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O Futuro Próximo da Carne Suína na Visão de um Dinossauro da Suinocultura
Osler Desouzart
osler@odconsulting.com.br
Na última edição da Pork Expo fui qualificado como um dinossauro da suinocultura. O que
foi direcionado não com animus narrandi nem com animus jocandi, mas como animus
nocendi acabou por inspirar uma ideia, o que é particularmente notável - quem nunca
teve uma ideia original acabar por inspirar uma.
Constatei que o setor suinícola brasileiro deve muito a pessoas que podem ser
classificadas como “dinossauros da suinocultura” por estarem contribuindo com o nosso
segmento desde os tempos em que se achava que carne suína era gorda. Tenho a mais
firme intenção de fundar uma comunidade de “dinossauros da suinocultura” e peço a
vocês leitores que deem sugestões de nomes que podem integrar essa comunidade. Vou
me permitir incluir entre os candidatos os nomes de Pedro de Camargo Neto, Rubens
Valentim e Luciano Roppa.
A minha lista é propositalmente pequena para que vocês leitores sejam os grandes eleitores dos
“dinossauros da suinocultura”. Enviem-me por e-mail suas sugestões, pois na minha cabeça
surgem de imediato uma dúzia de outros nomes a quem a suinocultura brasileira muito deve.
Feita esta introdução vamos dar uma olhada no que deve ocorrer nos próximos dez anos
com a suinocultura mundial. A primeira coisa é que a carne suína deixará de ser a mais
produzida no mundo, sendo superada pelas carnes de aves entre 2020 e 2021. As
projeções podem ser verificadas na Tabela I
Tabela I – Produção Mundial das Principais Carnes – Prognósticos a 2021
1
Qual a relevância dessa mudança? Nenhuma de cunho maior, pois a carne suína
continuará a responder por 1/3 do consumo de carnes mundial e em 2021 estaremos
produzindo 17,611 milhões de toneladas a mais de carne suína do que produzimos no
1
Elaborado por ODCONSULTING com base em dados da OECD, FAO.Projeções por tipos de carnes a 2021
período 2009-11. Na Tabela II podemos apreciar os prognósticos do Balanço da Carne
Suína a 2021
Tabela II – Balanço Mundial da Carne Suína – Food Outlook OECD-FAO 2012-2021 – Em 000 tm
2
As Tabelas III e IV apresentam os prognósticos quantificados e da produção de carne suína por
regiões do mundo, assim como a participação percentual de cada uma dessas regiões, sempre
com base na média de 2009-11 e nos prognósticos para 2021. Nelas podemos verificar que a Ásia,
hoje a região dominante graças à colossal produção chinesa que em 2009-11 respondia por 46,5%
da produção mundial de carne suína, percentual esse que ascenderá a 47.6%, seguirá detendo a
primazia em 2021.
Verifiquem ainda que América Latina e África terão sua participação ampliada em 2021, e que
Europa e América do Norte perderão terreno, confirmando a premissa de que a produção de
carnes migra para os Países em Desenvolvimento.
2
Fonte: Dataset: OECD-FAO Agricultural Outlook 2012-2021 – Dados revalidados Data extracted on 11 Jul 2013 14:14
UTC (GMT) from OECD.Stat Pork Meat 2021
Tabela III – Prognósticos da Produção de Carne Suína – Food Outlook OECD-FAO 2012-2021 – Em 000 tm
3
Tabela IV – Participação % das Diferentes Regiões Mundiais na Produção Mundial de Carne Suína
4
3
Elaborado por ODConsulting com base OECD/FAO (2012), OECD-FAO Agricultural Outlook 2012-2021, OECD Publishing
and FAO. http://dx.doi.org/10.1787/agr_outlook-2012-en Pigmeat projections 2021
4
Idem #3
O principal objetivo deste artigo será detalhar o balanço de algumas das forças da suinocultura
mundial, com um foco em países que constituem forças produtivas, mas também comerciais,
tanto do ponto de vista de exportação como importação. E também aqui quero deixar
comprovado o fato de que não há potências que careçam de um sólido mercado doméstico.
Não obstante esse fito, destacamos os 45 maiores países produtores de carne suína na Tabela V.
Considerada a importância da União Europeia, apresentamos na Tabela VI a produção individual
de cada um dos 27 países que a integram. Em ambas as tabelas os números refletem a média de
produção entre 2009 e 2011. Há uma discreta diferença entre o total mundial apresentado na
Tabela III e na V, explicável pelo fato de que aquela traduz números de agosto de 2012 enquanto
que esta está baseada em dados atualizados em janeiro de 2013. Não é inabitual que países
atualizem regularmente suas estatísticas ou que substituam dados preliminares por definitivos, o
que faz com que esse processo de sintonia fina dos números ocorra não raro por até três anos.
Tabela V – Principais Países Produtores de Carne Suína – Média 2009-2011 – Em 000 tm segundo a FAOSTAT
5
5
Fonte: FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 | 11 July 2013. Pig meat production 2009-11 Faostat
Tabela VI – União Europeia-27 – Produção de Carne Suína por Países Membros – Média 2009-2011 – Em 000 tm
6
As Tabelas VII e VIII apresentam respectivamente os prognósticos de importação de carne suína
por regiões e por principais países importadores. Antecipa o estudo da OECD-FAO um menor
ritmo de crescimento anual das importações na próxima década que em 2021 teriam um
acréscimo acumulado de 13,1% sobre a média 2009-2011. Verifiquem que as importações da Ásia
e da África serão as locomotivas desse crescimento, enquanto a Europa sofrerá uma redução de
41,25% na próxima década.
6
Idem #5
Tabela VII – Importação Mundial de Carne Suína por Regiões do Mundo – Prognóstico a 2021
7
Com frequência ouço em círculos exportadores que devemos envidar esforços para abrir o
mercado da União Europeia para a carne suína brasileira. Consigo compreender essa preocupação
à luz do fato de que a UE-27 é o segundo maior mercado consumidor de carne suína, com intenso
mercado intercomunitário. Entretanto, as importações da EU-27 de fora do bloco são negligíveis,
pois o a Europa dos 27 é na realidade um grande exportador, o segundo maior logo depois dos
Estados Unidos.
Creio que o interesse dos suinocultores deve focar na abertura dos mercados do México e do
próprio USA, à luz de que ganhamos acesso ao mercado japonês, cuja manutenção deve merecer
zelo extremo. China e Coréia do Sul devem também fazer parte dessa lista de mercados
estratégicos, assim como a manutenção do mercado de Hong Kong. Todos estes países têm como
denominador comum o fato de que importação de carne suína fará parte das suas equações de
abastecimento, onde medidas protecionistas serão mais para a exceção do que para regra.
7
Idem nota #3
Tabela VIII – Prognóstico de Importação de Carnes Suínas 2013-2022 segundo a OECD-FAO
8
Ao contrário dos trabalhos anteriores da OECD-FAO, que prognosticavam êxito na política de
estado da Rússia de busca da autossuficiência, o recente relatório OECD – FAO AGRICULTURAL
OUTLOOK 2013-2022 muda em 180° sua posição, prognosticando agora que as importações russas
devam quase que dobrar até 2022, quando anteriormente previam uma redução de 50%. Limito-
me na Tabela VIII a veicular esses dados, mas não acredito num fracasso da política russa.
Enquanto dispuserem de recursos provenientes das suas exportações de petróleo e gás, ambas
com projeções ascendentes de preços, a Rússia sustentará a produção local com subsídios e
medidas protecionistas. Não acredito que logrem a autossuficiência nessa próxima década, até
pela expansão do consumo doméstico, mas seguramente diminuirão a participação da carne suína
importada em sua equação de abastecimento.
As projeções de importações do ERS-USDA apresentadas na Tabela IX são particularmente
interessantes e distintas daquelas do OECD-FAO. No caso da Rússia, endossam a tese de
progressiva redução das importações e creio que seus dados para as importações russas de carne
suína em 2012 são mais confiáveis que os veiculados na tabela VIII.
Tabela IX – Prognósticos de Importação de Carne Suína 2013-2022 segundo ERS-USDA
9
A visão do ERS sobre o mercado chinês coincide com a nossa, que também vemos a China
satisfazendo parte de sua demanda através de importações, mormente se considerarmos que
grandes grupos chineses deverão internacionalizar suas produções em áreas do mundo com
abundância de recursos naturais. Quando somamos os prognósticos de importação da China
Continental aos de Hong Kong (cf. Tabela XII) vemos um mercado que hoje se aproxima em
8
Fonte: OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022 - Carne Suína 2012-2022 Prod, Imp, Exp, Consumo
9
Fonte: www.ers.usda.gov. Pork trade long-term projections
volume do mercado japonês, o maior importador mundial. Esses dois mercados, Planeta China e
Japão, são prioritários e estratégicos para a suinocultura brasileira e nenhum esforço será
demasiado para preservá-los.
Esse esforço tem na sua base um tripé cuja primeira perna é biossegurança, a segunda é
biossegurança e a terceira é biossegurança. O Japão não é um mercado protecionista na essência
do termo no que diz respeito a carnes, onde sabem que não dispõem dos recursos naturais para
uma produção competitiva e sustentável. Entretanto, sua postura em relação a aspectos sanitários
é de tolerância menos do que zero.
Volto a insistir com base nos dados dessa tabela # IX sobre a importância que teria para a
suinocultura brasileira se pudéssemos lograr acesso aos mercados do NAFTA.
À luz dos dados até agora vistos, creio que seria útil listar as projeções sobre o balanço da carne
suína de alguns países, tanto na visão do ERS-USDA como da OECD-FAO. Começaremos
naturalmente pelo Planeta China, seguido do Japão, Rússia e Ucrânia pela importância que
embutem para as exportações brasileiras.
Vejamos inicialmente os prognósticos da China Continental (cf. Tabela X), onde
surpreendentemente já surge o país como o terceiro maior importador de carne suína em 2013.
Quando somamos essas importações às de Hong Kong (cf. Tabela XI) alcançamos um resultado (cf.
Tabela XII) que neste ano de 2013 deve disputar o primeiro lugar em importações com o Japão.
A Tabela XIV mostra o Planeta China já alcançando em 2015 a primazia das importações mundiais
de carne suína.
Tabela X – Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – China Continental
10
10
Fonte: International Baseline Data, http://www.ers.usda.gov/ Elaborado por ODConsulting. Dados
atualizados em 01/05/2013 - Pork Supply and Demand updated 1.5.13 2011-2022. Esta mesma fonte de
dados foi usada para as Tabelas XI a XIII; XV a XVI; e XVIII a XXIV
Tabela XI - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – Hong Kong
Tabela XII - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – China Continental + Hong Kong
Tenho um amigo especialista em nutrição animal, outro desses dinossauros da suinocultura, mas
entre os que omiti, que costuma dizer que adora meus gráficos, mas que adoraria muito mais se
eles fossem mais fáceis de entender. A partir desse comentário e seguindo os ensinamentos do
Mestre Vicente Falconi espero no Gráfico I ter cometido um “novo erro” ao fazer um gráfico
menos rebuscado e decorado. O ponto deste gráfico é não só facilitar a visualização do
ascendente das importações chinesas, mas também deixar evidente que as importações diretas da
China Continental deverão se tornar progressivamente mais relevantes.
Gráfico I – Importação de Carne Suína – Grande China = China Continental + Hong Kong
11
Apesar desse aumento da importação chinesa e de sua tendência crescente não deve constituir
motivo de preocupação maior para a produção chinesa de carne suína na medida em que esta
ainda responderá por 97,5% do consumo do país. Antes e pelo contrário deverá servir de estímulo
para uma melhora do desempenho da produção chinesa, que tem muitos de seus índices
zootécnicos e produtivos abaixo das médias dos principais produtores mundiais.
Uma empresa para a qual presto serviços já promoveu a vinda de uma missão de produtores
chineses de suínos para visitar empresas produtoras brasileiras com o objetivo de verificarem in
loco o que fazem seus colegas brasileiros. Na reunião que tivemos em Shangai após a visita, vários
de seus integrantes disseram o útil que tinha sido a iniciativa e o muito que induziu à reflexão.
11
Elaborado por ODConsulting com base no International Baseline Data, http://www.ers.usda.gov/. - Pork
Supply and Demand updated 1.5.13 2011-2022
Gráfico II
12
A grande vantagem dos dados do USDA sobre a China reside na cobertura tanto da parte
continental quanto de Hong Kong, assinalando inclusive dados de Taiwan (cf. Tabela XIII), região
hoje não integrada administrativamente à China, mas com vínculos étnicos e culturais 13
e séculos
de história em comum que poderão pavimentar um caminho de conciliação política. Deixamos os
dados como um fator adicional a ser considerado, sobretudo por Taiwan ter sido um grande
exportador de carne suína para o Japão até que um episódio de febre aftosa em 1996 e outros
ulteriores de natureza sanitária acabaram não só por impedir o acesso ao maior mercado do
mundo, mas mesmo impor a Taiwan a necessidade de importar.
12
Idem nota # 12
13
98% da população de Taiwan e 91,5% da chinesa pertencem ao grupo étnico Han e o idioma mandarin é o
idioma oficial e comum.
Tabela XIII - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – Taiwan
O Japão era em 2011 o quarto maior mercado importador de produtos agrícolas14
do mundo (USD
95.810.402.726) e terceiro maior importador mundial de alimentos15
(USD 78.916.532.740),
posição que deve se manter até os dias hoje. A posição do país é de importações constantes e
crescentes de ambas as categorias de produtos (cf. Gráfico III), sendo esse crescimento
particularmente acentuado a partir de 2003.
14
Os três primeiros são China, Estados Unidos e Alemanha. Fonte: WTO Importação de Produtos Agrícolas e
Alimentos 2011 e 2010 por países
15
Os dois primeiros são Estados Unidos e Alemanha. Idem
Gráfico III – Japão Importação de Produtos Agrícolas e Alimentos
16
Com uma população de 127,3 milhões, sua topografia montanhosa e território exíguo limitam as
áreas de cultivo, que estão divididas em propriedades pequenas demais para que se possa
produzir alimentos de forma eficiente, contando com alto grau de proteção para setores chaves da
agricultura japonesa, o que parcialmente explica os altos custos da alimentação no Japão.
Entre todas as nações mais desenvolvidas do mundo, os japoneses são os que têm o menor
consumo de alimentos, com um total diário em 2009 de 2.723 kcal/capita, o que coloca o país em
93º lugar numa lista de 176 países do mundo, ou seja, 1.000 calorias a menos de ingesta diária dos
três primeiros colocados – Áustria (3.800 kcal/dia), Bélgica (3.721 kcal/dia) e Estados Unidos
(3.688 kcal/dia). Não significa que os japoneses sejam subnutridos. Pelo contrário são
considerados entre os países de melhor qualidade de nutrição, com uma alta expectativa de vida,
83,5 anos para pessoas nascidas entre 2010-201517
. Em 2009, cerca de 22,7% da população
japonesa tinha mais de 65 anos, percentual esse que deve alcançar 40% em 2050.
Essas 2.723 kcal são compostas por 79% de produtos de origem vegetal e 21% de produtos de
origem animal (cf. Gráfico IV).
16
Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OMC. Japão Importação de Produtos Agrícolas e
Alimentos
17
Fonte: United Nations World Population Prospects, 2006 revision. UN. Retrieved 15 January 2011
Gráfico IV – Japão – Composição da Ingesta de Calorias em 2009 entre Produtos de Origem Vegetal e Animal
18
A Tabela XIV apresenta os dados de 2009 para os principais produtos de origem animal
consumidos pelos japoneses, onde constatamos que a carne suína é a mais consumida,
respondendo por 43,3% do consumo de todas as carnes.
Tabela XIV – Japão –Produtos de Origem Animal na Dieta em 2009
19
18
Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 - Japão
Food Balance Sheet 2009
19
Idem # 18
O Gráfico V mostra que essa preferência pela carne suína vem caracterizando o consumo japonês
há décadas e que mesmo o processo de abertura do mercado japonês a partir de meados da
década de 80 não desviou essa preferência para a carne bovina, como na época se prognosticava.
Após uma explosão inicial do consumo pela sua acessibilidade, a carne bovina começou a recuar a
partir de 2000, mantendo-se a carne suína como a preferida, seguida pela carne de frango.
Gráfico V – Consumo de Carnes no Japão
20
Coerente com sua política de substituir por importações os recursos naturais (principalmente terra
arável e água) de que não dispõe, o Japão hoje abastece quase que a metade do seu consumo de
carne suína através de importações, desde a abertura de seu mercado de carnes na década de 80,
conforme pode ser conferido no Gráfico VI. É interessante assinalar que o Japão importa inclusive
carne suína resfriada.
Confiram na Tabela V anteriormente apresentada que o Japão era o 9º maior produtor de carne
suína no período 2009-11, o que não impede o país de manter essa política de abastecimentos. E
caso os prognósticos apresentados na Tabela XV se confirmem, essa política persistirá no futuro e
a partir de 2012 mais de 50% do consumo japonês de carne suína será atendidos por importações.
20
Fonte: Foreign Agriculture Service/USDA – Elaborado por ODConsulting. Japão Balanço segundo fas usda
Gráfico VI - Consumo de Carne Suína por Origem do Produto
21
O consumidor japonês é extremamente educado e consciente. Qualquer incidente sanitário
repercute dramaticamente no consumo, como puderam os norte-americanos constatar quando
registraram um episódio de BSE e quando tivemos uma explosão de episódios de HPAI entre 2004-
2006 que da Ásia se espalharam até a Europa.
Febre aftosa já custou aos produtores de suínos de Taiwan o mercado japonês. Eram praticamente
os únicos fornecedores internacionais de carne suína ao Japão até que em 1997 tiveram o
mercado fechado devido à febre aftosa, abrindo assim oportunidades para as exportações norte-
americanas, canadenses e europeias que passaram a dominar o abastecimento ao país.
A tentação de continuar abordando o mercado japonês é grande já que o Brasil passa a exportar
para aquele país a partir de julho deste ano, graças à aprovação do status sanitário de Santa
Catarina e a aprovação de frigoríficos daquele estado. Abre-se uma grande porta para a
exportação brasileira de carne suína que poderá nos próximos 12 meses alcançar um volume
anual de 700 mil toneladas, contras as atuais 550 mil dos últimos 12 meses.
Tive a honra de fazer a primeira exportação brasileira de carne de frango para o Japão e mantive
com aquele país negócios importantes durante quase 20 anos. Qualidade e respeito ao contrato
são essenciais para prevalecer e aconselho aos operadores que não se limitem em suas visitas a
ficar nos escritórios de seus importadores em Tóquio ou outras grandes cidades. Busquem
conhecer como a carne suína é distribuída, como é usada, que vantagens oferecem em termos
não de preços, mas de conveniências de uso oferecidas por nossos competidores. Surpreendam o
21
Idem #20
mercado oferecendo novos produtos inspirados e desenvolvidos nos usos que se fazem da carne
na culinária japonesa e no food servisse daquele país.
E cuidem da biossegurança. Não esperem protecionismos calcados em episódios pseudo-sanitários
como fazem muitos dos mercados de destino de nossas exportações de carne suína. Mas saibam
que a postura japonesa é de tolerância zero diante de qualquer fragilidade sanitária.
Resisto à tentação de seguir escrevendo sobre o Japão com a Tabela XV que apresenta os
prognósticos do Balanço da Carne Suína do país ao ano 2022 e indica a esperada continuidade da
política de atender ao consumo com importações crescentes.
Tabela XV – Japão - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Nas Tabelas de XIV a XXII estão os prognósticos para os principais países importadores de carnes
suínas (cf. Tabela IX, anteriormente apresentada), começando por outro país asiático, importador
de peso e para o qual o Brasil está fazendo esforços de exportação – a Coréia do Sul.
Tabela XVI – Coréia do Sul - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Seguem-na as meninas dos olhos dos suinocultores brasileiros, Rússia e Ucrânia, países que
perseguem uma autossuficiência em abastecimento em carnes. Essa missão será árdua,
particularmente na Rússia, considerada que a carne suína disputa a preferência com a de aves e
que a expansão do consumo do país tem se demonstrado muito dinâmico.
Tabela XVII
22
Tabela XVIII – Rússia - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
22
Fonte: Elaborado por ODConsulting com base em dados do Food Outlook June-2013, GIEWS-FAO, Total
Meats June 2013
Tabela XIX – Ucrânia - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Os prognósticos para a União Europeia, que neste mês de julho de 2013 recebeu seu 28º país
membro, a Croácia, são de seguir como o segundo produtor e consumidor mundial de carne suína
e como segundo maior exportador mundial de carne suína (cf. Tabela XXIV) e com uma parcela
ínfima de importação de fora da EU, ainda que o comércio intracomunitário seja considerável.
Tabela XX – União Europeia-27 - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Seguem os três países do NAFTA que deveriam merecer da suinocultura brasileira foco e atenção
prioritários e estratégico, ainda que o atual governo brasileiro, com seu antiamericanismo de
centro acadêmico dos tempos em que eu estava na universidade, empreste baixa prioritária a esta
área, preferindo o foco das suas atenções em suas alianças ideológicas num MERCOSUL, morto do
ponto de vista de integração econômica e comercial, e onde a suinocultura brasileira sofre todos
os tipos de obstáculos e de protecionismos.
Governos, felizmente, passam e o país e a suinocultura brasileira perdurarão mesmo depois que o
sonho do reich de 1000 anos tupiniquim seja desfeito pela incompetência e incoerência de seus
idealizadores. Portanto, mobilizemo-nos para obter acesso a esses mercados.
Tabela XXI – Estados Unidos - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Tabela XXII – México - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Tabela XXIII – Canadá - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
Naturalmente não poderíamos deixar o Brasil de fora, cujos prognósticos de balanço da carne
suína estão apresentados segundo as três fontes: ERS-USDA (Tabela XXIV), OECD-FAO (Tabela XXV)
e finalmente o nosso MAPA (Tabela XXVI).
Tabela XXIV – Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – ERS/USDA
23
23
Tabela XXV - Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – OECD-FAO
Tabela XXVI - Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – MAPA
24
Os três organismos divergem em seus prognósticos, sendo que os ERS-USDA é o menos otimista
para a expansão da produção brasileira, prevendo um crescimento inferior a 15% num prazo de
dez anos, enquanto a OECD-FAO e o MAPA convergem em que esse crescimento será superior
entre 18,6% e 20,6%.
Brasil – Carne Suína - Prognósticos para 2022 – Em 000 tm
Produção Import Export Consumo
ERS-USDA 3.697 1 778 2.920
OECD-FAO 3.988 11 640 3.360
MAPA 4.213 - 784 3.447
Por outro lado os prognósticos de exportação da OECD-FAO foram de uma modéstia franciscana, e
creio mesmo que a convergência dos prognósticos da OECD-FAO e do nosso MAPA, situando a
exportação brasileira em 2022 em torno das 780 mil toneladas, serão superados. Naturalmente,
conto com a vantagem de fazer o prognóstico mais recente, incluindo nele o fato recente do início
das exportações brasileiras para o Japão, o que poderá aportar uma exportação de cerca de 700
mil toneladas já em 2014.
24
Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio : Brasil
2012/2013 a 2022/2023 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Gestão
Estratégica. – Brasília : Mapa/ACS, 2013. Mapa Carnes 2013-2023
Finalmente espero que todos estejam enganados em relação aos prognósticos do consumo
brasileiro de carne suína e que a realidade mostre números superando 25% em 10 anos.
Apenas como registro ficam os prognósticos das exportações de carne suína da OECD-FAO (Tabela
XXVII) e do ERS-USDA (Tabela XXVIII).
Tabela XXVII – Exportações de Carnes Suínas – Prognósticos a 2021 segundo a OECD-FAO
25
Tabela XXVIII – Exportação de Carne Suína – Prognósticos para os Principais Países Exportadores – ERS-USDA
26
E como encerramento os prognósticos de consumo, chamando a atenção para que até 2021 o
mundo consumirá 125.404 mil toneladas de carne suína, um aumento de 17.313 mil toneladas em
relação à média de 2009-2011. Oa Países em Desenvolvimento serão responsáveis por 84% desse
aumento de consumo e 73,2%, ou seja, 12.675 mil toneladas ocorrerão na Ásia.
25
Idem #3
26
Fonte: International Baseline Projections, ERS-USDA, Pork Trade Long Term Projections
Ou seja, o mundo mudou e até um dinossauro como eu percebe isso. E como disse outro
dinossauro, este absolutamente genial: “A fonte básica de toda vantagem competitiva reside na
capacidade relativa de cada corporação em aprender mais rapidamente que seus competidores”27
Tabela XXIX – Consumo de Carne Suína
28
Não se esqueçam de me enviar nomes para integrarem o rol dos dinossauros da suinocultura
brasileira.
E saudações jurássico-cretáceas.
27
Arie de Geus, former Planning VP Royal Dutch Shell
28
Pigmeat projections 2021.xlsx

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  • 1. O Futuro Próximo da Carne Suína na Visão de um Dinossauro da Suinocultura Osler Desouzart osler@odconsulting.com.br Na última edição da Pork Expo fui qualificado como um dinossauro da suinocultura. O que foi direcionado não com animus narrandi nem com animus jocandi, mas como animus nocendi acabou por inspirar uma ideia, o que é particularmente notável - quem nunca teve uma ideia original acabar por inspirar uma. Constatei que o setor suinícola brasileiro deve muito a pessoas que podem ser classificadas como “dinossauros da suinocultura” por estarem contribuindo com o nosso segmento desde os tempos em que se achava que carne suína era gorda. Tenho a mais firme intenção de fundar uma comunidade de “dinossauros da suinocultura” e peço a vocês leitores que deem sugestões de nomes que podem integrar essa comunidade. Vou me permitir incluir entre os candidatos os nomes de Pedro de Camargo Neto, Rubens Valentim e Luciano Roppa. A minha lista é propositalmente pequena para que vocês leitores sejam os grandes eleitores dos “dinossauros da suinocultura”. Enviem-me por e-mail suas sugestões, pois na minha cabeça surgem de imediato uma dúzia de outros nomes a quem a suinocultura brasileira muito deve. Feita esta introdução vamos dar uma olhada no que deve ocorrer nos próximos dez anos com a suinocultura mundial. A primeira coisa é que a carne suína deixará de ser a mais produzida no mundo, sendo superada pelas carnes de aves entre 2020 e 2021. As projeções podem ser verificadas na Tabela I Tabela I – Produção Mundial das Principais Carnes – Prognósticos a 2021 1 Qual a relevância dessa mudança? Nenhuma de cunho maior, pois a carne suína continuará a responder por 1/3 do consumo de carnes mundial e em 2021 estaremos produzindo 17,611 milhões de toneladas a mais de carne suína do que produzimos no 1 Elaborado por ODCONSULTING com base em dados da OECD, FAO.Projeções por tipos de carnes a 2021
  • 2. período 2009-11. Na Tabela II podemos apreciar os prognósticos do Balanço da Carne Suína a 2021 Tabela II – Balanço Mundial da Carne Suína – Food Outlook OECD-FAO 2012-2021 – Em 000 tm 2 As Tabelas III e IV apresentam os prognósticos quantificados e da produção de carne suína por regiões do mundo, assim como a participação percentual de cada uma dessas regiões, sempre com base na média de 2009-11 e nos prognósticos para 2021. Nelas podemos verificar que a Ásia, hoje a região dominante graças à colossal produção chinesa que em 2009-11 respondia por 46,5% da produção mundial de carne suína, percentual esse que ascenderá a 47.6%, seguirá detendo a primazia em 2021. Verifiquem ainda que América Latina e África terão sua participação ampliada em 2021, e que Europa e América do Norte perderão terreno, confirmando a premissa de que a produção de carnes migra para os Países em Desenvolvimento. 2 Fonte: Dataset: OECD-FAO Agricultural Outlook 2012-2021 – Dados revalidados Data extracted on 11 Jul 2013 14:14 UTC (GMT) from OECD.Stat Pork Meat 2021
  • 3. Tabela III – Prognósticos da Produção de Carne Suína – Food Outlook OECD-FAO 2012-2021 – Em 000 tm 3 Tabela IV – Participação % das Diferentes Regiões Mundiais na Produção Mundial de Carne Suína 4 3 Elaborado por ODConsulting com base OECD/FAO (2012), OECD-FAO Agricultural Outlook 2012-2021, OECD Publishing and FAO. http://dx.doi.org/10.1787/agr_outlook-2012-en Pigmeat projections 2021 4 Idem #3
  • 4. O principal objetivo deste artigo será detalhar o balanço de algumas das forças da suinocultura mundial, com um foco em países que constituem forças produtivas, mas também comerciais, tanto do ponto de vista de exportação como importação. E também aqui quero deixar comprovado o fato de que não há potências que careçam de um sólido mercado doméstico. Não obstante esse fito, destacamos os 45 maiores países produtores de carne suína na Tabela V. Considerada a importância da União Europeia, apresentamos na Tabela VI a produção individual de cada um dos 27 países que a integram. Em ambas as tabelas os números refletem a média de produção entre 2009 e 2011. Há uma discreta diferença entre o total mundial apresentado na Tabela III e na V, explicável pelo fato de que aquela traduz números de agosto de 2012 enquanto que esta está baseada em dados atualizados em janeiro de 2013. Não é inabitual que países atualizem regularmente suas estatísticas ou que substituam dados preliminares por definitivos, o que faz com que esse processo de sintonia fina dos números ocorra não raro por até três anos. Tabela V – Principais Países Produtores de Carne Suína – Média 2009-2011 – Em 000 tm segundo a FAOSTAT 5 5 Fonte: FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 | 11 July 2013. Pig meat production 2009-11 Faostat
  • 5. Tabela VI – União Europeia-27 – Produção de Carne Suína por Países Membros – Média 2009-2011 – Em 000 tm 6 As Tabelas VII e VIII apresentam respectivamente os prognósticos de importação de carne suína por regiões e por principais países importadores. Antecipa o estudo da OECD-FAO um menor ritmo de crescimento anual das importações na próxima década que em 2021 teriam um acréscimo acumulado de 13,1% sobre a média 2009-2011. Verifiquem que as importações da Ásia e da África serão as locomotivas desse crescimento, enquanto a Europa sofrerá uma redução de 41,25% na próxima década. 6 Idem #5
  • 6. Tabela VII – Importação Mundial de Carne Suína por Regiões do Mundo – Prognóstico a 2021 7 Com frequência ouço em círculos exportadores que devemos envidar esforços para abrir o mercado da União Europeia para a carne suína brasileira. Consigo compreender essa preocupação à luz do fato de que a UE-27 é o segundo maior mercado consumidor de carne suína, com intenso mercado intercomunitário. Entretanto, as importações da EU-27 de fora do bloco são negligíveis, pois o a Europa dos 27 é na realidade um grande exportador, o segundo maior logo depois dos Estados Unidos. Creio que o interesse dos suinocultores deve focar na abertura dos mercados do México e do próprio USA, à luz de que ganhamos acesso ao mercado japonês, cuja manutenção deve merecer zelo extremo. China e Coréia do Sul devem também fazer parte dessa lista de mercados estratégicos, assim como a manutenção do mercado de Hong Kong. Todos estes países têm como denominador comum o fato de que importação de carne suína fará parte das suas equações de abastecimento, onde medidas protecionistas serão mais para a exceção do que para regra. 7 Idem nota #3
  • 7. Tabela VIII – Prognóstico de Importação de Carnes Suínas 2013-2022 segundo a OECD-FAO 8 Ao contrário dos trabalhos anteriores da OECD-FAO, que prognosticavam êxito na política de estado da Rússia de busca da autossuficiência, o recente relatório OECD – FAO AGRICULTURAL OUTLOOK 2013-2022 muda em 180° sua posição, prognosticando agora que as importações russas devam quase que dobrar até 2022, quando anteriormente previam uma redução de 50%. Limito- me na Tabela VIII a veicular esses dados, mas não acredito num fracasso da política russa. Enquanto dispuserem de recursos provenientes das suas exportações de petróleo e gás, ambas com projeções ascendentes de preços, a Rússia sustentará a produção local com subsídios e medidas protecionistas. Não acredito que logrem a autossuficiência nessa próxima década, até pela expansão do consumo doméstico, mas seguramente diminuirão a participação da carne suína importada em sua equação de abastecimento. As projeções de importações do ERS-USDA apresentadas na Tabela IX são particularmente interessantes e distintas daquelas do OECD-FAO. No caso da Rússia, endossam a tese de progressiva redução das importações e creio que seus dados para as importações russas de carne suína em 2012 são mais confiáveis que os veiculados na tabela VIII. Tabela IX – Prognósticos de Importação de Carne Suína 2013-2022 segundo ERS-USDA 9 A visão do ERS sobre o mercado chinês coincide com a nossa, que também vemos a China satisfazendo parte de sua demanda através de importações, mormente se considerarmos que grandes grupos chineses deverão internacionalizar suas produções em áreas do mundo com abundância de recursos naturais. Quando somamos os prognósticos de importação da China Continental aos de Hong Kong (cf. Tabela XII) vemos um mercado que hoje se aproxima em 8 Fonte: OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022 - Carne Suína 2012-2022 Prod, Imp, Exp, Consumo 9 Fonte: www.ers.usda.gov. Pork trade long-term projections
  • 8. volume do mercado japonês, o maior importador mundial. Esses dois mercados, Planeta China e Japão, são prioritários e estratégicos para a suinocultura brasileira e nenhum esforço será demasiado para preservá-los. Esse esforço tem na sua base um tripé cuja primeira perna é biossegurança, a segunda é biossegurança e a terceira é biossegurança. O Japão não é um mercado protecionista na essência do termo no que diz respeito a carnes, onde sabem que não dispõem dos recursos naturais para uma produção competitiva e sustentável. Entretanto, sua postura em relação a aspectos sanitários é de tolerância menos do que zero. Volto a insistir com base nos dados dessa tabela # IX sobre a importância que teria para a suinocultura brasileira se pudéssemos lograr acesso aos mercados do NAFTA. À luz dos dados até agora vistos, creio que seria útil listar as projeções sobre o balanço da carne suína de alguns países, tanto na visão do ERS-USDA como da OECD-FAO. Começaremos naturalmente pelo Planeta China, seguido do Japão, Rússia e Ucrânia pela importância que embutem para as exportações brasileiras. Vejamos inicialmente os prognósticos da China Continental (cf. Tabela X), onde surpreendentemente já surge o país como o terceiro maior importador de carne suína em 2013. Quando somamos essas importações às de Hong Kong (cf. Tabela XI) alcançamos um resultado (cf. Tabela XII) que neste ano de 2013 deve disputar o primeiro lugar em importações com o Japão. A Tabela XIV mostra o Planeta China já alcançando em 2015 a primazia das importações mundiais de carne suína.
  • 9. Tabela X – Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – China Continental 10 10 Fonte: International Baseline Data, http://www.ers.usda.gov/ Elaborado por ODConsulting. Dados atualizados em 01/05/2013 - Pork Supply and Demand updated 1.5.13 2011-2022. Esta mesma fonte de dados foi usada para as Tabelas XI a XIII; XV a XVI; e XVIII a XXIV
  • 10. Tabela XI - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – Hong Kong Tabela XII - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – China Continental + Hong Kong Tenho um amigo especialista em nutrição animal, outro desses dinossauros da suinocultura, mas entre os que omiti, que costuma dizer que adora meus gráficos, mas que adoraria muito mais se
  • 11. eles fossem mais fáceis de entender. A partir desse comentário e seguindo os ensinamentos do Mestre Vicente Falconi espero no Gráfico I ter cometido um “novo erro” ao fazer um gráfico menos rebuscado e decorado. O ponto deste gráfico é não só facilitar a visualização do ascendente das importações chinesas, mas também deixar evidente que as importações diretas da China Continental deverão se tornar progressivamente mais relevantes. Gráfico I – Importação de Carne Suína – Grande China = China Continental + Hong Kong 11 Apesar desse aumento da importação chinesa e de sua tendência crescente não deve constituir motivo de preocupação maior para a produção chinesa de carne suína na medida em que esta ainda responderá por 97,5% do consumo do país. Antes e pelo contrário deverá servir de estímulo para uma melhora do desempenho da produção chinesa, que tem muitos de seus índices zootécnicos e produtivos abaixo das médias dos principais produtores mundiais. Uma empresa para a qual presto serviços já promoveu a vinda de uma missão de produtores chineses de suínos para visitar empresas produtoras brasileiras com o objetivo de verificarem in loco o que fazem seus colegas brasileiros. Na reunião que tivemos em Shangai após a visita, vários de seus integrantes disseram o útil que tinha sido a iniciativa e o muito que induziu à reflexão. 11 Elaborado por ODConsulting com base no International Baseline Data, http://www.ers.usda.gov/. - Pork Supply and Demand updated 1.5.13 2011-2022
  • 12. Gráfico II 12 A grande vantagem dos dados do USDA sobre a China reside na cobertura tanto da parte continental quanto de Hong Kong, assinalando inclusive dados de Taiwan (cf. Tabela XIII), região hoje não integrada administrativamente à China, mas com vínculos étnicos e culturais 13 e séculos de história em comum que poderão pavimentar um caminho de conciliação política. Deixamos os dados como um fator adicional a ser considerado, sobretudo por Taiwan ter sido um grande exportador de carne suína para o Japão até que um episódio de febre aftosa em 1996 e outros ulteriores de natureza sanitária acabaram não só por impedir o acesso ao maior mercado do mundo, mas mesmo impor a Taiwan a necessidade de importar. 12 Idem nota # 12 13 98% da população de Taiwan e 91,5% da chinesa pertencem ao grupo étnico Han e o idioma mandarin é o idioma oficial e comum.
  • 13. Tabela XIII - Prognóstico ERS-USDA – Balanço da Carne Suína – Taiwan O Japão era em 2011 o quarto maior mercado importador de produtos agrícolas14 do mundo (USD 95.810.402.726) e terceiro maior importador mundial de alimentos15 (USD 78.916.532.740), posição que deve se manter até os dias hoje. A posição do país é de importações constantes e crescentes de ambas as categorias de produtos (cf. Gráfico III), sendo esse crescimento particularmente acentuado a partir de 2003. 14 Os três primeiros são China, Estados Unidos e Alemanha. Fonte: WTO Importação de Produtos Agrícolas e Alimentos 2011 e 2010 por países 15 Os dois primeiros são Estados Unidos e Alemanha. Idem
  • 14. Gráfico III – Japão Importação de Produtos Agrícolas e Alimentos 16 Com uma população de 127,3 milhões, sua topografia montanhosa e território exíguo limitam as áreas de cultivo, que estão divididas em propriedades pequenas demais para que se possa produzir alimentos de forma eficiente, contando com alto grau de proteção para setores chaves da agricultura japonesa, o que parcialmente explica os altos custos da alimentação no Japão. Entre todas as nações mais desenvolvidas do mundo, os japoneses são os que têm o menor consumo de alimentos, com um total diário em 2009 de 2.723 kcal/capita, o que coloca o país em 93º lugar numa lista de 176 países do mundo, ou seja, 1.000 calorias a menos de ingesta diária dos três primeiros colocados – Áustria (3.800 kcal/dia), Bélgica (3.721 kcal/dia) e Estados Unidos (3.688 kcal/dia). Não significa que os japoneses sejam subnutridos. Pelo contrário são considerados entre os países de melhor qualidade de nutrição, com uma alta expectativa de vida, 83,5 anos para pessoas nascidas entre 2010-201517 . Em 2009, cerca de 22,7% da população japonesa tinha mais de 65 anos, percentual esse que deve alcançar 40% em 2050. Essas 2.723 kcal são compostas por 79% de produtos de origem vegetal e 21% de produtos de origem animal (cf. Gráfico IV). 16 Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OMC. Japão Importação de Produtos Agrícolas e Alimentos 17 Fonte: United Nations World Population Prospects, 2006 revision. UN. Retrieved 15 January 2011
  • 15. Gráfico IV – Japão – Composição da Ingesta de Calorias em 2009 entre Produtos de Origem Vegetal e Animal 18 A Tabela XIV apresenta os dados de 2009 para os principais produtos de origem animal consumidos pelos japoneses, onde constatamos que a carne suína é a mais consumida, respondendo por 43,3% do consumo de todas as carnes. Tabela XIV – Japão –Produtos de Origem Animal na Dieta em 2009 19 18 Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 - Japão Food Balance Sheet 2009 19 Idem # 18
  • 16. O Gráfico V mostra que essa preferência pela carne suína vem caracterizando o consumo japonês há décadas e que mesmo o processo de abertura do mercado japonês a partir de meados da década de 80 não desviou essa preferência para a carne bovina, como na época se prognosticava. Após uma explosão inicial do consumo pela sua acessibilidade, a carne bovina começou a recuar a partir de 2000, mantendo-se a carne suína como a preferida, seguida pela carne de frango. Gráfico V – Consumo de Carnes no Japão 20 Coerente com sua política de substituir por importações os recursos naturais (principalmente terra arável e água) de que não dispõe, o Japão hoje abastece quase que a metade do seu consumo de carne suína através de importações, desde a abertura de seu mercado de carnes na década de 80, conforme pode ser conferido no Gráfico VI. É interessante assinalar que o Japão importa inclusive carne suína resfriada. Confiram na Tabela V anteriormente apresentada que o Japão era o 9º maior produtor de carne suína no período 2009-11, o que não impede o país de manter essa política de abastecimentos. E caso os prognósticos apresentados na Tabela XV se confirmem, essa política persistirá no futuro e a partir de 2012 mais de 50% do consumo japonês de carne suína será atendidos por importações. 20 Fonte: Foreign Agriculture Service/USDA – Elaborado por ODConsulting. Japão Balanço segundo fas usda
  • 17. Gráfico VI - Consumo de Carne Suína por Origem do Produto 21 O consumidor japonês é extremamente educado e consciente. Qualquer incidente sanitário repercute dramaticamente no consumo, como puderam os norte-americanos constatar quando registraram um episódio de BSE e quando tivemos uma explosão de episódios de HPAI entre 2004- 2006 que da Ásia se espalharam até a Europa. Febre aftosa já custou aos produtores de suínos de Taiwan o mercado japonês. Eram praticamente os únicos fornecedores internacionais de carne suína ao Japão até que em 1997 tiveram o mercado fechado devido à febre aftosa, abrindo assim oportunidades para as exportações norte- americanas, canadenses e europeias que passaram a dominar o abastecimento ao país. A tentação de continuar abordando o mercado japonês é grande já que o Brasil passa a exportar para aquele país a partir de julho deste ano, graças à aprovação do status sanitário de Santa Catarina e a aprovação de frigoríficos daquele estado. Abre-se uma grande porta para a exportação brasileira de carne suína que poderá nos próximos 12 meses alcançar um volume anual de 700 mil toneladas, contras as atuais 550 mil dos últimos 12 meses. Tive a honra de fazer a primeira exportação brasileira de carne de frango para o Japão e mantive com aquele país negócios importantes durante quase 20 anos. Qualidade e respeito ao contrato são essenciais para prevalecer e aconselho aos operadores que não se limitem em suas visitas a ficar nos escritórios de seus importadores em Tóquio ou outras grandes cidades. Busquem conhecer como a carne suína é distribuída, como é usada, que vantagens oferecem em termos não de preços, mas de conveniências de uso oferecidas por nossos competidores. Surpreendam o 21 Idem #20
  • 18. mercado oferecendo novos produtos inspirados e desenvolvidos nos usos que se fazem da carne na culinária japonesa e no food servisse daquele país. E cuidem da biossegurança. Não esperem protecionismos calcados em episódios pseudo-sanitários como fazem muitos dos mercados de destino de nossas exportações de carne suína. Mas saibam que a postura japonesa é de tolerância zero diante de qualquer fragilidade sanitária. Resisto à tentação de seguir escrevendo sobre o Japão com a Tabela XV que apresenta os prognósticos do Balanço da Carne Suína do país ao ano 2022 e indica a esperada continuidade da política de atender ao consumo com importações crescentes. Tabela XV – Japão - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Nas Tabelas de XIV a XXII estão os prognósticos para os principais países importadores de carnes suínas (cf. Tabela IX, anteriormente apresentada), começando por outro país asiático, importador de peso e para o qual o Brasil está fazendo esforços de exportação – a Coréia do Sul.
  • 19. Tabela XVI – Coréia do Sul - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Seguem-na as meninas dos olhos dos suinocultores brasileiros, Rússia e Ucrânia, países que perseguem uma autossuficiência em abastecimento em carnes. Essa missão será árdua, particularmente na Rússia, considerada que a carne suína disputa a preferência com a de aves e que a expansão do consumo do país tem se demonstrado muito dinâmico. Tabela XVII
  • 20. 22 Tabela XVIII – Rússia - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm 22 Fonte: Elaborado por ODConsulting com base em dados do Food Outlook June-2013, GIEWS-FAO, Total Meats June 2013
  • 21. Tabela XIX – Ucrânia - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Os prognósticos para a União Europeia, que neste mês de julho de 2013 recebeu seu 28º país membro, a Croácia, são de seguir como o segundo produtor e consumidor mundial de carne suína e como segundo maior exportador mundial de carne suína (cf. Tabela XXIV) e com uma parcela ínfima de importação de fora da EU, ainda que o comércio intracomunitário seja considerável.
  • 22. Tabela XX – União Europeia-27 - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Seguem os três países do NAFTA que deveriam merecer da suinocultura brasileira foco e atenção prioritários e estratégico, ainda que o atual governo brasileiro, com seu antiamericanismo de centro acadêmico dos tempos em que eu estava na universidade, empreste baixa prioritária a esta área, preferindo o foco das suas atenções em suas alianças ideológicas num MERCOSUL, morto do ponto de vista de integração econômica e comercial, e onde a suinocultura brasileira sofre todos os tipos de obstáculos e de protecionismos. Governos, felizmente, passam e o país e a suinocultura brasileira perdurarão mesmo depois que o sonho do reich de 1000 anos tupiniquim seja desfeito pela incompetência e incoerência de seus idealizadores. Portanto, mobilizemo-nos para obter acesso a esses mercados.
  • 23. Tabela XXI – Estados Unidos - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Tabela XXII – México - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm
  • 24. Tabela XXIII – Canadá - Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm Naturalmente não poderíamos deixar o Brasil de fora, cujos prognósticos de balanço da carne suína estão apresentados segundo as três fontes: ERS-USDA (Tabela XXIV), OECD-FAO (Tabela XXV) e finalmente o nosso MAPA (Tabela XXVI).
  • 25. Tabela XXIV – Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – ERS/USDA 23 23
  • 26. Tabela XXV - Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – OECD-FAO Tabela XXVI - Brasil – Prognóstico do Balanço da Carne Suína – Em 000 tm – MAPA
  • 27. 24 Os três organismos divergem em seus prognósticos, sendo que os ERS-USDA é o menos otimista para a expansão da produção brasileira, prevendo um crescimento inferior a 15% num prazo de dez anos, enquanto a OECD-FAO e o MAPA convergem em que esse crescimento será superior entre 18,6% e 20,6%. Brasil – Carne Suína - Prognósticos para 2022 – Em 000 tm Produção Import Export Consumo ERS-USDA 3.697 1 778 2.920 OECD-FAO 3.988 11 640 3.360 MAPA 4.213 - 784 3.447 Por outro lado os prognósticos de exportação da OECD-FAO foram de uma modéstia franciscana, e creio mesmo que a convergência dos prognósticos da OECD-FAO e do nosso MAPA, situando a exportação brasileira em 2022 em torno das 780 mil toneladas, serão superados. Naturalmente, conto com a vantagem de fazer o prognóstico mais recente, incluindo nele o fato recente do início das exportações brasileiras para o Japão, o que poderá aportar uma exportação de cerca de 700 mil toneladas já em 2014. 24 Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio : Brasil 2012/2013 a 2022/2023 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Gestão Estratégica. – Brasília : Mapa/ACS, 2013. Mapa Carnes 2013-2023
  • 28. Finalmente espero que todos estejam enganados em relação aos prognósticos do consumo brasileiro de carne suína e que a realidade mostre números superando 25% em 10 anos. Apenas como registro ficam os prognósticos das exportações de carne suína da OECD-FAO (Tabela XXVII) e do ERS-USDA (Tabela XXVIII). Tabela XXVII – Exportações de Carnes Suínas – Prognósticos a 2021 segundo a OECD-FAO 25 Tabela XXVIII – Exportação de Carne Suína – Prognósticos para os Principais Países Exportadores – ERS-USDA 26 E como encerramento os prognósticos de consumo, chamando a atenção para que até 2021 o mundo consumirá 125.404 mil toneladas de carne suína, um aumento de 17.313 mil toneladas em relação à média de 2009-2011. Oa Países em Desenvolvimento serão responsáveis por 84% desse aumento de consumo e 73,2%, ou seja, 12.675 mil toneladas ocorrerão na Ásia. 25 Idem #3 26 Fonte: International Baseline Projections, ERS-USDA, Pork Trade Long Term Projections
  • 29. Ou seja, o mundo mudou e até um dinossauro como eu percebe isso. E como disse outro dinossauro, este absolutamente genial: “A fonte básica de toda vantagem competitiva reside na capacidade relativa de cada corporação em aprender mais rapidamente que seus competidores”27 Tabela XXIX – Consumo de Carne Suína 28 Não se esqueçam de me enviar nomes para integrarem o rol dos dinossauros da suinocultura brasileira. E saudações jurássico-cretáceas. 27 Arie de Geus, former Planning VP Royal Dutch Shell 28 Pigmeat projections 2021.xlsx