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Leão Marinho
        O veículo que não tem foca




I                       SEGURA
              OS
N                              NÇA
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Ç         RA
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     P AR
  IM
          CRA CIA
   D EMO                        POLÍTICA
Editorial
                    Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono nono
                 non on on ono no no non ono n No-
                 nonono no n on ononono nono non
                 on on ono no no non ono n Nonono-
                 no no n on ononono nono non on on
                 ono no no non ono n Nononono no n
                 on ononono nono non on on ono no
                 no non ono n
                    Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono nono
                 non on on ono no no non ono n No-
                 nonono no n on ononono nono non
                 on on ono no no non ono n Nonono-
                 no no n on ononono nono non on on
                 ono no no non ono n
                    Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono nono
                 non on on ono no no non ono n No-
                 nonono no n on ononono nono non
                 on on ono no no non ono n
                    Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono nono
                 non on on ono no no non ono n No-
                 nonono no n on ononono nono non
                 on on ono no no non ono n Nonono-
                 no no n on ononono nono non on on
                 ono no no non ono n Nononono no
                 n on ononono nono non on on ono
                 no no non ono n Nononono no n on
                 ononono nono non on on ono no no
                 non ono n Nononono no n on ono-
                 nono nono non on on ono no no non
                 ono n Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono nono
                 non on on ono no no non ono n No-
                 nonono no n on ononono nono non
                 on on ono no no non ono n Nonono-
                 no no n on ononono nono non on on
    Expediente   ono no no non ono n Nononono no
                 n on ononono nono non on on ono
                 no no non ono n Nononono no n on
                 ononono nono non on on ono no no
                 non ono n Nononono no n on ono-
                 nono nono non on on ono no no non
                 ono n Nononono no n on ononono
                 nono non on on ono no no non ono
                 n Nononono no n on ononono.



2
TÍTULO TÍTULO TÍTULO TÍTULO
   Luciano Zarur, 46 anos, formado em Jornalismo, com pós- graduação e mestrado em Filo-
 sofia. Ele que trabalha na área de jornalismo cerca de 20 anos, professor a mais de 15 anos,
concede entrevista a Revista Leão Marinho. O tema abordado nesta entrevista é o papel jorna-
              lístico, histórico das Organizações Globo, princípios editoriais e sua
                               passagem na redação do grupo Marinho.

Qual é a sua opinião sobre o                                                     Após o militarismo, como
jornalismo praticado pelas                                                       você analisa o papel político
organizações Globo?                                                              da Globo?

Zarur _ As organizações Glo-                                                      Zarur _ Depois da democra-
bo é uma marca muito impor-                                                       cia, a nova república do go-
tante no jornalismo e também                                                      verno Sarney e os governos
naquilo que se declarou comu-                                                     que o sucederam, Collor em
nicação e cultura de massa. O                                                     seguida, o impeachment e
Jornal O Globo tem mais de                                                        Fernando Henrique Cardo-
80 anos. Já há muito tempo é                                                      so, as Organizações Globo
um dos principais periódicos                                                      se pautam por quase 9 anos
de imprensa no Brasil. Contu-                                                     sobre    oposição ao gover-
do, em suas primeiras décadas                                                     no de esquerda capitaneados
não era, havia concorrência                                                       por Lula e agora por Dilma
maior, pois aqui no Rio de Ja-                                                    Roussef. Apoiadores sempre
neiro era a capital federal e                                                     do PSDB, caracterizando um
o Jornal do Brasil sempre foi                                                     apoio de sua linha editorial, o
um periódico mais importan-                   Legenda Legenda Legenda             jornal de direita, deixa trans-
te. Desde que o JB, há uns 20                                                     parecer, que assim como foi
anos para cá começou a ter proble-    estação de rádio, ainda no Estado      na ditadura, o seu apoio ao par-
mas financeiros e teve mudança, nos   Novo de Getúlio Vargas, em 1944.       tido, chamada social democracia.
pretentores do periódico, O Globo     Em 1964, após o golpe militar, ob-
foi avançando e se tornou o princi-   teve também a licença de um canal                                FOTOS: CREDITO

pal do Rio de Janeiro e um dos me-    do Estado para explorar a parte co-
lhores do país, ao lado da Folha de   mercial de televisão, que veio a se
São Paulo e Estadão.                  chamar TV Globo. Presta um bom
                                      serviço na área de entretenimento e,
Como que você analisa o histórico     desde sempre, o competente empre-
da Rede Globo?                        sário Roberto Marinho, formado em
                                      jornalismo, se alinha aos governos
Zarur _ As organizações Globo e os    de ocasião. Alguns líderes mencio-
órgãos de imprensa que pertencem      nam isto, como Chateaubriand (As-
a ela, eu diria, têm no mínimo uma    sis), que teve problemas com o mili-
historia controvérsia. Irineu Mari-   tarismo por denunciar a TV Globo,
nho tinha o jornal que se chamava     e o grupo estadunidense TIME
“A Noite”. Depois fundou O Glo-       Wafe, por ejetar dinheiro para fazer
bo e logo depois faleceu. Então, o    uma televisão que fosse “simpáti-
jovem Roberto Marinho, assumiu        ca, amiga, ao regime militar”. Com
o jornal e teve a competência de      isso, a TV entrou no ar quase que
torná-lo extremamente importante      precisamente um ano ano depois do
para o Brasil. Em seguida conse-      golpe, ou seja, foi parceira mesmo
guiu a concessão para operar uma      do regime ditador.                             Legenda Legenda Legenda



                                                                                               3
Como você analisa a Carta de
Princípios Editoriais proposta pe-
las Organizações Globo?

Zarur _ Está bem redigido. As inten-
ções parecem ser as melhores possí-
veis, e eu que trabalhei no jornal O
Globo, na rádio CBN e na TV Glo-
bo e posso dar um depoimento com
alguma propriedade. Eles têm seu
manual de ética profissional, e me
parece que isto já vem até com cer-
to atraso. Talvez se cause estranha-
mento que isto venha sido gestado
por tanto tempo e venha a público,
agora. Muitos dos tópicos aqui são
de uma obviedade absoluta. Qual-
quer estudante de jornalismo sabe-
ria. Nós da graduação universitária                                    Legenda Legenda Legenda
de jornalismo, estudamos ética pro-
fissional, ética filosófica, sabemos
o que deve ser a fundamentação do
                                         “Olho olho olho                          vel é uma fraude efetivamente, como
                                                                                  é algo negativo. E 129 medidas em
jornalista, que mesmo que trabalhe
como uma imprensa particular ele é
                                          Olho olho olho                          2001, quem legislou no governo foi
                                                                                  FHC. Ah! É um detalhe? No proces-
um agente público que visa melho-
rar a cidadania, ajudar a sociedade
                                           Olholho olho                           so para o receptor da mensagem, o
                                                                                  leitor do jornal Globo, o que ficará,
a se desenvolver com seu trabalho
e apuração das informações, pu-
                                           Olhoho olho                            se algo se mantiver na sua memória,
                                                                                  será que tal presidente equivocada-
blicação. Contudo, saibamos que
existem alguns princípios óbvios          Olho olho olho                          mente Lula, que foi quem mais usou
                                                                                  medidas provisórias, quando na ver-
no jornalismo, como por exemplo,
a questão da chamada linha edito-          Olho oolho”                            dade em 2001, era o penúltimo ano
                                                                                  do governo do Social Democrata.
rial, que vejo como algo importan-
te sim. Eu só não sei se esta sendo      2010, teriam usado mais as medidas       Você trabalhou na Rede Globo?
posto em pratica.                        provisórias, ou seja, teriam tentado     Como foi sua passagem?
                                         mais governar sem ter de esperar
Você tem algum exemplo que com-          que o congresso legislasse e fizes-      Zarur _ Sim. Eu não fui ser jorna-
prova a lealdade ou a deslealdade?       se as leis. E aqui há um equivoco.       lista para trabalhar na Globo, ali-
                                         Uma reportagem principal do jor-         ás eu nem pensava em televisão.
Zarur _ Um exemplo há alguns me-         nal, em que o ano em que houve o         Na década de 80, decidi a ser jor-
ses antes de ir a público o editorial,   maior número de medidas provisó-         nalista. Entrei na faculdade aos 18
que o jornal O Globo cometeu um          rias foi 2001, que foi posto na conta    anos e gostaria de trabalhar no JB.
erro colossal, uma fraude ao fazer       de Lula. O ex-presidente Fernando        Tinha pretensão de ser correspon-
uma reportagem domingo chama-            Henrique que teve o mandato do           dente em Paris, embora eu tivesse
do carta, ou seja, a principal ma-       mesmo tamanho, dois mandatos na          me formado em francês, Inglês, es-
téria daquela edição, do dia 15 de       verdade de 95 a 2002, eleito e ree-      panhol e italiano. Mas comecei até
maio de 2011. Desde o congresso          leito, e no ano de 2001 atingiu 129      a lecionar nesta área no laboratório
do Holding, o legislativo estaria a      medidas provisórias e o pico mais        de idiomas da UERJ. Fui para no
deixar que o executivo fizesse o seu     alto da estatística. No entanto, o pe-   jornal Globo através de uma prova
trabalho, então, em entrevista a al-     riódico informa que o governo Lula       para estagiários de cultura geral,
guns parlamentares, o jornal traça       como tido 10 anos, de 2001 a 2010.       uma redação e uma entrevista com
um gráfico, sobre quais presiden-        Deve ter sido uma falha? Sim. Eu         um dos editorialistas que está lá até
tes de Sarney até Lula, de 1989 a        diria que é menos provável. O possí-     hoje. E eu passei entre centenas de


                4
“Olho olho olho
                                                             Olho olho olho
                                                              Olholho olho
                                                              Olhoho olho
                                                             Olho olho olho
                                                              Olho oolho”
                                                            rito dos governos de PT. Por exem-
                                                            plo, redução do desemprego: eles
                                                            procuram uma minúcia para dizer
                                                            que embora nunca tenha existido
                              Legenda Legenda Legenda       tanto emprego como agora a maio-
                                                            ria das vagas que há não é de alto
candidatos, só 28 foram aprovados.                          salário. O que eu costumo dizer é:
Comecei como repórter iniciante,                            pergunte a um desempregado se ele
acompanhando repórter, escreven-                            estaria melhor parado esperando
do meu texto, depois trabalhei na                           algo melhor? Enfim a pessoa pre-
Agencia de Notícias fui repórter,                           cisa sobreviver. Manter o naciona-
chefe de redação da antiga agên-                            lismo mantido pelo partido e suces-
cia de Esporte Express, que hoje em                         sivamente pela presidente Dilama,
dia faz parte do Lance. Fui para TV                         enfim, acho que está muito difícil
Globo, depois de trabalhar na tele-                         trabalhar lá. Mas eu não tive essa
visão Manchete, onde aprendi muito                          experiência porque trabalhei lá en-
sobre televisão. Fui para o jornal                          tre 1994 a 1998. Com o governo do
O Globo e era repórter de bairro.                           PSDB era tudo mais simples, mais
Já profissional, a TV Globo me cha-                         fácil, o objetivo deles era falar bem,
mou para fazer o curso lá dentro de                         não criticar.
reportagem e edição, eu já houvera
sido produtor e editor de texto na                          O que você espera dos princípios
Manchete, mas repórter não. Então,                          editoriais para a sociedade?
depois a emissora, me mandava co-
brir missões no interior, antiga Ser-                       Zarur _ Não espero efetivamente
ra Mar, Friburgo, Teresópolis, eu                           nada. Não creio que haja nenhu-

                                          “Olho olho olho
era professor, com isso, não conse-                         ma guinada editorial no sentido de
gui conciliar.                                              sermos ontologicamente corretos,
                                                            porque é isso que o público quer.
Como você se sentia na Redação?            Olho olho olho   Tomara que eu esteja enganado. Há
Você tem algum relato de mudan-                             muita pressão aos jornalistas que
ças de lá para cá?                          Olholho olho    querem desenvolver seu trabalho
                                                            corretamente e são pressionados
Nunca sofri nenhum tipo de censu-           Olhoho olho     por chefias diretorias a editoriali-
ra direta, mas hoje em dia sei que é                        zar a sua noticia.
muito difícil trabalhar lá, por relato
de colegas por conta de ser difícil
                                           Olho olho olho
extrair algo positivo de uma notícia
negativa que tenha sido algum mé-
                                            Olho oolho”

                                                                               5
TÍTULO TÍTULO
    Texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação
   texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação


    Correção é aquilo que dá       “    “Em aspectos gerais a tentativa de melhorar a credibilidade ou projetar
                                 uma imagem e reputação positiva é uma tendência de todas as organizações de
credibilidade ao trabalho jor-
                                 comunicação, não só a Globo.”
 nalístico: nada mais danoso
 para a reputação de um veí-             “A perda de credibilidade de qualquer organização que tenha uma parti-
 culo do que uma reportagem      cipação efetiva na sociedade está acontecendo principalmente pelo novo paradig-
                                 ma comunicacional que desenvolve cidadãos, já não tão submissos aos desman-
errada ou uma análise feita a    dos e arrogância das organizações.”
partir de dados equivocados.
                                          “Hoje, não somos mais, somente, receptores, mas produtores de conte-
                                 údo que trocam idéias e opiniões criam fóruns de discussões, graças a interface
                                 democrática da WEB. Sendo assim, existi essa tendência do mercado em criar ca-
    Deve-se perseguir o furo     nais de comunicação de acordo com as particularidades dos públicos de interesse
                                 com objetivo de projetar e consolidar uma imagem e reputação positiva, que na
  jornalístico, a informação     maioria das vezes não condiz com o que se efetivamente faz.”
 exclusiva, em primeira mão,
   mas jamais se descuidar                                                                    Ricardo Bressanm,
  dos outros atributos da in-
  formação de qualidade: a
isenção com que é produzida,
  ouvindo-se todos os lados
nela envolvidos, e a correção
dos dados nela apresentados.
 Notícia errada ou enviesada
                                                        falta imagens!
  não é furo; é um golpe na
   credibilidade do veículo;


                                    “    “Os veículos de comunicação são empresas de comunicação, elas aten-
     “O jornalismo é aquela      dem os interesses comerciais de seus donos. E a Globo não é diferente disto. Ela
                                 atende aos interesses econômicos políticos e financeiros da Rede Globo e faz
  atividade que permite um       jornalismo baseado nisto e não baseado no que realmente deveria ser a questão
  primeiro conhecimento de       da mediação.”
  todos esses fenômenos, os
 complexos e os simples, com            “O poder de fiscalização, chamado quarto poder, deveria ser obrigação
                                 da mídia, tornar público os acontecimentos, mas este poder acaba que simples-
um grau aceitável de fidedig-    mente se torna mais um poder.”
nidade e correção, levando-se
em conta o momento e as cir-                          Ivana Gouveia, 43 anos, mestre em comunicação e cultura
cunstâncias em que ocorrem.                                 e coordenadora de jornalismo da Faculdade CCAA
  É, portanto, uma forma de
  apreensão da realidade.”



             6
TÍTULO TÍTULO
                                                                                        “Pratica jornalismo todo
    “Segundo a Legislação Brasileira, o jornalismo é um serviço voltado ao meio        veículo cujo propósito cen-
social, para a nação. Portanto é uma prestação de serviço “municiar” a sociedade       tral seja conhecer, produzir
com informação.”
    “Em minha tese de doutorado, derrubei muitos mitos do jornalismo, como a           conhecimento, informar. O
imparcialidade e a subjetividade; e o que a Globo tinha como pensamento era           veículo cujo objetivo central
que a verdade era a matéria prima do jornalismo. Mas agora, estão priorizando        seja convencer, atrair adeptos,
a realidade como coisa explorada. Não há mal algum em tomar parte das coisas,
                                                                                      defender uma causa, faz pro-
pois acho absolutamente normal o veículo ter uma determinada posição política
e manifestar isso, portanto que seja no lugar correto, ou seja, no editorial ou em   paganda. Um está na órbita do
artigos. O que não acho errado é manifestar no lugar da notícia, pois assim dis-     conhecimento; o outro, da luta
torce os fatos para chegar a posição do veículo. Não é ético misturar informação            político-ideológica.
com opinião”.

          Peri Cota, jornalista, professor e coordenador do curso de jornalismo
                             das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).
                                                                                         “Isenção é a palavra-cha-
                                                                                      ve em jornalismo. E tão pro-
                                                                                     blemática quanto “verdade”.
                                                                                       Sem isenção, a informação
                                                                                     fica enviesada, viciada, perde
                                                                                        qualidade. Diante, porém,
                                                                                       da pergunta eterna – é pos-
                                                                                       sível ter 100% de isenção?
   “As informações precisam ser sempre apuradas e aprofundadas, para que não
seja dada margem a dúvidas e contradições. A credibilidade é primordial.”
                                                                                        – a resposta é um simples
                                                                                     não. Assim como a verdade é
    “Já houve, como sabemos, manipulação, principalmente, quando falamos do           inexaurível, é impossível que
período das Diretas Já e da era Collor, apesar dos mais ferrenhos defensores da      alguém possa se despir total-
“Vênus platinada” negarem e mascararem um pouco esses acontecimentos. Po-
rém, a partir do governo FHC, essas questões começaram a mudar um pouco, pois          mente do seu subjetivismo.”
a ética e a democracia começaram a ser mais levadas em consideração”.

   “O Jornalismo foi obtendo uma essência mais investigativa e defensora dos               “Nenhum veículo das
direitos da sociedade. A cidadania, a ética, o combate à corrupção, foram sendo         Organizações Globo fará
cada vez mais incorporados aos meios midiáticos, até se tornarem o que são hoje,       uso de sensacionalismo, a
não só meios de informação, mas também, de revelação de falcatruas, tornando-se
                                                                                      deformação da realidade de
defensores da verdade, contribuindo para uma maior transparência. A imprensa
está mais livre, estando em seu pleno direito”.                                       modo a causar escândalo e
                                                                                      explorar sentimentos e emo-
   “Qualidade é essencial e a sede pelo “furo” pode descambar para uma informa-      ções com o objetivo de atrair
ção incompleta e precipitada. O fato precisa ser mostrado, mas, posteriormente,
deve ser destrinchado para uma melhor compreensão da notícia”.
                                                                                     uma audiência maior. O bom
                                                                                       jornalismo é incompatível
              Felipe Simão, 29 anos, Jornalista. Editor-chefe da Folha Dirigida      com tal prática. Algo distinto,
                                                                                      e legítimo, é um jornalismo
                                                                                       popular, mais coloquial, às
                                                                                       vezes com um toque de hu-
                                                                                       mor, mas sem abrir mão de
                                                                                        informar corretamente”

                                                                                                     7
O QUE É JORNALISMO?
                                                                                                 Por Camila dos Reis Santos



    Os três poderes da Repú-                                                                     Periodicidade - consiste
blica, o legislativo, o judiciá-                                                             no espaço de tempo fixo e
rio e o executivo, têm como                                                                  determinado entre uma edi-
objetivo organizar a socie-                                                                  ção e outra de um veículo
dade para garantir os direi-                                                                 jornalístico. Há jornais diá-
tos dos cidadãos. Segundo o                                                                  rios, semanais e até mensais,
historiador Rainer Sousa, o                                                                  mas é a regularidade que de-
Poder Executivo tem a fun-                                                                   fine a periodicidade.
ção de observar as demandas                                                                      Atualidade – consiste
da esfera pública e garantir                                                                 na veiculação de notícias
os meios cabíveis para que                                                                   atuais, ou seja, fatos que te-
as necessidades da coleti-                                                                   nham acontecido no espaço
vidade sejam atendidas no                                                                    de tempo entre uma edição e
interior daquilo que é deter-                                                                outra do jornal.
minado pela lei. Por sua vez,                                                                    Publicidade – é a capaci-
o Poder Legislativo congre-                                                                  dade que um veículo tem de
ga representantes políticos                                                                  tornar os assuntos públicos.
que estabelecem novas leis.                                                                      Universalidade – Con-
Dessa forma, ao serem elei-                                                                  siste na diversificação dos
tos pelos cidadãos, os mem-                                                                  assuntos que devem ser vei-
bros do legislativo se tornam                                                                culados em jornal.
porta-vozes dos anseios e in-                                                                    Em síntese a notícia é
teresses da população como                                                                   um relato de fatos ou acon-
um todo. Além de poder fis-                                                                  tecimentos atuais de inte-
calizar o cumprimento das                                                                    resse e importância para
leis por parte do Executivo.                                                                 sociedade. Ela não é um
O Poder Judiciário tem por                                                                   acontecimento, ainda que
função julgar, com base nos                                                                  assombroso, mas a narração
princípios legais, de que for-                                                               desse acontecimento.
ma uma questão ou problema                                                                       O jornalismo é dotado de
será resolvido.                                                                              três teorias, a Teoria do Espe-
    O Jornalismo é o Quarto                                                                  lho, A teoria Organizacional
Poder. Tem o papel de guar-                                                                  e a Teoria do Newsmaking.
dião dos direitos dos cida-                                                                      A Teoria do Espelho pres-
dãos e atua na mediação de                                                                   supõe que as notícias são
tornar público o que é pú-                                                                   como elas são, porque a rea-
blico. A expressão foi cria-                                                                 lidade assim as determina.O
da para qualificar, de modo                                                                  dever do jornalista é de in-
livre, o poder das mídias ou                                                                 formar e informar significa
do jornalismo em alusão aos outros três poderes do Estado       buscar a verdade acima de qualquer coisa.
democrático. Se referindo a uma multiplicidade de formas            “É para contornar essa simplificação em torno da
de fazer jornalismo, as Organizações Globo publicam o que       “verdade” que se opta aqui por definir o jornalismo
é o “seu” jornalismo:                                           como uma atividade que produz conhecimento. Um co-
    “De todas as definições possíveis de jornalismo, a que as   nhecimento que será constantemente aprofundado, pri-
Organizações Globo adotam é esta: jornalismo é o conjunto       meiro pelo próprio jornalismo, em reportagens analíti-
de atividades que, seguindo certas regras e princípios, pro-    cas de maior fôlego, e, depois, pelas ciências sociais,
duz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas.”            em especial pela História. Dizer, portanto, que o jorna-
    O jornalismo tem a notícia como sua matéria prima. A        lismo produz conhecimento, um primeiro conhecimen-
notícia tem como principais características a periodicidade,    to, é o mesmo que dizer que busca a verdade dos fatos.”
atualidade, publicidade e universalidade.                       Organizações Globo.


                 8
TÍTULO TÍTULO
    Pela Teoria Organizacional, o                                                   quanto a evolução futura.
trabalho jornalístico é dependente                                                      Quanto ao grau e nível hierárqui-
dos meios utilizados pela organi-                                                   co das pessoas envolvidas, estamos
zação. E o fator econômico é exa-                                                   falando de pessoas públicas. Veja-
tamente o mais influente de seus                                                    mos as considerações para estes:
condicionantes. O jornalismo é um                                                       _ “Pessoas públicas – celebrida-
negócio e como tal busca o lucro.                                                   des, artistas, políticos, autoridades
Por isso a organização está mais                                                    religiosas, servidores públicos em
fundamentalmente voltada para o                                                     cargos de direção, atletas e líderes
balanço contábil.                                                                   empresariais, entre outros – por de-
    A Teoria do Newsmaking é                                                        finição, abdicam em larga medida de
constituída através dos critérios de                                                seu direito à privacidade. Além dis-
noticiabilidade. Isto é, fatores que                                                so, aspectos de suas vidas privadas
influenciam a produção de notí-                                                     podem ser relevantes para o julga-
cias. Diante da imprevisibilidade                                                   mento de suas vidas públicas e para
dos acontecimentos, as empresas jornalísticas precisam        a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por
colocar ordem no tempo e no espaço. Para isso, estabe-        isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão
lecem determinadas práticas unificadas na produção das        a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão,
notícias e dessas práticas que se faz ocupar a teoria do      de preferência que envolva o maior número possível de
newsmaking. Dentre os critérios de noticiabilidade estão      pessoas” Organizações Globo.
os critérios relativos ao conteúdo, critérios relativos ao       Já nos critérios relativos ao produto, deve-se levar em
produto e os critérios relativos ao público.                  conta a brevidade e objetividade; atualidade e novidade;
    Nos critérios relativos ao conteúdo deve-se levar em      qualidade da história a ser contada; equilíbrio e capaci-
conta o grau e nível hierárquico das pessoas envolvidas       dade de entretenimento.
no acontecimento; impacto sobre a nação e seu interesse          Quanto a atualidade e novidade entramos no assun-
nacional; quantidade de pessoas envolvidas no aconteci-       to agilidade, que é de vital importância para o exercí-
mento.; relevância e significatividade do acontecimento       cio da profissão.




                                  TÍTULO TÍTULO
   Para as Organizações Globo seus       bais” do jornalismo atuam de maneira     transparentes em suas ações e em
profissionais devem estar afinados       tendenciosa, manipuladora as infor-      seus propósitos”.
com isenção, agilidade e correção.       mações para interesses particulares,        Dentre outros, os princípios Pau-
A indicação veio através da carta de     como políticos e econômicos.             ta o mito da imparcialidade no jor-
princípios. Mas embora tenham sido           Ao expressarem o que pensam          nalismo carta faz referencia a este
divulgadas em agosto com grande re-      dos profissionais “globais”, alguns      assunto. “Os veículos jornalísticos
percussão, uma enquete com os alu-       estudantes entrevistados se manifes-     das Organizações Globo devem ter
nos da Facha Méier comprovou que         taram dizendo:                           a isenção como um objetivo cons-
maioria não leu e nem sabe do que            - “Tecnicamente eficientes, mas a    ciente e formalmente declarado.
se trata.                                ética nem sempre é exercida com o        Todos os seus níveis hierárquicos,
   Foram ouvidos 60 alunos dos cur-      profissionalismo”.                       nos vários departamentos, devem
sos Jornalismo e Publicidade, sendo          - “Grandes profissionais, mas em     levar em conta este objetivo em to-
que 46% afirmaram não conhecer o         sua maioria, marionetes articuladas      das as decisões”.
conteúdo carta. Porém mais de 60 %       pelos princípios da organização”.           Os estudantes na pesquisa não
concorda que os profissionais da casa        No editorial é imposto que o pro-    concordam com a carta, pois aponta-
são excelentes, talentosos, compe-       fissional deve sempre ser isento e       ram que 83,3% acreditam que a rede
tes dentre outras qualidades, mas que    leal com a informação. “Os veículos      Globo é parcial, logo 16,7% acha que
15%, portanto, acreditam que os “glo-    das Organizações Globo devem ser         é imparcial.


                                                                                                      9

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  • 1. Leão Marinho O veículo que não tem foca I SEGURA OS N NÇA IT RE F O DI SABILIDADE R RESPON M C A UL TU CIDADANIA Ç RA ÉTICA Ã DE SOCIEDADE O A ID AL CI P AR IM CRA CIA D EMO POLÍTICA
  • 2. Editorial Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n No- nonono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nonono- no no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n No- nonono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nonono- no no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n No- nonono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n No- nonono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nonono- no no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ono- nono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n No- nonono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nonono- no no n on ononono nono non on on Expediente ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ono- nono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono nono non on on ono no no non ono n Nononono no n on ononono. 2
  • 3. TÍTULO TÍTULO TÍTULO TÍTULO Luciano Zarur, 46 anos, formado em Jornalismo, com pós- graduação e mestrado em Filo- sofia. Ele que trabalha na área de jornalismo cerca de 20 anos, professor a mais de 15 anos, concede entrevista a Revista Leão Marinho. O tema abordado nesta entrevista é o papel jorna- lístico, histórico das Organizações Globo, princípios editoriais e sua passagem na redação do grupo Marinho. Qual é a sua opinião sobre o Após o militarismo, como jornalismo praticado pelas você analisa o papel político organizações Globo? da Globo? Zarur _ As organizações Glo- Zarur _ Depois da democra- bo é uma marca muito impor- cia, a nova república do go- tante no jornalismo e também verno Sarney e os governos naquilo que se declarou comu- que o sucederam, Collor em nicação e cultura de massa. O seguida, o impeachment e Jornal O Globo tem mais de Fernando Henrique Cardo- 80 anos. Já há muito tempo é so, as Organizações Globo um dos principais periódicos se pautam por quase 9 anos de imprensa no Brasil. Contu- sobre oposição ao gover- do, em suas primeiras décadas no de esquerda capitaneados não era, havia concorrência por Lula e agora por Dilma maior, pois aqui no Rio de Ja- Roussef. Apoiadores sempre neiro era a capital federal e do PSDB, caracterizando um o Jornal do Brasil sempre foi apoio de sua linha editorial, o um periódico mais importan- Legenda Legenda Legenda jornal de direita, deixa trans- te. Desde que o JB, há uns 20 parecer, que assim como foi anos para cá começou a ter proble- estação de rádio, ainda no Estado na ditadura, o seu apoio ao par- mas financeiros e teve mudança, nos Novo de Getúlio Vargas, em 1944. tido, chamada social democracia. pretentores do periódico, O Globo Em 1964, após o golpe militar, ob- foi avançando e se tornou o princi- teve também a licença de um canal FOTOS: CREDITO pal do Rio de Janeiro e um dos me- do Estado para explorar a parte co- lhores do país, ao lado da Folha de mercial de televisão, que veio a se São Paulo e Estadão. chamar TV Globo. Presta um bom serviço na área de entretenimento e, Como que você analisa o histórico desde sempre, o competente empre- da Rede Globo? sário Roberto Marinho, formado em jornalismo, se alinha aos governos Zarur _ As organizações Globo e os de ocasião. Alguns líderes mencio- órgãos de imprensa que pertencem nam isto, como Chateaubriand (As- a ela, eu diria, têm no mínimo uma sis), que teve problemas com o mili- historia controvérsia. Irineu Mari- tarismo por denunciar a TV Globo, nho tinha o jornal que se chamava e o grupo estadunidense TIME “A Noite”. Depois fundou O Glo- Wafe, por ejetar dinheiro para fazer bo e logo depois faleceu. Então, o uma televisão que fosse “simpáti- jovem Roberto Marinho, assumiu ca, amiga, ao regime militar”. Com o jornal e teve a competência de isso, a TV entrou no ar quase que torná-lo extremamente importante precisamente um ano ano depois do para o Brasil. Em seguida conse- golpe, ou seja, foi parceira mesmo guiu a concessão para operar uma do regime ditador. Legenda Legenda Legenda 3
  • 4. Como você analisa a Carta de Princípios Editoriais proposta pe- las Organizações Globo? Zarur _ Está bem redigido. As inten- ções parecem ser as melhores possí- veis, e eu que trabalhei no jornal O Globo, na rádio CBN e na TV Glo- bo e posso dar um depoimento com alguma propriedade. Eles têm seu manual de ética profissional, e me parece que isto já vem até com cer- to atraso. Talvez se cause estranha- mento que isto venha sido gestado por tanto tempo e venha a público, agora. Muitos dos tópicos aqui são de uma obviedade absoluta. Qual- quer estudante de jornalismo sabe- ria. Nós da graduação universitária Legenda Legenda Legenda de jornalismo, estudamos ética pro- fissional, ética filosófica, sabemos o que deve ser a fundamentação do “Olho olho olho vel é uma fraude efetivamente, como é algo negativo. E 129 medidas em jornalista, que mesmo que trabalhe como uma imprensa particular ele é Olho olho olho 2001, quem legislou no governo foi FHC. Ah! É um detalhe? No proces- um agente público que visa melho- rar a cidadania, ajudar a sociedade Olholho olho so para o receptor da mensagem, o leitor do jornal Globo, o que ficará, a se desenvolver com seu trabalho e apuração das informações, pu- Olhoho olho se algo se mantiver na sua memória, será que tal presidente equivocada- blicação. Contudo, saibamos que existem alguns princípios óbvios Olho olho olho mente Lula, que foi quem mais usou medidas provisórias, quando na ver- no jornalismo, como por exemplo, a questão da chamada linha edito- Olho oolho” dade em 2001, era o penúltimo ano do governo do Social Democrata. rial, que vejo como algo importan- te sim. Eu só não sei se esta sendo 2010, teriam usado mais as medidas Você trabalhou na Rede Globo? posto em pratica. provisórias, ou seja, teriam tentado Como foi sua passagem? mais governar sem ter de esperar Você tem algum exemplo que com- que o congresso legislasse e fizes- Zarur _ Sim. Eu não fui ser jorna- prova a lealdade ou a deslealdade? se as leis. E aqui há um equivoco. lista para trabalhar na Globo, ali- Uma reportagem principal do jor- ás eu nem pensava em televisão. Zarur _ Um exemplo há alguns me- nal, em que o ano em que houve o Na década de 80, decidi a ser jor- ses antes de ir a público o editorial, maior número de medidas provisó- nalista. Entrei na faculdade aos 18 que o jornal O Globo cometeu um rias foi 2001, que foi posto na conta anos e gostaria de trabalhar no JB. erro colossal, uma fraude ao fazer de Lula. O ex-presidente Fernando Tinha pretensão de ser correspon- uma reportagem domingo chama- Henrique que teve o mandato do dente em Paris, embora eu tivesse do carta, ou seja, a principal ma- mesmo tamanho, dois mandatos na me formado em francês, Inglês, es- téria daquela edição, do dia 15 de verdade de 95 a 2002, eleito e ree- panhol e italiano. Mas comecei até maio de 2011. Desde o congresso leito, e no ano de 2001 atingiu 129 a lecionar nesta área no laboratório do Holding, o legislativo estaria a medidas provisórias e o pico mais de idiomas da UERJ. Fui para no deixar que o executivo fizesse o seu alto da estatística. No entanto, o pe- jornal Globo através de uma prova trabalho, então, em entrevista a al- riódico informa que o governo Lula para estagiários de cultura geral, guns parlamentares, o jornal traça como tido 10 anos, de 2001 a 2010. uma redação e uma entrevista com um gráfico, sobre quais presiden- Deve ter sido uma falha? Sim. Eu um dos editorialistas que está lá até tes de Sarney até Lula, de 1989 a diria que é menos provável. O possí- hoje. E eu passei entre centenas de 4
  • 5. “Olho olho olho Olho olho olho Olholho olho Olhoho olho Olho olho olho Olho oolho” rito dos governos de PT. Por exem- plo, redução do desemprego: eles procuram uma minúcia para dizer que embora nunca tenha existido Legenda Legenda Legenda tanto emprego como agora a maio- ria das vagas que há não é de alto candidatos, só 28 foram aprovados. salário. O que eu costumo dizer é: Comecei como repórter iniciante, pergunte a um desempregado se ele acompanhando repórter, escreven- estaria melhor parado esperando do meu texto, depois trabalhei na algo melhor? Enfim a pessoa pre- Agencia de Notícias fui repórter, cisa sobreviver. Manter o naciona- chefe de redação da antiga agên- lismo mantido pelo partido e suces- cia de Esporte Express, que hoje em sivamente pela presidente Dilama, dia faz parte do Lance. Fui para TV enfim, acho que está muito difícil Globo, depois de trabalhar na tele- trabalhar lá. Mas eu não tive essa visão Manchete, onde aprendi muito experiência porque trabalhei lá en- sobre televisão. Fui para o jornal tre 1994 a 1998. Com o governo do O Globo e era repórter de bairro. PSDB era tudo mais simples, mais Já profissional, a TV Globo me cha- fácil, o objetivo deles era falar bem, mou para fazer o curso lá dentro de não criticar. reportagem e edição, eu já houvera sido produtor e editor de texto na O que você espera dos princípios Manchete, mas repórter não. Então, editoriais para a sociedade? depois a emissora, me mandava co- brir missões no interior, antiga Ser- Zarur _ Não espero efetivamente ra Mar, Friburgo, Teresópolis, eu nada. Não creio que haja nenhu- “Olho olho olho era professor, com isso, não conse- ma guinada editorial no sentido de gui conciliar. sermos ontologicamente corretos, porque é isso que o público quer. Como você se sentia na Redação? Olho olho olho Tomara que eu esteja enganado. Há Você tem algum relato de mudan- muita pressão aos jornalistas que ças de lá para cá? Olholho olho querem desenvolver seu trabalho corretamente e são pressionados Nunca sofri nenhum tipo de censu- Olhoho olho por chefias diretorias a editoriali- ra direta, mas hoje em dia sei que é zar a sua noticia. muito difícil trabalhar lá, por relato de colegas por conta de ser difícil Olho olho olho extrair algo positivo de uma notícia negativa que tenha sido algum mé- Olho oolho” 5
  • 6. TÍTULO TÍTULO Texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação texto de apresentação Correção é aquilo que dá “ “Em aspectos gerais a tentativa de melhorar a credibilidade ou projetar uma imagem e reputação positiva é uma tendência de todas as organizações de credibilidade ao trabalho jor- comunicação, não só a Globo.” nalístico: nada mais danoso para a reputação de um veí- “A perda de credibilidade de qualquer organização que tenha uma parti- culo do que uma reportagem cipação efetiva na sociedade está acontecendo principalmente pelo novo paradig- ma comunicacional que desenvolve cidadãos, já não tão submissos aos desman- errada ou uma análise feita a dos e arrogância das organizações.” partir de dados equivocados. “Hoje, não somos mais, somente, receptores, mas produtores de conte- údo que trocam idéias e opiniões criam fóruns de discussões, graças a interface democrática da WEB. Sendo assim, existi essa tendência do mercado em criar ca- Deve-se perseguir o furo nais de comunicação de acordo com as particularidades dos públicos de interesse com objetivo de projetar e consolidar uma imagem e reputação positiva, que na jornalístico, a informação maioria das vezes não condiz com o que se efetivamente faz.” exclusiva, em primeira mão, mas jamais se descuidar Ricardo Bressanm, dos outros atributos da in- formação de qualidade: a isenção com que é produzida, ouvindo-se todos os lados nela envolvidos, e a correção dos dados nela apresentados. Notícia errada ou enviesada falta imagens! não é furo; é um golpe na credibilidade do veículo; “ “Os veículos de comunicação são empresas de comunicação, elas aten- “O jornalismo é aquela dem os interesses comerciais de seus donos. E a Globo não é diferente disto. Ela atende aos interesses econômicos políticos e financeiros da Rede Globo e faz atividade que permite um jornalismo baseado nisto e não baseado no que realmente deveria ser a questão primeiro conhecimento de da mediação.” todos esses fenômenos, os complexos e os simples, com “O poder de fiscalização, chamado quarto poder, deveria ser obrigação da mídia, tornar público os acontecimentos, mas este poder acaba que simples- um grau aceitável de fidedig- mente se torna mais um poder.” nidade e correção, levando-se em conta o momento e as cir- Ivana Gouveia, 43 anos, mestre em comunicação e cultura cunstâncias em que ocorrem. e coordenadora de jornalismo da Faculdade CCAA É, portanto, uma forma de apreensão da realidade.” 6
  • 7. TÍTULO TÍTULO “Pratica jornalismo todo “Segundo a Legislação Brasileira, o jornalismo é um serviço voltado ao meio veículo cujo propósito cen- social, para a nação. Portanto é uma prestação de serviço “municiar” a sociedade tral seja conhecer, produzir com informação.” “Em minha tese de doutorado, derrubei muitos mitos do jornalismo, como a conhecimento, informar. O imparcialidade e a subjetividade; e o que a Globo tinha como pensamento era veículo cujo objetivo central que a verdade era a matéria prima do jornalismo. Mas agora, estão priorizando seja convencer, atrair adeptos, a realidade como coisa explorada. Não há mal algum em tomar parte das coisas, defender uma causa, faz pro- pois acho absolutamente normal o veículo ter uma determinada posição política e manifestar isso, portanto que seja no lugar correto, ou seja, no editorial ou em paganda. Um está na órbita do artigos. O que não acho errado é manifestar no lugar da notícia, pois assim dis- conhecimento; o outro, da luta torce os fatos para chegar a posição do veículo. Não é ético misturar informação político-ideológica. com opinião”. Peri Cota, jornalista, professor e coordenador do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA). “Isenção é a palavra-cha- ve em jornalismo. E tão pro- blemática quanto “verdade”. Sem isenção, a informação fica enviesada, viciada, perde qualidade. Diante, porém, da pergunta eterna – é pos- sível ter 100% de isenção? “As informações precisam ser sempre apuradas e aprofundadas, para que não seja dada margem a dúvidas e contradições. A credibilidade é primordial.” – a resposta é um simples não. Assim como a verdade é “Já houve, como sabemos, manipulação, principalmente, quando falamos do inexaurível, é impossível que período das Diretas Já e da era Collor, apesar dos mais ferrenhos defensores da alguém possa se despir total- “Vênus platinada” negarem e mascararem um pouco esses acontecimentos. Po- rém, a partir do governo FHC, essas questões começaram a mudar um pouco, pois mente do seu subjetivismo.” a ética e a democracia começaram a ser mais levadas em consideração”. “O Jornalismo foi obtendo uma essência mais investigativa e defensora dos “Nenhum veículo das direitos da sociedade. A cidadania, a ética, o combate à corrupção, foram sendo Organizações Globo fará cada vez mais incorporados aos meios midiáticos, até se tornarem o que são hoje, uso de sensacionalismo, a não só meios de informação, mas também, de revelação de falcatruas, tornando-se deformação da realidade de defensores da verdade, contribuindo para uma maior transparência. A imprensa está mais livre, estando em seu pleno direito”. modo a causar escândalo e explorar sentimentos e emo- “Qualidade é essencial e a sede pelo “furo” pode descambar para uma informa- ções com o objetivo de atrair ção incompleta e precipitada. O fato precisa ser mostrado, mas, posteriormente, deve ser destrinchado para uma melhor compreensão da notícia”. uma audiência maior. O bom jornalismo é incompatível Felipe Simão, 29 anos, Jornalista. Editor-chefe da Folha Dirigida com tal prática. Algo distinto, e legítimo, é um jornalismo popular, mais coloquial, às vezes com um toque de hu- mor, mas sem abrir mão de informar corretamente” 7
  • 8. O QUE É JORNALISMO? Por Camila dos Reis Santos Os três poderes da Repú- Periodicidade - consiste blica, o legislativo, o judiciá- no espaço de tempo fixo e rio e o executivo, têm como determinado entre uma edi- objetivo organizar a socie- ção e outra de um veículo dade para garantir os direi- jornalístico. Há jornais diá- tos dos cidadãos. Segundo o rios, semanais e até mensais, historiador Rainer Sousa, o mas é a regularidade que de- Poder Executivo tem a fun- fine a periodicidade. ção de observar as demandas Atualidade – consiste da esfera pública e garantir na veiculação de notícias os meios cabíveis para que atuais, ou seja, fatos que te- as necessidades da coleti- nham acontecido no espaço vidade sejam atendidas no de tempo entre uma edição e interior daquilo que é deter- outra do jornal. minado pela lei. Por sua vez, Publicidade – é a capaci- o Poder Legislativo congre- dade que um veículo tem de ga representantes políticos tornar os assuntos públicos. que estabelecem novas leis. Universalidade – Con- Dessa forma, ao serem elei- siste na diversificação dos tos pelos cidadãos, os mem- assuntos que devem ser vei- bros do legislativo se tornam culados em jornal. porta-vozes dos anseios e in- Em síntese a notícia é teresses da população como um relato de fatos ou acon- um todo. Além de poder fis- tecimentos atuais de inte- calizar o cumprimento das resse e importância para leis por parte do Executivo. sociedade. Ela não é um O Poder Judiciário tem por acontecimento, ainda que função julgar, com base nos assombroso, mas a narração princípios legais, de que for- desse acontecimento. ma uma questão ou problema O jornalismo é dotado de será resolvido. três teorias, a Teoria do Espe- O Jornalismo é o Quarto lho, A teoria Organizacional Poder. Tem o papel de guar- e a Teoria do Newsmaking. dião dos direitos dos cida- A Teoria do Espelho pres- dãos e atua na mediação de supõe que as notícias são tornar público o que é pú- como elas são, porque a rea- blico. A expressão foi cria- lidade assim as determina.O da para qualificar, de modo dever do jornalista é de in- livre, o poder das mídias ou formar e informar significa do jornalismo em alusão aos outros três poderes do Estado buscar a verdade acima de qualquer coisa. democrático. Se referindo a uma multiplicidade de formas “É para contornar essa simplificação em torno da de fazer jornalismo, as Organizações Globo publicam o que “verdade” que se opta aqui por definir o jornalismo é o “seu” jornalismo: como uma atividade que produz conhecimento. Um co- “De todas as definições possíveis de jornalismo, a que as nhecimento que será constantemente aprofundado, pri- Organizações Globo adotam é esta: jornalismo é o conjunto meiro pelo próprio jornalismo, em reportagens analíti- de atividades que, seguindo certas regras e princípios, pro- cas de maior fôlego, e, depois, pelas ciências sociais, duz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas.” em especial pela História. Dizer, portanto, que o jorna- O jornalismo tem a notícia como sua matéria prima. A lismo produz conhecimento, um primeiro conhecimen- notícia tem como principais características a periodicidade, to, é o mesmo que dizer que busca a verdade dos fatos.” atualidade, publicidade e universalidade. Organizações Globo. 8
  • 9. TÍTULO TÍTULO Pela Teoria Organizacional, o quanto a evolução futura. trabalho jornalístico é dependente Quanto ao grau e nível hierárqui- dos meios utilizados pela organi- co das pessoas envolvidas, estamos zação. E o fator econômico é exa- falando de pessoas públicas. Veja- tamente o mais influente de seus mos as considerações para estes: condicionantes. O jornalismo é um _ “Pessoas públicas – celebrida- negócio e como tal busca o lucro. des, artistas, políticos, autoridades Por isso a organização está mais religiosas, servidores públicos em fundamentalmente voltada para o cargos de direção, atletas e líderes balanço contábil. empresariais, entre outros – por de- A Teoria do Newsmaking é finição, abdicam em larga medida de constituída através dos critérios de seu direito à privacidade. Além dis- noticiabilidade. Isto é, fatores que so, aspectos de suas vidas privadas influenciam a produção de notí- podem ser relevantes para o julga- cias. Diante da imprevisibilidade mento de suas vidas públicas e para dos acontecimentos, as empresas jornalísticas precisam a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por colocar ordem no tempo e no espaço. Para isso, estabe- isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão lecem determinadas práticas unificadas na produção das a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, notícias e dessas práticas que se faz ocupar a teoria do de preferência que envolva o maior número possível de newsmaking. Dentre os critérios de noticiabilidade estão pessoas” Organizações Globo. os critérios relativos ao conteúdo, critérios relativos ao Já nos critérios relativos ao produto, deve-se levar em produto e os critérios relativos ao público. conta a brevidade e objetividade; atualidade e novidade; Nos critérios relativos ao conteúdo deve-se levar em qualidade da história a ser contada; equilíbrio e capaci- conta o grau e nível hierárquico das pessoas envolvidas dade de entretenimento. no acontecimento; impacto sobre a nação e seu interesse Quanto a atualidade e novidade entramos no assun- nacional; quantidade de pessoas envolvidas no aconteci- to agilidade, que é de vital importância para o exercí- mento.; relevância e significatividade do acontecimento cio da profissão. TÍTULO TÍTULO Para as Organizações Globo seus bais” do jornalismo atuam de maneira transparentes em suas ações e em profissionais devem estar afinados tendenciosa, manipuladora as infor- seus propósitos”. com isenção, agilidade e correção. mações para interesses particulares, Dentre outros, os princípios Pau- A indicação veio através da carta de como políticos e econômicos. ta o mito da imparcialidade no jor- princípios. Mas embora tenham sido Ao expressarem o que pensam nalismo carta faz referencia a este divulgadas em agosto com grande re- dos profissionais “globais”, alguns assunto. “Os veículos jornalísticos percussão, uma enquete com os alu- estudantes entrevistados se manifes- das Organizações Globo devem ter nos da Facha Méier comprovou que taram dizendo: a isenção como um objetivo cons- maioria não leu e nem sabe do que - “Tecnicamente eficientes, mas a ciente e formalmente declarado. se trata. ética nem sempre é exercida com o Todos os seus níveis hierárquicos, Foram ouvidos 60 alunos dos cur- profissionalismo”. nos vários departamentos, devem sos Jornalismo e Publicidade, sendo - “Grandes profissionais, mas em levar em conta este objetivo em to- que 46% afirmaram não conhecer o sua maioria, marionetes articuladas das as decisões”. conteúdo carta. Porém mais de 60 % pelos princípios da organização”. Os estudantes na pesquisa não concorda que os profissionais da casa No editorial é imposto que o pro- concordam com a carta, pois aponta- são excelentes, talentosos, compe- fissional deve sempre ser isento e ram que 83,3% acreditam que a rede tes dentre outras qualidades, mas que leal com a informação. “Os veículos Globo é parcial, logo 16,7% acha que 15%, portanto, acreditam que os “glo- das Organizações Globo devem ser é imparcial. 9