Existem diversas comunidades de imigrantes em Portugal, principalmente de origem africana. Estes imigrantes enfrentam dificuldades como a língua portuguesa e a burocracia, mas contribuem para a cultura portuguesa através da música, dança e gastronomia. A integração depende do apoio à aprendizagem da língua.
2. Existem em Portugal diversas comunidades de cidadãos
estrangeiros, que procuram no nosso país melhores condições de vida.
Estas comunidades são maioritariamente de origem
africana, das ex-colónias portuguesas, timorenses e
brasileira. No entanto, também se encontram em
Portugal chineses, indianos, paquistaneses,
marroquinos, cidadãos dos países de Leste, entre
outros.
Estes povos vêm para o nosso país em busca de melhores condições
de vida, abandonando o seu país pela escassez de trabalho, por causa
de guerras ou catástrofes naturais, ou por motivos políticos.
Todos eles têm em comum o desejo de encontrar oportunidades de
emprego, de maneira a terem uma vida melhor para si e, muitas vezes,
para ajudarem monetariamente os familiares que ficam no seu país.
A maior dificuldade que encontram quando chegam a Portugal é a
língua, que é um factor essencial para a sua integração na sociedade.
Mesmo povos cuja sua língua oficial é o português
sentem alguma dificuldade, no início, para nos
entenderem e se fazerem entender, pois
foneticamente e parte do vocabulário são bastante
diferentes.
Outro entrave para a integração dos imigrantes, em Portugal, é a
inúmera burocracia que são obrigados a percorrer e que, com a
dificuldade na comunicação, se tornam ainda mais complicadas para o
processo de legalização.
3. Para ultrapassar este obstáculo, muitos frequentam escolas de
ensino de português para estrangeiros.
As crianças, filhas de pais imigrantes, têm a
dificuldade acrescida de serem forçadas a
aprender as disciplinas curriculares numa
língua desconhecida.
Para que melhor se integrem na comunidade e desenvolvam as suas
capacidades é imperativo um maior apoio e orientação na aprendizagem
da língua portuguesa.
O Português é a terceira língua mais falada no mundo ocidental.
A sua origem remete-nos ao séc. III, a Norte de
Portugal e Galiza. Nesse tempo, Roma dominava
estas terras e impunha a sua cultura e a sua língua,
o Latim, difundindo-se através de mercadores nas
suas viagens e de soldados nativos ao serviço de
Roma, que ao tornarem às suas terras levavam
consigo as palavras e os costumes romanos.
Após a queda do império romano, foram vários os
povos que invadiram a península: Alanos, Vândalos,
Suevos e Visigodos deixaram algumas palavras que
ainda estão presentes no nosso vocabulário.
Mais tarde deu-se a invasão árabe. Da união
de duas culturas derivou o moçárabe, que se
caracteriza, principalmente, pela aglutinação
do artigo árabe al a nomes já existentes:
almeida, Alentejo, albino, alface, etc.
4. A partir do séc. XV, os portugueses
expandem-se por África, América, Ásia e
Oceânia, sendo a primeira língua europeia a
predominar nas colónias africanas.
Actualmente, o português é também a língua oficial de Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Em alguns
destes países nasceram crioulos de base portuguesa, como no caso de
Cabo Verde, a maior comunidade africana em Portugal.
Já vivem em Portugal várias gerações de cabo-verdianos, muitas
delas já nasceram aqui. Muitos imigrantes sonham um dia regressar
aos seus países, enquanto outros acabam por preferir Portugal para
viver, sendo o seu objectivo trazer os seus familiares para junto deles.
Depois de quebrada a barreira da língua estes povos transmitem-nos
a sua cultura, os seus costumes e tradições. A forma mais corrente de
transmitir tais conhecimentos é feita através de expressões
artísticas como a música, a dança, a pintura e o teatro; a nossa
gastronomia também é enriquecida com novos alimentos e sabores que
estes povos nos dão a conhecer.
Na cultura portuguesa actual reconhece-se
nitidamente a influência de outras etnias na
maneira como nos expressamos, nomeadamente
com a presença de ritmos africanos na música
portuguesa. Tal influência teve origem num
movimento cultural denominado hiphop, iniciado
nos guetos dos Estados Unidos no fim da década
de 60, como resposta aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas
classes desfavorecidas da sociedade urbana.
5. Traduzindo-se numa espécie de cultura
das ruas, manifesta-se através de letras
contestatárias e agressivas, num ritmo
pujante e enérgico e nas imagens de grafite,
que podem ser um simples rabisco ou o nome
ou pseudónimo do artista, como uma espécie
de demarcação do território, até à pintura de grandes murais
realizados em espaços específicos. Sendo estes, verdadeiras obras de
arte urbana.
Este movimento foi adoptado pela cultura contemporânea
portuguesa, e despontou principalmente nos bairros sociais e entre as
camadas sociais mais desfavorecidas, entre as quais os imigrantes,
principalmente, africanos.
A necessidade de expressar a
insatisfação em relação à
discriminação e a injustiça com que
são tratadas as minorias fez com que
aparecessem vários rapers, em
Portugal, que descrevem o seu
quotidiano expondo o racismo e a
xenofobia, denunciando a forma como os imigrantes são usados e
abusados por patrões que se aproveitam da sua situação precária, o
abandono ao qual são deixados em bairros degradados e a hipocrisia da
sociedade.
A atitude de intolerância perante outros povos é
ignara. É na partilha de saberes e experiências, e na
comunicação e entreajuda que está a chave para uma
sociedade melhor e mais justa.
Patrícia Andreia Dias Lopes da Silva nº 12