Ambassador of Brazil Ricardo Neiva on the occasion of the launch of the book
Os Desafios da União Brasileira de Escritores (UBE)
1. Os Desafios da União Brasileira de Escritores (UBE)1
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Por Durval de Noronha Goyos Junior
.... Senhoras e Senhores, Caros Amigos. Tomo posse
como presidente da União Brasileira de Escritores (UBE)
com o pleno conhecimento da responsabilidade da missão
à minha frente, na defesa dos interesses dos escritores
brasileiros e bem assim na promoção dos valores nacionais,
tendo como referência a gloriosa história da entidade.
Como é de amplo conhecimento, a UBE é a mais
antiga associação de escritores do Brasil. Criada em 14 de
março de 1942, adquiriu a presente denominação em 1958.
O I Congresso de Escritores, em 1945, foi um marco de
grande repercussão e impacto para a democratização do
País ao clamar “pelo exercício da soberania popular”.
A UBE teve como primeiros e principais líderes Mário
de Andrade, Sérgio Milliet, Sérgio Buarque de Holanda,
Manuel Bandeira, Afonso Arinos, Viana Moog, José Luís do
Rego, Paulo Mendes de Almeida e Caio Prado Júnior.
Dentre seus membros ilustres figuraram Jorge Amado,
Wilson Martins, Monteiro Lobato, Gilberto Freyre, Carlos
Drummond de Andrade, Florestan Fernandes, Júlio de
Mesquita Filho, Menotti del Picchia, João Cabral de Melo
Neto, Antônio Cândido, dentre outros.
A entidade foi presidida por nomes como Paulo Duarte,
Mário Donato, Mário da Silva Brito, Afonso Schmidt,
Raimundo de Menezes, Claudio Willer, Fabio Lucas,
Ricardo Ramos e Levy Ferrari. A UBE outorga anualmente
1
Texto básico do pronunciamento por ocasião da solenidade de posse como presidente da
UBE, em 23 de março de 2015, na cidade de São Paulo, Brasil.
2. o prestigioso prêmio Juca Pato para o escritor que tenha
publicado obra de impacto nacional no ano precedente. No
ano corrente, a UBE indicou o nome do grande historiador
brasileiro, Luiz Alberto Moniz Bandeira, para o Prêmio
Nobel de literatura, respondendo a convite da Academia
Sueca.
Meu caro Amigo, escritor e jornalista Joaquim Maria
Botelho presidiu a UBE nos dois últimos exercícios sociais,
realizando uma gestão profícua em iniciativas meritórias,
como a retomada da publicação de O Escritor, o
lançamento do sítio eletrônico, a criação de boletins
eletrônicos, a realização do Congresso Brasileiro de
Escritores de 2011, a formatação de parcerias importantes
e publicações de antologias em português e em alemão.
Dentre as ações de interesse nacional, sobressaíram-se as
gestões de Joaquim Botelho em defesa dos direitos
autorais e da liberdade de expressão na questão das
biografias. Peço uma calorosa salva de palmas a Joaquim
Botelho.
A diretoria que hoje toma posse é, na realidade, uma
continuação da administração anterior, que foi muito bem
sucedida. A maior parte dos nomes já figurava na diretoria
precedente. No exemplar de O Escritor, já distribuído no
ingresso deste recinto, temos breves biografias dos
membros da diretoria que hoje é empossada, a qual conta
comigo, Durval de Noronha Goyos Junior como presidente,
Ricardo Ramos Filho, 1º vice presidente; Cláudio Willer, 2º
vice presidente; Marcelo Nocelli, secretário geral; Fábio
Tucci Farah, 1º secretário; Sueli Carlos, 2ª secretária;
Antonio Francisco Carvalho Moura Campos, tesoureiro
geral; Djalma da Silveira Allegro, 1º tesoureiro; Nicodemos
Sena, 2º tesoureiro.
3. No Conselho, que será presidido por Joaquim Botelho,
teremos a escritora Anna Maria Martins, o jornalista Audálio
Dantas, o escritor Carlos Vogt, a escritora Lygia Fagundes
Telles, o escritor Luís Avelima, o historiador Luiz Alberto
Moniz Bandeira, o professor Luiz Paulino; o embaixador
Samuel Pinheiro Guimarães e o doutor Walter Sorrentino.
Devo confessar que, quando inicialmente convidado a
postular o encargo de presidente da UBE, minha primeira
reação foi inspirada por Macunaíma, o anti-herói e feiticeiro
personagem de Mário de Andrade, e hoje constelação, que
frequentemente dizia “ ara... que preguiça!” Depois de
apelos diversos, resignei-me a proferir a oração feita pelo
mesmo herói, que repito hoje:
Valei-me Nossa Senhora,
Santo Antonio de Nazaré,
A vaca mansa dá leite,
A braba dá si quisé!
De fato, são muitos os desafios existentes para que a
UBE possa continuar a patrocinar os interesses dos
escritores brasileiros e bem assim a promover os
interesses nacionais brasileiros na área cultural.
Primeiramente, pretendemos expandir o número de
afiliados da UBE, hoje com cerca de 1.500 membros. Para
tanto, gostaríamos de aumentar os núcleos de escritores
nos diversos estados da federação, tanto nas capitais como
nos interiores, sertões, várzeas, chapadas, campinas,
caatingas e caaporangas.
Desejamos ainda criar oficinas de literatura, através
das quais alguns de nossos membros poderão, de acordo
4. com projeto uniforme adrede preparado, levar às nossas
escolas públicas de ensino básico aulas práticas de poesia
e prosa, com convênios firmados inicialmente com uns
poucos municípios, a título experimental. Deveremos dar
atenção às relações entre cinema e teatro com a literatura
e ainda intensificar nossas rodas de leitura.
Da mesma maneira, desejamos continuar somando
esforços àqueles de outras forças representativas culturais
em questões como direitos autorais, programas de leituras
e políticas de bibliotecas. A realização de eventos da UBE,
bem como a participação noutros de iniciativa diversa,
também deve ser prioritária.
A parceria com editoras, Brasil afora, é importante,
não apenas para fomentar o conhecimento recíproco com
os escritores, mas também para ações tópicas tanto em
publicações específicas, quanto na promoção dos
interesses comuns. Promoveremos encontros entre nossos
afiliados e editoras diversas, uma de cada vez.
Impõem-se ainda ações de afirmação da língua
portuguesa, o idioma oficial da República Federativa do
Brasil, de acordo com o que reza o artigo 13 da
Constituição. Conforme bem observou Eça de Queirós, “na
língua verdadeiramente reside a nacionalidade”. No entanto,
nos últimos tempos tem-se agravado o uso desnecessário
de estrangeirismos, notadamente os emprestados da
língua inglesa, ainda que em sua vasta maioria
desnecessários, por serem étimos latinos, sedimentados há
muito na língua portuguesa. Esse vício é tanto mais grave
quando advindo de meios de comunicação, por trazerem
uma repercussão tanto ampla quanto nefasta.
5. Iremos ainda criar as medalhas Mário de Andrade e
Jorge Amado para homenagear os amigos da UBE e os
escritores brasileiros, respectivamente.
Por último, através de convênios, deveremos buscar,
com um sentido de urgência, instalações condignas para a
importante biblioteca da UBE, que abriga o vasto e
importante acervo da produção intelectual do escritor
brasileiro, e possam ainda servir para eventos diversos.
São muitas as tarefas a serem desenvolvidas pela
UBE num momento institucional particularmente
problemático para o Brasil e para os brasileiros. Tais
circunstâncias, contudo, não intimidam a nós da UBE. De
fato, as dificuldades do momento evocam as palavras do
Presidente Getúlio Vargas, proferidas quando, em 18 de
agosto de 1942, submarinos nazistas afundaram 5
cargueiros brasileiros, com cerca de 650 mortes. Disse,
naquela trágica ocasião, o presidente da república que “as
ocorrências que se registraram nos últimos dias não
afetarão o coração do Brasil, porque, acima de tudo, o
Brasil é imortal. Viva o Brasil.”
Senhoras e Senhores, vamos trabalhar. Muito
obrigado.