica comprometida com um destinatário específico: a criança, embora persistissem resquícios ideológicos amalgamados à transmissão de valores da sociedade então vigente. Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vão gradativamente sofrendo transformações e promovendo, através da disseminação de uma leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada à construção do conhecimento, um alargamento vivencial para as crianças. Nesta direção, a Escola, como espaço socializador do conhecimento, fica com a tarefa primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer circular em seu meio uma diversidade de materiais, com conteúdos ricos e variados, que promovam a formação de leitores livres. Concebe-se assim, a prática da leitura, não como habilidades lingüísticas, mas como um processo de descoberta e de atribuição de sentidos que venha possibilitar a interação leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996): “(...) O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita (...) A leitura do mundo precede a leitura da palavra.” Sob este prisma, o professor precisa estar capacitado e preparado para provocar em sala de aula, a partir de leituras diversificadas, discussões que conduzam os alunos ao estabelecimento de elos com outras realidades, permitindo assim, a efetivação do real sentido do que está sendo lido, em consonância com o discurso de SOARES (1995): “A 27
  • 28. leitura na escola, tem a função de desacomodar o aluno, despertar-lhe o senso crítico, romper com a alienação(...) já que ler não é apenas decodificar signos gráficos.” Por esta perspectiva, é oportuno reforçar a assertiva de que o professor deve selecionar diferentes tipos de textos, literários ou não, que projetem a vida contemporânea do local onde os alunos estão inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos pontos de vistas, estimulando discussões, reflexões e confrontos entre os alunos. Com a virada do milênio a escola, visando incentivar o hábito da leitura, busca construir mecanismos eficientes a fim de competir com o advento dos recursos visuais, auditivos e multimídia, a que alguns poucos alunos já têm acesso. O desenvolvimento intelectual da população representa um fator político-social básico para o alcance do progresso e aspiração de toda a sociedade. O Brasil intitula-se como Estado Democrático de Direito e que tem como um dos seus fundamentos constitucionais básicos a educação como “direito de todos e dever do Estado e da família (...)”. A amplitude que enseja a formação desses agentes se inicia na Educação Infantil e Séries Iniciais, e esta não pode estar à margem da modernidade. Nesta ótica, não há como negar os avanços tecnológicos, no entanto, a Escola deve estar atenta ao uso que se faz dos recursos eletrônicos e definir com clareza quais objetivos a serem atingidos com o seu uso. 28
  • 29. A utilização inadequada dos meios eletrônicos como mecanismo básico do ensino e leitura induzem a formatação do conhecimento, ao contrário do que ocorre na leitura do livro, quando o tempo da reflexão assegura um diálogo em que as experiências de vida são compartilhadas, como diz Bárbara Vasconcelos : “(...) O livro desempenha um papel importante na vida e na formação do ser humano, pois através dele nos tornamos mais sensíveis ao mundo e capazes de entender nossas próprias reações. O livro incrementa a missão de educar, pois fornece as crianças informações, lazer, cultura, propiciando ao leitor elaborar seu próprio conhecimento, enriquecer seu vocabulário, facilitar a escrita, agilizar o raciocínio e aguçar a imaginação. Assim, ao incentivarmos a leitura, estamos deflagrando um movimento para desenvolver pessoas críticas, participativas, criativas e preparadas para construir a nação do futuro .” A Escola, incumbida então da função de promover a formação do leitor, terá que rever as condições, muitas vezes restrita, a que impõe a leitura aos seus alunos. 2.2 - O aprendizado inicial da leitura e suas concepções É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de 29
  • 30. decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentem ler. O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas concentradas na decodificação. Ao contrário é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas suposições. É disso que se está falando quando se diz que é preciso “aprender a ler, lendo”. A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber, no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de leituras impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que, ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos. Neste sentido, esta ambigüidade da prática educativa tornam os alunos alheios a realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da 30
  • 31. leitura significa a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder, chamado linguagem formal, pois é desta forma que estão escritas as leis que regem nosso país, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideológico em prol da liberdade e da justiça, os mantêm na condição de detentores do Poder. Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor em si mesmas, não sendo sempre necessárias atividades subseqüentes, como o desenho dos personagens, a resposta de perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais atividades só devem se realizar quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso contrário, pudesse oferecer uma idéia distorcida do que é ler. A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura. É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de materiais escritos, uma vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas culturais mediadas pela escrita. Comunicar práticas de leitura permite colocar as crianças no papel de “leitoras”, que podem relacionar a linguagem com os textos, os gêneros e os portadores sobre os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas, jornais etc. As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos, possibilitam às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos 31
  • 32. aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e afetivas envolvidas. Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados. Neste sentido torna-se oportuno citar FOUCAMBERT (1994, p. 121): “(...) a leitura aparece também como um instrumento de conquista de poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O “acesso a leitura” de novas camadas sociais implica que leitura e produção de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela transformação da situação que faz que não se o seja.” Assim, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam, tornando-os distintos cultural e socialmente. Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além: 32
  • 33. Conforme Paulo Freire (2003, p. 11): “(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras críticas e variadas. Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividade ligada a lição e a intenção didática instrucional. Além da leitura como informação e, conseqüentemente, como fonte de acesso ao conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrário senso, o prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento. Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto, compreensiva e mais agradável como processo pedagógico. 33
  • 34. Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o protagonista é o aluno, e respaldando tal assertiva é oportuno citar Paulo Freire: “Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciências e a atitude crítica, graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita freqüência a educação em vigor num grande número de países do mundo, educação que tende a ajustar o indivíduo à sociedade em lugar de promovê-lo em sua própria linha.” Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz mister uma mudança na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo. Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer! 34
  • 35. 2.3- Literatura infantil: O fantástico mundo da realidade “Um livro infantil, para o quarto de uma criança, é um objeto tão importante e mais indispensável do que o berço” Foucambert Uma das formas de recreação mais importante para a criança, principalmente no que se refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual é a leitura. A literatura infantil, como meio de comunicação e modalidade da leitura, também é um dos mais eficientes mecanismos de recreação e lazer, servindo como um método prático de terapia educacional. Os condicionamentos impingidos pela vida moderna, tais como a massificação da informação pela televisão, os programas televisivos inadequados, a comunicação via ciberespaço, os filmes infantis instigando à violência, dentre outros aspectos, despejam sobre a criança informações que cercam a sua capacidade imaginativa, culminando num alheamento de perspectiva crítica. A literatura desempenha papel fundamental na vida da criança, não apenas pelo seu conteúdo recreativo que desempenha, mas também pela riqueza de motivações, sugestões e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento. 35
  • 36. Em seu descobrimento da vida, a criança está ávida por descobrir e entender a realidade circundante, deslumbrando os mistérios que a aproximam do mundo exterior através dos símbolos, da leitura infantil. Nessa curiosidade e deslumbramento deverá encontrar estímulos sadios e enriquecedores que serão a tônica de sua motivação e crescimento como pessoa humana. Portanto, deve-se estimular e propiciar ao alcance das crianças os livros infantis, dos Contos de Fadas, poesias, os mitos, folclore, fábulas, teatro, permitindo-lhe penetrar em seu universo mágico dos sonhos. É o caminho não apenas de sua descoberta, mas também um dos mais completos meios de enriquecimento e desenvolvimento de sua personalidade. Com a leitura e os livros a criança e o jovem encontrarão caminhos, crescerão e se desenvolverão na busca de soluções para as suas inquietações e problemas de ordem intelectual, social, afetiva, ética e moral. A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização como pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos. Por razões evidentes, não poderíamos deixar de fazer alusão a um dos maiores nomes da literatura infantil: Monteiro Lobato. 36
  • 37. Monteiro Lobato tornou-se o maior clássico da literatura brasileira; Não escreveu apenas livros para crianças, mas sim criou um novo universo para elas. Foi original em seus escritos, embora utilizasse o rico acervo da literatura clássica infantil de todo o mundo. Sua maior fonte de inspiração foi a própria criança: os ingredientes de sua vivência, suas fantasias, suas aventuras, seus jogos e brinquedos, e tudo que povoasse sua imaginação. Bárbara Vasconcelos, em sua obra “A literatura Infantil”, retrata bem a importância da obra de Monteiro Lobato: “É importante que a criança viva em seu mundo, sem ser perturbada, para que ela seja criança enquanto for criança. Lobato realizou uma obra onde a criança, desinibida e autêntica, é livre para ser criança. E é isso que é importante. Ele não mente à criança, mas não lhe impõe os problemas. A criança merece beleza e respeito, sem precocidade vulgares, sem permissividades, porque o nosso objetivo é dar-lhes condições de crescer. É isso que faz a obra de Lobato.” A criação literária de Monteiro Lobato contribuiu sobremaneira para a educação, inspirando as novas gerações para o hábito da leitura, num mundo cheio de fantasia e beleza, fazendo com que sua presença fique viva nos lares, nas escolas e, principalmente, nos corações das crianças. Sua obra infantil tem servido de inspiração para educadores e homens de teatro no Brasil e no exterior, motivo de orgulho nacional. 37
  • 38. 2.4 – O professor-leitor e sua implicação na formação do aluno-leitor O trabalho direto com crianças pequenas exige que o “professor do ensino infantil" 1 tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação. A implementação e/ou implantação de uma proposta curricular de qualidade depende, principalmente dos professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas ações, que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e outros profissionais da instituição, podem-se construir projetos educativos de qualidade junto aos familiares e 1 O corpo profissional de grande parte das instituições de educação infantil de todo o país, hoje, é ainda formado, em sua grande maioria, por mulheres. Este Referencial dirige-se ao professor de educação infantil como categoria genérica. 38
  • 39. às crianças. A idéia que preside a construção de um projeto educativo é a de que se trata de um processo sempre inacabado, provisório e historicamente contextualizado que demanda reflexão e debates constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas. Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato, representar esse diálogo e debate constante, é preciso ter professores que estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das crianças, assim como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis. É de suma importância, que o professor incentive o gosto pela leitura, para que a sociedade tenha seus indivíduos como sujeitos da sua história, homens e mulheres que façam cultura e que impulsionem a transformação, fundamentados em princípios humanos de liberdade e solidariedade. A leitura, nas escolas, tem caráter secundário ao da escrita, apesar de ambas caminharem juntas; a escrita toma todo tempo, enquanto a leitura é vista como uma atividade extra na aula que, normalmente, acontece, quando os alunos terminam a lição, ou quando sobra tempo. A leitura precisa ocupar horário “nobre” da aula. A escola precisa viabilizar tempo para a leitura. Nem sempre os professores estabelecem boas relações com os livros e com a leitura; há alguns que afirmam que não gostam de ler; outros que não vêem a leitura como lazer; outros que as poucas leituras que fazem são quase que, exclusivamente, para a preparação das aulas. 39
  • 40. Se o professor formador de leitores não tem o gosto pela leitura, como irá despertar o interesse dos alunos pelo prazer de ler? Talvez, esse professor não tenha tido oportunidades de se tornar um bom leitor na sua fase de escolarização ou profissionalização. Outros fatores, como, condições salariais ou de trabalho, falta de infra-estrutura, pouco ou nenhum tempo para ler, contribuem negativamente para a má formação do professor-leitor. Mas se os professores não forem leitores, dificilmente poderão compartilhar com seus alunos os mistérios, encantos e alegrias que se podem alcançar pela leitura. Primeiramente, compete ao professor leitor fazer a “leitura” da sala de aula, como se fosse um texto a ser compreendido. Se, na leitura de textos, necessitamos de estratégias ou instrumentos auxiliares de trabalho, também para a leitura da classe precisamos observar, intuir, imaginar a realidade de cada aluno, suas condições sociais, culturais e econômicas para, então, o educador ser capaz de interagir, intervir e construir criticamente o conhecimento. Assim, o educador é um elemento impulsionador, mediador da leitura, criando em sua sala de aula condições para que seus alunos possam ler. Dessa forma, ao conquistar o ato de ler, dentro das condições propícias, o professor e o aluno estarão ampliando seus conhecimentos, participando ativamente da vida social, alargando a visão de mundo, do outro e de si mesmo, o que poderá ser revertido em incremento do trabalho pedagógico. 40
  • 41. É a partir desta perspectiva que Foucambert (1994), em sintonia com Smith (1999) e Solé (1998), defende um ensino de leitura no qual se aprende a ler lendo, onde o aprendiz pode estar em contato com os mais diversos tipos de textos sociais dos quais precisa e se utiliza no cotidiano, e no qual o único pré-requisito para este aprendizado é a capacidade de questionar sobre as coisas do mundo. Por outro lado, Foucambert (1994; 1997) e Smith (1999) vão mais longe ao afirmarem que a leitura não pode ser ensinada e que a responsabilidade do professor é facilitar o aprendizado desta atividade através do acesso da criança a uma variedade de textos. Para estes autores, as habilidades de leitura são desenvolvidas por meio da imersão na escrita e na prática da leitura, não podendo ser ensinadas de maneira isolada e descontextualizada das práticas sociais. Deste modo, entende-se que os referidos autores diferenciam a atividade de orientação, na qual o professor-leitor experiente tem a função de tornar possível a aprendizagem desta atividade. Segundo esta proposta, o professo-leitor, para facilitar a entrada da criança no mundo da leitura e escrita, deve ler pra ela, mostrando-lhe como os escritos que circulam no cotidiano podem ser usados a fim de que a mesma compreenda os sentidos. Segundo Smith (1999), a criança só é capaz de compartilhar deste mundo, quando compreende o seu significado, sendo este o descobrimento da diferença entre a fala e escrita os dois insights necessários para o aprendizado inicial da leitura. É preciso, então, um professor-leitor, que compartilhe com os alunos o passaporte imprevisível e maravilhoso da leitura. É preciso que os professores conheçam a natureza da literatura, as obras, os autores, que saibam selecionar textos e tenham se apropriado do conhecimento para estabelecer, com os alunos, as relações possíveis. Quando uma 41
  • 42. criança não encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe outros exemplos. Quando uma criança não se interessa pela leitura, é o professor quem deve criar situações mais envolventes. O próprio interesse e envolvimento do professor-leitor com a leitura servem como modelo indispensável: ninguém ensina bem uma criança a ler bem se não se interessa pela leitura. Lendo diversos gêneros e portadores textuais, ouvindo contos, notícias, poemas, textos informativos, histórias em quadrinhos é que oportunizaremos o acesso a tudo o que a escrita e a leitura representa, dentro e fora da escola. Ou seja, os alunos precisam saber que lemos por diferentes razões e que não lemos todos os textos da mesma forma. Portanto, na formação de leitores, é necessário dominar as diferentes estratégias de leitura (antecipação – inferência – decodificação – verificação), pra adequá-las aos diferentes objetivos e situações presentes no mundo letrado. O domínio das estratégias de leitura decorre de uma prática viva do ato de ler de um lado, vivenciando os diferentes modos de ler existentes nas práticas sociais de outro, respondendo aos diferentes propósitos de quem lê. 42
  • 44. 3.1 - Aspectos históricos da escola campo A Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete está localizada a rua Inácio Lira, centro, ao lado da Igreja Matriz São José. A escola foi construída pela paróquia com a colaboração voluntária da comunidade no dia 10 de março de 1962 com o objetivo de suprir as necessidades algumas famílias pobres, tendo como mentor o Padre José Gálea, que por alguns anos supriu todas as despesas da escola. No início de sua fundação, a escola não possuía prédio próprio, funcionava em um salão que era dividido ao meio pelas cadeiras dos alunos onde as professoras fundadoras junto com o padre ensinavam há mais ou menos 36 alunos da periferia. Raimunda Mendes Cavalcanti e Judite Inácio foram as primeiras professoras a lecionarem na Escola Santa Maria Gorete que até então não era estadual. No dia 19 de maio de 1983 com o grande apoio e esforço do Padre Antônio de Sousa a escola passou a ser realmente do estado. A partir de então, foram contratados professores, ampliação do prédio e todas as despesas eram custeadas pelo Governo do Estado. O nome Escola Santa Maria Gorete foi uma homenagem a uma santa a qual o padre José Gálea, seu fundador tinha devoção religiosa. No início de seus trabalhos educacionais a escola funcionava apenas com a primeira fase do Ensino Infantil, em virtude de sua trajetória e da grande procura por vagas, os administradores responsáveis pela mesma, solicitaram ao Governo do Estado junto a Secretaria da Educação e Cultura 44
  • 45. a ampliação do Ensino Fundamental no ano de 2000, para possibilitar todas as séries em uma só escola. A lei estadual que regimenta a escola é a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Ainda hoje a escola mantém um vinculo muito grande com a Igreja católica, pois o prédio onde funciona a mesma é patrimônio da igreja e todos os meses o Governo do Estado paga o aluguel ao sacerdote representante maior da igreja na cidade local. 3.2 - Aspectos físicos Sala de aula: dimensão, arejamento e iluminação. Cada sala mede aproximadamente 7x8 metros. Sistema de ventilação e iluminação é precário, pois quando se escreve na lousa faz-se necessário fechar todas as janelas, ficando a sala de aula escura e sem nenhuma ventilação, a iluminação das lâmpadas não são suficientes devido algumas estarem queimadas. As salas não dispõem de ventiladores. Salas especiais, leitura e vídeo: como são utilizadas. Por não disponibilizar de muito espaço físico a escola não possui sala de vídeo e de leitura. Quando os professores precisam utilizar algum outro recurso (vídeo, tv, etc), o material é deslocado para as salas de aula. 45
  • 46. Pátio para recreação, educação física, auditório e outros. A escola não possui um pátio para recreação. A recreação é feita em uma quadra de esporte com dimensões favoráveis e em boas condições de uso. Não dispõe também de auditório, qualquer evento da escola é feito na quadra de esportes. Salas para o setor de administração A sala de administração não é apropriada, dividindo em uma mesma sala: secretaria, administração e biblioteca. Biblioteca A biblioteca funciona na secretaria da escola, é consultada de forma lenta, pois não dispõe de livros que atendam as necessidades dos alunos. 46
  • 47. 3.3 – Aspectos funcionais Corpo técnico-administrativo O corpo técnico-administrativo é formado por sete pessoas. Uma diretora formada em Letras e concursada; um secretário com Ensino Médio completo e concursado; um técnico de nível médio com Curso Superior e concursado readaptado com Curso Superior e concursado e três auxiliares de secretaria: um com Curso Superior e dois com Ensino Médio, sendo todos contratados. Quadro demonstrativo Nome Situação Cargo Maria da Silva Lima Inácio Diretora Efetivo José Lira Neto Secretário Efetivo Edna Pereira Faustino Técnico Nível Médio Efetivo Francisca Batista de Araújo Professora readaptada Contrato Vicente (secretaria) Maria Edileuda de S. Auxiliar de secretária Contrato Cavalcanti Edilene Alves Roberto Auxiliar de secretária Contrato Jaci Bento de Lira Auxiliar de secretária Contrato Corpo docente e técnico-pedagógico O corpo docente é formado por 21 professores, sendo 6 da primeira fase e 15 da segunda fase. Irá interessar-nos apenas os professores da primeira fase do Ensino Fundamental. 47
  • 48. Quadro demonstrativo Série Nome Formação Número Situaçã de alunos o Pré I Alecsandra Moreira Cavalcanti Superior incompleto 18 Contrato 1ª E “F” Valdenisa Pereira de Freitas Magistério 23 Contrato Tavares 1ª A Tereza Cristina Gonçalves Magistério 19 Efetivo Ferreira 2ª A Maria do Céu Moreira Magistério 28 Efetivo Cavalcanti 3ª A Maria Pereira Lima de Assis Superior completo 32 Efetivo 4ª A Maria Aparecida de Sousa Superior completo 26 Efetivo Cavalcanti Corpo de funcionários O corpo de funcionário de apoio é formado por sete funcionários: cinco auxiliares de limpeza/merenda e dois vigilantes, sendo todos contratados. 48
  • 49. Quadro demonstrativo de funcionários de apoio Cargo Situação Nome Maria do Socorro da Silva Auxiliar de limpeza e Contrato Alcântara merendeira Maria Eliana de S. Lins Auxiliar de limpeza e Contrato merendeira Maria Elma G. da Silva Auxiliar de limpeza e Contrato merendeira Maria Juraci A. Amorim Auxiliar de limpeza e Contrato merendeira Eurique Cavalcanti de Auxiliar de limpeza Contrato Sousa Antônio Bazílio Braga Vigilante Contrato José Petrônio do Vigilante Contrato Nascimento 3.4 - Como a escola se organiza pedagogicamente Com a implantação da Lei complementar 11.274 de 06 de fevereiro de 2006 a Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete passa a ter a 9ª série do Ensino Fundamental, ficando as séries divididas em 9 anos. Para ter um maior desenvolvimento educacional a escola desenvolve o Projeto Político Pedagógico (PPP) que abrange o lado pedagógico, administrativo e social da escola. Esse projeto tem como principal objetivo destacar a real situação de sua escola, buscando soluções para os problemas apresentados. 49
  • 50. A escola não possui um orientador pedagógico, mas cada final de bimestre os professores reúnem-se para fazer o planejamento bimestral das atividades. Os professores são orientados por uma pessoa da 9ª Regional de Ensino, que nem sempre vem aos planejamentos. A maior necessidade docente na parte pedagógica é justamente essa falta de orientação, os professores desejariam ter um maior acompanhamento em suas atividades escolares. Apesar de não ter todo um acompanhamento pedagógico o plano de ensino passado durante os planejamentos é seguido ao máximo pelos professores e estes conseqüentemente tentam passar o máximo de conhecimento para seus alunos não somente o que tem nos livros didáticos, mas conhecimentos que eles levam para vida como cidadãos conscientes e críticos. Todos os dias em sala de aula os alunos estão sendo avaliados, não somente por provas escritas, mas principalmente pela assiduidade, comportamento e participação nas aulas. Assim, o tipo de avaliação adotada pela escola é qualitativa, ou seja, o alvo principal não é a nota e sim o aprendizado dos alunos. 3.5 - Metodologia: como detectamos o problema? A partir de estágio feito em todas as etapas na E.E.E.I.E.F. Santa Maria Gorete, detectamos um grave problema que permeia a educação atual e conseqüentemente, as salas de aula pelas quais passamos: o trabalho com a leitura. Porém, foi o Ensino Infantil que mais nos chamou a atenção por ser este o início de toda a formação educacional. 50
  • 51. Desde o estágio de participação até o de regência percebemos a grande dificuldade que os alunos têm em relação à leitura. Os professores pelos quais passamos não têm o habito de ler em sala de aula, “ler por prazer”, quando fazem uma leitura já querem algo em troca dos seus alunos. Com isso, as crianças no início de sua vida de verdadeiros leitores, não conseguem ler por prazer. Durante os nossos estágios tentamos fazer diferente, todos os dias no início da aula fazíamos uma roda de leitura, cada dia da semana ficavam três alunos faziam a leitura para os colegas e todos comentavam o texto. No começo estranharam, mas logo se acostumaram e amaram a idéia e até falavam que “ler é melhor que escrever”. Diante desta grande problemática onde os alunos não estão abertos à leitura, vimos a grande necessidade de tentarmos amenizar este problema. Desde cedo os alunos não se sentem motivados a ler. Onde estará o problema? Em casa, na escola, no professor ou no próprio aluno? Aprendizagem, motivação e interesse tem que vir por parte de todos (família, escola, professor e aluno) para que juntos possam buscar reais soluções para tal situação. Um dos maiores impasses para que os alunos não gostem de ler desde as séries iniciais é a não importância que os professores dão a leitura, preocupando-se apenas com a escrita. Falam que é primordial aprender a escrever, claro que é, mas, se a criança apenas escreve sem saber ler, ela está apenas reproduzindo o que se está vendo. Na verdade será a partir da habilidade da leitura que o aluno irá desenvolver seu pensamento crítico e conseqüentemente aprenderá a escrever, com uma diferença, porque se o aluno sabe ler, ele sabe o que escreve. 51
  • 52. Os professores por estarem sobre carregados, não buscam melhorias para a aprendizagem dos seus alunos e também não são verdadeiros leitores, as leituras que fazem são por “obrigações” impostas pela profissão, não lêem por prazer. Os alunos vêem tudo isso e sentem-se desmotivados, ficando cada vez mais alheios a leitura. As pessoas têm uma visão errônea do professor do pré-escolar, achando que a função destes é única e exclusiva para brincar com os alunos, mas é nesta fase da escola que o professor despertará o prazer dos alunos pela leitura. Eles ainda não sabem ler, mas sabem ouvir; através da audição, a criança passa a apreender conhecimentos com a leitura compartilhada pelo professor, roda de conversa entre colegas, desenvolvendo assim suas verdadeiras habilidades de leitores que lêem por prazer e não por pura obrigação. 3.6 – Proposta de intervenção Com a ideologia na prática pedagógica de que: a sala de aula é o ambiente ideal para que os alunos construam conhecimentos e consequentemente sejam bons leitores, estamos lançando à E.E.E.I.F Santa Maria Gorete alternativas de promoção de leitura, objetivando despertar o interesse e a vontade de ler por parte dos alunos através das seguintes ações: a) Utilização de textos literários somados ao trabalho com livros didáticos; b) Dramatizações com a participação dos alunos; c) Atividades com ORIGAMI, arte japonesa que constitui na dobradura artística de papéis, criando personagens das histórias; d) Feira de leitura: 52
  • 53. e) Manipulação de argila e construção de maquetes, fundamentados na releitura das histórias; f) Realização de atividades com os diversos gêneros textuais como, por exemplo, com bulas de remédios, para troca de informações, experiências e conselhos; g) Criação de caixinhas de remédios e elaboração de bulas com base em algum medicamento natural conhecido; h) Exploração de receitas culinárias; i) Trabalho com jornais; j) Leitura de histórias em quadrinhos: As histórias em quadrinhos têm um efeito surpreendente como mecanismo de incentivo à leitura. Tais histórias atraem os alunos pela identificação que estes fazem com alguns personagens, semelhante ao mundo fático. A fantasia transforma a leitura em modalidade de ensino e de prazer. A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares, poderá estimular nos alunos à vontade e o prazer da leitura. 53
  • 54. Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, faz-se necessário uma mudança na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo. Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer! 4 – Pesquisa como trabalho sócio-educativo Ao longo dessas linhas buscou-se inspiração, sobretudo, na crença e firme convicção como educadoras, de que o futuro está na educação, principalmente na Educação Infantil e Séries Iniciais. O desfio do novo educador, daquele adequado ao mundo contemporâneo, está justamente em fazer frente às ideologias dominantes que insistem em práticas educativas tradicionais e descomprometidas com o objetivo máximo da educação, centro para onde deveriam convergir todos os interesses: o aluno. 54
  • 55. Nesse desiderato, comprometidos com o amanhã e com o futuro de nossos filhos, de nossa história, e porque não dizer de nossa própria existência, incumbe-nos, através de um discurso pragmático e não meramente dogmático, persuadir o público que tem compromisso com a educação, na realidade da família ao professor, da Escola ao próprio Estado, a implementar ações voltadas para a formação do futuro cidadão, sendo o incentivo ao hábito da leitura o mais ideal dos instrumentos para essa conquista. O nosso intuito com este trabalho de conclusão de curso é que este não seja apenas um documento obrigatório para obtenção do título de professor, mais que seja um ponto de referência na busca por soluções no processo de leitura e escrita. Nos realizaremos ainda mais se este tema fomentar em outros educadores o desejo de continuar este nosso trabalho, fazendo dele fonte de pesquisa e inquietação. Que as vicissitudes do cotidiano nos permita avançar através da leitura, rumo a uma Sociedade Livre, Justa e Igualitária, valores supremos de qualquer nação! 5 – Referências Bibliográficas BAKTIN, Mikail. Maxismo e filosofia da linguagem. 6ed. São Paulo: Hucitec, 1992. CAGLIAI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1989. CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A Literatura Infantil: Visão Histórica e Crítica. 4ª ed. Global. São Paulo. 1985. CECCON, Claudius (org). A vida na escola e a escola da vida. 24.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. CHARTIER, Roger. Cultura Escrita, Literatura e História. Porto Alegre: Artes Médicas,2001. FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. _______________. A criança, o professor e a leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 55
  • 56. FREIRE, Paulo. Professor sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 2ªed. São Paulo: Olho d’água, 1995. __________. A importância do ato d ler: em três artigos que se completam. 45ªed. São Paulo: Cortez, 2003. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 4ªed. São Paulo: Ática, 1995. KRAMER, S. Alfabetização, leitura e escrita: Formação de professores em curso. São Paulo: Ática, 2001. MATENCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Leitura, produção de texto e a escola. Autores associados: São Paulo, 1994. SMITHI, F. Leitura significativa. 3ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 13ªed. São Paulo: Ática, 1995. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. VYGOTSKI, Liev Semiónovittch. A formação social da mente. 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ____________. Pensamento e linguagem. 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 56