SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  4
Télécharger pour lire hors ligne
ENTrEvISTA
por rodrigo Zevzikovas




Responsabilidade compartilhada,
mas compartilhada mesmo




                                                        André Saraiva é diretor executivo
                                                        do Programa de Responsabilidade
                                                        Ambiental Compartilhada (Prac) e
                                                        diretor da área de Responsabilidade
                                                        Socioambiental da Associação
                                                        Brasileira da indústria Elétrica e
                                                        Eletrônica (Abinee), além de ser espe-
                                                        cializado em consumo responsável e
                                                        recuperação de valores ambientais.
                                                        Saraiva convidou a reportagem da
                                                        Gestão de Resíduos para falar sobre o
                                                        futuro do setor após a aprovação da
                                                        Política Nacional de Resíduos Sólidos.

6 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011
ENTrEvISTA

RGR – Qual a diferença entre resíduos                                                       em tecnologia verde, posicionar o equi-
eletrônicos e resíduos tecnológicos?                                                        pamento como Green, que atende as nor-
André – Essa é uma discussão que o Le-                                                      mas nacionais e internacionais, influencia
gislativo tem. Em muitos projetos de lei,                                                   o consumidor na hora de adquirir meu
nós observamos que há a terminologia                                                        produto? Como eu demonstro que isso
resíduos eletroeletrônicos. Isso vai do pen                                                 está inserido no preço? Acredito que uma
drive ao satélite. Então, o importante é                                                    grande discussão são os selos de identifi-
saber a que se referem. Muitas das vezes,                                                   cação, para fácil visualização. Por exem-
percebemos que o Legislativo quer falar                                                     plo, um selo azul sei que ele tem uma sé-
do computador, quer falar do notebook,                                                      rie de coisas, quando tiver um selo verde,
quer falar da impressora, falar do celular,                                                 tenho outra série de coisas e quando
e algumas das vezes até se refere a pilhas e                                                tenho o selo amarelo, tenho outra série.
baterias. Na nossa visão dentro da Associa-                                                 A ausência desses selos talvez seja um aler-
ção, que é mais técnica, acreditamos que                                                    ta ao consumidor de que ele pode ter um
se fossemos levar ao pé da letra a Política    nossa visão. Ponto A, todo equipamento       bom preço, mas não terá garantias. Eu
Nacional de Resíduos Sólidos, teríamos         tem um certo grau de obsolescência, ele      acho que os selos facilmente poderão ser
mais de 120 acordos setoriais. Porque          nasceu com uma vida útil. A de um com-       publicados. No site do fabricante, com o
nós atuamos dentro de 1200 NCM                 putador, por exemplo, é em média de 4        número de série em mãos, o consumidor
[Nomenclatura Comum do Mercosul].              a 6 anos. O que acontece? O brasileiro       checa se é real. É obvio que isso requer
Traduzindo isso dentro de outro escopo,        tem uma característica importante. Ele       um amadurecimento, uma discussão, re-
que é como nós queremos conduzir as            extrapola o grau de obsolescência do         quer a criação de normas técnicas, mas
discussões, dividindo por linha: branca,       produto em duas ou três vezes. Então         será com certeza, uma forma de indica-
marrom, verde e azul, podemos trabalhar        faz esse computador durar de 12 a 14         tivo.
melhor. A partir daí podemos interpretar       anos. Isso mostra que nas campanhas das
qual a maior demanda da sociedade em           empresas que recebem o equipamento           RGR - Como o setor eletroeletrônico
cada linha. Voltando a pergunta, acre-         pós-consumo, pelas assistências técnicas,    recebeu a promulgação da Política Na-
dito que dentro desta nomenclatura, po-        por programas específicos, você vê equi-     cional de Resíduos Sólidos?
demos navegar por uma série de coisas.         pamentos sendo devolvidos, fabricados        Ela nasce pra alguns após 19 anos de
O que nós queremos mostrar é que tem           entre 1995 e 1999. Ninguém devolve           discussões, para outros 21, para outros
de haver cuidados ao usar esta palavra.        um computador 2007. Outro ponto em           20. O que importa é que esse adoles-
Temos de descer ao nível do mercado e          que a sociedade mistura essa discussão       cente teve a maturidade de disciplinar
perguntar do que estamos falando, qual         e imputa uma sociedade equivocada            um comportamento que o Brasil carecia,
produto que se quer disciplinar. A partir      aos fabricantes, é que eles alegam que o     teve um cunho social de inclusão, tem
daí a gente consegue criar uma linha de        computador que ele compra hoje, já está      um marco histórico na concepção da res-
relação.                                       obsoleto. Isso não é uma verdade. Porque     ponsabilidade no pós-consumo, ele traz
                                               o que manda no computador mais do            o conceito da responsabilidade comparti-
RGR – Cada vez mais os equipamentos            que hardware, é software. E a demanda        lhada, entre outros, imputa obrigações a
têm uma menor vida útil, não só pelo           de software no mercado, a necessidade de     vários atores desta cadeia. Porém, se eu
desgaste ou danos, mas também pelo             mercado de velocidade de transmissão,        tivesse de fazer um desabafo, a discussão
desenvolvimento de produtos cada vez           de recepção muitas vezes está suportada      do decreto jamais poderia ter sido con-
mais avançados . Como controlar este           pela capacidade do software em navegar       duzida como foi. A responsabilidade que
tipo de descarte?                              nessa velocidade, do que no próprio equi-    o Governo Lula teve em se articular para
Nós temos que ampliar a nossa visão.           pamento. Há uma falta de esclarecimento      aprovar em sua gestão a Política Nacional
Por que a Política Nacional ela chama a        da sociedade. E ai, eu faço mea culpa. A     de Resíduos Sólidos, ele não poderia ter
atenção quando regulamentada através           indústria talvez deveria se posicionar de    atribuído a sua gestão também a responsa-
do decreto, do artigo 18, que as metas         forma diferenciada, que é – na minha         bilidade da formulação do decreto. Pois,
serão calculadas em cima do volume             opinião – o grande desafio da próxima        esse documento, a Lei 12.305 exige uma
de produção; então isso faz estender a         década: Como o fabricante que investir       visão mais ampla e para ser colocada em


                                                                               N° 29 • Março / Abril • 2011 | Gestão de Resíduos   |7
ENTrEvISTA

prática de forma efetiva não é um de-                                                          de parabéns. O que me chama a atenção é
creto que irá regulamentá-la. Nós neces-                                                       que na regulamentação da Lei, foi criado
sitamos de um decreto sobre termo de                                                           um modelo branco, foi criado o comitê
referência para planos de gerenciamento.                                                       interministerial, depois grupos técnicos
Nós não temos esse termo de referência                                                         temáticos, nos quais possivelmente a so-
e metade da lei fala de plano de geren-                                                        ciedade e as entidades de classe serão en-
ciamento. Nós não temos um sistema de                                                          volvidas. Isso me remete a repensar uma
informação sistematizado, no qual todos                                                        série de coisas, o decreto disciplinou um
os órgãos ambientais estaduais possam                                                          ou dois temas, mas deixou lacunas que
inserir rapidamente as suas informações.                                                       não temos como colocar em prática a
O cadastro técnico federal que é uma ex-                                                       logística reversa, sem discipliná-las. Eu
celente ferramenta necessita de apoio, de                                                      acredito que cinco temas devem mere-
consulta. Necessita ser harmônico com as                                                       cer um decreto antes de qualquer imple-
demais informações do Estado. Precisa-                                                         mentação de logística seja a parte de in-
mos ter um sistema homogêneo de infor-                                                         vestimentos e os planos de resíduos, que
mação, não dá para cada estado militar          recebam resíduos do bairro, porque mui-        tem sobre a chefia o MMA [Ministério
de forma diferente. A Política Nacional         tas pessoas, que passam pela caçamba,          do Meio Ambiente]. Depois, a recupera-
trouxe essa contribuição. No meu ponto          costumam colocar algum tipo de resíduo.        ção energética, que é uma discussão do
de vista, com certeza, existem cinco de-        Por isso eu defendo um movimento de            MDIC [Ministério do Desenvolvimento,
cretos que deveriam ser publicados. Nós         que caçamba tem de ter tampa e só quem         Indústria e Comércio Exterior], depois a
devemos discutir padrões ambientais,            tem a chave da tampa é quem a contratou.       desoneração e incentivos, que também
um decreto sobre padrões pós-consumo,           No ato da devolução, haveria uma decla-        está com o MDIC, resíduos perigosos,
não tem como imputar a indústria res-           ração de que a caçamba foi entregue sem        que está com o Ministério da Saúde, e o
ponsabilidade sob o volume produzido,           qualquer resíduo diferente. E por último,      SNIR, que é o Sistema de Informação,
como meta de recolhimento, se a titulari-       não obstante, essa Política não vai colar se   que está a cargo do MMA. Não dá para
dade do bem está de posse do consumidor.        ela não tiver um forte apelo de educação       implementar a logística reversa sem es-
Se não for devolvido, como é que eu atin-       ambiental. Não tem como implementar            sas cinco redes estarem informatizadas.
jo meta? Na verdade, essa discussão teria       logística reversa se não educarmos a nossa     Se neste momento eu tivesse de fazer um
de ser a partir da devolução. Posso ter a       sociedade. Esse momento de educação            apelo, seria para que os estados e municí-
responsabilidade de tratar 100% do que          tem de ter uma divisão clara: como va-
for devolvido, mas a partir da devolução.       mos tratar o passivo e como vamos tra-
Ai eu pergunto, de quem será a respon-          tar o futuro. São duas ações diferentes,
sabilidade de tratar aquilo que não tem         porque tenho de tirar esse cidadão do
pai, o mercado cinza de computadores?           seu papel de apenas consciente, porque
Essa responsabilidade é do poder público?       conscientes todos nós somos, para o papel
O poder público tem condições de re-            de agente comprometido. É neste ponto
solver isso? O produto pirata, de quem é a      que eu acho que a sociedade e a educa-
responsabilidade de tratar? Como vamos          ção ambiental são partes integrantes de
fazer a inclusão do catador? Há capítulos       qualquer processo de logística reversa.
que dizem que nenhum produto da logís-
tica reversa poderá ser permitida sem que       RGR - Faltou participação dos agentes
ela preveja a participação das associações      da sociedade na formulação da Lei?
dos catadores. Existem produtos peri-           Não, eu acho que na formulação da lei
gosos, como vou prever a ação de uma            fez o barulho que fez. Se ela tivesse mais
cooperativa na logística reversa de lâmpa-      espaço, mais discussão, talvez não fosse
das? Como ainda posso permitir que ca-          publicada no momento certo, com o
çambas que são colocadas na rua recebam         amadurecimento correto. As pessoas en-
não só os resíduos da construção, mas           volvidas que dirigiram esse processo estão


      8 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011
ENTrEvISTA

pios cessassem fogo contra a indústria até                                                     realidade e ai, talvez, comece o grande
que se disciplinasse isso. Que o Ministé-                                                      processo de educação ambiental. O que
rio Público desse trégua nesse momen-                                                          a pessoa faz na empresa, consegue fazer
to, não só para a indústria, mas para os                                                       em casa e o que faz em casa, repercute
órgãos ambientais. Nós temos agora um                                                          na empresa, seja ela com três funcionários
desafio muito grande, todos os indicado-                                                       ou 200. É como você reproduz o modelo.
res promovem as mudanças, mas precisa-                                                         A nossa grande chance de sucesso, com
mos ter calma para colocá-la em prática.                                                       certeza, é mexer no modelo educacional.
Precisamos de, no mínimo, este ano de                                                          Não dá para dar educação ambiental na
2011, para discutir e implementar todas                                                        escola e a criança em casa e não ter o
essas ferramentas. Até porque na própria                                                       ambiente favorável para praticar o que
lei, está previsto que nenhuma logística                                                       aprendeu. Então nós temos de repensar o
reversa deve ser implementada sem antes                                                        atual modelo educacional.
ter publicada a sua viabilidade técnica e
econômica, o que requer estudos e nós                                                          RGR - Como deve ser feito o controle
não temos esses estudos. Nós temos que       poderíamos reinserir o restante na in-            dos resíduos perigosos contidos dentro
formular esses estudos, temos de ter ter-    dústria novamente? Mas o medicamento              dos equipamentos eletroeletrônicos?
mos de referência. Algumas cadeias já es-    pode ter sido manipulado de forma erra-           Hoje o Brasil está extremamente avan-
tão prontas e já podem ser implementadas     da, o que impediria até a doação. O fato é        çado, pelo menos as empresas filiadas
outras não. Outras requerem uma maior        que cada setor tem sua particularidade.           a Abinee, que abarca a linha verde e a
discussão sobre o tema. Por exemplo,                                                           Eletros, que abarca as linhas branca, mar-
medicamentos. Onde e como devolvo            RGR - A educação ambiental, fun-                  rom e azul. Eu tenho plena convicção que
medicamentos, será que não tenho de          damental para o êxito da lei, deve vir            as empresas fabricantes já baniram os
fazer um sistema de harmonização da          das empresas – com campanhas expli-               contaminantes do seu processo produti-
consulta com o número de comprimidos         cativas e de incentivo – ou do governo            vos, até porque são empresas globais, que
vendidos. Muitas vezes temos de tomar        federal?                                          exportam e têm de estar em consonân-
remédio durante sete dias e a caixa vem      Outro dia me perguntaram por que dentro           cia com as diretivas européias. O Brasil
com dosagem para 10 dias. Espera a           da lixeira de papel tem copo plástico? Eu         também tem uma avalanche de diretivas
próxima doença e guarda? Será que não        respondi por que simplesmente a pessoa            e normas da ABNT publicadas, então
                                             colocou as lixeiras. Quando você simples-         nesse aspecto nós estamos bem. O que
                                             mente coloca as lixeiras, corre um grande         me chama atenção é como eu compro-
                                             risco de ter o sistema alterado. Quando           vo que o produto importado que entra
                                             você não tem um sistema de coleta sele-           no meu país atende a essa normativa?
                                             tiva centralizado, implementado, você             Como o consumidor sabe que o produto
                                             desestimula os síndicos de condomínios            está dentro dos padrões exigidos? Esse é
                                             a conscientizar a sua nação, porque você          o desafio, criar uma forma de comunicar
                                             separa e depois lá embaixo junta, depois          a sociedade, de fácil visualização, de que
                                             o catador pega o que interessa, ou você           aquele produto está dentro dessas nor-
                                             separa, a coleta existe e acontece às 17h,        mas. Então, temos de incluir a Fecomer-
                                             mas o catador passou às 15h para pegar o          cio, a Confederação Nacional do Comér-
                                             que interessa, então, precisamos discutir         cio nessa discussão e interpretar o novo
                                             e comprometer as pessoas sobre isso. A            modelo de gestão que se instala agora no
                                             educação ambiental é a base. Eu tenho             País, com a publicação da Lei. Até porque
                                             plena convicção de que o Brasil hoje é            ela é clara na responsabilidade comparti-
                                             movimentado pelas grandes companhias,             lhada e na responsabilidade pelo ciclo de
                                             mas elas representam talvez 15% das em-           vida do produto. A gente tem de repensar
                                             presas, 70% das empresas no País são mé-          a cadeia toda agora e atribuir a respon-
                                             dias e pequenas, nas quais há uma outra           sabilidade a cada um desses atores.


                                             10 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011

Contenu connexe

Tendances

Tribuna Ecetista 122009final
Tribuna Ecetista 122009finalTribuna Ecetista 122009final
Tribuna Ecetista 122009finalguest8c6924
 
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Cleidinha15
 
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...Adriano Barros
 

Tendances (6)

Ti verde
Ti verdeTi verde
Ti verde
 
Tribuna Ecetista 122009final
Tribuna Ecetista 122009finalTribuna Ecetista 122009final
Tribuna Ecetista 122009final
 
TI Verde
TI VerdeTI Verde
TI Verde
 
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
 
TI e Sustentabilidade Ambiental
TI e Sustentabilidade AmbientalTI e Sustentabilidade Ambiental
TI e Sustentabilidade Ambiental
 
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...
TI Verde: A Tecno(ECO)logia do presente. A responsabilidade do profissional d...
 

En vedette (8)

A gestão sustentável do resíduo eletroeletrônico
A gestão sustentável do resíduo eletroeletrônicoA gestão sustentável do resíduo eletroeletrônico
A gestão sustentável do resíduo eletroeletrônico
 
Bateria não, energia
Bateria não, energiaBateria não, energia
Bateria não, energia
 
Abinee mobiliza-se na discussão de resíduos eletroeletrônicos
Abinee mobiliza-se na discussão de resíduos eletroeletrônicosAbinee mobiliza-se na discussão de resíduos eletroeletrônicos
Abinee mobiliza-se na discussão de resíduos eletroeletrônicos
 
Panorama 2004
Panorama 2004Panorama 2004
Panorama 2004
 
Revista SÍNTESE Direito Ambiental #02
Revista SÍNTESE Direito Ambiental #02Revista SÍNTESE Direito Ambiental #02
Revista SÍNTESE Direito Ambiental #02
 
A responsabilidade é de todos
A responsabilidade é de todosA responsabilidade é de todos
A responsabilidade é de todos
 
Como ser sustentável a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Como ser sustentável a partir da Política Nacional de Resíduos SólidosComo ser sustentável a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Como ser sustentável a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos
 
Mercado de Carbono: A bola da vez para os países em desenvolvimento
Mercado de Carbono: A bola da vez para os países em desenvolvimentoMercado de Carbono: A bola da vez para os países em desenvolvimento
Mercado de Carbono: A bola da vez para os países em desenvolvimento
 

Similaire à Entrevista sobre responsabilidade compartilhada e futuro do setor de resíduos sólidos

[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019
[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019
[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019MJV Technology & Innovation Brasil
 
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICA
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICATCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICA
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICARoberio Silva
 
2º Fórum de Resíduos Sólidos
2º Fórum de Resíduos Sólidos2º Fórum de Resíduos Sólidos
2º Fórum de Resíduos SólidosVIEX americas
 
PETIC-EMGETIS Final 2.0
PETIC-EMGETIS Final 2.0PETIC-EMGETIS Final 2.0
PETIC-EMGETIS Final 2.0netimba
 
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETIS
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETISMANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETIS
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETISnetimba
 
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINAL
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINALMANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINAL
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINALnetimba
 
Manuscrito Petic Emgetis Final
Manuscrito Petic Emgetis FinalManuscrito Petic Emgetis Final
Manuscrito Petic Emgetis Finalnetimba
 
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...CADWARE-TECHNOLOGY
 
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computaçãoFernando Nogueira
 
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Cleidinha15
 
Trabalho desafio profissional bimestre 1
Trabalho desafio profissional bimestre 1Trabalho desafio profissional bimestre 1
Trabalho desafio profissional bimestre 1Adriano de Souza
 
A produção mais limpa na micro e pequena empresa
A produção mais limpa na micro e pequena empresaA produção mais limpa na micro e pequena empresa
A produção mais limpa na micro e pequena empresaMarco de Oliveira
 
Palestra seyr lemos
Palestra seyr lemosPalestra seyr lemos
Palestra seyr lemosmarleigrolli
 
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013REDERESÍDUO
 
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...Maycck .
 

Similaire à Entrevista sobre responsabilidade compartilhada e futuro do setor de resíduos sólidos (20)

[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019
[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019
[Pocket Content] Report - Tendências de Inovação para Negócios 2019
 
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICA
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICATCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICA
TCC - LIXO ELETRONICO UMA PERSPECTIVA A ROBOTICA
 
2º Fórum de Resíduos Sólidos
2º Fórum de Resíduos Sólidos2º Fórum de Resíduos Sólidos
2º Fórum de Resíduos Sólidos
 
PETIC-EMGETIS Final 2.0
PETIC-EMGETIS Final 2.0PETIC-EMGETIS Final 2.0
PETIC-EMGETIS Final 2.0
 
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETIS
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETISMANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETIS
MANUSTRICO_FINAL_PETIC-EMGETIS
 
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINAL
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINALMANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINAL
MANUSCRITO_PETIC_EMGETIS_FINAL
 
Manuscrito Petic Emgetis Final
Manuscrito Petic Emgetis FinalManuscrito Petic Emgetis Final
Manuscrito Petic Emgetis Final
 
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...
ProIndústria 2017 - A05 - Como inserir a experiência do usuário no desenvolvi...
 
Anuario sindicom 2008
Anuario sindicom 2008Anuario sindicom 2008
Anuario sindicom 2008
 
Guia Prático ACEPI 2009
Guia Prático ACEPI 2009Guia Prático ACEPI 2009
Guia Prático ACEPI 2009
 
T.I Verde
T.I VerdeT.I Verde
T.I Verde
 
Revista GBC Brasil | 1ª Edição | 2014
Revista GBC Brasil | 1ª Edição | 2014Revista GBC Brasil | 1ª Edição | 2014
Revista GBC Brasil | 1ª Edição | 2014
 
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação
2ª edicao redinfo, a sua revista eletrônica de computação
 
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
Tecnologia da informação e o meio ambiente ..
 
Trabalho desafio profissional bimestre 1
Trabalho desafio profissional bimestre 1Trabalho desafio profissional bimestre 1
Trabalho desafio profissional bimestre 1
 
Decision Report
Decision ReportDecision Report
Decision Report
 
A produção mais limpa na micro e pequena empresa
A produção mais limpa na micro e pequena empresaA produção mais limpa na micro e pequena empresa
A produção mais limpa na micro e pequena empresa
 
Palestra seyr lemos
Palestra seyr lemosPalestra seyr lemos
Palestra seyr lemos
 
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013
RESÍDUOS em REDE nº 01 - novembro de 2013
 
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...
AVA - Aula-tema 06: Preparando-se para o mercado sustentável – modelo de sust...
 

Plus de PRAC - Programa de Responsabilidade Ambiental Compartilhada (6)

Andre saraiva
Andre saraivaAndre saraiva
Andre saraiva
 
Construindo a Sustentabilidade à partir da PNRS e o Impacto Socioambiental po...
Construindo a Sustentabilidade à partir da PNRS e o Impacto Socioambiental po...Construindo a Sustentabilidade à partir da PNRS e o Impacto Socioambiental po...
Construindo a Sustentabilidade à partir da PNRS e o Impacto Socioambiental po...
 
Construindo a Sustentabilidade a partir da Logística Reversa dos Resíduos de ...
Construindo a Sustentabilidade a partir da Logística Reversa dos Resíduos de ...Construindo a Sustentabilidade a partir da Logística Reversa dos Resíduos de ...
Construindo a Sustentabilidade a partir da Logística Reversa dos Resíduos de ...
 
Mercado de Carbono - A bola da vez para os países em desenvolvimento
Mercado de Carbono - A bola da vez para os países em desenvolvimentoMercado de Carbono - A bola da vez para os países em desenvolvimento
Mercado de Carbono - A bola da vez para os países em desenvolvimento
 
Revista Síntese Direito Ambiental
Revista Síntese Direito AmbientalRevista Síntese Direito Ambiental
Revista Síntese Direito Ambiental
 
"Defesa Civil somos todos nós" - Gestão de Emergências e Riscos Ambientais é ...
"Defesa Civil somos todos nós" - Gestão de Emergências e Riscos Ambientais é ..."Defesa Civil somos todos nós" - Gestão de Emergências e Riscos Ambientais é ...
"Defesa Civil somos todos nós" - Gestão de Emergências e Riscos Ambientais é ...
 

Dernier

A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?Michael Rada
 
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - Atualizado
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - AtualizadoCatálogo de Produtos OceanTech 2024 - Atualizado
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - AtualizadoWagnerSouza717812
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...E-Commerce Brasil
 
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccss
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccssDespertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccss
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccssGuilhermeMelo381677
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaE-Commerce Brasil
 
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxDesenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxCoca Pitzer
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoE-Commerce Brasil
 
Brochura template para utilizar em eventos
Brochura template para utilizar em eventosBrochura template para utilizar em eventos
Brochura template para utilizar em eventosnpbbbb
 

Dernier (14)

A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
 
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - Atualizado
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - AtualizadoCatálogo de Produtos OceanTech 2024 - Atualizado
Catálogo de Produtos OceanTech 2024 - Atualizado
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
 
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
 
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccss
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccssDespertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccss
Despertar SEBRAE [PROFESSOR] (1).pdfccss
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
 
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxDesenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
 
Brochura template para utilizar em eventos
Brochura template para utilizar em eventosBrochura template para utilizar em eventos
Brochura template para utilizar em eventos
 

Entrevista sobre responsabilidade compartilhada e futuro do setor de resíduos sólidos

  • 1. ENTrEvISTA por rodrigo Zevzikovas Responsabilidade compartilhada, mas compartilhada mesmo André Saraiva é diretor executivo do Programa de Responsabilidade Ambiental Compartilhada (Prac) e diretor da área de Responsabilidade Socioambiental da Associação Brasileira da indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), além de ser espe- cializado em consumo responsável e recuperação de valores ambientais. Saraiva convidou a reportagem da Gestão de Resíduos para falar sobre o futuro do setor após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 6 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011
  • 2. ENTrEvISTA RGR – Qual a diferença entre resíduos em tecnologia verde, posicionar o equi- eletrônicos e resíduos tecnológicos? pamento como Green, que atende as nor- André – Essa é uma discussão que o Le- mas nacionais e internacionais, influencia gislativo tem. Em muitos projetos de lei, o consumidor na hora de adquirir meu nós observamos que há a terminologia produto? Como eu demonstro que isso resíduos eletroeletrônicos. Isso vai do pen está inserido no preço? Acredito que uma drive ao satélite. Então, o importante é grande discussão são os selos de identifi- saber a que se referem. Muitas das vezes, cação, para fácil visualização. Por exem- percebemos que o Legislativo quer falar plo, um selo azul sei que ele tem uma sé- do computador, quer falar do notebook, rie de coisas, quando tiver um selo verde, quer falar da impressora, falar do celular, tenho outra série de coisas e quando e algumas das vezes até se refere a pilhas e tenho o selo amarelo, tenho outra série. baterias. Na nossa visão dentro da Associa- A ausência desses selos talvez seja um aler- ção, que é mais técnica, acreditamos que ta ao consumidor de que ele pode ter um se fossemos levar ao pé da letra a Política nossa visão. Ponto A, todo equipamento bom preço, mas não terá garantias. Eu Nacional de Resíduos Sólidos, teríamos tem um certo grau de obsolescência, ele acho que os selos facilmente poderão ser mais de 120 acordos setoriais. Porque nasceu com uma vida útil. A de um com- publicados. No site do fabricante, com o nós atuamos dentro de 1200 NCM putador, por exemplo, é em média de 4 número de série em mãos, o consumidor [Nomenclatura Comum do Mercosul]. a 6 anos. O que acontece? O brasileiro checa se é real. É obvio que isso requer Traduzindo isso dentro de outro escopo, tem uma característica importante. Ele um amadurecimento, uma discussão, re- que é como nós queremos conduzir as extrapola o grau de obsolescência do quer a criação de normas técnicas, mas discussões, dividindo por linha: branca, produto em duas ou três vezes. Então será com certeza, uma forma de indica- marrom, verde e azul, podemos trabalhar faz esse computador durar de 12 a 14 tivo. melhor. A partir daí podemos interpretar anos. Isso mostra que nas campanhas das qual a maior demanda da sociedade em empresas que recebem o equipamento RGR - Como o setor eletroeletrônico cada linha. Voltando a pergunta, acre- pós-consumo, pelas assistências técnicas, recebeu a promulgação da Política Na- dito que dentro desta nomenclatura, po- por programas específicos, você vê equi- cional de Resíduos Sólidos? demos navegar por uma série de coisas. pamentos sendo devolvidos, fabricados Ela nasce pra alguns após 19 anos de O que nós queremos mostrar é que tem entre 1995 e 1999. Ninguém devolve discussões, para outros 21, para outros de haver cuidados ao usar esta palavra. um computador 2007. Outro ponto em 20. O que importa é que esse adoles- Temos de descer ao nível do mercado e que a sociedade mistura essa discussão cente teve a maturidade de disciplinar perguntar do que estamos falando, qual e imputa uma sociedade equivocada um comportamento que o Brasil carecia, produto que se quer disciplinar. A partir aos fabricantes, é que eles alegam que o teve um cunho social de inclusão, tem daí a gente consegue criar uma linha de computador que ele compra hoje, já está um marco histórico na concepção da res- relação. obsoleto. Isso não é uma verdade. Porque ponsabilidade no pós-consumo, ele traz o que manda no computador mais do o conceito da responsabilidade comparti- RGR – Cada vez mais os equipamentos que hardware, é software. E a demanda lhada, entre outros, imputa obrigações a têm uma menor vida útil, não só pelo de software no mercado, a necessidade de vários atores desta cadeia. Porém, se eu desgaste ou danos, mas também pelo mercado de velocidade de transmissão, tivesse de fazer um desabafo, a discussão desenvolvimento de produtos cada vez de recepção muitas vezes está suportada do decreto jamais poderia ter sido con- mais avançados . Como controlar este pela capacidade do software em navegar duzida como foi. A responsabilidade que tipo de descarte? nessa velocidade, do que no próprio equi- o Governo Lula teve em se articular para Nós temos que ampliar a nossa visão. pamento. Há uma falta de esclarecimento aprovar em sua gestão a Política Nacional Por que a Política Nacional ela chama a da sociedade. E ai, eu faço mea culpa. A de Resíduos Sólidos, ele não poderia ter atenção quando regulamentada através indústria talvez deveria se posicionar de atribuído a sua gestão também a responsa- do decreto, do artigo 18, que as metas forma diferenciada, que é – na minha bilidade da formulação do decreto. Pois, serão calculadas em cima do volume opinião – o grande desafio da próxima esse documento, a Lei 12.305 exige uma de produção; então isso faz estender a década: Como o fabricante que investir visão mais ampla e para ser colocada em N° 29 • Março / Abril • 2011 | Gestão de Resíduos |7
  • 3. ENTrEvISTA prática de forma efetiva não é um de- de parabéns. O que me chama a atenção é creto que irá regulamentá-la. Nós neces- que na regulamentação da Lei, foi criado sitamos de um decreto sobre termo de um modelo branco, foi criado o comitê referência para planos de gerenciamento. interministerial, depois grupos técnicos Nós não temos esse termo de referência temáticos, nos quais possivelmente a so- e metade da lei fala de plano de geren- ciedade e as entidades de classe serão en- ciamento. Nós não temos um sistema de volvidas. Isso me remete a repensar uma informação sistematizado, no qual todos série de coisas, o decreto disciplinou um os órgãos ambientais estaduais possam ou dois temas, mas deixou lacunas que inserir rapidamente as suas informações. não temos como colocar em prática a O cadastro técnico federal que é uma ex- logística reversa, sem discipliná-las. Eu celente ferramenta necessita de apoio, de acredito que cinco temas devem mere- consulta. Necessita ser harmônico com as cer um decreto antes de qualquer imple- demais informações do Estado. Precisa- mentação de logística seja a parte de in- mos ter um sistema homogêneo de infor- vestimentos e os planos de resíduos, que mação, não dá para cada estado militar recebam resíduos do bairro, porque mui- tem sobre a chefia o MMA [Ministério de forma diferente. A Política Nacional tas pessoas, que passam pela caçamba, do Meio Ambiente]. Depois, a recupera- trouxe essa contribuição. No meu ponto costumam colocar algum tipo de resíduo. ção energética, que é uma discussão do de vista, com certeza, existem cinco de- Por isso eu defendo um movimento de MDIC [Ministério do Desenvolvimento, cretos que deveriam ser publicados. Nós que caçamba tem de ter tampa e só quem Indústria e Comércio Exterior], depois a devemos discutir padrões ambientais, tem a chave da tampa é quem a contratou. desoneração e incentivos, que também um decreto sobre padrões pós-consumo, No ato da devolução, haveria uma decla- está com o MDIC, resíduos perigosos, não tem como imputar a indústria res- ração de que a caçamba foi entregue sem que está com o Ministério da Saúde, e o ponsabilidade sob o volume produzido, qualquer resíduo diferente. E por último, SNIR, que é o Sistema de Informação, como meta de recolhimento, se a titulari- não obstante, essa Política não vai colar se que está a cargo do MMA. Não dá para dade do bem está de posse do consumidor. ela não tiver um forte apelo de educação implementar a logística reversa sem es- Se não for devolvido, como é que eu atin- ambiental. Não tem como implementar sas cinco redes estarem informatizadas. jo meta? Na verdade, essa discussão teria logística reversa se não educarmos a nossa Se neste momento eu tivesse de fazer um de ser a partir da devolução. Posso ter a sociedade. Esse momento de educação apelo, seria para que os estados e municí- responsabilidade de tratar 100% do que tem de ter uma divisão clara: como va- for devolvido, mas a partir da devolução. mos tratar o passivo e como vamos tra- Ai eu pergunto, de quem será a respon- tar o futuro. São duas ações diferentes, sabilidade de tratar aquilo que não tem porque tenho de tirar esse cidadão do pai, o mercado cinza de computadores? seu papel de apenas consciente, porque Essa responsabilidade é do poder público? conscientes todos nós somos, para o papel O poder público tem condições de re- de agente comprometido. É neste ponto solver isso? O produto pirata, de quem é a que eu acho que a sociedade e a educa- responsabilidade de tratar? Como vamos ção ambiental são partes integrantes de fazer a inclusão do catador? Há capítulos qualquer processo de logística reversa. que dizem que nenhum produto da logís- tica reversa poderá ser permitida sem que RGR - Faltou participação dos agentes ela preveja a participação das associações da sociedade na formulação da Lei? dos catadores. Existem produtos peri- Não, eu acho que na formulação da lei gosos, como vou prever a ação de uma fez o barulho que fez. Se ela tivesse mais cooperativa na logística reversa de lâmpa- espaço, mais discussão, talvez não fosse das? Como ainda posso permitir que ca- publicada no momento certo, com o çambas que são colocadas na rua recebam amadurecimento correto. As pessoas en- não só os resíduos da construção, mas volvidas que dirigiram esse processo estão 8 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011
  • 4. ENTrEvISTA pios cessassem fogo contra a indústria até realidade e ai, talvez, comece o grande que se disciplinasse isso. Que o Ministé- processo de educação ambiental. O que rio Público desse trégua nesse momen- a pessoa faz na empresa, consegue fazer to, não só para a indústria, mas para os em casa e o que faz em casa, repercute órgãos ambientais. Nós temos agora um na empresa, seja ela com três funcionários desafio muito grande, todos os indicado- ou 200. É como você reproduz o modelo. res promovem as mudanças, mas precisa- A nossa grande chance de sucesso, com mos ter calma para colocá-la em prática. certeza, é mexer no modelo educacional. Precisamos de, no mínimo, este ano de Não dá para dar educação ambiental na 2011, para discutir e implementar todas escola e a criança em casa e não ter o essas ferramentas. Até porque na própria ambiente favorável para praticar o que lei, está previsto que nenhuma logística aprendeu. Então nós temos de repensar o reversa deve ser implementada sem antes atual modelo educacional. ter publicada a sua viabilidade técnica e econômica, o que requer estudos e nós RGR - Como deve ser feito o controle não temos esses estudos. Nós temos que poderíamos reinserir o restante na in- dos resíduos perigosos contidos dentro formular esses estudos, temos de ter ter- dústria novamente? Mas o medicamento dos equipamentos eletroeletrônicos? mos de referência. Algumas cadeias já es- pode ter sido manipulado de forma erra- Hoje o Brasil está extremamente avan- tão prontas e já podem ser implementadas da, o que impediria até a doação. O fato é çado, pelo menos as empresas filiadas outras não. Outras requerem uma maior que cada setor tem sua particularidade. a Abinee, que abarca a linha verde e a discussão sobre o tema. Por exemplo, Eletros, que abarca as linhas branca, mar- medicamentos. Onde e como devolvo RGR - A educação ambiental, fun- rom e azul. Eu tenho plena convicção que medicamentos, será que não tenho de damental para o êxito da lei, deve vir as empresas fabricantes já baniram os fazer um sistema de harmonização da das empresas – com campanhas expli- contaminantes do seu processo produti- consulta com o número de comprimidos cativas e de incentivo – ou do governo vos, até porque são empresas globais, que vendidos. Muitas vezes temos de tomar federal? exportam e têm de estar em consonân- remédio durante sete dias e a caixa vem Outro dia me perguntaram por que dentro cia com as diretivas européias. O Brasil com dosagem para 10 dias. Espera a da lixeira de papel tem copo plástico? Eu também tem uma avalanche de diretivas próxima doença e guarda? Será que não respondi por que simplesmente a pessoa e normas da ABNT publicadas, então colocou as lixeiras. Quando você simples- nesse aspecto nós estamos bem. O que mente coloca as lixeiras, corre um grande me chama atenção é como eu compro- risco de ter o sistema alterado. Quando vo que o produto importado que entra você não tem um sistema de coleta sele- no meu país atende a essa normativa? tiva centralizado, implementado, você Como o consumidor sabe que o produto desestimula os síndicos de condomínios está dentro dos padrões exigidos? Esse é a conscientizar a sua nação, porque você o desafio, criar uma forma de comunicar separa e depois lá embaixo junta, depois a sociedade, de fácil visualização, de que o catador pega o que interessa, ou você aquele produto está dentro dessas nor- separa, a coleta existe e acontece às 17h, mas. Então, temos de incluir a Fecomer- mas o catador passou às 15h para pegar o cio, a Confederação Nacional do Comér- que interessa, então, precisamos discutir cio nessa discussão e interpretar o novo e comprometer as pessoas sobre isso. A modelo de gestão que se instala agora no educação ambiental é a base. Eu tenho País, com a publicação da Lei. Até porque plena convicção de que o Brasil hoje é ela é clara na responsabilidade comparti- movimentado pelas grandes companhias, lhada e na responsabilidade pelo ciclo de mas elas representam talvez 15% das em- vida do produto. A gente tem de repensar presas, 70% das empresas no País são mé- a cadeia toda agora e atribuir a respon- dias e pequenas, nas quais há uma outra sabilidade a cada um desses atores. 10 | Gestão de Resíduos | N° 29 • Março / Abril • 2011