O documento discute o valor da vida humana em diferentes perspectivas religiosas e filosóficas, destacando que a vida é considerada sagrada no Cristianismo, Judaísmo, Islã, Hinduísmo e Budismo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos também é citada como defendendo a dignidade e os direitos iguais de todos os seres humanos.
2. O início da vida humana
A taxonomia — ciência que tem por finalidade a
classificação dos seres vivos — cataloga o ser humano
da seguinte forma:
• Reino: Animalia (o homem é um animal)
• Filo: Chordata (possui uma coluna vertebral)
• Classe: Mammalia (classe dos que mamam; inclui
todos os mamíferos)
• Subclasse: Placentalia (é um mamífero cuja fêmea
possui placenta)
• Ordem: Primata
• Família: Hominidae (a este grupo pertencem também
os gorilas e os chimpanzés)
• Género: Homo
• Espécie: Homo Sapiens
• Subespécie: Homo Sapiens Sapiens
3. Toda a pessoa — independentemente da sua
cor, religião, nacionalidade ou condição social
— encontra nesta organização taxonómica uma
linha comum no seu processo evolutivo, que lhe
garante um estatuto de pertença e dignidade
distinto dos outros seres vivos. Os dados
científicos remetem-nos para a singularidade do
ser humano, enquanto indivíduo que se
distanciou gradualmente dos outros seres vivos,
em geral, e dos animais, em particular,
conquistando uma inteligência superior, capaz
de criar mundos alternativos, de desenvolver
consciência ética e de se reconhecer numa
relação social. No seu percurso, o ser humano
foi ganhando consciência da sua dignidade. Mas
a sua acção ora se orienta para a defesa da
mesma, ora a fere, pondo em causa a própria
vida humana.
4. Para alguns, a vida humana tem o seu início quando ocorre a nidação, porque,
nos estádios anteriores, as células que vão constituir o ser humano ainda não
se diferenciaram; para outros, a vida humana só se inicia quando começa a
actividade cerebral, por analogia com a morte, que é determinada pela paragem
do funcionamento do cérebro. Outros defendem que o início da vida humana
ocorre quando a actividade cerebral emite ondas tipicamente humanas, porque é
este aspecto que distingue o ser humano dos outros animais. Outros, ainda, só
estão dispostos a reconhecer o ser humano a partir do momento do parto, porque
o feto só assume personalidade jurídica quando nasce para a sociedade.
Muitos, no entanto, defendem que a vida humana tem início no momento da
fecundação, porque o desenvolvimento de um ser humano é um processo
contínuo que não permite identificar com precisão saltos de qualidade. É
também esta a posição da Igreja Católica.
5. A vida humana – Um valor a defender
De entre todos os valores, a vida humana é o valor primordial, sendo este o ponto
de partida de todos os direitos da pessoa. Como poderíamos, por exemplo, exigir que
se fizesse justiça a alguém se lhe negássemos o direito de existir? Se a vida humana
não estiver assegurada, é simplesmente impossível a realização dos outros valores.
A solidariedade, a verdade e a bondade só têm razão de ser se estiverem relacionados
com a defesa da vida humana. É por isso que a vida é o valor primordial, sem o qual
não poderiam existir os restantes valores.
Uma vez que o ser humano é — em variadas situações — agredido, negado e
violentado, ficando a vida humana seriamente comprometida, a humanidade
elaborou «códigos» que têm como objectivo defender expressamente a vida humana
e a sua dignidade.
Age de tal modo que trates
6. A vida — dádiva de Deus
Na perspectiva judaico-cristã e islâmica, Deus é a origem da vida. É nele que se
encontra a plenitude da vida, em toda a sua perfeição, a qual não conhece início nem
terá ocaso. O ser humano é um ser vivente porque recebeu de Deus a vida como um dom
inestimável. A vida é, pois, o primeiro dom de Deus. Todo o crente sente que tem para
com ele uma enorme dívida de gratidão. Nada fez para merecer existir e, contudo, Deus
quis que existisse. Por isso, através da oração, agradece a Deus esta dádiva fundamental.
Mas a melhor maneira de a agradecer é cultivá-la e respeitá-la, como quem cuida da
maior prenda que alguma vez lhe tenha sido oferecida. É por isso que o respeito pela
vida faz parte do Decálogo, a lei fundamental da Bíblia: «Não matarás».
7. O valor da vida humana no
Hinduísmo
Eu não desejo matar os meus
professores, tios, filhos, avós, sogros,
netos,
cunhados e outros parentes que estão
prestes a matar-nos, ó Krishna.
Ó Senhor Krishna, que prazer há em
matar os nossos primos? Por matar
os nossos semelhantes nós iremos
incorrer num crime e,
consequentemente,
num pecado. Portanto, nós não
mataremos os nossos primos. Como
pode
alguém ser feliz depois de matar os
seus parentes, ó Krishna?
De qualquer modo, eles estão cegos
pela ambição e não vêem maldade
na destruição da família ou pecado por
traírem os seus amigos.
Bhagavad-Gita
8. A vida humana no Alcorão
Ó vós que credes, sede firmes na distribuição da justiça, mesmo contra
vós mesmos, vossos pais e vossos parentes, trate-se de ricos ou indigentes.
Deus vela sobre todos. (4, 135)
Quem matar uma pessoa sem que esta tenha matado outra ou tenha
espalhado a corrupção sobre a Terra seja julgado como se houvesse matado
toda a humanidade e quem a ressuscitar seja recompensado como se tivesse
ressuscitado toda a humanidade. (5, 32)
Dai o que é justo ao próximo, ao pobre e ao viajante. (17, 26)
Não mateis os vossos filhos por temor da miséria. O seu assassínio é uma
grande falta. (17, 31)
9. Vida… no Budismo
Tudo o que existe no mundo possui uma alma, não só o ser humano
e os animais, como também as plantas, as pedras, as gotas de água, etc.
O respeito pela vida é o primeiro (e o mais importante) mandamento
budista.
Por essa razão é que, ao andar, deve o monge varrer diante de si para não
correr o risco de matar algum animal pequeno. A doutrina budista proclama
o respeito absoluto pela vida humana.
10. Declaração Universal dos Direitos Humanos
O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família
humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo.
Artigo 1.º: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade
e em direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os
outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2.º: Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as
liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma,
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento,
Clicar na imagem
ou de qualquer outra situação.
Artigo 3.º: Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Este documento foi proclamado a 10 de Dezembro de 1948, após a Segunda Guerra
Mundial
11. Um longo caminho a percorrer
João Paulo II exerceu a sua acção como papa de forma incansável; dedicou todas as suas energias a percorrer o
mundo, revelando o seu amor por toda a humanidade. Efectuou cento e quatro viagens apostólicas a cento e vinte e
nove países. Visitou hospitais, prisões, bairros pobres, leprosarias… chamando a atenção para a beleza da
vida e da pessoa humana.