1. Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina
Rio de Janeiro:: setembro / outubro 2009 :: nº 08
A compaixão e a solidariedade surgem
ao aprendermos a lidar com as diferenças.
Índice
Editorial ................................................................ 01 Trocando em miúdos
Vale a pena ler...................................................... 02 O ser platônico ....................................................... 11
Conversando com Você Portal da Gratidão
Tenha a “Santa Paciência” ...................................... 03 Dea Gratias ............................................................. 12
Agradecimento... ................................................... 13
Sabedoria dos Grandes Mestres
Swami Sri Yukteswar............................................... 04 Psicologia e espiritualidade
Felicidade e inteligência espiritual............................ 14
Você sabia?
Ouvindo histórias de Chico... ................................. 05 Espiritualidade e vida
A sabedoria de conhecer a si mesmo, através de
Bhagavad-Gita, canção divina seus relacionamentos ............................................. 15
Seta para dentro X seta para fora ............................... 06
Saúde e espiritualidade
Espiritualidade e Mediunidade Somos 100% responsáveis ?! ................................. 16
Obsessão ................................................................ 07
Poesia, linguagem da alma
Aprendizagens do Cotidiano Quase acreditei ...................................................... 17
Fazendo a diferença ................................................ 08
Reflexões
Histórias eternas .................................................. 09 O transitório em nossas vidas... .............................. 18
Cabalá, vivendo em luz Prece...................................................................... 20
A Resposta que veio num Sonho ............................. 10
1
2. Vale a pena ler
Denise Cristina R. Gomes Paul Brunton,
jornalista inglês
1- Agradeça e seja feliz , Robert A. Emmons, que viveu na 1ª metade
PHD, Rio de Janeiro, Ed. BestSeller, 2009. do século XX, considerado
2- A cura pela meditação, Cristina Cairo, S.P., Ed. como um “iniciado”, autor de
Mercuryo, 2005. obras clássicas como “O Egito Se-
3- Meditações Para Pessoas em Crise, Paul Brun- creto” e a “India Secreta”, através
ton, S.P., Ed.Pensamento/Cultrix, 1996. de Sam e Leslie Cohen, organizadores
dessa obra, nos oferta essa pequena mas
4- A Influência de Padrões Familiares na Sua Vida
profunda coletânea de seus pensamentos.
Atual, David Furlog, S.P., Ed. Cultrix, 1997.
Destacamos aqui alguns : “Faz parte da natu-
reza das coisas que, no final, o bem triunfe sobre
Estas obras, diversificadas em suas temáticas, o mal, e que o verdadeiro elimine o falso. Essa
convergem para o mesmo aspecto : a nossa evolu- compreensão deverá torná-lo mais paciente”.
ção espiritual, o nosso crescimento como pessoas.
Concluindo as nossas indicações, David Fur-
Em “Agradeça e seja feliz”, o autor é psicólogo e
log, terapeuta holístico, destaca em seu livro
representante de uma nova corrente psicológica,
que nossos antepassados imediatos nos transmi-
a Psicologia Positiva que, em uma linguagem ac-
tiram muito mais que seus atributos físicos, mas
cessível, relata os estudos científicos atuais sobre
também facetas importantes da vida deles, seus
a influência da Gratidão na felicidade e equilíbrio
sucessos, fracassos e temperamentos. Segundo
físico e emocional do homem. Robert Emmons
o autor, os padrões do passado não respeitam o
também integra, à visão científica, abordagens
tempo e a influência desses pode ser tanto po-
filosóficas e religiosas. Relata que: “pessoas que
sitiva quanto negativa em nossas vidas. Ele ana-
têm o hábito de cultivar a gratidão em suas vidas
lisa os mecanismos pelos quais a vida de nossos
podem aumentar em até 25% seu ‘ponto fixo de
ancestrais nos influencia e o que pode ser feito
felicidade’, uma espécie de nível médio caracte-
para mudarmos ou resolvermos padrões proble-
rístico de cada indivíduo.”
máticos.
Cristina Cairo nos brinda com uma obra mui-
Vale a pena conferir essas obras, pois temos
to prática sobre Meditação na qual, de uma for-
certeza que elas muito acrescentarão à baga-
ma simples e concisa, descreve o corpo energéti-
gem reflexiva, filosófica e religiosa do leitor. PP
co humano, relatando as influências benéficas da
meditação sobre ele. O livro vem acompanhado
de um Cd de meditação muito bom e de uma
cartela de cores dos chakras.
EXPEDIENTE
Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina
CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem 500 exemplares
Rua Assunção, 297 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP 22251-030 Telefone: 2286-7760
Home Page: www.padrepio.org.br | E-mail: contato@padrepio.org.br
Presidente da Casa: Luiz Augusto de Queiroz
Coordenação: Denise Cristina Ribeiro Gomes
Projeto gráfico e diagramação: Bruno Chefer e Raquel Reis
Revisão Editorial: Daisy Elísio
Apoio: Marcello Braga
AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA
RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.
2 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
3. Conversando com Você
Tenha a
“Santa Paciência”...
Beth Marinho
“Deus está demonstrando paciência
para conosco, pois não quer que alguns
se percam, mas que todos se salvem.”
II Pedro 3,9.
e você ter a maior PACIÊNCIA!
E
ste é um tema sempre confuso para mim. Isto é falta de limite.
Não estou falando da paciência grande.
Quando a tristeza toma conta e não sabemos
Falo sobre a paciência pequena. Aliás, a
lidar com isso, a impaciência ataca! Mesmo?
miudinha, miudinha... Aquela que nos testa
Não! Isto é irritação.
em todos os segundos de nossa vida. Posso ci-
tar várias frases que a definem, mas existem Ficamos impacientes quando alguém não fala a
certos trabalhos que só são válidos se feitos nossa “língua” e não é tão “brilhante” quanto
“internamente”, onde a “vivência” é necessá- nós? Acho que isto é arrogância, não?
ria e fundamental. É difícil até teorizar e escrever sobre paciência,
Estou aqui de coração aberto confessando a mas pensemos sempre que antes de perdê-la...
vocês: eu sou muito impaciente! Mas como es- bem, isto é só teoria, mas pense em alguém per-
colhi o caminho espiritual (porque perdi a paci- dendo a paciência com você... chato, não? É um
ência com o vazio reinante) tenho que prestar exercício constante e por favor, não desista! E
atenção a esta pedrinha no meu sapato! Mas o um pouco mais de paciência, pois aí vão frases
que é ser paciente? que traduzem este conceito melhor do que eu.
Paciência, para mim, está ligada à resignação, “Aprendi que não posso exigir
que está ligada à entrega. Entrega ao Divino...
Mas lá vou eu mais longe do que queria. Vamos o amor de ninguém...
falar do nosso dia a dia, das provas cotidianas, Posso apenas dar boas razões
do verdadeiro “teste-drive”! Vamos fazer este
teste juntos. para que gostem de mim...
Primeiramente, você tem que ter a paciência E ter paciência para que a vida
de escrever as etapas do seu dia e ser muito faça o resto...”
honesta/o ao anotar as observações. Para cada
instante de impaciência, uma anotação. Se o William Shakespeare
motivo for claro, anote também. Deixe falar só
o coração. Nada de “interpretose”! No final do Até mais, luz, paz e paciência para todos!!! PP
dia, leia suas anotações e não se chicoteie! Você
está neste planeta para aprender. Já que a coluna se chama Conversando com você, se
Muitas vezes confundimos os conceitos. Ter pa- você quiser conversar comigo, mande mensagem para
ciência não significa deixar o outro fazer tudo bethmdias@globo.com.
3
4. Sabedoria dos Grandes Mestres
SWAMI SRI YUKTESWAR
Dave Brykman
N
a busca pelo despertar da consciência,
reconhecer o valor inestimável dos inú-
meros mestres e guias que auxiliam de
modo incansável nosso trabalho de evolução
espiritual é algo de suma importância, pois
para cada um de nós isso representa enxer-
garmos cada vez melhor a amplitude real do
legado espiritual que a vida oferece, através
daqueles que tanto se empenharam a serviço
da humanidade.
Todos esses grandes seres, mananciais de luz
e conhecimento, são especiais à sua própria
maneira e vamos nos identificando e conec-
tando com as qualidades características de
cada um deles, a partir do momento em que
encontramos concordância em seus ensina-
mentos e entramos em sintonia com sua fre-
quência vibratória por afinidade de valores e
sentimentos. mes no chão e sua cabeça ancorava no porto
Uma dessas virtuosas e elevadas almas, cuja dos céus. Ele costumava dizer : “A santidade
não é tolice ! As percepções divinas não são in-
forte presença transita deveras pelos planos
capacitadoras, pois a virtude expressa através
mais sutis da Casa de Padre Pio, nos diversos da atividade promove a mais aguda inteligên-
trabalhos de orientação espiritual, salas de cia”. Muitos instrutores falavam de milagre,
cura e grupos de estudos, é conhecida como mas não podiam realizar um só; Sri Yukteswar
Swami Sri Yukteswar. raramente mencionava essas leis sutis, mas
Em termos históricos, seu nome de família foi operava silenciosamente com elas à vontade
Priya Nath Karada; nasceu em 10 de maio de e em segredo. Embora nascido mortal como
1855. Na juventude, assumiu as responsabi- todos nós, Sri Yukteswar alcançou identidade
lidades de um chefe de família, tendo uma absoluta com a Divindade, que considerava a
filha. Na maturidade, foi abençoado pela di- “Meta Suprema” de todo o ser.
vina orientação de seu guru Láhiri Mahasaya De vez em quando, um novo estudante ex-
e, após a morte de sua esposa, ingressou na pressava dúvidas quanto ao seu próprio mérito
Ordem dos Swamis, recebendo o nome de “Sri para dedicar-se à prática de Yoga : “Esqueça
Yukteswar Giri”. Yukteswar significa “Unido à
o passado” – dizia o mestre – “As vidas an-
Ishwara”, que é um nome de Deus em sânscrito.
Sri Yukteswar era incapaz de ostentar uma teriores de todos os seres humanos se acham
pose ou de pavonear-se de sua interiorização obscurecidas por muitas ações vergonhosas.
sublime. Sempre unificado com Deus, não A conduta humana é sempre falível enquanto
precisava reservar um tempo especial para não está ancorada no Divino. Tudo irá melho-
essa comunhão. Um mestre com experiência rar no futuro, se você estiver fazendo um esfor-
da divindade já deixou para trás os degraus da ço espiritual agora.” A intuição dele era pene-
meditação, pois “a flor tomba quando o fruto trante. Descobrindo as dúvidas de alguém, ele
aparece”. Os santos frequentemente aderem comumente as esclarecia antes mesmo destas
às práticas espirituais com o objetivo de propor serem formuladas. “Sou muito duro para com
um exemplo para os seus discípulos. Era intér- os que buscam meu treinamento” – admitia –
prete incomparável das escrituras. O mestre
“Este é o meu modo, aceitem-no ou não, pois
nunca disse com arrogância : “Profetizo que
este ou aquele acontecimento ocorrerá.” Ele eu nunca transijo. Eu busco purificar apenas
preferia insinuar: “Não pensa que pode acon- com o fogo da severidade, um cauterizante
tecer ?”. Sri Yuktewar era reservado e objetivo que ultrapassa a tolerância média. A delica-
em seu comportamento. Nada havia nele de deza do amor também é transfigurante. Os
vago ou visionário. Seus pés assentavam fir- métodos inflexíveis e os benévolos são igual-
4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
5. mente eficientes se aplicados com sabedoria”. tion Fellowship” e, um pouco mais tarde, em
Embora a disciplina austera e a linguagem 1946, descreveu com todo amor e riqueza de
franca lhe evitassem um numeroso discipu- detalhes a sua vida ao lado de Yukteswar, no
lado durante a sua permanência encarnada, livro “Autobiografia de um Iogue”, editado em
não obstante seu espírito vive no mundo atual 1946, referência bibliográfica indispensável até
através de um número sempre crescente de hoje a todos buscadores da espiritualidade.
sinceros estudantes dos seus ensinamentos.
Sri Yukteswar entrou em Mahasamadhi (saída
A pedido de Mahavatar Babaji (guru de Láhiri consciente do corpo) em 1936 aos 81 anos,
Mahasaya), Sri Yukteswar escreveu ”The Holy enquanto meditava na posição de lótus, e
Science” (A Ciência Sagrada), um tratado so- além de grande sabedoria, como todo ser
bre a unidade subjacente às escrituras cristãs uno com Deus, possuia muitos poderes. Após
e hindus, e treinou seu discípulo Paramahansa alguns meses de sua partida, materializou o
Yogananda para uma missão espiritual mundial corpo que “vestira” na Terra para Yogananda,
: a disseminação da Kriya Yoga, uma técnica num quarto de hotel, onde lhe relatou suas
científica de meditação que conduz seus prati- experiências do mundo astral e causal, nos
cantes à auto-realização. Com este propósito, brindando mais uma vez com sua sabedoria e
Yogananda fundou em 1920 a “Self-Realiza- a promessa da imortalidade do espírito. PP
Você sabia?
Ouvindo histórias de Chico...
Os 37 zeros de Chico Xavier
No livro Chico Xavier, à sombra do abacateiro, de Carlos
A. Baccelli, Chico conta que foi funcionário do Ministério da
Agricultura, tendo se aposentado após 35 anos de serviços.
E certa feita foi chamado ao Rio de Janeiro para prestar um
concurso que lhe poderia render uma substancial promo-
ção. As notas de classificação iam de 40 a 100.
Abaixo de 40, o candidato recebia zero total, diz ele.
Como sua fama de psicógrafo já era forte naquele tempo,
os demais candidatos na sala - e eram muitos - olhavam-no
com uma certa expectativa. Fizeram a prova.
Daí a três dias saiu o resultado. Chico tirou 37 zeros! E
conclui o caso. “Então o diretor do DASP, um homem muito
ponderado, Dr. Luiz Simões Lopes, chamou o meu chefe
e disse: Eu tenho vontade de conhecer o Francisco Xavier.
Meu chefe, meio envergonhado, veio me chamar. Fui à sala
do diretor já sabendo que tinha ganhado 37 zeros!
Ele me cumprimentou, dizendo que era um prazer me
conhecer: Quero conhecê-lo por causa de minha senhora.
Ela leu o livro Paulo e Estevão e gostou muito, mas eu agora
me interesso por essa Doutrina que minha mulher abraçou,
porque sou ateu, ninguém nunca tirou nesse concurso tan-
tos zeros... Você não poderia ter escrito esses livros todos...
Pode voltar a Pedro Leopoldo e continuar trabalhando, por-
quanto a lei do Getúlio permite...”
Fonte: Jornal Espiritismo e Unificação, agosto de 1988.
5
6. Bhagavad-Gita, canção divina
Seta para dentro X seta para fora
Marcelo Patury ações do dia a dia ao Supremo é um exercício
para nos tornarmos seres de oferecimento.
“Deve-se realizar o trabalho como Não se trata aqui da simples doação de bens
uma oferenda a Vishnu; caso contrá- materiais, mas de algo muito mais grandioso:
atingirmos e incorporarmos a Consciência do
rio, o trabalho produz cativeiro neste Oferecimento. Neste estágio, todos os nossos
mundo material. Portanto, ó Arjuna, desejos, pensamentos, sentimentos, ações e
palavras serão dedicados exclusivamente ao
execute seus deveres prescritos para Eu Divino, como uma grande seta direcionada
a satisfação dEle, e desta forma sem- de nosso interior para fora, voltada para o lado
pre permanecerá livre do cativeiro.” oposto do ego, para o altruísmo, para, enfim, o
Supremo. Não foi assim que caminhou Jesus
(Bhagavad-Gita, capítulo 3, verso 9) em todos os seus passos aqui na Terra?
Infelizmente, nossa tendência natural ainda
O
objetivo de toda a literatura védica é ape-
é voltar esta seta para dentro, apontando-a
nas um: o retorno à nossa Origem Divina.
apenas para os nossos desejos egocêntricos.
Por isso, a Bhagavad-Gita nos propõe
O pior é que fazemos isso com tanta naturali-
uma séria de exercícios para desenvolvermos aos
dade que nem percebemos.
poucos o relacionamento com o Supremo. Este
verso trata de um tópico muito relevante neste Há 5 mil anos, Krishna nos deixou um va-
contexto: o oferecimento. lioso legado para transcendermos da cons-
Todas as nossas ações, sejam elas quais forem, ciência do ego para a Consciência Divina: a
devem ser revestidas com a índole do ofereci- Bhagavad-Gita.
mento. Ofertar associa-se a Deus; a consciên- Esses estudos acontecem aqui na Casa de Pa-
cia de adquirir, ao eu individual. dre Pio - Rua Assunção, 297 - todas as quartas-
Pessoas mesquinhas pensam acentuadamente feiras, às 19:30h. Não preci-
em receber. Buscar sempre o melhor lugar em sa se inscrever. Basta chegar
uma condução coletiva, achar que os outros e se sentar! PP
nos devem favores, cobrar constantemen-
te compreensão e carinho do parceiro
amoroso, são apenas alguns exemplos
de nossa mesquinhez.
Este verso visa justamente inverter
essa tendência. Oferecer todas as
6 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
7. Espiritualidade e Mediunidade
Obsessão
Nelson Soares O Espírito obsessor, conhecendo as fraquezas
morais do enfermo, vai aos poucos obtendo
acesso aos pensamentos e emoções do obse-
A partir desta edição, através do tema “ob- dado, chegando até em alguns casos a adquirir
sessão”, estaremos iniciando a publicação de controle da vontade da pessoa. Assim, caso a
diversos assuntos relacionados ao Fenômeno obsessão se intensifique, não sendo trata-
da espiritualmente em tempo hábil, ocorrerá
Mediúnico, visando propiciar ao leitor, maio- naturalmente uma intensificação das trocas
res informações e esclarecimentos sobre esse energéticas entre o obsessor e o obsedado, au-
mentando a afinidade fluídica entre eles, o que
processo, tão controvertido nos dias de hoje. poderá acarretar um agravamento da enfermi-
Iniciaremos, portanto, este breve artigo com a dade. Alguns adeptos do Espiritismo dizem que
questão: O que é obsessão? todas as pessoas são obsedadas, mas isso não
A obsessão é considerada
como uma forma de enfer-
midade psíquica, que consis-
te num constrangimento das
atividades de um Espírito (da
pessoa obsedada) pela ação
de outro (do obsessor). A in-
fluência maléfica do espírito
obsessor pode afetar a vida
mental e física de uma pessoa.
Assim sendo, deve-se buscar
avaliar esse processo de acor-
do com a frequência da ma-
nifestação do fenômeno, isto
é, essa influência espiritual só
é qualificada como obsessão,
é verdade. Todos nós recebemos influências es-
quando passa a ser uma perturbação constan-
pirituais boas e ruins que, de acordo com nosso
te; caso contrário, quando ela é eventual, não
livre arbítrio, podem nos encaminhar tanto para
se configura como tal.
o Bem quanto para o Mal. Abaixo, ilustrando a
Deve-se compreender que somente os Espíri- nossa fala, transcrevemos algumas citações de
tos maus e imperfeitos provocam obsessões, Allan Kardec (Revista Espírita):
interferindo na vontade do indivíduo, fazen-
“Os Espíritos não são iguais nem em poder,
do com que ele tenha ações contrárias à sua
nem em conhecimento, nem em sabedoria.
personalidade. Porém, cabe aqui se destacar
Como não passam de almas humanas desem-
que a obsessão só se instala na mente do pa-
baraçadas de seu invólucro corporal, ainda
ciente, quando o obsessor encontra fraquezas
apresentam uma variedade maior do que a
morais passíveis de serem exploradas, mani-
que encontramos entre os homens na Terra.
puladas. Estas, face às nossas imperfeições,
Há, pois, Espíritos muito superiores, como os
constituem-se em nossos pontos fracos. Ante
há muito inferiores; muito bons e muito maus,
tal visão, pode-se concluir que todos nós
muito sábios e muito ignorantes, há os levia-
podemos vivenciar esse doloroso processo.
nos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócri-
As doenças do corpo físico só se manifestam
tas, espirituosos, trocistas, etc”.
quando existem fragilidades estruturais ou
carências no organismo físico, sendo que o “A obsessão jamais se dá senão por Espíritos
mesmo ocorre na área psíquica. Dessa for- inferiores. Os bons Espíritos não produzem ne-
ma, observa-se que os indivíduos enfraqueci- nhum constrangimento; aconselham, comba-
dos moralmente ou portadores de falhas de tem a influência dos maus e se afastam, desde
caráter, vícios etc., estão mais sujeitos à ob- que não sejam ouvidos.” PP
sessão, conforme já foi anteriormente dito.
(continua no próximo número)
Como ocorreria esse processo?
7
8. Aprendizagens do Cotidiano
Fazendo a diferença
Adelaide Hortencia e Flavia Braga
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2009.
Está chegando o grande dia e a agitação é
grande, mas as horas passam rápidas e preciso
deixar tudo prontinho... O despertador tocará
pontualmente às 07h...
(... todo mundo pode fazer a diferença; pequenas idéias
criam raízes e podem crescer; o importante é que as
pessoas façam o que realmente querem – e comecem. ...
Olhe à sua volta...)
E assim, é só deixar a alegria tomar conta do
recinto, o som entrar em cena e cair no ‘bai-
lado’. Aos poucos, os convidados vão chegan-
do e entrando no clima... Nossa voluntária na
‘Barraca do Beijo’ (Nana Gouveia) é só flashes.
Sendo atenciosa sempre sorridente e tirando
fotos com todos. Mas o salão não fica vazio
por pouco tempo, logo, nosso animador ofi-
cial trata de entusiasmar ainda mais o arraiá...
(A maioria das grandes mudanças começa de um
jeito pequeno... )
Rio de Janeiro, 25 de julho de 2009.
Então, vamos lá... Hora da chegada:
09h30 e o movimento é grande, as me-
sas já estão montadas!
Aos poucos, outros voluntários vão
chegando e ajudando aonde é preciso.
Precisamos preparar a decoração do sa-
lão e das mesas, montar as barracas das
brincadeiras, das comidas e ufa, já estou
cansada!
O som já testando, os banheiros limpos.
Bebidas no gelo. Agora, pausa para o
almoço. Depois, é só finalizar e esperar pelo
(... pense nos problemas que o incomodam... qual seria a
início da nossa tão esperada Festa Junina de solução para eles? Pense nos amigos, colegas e até pessoas
2009... (hum, 15h – hora de trocar de roupa, com quem poderá conversar que possam colaborar... Depois
festa junina sem caipira, não dá). de colocar as primeiras ideias em ação, pense em expandir...
Do seu jeito, com a diferença que só você pode fazer!)
8 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
9. PS: Fotos tiradas durante a Festa
Junina. Alegria, animação e trabalho,
uma mistura que deu certo. Parabéns
a todos que colaboraram para fazer
acontecer!
Mas o momento mais espe-
rado ainda estava por vir: a
QUADRILHA. Muito divertida
e o nosso ‘animador oficial’
(Maiko Pedroso) conseguindo
PP
arrastar a todos com muitas
brincadeiras. Lugar para tanta
gente não havia... Então o jeito
foi arrumar um par, dar o braço e cair na Voluntariado é compromisso.
dança... Aumenta o som DJ!
Ser voluntário é, antes de qualquer coisa, abrir-
Todos se divertiram pra valer na ‘festança’, se para o paradigma da prosperidade. Acredi-
nos sorteios, nas danças e com as comidinhas. tar verdadeiramente que o mundo foi feito
Quem esteve lá sabe, foi até aquele dia a me- para todos e que a dignidade é um direito do
lhor de todas as nossas festas. ser humano.
Assim, agradecemos a todos que nos aju- Esse é o compromisso.
daram a criar essa festa que tocou nossos O importante é perceber que não estamos sozi-
corações. nhos, mesmo que a caminhada da consciência
seja uma experiência individual... PP
(OBS: Essa é uma pincelada das idéias do texto No Cami-
nho do Espírito do Padre Vilson Groh, brasileiro, educador
e pesquisador que tive o prazer de descobrir na UNIPAZ).
Histórias Eternas
O HOMEM E O CACHORRO
ESCOLHENDO O DESTINO
Um certo homem ouviu diz
er que óleo de Um homem perguntou
fígado de bacalhau era bom ao famoso mulá
para a saúde Nasrudin:
do seu cachorro. Então, res
olveu dar o óleo
para o seu animal... - Qual o sentido da vida?
Por vários dias, prendia o pob - Achar.
re animal entre
as per nas e enfiava o óleo
goela abaixo do - Achar o quê?
bicho.
Um dia, o cachorro se soltou - Você acha que as coisas estã
e, para espanto o andando bem
do homem, veio e lambeu a e elas não estão, então cha
colher de óleo... ma isso de falta de
sorte. Você acha que as cois
Foi aí que o homem ent as não estão tão
endeu que o ca- ruins o quanto pensava e, con
chorro não lutava contra sidera-se afortu-
o óleo, mas, sim, nado. Você acha que pode
contra o método usado pel controlar o futuro,
o homem para e passa a acreditar que tem
lhe dar óleo. talento e intuição.
Você acha que o futuro term
inou, sendo pior
Muitas vezes , o problema do que esperava, e chama isso
não é o que faze- de destino. Pas-
mos, mas como o fazemos. sa a vida achando coisas, ao
invés de encará-las
como são.
(fonte: Maktub- Paulo Coelh
o) (Fonte: Historias de Nasrudin
– sec.XIII)
9
10. Cabalá: vivendo em luz
A Resposta que veio num Sonho
Dave Brykman e ele apertou o passo para entender onde
tudo aquilo iria dar.
S
egundo o Zohar, livro essencial da Cabalá,
quando dormimos, nossa alma se despren- Ele chegou, então, na praça central de um
de 59 partes de 60 do corpo físico, ou seja, pequeno vilarejo, onde todas as carruagens,
apenas 1/60 permanece na matéria, sustentan- brancas e pretas, estavam estacionadas. Ele
do as funções vitais. Neste período, nossa alma percebeu que existia uma grande plataforma
está livre para ascender a planos mais sutis da no meio da praça e, quando olhou mais de
vida e receber a recarga necessária de energia e perto, viu que se tratava de uma grande ba-
alimento espiritual, que normalmente não con- lança, e o mais intrigante, o nome dele estava
seguimos obter enquanto acordados. Essa verda- escrito em uma placa no meio da balança. A
deira experiência de conexão extra-física que, na partir desse momento, de dentro das carrua-
maior parte das vezes, não temos consciência gens pretas começaram a sair anjos vestidos
ou não lembramos, é registrada em nosso ser de preto e das carruagens brancas, anjos ves-
através dos sonhos. A Cabalá nos diz que, quanto tidos de branco. Todos eles começaram a subir
mais lembramos dos nossos sonhos, mais esta- na balança, anjos de preto de um lado da ba-
mos sintonizados na espiritualidade. lança e anjos de branco do outro lado.
O sonho é uma “mistura” de todos os even- As coisas começaram a ficar mais interessan-
tos e situações criadas por nossos pensamen- tes quando a cada anjo de preto que ele ob-
tos, sentimentos e ações do dia a dia, que se servava, surgia de imediato em sua tela mental
fundem em tempo e espaço não lineares, e a imagem de uma ação negativa que havia co-
que sempre vêm em vislumbres panorâmicos metido ao longo da vida: maledicência, inveja,
contendo mensagens codificadas, onde cabe egoísmo, etc. E a cada anjo de branco que vi-
a nós bastante cuidado na interpretação de sualizava, reproduzia a imagem de cada ação
cada um deles. positiva no decorrer de sua jornada: caridade,
Uma história que ilustra bem essa conexão compaixão, oração, etc.
onírica com as nossas ações na vida ocorreu Foi aí que a “ficha caiu”. Nesse exato instan-
nos tempos de um cabalista iemenita do sé- te, ele se deu conta que ali estava ocorren-
culo XVIII, chamado Rabi Shalom Sharabi, que do um julgamento, na verdade o seu próprio
era muito conhecido na região por sua sabe- julgamento. E o que era pior, como estavam
doria, e bastante procurado pela comunidade presentes muito mais anjos de preto do que
para consultas particulares. de branco, a balança começou a inclinar para
Certa vez, um homem que estava atraves- o lado das ações negativas. A situação, por-
sando momentos difíceis na vida, com diver- tanto, começou a ficar desesperadora e eis
sos problemas financeiros e familiares, bateu que chegaram carruagens de cor cinza com
à porta da casa de Shalom Sharabi para uma anjos também vestidos de cinza e começa-
visita de última hora. Quem atendeu foi a es- ram a subir na balança, apenas no lado que
posa do Rabi, que o convidou a entrar e pediu já estava mais pesado, o lado dos anjos de
que esperasse um pouco, pois o Rabi estava preto. Ele pensou consigo mesmo: − Agora
ocupado naquele instante; ela disse que viria estou perdido de vez! Quem afinal são esses
chamá-lo tão logo o grande mestre estivesse anjos de cinza?
disponível. O visitante sentou-se e ficou aguar- Ele tentou manter a calma diante daquele
dando algum tempo. Nesse ínterim, acabou triste cenário, olhando para cada anjo cinza;
cochilando, entrando em sono profundo e quando focava em cada um deles, aparecia
teve um sonho. Nesse sonho, ele estava an- uma cena de sua vida onde passara por gran-
dando por uma estrada de terra, quando de des sofrimentos e transformações. Cada anjo
repente começou a passar um grande núme- de cinza era um sofrimento, uma dificuldade
ro de carruagens pretas e ele se perguntou se vivenciada.
aquilo era algum tipo de procissão e começou
a seguir na direção daquelas carruagens. Pou- Num primeiro momento, o lado negativo se
co tempo depois, na mesma direção, começou tornara mais pesado, mas então aconteceu o
a passar um monte de outras carruagens, só inesperado. Cada anjo de cinza agarrou um
que agora, brancas. A curiosidade aumentou anjo de preto e se jogou para fora da balança,
10 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
11. liberando gradativamente o peso daquele lado acalmá-lo, dizendo que seu marido já ia aten-
da balança. Porém, quando ele percebeu que dê-lo, mas ele ainda muito agitado respon-
cada anjo cinza (sofrimento) cancelava um deu que não precisava mais ver o Rabi, pois
anjo preto (ação negativa), e não havia anjos já havia obtido a resposta desejada, sabedor
cinzas suficientes para equilibrar a balança, ele agora da origem de todos os problemas que
então começou a clamar aos Céus: − Eu pre- estava enfrentando. Enfim, agradeceu rapi-
ciso de mais sofrimento, por favor Senhor, me damente e foi embora da casa sem mesmo
mande mais sofrimento, mais dificuldades! ter conhecido o Rabi Shalom Sharabi, pelo
menos aparentemente.
A esposa do Rabino, ao escutar o visitante
despertando aos gritos, veio correndo tentar Shalom ve’Emet (Paz e Verdade!) PP
Trocando em Miúdos
O ser platônico
Marcio Lassance bre o imperativo do homem prosseguir em seu
sonho, e que, ao avançar naquela direção, ele
Q
uando se pensa no título deste artigo, o irá atingir, a cada momento, uma “Cidade Pos-
que mais se faz presente à nossa memória sível”, quando ele já deixou para trás a Cidade
é que se trata de algo inatingível. É o amor Real e está mais próximo da Cidade Ideal.
platônico, é o sonho sonhado, é o nunca realizado.
Trocando em miúdos, isto quer dizer que a mis-
A coluna “TROCANDO EM MIÚDOS” são do homem para Platão é perseguir os ideais
tem como função decifrar alguns códigos mais altos e mais afastados dele, quanto possí-
que estão impressos em nossa cultura como vel. O homem quanto mais se conhecer e lançar
estampas rígidas, e que, na maior parte das esses conceitos a essa nova realidade, construída
vezes, se fizermos um movimento simples de por ele mesmo, maior é a sua realização.
compreensão, facilitamos o entendimento so-
bre nossas vidas e avançamos em direção a um Evoluir sempre é o movimento central do pen-
maior e melhor auto-conhecimento. samento platônico. Evolução essa que está ba-
seada em uma constante reconstrução do mun-
No caso do adjetivo platônico, o que devemos do a partir do pensamento do homem, como
ter em mente é que o núcleo central da obra co-criador do mundo.
de Platão (427/347AC) está presente em três
conceitos. Em primeiro lugar, o homem é um Amor platônico não é, portanto, um amor ina-
ser plural, isto é, ele faz parte de interrelações tingível, mas um amor que, cada vez mais se
que o definem como um ser político, que se adensa, ao conhecer com maior profundidade
constrói na vida em comum na cidade (polis). o eu e o outro, até o ponto em que deixe de
existir a separação entre o outro e o eu, e o
O outro conceito refere-se à realidade que é amor nos torna um.
resultante da observação e projeção de nossos
pensamentos, ou melhor, é o homem que pro- Platão, ao desenvolver aquele tipo de percepção
duz o real à sua volta a partir da sua percepção da vida em constante evolução a partir da co-
e conceituação. criação da realidade, estabelece um outro para-
digma que é o “sou o que sei”, isto é, a minha
Aí, chegamos ao terceiro e mais importante vida é definida e limitada por tudo que aprendi,
conceito do seu pensamento: o ideal. senti, experimentei e, principalmente, por tudo
Na obra A República, Platão discute a necessi- aquilo que criei a partir do meu pensar.
dade de se entender a organização social como É no ideal de se atingir a Luz, na imortalidade
um projeto inacabado de responsabilidade de da alma, que o homem irá se realizar. Na Luz,
cada cidadão. Ele expõe com clareza a percep- ele então agirá com o Criador. Esse é o ideal
ção do homem sujeito a dois tipos de situação, supremo do platonismo.
a “Cidade Real”, onde ele vive hoje com suas
mazelas e prazeres resultantes do seu próprio Ser platônico, então, significa buscar a evolu-
pensar; e uma “Cidade Ideal”, projetada pelo ção até encontrarmos o Divino em nós.
seu pensamento, fundamento da sua existên- Como eu sou o que sei, e como sei que sou um
cia e da sua realidade. ser platônico, só peço ao Pai para que eu não
Como o ideal é uma situação imaginada (e de- seja o último. PP
sejada) para além do real de hoje, Platão fala so-
11
12. Portal da Gratidão
Deo Gratias
Rosa Carmen Sá de Alverga percebêssemos o quanto é especial e gratifi-
cante o sentimento de gratidão, quando este
“Se tens medo de não merecer a graça nos envolve plenamente, independente do que
nos acontece, iríamos modificar, para melhor, a
Do amor, da paz e da alegria, nossa percepção de toda existência. Provavel-
Recebe o dom da vida, que é de graça. mente, diminuiria a sensação de carência, de
Se formos gratos pela Criação, falta, de perda e abandono, que nos acompa-
nha a cada dor e frustração.
Podemos encontrar a harmonia.”
Quando me pediram para falar sobre a gra-
C
ostumamos nos sentir gratos quando algo tidão, lembrei que este é o Ano da Graça na
de muito bom nos acontece, seja pela Casa de Padre Pio. Ao começar a pensar nisso
ação de outras pessoas ou pela Graça Divi- e a escrever, fiquei muito tocada pela emoção
na (que acredito estarem entrelaçadas). Portanto, de falar desse tema, que despertou em mim
tendemos a achar sempre que só devemos agra- um sentimento forte de descoberta e encanta-
decer pelas coisas mento. Fui sentin-
boas que recebe- do e percebendo
mos da vida, as que procurarmos
que consideramos ser gratos, in-
dignas do nosso dependente da
reconhecimento, situação que se
e paramos por aí. apresente, é uma
Um exemplo dis- forma de reco-
so é quando pas-
nhecermos que
samos por situa-
a vida é um Bem
ções difíceis, que
muito maior do
nos fazem sofrer
que qualquer ava-
e nos deixam des-
confortáveis. Os liação que possa-
acontecimentos mos fazer dela.
desagradáveis nos É confiarmos na
aborrecem tanto, sua sacralidade e
nos tomam tanto tempo, que podemos até nos no poder divino que a fez surgir de um milagre
esquecer de agradecer os bons momentos. O que extraordinário, como uma prova de amor, de
mais queremos nessas horas sofridas é nos ver um amor sem limites, um amor do Criador por
livres do incômodo, fugindo do problema. No en- si mesmo e por suas criaturas. Portanto, sermos
tanto, se nos deixarmos levar por tal impulso, não gratos por nossa existência, incondicionalmen-
percebemos que estamos perdendo uma oportu-
te, significa termos uma atitude de reverência,
nidade a mais de evolução. É evidente que não
fraternal e amorosa para com a vida e para com
me refiro a situações muito graves, que só pou-
todos os mistérios e paradoxos que fazem parte
cas pessoas enfrentam de cabeça erguida e, ao
chegarem no limite de suas forças, conseguem
dela. À proporção em que vamos agindo as-
se superar, agindo quase como heróis. Refiro-me, sim, vamos descobrindo o valor da gratidão,
aqui, às contrariedades do dia a dia, algumas mais a plenitude que ela nos proporciona e que nos
suportáveis, outras nem tanto, mas que teríamos leva ao encontro da nossa verdadeira essência.
condições de controlar e, na maioria das vezes, re- Abrem-se novos horizontes à nossa frente, ex-
voltados, as transformamos em dramas sem fim. pandindo nossa visão espiritual, ao ganharmos
Melhor seria se pudéssemos agradecer desde o a fé infinita em nossa origem divina. Esse é o
início, confiando que tudo o que vivemos possui resultado de uma grande magia: O despertar de
uma razão e um sentido. uma nova consciência que nos ensina a sermos
sinceramente agradecidos diante do fado e, ao
Todas as vezes que aceitamos, com paciência e
mesmo tempo, nos traz a confiança de que so-
dignidade, os momentos difíceis e penosos em
mos, apesar de todas as fraquezas, merecedores
nossas vidas, vendo-os como uma oportunida-
de recebermos as Graças que nos cabem!
de de aprendizagem, com o tempo podemos
receber valiosos tesouros de recompensa. Se Graças a Deus! PP
12 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
13. Agradecimento... buscavam conforto e cura para os seus males.
Então, pensei: como eu poderia também aju-
dar? Assim, me ofereci para ser voluntária,
Ana Lucia Brant começando a trabalhar na cantina.
E
stava viajando a trabalho e levei a Essência Hoje, depois de todos estes anos, vejo que
da Luz nº 06 para ler no avião. Todos os maravilha é participar desta Casa e o quanto
artigos eram ótimos mas, lendo o depoi- isto tem auxiliado em minha reforma íntima.
mento do Dr. Roni Vasconcelos, fiquei profun- Embora não consiga qualificar ou quantificar,
damente emocionada e uma frase me chamou posso dizer que percebo em mim uma profun-
a atenção: “... senti-me acolhido, feliz por estar da modificação como pessoa, assim como em
ali. Estava em casa!” Foi exatamente este sen- minha vida! Quantos preconceitos caíram por
timento que tive há seis anos atrás e acredito terra, quantos pensamentos e apegos desapa-
que várias outras pessoas também o sintam. receram... Sinto que a minha visão a respeito
Padre Pio entrou em minha vida conduzido da vida melhorou, bem como a aceitação de
pela mãe de uma amiguinha de escola do mim mesma. Quão leve hoje eu me sinto!
meu filho, quando este tinha cinco anos. Os conhecimentos passados pelo Luiz Au-
Primeiramente, ela me deu um santinho e, gusto, o presidente da Casa, as palestras
depois, um livro sobre a sua vida. Desde o dadas por diversos convidados, trazendo
primeiro contato, apaixonei-me por ele de uma diversidade de informações, os cur-
forma intensa e inexplicável. Os anos se pas- sos assistidos, os trabalhos realizados junto
saram com Padre Pio se manifestando em di- com a Ação Social, assim como a rede de
versas situações cotidianas e, um dia, andan- relacionamentos que formamos, aos pou-
do pela Rua Assunção, percebi com imensa cos, nos levam a fazer reflexões profundas
alegria um sobrado (que antes nunca havia sobre nós mesmos e vão sedimentando em
reparado) e a placa da Casa. Voltei, algumas nós uma nova pessoa. Ainda tenho muito o
vezes, até encontrar o Maiko sorridente à ja- que aprender e colocar em prática, mas a
nela, que, solícito, logo me deu os horários sensação de estar em casa me dá o ânimo e
de funcionamento. as forças necessárias para continuar em meu
Nesta época, enfrentava em minha vida, processo de reforma íntima.
uma situação particularmente difícil. Sentia- Agradeço todos os dias a Padre Pio a oportu-
me desamparada, vivenciando uma sensa- nidade de poder oferecer à Casa um pouco do
ção de grande incompletude. Obviamente, meu tempo, ajudando na Cantina e no que
acabei adoecendo. Comecei a frequentar as for preciso; dessa forma, também me sinto
sessões de cura e fui observando as pessoas trabalhando na acolhida daqueles que, como
trabalhando com carinho e atenção, dando o eu, sofrendo, procuram apoio na Casa de Pa-
seu tempo e energia para ajudar aqueles que dre Pio. PP
13
14. Psicologia e Espiritualidade
Felicidade e Inteligência Espiritual
Regina Célia de Souza inteligência emocional, isto é, da capacidade
que a pessoa tem de se relacionar consigo
P
rovavelmente, você já deve ter se pergun- mesmo (inteligência intrapsíquica) e com os
tado: O que faço aqui, neste planeta? Quem outros (inteligência interpessoal).
eu sou realmente? Que sentido tem a minha A psicóloga americana Danah Zohar, em seu
vida? Ou que sentido estou dando a ela, face às livro Inteligência Espiritual, relata que não
minhas atitudes? basta para o indivíduo alcançar crescimento
Para os que estão iniciando a sua trajetória profissional e financeiro para poder ter paz in-
junto à espiritualidade, assim como para aque- terior e alegria. O ser humano também precisa
les que já caminham nessa estrada há algum encontrar um sentido de vida que transcenda
tempo, inúmeras dúvidas surgem quanto à a matéria, atributo este pertinente à inteligên-
forma mais adequada de se conduzirem ante cia espiritual. É nesse sentido que se percebe,
os objetivos evolutivos a que se propõem vi- quando vivenciamos problemas existenciais,
venciar: sobre o que é certo ou errado? Sobre oriundos de momentos de perdas, rompi-
como poderíamos responder a um colega de mentos e fracassos, que temos a possibilidade
trabalho que foi indelicado? Ou de que forma de adquirir a verdadeira consciência sobre os
poderíamos ter mais paciência com um filho nossos anseios e necessidades espirituais (não
malcriado ou problemático, ou ainda com um materiais) na maior parte das vezes, ocultas e
parente doente, por exemplo, uma mãe idosa reprimidas em nosso interior. É comum, nessas
e doente que por suas atitudes nos incitam a ocasiões, nos questionarmos sobre o verdadei-
sair do sério? Essas são questões, em nosso ro propósito de nossas vidas, procurando en-
cotidiano, que, muitas vezes, nos atormentam contrar uma melhor forma de enfrentamento
em grande parte do nosso tempo. Pois todos às dificuldades que temos, face aos desafios
nós queremos ser felizes. E, como bem disse o de nosso cotidiano.
compositor Gonzaguinha, “...ninguém quer a Desenvolver a nossa inteligência espiritual não
morte, só saúde e sorte”. implica em sermos religiosos ou seguirmos
Mas, em que consiste ser feliz? Seria ganhar uma religião, mas implica em sermos capazes
a Mega Sena acumulada? Conseguir ter o par de agir dentro de uma ética de pensamentos
dos nossos sonhos? Morar em frente à praia? e ações, alicerçados em princípios e valores
Viajar para a Europa? Ter uma casa própria? humanos universais. Nesse aspecto, o conhe-
Ter filhos? Casar? Ter poder e fama? Ter um cimento psicológico se une, a nosso ver, à
corpo bonito como muitos astros da TV? essência dos conhecimentos das antigas tradi-
ções filosóficas e religiosas.
Como se pode concluir, para cada um de nós, a
felicidade assume um diferente significado. Po- Portanto, se quisermos ser felizes, precisamos
demos perceber que nas questões acima citadas, estar atentos e cuidarmos para desenvolver
todas as respostas referem-se ao plano material. as nossas inteligências emocional e espiritual,
que, em nosso dia a dia, materializam-se em
E se ser feliz fosse algo bem mais simples, bem pequenas atitudes como: ceder a vez em um
ao nosso alcance, mas ao mesmo tempo invisível ônibus ou metrô para alguém mais velho ou
aos nossos olhos, embora com um alcance bem que necessite estar sentado; buscar evitar falar
maior do que o visualizado em nossos sonhos? mal do outro, percebendo a sua necessidade
Um grande psicólogo americano do século XX, de se sentir superior ao outro, ao tentar de-
chamado Abraham Maslow, ante a sua expe- negrir a sua imagem. Ser capaz de objetivar
riência clinica, certa vez, sinalizou que a maior em seu trabalho o alcance de um bem comum
causa das doenças no homem era a “falta de que transcenda a uma prática individualista e
amor”. Face a essa visão, não poderíamos material. Finalizando, recorremos às palavras
entender que a felicidade pode estar direta- de Joanna De Angelis, escritas no livro O Ser
mente relacionada à máxima cristã: “amar ao consciente : “(...)No postulado ‘não fazer ao
próximo como a ti mesmo”? próximo o que não deseja que ele lhe faça’,
estatuiu a condição de segurança para a iden-
Quando questionamos o “porque” e o nosso tificação do indivíduo consigo mesmo, com
“para que” existencial estamos expressando seu irmão e com o mundo no qual se encon-
um movimento da nossa Inteligência Espiritu- tra, proporcionando uma ética simples e facil-
al. Portanto, a Inteligência Espiritual é descrita mente aplicável no inter relacionamento pes-
como a capacidade que todo o ser humano soal, sem conflito nem culpa.”
tem de alcançar a paz interior e a alegria,
através do desenvolvimento adequado da sua
14 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
15. Espiritualidade e vida
A sabedoria de conhecer a si mesmo,
através de seus relacionamentos
Danielle Monjardim lidade o argueiro nos olhos do outro, mas não
vemos a trave que está em nosso próprio olho.
S
ócrates, filósofo grego visto como o ho- A Psicologia chama isso de projeção. Projetamos
mem mais sábio de sua época, disse certa no outro o que não queremos ver em nós.
vez que o conhecimento de si mesmo era a Novamente, se tivermos olhos de ver, ao invés
chave para a libertação de todos os males. de julgarmos o outro e nos afastarmos dele,
Muito se fala em reforma íntima, em auto- devemos assumir a postura de aprendizes pe-
conhecimento, em transformação moral, e rante a vida e aproveitar a oportunidade para
fica-se, então, preso à seguinte questão: como diagnosticar como tal padrão também se ma-
iniciar o processo? Por onde começar? Como nifesta em nós.
fazer? A Sabedoria Divina nos instrumentaliza Compreendendo a manifestação desses pa-
com tudo que precisamos para progredir na drões de comportamento, sentimentos, emo-
vida em todos os sentidos e direções. A quali- ções em nós, admitindo a sua existência, ao
dade de nossos relacionamentos e a forma que invés de negá-los, teremos dado um passo
escolhemos para interagir uns com os outros importante, pois só podemos modificar aqui-
são a nossa fotografia moral. lo que admitimos que existe no nosso mundo
Os nossos conflitos de relacionamentos, em íntimo. Enquanto negamos a existência, cami-
geral, retratam nossos conflitos íntimos, muitas nhamos através da ilusão.
vezes inconscientes. Nossa dificuldade em dia- Outro importante passo para compreendermos
logar uns com os outros revela muito do diálo- nossos comportamentos é identificar a raiz de
go interior que travamos diariamente conosco: sua manifestação: como e quando agimos de
cheio de culpas, recriminações, fuga de respon- determinada forma, o que existe por trás de
sabilidades pela qualidade de nossa vida. nossas reações? Essa percepção nos fará ficar
Agressividade, melindres, discussões, ironia e alertas e, assim, procuraremos agir, ao invés
padrões de controle são pistas importantes em de reagir. Dessa maneira ocorre o processo de
relação ao que precisamos modificar em nós. auto-educação de sentimentos e emoções.
Se alguém nos irrita, fere, atinge, desrespeita, Somos responsáveis perante a vida pelo que
ao invés de atribuirmos responsabilidade para somos, pelo que fazemos, pelo que sentimos
os outros daquilo que permitimos que nos e pelo que despertamos no outro a partir da
aconteça, temos que procurar em nós mesmos emissão de nossas próprias vibrações.
o que precisa ser modificado para que aquela
situação não mais ocorra. É dessa forma que O poder de transformar o mundo em que vi-
conquistamos sabedoria para viver. É assim vemos em um mundo melhor reside em cada
que evoluímos em níveis de consciência e saí- um de nós, a partir da nossa própria transfor-
mos dos padrões de comportamento automá- mação. Esperar que o outro mude, que algo
ticos, repetitivos, cristalizados. aconteça de forma exterior para então ensejar
esse processo, é permanecer na ilusão e adiar
Pois uma coisa é certa: o problema que preci- a oportunidade de começar a trilhar agora o
samos encarar com coragem nunca está no ou- caminho para a conquista da paz, da alegria,
tro! Está em nós. Ainda que o outro desperte da felicidade, que não vem de fora, mas está
em nós emoções e sentimentos que julgamos dentro de nós mesmos.
inadequados, como raiva, impaciência, inveja,
ciúme, intolerância, não podemos alimentar a “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará
ilusão de que nessas situações o problema é livres”. A verdade que liberta parte do conheci-
do outro: as emoções são nossas! Em nós está mento de si mesmo. Conhecendo-nos,
também a solução. Essa é a verdadeira refor- aceitando-nos, transforman-
ma íntima. Ela ocorre quando validamos o que do-nos, entraremos em
estamos sentindo, admitindo a existência em contato com nossa
nós de emoções que nos fazem mal, busca- divindade e irra-
mos suas causas e procuramos transformar, diaremos luz.
reformar, dar uma nova forma ao que se passa Já somos luz.
em nosso mundo íntimo. Temos que
desenvolver
Facilita-nos muito o autoconhecimento quando nossos “olhos
identificamos no outro aquilo que nos incomoda, de ver”. PP
pois esta ocorrência sinaliza que trazemos igual
porção em nós, ou até maior. Vemos com faci-
15
16. Saúde e Espiritualidade
Somos 100% RESPONSÁVEIS?!
Myrian Marino padrões de atitudes ou comportamentos, não
mais nos restringindo à dependência de nenhu-
U
ltimamente, venho pensando muito so- ma forma de controle.
bre essa tal da “Responsabilidade”... Esse
é um tema amplo que pode ser aplicado Muitas pessoas, depois de algum tempo, ado-
em qualquer área. ecem fisicamente, e mesmo assim, não to-
mam consciência das suas responsabilidades
Muitos de nós ainda se escondem atrás da ante esse processo de adoecimento, pois não
“falsa responsabilidade”, acreditando que percebem há quanto tempo alimentam pensa-
basta apenas fazer um pouco, e que isso já mentos e sentimentos carregados de mágoas,
é o ”bastante”. Algumas vezes, achamos que raivas, frustrações e tristezas... Desconhecem
“ajudando” os outros, esquecendo de nós que só um pensamento alimentado com uma
mesmos, estaremos ”protegidos”, e assim, carga emocional negativa duradoura pode im-
ganharemos o ”Reino dos Céus”. primir marcas, que só poderão ser atenuadas
Esquecemos que somos aquilo que pensamos, quando a própria pessoa passar a reconhecer
sentimos, agimos, e face a isso, a nossa Res- que essas marcas fazem-lhe mal. Inicialmente,
ponsabilidade passa por todas estas etapas. esforçando-se por aceitá-las, passa depois a
Por exemplo, a Saúde é um bem que só se tor- querer delas se desvencilhar através do amor,
na pleno, quando se alicerça nestes três pilares expresso sob a forma de perdão, compreen-
- Pensamento, Sentimento e Ação. Se partirmos são, solidariedade, compaixão. A frase ”Ama
do princípio de que não somos apenas um a teu próximo como a ti mesmo”, ou “Cura-te
corpo físico, mas a união de vários corpos, en- a ti mesmo”, traz implícita a responsabilidade
tenderemos que apenas expressamos aquilo sobre nós mesmos. Pois só através do exercício
que trazemos em nossa essência. Constatamos do “amor intrapessoal” é que poderemos che-
que só através de escolhas mais “conscientes” gar à prática do “amor interpessoal”.
poderemos efetuar, verdadeiramente, grandes Só assumindo 100% de RESPONSABILIDADE
mudanças, nas quais passaremos a ter 100% da por nós mesmos, isto é, por nossas escolhas,
responsabilidade por tudo que existe em nós e, erros e acertos, é que perceberemos como
por conseguinte, ao nosso redor. somos também 100% responsáveis pelo que
A Ciência já assume que os campos eletro- ocorre ao nosso redor.
magnéticos de uma pessoa interferem nos de Passamos a compreender que somos também,
outra, e que, a partir do momento em que um 100% RESPONSÁVEIS por toda forma de dor
pensamento/sentimento é emitido, ele percor- e sofrimento, assim como por toda a Saúde e
re caminhos que, por ressonância vibracional, Paz existentes na face da Terra. Podemos assim
interagem como ondas com outros campos vi- perceber que também somos 100% RESPON-
bratórios. Registramos estes padrões em nos- SÁVEIS tanto pelo Caos como pelo Equilíbrio
sas células, a nível subatômico, armazenan- Planetário. Bem como passamos a assumir que
do-os sob a forma de “memórias”, as quais, somos 100% RESPONSÁVEIS pela Escassez,
muitas vezes, acessamos; repetindo assim, de assim como pela Abundância existente em
uma forma inconsciente, antigos padrões de nossas vidas.
conduta, pensamentos e emoções, que nem
sempre estiveram a nosso favor. Enfim, tudo o que ocorre fora é apenas uma
expressão da “nossa” RESPONSABILIDADE.
Quando, gradativamente, adquirimos consci- A Hora de mudar é esta! A escolha é nossa!
ência desses aspectos, passamos a ter liberda- Paz e bem! PP
de para mudar, reformar ou transformar esses
16 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
17. Poesia, a linguagem da alma
Quase acreditei
Ruth Picchi
Quase acreditei que não era nada, ao me tratarem como nada.
Quase acreditei que não seria capaz, quando não me chamavam,
por acharem que eu não era capaz.
Quase acreditei que não sabia, quando não me perguntavam, por
acharem que eu não sabia.
Quase acreditei ser diferente entre tantos iguais, entre tantos ca-
pazes e sabidos, entre tantos que eram chamados e escolhidos.
Quase acreditei estar de fora, quando me deixavam de fora, por-
que...que falta fazia?
E de quase acreditar adoeci; busquei ajuda com doutores, mes-
tres, magos e querubins.
Procurei a cura em toda parte e ela estava tão perto de mim.
Ensinaram-me a olhar para dentro de mim mesmo e perceber que
sou, exatamente, como os iguais me faziam diferente.
E acreditei profundamente em mim.
E tenho como dívida com a vida, fazer com que cada ser humano
se perceba, se ame, se admire, como verdadeira fonte de riqueza.
Foi assim que cresci: acreditando.
Sou exatamente do tamanho de todo ser humano.
E, por acreditar, perdi o medo de dizer, de falar, de participar e até
de cometer enganos.
E se errar?
Paciência, continuo vivendo, por isso, aprendendo.
E errar é humano.
17
18. Reflexões
O transitório em nossas vidas...
Denise Cristina Ribeiro Gomes ele conviveram, no sentido de que ele pudes-
se ser acolhido, no plano em que estivesse,
N
estes dias, recebi a notícia de que, há cer- por amorosos e dedicados amigos espirituais
ca de uns meses atrás, havia falecido um
que estariam trazendo à sua alma o cuidado,
grande amigo, que teve grande partici-
o carinho, o lenitivo e a paz que, certamente,
pação em minha vida.
não encontrou em vida... Então, um pensa-
Esse amigo foi encontrado muito doente, em mento me veio à mente: quantas vidas, em
uma enfermaria para indigentes de um hos- silêncio, foram salvas por esse homem, em seu
pital público, ao ser por “acaso” reconheci- cotidiano!
do por um colega de faculdade, ao ler o seu
Refletindo sobre essas circunstâncias, pro-
nome em um prontuário médico. Surpreso e
funda tristeza tomou conta do meu coração!
entristecido ao ver o colega quase irreconhe-
O contato com a morte sempre me faz recor-
cível, nessas penosas condições, prontamente
dar a existência dos sonhos, ideais, lutas, di-
providenciou a transferência daquele corpo
ficuldades, afetos e atitudes de quem partiu.
agonizante para um quarto do hospital, reinvi-
Fato este que me leva a repensar e questio-
dicando para o enfermo o direito da profissão
nar meus valores, minhas reais necessidades
que havia exercido: Médico.
ante o transitório das lutas e querências, assim
Porém, apesar dos esforços de todos que cui- como dos sofrimentos gerados pelo apego ao
daram dele, ele partiu. Havia chegado a sua plano físico. Como tudo se transforma, quan-
hora. Como o hospital não conseguiu contatar do em contato, direto ou indireto, com a mor-
com alguém de sua família, em um último ato te, percebemos a relatividade de nossas buscas
de respeito a ele, como ser humano e como por bens materiais. Mas são essas buscas que
“
profissional que ele havia sido, a equipe se ocupam a maior parte do nosso tempo, dando
responsabilizou pelas despesas do seu passa- à nossa vida, face às nossas escolhas, um sa-
mento. Triste fim para um ótimo cirurgião que bor peculiar, porém ilusório. Passamos todo o
dedicou toda a sua existência ao atendimen- nosso existir procurando fugir dessa realidade,
to de pessoas geralmente mais humildes, em
Pronto Socorro de vários hospitais públicos,
e que também teve a oportunidade de assu-
Como tudo se transfor-
mir a direção desses importantes hospitais da ma, quando em contato,
rede pública. Teve acesso tanto à beleza das
formas, quanto ao poder oriundo de status e direto ou indireto, com a
condição financeira, tendo inclusive constituí-
do família. No entanto, naquele momen-
morte, percebemos a rela-
to, pelas voltas e imprevistos da vida, tividade de nossas buscas
partia sozinho, atendido pela ca-
ridade de corações compassi- por bens materiais
vos; restando a oração por
aqueles que souberam
da sua partida e e só quando nos confrontamos com a morte
que com e o morrer, é que percebemos o tempo gas-
to com mediocridades, com “firulas”... Como
nos permitimos iludir por questões efêmeras
e transitórias, utilizando a nossa ener-
gia física, psíquica e espiritual em
julgamentos inúteis, nocivos a
nós mesmos! Abençoados são
aqueles que ainda têm a
oportunidade de modificar
o rumo de suas existên-
cias, face à compreen-
são da transitoriedade
da vida!
18 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio
19. Talvez algumas pessoas, ao tomarem conhe- ocupante, acreditamos que elas possam cor-
cimento do inusitado dessa história, logo pro- responder à realidade, e não somente a uma
curem ajuizar os sofridos fatos do passamento pequena parcela desta. Como somos ingênuos
descrito, buscando no “por que “, através da e tolos!
lei do carma, ou do “para que” existencial do
Descanse em paz, meu amigo, assim como to-
outro, “explicar” tal situação da qual ninguém
dos aqueles que possam ter sido alvos de in-
acha-se livre de passar ante as reviravoltas da
compreensões, de julgamentos superficiais,
vida. Quão presunçosos nos tornamos ao nos
oriundos das nossas “verdades.” Que a paz do
posicionarmos como “conhecedores “ do
Senhor ilumine essa tua nova caminhada, tra-
Mistério que rege o nosso existir ! Será que
zendo-te o discernimento e o reconhecimento
temos condições de analisar, por um viés espi-
às tuas boas ações, assim como a compreensão
ritual, a vida e a morte de uma pessoa? Será
às tuas dificuldades... PP
que ao agirmos assim, não estaríamos nos
esquecendo de sermos mais humildes ante
a vida? A compaixão por ele vivenciada, não
seria a expressão maior do amor e da solida-
riedade humana? Dessa forma, pensando so-
bre o ocorrido, reconheci que, apesar dessas
tristes circunstâncias, o meu amigo, em seus
últimos momentos, pôde usufruir, de uma for-
ma simples, porém nobre e sincera, da graça
da compaixão manifesta pelas pessoas que,
anonimamente, cuidaram dele no sentido de
lhe propiciarem uma morte limpa e digna. Ao
fazer essas reflexões, embora lamentando o
ocorrido, pude entender de uma forma dife-
rente a sua partida.
Muitas vezes, não percebemos que as interpre-
“
tações que elaboramos do que vivenciamos ex-
pressam nossos valores, nossas necessidades,
nossas inseguranças e medos; e o que é pre-
Não construímos amizades como construímos casas,
mas as descobrimos como o musgo, sob as folhas da
nossa vida, escondidas em nossas experiências.
William Rader
19
20. Prece
G
eralmente lembramos da oração na dor, na angústia e na dúvida,
mas esquecemos de agradecer ao Pai tudo o que possuímos gra-
tuitamente e que nos foi dado po Ele.
Através da oração, há o verdadeiro encontro do Criador com a
sua criação; nesse momento, devemos nos entregar, dizer sem medo o
que sentimos, abrir o coração por saber que ele nos escuta e que tem
sempre o melhor para nós. (Flavia Braga)
Oração a Padre Pio
pelos enfermos
Santo Pai Pio, já que durante tua vida terrena mostraste um grande
amor pelos enfermos e aflitos, escuta nossos rogos e intercede ante
nosso Pai Misericordioso pelos que sofrem.
Assiste desde o céu a todos os enfermos do mundo; sustenta a
quem tem perdido toda a esperança de cura; consola a quem grita ou
chora por suas tremendas dores; protege a quem não pode ser aten-
dido ou ser medicado por falta de recursos materiais ou ignorância;
alenta a quem não pode repousar porque deve trabalhar; vigia a quem
busca na cama uma posição menos dolorosa; acompanha a quem vê
que a enfermidade frustra seus projetos; ilumina a quem passa uma
“noite escura” e se desespera; cura os membros e músculos que per-
deram a mobilidade; ilumina a quem vê balançar sua fé e se sente ata-
cado por dúvidas que os atormentam; apazigua a quem se impacienta
vendo que não melhora; acalma a quem se estremece por dores e
espasmos; concede paciência, humildade e constância a quem se rea-
bilita; devolve a paz e a alegria a quem se enche de angústia; diminui
os padecimentos dos mais fracos e idosos; vela junto ao leito dos que
perderam a razão; guia os moribundos à felicidade eterna; conduz
os que mais necessitam do encontro com Deus; abençoa abundan-
temente a quem os assiste em sua dor, consola-os em sua angústia e
proteje-os com caridade. Amém.
20 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio