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Biodiversidade
   em Minas Gerais
       S E G U N D A         E D I Ç Ã O




              ORGANIZADORES


     Gláucia Moreira Drummond
           Cássio Soares Martins
Angelo Barbosa Monteiro Machado
         Fabiane Almeida Sebaio
               Yasmine Antonini




         Fundação Biodiversitas
                 Belo Horizonte
                          2005
MAMÍFEROS




              O Brasil detém grande parte da biodiversidade do planeta, o que se reflete na sua
riqueza de espécies em geral. Das 4.890 espécies de mamíferos atualmente existentes em todo o
mundo, cerca de 530 (11%) ocorrem no Brasil. Nesse contexto, a fauna de mamíferos brasileira
lidera o ranking, sendo os grupos dos pequenos mamíferos (pequenos ratos silvestres, cuícas, gam-
bás, morcegos) e dos primatas os mais representativos, englobando 83% (cerca de 440 espécies)
da mastofauna do País (Fonseca et al., 1996; Rylands et al., 2000).
              Apesar dos crescentes níveis de degradação ambiental observados no País, novas
espécies de mamíferos vêm sendo descobertas ainda hoje, na Amazônia e na Mata Atlântica, por
exemplo. Ao mesmo tempo, com o aumento do conhecimento e também em função dos eleva-
dos níveis de destruição dos hábitats florestais, muitas espécies de mamíferos vêm sendo incluí-
das nas listas de espécies ameaçadas de extinção.
              O estado de Minas Gerais abriga três dos biomas mais importantes do Brasil (Mata
Atlântica, Cerrado e Caatinga) e, conseqüentemente, uma fauna muito diversificada, chegando
a 243 as espécies de mamíferos conhecidas. Dessas, 40 espécies estão ameaçadas de extinção,
sendo o principal fator de ameaça atribuído às ações de desmatamento no Estado. Entre as espé-
cies ameaçadas, os animais de grande porte, como carnívoros e primatas, representam os grupos
sob o maior risco de extinção.
              É importante citar que a revisão do Atlas possibilitou o registro de uma nova espécie
de mamífero para Minas Gerais: a Potos flavus, jupará ou macaco-da-noite, a qual era conhecida
apenas através de peles depositadas em um museu. Esse dado é também significativo, uma vez
que o último registro desse animal aconteceu há 60 anos. Sua ocorrência foi registrada na divisa
com o estado do Rio de Janeiro (na região de Tombos). Em função desse registro e da confir-
mação da presença de diversas espécies ameaçadas de extinção, como a Cabassous tatouay (tatu-
de-rabo-mole) e a Callithrix aurita (sagüi-da-serra-escuro), a região de Tombos (Pedra Dourada)
foi incluída no novo documento com o status de área de Extrema importância biológica.
              Destaca-se também, como relevante, o primeiro registro confirmado de Chaetomys
subspinosus (ouriço-preto), na região de Bandeira, e de Leontopithecus chrysomelas (mico-leão-da-
cara-dourada) na região de Salto da Divisa, uma vez que ambas as espécies só eram indicadas para
Minas com base em relatos de avistamento (Oliver & Santos, 1991; Pinto & Rylands, 1997).
              Importantes redescobertas, especialmente no grupo de pequenos mamíferos,
merecem ser comentadas, como a presença de Rhagomys rufescens (rato-do-mato-vermelho)
encontrado na região de Viçosa. Segundo Percequillo e colaboradores (2004), João Moojen o             Tamanduá-mirim
tinha indicado equivocadamente para Minas Gerais. Apesar de amplamente citada como de                 (Tamandua tetradactyla)
ocorrência para o Estado, a R. rufescens nunca tinha sido efetivamente coletada em território         Fotografia: Miguel Aun
mineiro. Por essa razão, Viçosa deixou a categoria de importância Potencial e entrou para a
     categoria de importância biológica Muito Alta neste documento. Já a Phyllomys brasiliensis (rato-
     da-árvore), considerada extinta na natureza, foi recentemente capturada próximo à cidade de
     Felixlândia, que, por esse motivo, entrou no novo Atlas como área de importância Potencial para
     a fauna de mamíferos. Essa espécie era conhecida, até então, apenas pelos exemplares coletados
     por Peter Lund, no século XIX (Paglia, com. pess.; Leite & Costa, 2002). A ocorrência desses ratos
     equimídeos (família que inclui as espécies dotadas de pêlos modificados em espinhos), como
     também a de Carterodon sulcidens, na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de
     Lagoa Santa, faz com que esta área seja categorizada como de Especial importância biológica. As
     formações de cavernas dessa região proporcionaram um ambiente único de fossilização, e pode-
     mos considerá-la, hoje, como a localidade brasileira mais bem conhecida com relação à sua
     mastofauna passada e presente (Leite & Costa, 2002).
                   A outra área considerada de Especial importância biológica foi a região de Delfim
     Moreira, próximo à região da APA Fernão Dias e do Parque Estadual Serra do Papagaio, por
     causa da descrição de uma nova espécie de Phylomys, a P. mantiqueirensis (Leite, 2003).
                   Duas áreas anteriormente definidas como de importância Especial (Jaíba e Peruaçu)
     mudaram de categoria, sendo agora consideradas de Extrema importância biológica em função
     do grande número de espécies de mamíferos ameaçados de extinção.
                   No total foram indicadas 50 áreas prioritárias para a conservação de espécies de
     mamíferos em Minas. Com relação ao Atlas publicado no ano de 1998, houve um acréscimo de
     15 novas áreas prioritárias para a conservação da fauna de mamíferos de Minas Gerais, além de
     12 novas sub-áreas, totalizando 74 regiões divididas nas seguintes categorias: duas áreas de
     Especial importância biológica, 20 áreas de Extrema importância, 16 áreas de importância Muito
     Alta, 19 de Alta importância e 17 áreas de importância Potencial. No bioma da Caatinga foram
     definidas duas áreas prioritárias, no Cerrado 25, e na região da Mata Atlântica, 47 áreas, incluin-
     do-se aquelas nas divisas entre os estados de São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
                   Entre as ações emergenciais que visam à conservação das áreas indicadas citam-se,
     de um modo geral, a criação de Unidade de Conservação, a necessidade de investigação cientí-
     fica, o manejo, a recuperação/reabilitação e a promoção de conectividade entre remanescentes
     de vegetação.
                   A criação de UCs favoreceria algumas espécies como o mico-leão-da-cara-dourada
     (L. chrysomelas), o rato-da-árvore (P. brasiliensis), o ouriço-preto (C. subspinosus), que não estão
     representadas em quaisquer das Unidades de Conservação públicas ou privadas do Estado e, por-
     tanto, são consideradas espécies com lacuna de proteção.
                   Assim como o Atlas de 1998, espera-se que este documento seja efetivamente uti-
     lizado como uma ferramenta indicadora de qualidade e de ações prioritárias para as áreas nele
     indicadas. Foi assim que áreas relacionadas na versão anterior, como, por exemplo, áreas locali-
     zadas nos vales dos rios Jequitinhonha e Doce, foram mais bem investigadas e ganharam novo
     status e proteção. O alto grau de refinamento das informações sobre os principais fragmentos
     florestais existentes nas referidas bacias permitiu ao IEF e ao Curso de Pós-Graduação em
     Ecologia, Manejo e Conservação da Vida Silvestre da Universidade Federal de Minas Gerais
     direcionarem imediatamente o uso de recursos e a aplicação de esforços conservacionistas em
     tais áreas, que então haviam sido apontadas como de importância para a conservação da fauna de
     primatas.
                   Na região dos vales do Mucuri e Jequitinhonha, em função dos trabalhos realizados
     pelo IEF nos anos de 1999 e 2001, norteados pelo Atlas da Biodiversidade, grupos da herpeto-
     fauna e avifauna estão sendo inventariados, resultando, inclusive, em novas descobertas e redes-
     cobertas para a ciência, além de estudos na área da botânica. Esses dados estão subsidiando
     o Estado na indicação de áreas para a criação de Unidades de Conservação, a exemplo da
     recém-criada Reserva Biológica da Mata Escura, no município de Jequitinhonha. Essa UC foi




46
implementada graças às observações feitas por Melo et al. (2002), que confirmaram uma grande
quantidade de espécies da fauna ameaçadas de extinção, incluindo a descoberta de um grupo de
muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) na área.
             Melo (2004) reforça a necessidade de estender a experiência do vale do Jequiti-
nhonha para outras regiões de Minas, enfatizando a importância de dados técnicos para subsidiar
a criação de novas UCs. Ações como essas representam uma demanda mundial, como uma
garantia de se preservarem ecossistemas tão ameaçados e sua biota associada (Bruner et al., 2001).
Unidades de Conservação, de maneira ampla, correspondem a ações centrais em estratégias con-
servacionistas. Acredita-se que tanto a criação de novas UCs quanto a implementação de UCs já
decretadas serão, de fato, a solução de longo prazo na conservação da biodiversidade mineira e,
certamente, de outras regiões tropicais do mundo (Bruner et al., 2001).




                                                                                                     47
ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DE
MAMÍFEROS DE MINAS GERAIS




1      Região de Manga / Missões                30.1 Parque Estadual Sete Salões
2      Parque Nacional Grande Sertão Veredas    31   Entorno do Parque Estadual do Rio Doce
3      Serra das Araras - Veredas do Acari      31.1 Parque Estadual do Rio Doce
4      Veredas de Januária                      31.2 Região de Pingo D'água
5      Vale do Rio Peruaçu                      31.3 Região de Entre Folhas
6      Jaíba                                    31.4 Serra de Marliéria
7      Região de Grão-Mogol / Janaúba           32   Complexo Caratinga / Simonésia
8      Mata de Cipó                             32.1 RPPN Feliciano Miguel Abdala
8.1    Laje Branca                              32.2 RPPN Mata do Sossego
9      Jequitinhonha                            33   Região de Mutum
9.1    Reserva Biológica da Mata Escura         34   Complexo Caparaó
9.2    Limoeiro                                 34.1 Parque Nacional do Caparaó
9.3    São Simão                                34.2 Pedra Dourada
9.4    Região de Felisburgo                     35   Serra do Brigadeiro
10     Região de Bandeira / Mata Verde
                                                35.1 Parque Estadual da Serra do Brigadeiro
11     Região de Salto da Divisa
                                                36   Complexo Caraça / EPDA Peti
12     Região de Jacinto
                                                36.1 RPPN Caraça
13     Cariri
                                                36.2 EPDA Peti
14     São Miguel
                                                37   Região de Viçosa
15     Veredas do Cotovelo / Paracatu
                                                38   Complexo do Itacolomi / Andorinhas
15.1   Fazenda Brejão
                                                39   Serra do Rola Moça
16     Região de Bocaiúva
                                                40   Serra Azul / Rio Manso
17     Veredas de Botumirim
                                                41   Região do Carste de Lagoa Santa
18     Parque Estadual do Acauã
                                                41.1 APA Carste de Lagoa Santa
19     Região de Teófilo Otoni
20     Região de Buritizeiros / Pirapora        42   Região de Prata
21     Área de Proteção de Pau da Fruta         43   Região de Uberlândia
22     Águas Vertentes / Rio Preto              44   RPPN Galheiros
22.1   Parque Estadual do Rio Preto             45   Complexo Serra da Canastra
22.2   Pico do Itambé                           45.1  Parque Nacional Serra da Canastra
23     Região de Itamarandiba                   46   Região de Arco / Pains / Doresópolis
24     Região de Coroaci                        47   Região de Poços de Caldas
25     Região de Governador Valadares           48   Complexo da Mantiqueira
26     RPPN Vereda Grande                       48.1 Parque Nacional do Itatiaia / Parque
27     Região de Felixlândia                         Estadual Serra do Papagaio
28     Serra do Cipó                            48.2 Região de Delfim Moreira
29     Vertente Leste do Espinhaço              49   Região de Camanducaia
30     Entorno do Parque Estadual Sete Salões   50   Parque Estadual do Ibitipoca
5 mamiferos
5 mamiferos
5 mamiferos
Relação das áreas indicadas para a conservação dos mamíferos de Minas Gerais
      Número                                               Pressões
                                Nome da Área                              Recomendações   Categoria
      da Área                                             Antrópicas
     1          Região de Manga / Missões                                                 Potencial
     2          Parque Nacional Grande Sertão Veredas                                      Extrema
     3          Serra das Araras / Veredas do Acari                                       Potencial
     4          Veredas de Januária                                                       Potencial
     5          Vale do Rio Peruaçu                                                        Extrema
     6          Jaíba                                                                      Extrema
     7          Região de Grão-Mogol / Janaúba                                            Potencial
     8          Mata de Cipó                                                                 Alta
     8.1        Laje Branca                                                                Extrema
     9          Jequitinhonha                                                             Potencial
     9.1        Reserva Biológica da Mata Escura                                           Extrema
     9.2        Limoeiro                                                                   Extrema
     9.3        São Simão                                                                    Alta
     9.4        Região de Felisburgo                                                         Alta
     10         Região de Bandeira / Mata Verde                                           Muito Alta
     11         Região de Salto da Divisa                                                  Extrema

     12         Região de Jacinto                                                         Muito Alta
     13         Cariri                                                                     Extrema
     14         São Miguel                                                                Muito Alta
     15         Veredas do Cotovelo / Paracatu                                            Muito Alta
     15.1       Fazenda Brejão                                                             Extrema
     16         Região de Bocaiúva                                                           Alta
     17         Veredas de Botumirim                                                       Extrema
     18         Parque Estadual Acauã                                                     Potencial
     19         Região de Teófilo Otoni                                                   Potencial
     20         Região de Buritizeiros / Pirapora                                          Extrema
     21         Área de Proteção de Pau da Fruta                                          Potencial
     22         Águas Vertentes e Rio Preto                                               Potencial
     22.1       Parque Estadual do Rio Preto                                              Muito Alta
     22.2       Pico do Itambé                                                               Alta
     23         Região de Itamarandiba                                                    Potencial
     24         Região de Coroaci                                                            Alta
     25         Região de Governador Valadares                                            Potencial

     26         RPPN Vereda Grande                                                           Alta
     27         Região de Felixlândia                                                     Potencial
     28         Serra do Cipó                                                              Extrema
     29         Vertente Leste do Espinhaço                                               Potencial
     30         Entorno do Parque Estadual Sete Salões                                    Potencial
     30.1       Parque Estadual Sete Salões                                               Muito Alta
     31         Entorno do Parque Estadual do Rio Doce                                       Alta
     31.1       Parque Estadual do Rio Doce                                                Extrema
     31.2       Região de Pingo D'água                                                    Muito Alta
     31.3       Região de Entre Folhas                                                    Muito Alta
     31.4       Serra de Marliéria                                                        Muito Alta
     32         Complexo Caratinga / Simonésia                                               Alta
     32.1       RPPN Feliciano Miguel Abdala                                               Extrema
     32.2       RPPN Mata do Sossego                                                      Muito Alta
     33         Região de Mutum                                                           Potencial

     34         Complexo Caparaó                                                          Muito Alta
     34.1       Parque Nacional do Caparaó                                                 Extrema
     34.2       Pedra Dourada                                                              Extrema
     35         Serra do Brigadeiro                                                          Alta
     35.1       Parque Estadual da Serra do Brigadeiro                                     Extrema




52
Número                                                  Pressões
                           Nome da Área                              Recomendações   Categoria
 da Área                                                Antrópicas
36         Complexo Caraça / EPDA Peti                                                 Alta
36.1       RPPN Caraça                                                               Muito Alta
36.2       EPDA Peti                                                                 Muito Alta
37         Região de Viçosa                                                          Muito Alta
38         Complexo do Itacolomi / Andorinhas                                          Alta
39         Serra do Rola Moça                                                          Alta
40         Serra Azul / Rio Manso                                                      Alta

41         Região do Carste de Lagoa Santa                                             Alta
41.1       APA Carste de Lagoa Santa                                                 Especial
42         Região de Prata                                                             Alta
43         Região de Uberlândia                                                      Potencial
44         RPPN Galheiros                                                            Extrema

45         Complexo Serra da Canastra                                                   Alta
45.1       Parque Nacional Serra da Canastra                                          Extrema
46         Região de Arco / Pains / Doresópolis                                      Potencial
47         Região de Poços de Caldas                                                    Alta
48         Complexo da Mantiqueira                                                   Muito Alta
48.1       Parque Nacional do Itatiaia / Parque                                       Extrema
           Estadual Serra do Papagaio
48.2       Região de Delfim Moreira                                                   Especial

49         Região de Camanducaia                                                     Muito Alta
50         Parque Estadual do Ibitipoca                                                Alta


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                                                                                                  53
LEGENDA DOS ÍCONES
DAS TABELAS


Pressões Antrópicas

    Agropecuária e Pecuária

    Agricultura

    Assoreamento

    Barramento

    Caça

    Desmatamento

    Espécies exóticas invasoras

    Expansão urbana

    Extração de madeira

    Extração vegetal

    Isolamento

    Mineração

    Monocultura

    Pesca predatória

    Piscicultura

    Queimada

    Turismo desordenado



Recomendações

    Educação ambiental

    Fiscalização

    Inventários

    Monitoramento

    Plano de manejo

    Promover conectividade

    Recuperação

    Regularização fundiária

    Unidades de Conservação

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5 mamiferos

  • 1. Biodiversidade em Minas Gerais S E G U N D A E D I Ç Ã O ORGANIZADORES Gláucia Moreira Drummond Cássio Soares Martins Angelo Barbosa Monteiro Machado Fabiane Almeida Sebaio Yasmine Antonini Fundação Biodiversitas Belo Horizonte 2005
  • 2. MAMÍFEROS O Brasil detém grande parte da biodiversidade do planeta, o que se reflete na sua riqueza de espécies em geral. Das 4.890 espécies de mamíferos atualmente existentes em todo o mundo, cerca de 530 (11%) ocorrem no Brasil. Nesse contexto, a fauna de mamíferos brasileira lidera o ranking, sendo os grupos dos pequenos mamíferos (pequenos ratos silvestres, cuícas, gam- bás, morcegos) e dos primatas os mais representativos, englobando 83% (cerca de 440 espécies) da mastofauna do País (Fonseca et al., 1996; Rylands et al., 2000). Apesar dos crescentes níveis de degradação ambiental observados no País, novas espécies de mamíferos vêm sendo descobertas ainda hoje, na Amazônia e na Mata Atlântica, por exemplo. Ao mesmo tempo, com o aumento do conhecimento e também em função dos eleva- dos níveis de destruição dos hábitats florestais, muitas espécies de mamíferos vêm sendo incluí- das nas listas de espécies ameaçadas de extinção. O estado de Minas Gerais abriga três dos biomas mais importantes do Brasil (Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga) e, conseqüentemente, uma fauna muito diversificada, chegando a 243 as espécies de mamíferos conhecidas. Dessas, 40 espécies estão ameaçadas de extinção, sendo o principal fator de ameaça atribuído às ações de desmatamento no Estado. Entre as espé- cies ameaçadas, os animais de grande porte, como carnívoros e primatas, representam os grupos sob o maior risco de extinção. É importante citar que a revisão do Atlas possibilitou o registro de uma nova espécie de mamífero para Minas Gerais: a Potos flavus, jupará ou macaco-da-noite, a qual era conhecida apenas através de peles depositadas em um museu. Esse dado é também significativo, uma vez que o último registro desse animal aconteceu há 60 anos. Sua ocorrência foi registrada na divisa com o estado do Rio de Janeiro (na região de Tombos). Em função desse registro e da confir- mação da presença de diversas espécies ameaçadas de extinção, como a Cabassous tatouay (tatu- de-rabo-mole) e a Callithrix aurita (sagüi-da-serra-escuro), a região de Tombos (Pedra Dourada) foi incluída no novo documento com o status de área de Extrema importância biológica. Destaca-se também, como relevante, o primeiro registro confirmado de Chaetomys subspinosus (ouriço-preto), na região de Bandeira, e de Leontopithecus chrysomelas (mico-leão-da- cara-dourada) na região de Salto da Divisa, uma vez que ambas as espécies só eram indicadas para Minas com base em relatos de avistamento (Oliver & Santos, 1991; Pinto & Rylands, 1997). Importantes redescobertas, especialmente no grupo de pequenos mamíferos, merecem ser comentadas, como a presença de Rhagomys rufescens (rato-do-mato-vermelho) encontrado na região de Viçosa. Segundo Percequillo e colaboradores (2004), João Moojen o Tamanduá-mirim tinha indicado equivocadamente para Minas Gerais. Apesar de amplamente citada como de (Tamandua tetradactyla) ocorrência para o Estado, a R. rufescens nunca tinha sido efetivamente coletada em território Fotografia: Miguel Aun
  • 3. mineiro. Por essa razão, Viçosa deixou a categoria de importância Potencial e entrou para a categoria de importância biológica Muito Alta neste documento. Já a Phyllomys brasiliensis (rato- da-árvore), considerada extinta na natureza, foi recentemente capturada próximo à cidade de Felixlândia, que, por esse motivo, entrou no novo Atlas como área de importância Potencial para a fauna de mamíferos. Essa espécie era conhecida, até então, apenas pelos exemplares coletados por Peter Lund, no século XIX (Paglia, com. pess.; Leite & Costa, 2002). A ocorrência desses ratos equimídeos (família que inclui as espécies dotadas de pêlos modificados em espinhos), como também a de Carterodon sulcidens, na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa, faz com que esta área seja categorizada como de Especial importância biológica. As formações de cavernas dessa região proporcionaram um ambiente único de fossilização, e pode- mos considerá-la, hoje, como a localidade brasileira mais bem conhecida com relação à sua mastofauna passada e presente (Leite & Costa, 2002). A outra área considerada de Especial importância biológica foi a região de Delfim Moreira, próximo à região da APA Fernão Dias e do Parque Estadual Serra do Papagaio, por causa da descrição de uma nova espécie de Phylomys, a P. mantiqueirensis (Leite, 2003). Duas áreas anteriormente definidas como de importância Especial (Jaíba e Peruaçu) mudaram de categoria, sendo agora consideradas de Extrema importância biológica em função do grande número de espécies de mamíferos ameaçados de extinção. No total foram indicadas 50 áreas prioritárias para a conservação de espécies de mamíferos em Minas. Com relação ao Atlas publicado no ano de 1998, houve um acréscimo de 15 novas áreas prioritárias para a conservação da fauna de mamíferos de Minas Gerais, além de 12 novas sub-áreas, totalizando 74 regiões divididas nas seguintes categorias: duas áreas de Especial importância biológica, 20 áreas de Extrema importância, 16 áreas de importância Muito Alta, 19 de Alta importância e 17 áreas de importância Potencial. No bioma da Caatinga foram definidas duas áreas prioritárias, no Cerrado 25, e na região da Mata Atlântica, 47 áreas, incluin- do-se aquelas nas divisas entre os estados de São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Entre as ações emergenciais que visam à conservação das áreas indicadas citam-se, de um modo geral, a criação de Unidade de Conservação, a necessidade de investigação cientí- fica, o manejo, a recuperação/reabilitação e a promoção de conectividade entre remanescentes de vegetação. A criação de UCs favoreceria algumas espécies como o mico-leão-da-cara-dourada (L. chrysomelas), o rato-da-árvore (P. brasiliensis), o ouriço-preto (C. subspinosus), que não estão representadas em quaisquer das Unidades de Conservação públicas ou privadas do Estado e, por- tanto, são consideradas espécies com lacuna de proteção. Assim como o Atlas de 1998, espera-se que este documento seja efetivamente uti- lizado como uma ferramenta indicadora de qualidade e de ações prioritárias para as áreas nele indicadas. Foi assim que áreas relacionadas na versão anterior, como, por exemplo, áreas locali- zadas nos vales dos rios Jequitinhonha e Doce, foram mais bem investigadas e ganharam novo status e proteção. O alto grau de refinamento das informações sobre os principais fragmentos florestais existentes nas referidas bacias permitiu ao IEF e ao Curso de Pós-Graduação em Ecologia, Manejo e Conservação da Vida Silvestre da Universidade Federal de Minas Gerais direcionarem imediatamente o uso de recursos e a aplicação de esforços conservacionistas em tais áreas, que então haviam sido apontadas como de importância para a conservação da fauna de primatas. Na região dos vales do Mucuri e Jequitinhonha, em função dos trabalhos realizados pelo IEF nos anos de 1999 e 2001, norteados pelo Atlas da Biodiversidade, grupos da herpeto- fauna e avifauna estão sendo inventariados, resultando, inclusive, em novas descobertas e redes- cobertas para a ciência, além de estudos na área da botânica. Esses dados estão subsidiando o Estado na indicação de áreas para a criação de Unidades de Conservação, a exemplo da recém-criada Reserva Biológica da Mata Escura, no município de Jequitinhonha. Essa UC foi 46
  • 4. implementada graças às observações feitas por Melo et al. (2002), que confirmaram uma grande quantidade de espécies da fauna ameaçadas de extinção, incluindo a descoberta de um grupo de muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) na área. Melo (2004) reforça a necessidade de estender a experiência do vale do Jequiti- nhonha para outras regiões de Minas, enfatizando a importância de dados técnicos para subsidiar a criação de novas UCs. Ações como essas representam uma demanda mundial, como uma garantia de se preservarem ecossistemas tão ameaçados e sua biota associada (Bruner et al., 2001). Unidades de Conservação, de maneira ampla, correspondem a ações centrais em estratégias con- servacionistas. Acredita-se que tanto a criação de novas UCs quanto a implementação de UCs já decretadas serão, de fato, a solução de longo prazo na conservação da biodiversidade mineira e, certamente, de outras regiões tropicais do mundo (Bruner et al., 2001). 47
  • 5. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS DE MINAS GERAIS 1 Região de Manga / Missões 30.1 Parque Estadual Sete Salões 2 Parque Nacional Grande Sertão Veredas 31 Entorno do Parque Estadual do Rio Doce 3 Serra das Araras - Veredas do Acari 31.1 Parque Estadual do Rio Doce 4 Veredas de Januária 31.2 Região de Pingo D'água 5 Vale do Rio Peruaçu 31.3 Região de Entre Folhas 6 Jaíba 31.4 Serra de Marliéria 7 Região de Grão-Mogol / Janaúba 32 Complexo Caratinga / Simonésia 8 Mata de Cipó 32.1 RPPN Feliciano Miguel Abdala 8.1 Laje Branca 32.2 RPPN Mata do Sossego 9 Jequitinhonha 33 Região de Mutum 9.1 Reserva Biológica da Mata Escura 34 Complexo Caparaó 9.2 Limoeiro 34.1 Parque Nacional do Caparaó 9.3 São Simão 34.2 Pedra Dourada 9.4 Região de Felisburgo 35 Serra do Brigadeiro 10 Região de Bandeira / Mata Verde 35.1 Parque Estadual da Serra do Brigadeiro 11 Região de Salto da Divisa 36 Complexo Caraça / EPDA Peti 12 Região de Jacinto 36.1 RPPN Caraça 13 Cariri 36.2 EPDA Peti 14 São Miguel 37 Região de Viçosa 15 Veredas do Cotovelo / Paracatu 38 Complexo do Itacolomi / Andorinhas 15.1 Fazenda Brejão 39 Serra do Rola Moça 16 Região de Bocaiúva 40 Serra Azul / Rio Manso 17 Veredas de Botumirim 41 Região do Carste de Lagoa Santa 18 Parque Estadual do Acauã 41.1 APA Carste de Lagoa Santa 19 Região de Teófilo Otoni 20 Região de Buritizeiros / Pirapora 42 Região de Prata 21 Área de Proteção de Pau da Fruta 43 Região de Uberlândia 22 Águas Vertentes / Rio Preto 44 RPPN Galheiros 22.1 Parque Estadual do Rio Preto 45 Complexo Serra da Canastra 22.2 Pico do Itambé 45.1 Parque Nacional Serra da Canastra 23 Região de Itamarandiba 46 Região de Arco / Pains / Doresópolis 24 Região de Coroaci 47 Região de Poços de Caldas 25 Região de Governador Valadares 48 Complexo da Mantiqueira 26 RPPN Vereda Grande 48.1 Parque Nacional do Itatiaia / Parque 27 Região de Felixlândia Estadual Serra do Papagaio 28 Serra do Cipó 48.2 Região de Delfim Moreira 29 Vertente Leste do Espinhaço 49 Região de Camanducaia 30 Entorno do Parque Estadual Sete Salões 50 Parque Estadual do Ibitipoca
  • 9. Relação das áreas indicadas para a conservação dos mamíferos de Minas Gerais Número Pressões Nome da Área Recomendações Categoria da Área Antrópicas 1 Região de Manga / Missões Potencial 2 Parque Nacional Grande Sertão Veredas Extrema 3 Serra das Araras / Veredas do Acari Potencial 4 Veredas de Januária Potencial 5 Vale do Rio Peruaçu Extrema 6 Jaíba Extrema 7 Região de Grão-Mogol / Janaúba Potencial 8 Mata de Cipó Alta 8.1 Laje Branca Extrema 9 Jequitinhonha Potencial 9.1 Reserva Biológica da Mata Escura Extrema 9.2 Limoeiro Extrema 9.3 São Simão Alta 9.4 Região de Felisburgo Alta 10 Região de Bandeira / Mata Verde Muito Alta 11 Região de Salto da Divisa Extrema 12 Região de Jacinto Muito Alta 13 Cariri Extrema 14 São Miguel Muito Alta 15 Veredas do Cotovelo / Paracatu Muito Alta 15.1 Fazenda Brejão Extrema 16 Região de Bocaiúva Alta 17 Veredas de Botumirim Extrema 18 Parque Estadual Acauã Potencial 19 Região de Teófilo Otoni Potencial 20 Região de Buritizeiros / Pirapora Extrema 21 Área de Proteção de Pau da Fruta Potencial 22 Águas Vertentes e Rio Preto Potencial 22.1 Parque Estadual do Rio Preto Muito Alta 22.2 Pico do Itambé Alta 23 Região de Itamarandiba Potencial 24 Região de Coroaci Alta 25 Região de Governador Valadares Potencial 26 RPPN Vereda Grande Alta 27 Região de Felixlândia Potencial 28 Serra do Cipó Extrema 29 Vertente Leste do Espinhaço Potencial 30 Entorno do Parque Estadual Sete Salões Potencial 30.1 Parque Estadual Sete Salões Muito Alta 31 Entorno do Parque Estadual do Rio Doce Alta 31.1 Parque Estadual do Rio Doce Extrema 31.2 Região de Pingo D'água Muito Alta 31.3 Região de Entre Folhas Muito Alta 31.4 Serra de Marliéria Muito Alta 32 Complexo Caratinga / Simonésia Alta 32.1 RPPN Feliciano Miguel Abdala Extrema 32.2 RPPN Mata do Sossego Muito Alta 33 Região de Mutum Potencial 34 Complexo Caparaó Muito Alta 34.1 Parque Nacional do Caparaó Extrema 34.2 Pedra Dourada Extrema 35 Serra do Brigadeiro Alta 35.1 Parque Estadual da Serra do Brigadeiro Extrema 52
  • 10. Número Pressões Nome da Área Recomendações Categoria da Área Antrópicas 36 Complexo Caraça / EPDA Peti Alta 36.1 RPPN Caraça Muito Alta 36.2 EPDA Peti Muito Alta 37 Região de Viçosa Muito Alta 38 Complexo do Itacolomi / Andorinhas Alta 39 Serra do Rola Moça Alta 40 Serra Azul / Rio Manso Alta 41 Região do Carste de Lagoa Santa Alta 41.1 APA Carste de Lagoa Santa Especial 42 Região de Prata Alta 43 Região de Uberlândia Potencial 44 RPPN Galheiros Extrema 45 Complexo Serra da Canastra Alta 45.1 Parque Nacional Serra da Canastra Extrema 46 Região de Arco / Pains / Doresópolis Potencial 47 Região de Poços de Caldas Alta 48 Complexo da Mantiqueira Muito Alta 48.1 Parque Nacional do Itatiaia / Parque Extrema Estadual Serra do Papagaio 48.2 Região de Delfim Moreira Especial 49 Região de Camanducaia Muito Alta 50 Parque Estadual do Ibitipoca Alta Consulte legenda dos ícones desta tabela na orelha da página 202. 53
  • 11. LEGENDA DOS ÍCONES DAS TABELAS Pressões Antrópicas Agropecuária e Pecuária Agricultura Assoreamento Barramento Caça Desmatamento Espécies exóticas invasoras Expansão urbana Extração de madeira Extração vegetal Isolamento Mineração Monocultura Pesca predatória Piscicultura Queimada Turismo desordenado Recomendações Educação ambiental Fiscalização Inventários Monitoramento Plano de manejo Promover conectividade Recuperação Regularização fundiária Unidades de Conservação