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APsico-USF, v. implicações 229-238, Jul./Dez. 2002
coerção e suas 7, n. 2, p. na relação professor-aluno

229

A coerção e suas implicações na relação professor-aluno1, 2
Juliane Viecili3
José Gonçalves Medeiros

Resumo
Este artigo tem como objetivo examinar os comportamentos de aluno com história de fracasso escolar (CFE) e
alunos sem história de fracasso escolar (SFE) e os comportamentos de coerção e estimulação positiva dos
professores em relação a cada grupo de alunos. Dez crianças, com idade entre 8 e 12 anos, freqüentadoras do
ensino fundamental de uma escola pública, participaram do estudo, juntamente com três professores. O
procedimento de coleta de dados utilizado foi a observação direta dos comportamentos em sala de aula, com
registro de categorias por intervalo de tempo com aluno como foco da observação. Os resultados indicam a
utilização diferenciada de coerção com alunos CFE e de estimulação positiva com alunos SFE. Discute-se o uso
diferenciado de contingências coercitivas e reforçadoras em relação aos alunos CFE e SFE e seus efeitos nos
comportamentos acadêmicos e não-acadêmicos de ambos os grupos de alunos.
Palavras-chave: Fracasso escolar; Coerção em sala de aula; Interação professor-aluno.

The coercion and its fallout in the relationship between teacher and student
Abstract
This paper intends to examine the behavior of students with histories of school failure (WSF) and students without
histories of school failure (WTSF) and the coercive and reinforcing behavior of teacher in relation with each group
of students. Ten children, ranging 8 to 12 years old, attending a public elementary school, and tree teachers, were
the participants of the study. The data was collected through the direct observation of behavior inside the
classroom, with report of categories per time interval and the student was the observation focus. The results
showed the use of differentiated coercion with WSF, and the positive stimulation with WTSF. The differentiated
use of coercive and reinforcing contingencies with both WSF and WTSF students, and its effects in the academic
and non-academic behaviors of both groups of students are discussed.
Keywords: School failure; Coercion in the classroom; Interaction teacher-student.

Introdução
A literatura tem demonstrado uma constante,
porém antiga preocupação, em compreender o fracasso
escolar que continua com índices altos (INEP, 1999;
Lopes, 1997 & Patto, 1993), apesar das décadas de
esforço no sentido de reverter tal realidade. Os estudos
sobre o assunto indicam caminhos diferentes na
compreensão do fenômeno. Analisar o fracasso escolar
na perspectiva de uma análise de contingências permite
compreender com mais transparência o papel dos
principais agentes da educação – o professor e o aluno.
Autores de tradição comportamentalista analisam
o professor como responsável por proporcionar condições de ensino ao aluno. Keller (1983a, 1983b, 1996);

Botomé (1987, 1998); Oliveira (1998) e Kubo & Botomé
(2001) consideram a necessidade de o professor
desenvolver um programa de ensino que acompanhe a
aprendizagem do aluno, respeitando o seu ritmo e a sua
capacidade. Segundo Oliveira (1998), esse modo de
conduzir o processo de ensino contribui para o
estabelecimento de condições favoráveis à interação
professor-aluno.
Os objetivos educacionais têm, muitas vezes,
sido confundidos com regras e normas a serem
seguidas. Botomé (1987) descreve que o objetivo das
instituições de ensino “é (ou pelo menos deveria ser) fazer com
que as pessoas estejam aptas a lidar com a realidade em que
vivem (e com que se defrontam) de maneira a transformá-la em
uma direção significativa” (Botomé, 1987, p. 9). Para o

Agradecimentos à CAPES pelo financiamento parcial da pesquisa.
O presente artigo é parte da dissertação de mestrado da primeira autora, orientada pelo segundo, e defendida junto ao
Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em fevereiro de 2002.
3 Endereço para correspondência:
Estrada do Bom Jesus, 628 − Vargem do Bom Jesus − Florianópolis-SC − 88058-020
E-mail: jviecili@hotmail.com e medeiros@mbox1.ufsc.br
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
1
2
230

Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros

autor, são as aptidões ensinadas ou desenvolvidas por
meio do ensino que mudarão a realidade do país. Mas,
para isso, é necessário que os objetivos de ensino sejam
estabelecidos e conduzidos tendo em vista preparar a
população para lidar com a sua realidade a fim de
produzir o que seja significativo para a vida dessa
população (Botomé, 1987). Infelizmente o que acontece
são os educadores cumprirem, a qualquer custo, os
planos de ensino, reproduzindo ou seguindo modismos
derivados de propostas educacionais (por exemplo, as
propostas de Piaget, Vigotsky, Freire, Skinner, entre
outros), não levando em consideração as necessidades
dos alunos e do meio no qual estão inseridos,
desempenhando muito mais um papel reprodutivista do
que propriamente o de um educador, fugindo, dessa
maneira, da sua responsabilidade de educar.
A coerção, um instrumento comum usado em
nossa sociedade para persuadir o comportamento dos
outros (Sidman, 1995), está presente, também, em sala
de aula, e seus efeitos são desastrosos porque, como
demonstram Zanotto, 2000; Oliveira, 1998; Sidman,
1995 e Skinner, 1990, 1972, a ansiedade e o medo
decorrentes dessa maneira de ensinar constituem-se em
determinantes da evasão e dos comportamentos de
depredação de tudo o que representa a escola.
A freqüente utilização de coerção em sala de
aula deve ser revista. Skinner (1972, 1990) alerta sobre o
perigo de seu uso na educação, tendo em vista que a
coerção leva ao contracontrole por parte do aluno, onde o
“não aprender” parece se constituir numa forma de defesa
contra as “agressões coercitivas” utilizadas pelo professor.
Atualmente, essa abordagem vem sendo amplamente
estudada por analistas do comportamento (Medeiros,
Monteiro & Silva, 1997; Oliveira, 1998; Zanotto, 2000) e,
cada vez mais, têm-se procurado descrever as relações
comportamentais em sala de aula entre professor e
aluno como estratégia para o entendimento de como se
estabelecem alguns dos determinantes do fracasso.
Para buscar compreender quais os motivos que
levam os alunos a continuarem nas escolas ouvindo os
professores, carregando materiais, fazendo lições de casa,
Skinner (1990, 1972), Sidman (1995) e Oliveira (1998)
apóiam-se no uso da coerção como controlador de tais
práticas. Os estímulos aversivos podem proporcionar
força e poder aos professores. Apesar de atualmente
não se fazer mais uso da palmatória para punir
comportamentos indesejáveis na sala de aula, Oliveira
(1998) comenta que os professores usam os próprios
recursos didáticos como punição: “dão aos alunos
tarefas adicionais, livros para ler como castigo por
alguma indisciplina” (p. 13).

Dessa forma, a coerção se tornou uma das
estratégias mais utilizadas em sala de aula, tendo em
vista seus efeitos imediatos. Sidman (1995) define
coerção como “o uso da punição e da ameaça de
punição para conseguir que outros ajam como nós
gostaríamos ou a nossa prática de recompensar pessoas
deixando-as escapar de nossas punições ou ameaças” (p.
17), ou seja, a utilização de contingências de punição e
de reforço negativo (Catania, 1999; Sidman, 1995;
Skinner, 1972). Sidman (1995) chama a atenção sobre a
coerção ter se tornado uma prática comum na tentativa
de controlar o comportamento uns dos outros. Mesmo
que faça com que o sujeito atinja seu objetivo
imediatamente, ela está fadada ao fracasso.
Nesse contesto, o controle aversivo pode
desencadear tentativas de buscar aliviar ou escapar
desses estímulos que causam sofrimento (Skinner, 1990;
Sidman, 1995; Oliveira, 1998). O aluno pode começar a
se atrasar para as aulas, ficar indiferente às explicações,
conversar com colegas, realizar outras atividades no
período de aula, abandonar a escola. São essas formas
de controlar seus professores, o que Skinner (1990)
chamou de contra ataques (ou o que Sidman [1995]
denomina de contracontrole): reações violentas que os
alunos realizam para se defender de medidas severas
adotadas pelo professor (como pode ser percebido nos
telejornais diários), aumentando cada vez mais a
incidência de depredação de escolas, agressões contra
colegas e professores, roubo de materiais fundamentais
para o funcionamento das escolas, entre outros comportamentos “rebeldes”. Dessa forma, os alunos reagem,
também, agredindo verbalmente, ou mesmo fisicamente,
o professor ou a escola, numa tentativa de mostrar toda
sua insatisfação contra aquele meio que o faz sofrer.
Para Oliveira (1998), existe uma razão de
natureza metodológica para evitar a punição e esta está
relacionada aos objetivos educacionais que prevêem
ensinar novos comportamentos no lugar dos
inadequados e não simplesmente a supressão temporária dos comportamentos agressivos (resultantes de
procedimentos de punição). Para a autora, não se ensina
com punição. Sidman (1995) considera, também, que
mesmo que a filosofia da educação ensinada nos cursos
de Pedagogia seja não-coercitiva, a própria prática não
demonstra a utilização dessas técnicas e não ensina ao
aluno (futuro professor) como ensinar sem coagir,
apenas lhes ensina que coerção é ruim.
Diante desse quadro, tendo como foco o
comportamento do aluno, o presente artigo relata os
resultados da pesquisa que analisou a relação professoraluno e os controles (positivos e negativos) utilizados
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
A coerção e suas implicações na relação professor-aluno

em sala de aula com alunos com e sem história de
fracasso escolar.
Método
Sujeitos
Participaram como sujeitos (Ss) dez crianças e
três professores responsáveis pelas classes onde a
pesquisa foi realizada, sendo organizados, em relação às
crianças, dois grupos de cinco Ss: alunos com história de
fracasso escolar (CFE) e alunos sem história de fracasso escolar
(SFE), os quais foram denomi-nados sujeitos-alunos
(Sa). Os alunos foram indicados pelos professores
tendo como critério a presença ou ausência de
repetências e estavam distribuídos em três turmas do
ensino fundamental de uma escola da rede pública – 2a,
3a e 4a séries. As idades das crianças na época da coleta
variavam de oito a doze anos.
Os sujeitos-professores (Sp) foram escolhidos
dentre aqueles pertencentes ao ensino fundamental e
que se disponibilizaram a participar da pesquisa. As três
professoras são do sexo feminino, sendo uma da 2a
série, uma da 3a série e uma da 4a série, todas do

231

período vespertino.
Situação e material
Foram utilizados lápis, borracha, folha de protocolo para registro dos dados das observações e
cronômetro. Havia também uma tabela com o nome
dos sujeitos e uma tabela com o nome das categorias
comportamentais e suas descrições, que ficavam
disponíveis em cima da carteira.
Procedimento Geral
A coleta de dados constituiu-se de três passos.
O primeiro passo compreendeu 10 sessões de observação e relato cursivo, com duração de 10 minutos cada
uma, onde foi observado o desempenho do professor
em relação a um aluno, bem como as respostas do
aluno ao comportamento do professor. Foi observado
um Sa de cada vez. Em seguida a esse procedimento,
iniciou-se o segundo passo, ou seja, a caracterização e
definição das categorias comportamentais. Com base no
registro cursivo e nas descrições de Machado (1984) e
Gil e Duran (1993), foram construídas as seguintes
categorias comportamentais:

Tabela 1 - Categorias comportamentais do professor
ESP –
A professora emite comportamentos que se destinam a enfatizar a boa execução de tarefas e/ou
Estimular comportamentos de alunos (ou grupo de alunos) por meio de enunciações verbais positivas, elogios,
dar atenção prontamente ao aluno, responder imediatamente a uma questão ou dúvida, estimular
positivamente sua participação. Ex: “Muito bom”, “Quem acertou está de parabéns” “Isso, aqui vai
‘s’ porque é plural.”
ADP –
A professora avisa um aluno (ou grupo de alunos) sobre aspectos relacionados à tarefa, chamando a
Advertir
atenção para os mesmos, fala com um aluno (ou grupo de alunos) recriminando energicamente algum
comportamento emitido não relacionado à tarefa, deprecia um aluno (ou grupo de alunos), criticando
aspectos de atividades executadas por este(s), censurando ou fazendo queixas sobre atividades ou
comportamentos exibidos por alunos. Ex: “Cuidado com a letra, hein”, “Eu não vou repetir”,
“Vocês estão fazendo a lição muito feia.”
CSP –
A professora promete algum castigo de forma clara ou sugerida. Ex: “Eu não mandei fazer agora,
Castigar
pode apagar”, “Quem mandou correr? Volta, senta e vem devagar.”

Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
232

Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros

Comportamentos não acadêmicos

Comportamentos acadêmicos

Tabela 2 - Categorias comportamentais do aluno
Categoria
Descrição
O aluno dirige-se à professora perguntando alguma coisa a respeito de atividades que
PIA – Pedir
estão sendo ou serão realizadas, ou como as tarefas devem ser executadas. Ex:
informação
“Professora, tabuada também?”, “Tem que copiar tudo?”
O aluno procura dirigir a atenção da professora para si, dizendo: “Professora,
CPA – Chamar
professora...” ou levantando a mão pedindo espaço para interagir.
professora
CMA – Comentar O aluno conta como executou a atividade proposta pela professora, se já terminou ou
ainda se acertou ou se errou, fala com a professora sobre o que está no quadro-negro,
sobre fatos da classe ou o aluno dá opinião com relação a solicitações feitas, ou a
respeito de atividades. Ex: “Tia, tá faltando um ... (se referindo ao quadro-negro)”,
“Na minha casa eu vi um igual a esse”, “Hoje a senhora poderia dar um problema.”
RSA – Responder O aluno imediatamente após uma pergunta feita a ele pela professora verbaliza uma
resposta diretamente ligada à pergunta. Ex: “Eu sei, eu sei”, “Não, é ...”
CTA – Cumprir
O aluno cumpre atividades dadas pelo professor, tais como: pintar, escrever, colar,
tarefas escolares recortar, utilizando os materiais escolares necessários; ler (em voz alta ou silêncio);
movimentar-se em busca dos objetos escolares (lápis, borracha, caderno, tubo de cola,
tesoura, lápis de cor, giz de cera) necessários para a realização da tarefa e buscá-los na
mesa de outrem; ir ao quadro-negro a mando do professor ou pedir para ir ao quadronegro; escrever no quadro-negro, livro ou caderno; discutir tarefas com colegas
quando tiver atividades em grupos.
FAA – Ficar
O aluno demonstra interesse pelas atividades e conteúdos dados em sala de aula: olhar
atento
para a professora durante as explicações; olhar em direção ao quadro-negro, livro, ou
caderno (sem escrever); ouvir leitura de um colega ou professor; organizar ambiente
para estudo (colocar materiais sobre a mesa, carteira, cadeira); conferir exercícios com
colegas ou professor.
CDA – Distrair-se O aluno demonstra-se distraído durante a apresentação e realização de tarefas: olhar
para lugar indeterminado; assobiar; mexer no material que não seja necessário para a
realização da tarefa; folhear caderno sem buscar algo específico; ler bilhetes ou outros
materiais que não estejam relacionados à atividade executada; chupar dedo; encolherse; bocejar; apoiar-se e debruçar-se sobre a carteira.
RCA – Recusa
O aluno emite algum comportamento que visa esquivar-se de qualquer tarefa ou
ordem a ser cumprida, tais como: sinalizar com a cabeça ou verbalmente que não vai
ao quadro-negro; que não quer realizar determinado exercício; que não vai a outra sala
de aula; que não vai distribuir materiais; deixar de fazer tarefas de casa.
INA – Informar
ICA – Interagir
com o colega

COA – Cumprir
ordem
PAA – Prestar
atenção
AO – Outros
comportamentos

O aluno dá alguma informação, solicitada ou não, sobre algo que não esteja
relacionado com a atividade de sala de aula. Ex.: “É amanhã o jogo do Vasco.”
O aluno emite algum comportamento em busca de resposta do colega, independente
de conseguir ou não: chamar o colega; andar em direção ou aproximar-se do colega;
tocar, responder, perguntar e falar com ele; mostrar suas tarefas e olhar as tarefas dele;
emprestar e pegar material que não seja necessário à execução da tarefa; sorrir para o
colega; passar ou receber bilhete.
O aluno cumpre ordens dadas pelo professor ou por outra pessoa sem relação com a
atividade acadêmica, tais como: sentar-se, pegar e distribuir materiais (como agendas,
provas, textos); pegar ou levar algo para outra sala (direção, supervisão); escovar
dentes; trocar de carteira; virar para frente; aplaudir.
O aluno dirige sua atenção para algo ou alguém estranho à sala, para ouvir recados,
avisos e outros, não relacionados à tarefa executada em sala de aula.
Outros comportamentos emitidos pelos sujeitos não incluídos nas categorias acima
definidas.
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
A coerção e suas implicações na relação professor-aluno

Com base nas categorias elaboradas, realizou-se
o terceiro passo (e o que diz respeito à coleta de dados
propriamente dita): a observação direta por registro de
categorias. As sessões de observação duravam 10
minutos, sendo observado um aluno por vez na relação
com Sp, com intervalos de 5 segundos para observação
e intervalos de 10 segundos para registro dos dados,
totalizando 10 sessões de observação por aluno. Foram
registrados as ações e também os eventos que as antecediam e os eventos que se seguiam. As observações foram
realizadas com foco na ação do aluno, considerando os
comportamentos do professor que antecediam e os
comportamentos de coerção e estimulação positiva do
professor que seguiam as ações dos alunos, o que
permitiu ser possível analisar os eventos que levavam os
professores a emitir comportamentos de coerção em
relação aos comportamentos dos alunos nas condições
CFE e SFE. As sessões de observação contaram com a
participação de um observador auxiliar que possibilitou,
ao final de cada sessão de observação, a realização do
teste de fidedignidade das observações. Somente foram
validadas e utilizadas para a pesquisa as sessões cujo
índice de fidedignidade fosse igual ou superior a 80 por
cento; as observações que não atingiram esse índice
foram descartadas.

233

dos dados obtidos. Os valores do “Teste t” foram
significativos em três relações, a saber: os comportamentos não acadêmicos dos alunos como antecedentes
ao comportamento coercitivo do professor (p<0,034),
cuja média é maior para o grupo CFE; os comportamentos acadêmicos dos alunos como conseqüentes ao
comportamento coercitivo do professor (p<0,046), cuja
media é maior para o grupo SFE; e a categoria
comportamental não acadêmica CDA dos alunos
(p<0,019), cuja média é maior para o grupo CFE.
Os resultados estão apresentados na forma de
ocorrência relativa. Na Figura 1, a ocorrência relativa foi
obtida com base no número total de emissões de uma
determinada categoria registrada, dividido pelo total
dessa categoria, considerando os dois grupos de Sa
(CFE e SFE). Na Figura 2, a ocorrência relativa foi
calculada baseada no número total de emissões de uma
determinada categoria registrada, dividido pelo total
dessa categoria em cada um dos grupos (CFE e SFE)
separadamente. Assim, no eixo das ordenadas, consta
um índice com variação entre 0 e 1 para cada uma das
categorias registradas. A ocorrência relativa referente ao
Sa CFE e SFE foi representada em gráficos para
permitir análises comparativas entre os dois grupos.
Resultados

Ocorrência relativa

Procedimento de tratamento dos dados
Apesar da amostra ser pequena (cinco sujeitos
para cada grupo – CFE e SFE) e de não se utilizar o
desenho estatístico no presente trabalho, os dados
foram analisados por meio do Teste “t” − de Student,
via software, para pequenas amostras, processado pelo
programa LABSTAT, visando verificar a significância

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0

A Figura 1 apresenta os comportamentos
emitidos pelos alunos em sala de aula. Verifica-se a
predominância de comportamentos acadêmicos para o
grupo SFE, com exceção das categorias comentar (CMA)
e responder (RSA), enquanto para o grupo CFE predomina a emissão de comportamentos não acadêmicos.

Acadêmicas

PIA

CPA CMA RSA CTA FAA
Categorias

Não acadêmicas

CDA

RCA

INA

CFE

Figura 1 – Ocorrência relativa das categorias comportamentais dos alunos.
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002

ICA

PAA
SFE
234

Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros

Ocorrência relativa

A ocorrência relativa das categorias acadêmicas
(parte esquerda da Figura 1) de Sa mostra que os alunos
SFE cumprem as tarefas escolares (CTA) com ocorrência de
0,56, maior, portanto, do que a dos alunos CFE (0,44);
ficam atentos às explicações (FAA) do professor com
ocorrência de 0,56 contra 0,44 para os alunos CFE;
pedem informação ao professor (PIA) em 0,62 contra 0,38
para os alunos CFE e chamam o professor (CPA) em 0,68
contra 0,32 para alunos CFE. Em relação aos
comportamentos do grupo CFE, a ocorrência relativa
da categoria comentar (CMA) é da ordem de 0,60 contra
0,40 para alunos SFE. Por sua vez, a ocorrência de
responder ao professor (RSA) é muito próxima para ambos
os grupos (0,52 para CFE e 0,48 para SFE).
Dentre os comportamentos não acadêmicos,
apresentados na parte direita da Figura 1, com predominância para o grupo CFE, verifica-se uma ocorrência
relativa de 0,61 para os comportamentos de distração
(CDA), contra 0,39 para os alunos do grupo SFE. A
ocorrência relativa de comportamentos de interação com
colegas (ICA), com 0,64 do índice, é maior para os alunos
CFE do que para alunos SFE, com índice de 0,36.
Igualmente, a ocorrência de recusa às atividades (RCA) é
da ordem de 0,60 para o grupo CFE contra 0,40 para os
alunos do grupo SFE. No que se refere às atividades de
informar algo não relacionado com a atividade (INA), a
ocorrência dos alunos CFE é da ordem de 0,67 contra
0,33 para alunos SFE. A ocorrência relativa do
comportamento de prestar atenção a algo não relacionado
à tarefa (PAA) é da ordem de 0,64 para o grupo CFE
contra 0,36 para o grupo SFE. A categoria cumprir ordens
(COA) teve apenas uma ocorrência no grupo CFE e
outros comportamentos (OA) não tiveram nenhuma
ocorrência, por isso não estão presentes no gráfico.
Os dados apresentados na Figura 2 são relativos

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0

às categorias comportamentais dos alunos que sofreram
positivamente (parte direita da Figura) pelo professor,
em que a ação do aluno é o foco de observação e o
comportamento do professor corresponde aos estímulos
reforçadores ou punidores desses comportamentos.
Pode ser visto nessa Figura que o professor
utiliza com mais freqüência coerção com alunos CFE
do que com alunos SFE e estimula positivamente mais
os comportamentos dos alunos SFE do que alunos
CFE. A categoria acadêmica comentar (CMA) e a não
acadêmica distrair-se (CDA) do grupo CFE são as mais
punidas, com ocorrência relativa de 0,75 contra 0,25
para as mesmas categorias do grupo SFE. Para a
categoria não acadêmica de interação com o colega (ICA), a
ocorrência de ambos os grupos é da ordem de 0,50. Nas
categorias acadêmicas cumprir tarefas escolares (CTA) e ficar
atento às tarefas executadas (FAA), o professor utilizou
coerção em 4 ocorrências com grupo CFE e nenhuma
com o grupo SFE. Por se constituírem em valores
reduzidos, os índices não estão apresentados na Figura.
Na categoria acadêmica pedir informação ao professor
(PIA) ocorreu um episódio coercitivo com o grupo SFE
e nenhum com o grupo CFE; na categoria acadêmica,
responder à solicitação do professor (RSA), foram duas
ocorrências com o grupo CFE e nenhuma com o grupo
SFE; na categoria não acadêmica informar algo não
relativo à atividade de sala de aula (INA) houve uma
ocorrência de coerção com o grupo CFE e nenhuma
com o grupo SFE. Na categoria acadêmica chamar o
professor (CPA) e nas categorias não acadêmicas recusar-se
a executar uma atividade designada pelo professor
(RCA), cumprir ordem dada pelo professor (COA), prestar
atenção a pessoas extraclasse (PAA) e outros comportamentos
(OA) não aparecem incidentes coercitivos relativos à
prática do professor.

Coerção

CMA

CDA

Estimulação positiva

ICA
PIA
CPA
Categorias dos alunos

CMA

RSA
CFE

FAA
SFE

Figura 2 – Ocorrência relativa de categorias dos comportamentos dos alunos que
são seguidas pela ação de coerção e de estimulação positiva do professor.
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
A coerção e suas implicações na relação professor-aluno

Na parte direita da Figura 2, verifica-se que o
professor estimulou positivamente mais os comportamentos acadêmicos de pedir informação (PIA) e responder
(RSA) dos alunos SFE, com ocorrência relativa de 0,80
e 0,67, respectivamente, enquanto para o grupo CFE
esses índices são da ordem de 0,20 e 0,33, respectivamente. A categoria acadêmica de ficar atento (FAA) é
mais estimulada positivamente no grupo CFE, com
ocorrência relativa de 0,75, enquanto, para o grupo
SFE, esse valor é da ordem de 0,25. As categorias
acadêmicas chamar o professor (CPA) e comentar (CMA)
ocorrem com valores idênticos de estimulação positiva
para ambos os grupos, com ocorrência de 0,50 para as
duas categorias. Na categoria acadêmica cumprir tarefas
escolares (CTA), houve três ocorrências de estimulação
positiva para o grupo SFE e nenhuma para o grupo
CFE, não sendo possível estabelecer comparação. As
categorias não acadêmicas de distrair-se (CDA), recusar-se
a executar uma atividade designada pelo professor
(RCA), informar sobre algo não relativo à atividade de
sala de aula (INA), interagir com o colega (ICA), cumprir ordem
dada pelo professor (COA), prestar atenção a pessoas extraclasse (PAA) e outros comportamentos (OA) não foram
estimuladas positivamente nos períodos de observação.
Conclusão
Os dados desta pesquisa revelam que alunos
com história de fracasso escolar (CFE) e alunos sem
esse histórico (SFE) comportam-se diferentemente em
sala de aula. Do mesmo modo, os professores utilizam
coerção e estimulação positiva diferentemente com
ambos os grupos, punindo mais os comportamentos
dos alunos CFE e reforçando positivamente mais os
comportamentos dos alunos SFE.
Nota-se que há uma diferença significativa
quanto a comportamentos acadêmicos e não acadêmicos para cada grupo. Os alunos SFE concentram-se
mais do que os alunos CFE, no cumprimento das
atividades relacionadas às tarefas a serem executadas, o
que deve ocorrer porque são mais solicitados a
participar das atividades propostas em sala de aula.
Mesmo assim, dentre os comportamentos acadêmicos,
os alunos CFE comentam mais sobre atividades de sala
de aula (CMA) do que os alunos SFE. Essa diferença
poderia ser explicada porque esses alunos têm,
provavelmente, maior dificuldade de compreender as
explicações do professor, o que estaria propiciando uma
freqüência mais alta de comentários. Em relação aos
comportamentos não acadêmicos, esses aparecem com
maior freqüência no grupo CFE, em contrapartida aos
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002

235

comportamentos acadêmicos que, em sua maioria, são
emitidos pelo grupo SFE. A diferença, em termos de
freqüência de participação, de cada um dos grupos de
sujeitos com as questões relacionadas às atividades em
sala de aula, indica que os alunos SFE são mais ativos e
participam mais das atividades acadêmicas, enquanto os
alunos CFE emitem com maior freqüência
comportamentos não relacionados às atividades de sala
de aula. O índice mais elevado de distração e de busca
de interação com o colega, por parte dos alunos CFE,
pode estar demonstrando falta de interesse nas tarefas e
até fuga da sala de aula, discutida por Skinner (1972),
Sidman (1995) e Oliveira (1998). Para esses autores,
quando o controle aversivo é utilizado na escola, o aluno
pode buscar uma forma de escapar desse controle.
Dentre essas formas de fuga, podem ser considerados o
atraso para as aulas, o ficar indiferente às explicações, as
conversas com colegas, a realização de outras ações no
período de aula e até o abandono da escola. A recusa
em participar das atividades solicitadas pelo professor
por parte dos alunos CFE indica a não-participação das
atividades em sala de aula por falta de motivação e de
interesse, uma vez que o professor propicia-lhes menor
quantidade de reforçamento positivo ou estimulação.
A coerção foi utilizada, com índices mais
elevados, com os alunos CFE para punir tanto os comportamentos não acadêmicos como distração (CDA),
interação com o colega (ICA), quanto os acadêmicos de
fazer comentários referentes às atividades acadêmicas
(CMA) dos alunos. Essa última categoria acadêmica foi
uma das categorias acadêmicas mais empregadas pelo
grupo de alunos CFE. Ou seja, os alunos CFE emitem
menos comportamentos acadêmicos e, ainda, são
punidos. A única categoria comportamental do grupo
SFE que recebe punição proporcional ao grupo CFE é
interação com o colega (ICA), categoria não acadêmica.
Em relação a esse aspecto, Leite (1988), ao apresentar
explicações para as causas do fracasso escolar, afirma
que a exigência feita pelos professores aos alunos é
distinta e está relacionada com a expectativa do
professor em relação ao desempenho do aluno. Assim,
o professor pode estimular positivamente mais as ações
dos alunos aos quais credita a possibilidade de terem
um rendimento melhor e, contrariamente, estimular
menos aqueles alunos que já possuem um histórico de
reprovação. Desse modo, por causa da expectativa
menor, o interesse do professor nas ações do grupo
CFE pode diminuir, levando o professor a estimular
positivamente menos esse grupo de alunos. Assim,
critérios distintos de avaliação, indicados por Resende
(2000), podem estar contribuindo para o uso de práticas
236

Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros

discriminatórias pelo professor em sala de aula e, com
isso, propiciando, ainda mais, o desenvolvimento do
fracasso escolar dos alunos que já apresentam esse
histórico. E a história de fracasso escolar, já existente,
pode ser fortalecida ainda mais no âmbito escolar por
meio de notas; ou no âmbito social, mediante atividades
realizadas por esses alunos e com esses alunos.
Do mesmo modo que a freqüência de
comportamentos não acadêmicos é mais alta para os
alunos CFE, nota-se que os professores reforçam
menos os comportamentos acadêmicos desse grupo de
alunos. O grupo de alunos SFE recebe, por sua vez,
mais reforçamento positivo ou estimulação para os
comportamentos acadêmicos, o que deve contribuir
para sua maior participação em sala de aula. O fato de o
grupo CFE receber menos estimulação positiva que o
grupo SFE pode ser explicado em razão dos mesmos
emitirem mais comportamentos não acadêmicos do que
os alunos SFE, como estar mais distraídos, conversar
mais com os colegas e participar menos das atividades
acadêmicas; dessa maneira, proporcionam ao professor
menos oportunidades de incentivo das atividades acadêmicas ou, pelo contrário, por serem menos estimulados
a participar, apresentam maior índice de comportamentos não acadêmicos, ou ainda, os comportamentos
não acadêmicos podem estar ocorrendo pela utilização
inadequada da coerção por parte do professor,
demonstrada pelos índices de que foi utilizada tanto
para comportamento não acadêmico quanto para
comportamento acadêmico.
A utilização incorreta da punição por parte do
professor pode levar, como discute Skinner (1972), ao
fortalecimento do comportamento indesejado. Quando
o professor utiliza a coerção indiscriminadamente, isto
é, tanto para punir comportamentos acadêmicos quanto
para não acadêmicos, o aluno não identifica qual de
seus comportamentos é o indesejado. Dessa forma, a
utilização da coerção pode estar produzindo fuga ou
esquiva, conforme indica Sidman (1995) e comentam
Oliveira (1998) e Skinner (1972), demonstrada pelos
comportamentos não acadêmicos dos alunos que mais
recebem coerção. Catania (1999) considera que a fuga
ocorre como decorrência da suspensão dos efeitos da
coerção. Já, na esquiva, o estímulo aversivo não está
presente, com o organismo se comportando para evitar
o seu aparecimento, ou seja, se comporta preventivamente em relação aos efeitos aversivos. O autor descreve
o uso cotidiano dos termos afirmando que “fugimos de
circunstâncias aversivas presentes, mas nos esquivamos
de circunstâncias potencialmente aversivas que ainda
não ocorreram” (Catania, 1999, p. 117). Sidman (1995)

comenta que o ser humano (e outros animais) busca
formas de se desligar dos efeitos do reforçamento
negativo e punição (ou coerção), estando, dentre essas
formas apresentadas, o desligamento e a desistência da
escola, no caso da relação ocorrer em sala de aula. Por
desligamento, o autor comenta que o aluno finge que
não escuta o que o professor diz, e distrai-se fazendo
outras coisas, mas quando a coerção aumenta, o
desligamento já não basta e ocorre, então, a desistência
– começa com o aluno indo vagarosamente para a
escola, atrasando-se, criando doenças fictícias, faltando
às aulas e, finalmente, não aparecendo mais na escola.
Os comportamentos não acadêmicos dos alunos CFE
podem bem ilustrar essa questão. Dessa forma, pode-se
dizer que os comporta-mentos não acadêmicos dos
alunos CFE podem estar servindo, de algum modo,
para a fuga das contingências aversivas impostas pelos
professores. Assim, também, quando o professor usa
coerção indiscriminadamente e repetidas vezes com os
alunos CFE, pode-se pensar que a pouca participação
desse grupo nas atividades acadêmicas pode ser uma
forma de evitar expor-se aos estímulos aversivos.
As decorrências da utilização de coerção em
sala de aula contradizem os objetivos escolares de
formar cidadãos críticos e livres. Nunes (1990) aponta
para um fator importante e pouco considerado na
relação educacional de que os alunos com história de
fracasso escolar apresentam baixa auto-estima e sentimentos de impotência e incapacidade, levando a criança
ao que a autora chamou de desamparo adquirido e à
depressão. Andery & Sério (1997) ressaltam essa idéia
descrevendo as implicações do controle aversivo,
resultando na formação de sujeitos passivos, quietos e
que temem o ambiente que lhes é hostil. Dessa forma,
alunos que são mais punidos e menos reforçados
sentem-se aflitos e inseguros em participar das
atividades acadêmicas propostas pelos professores, o
que explicaria os altos índices de comportamentos não
acadêmicos do grupo CFE que, por medo ou
insegurança, não participam das atividades acadêmicas.
Os dados do trabalho demonstram a complexidade do fracasso escolar que interfere prejudicialmente
no desenvolvimento acadêmico do aluno. O que se
verificou foi que há um (pré) conceito dos professores
em relação a determinados alunos e isso os leva a se
comportarem de modo diferente em relação aos que
apresentam história de fracasso escolar e àqueles que
são considerados alunos bons ou regulares e que nunca
foram reprovados. O fato é que o professor, como
personagem central nessas relações, estimula o fracasso,
mediante práticas coercitivas com o grupo de alunos
Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
A coerção e suas implicações na relação professor-aluno

que mais necessitaria de apoio e reconhecimento.
Práticas que perpassam pelas relações pedagógicas
professor-aluno, pela disposição física das carteiras dos
alunos na sala de aula, pelas diferenças no trato de
alunos com condições socioeconômicas diversas
delineiam uma realidade enraizada no meio educacional
e que precisa ser analisada e discutida com mais
interesse pelos profissionais da educação.
Mais uma vez se evidencia a necessidade de se
reestruturar a formação de professores para que tenham
condições de identificar e lidar com seus próprios
preconceitos, de observar e avaliar suas próprias ações e
corrigir seu desempenho. Para isso, o professor precisa
ter clareza dos assuntos e comportamentos que tenham
significado para o aluno; precisa utilizar a avaliação
como um instrumento de aprendizagem e não de
coerção e, principalmente, precisa ser capaz de investir
sua habilidade e seu conhecimento para produzir
condições para o aluno aprender comportamentos de
valor, na certeza de que as implicações das atividades
coercitivas interferem na formação dos sujeitos/
cidadãos brasileiros.
Referências
Andery, M. A. & Sério, T. M. A. P. (1997). A violência
urbana: aplica-se a análise da coerção? Em: Banaco,
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teóricos, metodológicos e de formação em análise do
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Documento não publicado.

237

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Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002

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contribuição da análise do comportamento. São Paulo, SP:
EDUC.
238

Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros

Recebido em 26/04/2002
Revisado em 25/08/2002
Aceito em 21/10/2002

Sobre os autores:
Juliane Viecili é graduada em Psicologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões em
1998, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2002. Atualmente leciona no curso de
Psicologia da Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC. Atuação e pesquisa em Psicologia da
aprendizagem.
José Gonçalves Medeiros é orientador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC, bolsista do CNPq
e consultor científico de Estudos de Psicologia (Natal) e Interação (Curitiba), além de editor da Revista de Ciências
Humanas da UFSC. Faz parte, como líder, do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil.

Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002

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Teacher-Student Interaction and Coercion in the Classroom

  • 1. APsico-USF, v. implicações 229-238, Jul./Dez. 2002 coerção e suas 7, n. 2, p. na relação professor-aluno 229 A coerção e suas implicações na relação professor-aluno1, 2 Juliane Viecili3 José Gonçalves Medeiros Resumo Este artigo tem como objetivo examinar os comportamentos de aluno com história de fracasso escolar (CFE) e alunos sem história de fracasso escolar (SFE) e os comportamentos de coerção e estimulação positiva dos professores em relação a cada grupo de alunos. Dez crianças, com idade entre 8 e 12 anos, freqüentadoras do ensino fundamental de uma escola pública, participaram do estudo, juntamente com três professores. O procedimento de coleta de dados utilizado foi a observação direta dos comportamentos em sala de aula, com registro de categorias por intervalo de tempo com aluno como foco da observação. Os resultados indicam a utilização diferenciada de coerção com alunos CFE e de estimulação positiva com alunos SFE. Discute-se o uso diferenciado de contingências coercitivas e reforçadoras em relação aos alunos CFE e SFE e seus efeitos nos comportamentos acadêmicos e não-acadêmicos de ambos os grupos de alunos. Palavras-chave: Fracasso escolar; Coerção em sala de aula; Interação professor-aluno. The coercion and its fallout in the relationship between teacher and student Abstract This paper intends to examine the behavior of students with histories of school failure (WSF) and students without histories of school failure (WTSF) and the coercive and reinforcing behavior of teacher in relation with each group of students. Ten children, ranging 8 to 12 years old, attending a public elementary school, and tree teachers, were the participants of the study. The data was collected through the direct observation of behavior inside the classroom, with report of categories per time interval and the student was the observation focus. The results showed the use of differentiated coercion with WSF, and the positive stimulation with WTSF. The differentiated use of coercive and reinforcing contingencies with both WSF and WTSF students, and its effects in the academic and non-academic behaviors of both groups of students are discussed. Keywords: School failure; Coercion in the classroom; Interaction teacher-student. Introdução A literatura tem demonstrado uma constante, porém antiga preocupação, em compreender o fracasso escolar que continua com índices altos (INEP, 1999; Lopes, 1997 & Patto, 1993), apesar das décadas de esforço no sentido de reverter tal realidade. Os estudos sobre o assunto indicam caminhos diferentes na compreensão do fenômeno. Analisar o fracasso escolar na perspectiva de uma análise de contingências permite compreender com mais transparência o papel dos principais agentes da educação – o professor e o aluno. Autores de tradição comportamentalista analisam o professor como responsável por proporcionar condições de ensino ao aluno. Keller (1983a, 1983b, 1996); Botomé (1987, 1998); Oliveira (1998) e Kubo & Botomé (2001) consideram a necessidade de o professor desenvolver um programa de ensino que acompanhe a aprendizagem do aluno, respeitando o seu ritmo e a sua capacidade. Segundo Oliveira (1998), esse modo de conduzir o processo de ensino contribui para o estabelecimento de condições favoráveis à interação professor-aluno. Os objetivos educacionais têm, muitas vezes, sido confundidos com regras e normas a serem seguidas. Botomé (1987) descreve que o objetivo das instituições de ensino “é (ou pelo menos deveria ser) fazer com que as pessoas estejam aptas a lidar com a realidade em que vivem (e com que se defrontam) de maneira a transformá-la em uma direção significativa” (Botomé, 1987, p. 9). Para o Agradecimentos à CAPES pelo financiamento parcial da pesquisa. O presente artigo é parte da dissertação de mestrado da primeira autora, orientada pelo segundo, e defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em fevereiro de 2002. 3 Endereço para correspondência: Estrada do Bom Jesus, 628 − Vargem do Bom Jesus − Florianópolis-SC − 88058-020 E-mail: jviecili@hotmail.com e medeiros@mbox1.ufsc.br Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002 1 2
  • 2. 230 Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros autor, são as aptidões ensinadas ou desenvolvidas por meio do ensino que mudarão a realidade do país. Mas, para isso, é necessário que os objetivos de ensino sejam estabelecidos e conduzidos tendo em vista preparar a população para lidar com a sua realidade a fim de produzir o que seja significativo para a vida dessa população (Botomé, 1987). Infelizmente o que acontece são os educadores cumprirem, a qualquer custo, os planos de ensino, reproduzindo ou seguindo modismos derivados de propostas educacionais (por exemplo, as propostas de Piaget, Vigotsky, Freire, Skinner, entre outros), não levando em consideração as necessidades dos alunos e do meio no qual estão inseridos, desempenhando muito mais um papel reprodutivista do que propriamente o de um educador, fugindo, dessa maneira, da sua responsabilidade de educar. A coerção, um instrumento comum usado em nossa sociedade para persuadir o comportamento dos outros (Sidman, 1995), está presente, também, em sala de aula, e seus efeitos são desastrosos porque, como demonstram Zanotto, 2000; Oliveira, 1998; Sidman, 1995 e Skinner, 1990, 1972, a ansiedade e o medo decorrentes dessa maneira de ensinar constituem-se em determinantes da evasão e dos comportamentos de depredação de tudo o que representa a escola. A freqüente utilização de coerção em sala de aula deve ser revista. Skinner (1972, 1990) alerta sobre o perigo de seu uso na educação, tendo em vista que a coerção leva ao contracontrole por parte do aluno, onde o “não aprender” parece se constituir numa forma de defesa contra as “agressões coercitivas” utilizadas pelo professor. Atualmente, essa abordagem vem sendo amplamente estudada por analistas do comportamento (Medeiros, Monteiro & Silva, 1997; Oliveira, 1998; Zanotto, 2000) e, cada vez mais, têm-se procurado descrever as relações comportamentais em sala de aula entre professor e aluno como estratégia para o entendimento de como se estabelecem alguns dos determinantes do fracasso. Para buscar compreender quais os motivos que levam os alunos a continuarem nas escolas ouvindo os professores, carregando materiais, fazendo lições de casa, Skinner (1990, 1972), Sidman (1995) e Oliveira (1998) apóiam-se no uso da coerção como controlador de tais práticas. Os estímulos aversivos podem proporcionar força e poder aos professores. Apesar de atualmente não se fazer mais uso da palmatória para punir comportamentos indesejáveis na sala de aula, Oliveira (1998) comenta que os professores usam os próprios recursos didáticos como punição: “dão aos alunos tarefas adicionais, livros para ler como castigo por alguma indisciplina” (p. 13). Dessa forma, a coerção se tornou uma das estratégias mais utilizadas em sala de aula, tendo em vista seus efeitos imediatos. Sidman (1995) define coerção como “o uso da punição e da ameaça de punição para conseguir que outros ajam como nós gostaríamos ou a nossa prática de recompensar pessoas deixando-as escapar de nossas punições ou ameaças” (p. 17), ou seja, a utilização de contingências de punição e de reforço negativo (Catania, 1999; Sidman, 1995; Skinner, 1972). Sidman (1995) chama a atenção sobre a coerção ter se tornado uma prática comum na tentativa de controlar o comportamento uns dos outros. Mesmo que faça com que o sujeito atinja seu objetivo imediatamente, ela está fadada ao fracasso. Nesse contesto, o controle aversivo pode desencadear tentativas de buscar aliviar ou escapar desses estímulos que causam sofrimento (Skinner, 1990; Sidman, 1995; Oliveira, 1998). O aluno pode começar a se atrasar para as aulas, ficar indiferente às explicações, conversar com colegas, realizar outras atividades no período de aula, abandonar a escola. São essas formas de controlar seus professores, o que Skinner (1990) chamou de contra ataques (ou o que Sidman [1995] denomina de contracontrole): reações violentas que os alunos realizam para se defender de medidas severas adotadas pelo professor (como pode ser percebido nos telejornais diários), aumentando cada vez mais a incidência de depredação de escolas, agressões contra colegas e professores, roubo de materiais fundamentais para o funcionamento das escolas, entre outros comportamentos “rebeldes”. Dessa forma, os alunos reagem, também, agredindo verbalmente, ou mesmo fisicamente, o professor ou a escola, numa tentativa de mostrar toda sua insatisfação contra aquele meio que o faz sofrer. Para Oliveira (1998), existe uma razão de natureza metodológica para evitar a punição e esta está relacionada aos objetivos educacionais que prevêem ensinar novos comportamentos no lugar dos inadequados e não simplesmente a supressão temporária dos comportamentos agressivos (resultantes de procedimentos de punição). Para a autora, não se ensina com punição. Sidman (1995) considera, também, que mesmo que a filosofia da educação ensinada nos cursos de Pedagogia seja não-coercitiva, a própria prática não demonstra a utilização dessas técnicas e não ensina ao aluno (futuro professor) como ensinar sem coagir, apenas lhes ensina que coerção é ruim. Diante desse quadro, tendo como foco o comportamento do aluno, o presente artigo relata os resultados da pesquisa que analisou a relação professoraluno e os controles (positivos e negativos) utilizados Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
  • 3. A coerção e suas implicações na relação professor-aluno em sala de aula com alunos com e sem história de fracasso escolar. Método Sujeitos Participaram como sujeitos (Ss) dez crianças e três professores responsáveis pelas classes onde a pesquisa foi realizada, sendo organizados, em relação às crianças, dois grupos de cinco Ss: alunos com história de fracasso escolar (CFE) e alunos sem história de fracasso escolar (SFE), os quais foram denomi-nados sujeitos-alunos (Sa). Os alunos foram indicados pelos professores tendo como critério a presença ou ausência de repetências e estavam distribuídos em três turmas do ensino fundamental de uma escola da rede pública – 2a, 3a e 4a séries. As idades das crianças na época da coleta variavam de oito a doze anos. Os sujeitos-professores (Sp) foram escolhidos dentre aqueles pertencentes ao ensino fundamental e que se disponibilizaram a participar da pesquisa. As três professoras são do sexo feminino, sendo uma da 2a série, uma da 3a série e uma da 4a série, todas do 231 período vespertino. Situação e material Foram utilizados lápis, borracha, folha de protocolo para registro dos dados das observações e cronômetro. Havia também uma tabela com o nome dos sujeitos e uma tabela com o nome das categorias comportamentais e suas descrições, que ficavam disponíveis em cima da carteira. Procedimento Geral A coleta de dados constituiu-se de três passos. O primeiro passo compreendeu 10 sessões de observação e relato cursivo, com duração de 10 minutos cada uma, onde foi observado o desempenho do professor em relação a um aluno, bem como as respostas do aluno ao comportamento do professor. Foi observado um Sa de cada vez. Em seguida a esse procedimento, iniciou-se o segundo passo, ou seja, a caracterização e definição das categorias comportamentais. Com base no registro cursivo e nas descrições de Machado (1984) e Gil e Duran (1993), foram construídas as seguintes categorias comportamentais: Tabela 1 - Categorias comportamentais do professor ESP – A professora emite comportamentos que se destinam a enfatizar a boa execução de tarefas e/ou Estimular comportamentos de alunos (ou grupo de alunos) por meio de enunciações verbais positivas, elogios, dar atenção prontamente ao aluno, responder imediatamente a uma questão ou dúvida, estimular positivamente sua participação. Ex: “Muito bom”, “Quem acertou está de parabéns” “Isso, aqui vai ‘s’ porque é plural.” ADP – A professora avisa um aluno (ou grupo de alunos) sobre aspectos relacionados à tarefa, chamando a Advertir atenção para os mesmos, fala com um aluno (ou grupo de alunos) recriminando energicamente algum comportamento emitido não relacionado à tarefa, deprecia um aluno (ou grupo de alunos), criticando aspectos de atividades executadas por este(s), censurando ou fazendo queixas sobre atividades ou comportamentos exibidos por alunos. Ex: “Cuidado com a letra, hein”, “Eu não vou repetir”, “Vocês estão fazendo a lição muito feia.” CSP – A professora promete algum castigo de forma clara ou sugerida. Ex: “Eu não mandei fazer agora, Castigar pode apagar”, “Quem mandou correr? Volta, senta e vem devagar.” Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
  • 4. 232 Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros Comportamentos não acadêmicos Comportamentos acadêmicos Tabela 2 - Categorias comportamentais do aluno Categoria Descrição O aluno dirige-se à professora perguntando alguma coisa a respeito de atividades que PIA – Pedir estão sendo ou serão realizadas, ou como as tarefas devem ser executadas. Ex: informação “Professora, tabuada também?”, “Tem que copiar tudo?” O aluno procura dirigir a atenção da professora para si, dizendo: “Professora, CPA – Chamar professora...” ou levantando a mão pedindo espaço para interagir. professora CMA – Comentar O aluno conta como executou a atividade proposta pela professora, se já terminou ou ainda se acertou ou se errou, fala com a professora sobre o que está no quadro-negro, sobre fatos da classe ou o aluno dá opinião com relação a solicitações feitas, ou a respeito de atividades. Ex: “Tia, tá faltando um ... (se referindo ao quadro-negro)”, “Na minha casa eu vi um igual a esse”, “Hoje a senhora poderia dar um problema.” RSA – Responder O aluno imediatamente após uma pergunta feita a ele pela professora verbaliza uma resposta diretamente ligada à pergunta. Ex: “Eu sei, eu sei”, “Não, é ...” CTA – Cumprir O aluno cumpre atividades dadas pelo professor, tais como: pintar, escrever, colar, tarefas escolares recortar, utilizando os materiais escolares necessários; ler (em voz alta ou silêncio); movimentar-se em busca dos objetos escolares (lápis, borracha, caderno, tubo de cola, tesoura, lápis de cor, giz de cera) necessários para a realização da tarefa e buscá-los na mesa de outrem; ir ao quadro-negro a mando do professor ou pedir para ir ao quadronegro; escrever no quadro-negro, livro ou caderno; discutir tarefas com colegas quando tiver atividades em grupos. FAA – Ficar O aluno demonstra interesse pelas atividades e conteúdos dados em sala de aula: olhar atento para a professora durante as explicações; olhar em direção ao quadro-negro, livro, ou caderno (sem escrever); ouvir leitura de um colega ou professor; organizar ambiente para estudo (colocar materiais sobre a mesa, carteira, cadeira); conferir exercícios com colegas ou professor. CDA – Distrair-se O aluno demonstra-se distraído durante a apresentação e realização de tarefas: olhar para lugar indeterminado; assobiar; mexer no material que não seja necessário para a realização da tarefa; folhear caderno sem buscar algo específico; ler bilhetes ou outros materiais que não estejam relacionados à atividade executada; chupar dedo; encolherse; bocejar; apoiar-se e debruçar-se sobre a carteira. RCA – Recusa O aluno emite algum comportamento que visa esquivar-se de qualquer tarefa ou ordem a ser cumprida, tais como: sinalizar com a cabeça ou verbalmente que não vai ao quadro-negro; que não quer realizar determinado exercício; que não vai a outra sala de aula; que não vai distribuir materiais; deixar de fazer tarefas de casa. INA – Informar ICA – Interagir com o colega COA – Cumprir ordem PAA – Prestar atenção AO – Outros comportamentos O aluno dá alguma informação, solicitada ou não, sobre algo que não esteja relacionado com a atividade de sala de aula. Ex.: “É amanhã o jogo do Vasco.” O aluno emite algum comportamento em busca de resposta do colega, independente de conseguir ou não: chamar o colega; andar em direção ou aproximar-se do colega; tocar, responder, perguntar e falar com ele; mostrar suas tarefas e olhar as tarefas dele; emprestar e pegar material que não seja necessário à execução da tarefa; sorrir para o colega; passar ou receber bilhete. O aluno cumpre ordens dadas pelo professor ou por outra pessoa sem relação com a atividade acadêmica, tais como: sentar-se, pegar e distribuir materiais (como agendas, provas, textos); pegar ou levar algo para outra sala (direção, supervisão); escovar dentes; trocar de carteira; virar para frente; aplaudir. O aluno dirige sua atenção para algo ou alguém estranho à sala, para ouvir recados, avisos e outros, não relacionados à tarefa executada em sala de aula. Outros comportamentos emitidos pelos sujeitos não incluídos nas categorias acima definidas. Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
  • 5. A coerção e suas implicações na relação professor-aluno Com base nas categorias elaboradas, realizou-se o terceiro passo (e o que diz respeito à coleta de dados propriamente dita): a observação direta por registro de categorias. As sessões de observação duravam 10 minutos, sendo observado um aluno por vez na relação com Sp, com intervalos de 5 segundos para observação e intervalos de 10 segundos para registro dos dados, totalizando 10 sessões de observação por aluno. Foram registrados as ações e também os eventos que as antecediam e os eventos que se seguiam. As observações foram realizadas com foco na ação do aluno, considerando os comportamentos do professor que antecediam e os comportamentos de coerção e estimulação positiva do professor que seguiam as ações dos alunos, o que permitiu ser possível analisar os eventos que levavam os professores a emitir comportamentos de coerção em relação aos comportamentos dos alunos nas condições CFE e SFE. As sessões de observação contaram com a participação de um observador auxiliar que possibilitou, ao final de cada sessão de observação, a realização do teste de fidedignidade das observações. Somente foram validadas e utilizadas para a pesquisa as sessões cujo índice de fidedignidade fosse igual ou superior a 80 por cento; as observações que não atingiram esse índice foram descartadas. 233 dos dados obtidos. Os valores do “Teste t” foram significativos em três relações, a saber: os comportamentos não acadêmicos dos alunos como antecedentes ao comportamento coercitivo do professor (p<0,034), cuja média é maior para o grupo CFE; os comportamentos acadêmicos dos alunos como conseqüentes ao comportamento coercitivo do professor (p<0,046), cuja media é maior para o grupo SFE; e a categoria comportamental não acadêmica CDA dos alunos (p<0,019), cuja média é maior para o grupo CFE. Os resultados estão apresentados na forma de ocorrência relativa. Na Figura 1, a ocorrência relativa foi obtida com base no número total de emissões de uma determinada categoria registrada, dividido pelo total dessa categoria, considerando os dois grupos de Sa (CFE e SFE). Na Figura 2, a ocorrência relativa foi calculada baseada no número total de emissões de uma determinada categoria registrada, dividido pelo total dessa categoria em cada um dos grupos (CFE e SFE) separadamente. Assim, no eixo das ordenadas, consta um índice com variação entre 0 e 1 para cada uma das categorias registradas. A ocorrência relativa referente ao Sa CFE e SFE foi representada em gráficos para permitir análises comparativas entre os dois grupos. Resultados Ocorrência relativa Procedimento de tratamento dos dados Apesar da amostra ser pequena (cinco sujeitos para cada grupo – CFE e SFE) e de não se utilizar o desenho estatístico no presente trabalho, os dados foram analisados por meio do Teste “t” − de Student, via software, para pequenas amostras, processado pelo programa LABSTAT, visando verificar a significância 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 A Figura 1 apresenta os comportamentos emitidos pelos alunos em sala de aula. Verifica-se a predominância de comportamentos acadêmicos para o grupo SFE, com exceção das categorias comentar (CMA) e responder (RSA), enquanto para o grupo CFE predomina a emissão de comportamentos não acadêmicos. Acadêmicas PIA CPA CMA RSA CTA FAA Categorias Não acadêmicas CDA RCA INA CFE Figura 1 – Ocorrência relativa das categorias comportamentais dos alunos. Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002 ICA PAA SFE
  • 6. 234 Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros Ocorrência relativa A ocorrência relativa das categorias acadêmicas (parte esquerda da Figura 1) de Sa mostra que os alunos SFE cumprem as tarefas escolares (CTA) com ocorrência de 0,56, maior, portanto, do que a dos alunos CFE (0,44); ficam atentos às explicações (FAA) do professor com ocorrência de 0,56 contra 0,44 para os alunos CFE; pedem informação ao professor (PIA) em 0,62 contra 0,38 para os alunos CFE e chamam o professor (CPA) em 0,68 contra 0,32 para alunos CFE. Em relação aos comportamentos do grupo CFE, a ocorrência relativa da categoria comentar (CMA) é da ordem de 0,60 contra 0,40 para alunos SFE. Por sua vez, a ocorrência de responder ao professor (RSA) é muito próxima para ambos os grupos (0,52 para CFE e 0,48 para SFE). Dentre os comportamentos não acadêmicos, apresentados na parte direita da Figura 1, com predominância para o grupo CFE, verifica-se uma ocorrência relativa de 0,61 para os comportamentos de distração (CDA), contra 0,39 para os alunos do grupo SFE. A ocorrência relativa de comportamentos de interação com colegas (ICA), com 0,64 do índice, é maior para os alunos CFE do que para alunos SFE, com índice de 0,36. Igualmente, a ocorrência de recusa às atividades (RCA) é da ordem de 0,60 para o grupo CFE contra 0,40 para os alunos do grupo SFE. No que se refere às atividades de informar algo não relacionado com a atividade (INA), a ocorrência dos alunos CFE é da ordem de 0,67 contra 0,33 para alunos SFE. A ocorrência relativa do comportamento de prestar atenção a algo não relacionado à tarefa (PAA) é da ordem de 0,64 para o grupo CFE contra 0,36 para o grupo SFE. A categoria cumprir ordens (COA) teve apenas uma ocorrência no grupo CFE e outros comportamentos (OA) não tiveram nenhuma ocorrência, por isso não estão presentes no gráfico. Os dados apresentados na Figura 2 são relativos 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 às categorias comportamentais dos alunos que sofreram positivamente (parte direita da Figura) pelo professor, em que a ação do aluno é o foco de observação e o comportamento do professor corresponde aos estímulos reforçadores ou punidores desses comportamentos. Pode ser visto nessa Figura que o professor utiliza com mais freqüência coerção com alunos CFE do que com alunos SFE e estimula positivamente mais os comportamentos dos alunos SFE do que alunos CFE. A categoria acadêmica comentar (CMA) e a não acadêmica distrair-se (CDA) do grupo CFE são as mais punidas, com ocorrência relativa de 0,75 contra 0,25 para as mesmas categorias do grupo SFE. Para a categoria não acadêmica de interação com o colega (ICA), a ocorrência de ambos os grupos é da ordem de 0,50. Nas categorias acadêmicas cumprir tarefas escolares (CTA) e ficar atento às tarefas executadas (FAA), o professor utilizou coerção em 4 ocorrências com grupo CFE e nenhuma com o grupo SFE. Por se constituírem em valores reduzidos, os índices não estão apresentados na Figura. Na categoria acadêmica pedir informação ao professor (PIA) ocorreu um episódio coercitivo com o grupo SFE e nenhum com o grupo CFE; na categoria acadêmica, responder à solicitação do professor (RSA), foram duas ocorrências com o grupo CFE e nenhuma com o grupo SFE; na categoria não acadêmica informar algo não relativo à atividade de sala de aula (INA) houve uma ocorrência de coerção com o grupo CFE e nenhuma com o grupo SFE. Na categoria acadêmica chamar o professor (CPA) e nas categorias não acadêmicas recusar-se a executar uma atividade designada pelo professor (RCA), cumprir ordem dada pelo professor (COA), prestar atenção a pessoas extraclasse (PAA) e outros comportamentos (OA) não aparecem incidentes coercitivos relativos à prática do professor. Coerção CMA CDA Estimulação positiva ICA PIA CPA Categorias dos alunos CMA RSA CFE FAA SFE Figura 2 – Ocorrência relativa de categorias dos comportamentos dos alunos que são seguidas pela ação de coerção e de estimulação positiva do professor. Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
  • 7. A coerção e suas implicações na relação professor-aluno Na parte direita da Figura 2, verifica-se que o professor estimulou positivamente mais os comportamentos acadêmicos de pedir informação (PIA) e responder (RSA) dos alunos SFE, com ocorrência relativa de 0,80 e 0,67, respectivamente, enquanto para o grupo CFE esses índices são da ordem de 0,20 e 0,33, respectivamente. A categoria acadêmica de ficar atento (FAA) é mais estimulada positivamente no grupo CFE, com ocorrência relativa de 0,75, enquanto, para o grupo SFE, esse valor é da ordem de 0,25. As categorias acadêmicas chamar o professor (CPA) e comentar (CMA) ocorrem com valores idênticos de estimulação positiva para ambos os grupos, com ocorrência de 0,50 para as duas categorias. Na categoria acadêmica cumprir tarefas escolares (CTA), houve três ocorrências de estimulação positiva para o grupo SFE e nenhuma para o grupo CFE, não sendo possível estabelecer comparação. As categorias não acadêmicas de distrair-se (CDA), recusar-se a executar uma atividade designada pelo professor (RCA), informar sobre algo não relativo à atividade de sala de aula (INA), interagir com o colega (ICA), cumprir ordem dada pelo professor (COA), prestar atenção a pessoas extraclasse (PAA) e outros comportamentos (OA) não foram estimuladas positivamente nos períodos de observação. Conclusão Os dados desta pesquisa revelam que alunos com história de fracasso escolar (CFE) e alunos sem esse histórico (SFE) comportam-se diferentemente em sala de aula. Do mesmo modo, os professores utilizam coerção e estimulação positiva diferentemente com ambos os grupos, punindo mais os comportamentos dos alunos CFE e reforçando positivamente mais os comportamentos dos alunos SFE. Nota-se que há uma diferença significativa quanto a comportamentos acadêmicos e não acadêmicos para cada grupo. Os alunos SFE concentram-se mais do que os alunos CFE, no cumprimento das atividades relacionadas às tarefas a serem executadas, o que deve ocorrer porque são mais solicitados a participar das atividades propostas em sala de aula. Mesmo assim, dentre os comportamentos acadêmicos, os alunos CFE comentam mais sobre atividades de sala de aula (CMA) do que os alunos SFE. Essa diferença poderia ser explicada porque esses alunos têm, provavelmente, maior dificuldade de compreender as explicações do professor, o que estaria propiciando uma freqüência mais alta de comentários. Em relação aos comportamentos não acadêmicos, esses aparecem com maior freqüência no grupo CFE, em contrapartida aos Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002 235 comportamentos acadêmicos que, em sua maioria, são emitidos pelo grupo SFE. A diferença, em termos de freqüência de participação, de cada um dos grupos de sujeitos com as questões relacionadas às atividades em sala de aula, indica que os alunos SFE são mais ativos e participam mais das atividades acadêmicas, enquanto os alunos CFE emitem com maior freqüência comportamentos não relacionados às atividades de sala de aula. O índice mais elevado de distração e de busca de interação com o colega, por parte dos alunos CFE, pode estar demonstrando falta de interesse nas tarefas e até fuga da sala de aula, discutida por Skinner (1972), Sidman (1995) e Oliveira (1998). Para esses autores, quando o controle aversivo é utilizado na escola, o aluno pode buscar uma forma de escapar desse controle. Dentre essas formas de fuga, podem ser considerados o atraso para as aulas, o ficar indiferente às explicações, as conversas com colegas, a realização de outras ações no período de aula e até o abandono da escola. A recusa em participar das atividades solicitadas pelo professor por parte dos alunos CFE indica a não-participação das atividades em sala de aula por falta de motivação e de interesse, uma vez que o professor propicia-lhes menor quantidade de reforçamento positivo ou estimulação. A coerção foi utilizada, com índices mais elevados, com os alunos CFE para punir tanto os comportamentos não acadêmicos como distração (CDA), interação com o colega (ICA), quanto os acadêmicos de fazer comentários referentes às atividades acadêmicas (CMA) dos alunos. Essa última categoria acadêmica foi uma das categorias acadêmicas mais empregadas pelo grupo de alunos CFE. Ou seja, os alunos CFE emitem menos comportamentos acadêmicos e, ainda, são punidos. A única categoria comportamental do grupo SFE que recebe punição proporcional ao grupo CFE é interação com o colega (ICA), categoria não acadêmica. Em relação a esse aspecto, Leite (1988), ao apresentar explicações para as causas do fracasso escolar, afirma que a exigência feita pelos professores aos alunos é distinta e está relacionada com a expectativa do professor em relação ao desempenho do aluno. Assim, o professor pode estimular positivamente mais as ações dos alunos aos quais credita a possibilidade de terem um rendimento melhor e, contrariamente, estimular menos aqueles alunos que já possuem um histórico de reprovação. Desse modo, por causa da expectativa menor, o interesse do professor nas ações do grupo CFE pode diminuir, levando o professor a estimular positivamente menos esse grupo de alunos. Assim, critérios distintos de avaliação, indicados por Resende (2000), podem estar contribuindo para o uso de práticas
  • 8. 236 Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros discriminatórias pelo professor em sala de aula e, com isso, propiciando, ainda mais, o desenvolvimento do fracasso escolar dos alunos que já apresentam esse histórico. E a história de fracasso escolar, já existente, pode ser fortalecida ainda mais no âmbito escolar por meio de notas; ou no âmbito social, mediante atividades realizadas por esses alunos e com esses alunos. Do mesmo modo que a freqüência de comportamentos não acadêmicos é mais alta para os alunos CFE, nota-se que os professores reforçam menos os comportamentos acadêmicos desse grupo de alunos. O grupo de alunos SFE recebe, por sua vez, mais reforçamento positivo ou estimulação para os comportamentos acadêmicos, o que deve contribuir para sua maior participação em sala de aula. O fato de o grupo CFE receber menos estimulação positiva que o grupo SFE pode ser explicado em razão dos mesmos emitirem mais comportamentos não acadêmicos do que os alunos SFE, como estar mais distraídos, conversar mais com os colegas e participar menos das atividades acadêmicas; dessa maneira, proporcionam ao professor menos oportunidades de incentivo das atividades acadêmicas ou, pelo contrário, por serem menos estimulados a participar, apresentam maior índice de comportamentos não acadêmicos, ou ainda, os comportamentos não acadêmicos podem estar ocorrendo pela utilização inadequada da coerção por parte do professor, demonstrada pelos índices de que foi utilizada tanto para comportamento não acadêmico quanto para comportamento acadêmico. A utilização incorreta da punição por parte do professor pode levar, como discute Skinner (1972), ao fortalecimento do comportamento indesejado. Quando o professor utiliza a coerção indiscriminadamente, isto é, tanto para punir comportamentos acadêmicos quanto para não acadêmicos, o aluno não identifica qual de seus comportamentos é o indesejado. Dessa forma, a utilização da coerção pode estar produzindo fuga ou esquiva, conforme indica Sidman (1995) e comentam Oliveira (1998) e Skinner (1972), demonstrada pelos comportamentos não acadêmicos dos alunos que mais recebem coerção. Catania (1999) considera que a fuga ocorre como decorrência da suspensão dos efeitos da coerção. Já, na esquiva, o estímulo aversivo não está presente, com o organismo se comportando para evitar o seu aparecimento, ou seja, se comporta preventivamente em relação aos efeitos aversivos. O autor descreve o uso cotidiano dos termos afirmando que “fugimos de circunstâncias aversivas presentes, mas nos esquivamos de circunstâncias potencialmente aversivas que ainda não ocorreram” (Catania, 1999, p. 117). Sidman (1995) comenta que o ser humano (e outros animais) busca formas de se desligar dos efeitos do reforçamento negativo e punição (ou coerção), estando, dentre essas formas apresentadas, o desligamento e a desistência da escola, no caso da relação ocorrer em sala de aula. Por desligamento, o autor comenta que o aluno finge que não escuta o que o professor diz, e distrai-se fazendo outras coisas, mas quando a coerção aumenta, o desligamento já não basta e ocorre, então, a desistência – começa com o aluno indo vagarosamente para a escola, atrasando-se, criando doenças fictícias, faltando às aulas e, finalmente, não aparecendo mais na escola. Os comportamentos não acadêmicos dos alunos CFE podem bem ilustrar essa questão. Dessa forma, pode-se dizer que os comporta-mentos não acadêmicos dos alunos CFE podem estar servindo, de algum modo, para a fuga das contingências aversivas impostas pelos professores. Assim, também, quando o professor usa coerção indiscriminadamente e repetidas vezes com os alunos CFE, pode-se pensar que a pouca participação desse grupo nas atividades acadêmicas pode ser uma forma de evitar expor-se aos estímulos aversivos. As decorrências da utilização de coerção em sala de aula contradizem os objetivos escolares de formar cidadãos críticos e livres. Nunes (1990) aponta para um fator importante e pouco considerado na relação educacional de que os alunos com história de fracasso escolar apresentam baixa auto-estima e sentimentos de impotência e incapacidade, levando a criança ao que a autora chamou de desamparo adquirido e à depressão. Andery & Sério (1997) ressaltam essa idéia descrevendo as implicações do controle aversivo, resultando na formação de sujeitos passivos, quietos e que temem o ambiente que lhes é hostil. Dessa forma, alunos que são mais punidos e menos reforçados sentem-se aflitos e inseguros em participar das atividades acadêmicas propostas pelos professores, o que explicaria os altos índices de comportamentos não acadêmicos do grupo CFE que, por medo ou insegurança, não participam das atividades acadêmicas. Os dados do trabalho demonstram a complexidade do fracasso escolar que interfere prejudicialmente no desenvolvimento acadêmico do aluno. O que se verificou foi que há um (pré) conceito dos professores em relação a determinados alunos e isso os leva a se comportarem de modo diferente em relação aos que apresentam história de fracasso escolar e àqueles que são considerados alunos bons ou regulares e que nunca foram reprovados. O fato é que o professor, como personagem central nessas relações, estimula o fracasso, mediante práticas coercitivas com o grupo de alunos Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002
  • 9. A coerção e suas implicações na relação professor-aluno que mais necessitaria de apoio e reconhecimento. Práticas que perpassam pelas relações pedagógicas professor-aluno, pela disposição física das carteiras dos alunos na sala de aula, pelas diferenças no trato de alunos com condições socioeconômicas diversas delineiam uma realidade enraizada no meio educacional e que precisa ser analisada e discutida com mais interesse pelos profissionais da educação. Mais uma vez se evidencia a necessidade de se reestruturar a formação de professores para que tenham condições de identificar e lidar com seus próprios preconceitos, de observar e avaliar suas próprias ações e corrigir seu desempenho. Para isso, o professor precisa ter clareza dos assuntos e comportamentos que tenham significado para o aluno; precisa utilizar a avaliação como um instrumento de aprendizagem e não de coerção e, principalmente, precisa ser capaz de investir sua habilidade e seu conhecimento para produzir condições para o aluno aprender comportamentos de valor, na certeza de que as implicações das atividades coercitivas interferem na formação dos sujeitos/ cidadãos brasileiros. Referências Andery, M. A. & Sério, T. M. A. P. (1997). A violência urbana: aplica-se a análise da coerção? Em: Banaco, R. A. (Org.). Sobre comportamento e cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitiva, São Paulo: ARBytes, 1, 433-444. Botomé, S. P. (1987). Como decidir o que ensinar: objetivos de ensino, necessidades sociais e tecnologia educacional. São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos. Documento não publicado. 237 de 1999 (on line). Disponível: www.inep.gov.br. Keller, F. S. (1983a). Tecnologia do ensino e reforma educacional. Em: R. R. Kerbauy, (Org.). Fred Simmons Keller: Psicologia. São Paulo, SP: Ática, p. 148-160. Keller, F. S. (1983b). Por que o primário deve vir primeiro. Em: R. R. Kerbauy (Org.). Fred Simmons Keller: Psicologia. São Paulo, SP: Ática, p. 148-160. Keller, F. S. (1996). Adeus, Mestre!. Estudos de Psicologia, 2, 337-359. Kubo, O. M. & Botomé, S. P. (2001). Ensinoaprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais. Interação, 5, 133-171. Leite, S. A. S. (1988). Alfabetização e fracasso escolar. São Paulo, SP: EDICON, 9-35. Lopes, T. L. (1997). O “quadro-negro” da repetência escolar no Brasil: dados, reflexões e questionamentos. Educação e Ensino, 2 (1), 39-56. Machado, V. L. S. (1984). Um sistema de categorias para a observação da interação verbal professoraluno. Psicologia, 10 (1), 63-74. Medeiros, J. G., Monteiro, G. & Silva, K. Z. (1997). O ensino de leitura e escrita a um sujeito adulto. Temas em Psicologia, 1, 65-78. Nunes, A. N. A. (1990). Fracasso escolar e desamparo adquirido. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 6 (2), 139-154. Oliveira, M. H. d’ (1998). Analisando a relação professoraluno: do planejamento à sala de aula. 2. ed. São Paulo, SP: CLR Baleiro. (Coleção ensinando-aprendendo − Cadernos Brasileiros de Educação, 5). Patto, M. H. S. (1993). A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo, SP: T. A. Queiroz. Botomé, S. P. (1998). Análise experimental do comportamento em educação: algumas perspectivas para o desenvolvimento de aprendizagens complexas. Texto elaborado para o concurso de professor titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Resende, V. B. (2000). Fracasso e sucesso escolar: os dois lados da moeda. Em: M. F. C. Gomes & M. G. C. Sena (Orgs.). Dificuldades de aprendizagem na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 99-112. Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4. ed. Trad. D. G. Souza. Porto Alegre, RS: Artes Médicas Sul. Skinner, B. F. (1972). Tecnologia do ensino. Trad. R. Azzi, São Paulo, SP: Herder. Gil, M. S. C. A. & Duran, A. P. (1993). Interação professor-aluno: o que perguntam os alunos? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 9 (2), 243-259. INEP – Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (1999). Dados obtidos a partir do senso educacional Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002 Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas, SP: Editorial Psy. Skinner, B. F. (1990). A escola do futuro. Em: Skinner, B. F. Questões recentes na análise comportamental. Campinas, SP: Papirus, p. 117-131. Zanotto, M. L. B. (2000). Formação de professores: a contribuição da análise do comportamento. São Paulo, SP: EDUC.
  • 10. 238 Juliane Viecili, José Gonçalves Medeiros Recebido em 26/04/2002 Revisado em 25/08/2002 Aceito em 21/10/2002 Sobre os autores: Juliane Viecili é graduada em Psicologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões em 1998, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2002. Atualmente leciona no curso de Psicologia da Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC. Atuação e pesquisa em Psicologia da aprendizagem. José Gonçalves Medeiros é orientador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC, bolsista do CNPq e consultor científico de Estudos de Psicologia (Natal) e Interação (Curitiba), além de editor da Revista de Ciências Humanas da UFSC. Faz parte, como líder, do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Psico-USF, v. 7, n. 2, p. 229-238, Jul./Dez. 2002