2. OBJETIVO:
APRIMORAR A LINGUAGEM ORAL E ESCRITA DO
ALUNO ATRAVÉS DO GÊNERO TEXTUAL “ POESIAS”,
TORNANDO ASSIM BONS LEITORES E APRECIADORES DESTE
GÊNERO.
3. OFICINA: 01
MEMÓRIAS DE VERSOS E MURAL DE
POEMAS:
OBJETIVOS:
RESGATAR E VALORIZAR A CULTURA DA
COMUNIDADE.
AVALIAR E AMPLIAR O REPERTÓRIO DE POEMAS
CONHECIDOS PELOS ALUNOS.
RECONHECER OS POEMAS EM SUAS DIVERSAS
FORMAS.
4. ATIVIDADE 01
VOCÊS GOSTAM DE POESIAS?
SE NÃO GOSTAM POR QUÊ?
CONHECEM ALGUNS POETAS/POETISAS?
REGISTRE NO CADERNO ALGUMA POESIA QUE
CONHEÇAM.
LEIA EM VOZ ALTA PARA TURMA.
FAZER UM DIÁRIO DE BORDO...
5. TAREFA PARA CASA:
PESQUISAR POEMAS OU POESIAS COM OS AVÓS,
PAIS, TIOS, NAS COMUNIDADES ONDE MORAM:
VOCÊS GOSTAM DE POESIAS?
SE NÃO GOSTAM POR QUÊ?
CONHECEM ALGUNS POETAS/POETISAS?
REGISTRE NO CADERNO ALGUMA POESIA QUE
CONHEÇAM.
6. POEMA DE MANOEL BANDEIRA:
O BICHO
VI ONTEM um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
7. POEMAS DE MANOEL BANDEIRA
NEOLOGISMO
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Petrópolis 25/2/1947
8. POEMA DE MANOEL BANDEIRA
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor_
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
Manuel Bandeira
9. POEMA CECÍLIA MEIRELES
Retrato
"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"
10. POEMA CECÍLIA MEIRELES
LUA ADVERSA
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
11. POEMA CECÍLIA MEIRELES
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
12. POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.
Canção Amiga
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
13. POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.
PARA SEMPRE
Por que Deus permite
que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
14. POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
POEMA DAS SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
(...)
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
15. POEMA FERREIRA GULLAR
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
16. POEMA FERREIRA GULLAR
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
17. POEMA PAULO LEMINSKI
Poetas Velhos
Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.
Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.
18. Eu já fiz chapéu de palha,
fiz bodoque, fiz cangalha,
carrapeta e birimbau,
fui menino presenteiro
correndo pelo terreiro
em meu cavalo de pau
Luís da Câmara Cascudo
com seu profundo estudo,
sobre o folclore tratou,
na cultura popular
foi o maior potiguar
que o Rio Grande criou
Contava tudo a miúdo
porque sabia de tudo,
conservava nos arquivos
populares tradições,
lendas e superstições
e costumes primitivos
Do folclore foi patrono,
ergueu ali o seu trono
com o dom que Deus lhe deu,
não há em nosso universo
quem possa dizer em verso
o que ele em prosa escreveu
Eu não tenho competência
para fazer referência
sobre o seu grande saber
falando de coisa antiga,
por mais que o poeta diga
falta ainda o que dizer
Acho ser ignorante,
muito ousado, petulante,
atrevido e linguarudo,
um matuto agricultor
falar sobre o professor
Luís da Câmara Cascudo
19. Mãe: Poesia de Deusinha
Mãe, Rainha especial
O clone de Nossa Senhora
A musa que a gente adora
Tudo da nossa vida
Mãe é a mulher mais querida
Mais amiga mais capaz
Mais confiável, mais meiga
Mais perfeita ninguém faz.
A mãe é quem sofre mais
É quem conhece profundamente o amor
Ser mãe, é se doar e por o filho sentir a dor
É dar a própria vida pelo amor verdadeiro
Ser mãe, é responsabilizar-se primeiro
Por a família que é a razão do seu viver
A mãe é quem protege e dar carinho
E se dedica inteiramente a você.
É um orgulho um prazer
Escrever-te mãezinha amada
Sou uma privilegiada
Em hoje poder fazer
Versos pra te agradecer
Mamãe tesouro importante
Você é minha riqueza maior
É meu troféu de brilhante.
Sou feliz a todo instante
Por ter a sua bondade
Quero pra toda a eternidade
Seu amor, sua atenção
Mãezinha meu coração
Bate aplaudindo você
Por os milhões de motivos
Que ele tem a te agradecer.
Mãe, é impossível descrever
As suas virtudes boas
Você é aquela pessoa
Que nunca quero perder
Se infelizmente isso acontecer
A dor não vou suportar
Por isso quero ir contigo
Pra onde Deus te levar.
Deusinha Poetisa Popular de Córrego Apodi-RN
2006
20. Quanta Saudade - William Guerra
Ainda está aqui, na minha memória enrugada,
As imagens daquela rua pequena e sem guarda-noturno,
Não carecia da vigilância alheia,
O costume era amizade, sossego e bondade.
Rua descalça onde enterrei minha infância inteira!
Quantas vezes, à sombra pelas calçadas,
Brincava encantado com os redemoinhos velozes,
Rodopiando feitos dançarinos na ponta do pé,
Carregando a sujidade da rua,
Alertando do pecado pela gula à sesta,
Sumindo no eito do mundo,
Deixando o vácuo como um buraco no tempo.
Rua cansada de tantos anos vividos,
Testemunha de traições e aparências enganosas,
De alegrias e festas, de amantes aos beijos,
Quando era noite de lua cheia,
Os clarões entortados pela ventania,
As sombras de fantasmas pelos lençóis de areia.
Rua sem mistério, que guardava as mágoas,
Que dava alento às ilusões...
Se soubesses falar, enquanto vivias,
Ó rua dos meus sonhos, o que dirias,
Para os que a habitavam sem vexame,
Acostumados com tuas manias?
As casas agarradas umas nas outras,
Assim querendo dizer que eram irmãs...
E eram todas as moradias de cumeeiras altas,
Com suas telhas feitas pestanas,
E a frente das casas era que nem olhos,
Olhando o mundo, olhando a vida de cada um.
Rua que parecia num sorriso eterno,
Nascida antigamente, envelhecida,
Mas nunca sem deixar o carinho,
A ternura, a sua proteção e o seu amor...
Hoje, olhando para ti, a mudança monstruosa,
Com asfalto, portões de ferro não se vêem mais seus tetos,
Nem pestanas e aqueles olhos hoje tão escuros,
Parecem cegos, acabou com a tua vida essa mudança,
Ó rua onde enterrei inteira a minha infância!