O documento discute a historicidade das ciências e como o conhecimento científico é construído e representado ao longo do tempo. Ele explica que o conhecimento é afetado pelas relações entre os seres vivos e seu ambiente, e que a representação do mundo substituiu a teoria da representação. Também discute como as ciências são fenômenos sociais coletivos que envolvem componentes teóricos, práticos e sociológicos.
1. DESIGNAÇÃO DE
CAMPO
Ciência e epistemologia (2) :
a historicidade das ciências
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2. I. Representar, conhecer, saber
1. Seres vivos “animais” são afetados por suas RELAÇÕES
com o ambiente e dessas relações os seres fazem
suas REPRESENTAÇÕES do mundo.
2. Teoria da representação substituída hoje por:
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Disciplinas Temas sobre
conhecimento
Foco: análise dos
meios de difusão
Ciências cognitivas Construção Linguagens e
línguas
Ciências da
informação
Estocagem Sistemas gráficos
Filosofia das
ciências
Transmissão e
difusão
Sistemas
simbólicos
História das
mentalidades
Mudança e usos
3. II. Caracterização da representação
1. EXTERNALIDADES COGNITIVAS
2. OBJETOS HISTÓRICOS:
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bibliotecas
livros
máquinas
de calcular
3
4. Representação e técnica
1. Saber tácito: nem todo saber é uma representação ou
um representado.
2. A representação é reflexiva: “Sabia que sabia o que
sabia”.
3. A técnica pode derivar de uma técnica / prática: “Sabia,
mas não sabia que sabia.”
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ReflexividadeRepresentação Conhecimento científico
5. III. Os paradoxos do conhecimento
1. Opinião - Desde Platão, o conhecimento é assimilado a
uma coleção de opiniões verdadeiras de um certo tipo.
Modalidade epistêmica:
i. Eu creio que P
ii. Eu sei que P
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Valores de verdade
idênticos. Subjetividade:
“eu sei que P” = “P”
6. Objetividade do conhecimento?
1. É o mesmo para todos (universalidade).
2. Tem um modo de existência real.
3. É transmissível, ensinável.
4. É intangível (o que é verdade o é de uma vez por
todas, para sempre).
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7. Propriedades paradoxais...
1. Tudo repousa sobre a verdade de “P”.
2. Não se pode dizer que as proposições sejam
transparentes ou evidentes.
3. O conhecimento pode passar do estado verdadeiro
para o falso.
4. A universalidade é incerta ou questionável.
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8. Ciências e comunidade de conhecimento
Uma ciência é um fenômeno social coletivo, formado por três
componentes: teórico, prático e sociológico.
1. TEÓRICO: composto de representações e, mais ainda, de
dados empíricos selecionados (exemplar), de protocolos
para selecionar esses dados e construir as representações.
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9. Ciência: fenômeno social coletivo
2. PRÁTICO: composto de valores ou de normas; é
preciso compreender a concepção tradicional da
ciência, mas igualmente de outros valores, como o
caráter desinteressado da ciência; há também
interesses de conhecimento, a pesquisa do
conhecimento pode tornar-se um dos objetivos mais ou
menos definidos que se propõe esperar no seio de uma
sociedade dada.
3. SOCIOLÓGICO: o sujeito do conhecimento científico é
uma subparte organizada da sociedade (colegas
invisíveis, sociedades eruditas, instituições,
universidades, revistas etc).
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10. As comunidades têm uma função social geral de
validação e de legitimação.
Ciência: teoricamente válida para todos, mas não
acessível a todos.
Sociedade democrática e ciência.
Problemas>
i. Funcionamento das comunidades de conhecimento;
ii. Dissidências;
iii. Disfuncionamento das comunidades;
iv. Suspeição social sobre a comunidade científica;
v. Comunitarismo científico: clãs em concorrência, sem
reconhecimento recíproco.
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Burocracia científica, sociedade de
conhecimento e democracia
11. 1. Domínio dos objetos históricos, característica principal:
emergência de novas entidades;
irreversibilidade das sequências emergentes
relação intrínseca com o TEMPO.
o historiador não pode se contentar em utilizar uma
temporalidade extrínseca;
as representações situam seus objetos (que são em si
representações) em um quadro temporal, uma cronologia,
mesmo sendo essa cronologia a condição mínima da história;
para atribuir uma data é preciso construir uma permanência
ou uma identidade para os conhecimentos (ex. o teorema de
Pitágoras, a teoria do imperfeito).
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A representação histórica do conhecimento
científico
12. Observações:
Fazer a história em sentido contrário (à rebours) leva à
noção teleológica de “precursor”. Ex.: descrição do que
havia antes de um dado conhecimento (x) = aproximação
de X, partes de X.
A descoberta de semelhanças entre os conhecimentos
passados (precursores) com aqueles que são objetos de
estudo não leva a nada.
O TRABALHO DO HISTORIADOR É EXPLICAR por que um
conhecimento é construído como ele é, e se há, ou não,
uma linha causal entre os conhecimentos em causa (o
passado e o futuro).
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13. Exemplo (nota 1, p. 159)
Nada se ganha, do ponto de vista da explicação se, ao
observar que as primeiras gramáticas do irlandês apresentam
as ‘letras’ dessa língua com base em diferenças fonéticas
mínimas, explicando isso sobre pares de palavras em
oposição, afirma-se simplesmente que esses gramáticos
foram os ‘precursores’ da fonologia. Vai-se mais longe se se
observar que seu problema é o de apresentar quadros
segundo a classificação aristotélica de encaixamento de
categorias, separadas por diferenças específicas. Será
preciso, além disso, seguir essa representação, testar
eventualmente sua estabilidade no curso do tempo e,
finalmente, ver se ela tem uma relação causal com a
fonologia.
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14. A prática do historiador
A história se resume a dimensões e relações entre essas
dimensões, logo que se constrói a representação histórica:
1. Um sistema de OBJETOS – uma representação
construída a partir do domínio dos objetos.
2. Um PARÂMETRO TEMPORAL – a consideração do tempo.
3. Um PARÂMETRO ESPACIAL – a consideração do lugar.
4. Um SISTEMA DE PARAMETRAGEM EXTERNA que religa o
sistema de objetos a seu contexto – os dados da
situação.
5. Um SISTEMA DE INTERPRETANTES – o(s) cientista(s)
historiadores.
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15. O que é histórico?
B é histórico se não existe sem um A que o
precede em uma sequência irreversível; as
sequências históricas têm a particularidade
de dar à luz propriedades ou configurações
totalmente novas e largamente
imprevisíveis.
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16. Importante etapa do conhecimento humano foi alcançado no
século XX quando se pôde estender a noção de cálculo ao
conjunto das decisões racionais do sujeito da ação. Por isso,
somos capazes de:
i. explicar escolhas de diferentes atores pela teoria dos jogos.
ii. Levar a gramática das línguas naturais a processos de
autonomização (gramáticas formais) mecanização.
Conclusão
i. Prevê-se que a complexidade de nossas sociedades
conduzirá rapidamente essas disciplinas a tomar um lugar
mais importante na história do fenômeno científico ao qual
de se encontra ligado o desenvolvimento da civilização
moderna.
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17. AUROUX, Sylvain (2007) La question de l’origine des
langues, suivi de L’historicité des sciences. Paris : PUF, p.
145 a 161.
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Notes de l'éditeur
Referência
AUROUX, Sylvain. Qu’est-ce la science? Larousse Annuel, 1995.
Permitem que as capacidades individuais sejam ultrapassadas por instrumentos técnicos e significantes.
A relação do ser humano com seu ambiente (sobrevivências, produção de bens, organização) passa necessariamente pela fabricação de elementos cuja construção e conservação dependem de externalidades e/ou são externalidades. Desde que esses elementos concernem à representação, trata-se do que se chama “conhecimento” ou “saber”.
Ténicas são primeiro saber-fazer sem representação
Nota 2, p. 158: De maneira geral, o historiador deve se esforçar para não recorrer à teleologia, isto é explicar o passado pelo futuro; ele pode, evidentemente, utilizar o futuro virtual do ‘programa de pesquisa” na medida em que esse é uma causa de produção dos conhecimentos.