Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
2 las relaciones entre los estudios lingüísticos e la enseñanza de lengua materna
1. Las relaciones entre los estudios lingüísticos e la
enseñanza de lengua materna en el Brasil desde uno
perspectiva histórica.
Émerson de Pietri
Faculdade de Educação da USP
Disciplina de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa
(pietri@usp.br)
2. A lingüística se interessa pela escola, no Brasil, já há
algum tempo.
Neste trabalho, serão observados os modos como se
constituíram as relações entre a lingüística e o ensino
de língua portuguesa no período histórico que se
desenvolve nas três últimas décadas do século XX
(1970-1990).
3. Considerarei que o interesse da lingüística pela escola
se faz segundo dois movimentos:
- o de ter a escola como um lugar em que dados
lingüísticos podem ser produzidos para investigações
acadêmicas;
- o de ter a escola como um lugar em que os saberes
produzidos pela lingüística podem produzir mudanças
em concepções de linguagem e de ensino; e, em
conseqüência, nas práticas de ensino e de
aprendizagem de língua portuguesa que se realizam em
contexto escolar.
4. Hipótese: esses dois movimentos possibilitaram que
tanto a linguística quanto a escola promovessem
reconfigurações em objetos de pesquisa e/ou de
ensino.
5. Questão:
Como a lingüística se aproximou da escola, e que
efeitos se produziram, com essa aproximação, para a
escola e para a lingüística?
6. Década de 70 do século XX: projeto desenvolvimentista
estabelecido pelo Regime Militar
- Escolarização obrigatória passa de 4 para 8 anos (Lei n.
5.692/71)
-Mudança curricular na escola básica - CFE n.8/71: três
matérias reúnem um conjunto de disciplinas obrigatórias:
-Estudos Sociais incluía as disciplinas geografia, história e
organização social e política do Brasil;
-Ciências incluía matemática e ciências físicas e biológicas.
-COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO incluía língua
portuguesa, educação física e educação artística
7. Implantação da Linguística no currículo mínimo
dos cursos de Letras, através de um decreto de
1962, que começa a vigorar em 1963:
Segundo Kato (1983), tratou-se de implantação
precoce, dada a inexistência de professores com
formação linguística.
Esse seria, segundo a autora, um dos fatores
responsáveis
pelos
questionamentos,
na
sociedade brasileira, sobre a relevância
pedagógica da Linguística.
8. 2010: 84% da população brasileira vive em meio urbano
10. -Trata-se de um momento em que:
-A Linguística se implementa nos cursos de
Letras e inicia o desenvolvimento de pesquisas
sobre a realidade linguística brasileira;
-A escola básica se amplia e reúne em seu
interior a heterogeneidade linguística que até
então não tinha acesso aos bancos escolares;
-A disciplina de língua portuguesa se reconfigura
para assumir seu estado ainda atual: leitura e
interpretação
redação.
de
texto,
gramática
e
11. Linguistas se perguntam qual deveria ser a função social dos
estudos da linguagem no Brasil, de maneira que as
investigações pudesse ajudar a solucionar problemas da
sociedade.
A escola básica é considerada discriminatória, porque a
língua do aluno não é respeitada, mas avaliada segundo as
regras da gramática tradicional e do português padrão.
Tem origem o discurso pela mudança no ensino de língua
materna no Brasil: contra o ensino de gramática tradicional;
pelo respeito pela variedade linguística do aluno.
Teorias linguísticas são divulgadas para professores para
que, com base nessas teorias, eles modifiquem suas
práticas de ensino.
13. Década de 70 (anos de 76 e 77 – Revistas “Cadernos
de Pesquisa” – n. 16 e 23 - da Fundação Carlos
Chagas) – primeiros trabalhos de pesquisa
lingüística, no Brasil, que tomam a redação escolar
como objeto de análise.
- a base teórica seria a da lingüística, mas, como, a
princípio, essa base seria voltada para tratamento de
dados de língua em oposição a fala, ela não seria
apropriada para o tratamento de dados obtidos com
base em registros de escrita; utilizam-se, então,
conceitos da tradição gramatical.
14. Década de 70: primeiras investigações acadêmicas,
em nível de mestrado e de doutorado, no Brasil, que
tomam a escrita escolar como objeto de investigação.
- os problemas no texto produzido na escola seriam
sintomas das condições do ensino e da aprendizagem
nas escolas brasileiras, e do empobrecimento cultural
na sociedade, de um modo mais amplo;
- tornava-se então necessário buscar subsídios
teóricos e realizar o trabalho de produção e análise de
dados que levassem ao conhecimento das causas de
tal estado de coisas (crise na linguagem);
15. Causas dos problemas encontrados com as investigações:
-as condições históricas de produção do texto escolar;
- a passividade do sujeito frente a essas condições;
- as características tradicionalistas e normativas da escola;
- a sociedade de massas e a indústria cultural;
Fontes de explicações: as teorias explicativas são
fundamentadas, num plano principal, em recursos
teóricos da psicologia (para se considerar o sujeito), e dos
estudos sociológicos e culturais (para se pensar sobre as
condições mais amplas em que se inserem a escola e o
aluno).
16. A década de 70
A produção acadêmica sobre escrita escolar, no
período em análise, se caracteriza por:
- formular um problema (no caso, a escrita
escolar se encontraria em crise);
- procurar suas causas (a indústria cultural e a
sociedade de massas estariam na origem do
problema);
- agenciar elementos teóricos, de campos
distintos, que pudessem oferecer subsídios para
o tratamento da questão em torno do objeto
central, a escrita escolar.
17. A década de 70
Características das teses e dissertações:
- alto nível de interdisciplinaridade (com a
compatibilização de concepções de sujeito e de
referência apropriadas a campos nem sempre
assimiláveis entre si);
- coerência produzida com base na ambivalência
do objeto de pesquisa: a referência a “escrita
escolar” permite que se faça um movimento entre
o texto escrito (a redação) e o contexto de sua
produção (as condições sociais mais amplas).
18. A década de 70
No espaço construído entre esses dois pontos
de ancoragem (o escolar e o não escolar), o
pesquisador se movimenta, aproximando e
alternando concepções de sujeito, as quais
possibilitam a aproximação de perspectivas
teóricas diversas.
19. A década de 80
A produção discursiva sobre escrita escolar, no
período em análise, se caracteriza por:
- considerar fatores internos e externos à
escolarização, num movimento em que se
associam, aos primeiros, os fatos de oralidade, e
aos segundos, os elementos da escrita;
- associar mais ou menos explicitamente a
organização textual do escrito escolar a
questões
próprias
aos
estudos
em
sociolingüística.
20. A década de 80
O tratamento da relação oralidade-escrita
possibilita ao pesquisador:
-a apropriação de referenciais teóricos (da
(socio)lingüística, da tradição gramatical, ou das
teorias do discurso) para o tratamento do material
de análise;
- e relacionar as diferenças entre modalidades
linguística a diferenças entre as condições extra e
intra-escolares.
21. A década de 90
A produção discursiva sobre escrita escolar, no
período em análise, se caracteriza por:
- considerar que os problemas encontrados na
escrita escolar seriam decorrentes dos modos de
produção do texto na escola, e não de fatores
próprios à sociedade mais ampla;
- considerar a sala de aula como um lugar de
intervenção
projetada,
intermediada
pela
atuação do professor, e realizada com base em
concepção teórica específica.
22. Os problemas da escrita escolar diagnosticados
As pesquisas realizadas recorrem aos trabalhos
acadêmicos que lhes antecederam para apontar os
problemas da escrita escolar e suas supostas
causas.
Esse movimento é parte da constituição do lugar do
pesquisador nesse momento: não há proximidade
entre contexto de pesquisa e contexto de ensino,
mas sua delimitação, de modo a que os sujeitos
tenham suas posições bem definidas num espaço e
em outro.
23. A proposição de alternativas para o ensino de
escrita
As investigações realizadas na primeira
metade da década de 90 se caracterizam por
propor alternativas para o ensino da escrita,
na escola, com base em perspectivas
teóricas consideradas interessantes para
subsidiar o trabalho pedagógico. Não se
encontra, nesses trabalhos, a concorrência
de
diferentes
perspectivas,
mas
a
circunscrição a um determinado referencial.
24. Perspectivas teóricas presentes nas
pesquisas desenvolvidas na década de 90:
- estrutural
- dos estudos do texto
- semiótica
- enunciativa
- pragmática
- discursiva
25. As condições escolares de produção do texto
escrito: a formação do professor
Uma característica do período observado é a
projeção
das
perspectivas
teóricas
abordadas
nas
pesquisas
em
suas
possibilidades de utilização no contexto
escolar.
26. A década de 90
Características das teses e dissertações:
apropriação
de
saberes
para
a
fundamentação de propostas pedagógicas
projetada no princípio de coerência subjacente
à perspectiva teórica escolhida;
- princípio de que coerência da base teórica
adotada para a elaboração das propostas
pedagógicas solucionaria problemas de ensino
decorrentes das insuficiências dos saberes
existentes em contexto escolar.
27. As relações da escola com o contexto
não escolar
- Década de 70:
O texto escrito escolar é sintoma das condições
sociais e históricas em que se insere a escola.
O exterior da escola se constitui como o contexto
da comunicação de massas e da indústria
cultural.
28. As relações da escola com o contexto
não escolar
- Década de 80:
O texto escrito escolar é produto das diferenças
entre as variedades lingüísticas dos grupos
sociais de origem dos alunos e a variedade
legitimada pela instituição escolar.
O exterior da escola se constitui como o lugar
da cultura oral; a escola é o lugar da cultura
escrita.
29. As relações da escola com o contexto
não escolar
- Década de 90:
O texto escrito escolar é produto das condições
de ensino na escola e de insuficiências teóricas
em contexto escolar.
O exterior da escola se constitui como o espaço
acadêmico; a escola se constitui como o destino
das contribuições das pesquisas acadêmicas
para o ensino.
30. A constituição da escrita escolar em objeto de
pesquisa, em cada momento histórico, se
realiza com base na ambivalência de uma
determinada função, e na ênfase num
determinado aspecto:
Década de 70: o aluno / a aprendizagem
Década de 80: o pesquisador / o ensino
Década de 90: o professor / a pesquisa
31. O movimento do pesquisador com referência a
uma e outra posição ocupada por tais funções
possibilita a apropriação de saberes para a
constituição da escrita escolar em objeto de
pesquisa e de ensino.