[1] O documento apresenta conceitos básicos sobre infecção hospitalar, classificação, modos de transmissão e programas de controle de infecção hospitalar. [2] É descrito os tipos de precauções e isolamentos utilizados para prevenir a disseminação de agentes infecciosos, incluindo precauções padrão, de contato, respiratórias para gotículas e aerossóis. [3] São apresentadas recomendações sobre o uso correto de equipamentos de proteção individual como luvas, máscaras, a
2. Conceitos Básicos no Controle de
Infecção Hospitalar
Infecção Hospitalar: Infecção adquirida dentro do ambiente
hospitalar
e que se manifestam 48h após a admissão do paciente no hospital.
Trabalhadores da área de saúde e visitantes
Doenças adquiridas na comunidade podem manifestar-se após a
internação hospitalar. Ex: varicela
Paciente que recebe sangue em um hospital e 06 meses depois
apresenta hepatite por vírus B – Infecção Hospitalar
Infecção do sítio cirúrgico (até 30 dias após o ato cirúrgico ou até 01 ano
após colocação da prótese), detectada após a alta hospitalar
Infecção Associada à Assistência à saúde:
Home care; Hemodiálise; assistência domiciliar
3. Classificação das IH ( Modo de aquisição)
Exógenas: Adquiridas a partir de microrganismos
externos ao paciente. Geralmente responsáveis por
surtos. Ex: instrumentos contaminados,
inoculação através de cateteres pelas mãos dos
profissionais de saúde; lotes de medicamentos ou
soros contaminados.
Endógenas: Causadas por microrganismos que já
colonizam previamente o paciente (flora própria).
São mais graves e de controle e prevenção mais
difíceis. Fatores de riscos.
4. Modos de Transmissão dos Microrganismos:
1. Contato direto: Contato direto entre pessoas. Ex: escabiose
2. Contato indireto: Objetos ou mãos de profissionais de saúde.
3. Fonte Comum: Objeto, produto ou medicamento contaminado
que é utilizado por um ou mais pacientes. Responsável por surtos.
4. Gotículas: Produção de gotículas por um paciente, que atingem
outro paciente. As gotículas têm alcance de 01 metro. Ex: IVAS
5. Aerossóis: Eliminação de gotículas, que após o ressecamento, se
transformam em núcleos de gotículas com dimensão menor que 5
micras. Ex: TB; sarampo; varicela
6. Vetores: Raro. Ex: aquisição hospitalar da dengue.
5. Programa de controle de Infecção
Hospitalar
CCIH
Regulamentação: 1983/1992 ( portaria MS: 196/83; 930/92)
Lei 9431 de 1997: Obrigatoriedade da existência de Programa de Controle
de Infecção Hospitalar em todos os hospitais do pais.
Constituição da CCIH para executar as ações do programa
Conceito: Conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente
com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das
infecções hospitalares.
Único para cada instituição, baseado nas particularidades da mesma.
Participação em processos de compras de artigos de impacto sobre as IH;
Planejamento de obras; Política de proteção do trabalhador(medicina do
trabalho).
6. CCIH
Escrever um PCIH que deve ser atualizado periodicamente
(anualmente) e que contém as metas que o serviço tem
para a instituição com respeito ao controle das IH.
PCIH devem constar o tipo de trabalho a ser
desenvolvido, parcerias a serem estabelecidas e o que se
pretende atingir (metas) com os trabalhos desenvolvidos.
A tarefa de reduzir a incidência e a gravidade das IH deve
ser uma meta abrangente a todo hospital, com a
participação de seus colaboradores, usuários e voluntários.
NÃO HÁ PCIH EFICAZ SEM A INTEGRAÇÃO DOS
DIVERSOS SERVIÇOS DA INSTITUIÇÃO
7. Precauções e Isolamentos
Cadeia Epidemiológica de Transmissão de Microrganismos:
Agente Infeccioso Fonte
Hospedeiro
susceptível Porta de
saída
Porta de Forma de
entrada transmissão
8. Agente Infeccioso: bactérias, fungos, parasitas, vírus, protozoários.
Fonte: Local (reservatório)onde o agente infeccioso se encontra.
Pessoas, água, soluções, medicamentos, equipamentos
Porta de Saída: Via pela qual o agente infeccioso deixa a fonte ou
reservatório humano. Excreções, secreções, gotículas, outros fluidos
Formas de Transmissão: Forma pela qual o agente infeccioso
atinge um hospedeiro susceptível. Contato (direto e indireto),
gotículas, aérea
Porta de Entrada: Via pela qual o agente infeccioso atinge o
hospedeiro susceptível. TGI; TGU; Trato respiratório; pele não íntegra;
mucosas
Hospedeiro Susceptível: Pessoa que com 01 ou mais mecanismos
de defesa comprometidos (pacientes ou PS). Imunossuprimidos,
idosos, RN, queimados, cirúrgicos.
9. Quebra dos elos da cadeia epidemiológica de transmissão de
microrganismos:
Identificação rápida do microrganismo; Tratamento
Agente
antimicrobiano adequado; descontaminação seletiva
infeccioso
Boas condições de saúde e higiene pessoal; Limpeza
Fonte
ambiental; desinfecção, esterilização, preparo e
administração adequada de medicamentos
Porta de
saída Uso adequado de EPI, Descarte adequado de
resíduos, Contenção das secreções e excreções.
10. Forma de
transmissão Higiene das mãos, Sistema especial de ventilação de ar,
precauções específicas, cuidado no preparo e manuseio de alimentos, desinfecção/
esterilização
Porta de
Entrada Higiene das mãos, técnicas assépticas, cuidado com
feridas, cuidado com dispositivos invasivos
Hospedeiro
susceptível
Tratamento das doenças de base, reconhecer os
pacientes de risco
11. Precauções e Isolamentos
Medidas técnicas estabelecidas com o intuito de impedir a
disseminação de agentes infecciosos de um paciente a
outro, pacientes a funcionários, a visitantes e ao meio
ambiente
Pacientes hospitalizados são considerados fontes potenciais de
patógenos veiculados pelo sangue, líquidos corporais e vias
respiratórias
Todo profissional de saúde deve evitar contato com
sangue, líquidos corporais, mucosas, pele não íntegra e
também com secreções respiratórias
12. Barreiras de proteção
Lavagem das mãos:
Proteção individual e coletiva
Antes e depois de: realização do turno de trabalho diário; atos e funções
fisiológicas normais; contato com doentes; após contato com sangue ou
líquidos corporais (mesmo não havendo evidência de contaminação);
ministrar medicamentos por via oral e parenteral; manusear materiais e
equipamentos hospitalares; uso de luvas
Preferencial: lavatório com torneira acionada com o pé
Na falta: fechar a torneira manualmente com o papel toalha que foi
utilizado na secagem das mãos
Usar preferencialmente sabão
Álcool: pode ser usado na ausência de sujidade visível
13. • Uso de luvas não estéreis
Possibilidade de contato direto ou indireto com sangue ou outros fluidos
corporais, membranas mucosas, pele não íntegra, pele intacta
potencialmente contaminada e na realização de venopunção.
Trocadas após o atendimento de cada paciente e as mãos lavadas antes de
colocá-las e retirá-las
Não substitui a lavagem das mãos
14. Máscaras:
Respingos de sangue ou líquidos corporais na face
Proteção contra infecções que possam ser transmitidas por via respiratória
(gotículas e aerossóis)
Uso pessoal e único
Não pode ficar dependurada no pescoço
Cobrir a boca e o nariz e desprezar em local apropriado, quando
descartável
N95 ou PFF2 pode ser usada por períodos mais longos
Perdem a eficácia quando umedecidas
15. Avental:
Proteger a pele e prevenir a contaminação ou sujidade da roupa sempre
que houver risco de contato com sangue, fluidos corporais, secreções e/ou
excreções
Retirar o avental e higienizar as mãos antes de deixar o ambiente próximo
ao paciente
Não reutilizar avental, mesmo no contato com o mesmo paciente
Avental plástico impermeável: grande quantidade de secreções ou
sangue, principalmente em procedimentos cirúrgicos. Deve ser estéril e
pode ser usado por cima de outro avental
16. Calçados fechados:
Proteger os pés contra respingos de secreções e produtos
Atenuar e amortecer possíveis traumas ou acidentes com material
contaminado, inclusive perfurocortantes
• Óculos de proteção e protetor facial:
Todos os procedimentos que apresentem risco de respingos de sangue ou
líquidos corporais na face.
17. Recomendações específicas
• Agulhas e instrumentos cortantes:
Não de devem ser reencapadas, entortadas e nem quebradas com as mãos
Devem ser desprezadas em recipientes próprio e resistentes
• Envio de amostras ao laboratório:
As amostras de sangue e líquidos corporais devem ser enviadas dentro de
saco plástico transparente e manuseadas com luvas
• Profissionais de saúde com lesões exsudativas ou
dermatite: Devem evitar contato com os pacientes bem como o
manuseio de instrumentos
• EPI: Contato com sangue e líquidos corpóreos e remover antes de sair do
quarto ou box.
18. Precauções/Isolamentos
Precauções Padrão: Indicadas a todos os pacientes quando previsto o
contato com sangue e todos os líquidos, secreções ou excreções corporais,
pele não íntegra ou mucosa.
Lavar as mãos antes e após tocar o paciente ou objeto potencialmente
contaminado
Usar luvas não estéreis para o manuseio de material não infectante e a
higienização do paciente
Usar avental não estéril para o manuseio de material não infectante e a
higienização do paciente
Usar máscara, óculos e protetor facial (respingo de sangue ou outros
líquidos corpóreos na face)
19. Manusear com cuidado os artigos sujos de sangue ou outro fluido
corpóreo para evitar a disseminação
Cuidado com o transporte de material perfurocortante: conduzido
preferencialmente em bandejas, para prevenir acidentes e a transferência
de microrganismos para o ambiente ou para outro paciente
Etiqueta de tosse
20.
21. Precauções de contato: Indicados para pacientes que possam ser
colonizados ou infectados por microrganismos epidemiologicamente
importantes, passíveis de transmissão por contato direto ou indireto
(superfícies).
Quarto privativo individual ou com pacientes que apresentem a mesma
doença ou o mesmo microrganismo (coorte)
Utilizar luvas na realização de qualquer procedimento que exija contato
direto e indireto com o paciente, desprezando-as ao concluir a assistência
Usar avental limpo não estéril, se previsto contato direto com o paciente
ou com equipamentos / superfícies potencialmente contaminadas
Restringir a movimentação e o transporte do paciente
Sempre que possível, usar para um único paciente materiais não críticos
(estetoscópio, aparelho de pressão, criado-mudo) ao lado do paciente.
Caso não seja possível proceder a adequada desinfecção do material antes
de usar em outro paciente
22. Manter recomendações de precauções padrão
Fazer limpeza e desinfecção dos equipamentos utilizados no transporte do
paciente após o uso
Restringir e orientar visitas
23. Precauções Respiratórias para Gotículas: Indicada nos casos de
infecções causadas por microrganismos transmitidos por gotículas
liberadas na tosse, espirros, escarros.
Usar quarto privativo, de preferência, mantendo a porta fechada ou coorte
Usar máscara comum (tipo cirúrgica) para todas as pessoas que entrar no
quarto, incluindo as visitas, e orientá-las a desprezar a máscara ao sair do
quarto
Utilizar avental para o manuseio do paciente
Manter recomendações de precauções padrão
Reduzir movimentação e transporte do paciente e orientá-lo a usar
máscara comum quando precisar sair do quarto
Realizar a troca da paramentação e higiene das mãos entre o atendimento
de diferentes pacientes
24.
25. Precauções Respiratórias para Aerossóis: Indicada para pacientes
suspeitos ou com infecção por microrganismos transmitidos por aerossóis,
ou seja, por partículas iguais ou menores que 5 mícrons, que permanecem
suspensos no ar e podem ser dispersadas a longa distância
Usar quarto privativo, mantendo a porta fechada e com pressão negativa
em relação às áreas vizinhas
Utilizar máscara N95 (capacidade de filtragem para 95% das partículas com
diâmetro igual ou superior a 0,3 mícrons e 99% das bactérias)
Profissionais não imunes (sarampo; varicela) não devem entrar no quarto
Limitar ao máximo a movimentação e o transporte do paciente, mas se
necessário, ele deve utilizar máscara comum
Manter recomendações de precauções padrão
Sarampo, Varicela, TB Pulmonar ou laríngea
26.
27. Ambiente Protetor: Destinado a pacientes de alto risco (transplante de
medula óssea), com o objetivo de impedir a aquisição de infecções
fúngicas do ambiente.
Quarto com pressão positiva em relação aos corredores e filtragem
entrante com filtro HEPA
Quartos bem lacrados
Utilizar superfícies lisas e laváveis
Proibir flores e vasos dentro dos quartos
Evitar uso de carpetes e tapetes
Transporte limitado. Quando houver necessidade utilizar máscara N95 para
o paciente, principalmente quando houver reforma ou construção
Reforçar as práticas de precauções padrão