Joana teixeira a vida quotidiana na segunda metade do século
A minha aldeia, ontem e hoje (1)
1. A minha aldeia é uma pequena freguesia do
concelho de Sátão, que está inserido no distrito
de Viseu. Está localizada mesmo no extremo
norte do concelho, no planalto da Serra da Lapa.
Consta que, da qualidade e riqueza das suas
águas, provém o nome:
ÁGUAS BOAS
2. A paisagem
uma aldeia tipicamente
rural, virada para o sector
agrícola e florestal.
a floresta predominam o
pinheiro bravo e o
castanheiro.
3. Terra de bons ares
Por aqui, respira-se ainda o
ar puro da serra.
E disfruta-se de belas
paisagens naturais.
4. O património
o seu património destacam-
se:
Igreja Matriz, que é um
templo do século XIX.
Largo do chafariz, outrora o
palco das concentrações
festivas.
5. Vestígios históricos
Como vestígios históricos
destacam-se:
O forno comunitário.
E a velha picota árabe,
outrora utilizada para tirar
água dos poços.
6. O povoado
Outrora, as casas eram todas
em pedra, na traça típica da
Beira Alta.
Hoje é uma mistura de
estilos.
De povoamento aglomerado,
passou a misto.
8. A desertificação
al como aconteceu na
maioria das aldeias
portuguesas, também a
minha aldeia foi assolada
pelo fenómeno da
emigração.
a minha geração, poucos
por lá ficaram.
9. A minha casa
casa onde nasci e fui
criada, outrora, estava
sempre cheia de gente. A
porta estava aberta todo o
dia.
oje, é mais uma, das
muitas, que na aldeia
permanecem quase todo o
ano fechadas.
10. A minha escola
Na minha escola primária
havia mais de cem alunos.
Mas, no meu ano, poucos
fizeram a 4ª classe.
Ainda não era obrigatório!
Além disso, o trabalhinho
infantil era precioso no
orçamento familiar!
11. A evoluçao escolar
Hoje, dos poucos jovens que
por lá restam, a maioria são
licenciados.
Mas não têm emprego!
Até a nova escola primária já
fechou, por falta de alunos.
12. O clima e seus extremos
a minha aldeia, recordo
ainda os verões
escaldantes que
obrigavam as gentes à
tradicional sesta.
as recordo também os
invernos rigorosos, com
neve e frio intenso.
13. A neve
E o manto branco de neve,
que cobria a aldeia
durante vários dias.
Valiam-nos as velhas
lareiras, à volta das quais
toda a família se reunia.
Hoje há modernos tipos de
aquecimento.
14. As boas águas
o chafariz a água jorrava com
abundância, dava para
satisfazer as necessidades da
aldeia.
o grande tanque traseiro
lavava-se a roupa.
avia ainda um regadio
comunitário.
15. O progresso
progresso trouxe a rede
pública. E até um
lavadouro novo.
as a velhinha fonte quase
secou.
16. A agricultura
a agricultura de cariz
familiar, as famílias e os
vizinhos entreajudavam-se
nos trabalhos mais díficeis.
oje, ainda existe alguma
entreajuda, mas acentuou-se
o individualismo.
17. A alegria no trabalho
O trabalho era árduo, mas feito
com muita alegria, cantando à
desgarrada.
Esse cântico foi, há muito,
substituído pelo ruído das
máquinas agrícolas.
18. O abandono da agricultura
Outrora, a aldeia era
circundada por férteis terras
de regadio e belas searas em
movimento.
Hoje, nesses espaços existem
lameiros e mato.
19. Os pastos
E é do aproveitamento
desses pastos que, ainda
hoje, alguns corajosos tentam
sobreviver da agricultura.
Mas, essa função está restrita
apenas aos mais velhos!
20. O regresso
lguns emigrantes ainda
regressaram de vêz.
Deram muita vida às suas
casas e à aldeia.
as, a maior parte deles só
vêm nas férias.
21. A festa na aldeia
é então nas férias, quando
muitos outros regressam à
aldeia, que ainda hoje se
realiza a tradicional festinha.
nde não faltam a procissão
secular e o animado
bailarico.
22. A procissão
procissão vai-se também
adaptando às novas
realidades.
oje, as restantes
festividades centralizam-
se na Casa do Povo.
ambém ainda se realiza
a tradicional visita pascal.
23. Os cafés
progresso trouxe também
os cafés, que deram à
aldeia um ambiente mais
citadino.
as hoje, alguns já fecharam
as portas. E a aldeia vai
ficando cada vez mais
deserta.
24. O envelhecimento da população
actividade mais marcante
da minha aldeia é hoje a do
centro social para idosos.
Onde, agora na velhice,
estes podem disfrutar de
uma qualidade de vida bem
diferente da dos seus pais
e avós.
25. Concluindo
O retrato da minha aldeia é, afinal, a
imagem real de grande parte do
nosso Portugal Rural.
Maio de 2012
ElviraVideira