O documento analisa a formação histórica do acesso à saúde no Vale do Paraíba Paulista, discutindo como as fases agrícola, sanatorial e industrial influenciaram esse desenvolvimento ao longo do tempo de forma gradual e sobreposta.
“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim ...
Historia do ACESSO A SAUDE no Vale do Paraiba
1. THE 4TH INTERNATIONAL CONGRESS ON
UNIVERSITY INDUSTRY COOPERATION
Development of health access on Vale do
Paraiba Paulista: historical analysis and study
of interaction with economic stages
(Author) – UNITAU - Ricardo Mutuzoc
mutuzoc@uol.com.br
(Article Tutor) – UNITAU - Prof. Dr. Fabio Ricci
fabioricci@uol.com.br
(Project Tutor) – UNITAU - Prof. Dr. Edson Trajano Vieira
trajano@unitau.br
Taubaté
December 7th, 2012
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2. Introdução
Quais foram os principais vetores de formação da base de
acesso à saúde no Vale do Paraíba?
Como essa formação regional está ligada com a história
de desenvolvimento econômico nacional e com os
movimentos de interiorização da industrialização e de
urbanização?
As respostas são alcançadas com a análise exploratória de alguns
elementos históricos presentes principalmente nas cidades de São
José dos Campos e Taubaté, que se expandem e influenciam a
construção do acesso à Saúde na região.
• Fase agrícola – algodão e café
• Fase sanatorial
• Fase industrial
MÉTODOS - Pesquisa exploratória através de delineamento com
pesquisa bibliográfica e documental cobrindo os temas de interiorização
da industrialização, heterogeneidade regional e formação da base de saúde nas maiores cidades
do Vale do Paraíba 2
3. Mesorregião do Vale do Paraíba
39 municípios
2.264.594 habitantes (IBGE 2010)
6 microrregiões
Protagonismo de São José dos Campos e Taubaté
1088 estabelecimentos de saúde = 7.65% do Estado de SP
460 estabelecimentos por milhão de habitantes
vs 345 no Estado de SP
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4. Mesorregião do Vale do Paraíba
Quantidade de Estabelecimentos de Saúde - 2009
Local Total Por Milhão Comparação com %
de o Estado de SP Públicos
Habitantes
Microrregião São José dos 658 465 120 30,7%
Campos
Microrregião Paraibuna 20 284 -60 85,0%
Microrregião Campos do 37 537 193 64,9%
Jordão
Microrregião Caraguatatuba 138 490 145 69,6%
Microrregião Guaratinguetá 219 545 200 51,6%
Microrregião Bananal 16 609 264 93,8%
Região Vale do Paraíba SP 1088 480 136 42,9%
Estado de São Paulo 1421 345 41,2%
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Fonte: Somatória dos valores por cidade obtidos do IBGE Cidades@, 2009
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5. Referencial Teórico
SUBDESENVOLVIMENTO
Bresser Pereira (1986) de 1850 a 1930 a renda por habitante
cresce através do desenvolvimento com o café, mas o capital
mercantil continua dominante.
Suzigan (2000) a partir de 1930 começa a industrialização
substitutiva de importações.
Mutuzoc (2012): a presença do capital mercantil dominante não
abriu espaço para o crescimento dos serviços de saúde no mesmo
ritmo do crescimento da riqueza e da população.
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6. Referencial Teórico
POLÍTICAS PÓS II GUERRA MUNDIAL
Baer(1988) necessidade de substituição rápida de importações,
esgotamento das reservas nacionais.
Exemplos:
• SALTE (1950)
• CEPAL
• Plano Trienal de Desenvolvimento – JK (1956-61)
Macro influência nos movimentos de urbanização e de formação
da base de acesso à saúde
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7. Referencial Teórico
CONCEITO DE ACESSO À SAÚDE
Neri (2011) mais renda gera mais acesso a serviços de saúde,
porém o reverso também pode ser verdadeiro.
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8. Pesquisa e discussão
INTERIORIZAÇÃO DA INDÚSTRIA NO ESTADO SP
Atividade agrícola implantada a partir do século XVIII e com
vigor no século XIX. Centro de passagem Rio – São Paulo.
Café – importante até 1930
Ricci (2005) - Industrialização – gradualmente a partir do
final do século XIX
Santos, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos
Exemplos:
•CSN (1946)
•Rodovia Dutra (década de 1950)
•CTA
•Mecânica Pesada – Taubaté (1957)
Acelerada industrialização e urbanização na década de 1970
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9. Pesquisa e discussão
HETEROGENEIDADE REGIONAL
Querido Oliveira e Quintairos (2011) desenvolvimento
econômico da região ocorreu de forma desequilibrada, e
contribuiu para aumentar as disparidades econômico-sociais e
tecnológicas.
Vieira (2009) industrialização no Vale do Paraíba foi acelerada em
algumas poucas cidades, principalmente entre 1960 e 1980
Classe A de São José dos Campos corresponde a 14.44% da
população (Neri 2011 e IBGE 2010).
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10. Pesquisa e discussão
FORMAÇÃO DA BASE DE ACESSO À SAÚDE NO VPP
Competências históricas de cidade sanatorial
Processo de urbanização
1864: Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco,
Taubaté
BCG em 1921 e estreptomicina em 1944
Efeitos benéficos da altitude no tratamento de tuberculose
10 sanatórios inaugurados em São José dos Campos de
1910 até 1967
Em 1938 os doentes representavam 10% da população
urbana em SJC
1956 foi inaugurada a Escola de Enfermagem Dom
Epaminondas, em São José dos Campos 10
11. Pesquisa e discussão
Inaugurações de Sanatórios em São José dos Campos
Nome Proprietário Ano de Endereço
inauguraçã
o
Sanatório Vicentina Irmandade da Santa Casa 1924 Av. Presidente Prudente
Aranha de Misericórdia de São Meirelles de Moraes, 503
Paulo
Sanatório Vila Associação Evangélica 1928 Rua Paraibuna, 75
Samaritana Beneficente
Sanatório Ezra Sociedade Israelita de 1936 Av. Adhemar de Barros, 747
Beneficência "EZRA"
Sanatório Maria Instituto das Pequenas 1935 Rua Major Antônio Domingues
Imaculada Missionárias de Maria de Vasconcelos, 244
Imaculada
Sanatório Ruy Dória Dr. Ruy Rodrigues Dória 1934 Rua Villaça, 604
Sanatório Adhemar de Liga de Assistência Social e 1938 Rua Afonso César de Siqueira,
Barros Combate à Tuberculose 106
Sanatório São José Maria de Lourdes Monteiro 1946 Rua Paraibuna, 543
Martins
Sanatório Antoninho da Instituto das Pequenas 1952 Av. Heitor Villa-Lobos, 1961
Rocha Marmo Missionárias de Maria
Imaculada
Sanatório Adhemar de Pierino Rossi e Carlino 1967 Estrada do Cajuru
Barros II Rossi
Fonte: BITTENCOURT, T.M.M., 1998 11
12. Considerações Finais
No panorama regional, a oferta de serviços de Saúde na região
do Vale do Paraíba foi construída sob influência das
particularidades das fases Agrícola, Sanatorial e Industrial.
A fase Agrícola juntamente com as características climáticas das
cidades de São José dos Campos e de Campos do Jordão manteve
a região aprazível para tratamento de Saúde, principalmente de
tuberculose.
A fase Sanatorial gerou um investimento de infraestrutura
urbana e uma competência profissional em sanitarismo e
tratamento médico, principalmente em São José dos Campos.
A partir de 1930 encontramos o início da estrutura urbano-
industrial que tem grande interação com a fase sanatorial de São
José dos Campos.
influências e heranças dessas três fases que transcorreram sem
abruptas interrupções na linha do tempo, mas como vetores
de transformação de forma gradual e sobreposta. 12
13. Bibliografia
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14. Bibliografia
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16. Vamos dar um salto no acesso à saúde no Vale do Paraíba!
Ricardo Mutuzoc
mutuzoc@uol.com.br
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