SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  12
Télécharger pour lire hors ligne
20 questões de literatura
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles: poesia, por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 19-20.
Questão 1. O tema do texto é
a) a consciência súbita sobre o envelhecimento.
b) a decepção por encontrar-se já fragilizada.
c) a falta de alternativa face ao envelhecimento.
d) a recordação de uma época de juventude.
e) a revolta diante do espelho.
Senhora (Fragmento)
ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107
Questão 2. O narrador revela uma opinião no trecho
a) “Aurélia passava agora as noites solitárias.” (l. 1)
b) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”(l. 4-5)
c) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” (l. 12-13)
d) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” (l. 16)
e) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...” (l. 18)
Observe o trecho abaixo:
“(...) não vi mais minha pérola
e que formato possui ela
seus enfeites madressilva
seus quadris de madresselva
suas pernas porcelana
sua boca é carne e terra
seu brilho a cor da relva
seu olho um diamante
que dentro da noite me enxerga”.
RIBEIRO, Bernardo. Chuvas Naquele Deserto. São Paulo: ed. 34, 2000
Questão 3. Se escrito no século XIX, a caracterização do ser amado se aproximaria do:
a) Parnasianismo
b) Condoreirismo
c) Mal do Século
d) Realismo
e) Romantismo, 1ª geração
Questão 4. Associe as características aos movimentos estéticos que lhes correspondam e
assinale a opção que apresenta a ordem correta:
1) Romantismo
2) Realismo
3) Parnasianismo
4) Simbolismo
( ) Gosto pelo vocabulário religioso, litúrgico, além de exploração da musicalidade e do
alto teor subjetivo dos textos.
( ) Aboliu a idealização feminina, optando por uma visão crítica da sociedade brasileira.
Explorou a covardia, a hipocrisia e os desvios de caráter do ser humano.
( ) A arte se torna algo supremo e belo. Há uma preocupação com a forma poética
perfeita em detrimento, em alguns casos, do conteúdo poético.
( ) Preferência pela temática subjetiva. Bastante abrangente, abordou temáticas como
indianismo e escravidão.
( ) Seu principal autor, no Brasil, é Machado de Assis
a) 4 – 2 – 3 – 1 – 2
b) 3 – 2 – 3 – 4 – 2
c) 4 – 3 – 2 – 1 – 4
d) 2 – 3 – 3 – 1 – 2
e) 4 – 3 – 2 – 1 – 2
Questão 5. Observe os trechos barrocos abaixo:
I – “Vista por fora é pouco apetecida
Porque dos olhos por feia é parecida;
Porém dentro habitada
É muito bela, muito desejada,
É como uma concha tosca e deslustrosa,
Que dentro cria a pérola formosa (...)”
II – “Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido (...)”
Encontramos, respectivamente, nos trechos I e II o predomínio de:
a) inversões e denotação
b) antítese e objetividade
c) linguagem simples e antítese
d) inversões e linguagem simples
e) antítese e inversões
Questão 6. Observe o trecho:
“Fui até a janela, e comecei a rufar com os dedos no peitoril. Virgília chamou-me;
deixei-me estar, a remoer os meus zelos, a desejar estrangular o marido, se o tivesse ali
à mão... Justamente, nesse instante, apareceu na chácara o Lobo Neves. Não tremas
assim, leitora pálida; descansa, que não hei de rubricar esta lauda com um pingo de
sangue.
Logo que apareceu na chácara, fiz-lhe um gesto amigo, acompanhado de uma palavra
graciosa; Virgília retirou-se apressadamente da sala, onde ele entrou daí a três minutos”.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: ed. Cultrix, 1966
O trecho corresponde:
a) a uma ironia em relação à literatura romântica.
b) à confirmação do adultério de Virgília por parte do marido.
c) aos sentimentos ambíguos do personagem Brás Cubas, o narrador.
d) ao comportamento omisso de Lobo Neves, o marido, diante dos sentimentos da
esposa.
e) à proposta realista de idealização feminina.
Questão 7. Observe o quadro abaixo:
A literatura romântica, em seu início, no Brasil, deu ênfase à natureza em seus
poemas, nos quais a exuberância e o exotismo foram realçados. Desse contexto
surgiu o indianismo.
2
O Arcadismo representa um retorno às fórmulas clássicas – daí a sua
denominação de Neoclassicismo. As referências à cultura greco-latina, à
mitologia e ao racionalismo são exemplos disso. Os poetas árcades, oposto s
aos barrocos, tendem a uma poesia mais simplificada. Evitam a idealização e o
sentimentalismo.
4
O Naturalismo, enquanto extensão realista, difere-se de sua base por expor o
homem submisso aos rigores das leis naturais. Enquanto o Realismo propõe o
homem em seu meio social nuclear, o Naturalismo volta-se para a periferia,
expressando o modo de vida vulgar e patológico, exagerado e grotesco.
8
A literatura realista foi uma reação às fórmulas desgastadas do Romantismo,
principalmente a subjetividade, o individualismo, a fantasia e o escapismo.
Como reação, encontra-se no Realismo, respectivamente, a objetividade, o
coletivismo, a verossimilhança e a contemporaneidade.
16
O Barroco é a literatura do contraste. É o reflexo do dilema, do conflito entre o
terreno e o celestial, do pecado e do perdão, da religiosidade medieval e do
paganismo renascentista. Esse dilema se estende ao Arcadismo no que diz
respeito à antítese cidade / campo, já que o poeta oitocentista se vê dividido
entre a harmonia campestre e o avanço social das cidades.
32
A literatura produzida no Mal do Século possui pontos comuns com o
Condoreirismo. Em ambas é possível ressaltar a fantasia, a imaginação
criadora e o escapismo, embora no Ultrarromantismo o sentimentalismo seja
mais intensificado.
64
A subjetividade e o sentimentalismo são pontos comuns entre o Romantismo e
o Barroco, conquanto nesta estética haja uma preocupação fundamental em
representar o ser amado de forma dual, enquanto que, naquela, o objeto de
amor seja expresso sempre de forma idealizada.
128
A soma das afirmações corretas é:
a) 158
b) 174
c) 100
d) 154
e) 126
Questão 8. É dado o trecho:
“Aleixo nesse dia estava de folga, e muito cedo, cousa de um hora, veio à terra impelido
por uma grande saudade que o fazia agora escravo da portuguesa. Receava encontrar
Bom-Crioulo, ter de o suportar com seus caprichos, com o seu bodum africano, com os
seus ímpetos de touro, e esta lembrança entristecia-o como um arrependimento. Ficara
abominando o negro, odiando-o quase, cheio de repugnância, cheio de nojo por aquele
animal com formas de homem, que se dizia seu amigo unicamente para o gozar. Tinha
pena dele, compadecia-se, porque, afinal, devia-lhe favores, mas não o estimava: nunca
o estimara!
Subiu devagar, pé ante pé, a escada do sobradinho, meticulosos, agarrando-se à parede,
ouvido alerta, comprimindo a respiração. — Felizmente a porta de cima estava aberta...
De vez em quando pisava em falso e os coturnos de bezerro gemiam surdamente. — Era
o diabo se o Bom-Crioulo estivesse...
Foi andando sempre cauteloso, té à sala de jantar. Ninguém! Enfiou pela cozinha; e, da
janela que abria para o quintal, viu lá baixo, vergada sobre um montão de roupa úmida,
a portuguesa em tamancos, arregaçada e sem casaco, às voltas, cantarolando. O instinto
fê-la voltar-se e olhar para cima; seu primeiro movimento foi um grito de surpresa e
alegria: — Oh! o pequenino, o meu pequenino! já lá vou. Espera, sim?
Aleixo pediu silêncio, com o dedo na boca, e, indicando o sótão, perguntou,
debruçando-se à janela, se Bom-Crioulo estava...
— Qual Bom-Crioulo! rompeu D. Carolina alto e sem mistério, estabanadamente. Qual
Bom-Crioulo!
Tua negra está só, meu pequenino! Já lá vou.
Mas o grumete não se conteve: desceu ao quintal para examinar aquela fartura de
mulher em trajos de lavadeira, que seus olhos viam extasiados.
Com efeito, a portuguesa estava irresistível para um adolescente nas condições de
Aleixo, bisonho em aventuras dessa ordem, e cuja virilidade apenas começava a
destoucar-se.”
CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. Rio de Janeiro: Global, 1976
Afirma-se:
I. As expressões “bodum africano” e “bisonho em aventuras dessa ordem” revelam a
mesma característica naturalista: a degradação humana a partir da comparação com o
animal.
II. O primeiro e o último parágrafo expõem diferenças diegéticas: a visão do narrador é
variável no texto.
III. A descrição minuciosa do ambiente é própria do Naturalismo, já que há uma busca
incessante pela verossimilhança.
Pode-se afirmar:
a) A afirmação III está correta.
b) A afirmação II relaciona-se com o Barroco.
c) A afirmação III pode relacionar-se com o Simbolismo.
d) A afirmação I pode relacionar-se com o Mal do Século.
e) As três estão corretas.
Questão 9. Considere o fragmento abaixo e as respectivas afirmações.
“Músicas passam, perpassam, finas, diluídas e delas, como se a cor ganhasse ritmos
preciosos, parece se desprender, se difundir uma harmonia azul, azul, de tal inalterável
azul, que é ao mesmo tempo colorida e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo
som...E som e cor e cor e som, na mesma ondulação ritmal, na mesma eterificação de
formas e volúpias, conjuntam-se, compõem-se, fundem-se nos corpos aladas, integram-
se numa só onda de orquestrações e de cores, que vão assim tecendo as auréolas
eternais das Esferas...”
I. A linguagem popular revela influência simbolista, apesar de utilizar expressões que se
aproximam da coloquialidade. O texto pode ser considerado modernista de 2ª geração.
II. Nota-se a valorização dos sentidos (sinestesias), as referências cromáticas e a ideia
de sonoridade – o que caracteriza o texto como antirromântico.
III. É um texto em prosa poética (ou poema em prosa), próprio do Simbolismo, no qual
a história não é sua essência. O que importa é o grau de subjetividade imposto ao texto,
assim como o sentimentalismo.
Está (ão) correta (s):
a) apenas I
b) apenas II
c) apenas III
d) apenas I e II
e) apenas II e III
Questão 10. Observe o soneto:
“Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
— Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava;
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?”
BILAC, Olavo. Inania Verba. In: Poesia Completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2000.
Vários elementos contidos nesse soneto parnasiano remetem ao Simbolismo. Qual deles
se mostra ausente?
a) Abstracionismo.
b) Maiúscula alegorizante.
c) Musicalidade.
d) Obsessão pelo “branco”.
e) Uso de sinestesia.
Questão 11. A ilustração (Auto-retrato Triplo – Norman Rockwell, de 1960.) refere-se a
uma FUNÇÃO DA LINGUAGEM idêntica à do texto expresso na alternativa:
a) “Eu vou deixar a medida do Bonfim / Não me valeu / mas fico com o disco do
Pixinguinha, sim, / o resto é seu (...)” (Chico Buarque/Francis Hime, Trocando em
Miúdos)
b) “Eu preparo uma canção / em que
minha mãe se reconheça / todas as mães
se reconheçam / e que fale como dois
olhos (...)” (C. Drummond de Andrade,
Canção Amiga)
c) “Uma tigresa de unhas negras / e íris
cor de mel / uma mulher, uma beleza /
que me aconteceu / esfregando a pele de
ouro marrom / do seu corpo contra o
meu / me falou que o mal é bom / e o
bem cruel.” (Caetano Veloso, Tigresa)
d) “A imagem mais viva do Inferno: /
eis o fogo em todos seus vícios, / eis a
ópera, o ódio, o energúmeno, / a voz
rouca de fera em cio (...)” (J. C. de
Melo Neto, Fogo no Canavial)
e) E lá vai menino xingando padre e
pedra / e lá vai menino lambendo podre
delícia / e lá vai menino senhor de todo fruto / sem nenhum pecado sem pavor/ o medo
em minha vida nasceu muito depois (Fernando Brant)
Questão 12. Observe o trecho abaixo:
“As palavras devem estar dispostas como se num tabuleiro para escolha, como o trigo
para se formar pão; como os átomos para formar elementos. (...) devem se dispor como
notas que formam músicas, sonatas, sinfonias. Mas o que são palavras,
verdadeiramente? Apenas sons que se combinam ou vida eterna, além do homem?”
R. Gama
Marque a opção correta:
a) O trecho acima, não literário, propõe que as palavras se articulam independentemente
do ser humano. São eternas assim como é eterna a arte literária. O homem apenas as
escolhe, cumprindo seu papel de artista.
b) Embora literário, o trecho acima se fundamenta na informação: as palavras, à
disposição do homem, servem para compor o texto literário, embora haja o
questionamento sobre sua verdadeira função.
c) O trecho, embora não literário, utiliza-se da metáfora e da comparação, como forma
de ampliar os horizontes do ato de escrever, questionando a utilidade da literatura.
d) O trecho, de essência barroca, questiona o fazer literário, mas evita levantar
questionamento sobre a verdadeira utilidade das palavras.
e) Fundamentalmente subjetivo, o trecho levanta questões como a metalinguagem e a
intertextualidade, comparando o ato de fazer literatura ao ato de fazer música.
Questão 13. Leia o trecho reproduzido a seguir.
“A noite ia alta; a orgia findara. Os convivas dormiam repletos, nas trevas. Uma luz
raiou súbito pelas fisgas da porta. A porta abriu-se. Entrou uma mulher vestida de
negro. Era pálida; e a luz de uma lanterna, que trazia erguida na mão, se derramava
macilenta nas faces dela e dava-lhe um brilho singular nos olhos. Talvez que um dia
fosse uma beleza típica, uma dessas imagens que fazem descorar de volúpia nos sonhos
de mancebo. Mas agora com sua tez lívida, seus olhos acesos, seus lábios roxos, suas
mãos de mármore, e a roupagem escura e gotejante da chuva, disséreis antes – o anjo
perdido da loucura.”
(AZEVEDO, Álvares. “Último Beijo de Amor”. In: Noite na Taverna e Poemas
Escolhidos. São Paulo: Moderna, 1994, p. 58.)
O trecho transcrito acima pertence à obra “A Noite na Taverna”, de Álvares de
Azevedo.
Sobre essa narrativa, é correto afirmar que:
a) a noite, extrapolando o aspecto natural, significa um meio psicológico e afetivo,
correspondendo à visão lutuosa e desesperada do amor, ligado à morte, criando imagens
satânicas.
b) a noite, reproduzindo o aspecto natural, tangencia o satanismo, uma vez que a visão
do amor desesperado e lutuoso destoa da concepção romântica característica do Mal do
Século.
c) as imagens satânicas, ligadas à morte, e à visão lutuosa, desesperada do amor,
recriam essencialmente o aspecto natural da noite, originando o elemento feminino da
narrativa.
d) a visão lutuosa e desesperada do amor, destoando do meio psicológico e afetivo, liga-
se à morte por intermédio das imagens satânicas originadas do elemento feminino da
narrativa.
e) a noite, reproduzindo o aspecto natural, não tangencia o satanismo, uma vez que a
visão do amor desesperado e lutuoso destoa da concepção romântica característica do
Mal do Século.
Questão 14. Leia o fragmento de texto reproduzido a seguir.
“─ Trabalha?
─ Sim, meu sargento – menti outra vez.
─ Onde?
─ Num escritório.
─ Estuda?
─ Sim, meu sargento.
─ O quê?
─ Pré-vestibular, meu sargento.
─ Vai fazer o quê? Engenharia, Direito, Medicina?
─ Não, meu sargento.
─ Odontologia? Agronomia? Veterinária?
─ Filosofia, meu sargento.
Uma corrente tensa percorreu os outros. Esperei que atacasse novamente. Ou risse.
Tornou a me examinar, lento. Respeito, aquilo? Ou pena? O olhar se deteve, abaixo do
meu umbigo.
Acendeu outro cigarro. Continental sem filtro, eu podia ver, o isqueiro em forma de
bala. Espiou pela janela. Devia ter visto o céu avermelhado sobre o rio, o laranja do céu,
o quase roxo das nuvens amontoadas no horizonte. Voltou os olhos para mim. Pupilas
tão contraídas que o verde parecia vidro liso, fácil de quebrar.”
(ABREU, Caio Fernando. “Sargento Garcia”. In: Morangos Mofados. Rio de Janeiro:
Agir, 2005, p. 83-84.)
O fragmento acima constitui uma passagem do conto “Sargento Garcia”, de Caio
Fernando Abreu.
Em relação a essa narrativa, é correto afirmar que:
a) põe em cena um jogo de sedução em que se defrontam o símbolo da cultura
repressora da época e o prazer da transgressão.
b) põe em cena um jogo de sedução que enfatiza a cultura repressora em detrimento da
cultura da transgressão simbolizada pelo prazer.
c) enfoca um conflito entre gerações, que se diferenciam pela idade e pelos interesses
profissionais.
d) enfoca uma luta entre personagens de idades diferentes, que se identificam pelos
mesmos interesses profissionais.
c) não enfoca conflito entre gerações, que se assemelham pela idade e pelos interesses
profissionais.
Questão 15. Leia o fragmento de texto transcrito a seguir.
Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo.
Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-
nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com desagradável nova. É
bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus
prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo
apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da
Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós Imperator vosso, tais
dislates da erudição porémheis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e
mais conspícuas, tocadas por essa pátina respeitável da tradição e da pureza antiga.
(ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 31. ed. Belo
Horizonte / Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 2000, p. 71.)
Em relação à “Carta pras Icamiabas” (capítulo IX, do livro Macunaíma), fragmento
reproduzido acima, é correto afirmar que o autor
a) tem a intenção de, com humor, criticar aqueles que se propunham a romper com o
modelo hegemônico da cultura ocidental.
b) limita-se a reproduzir os registros da linguagem próprios à imitação do modelo
colonizador.
c) tem a intenção de, parodicamente, criticar a submissão cultural, que via o modelo
europeu como único a ser adotado.
d) insiste em reiterar os elementos próprios da dependência cultural a que estávamos
sujeitos.
e) não tem a intenção de criticar aqueles que se propunham a romper com o modelo
hegemônico da cultura ocidental.
Questão 16. Leia o poema abaixo, de Gregório de Matos Guerra.
Retrato / Dona Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor e anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem veria uma flor, que não a cortara
Do verde pé, da rama florescente?
E quem um anjo vira tão luzente,
Que por seu deus não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares
Fôreis o meu custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares,
Mas vejo que tão bela e tão galharda,
Posto que os anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo que me tenta, e não me guarda.
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I. O poeta explora o paralelo entre Anjo e Angélica e revela a condição perecível e
doméstica da flor, permitindo que se perceba a uniformização pretendida pelo barroco, a
qual estabelece regras poéticas rígidas.
II. A mulher Anjo Luzente, no poema, encarna tanto o anjo protetor que livra “de
diabólicos azares”, quanto a criatura feminina tentadora que provoca a imaginação e a
sensualidade.
III. A associação e o contraste da flor, que seria cortada do verde pé, com o Anjo
luzente a ser idolatrado, indica o diálogo do poeta (vós) com o anjo enviado pelos céus
para proteger os altares de sua esposa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
Questão 17. O culto do contraste, pessimismo, acumulação de elementos, niilismo
temático, tendência para a descrição e preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos,
sangrentos e repugnantes, são características do:
a) Barroco
b) Realismo
c) Rococó
d) Naturalismo
e) Romantismo
Questão 18. Não é próprio do Romantismo:
a) Explorar assuntos nacionais como história, tradições, folclore.
b) Idealizar a mulher, tornando-a perfeita em todos os sentidos.
c) Explorar assuntos ligados à antiguidade clássica, imitando-lhe os poetas e prosadores.
d) Valorizar temas fúnebres e soturnos.
e) Utilizar hipérboles para acentuar as epifanias literárias.
Questão 19. Gregório de Matos, valendo-se do deboche, do riso e da extroversão, faz no
poema abaixo um jogo com as palavras e as ideias.
A OUTRA FREIRA QUE SATIRIZANDO A DELGADA FISIONOMIA DO
POETA LHE CHAMOU DE PICA-FLOR.
DÉCIMA
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.
Após a leitura do poema, marque para as afirmativas abaixo
(V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.
( ) A começar pelo título, que menciona a expressão “delgada fisionomia”
contexto do poema aponta Pica-flor como sinônimo de beija-flor.
( ) O teor do poema é claramente erótico, “pica” e “flor” são termos empregados par
sugerir, respectivamente, os órgãos genitais masculino e feminino.
( ) O poeta aceita o apelido de Pica-flor e exalta a pureza da freira, chamando -a de
“flor”, metáfora usada para as moças bondosas e puras.
( ) O verso “se me dais este favor” refere-se ao apelido criativo que a freira dá ao poeta
pois, de fato, sua fisionomia lembra a de um beija-flor.
a)V, F, V, F
b)F, F, V, V
c)V, V, F, F
d)F, V, F, V
e) V, F, F, F.
Questão 20. Na Segunda metade do século XIX, surgiu um romance considerado de
transição entre o Romantismo e o Realismo. Tal obra documenta, com boas doses de
humor, os usos, os costumes e a linguagem popular do Rio de Janeiro da época do
reinado de D. João VI. Trata-se de:
a) Inocência
b) A moreninha.
c) Helena.
d) Memórias de um sargento de milícias.
e) A escrava Isaura.

Contenu connexe

Tendances

Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaAula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaConnce Santana
 
Apostila 2º ano questões com gabarito
Apostila 2º ano questões com gabaritoApostila 2º ano questões com gabarito
Apostila 2º ano questões com gabaritoClarice Escouto Santos
 
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo Semestre
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo SemestreTrabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo Semestre
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo SemestreAna Polo
 
Exercícios Literatura (Romantismo)
Exercícios Literatura (Romantismo)Exercícios Literatura (Romantismo)
Exercícios Literatura (Romantismo)Andriane Cursino
 
Exercícios literatura escolas literárias (3)
Exercícios literatura   escolas literárias (3)Exercícios literatura   escolas literárias (3)
Exercícios literatura escolas literárias (3)Edcléia Xavier
 
Revisão poesia romântica brasileira
Revisão poesia romântica brasileiraRevisão poesia romântica brasileira
Revisão poesia romântica brasileiraSeduc/AM
 
Aula 14 eça de queiroz e o realismo
Aula 14   eça de queiroz e o realismoAula 14   eça de queiroz e o realismo
Aula 14 eça de queiroz e o realismoJonatas Carlos
 
Aula 15 realismo - naturalismo no brasil
Aula 15   realismo - naturalismo no brasilAula 15   realismo - naturalismo no brasil
Aula 15 realismo - naturalismo no brasilJonatas Carlos
 
Aula 12 romantismo no brasil - prosa
Aula 12   romantismo no brasil - prosaAula 12   romantismo no brasil - prosa
Aula 12 romantismo no brasil - prosaJonatas Carlos
 
Aula 27 produções contemporâneas em portugal e no brasil
Aula 27   produções contemporâneas em portugal e no brasilAula 27   produções contemporâneas em portugal e no brasil
Aula 27 produções contemporâneas em portugal e no brasilJonatas Carlos
 
Literatura aula 21 - modernismo em portugal
Literatura   aula 21 - modernismo em portugalLiteratura   aula 21 - modernismo em portugal
Literatura aula 21 - modernismo em portugalJuliana Oliveira
 
Revisão literatura - realismo - naturalismo
Revisão   literatura - realismo - naturalismoRevisão   literatura - realismo - naturalismo
Revisão literatura - realismo - naturalismojasonrplima
 
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetosVinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetosjcmucuge
 
Atividade avaliativa romantismo
Atividade avaliativa   romantismoAtividade avaliativa   romantismo
Atividade avaliativa romantismoRenato Rodrigues
 
Lista de exercícios 2º ano em literatura
Lista de exercícios 2º ano em literaturaLista de exercícios 2º ano em literatura
Lista de exercícios 2º ano em literaturaDaniela Gimael
 
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasilWilliam Marques
 
Aula 11 gerações românticas no brasil
Aula 11   gerações românticas no brasilAula 11   gerações românticas no brasil
Aula 11 gerações românticas no brasilJonatas Carlos
 
Revisando o romantismo, 05
Revisando o romantismo, 05Revisando o romantismo, 05
Revisando o romantismo, 05ma.no.el.ne.ves
 

Tendances (20)

Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaAula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
 
Apostila 2º ano questões com gabarito
Apostila 2º ano questões com gabaritoApostila 2º ano questões com gabarito
Apostila 2º ano questões com gabarito
 
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo Semestre
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo SemestreTrabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo Semestre
Trabalho de Análise Literária - Teoria Literária - Segundo Semestre
 
Exercícios Literatura (Romantismo)
Exercícios Literatura (Romantismo)Exercícios Literatura (Romantismo)
Exercícios Literatura (Romantismo)
 
Exercícios literatura escolas literárias (3)
Exercícios literatura   escolas literárias (3)Exercícios literatura   escolas literárias (3)
Exercícios literatura escolas literárias (3)
 
Revisão poesia romântica brasileira
Revisão poesia romântica brasileiraRevisão poesia romântica brasileira
Revisão poesia romântica brasileira
 
Aula 14 eça de queiroz e o realismo
Aula 14   eça de queiroz e o realismoAula 14   eça de queiroz e o realismo
Aula 14 eça de queiroz e o realismo
 
Aula 15 realismo - naturalismo no brasil
Aula 15   realismo - naturalismo no brasilAula 15   realismo - naturalismo no brasil
Aula 15 realismo - naturalismo no brasil
 
Camões sonetos
Camões sonetosCamões sonetos
Camões sonetos
 
Aula 12 romantismo no brasil - prosa
Aula 12   romantismo no brasil - prosaAula 12   romantismo no brasil - prosa
Aula 12 romantismo no brasil - prosa
 
Aula 27 produções contemporâneas em portugal e no brasil
Aula 27   produções contemporâneas em portugal e no brasilAula 27   produções contemporâneas em portugal e no brasil
Aula 27 produções contemporâneas em portugal e no brasil
 
Literatura
LiteraturaLiteratura
Literatura
 
Literatura aula 21 - modernismo em portugal
Literatura   aula 21 - modernismo em portugalLiteratura   aula 21 - modernismo em portugal
Literatura aula 21 - modernismo em portugal
 
Revisão literatura - realismo - naturalismo
Revisão   literatura - realismo - naturalismoRevisão   literatura - realismo - naturalismo
Revisão literatura - realismo - naturalismo
 
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetosVinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
 
Atividade avaliativa romantismo
Atividade avaliativa   romantismoAtividade avaliativa   romantismo
Atividade avaliativa romantismo
 
Lista de exercícios 2º ano em literatura
Lista de exercícios 2º ano em literaturaLista de exercícios 2º ano em literatura
Lista de exercícios 2º ano em literatura
 
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
 
Aula 11 gerações românticas no brasil
Aula 11   gerações românticas no brasilAula 11   gerações românticas no brasil
Aula 11 gerações românticas no brasil
 
Revisando o romantismo, 05
Revisando o romantismo, 05Revisando o romantismo, 05
Revisando o romantismo, 05
 

En vedette

Revisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRevisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRobson Bertoldo
 
O romantismo - poesia
O romantismo -  poesiaO romantismo -  poesia
O romantismo - poesiaTiago Lott
 
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2s
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2sCaderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2s
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2sE.E. Mario Martins Pereira
 

En vedette (6)

Revisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercíciosRevisão literatura - com exercícios
Revisão literatura - com exercícios
 
O professor fora da lei
O professor fora da leiO professor fora da lei
O professor fora da lei
 
O romantismo - poesia
O romantismo -  poesiaO romantismo -  poesia
O romantismo - poesia
 
Portugues3em
Portugues3emPortugues3em
Portugues3em
 
Interpretando textos com gabarito
Interpretando textos com gabaritoInterpretando textos com gabarito
Interpretando textos com gabarito
 
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2s
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2sCaderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2s
Caderno doprofessor 2014_vol1_baixa_lc_linguaportuguesa_em_2s
 

Similaire à 20 questões de literatura segundo trimestre

Simulado de literatura brasileira
Simulado de literatura brasileiraSimulado de literatura brasileira
Simulado de literatura brasileiraJesrayne Nascimento
 
Carlos Drummond de andrade
Carlos Drummond de andradeCarlos Drummond de andrade
Carlos Drummond de andradeAline Almeida
 
Modernismo 1ª fase convertido
Modernismo 1ª fase convertidoModernismo 1ª fase convertido
Modernismo 1ª fase convertidoRosangelaCruz18
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assisJonatas Carlos
 
Romantismo 2014
Romantismo 2014Romantismo 2014
Romantismo 2014CrisBiagio
 
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Walace Cestari
 
2°Tarefa-Lìngua Portuguesa
2°Tarefa-Lìngua Portuguesa2°Tarefa-Lìngua Portuguesa
2°Tarefa-Lìngua PortuguesaNatalia Salgado
 
questoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdfquestoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdfBiancaBatista53
 
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de AndradeCarlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de AndradeLeonardo Costa
 
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808Chrys Novaes
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126luisprista
 
Noite na Taverna
Noite na TavernaNoite na Taverna
Noite na TavernaKauan_ts
 
Prova de literatura 4ª unidade
Prova de literatura 4ª unidadeProva de literatura 4ª unidade
Prova de literatura 4ª unidadeAnalita Dias
 

Similaire à 20 questões de literatura segundo trimestre (20)

Simulado lit-prise 3 ok
Simulado lit-prise 3 okSimulado lit-prise 3 ok
Simulado lit-prise 3 ok
 
Simulado de literatura brasileira
Simulado de literatura brasileiraSimulado de literatura brasileira
Simulado de literatura brasileira
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Romantismo
 Romantismo Romantismo
Romantismo
 
Carlos Drummond de andrade
Carlos Drummond de andradeCarlos Drummond de andrade
Carlos Drummond de andrade
 
Modernismo 1ª fase convertido
Modernismo 1ª fase convertidoModernismo 1ª fase convertido
Modernismo 1ª fase convertido
 
Aula 16 machado de assis
Aula 16   machado de assisAula 16   machado de assis
Aula 16 machado de assis
 
Romantismo
Romantismo Romantismo
Romantismo
 
Romantismo 2014
Romantismo 2014Romantismo 2014
Romantismo 2014
 
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
 
2°Tarefa-Lìngua Portuguesa
2°Tarefa-Lìngua Portuguesa2°Tarefa-Lìngua Portuguesa
2°Tarefa-Lìngua Portuguesa
 
questoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdfquestoes-romantismo-enem.pdf
questoes-romantismo-enem.pdf
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de AndradeCarlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
 
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808
Arcadismo ou neoclacissismo ou setecentismo brasileiro (1768 1808
 
José Craveirinha
José CraveirinhaJosé Craveirinha
José Craveirinha
 
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 125-126
 
Noite na Taverna
Noite na TavernaNoite na Taverna
Noite na Taverna
 
Prova de literatura 4ª unidade
Prova de literatura 4ª unidadeProva de literatura 4ª unidade
Prova de literatura 4ª unidade
 

20 questões de literatura segundo trimestre

  • 1. 20 questões de literatura RETRATO Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Cecília Meireles: poesia, por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 19-20. Questão 1. O tema do texto é a) a consciência súbita sobre o envelhecimento. b) a decepção por encontrar-se já fragilizada. c) a falta de alternativa face ao envelhecimento. d) a recordação de uma época de juventude. e) a revolta diante do espelho. Senhora (Fragmento)
  • 2. ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107 Questão 2. O narrador revela uma opinião no trecho a) “Aurélia passava agora as noites solitárias.” (l. 1) b) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”(l. 4-5) c) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” (l. 12-13) d) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” (l. 16) e) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...” (l. 18) Observe o trecho abaixo: “(...) não vi mais minha pérola e que formato possui ela seus enfeites madressilva seus quadris de madresselva suas pernas porcelana sua boca é carne e terra seu brilho a cor da relva seu olho um diamante que dentro da noite me enxerga”. RIBEIRO, Bernardo. Chuvas Naquele Deserto. São Paulo: ed. 34, 2000
  • 3. Questão 3. Se escrito no século XIX, a caracterização do ser amado se aproximaria do: a) Parnasianismo b) Condoreirismo c) Mal do Século d) Realismo e) Romantismo, 1ª geração Questão 4. Associe as características aos movimentos estéticos que lhes correspondam e assinale a opção que apresenta a ordem correta: 1) Romantismo 2) Realismo 3) Parnasianismo 4) Simbolismo ( ) Gosto pelo vocabulário religioso, litúrgico, além de exploração da musicalidade e do alto teor subjetivo dos textos. ( ) Aboliu a idealização feminina, optando por uma visão crítica da sociedade brasileira. Explorou a covardia, a hipocrisia e os desvios de caráter do ser humano. ( ) A arte se torna algo supremo e belo. Há uma preocupação com a forma poética perfeita em detrimento, em alguns casos, do conteúdo poético. ( ) Preferência pela temática subjetiva. Bastante abrangente, abordou temáticas como indianismo e escravidão. ( ) Seu principal autor, no Brasil, é Machado de Assis a) 4 – 2 – 3 – 1 – 2 b) 3 – 2 – 3 – 4 – 2 c) 4 – 3 – 2 – 1 – 4 d) 2 – 3 – 3 – 1 – 2 e) 4 – 3 – 2 – 1 – 2 Questão 5. Observe os trechos barrocos abaixo: I – “Vista por fora é pouco apetecida Porque dos olhos por feia é parecida; Porém dentro habitada É muito bela, muito desejada, É como uma concha tosca e deslustrosa, Que dentro cria a pérola formosa (...)” II – “Ardor em firme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido (...)” Encontramos, respectivamente, nos trechos I e II o predomínio de: a) inversões e denotação b) antítese e objetividade c) linguagem simples e antítese d) inversões e linguagem simples e) antítese e inversões
  • 4. Questão 6. Observe o trecho: “Fui até a janela, e comecei a rufar com os dedos no peitoril. Virgília chamou-me; deixei-me estar, a remoer os meus zelos, a desejar estrangular o marido, se o tivesse ali à mão... Justamente, nesse instante, apareceu na chácara o Lobo Neves. Não tremas assim, leitora pálida; descansa, que não hei de rubricar esta lauda com um pingo de sangue. Logo que apareceu na chácara, fiz-lhe um gesto amigo, acompanhado de uma palavra graciosa; Virgília retirou-se apressadamente da sala, onde ele entrou daí a três minutos”. ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: ed. Cultrix, 1966 O trecho corresponde: a) a uma ironia em relação à literatura romântica. b) à confirmação do adultério de Virgília por parte do marido. c) aos sentimentos ambíguos do personagem Brás Cubas, o narrador. d) ao comportamento omisso de Lobo Neves, o marido, diante dos sentimentos da esposa. e) à proposta realista de idealização feminina. Questão 7. Observe o quadro abaixo: A literatura romântica, em seu início, no Brasil, deu ênfase à natureza em seus poemas, nos quais a exuberância e o exotismo foram realçados. Desse contexto surgiu o indianismo. 2 O Arcadismo representa um retorno às fórmulas clássicas – daí a sua denominação de Neoclassicismo. As referências à cultura greco-latina, à mitologia e ao racionalismo são exemplos disso. Os poetas árcades, oposto s aos barrocos, tendem a uma poesia mais simplificada. Evitam a idealização e o sentimentalismo. 4 O Naturalismo, enquanto extensão realista, difere-se de sua base por expor o homem submisso aos rigores das leis naturais. Enquanto o Realismo propõe o homem em seu meio social nuclear, o Naturalismo volta-se para a periferia, expressando o modo de vida vulgar e patológico, exagerado e grotesco. 8 A literatura realista foi uma reação às fórmulas desgastadas do Romantismo, principalmente a subjetividade, o individualismo, a fantasia e o escapismo. Como reação, encontra-se no Realismo, respectivamente, a objetividade, o coletivismo, a verossimilhança e a contemporaneidade. 16 O Barroco é a literatura do contraste. É o reflexo do dilema, do conflito entre o terreno e o celestial, do pecado e do perdão, da religiosidade medieval e do paganismo renascentista. Esse dilema se estende ao Arcadismo no que diz respeito à antítese cidade / campo, já que o poeta oitocentista se vê dividido entre a harmonia campestre e o avanço social das cidades. 32 A literatura produzida no Mal do Século possui pontos comuns com o Condoreirismo. Em ambas é possível ressaltar a fantasia, a imaginação criadora e o escapismo, embora no Ultrarromantismo o sentimentalismo seja mais intensificado. 64 A subjetividade e o sentimentalismo são pontos comuns entre o Romantismo e o Barroco, conquanto nesta estética haja uma preocupação fundamental em representar o ser amado de forma dual, enquanto que, naquela, o objeto de amor seja expresso sempre de forma idealizada. 128
  • 5. A soma das afirmações corretas é: a) 158 b) 174 c) 100 d) 154 e) 126 Questão 8. É dado o trecho: “Aleixo nesse dia estava de folga, e muito cedo, cousa de um hora, veio à terra impelido por uma grande saudade que o fazia agora escravo da portuguesa. Receava encontrar Bom-Crioulo, ter de o suportar com seus caprichos, com o seu bodum africano, com os seus ímpetos de touro, e esta lembrança entristecia-o como um arrependimento. Ficara abominando o negro, odiando-o quase, cheio de repugnância, cheio de nojo por aquele animal com formas de homem, que se dizia seu amigo unicamente para o gozar. Tinha pena dele, compadecia-se, porque, afinal, devia-lhe favores, mas não o estimava: nunca o estimara! Subiu devagar, pé ante pé, a escada do sobradinho, meticulosos, agarrando-se à parede, ouvido alerta, comprimindo a respiração. — Felizmente a porta de cima estava aberta... De vez em quando pisava em falso e os coturnos de bezerro gemiam surdamente. — Era o diabo se o Bom-Crioulo estivesse... Foi andando sempre cauteloso, té à sala de jantar. Ninguém! Enfiou pela cozinha; e, da janela que abria para o quintal, viu lá baixo, vergada sobre um montão de roupa úmida, a portuguesa em tamancos, arregaçada e sem casaco, às voltas, cantarolando. O instinto fê-la voltar-se e olhar para cima; seu primeiro movimento foi um grito de surpresa e alegria: — Oh! o pequenino, o meu pequenino! já lá vou. Espera, sim? Aleixo pediu silêncio, com o dedo na boca, e, indicando o sótão, perguntou, debruçando-se à janela, se Bom-Crioulo estava... — Qual Bom-Crioulo! rompeu D. Carolina alto e sem mistério, estabanadamente. Qual Bom-Crioulo! Tua negra está só, meu pequenino! Já lá vou. Mas o grumete não se conteve: desceu ao quintal para examinar aquela fartura de mulher em trajos de lavadeira, que seus olhos viam extasiados. Com efeito, a portuguesa estava irresistível para um adolescente nas condições de Aleixo, bisonho em aventuras dessa ordem, e cuja virilidade apenas começava a destoucar-se.” CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. Rio de Janeiro: Global, 1976 Afirma-se: I. As expressões “bodum africano” e “bisonho em aventuras dessa ordem” revelam a mesma característica naturalista: a degradação humana a partir da comparação com o animal. II. O primeiro e o último parágrafo expõem diferenças diegéticas: a visão do narrador é variável no texto. III. A descrição minuciosa do ambiente é própria do Naturalismo, já que há uma busca incessante pela verossimilhança. Pode-se afirmar: a) A afirmação III está correta. b) A afirmação II relaciona-se com o Barroco. c) A afirmação III pode relacionar-se com o Simbolismo. d) A afirmação I pode relacionar-se com o Mal do Século.
  • 6. e) As três estão corretas. Questão 9. Considere o fragmento abaixo e as respectivas afirmações. “Músicas passam, perpassam, finas, diluídas e delas, como se a cor ganhasse ritmos preciosos, parece se desprender, se difundir uma harmonia azul, azul, de tal inalterável azul, que é ao mesmo tempo colorida e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo som...E som e cor e cor e som, na mesma ondulação ritmal, na mesma eterificação de formas e volúpias, conjuntam-se, compõem-se, fundem-se nos corpos aladas, integram- se numa só onda de orquestrações e de cores, que vão assim tecendo as auréolas eternais das Esferas...” I. A linguagem popular revela influência simbolista, apesar de utilizar expressões que se aproximam da coloquialidade. O texto pode ser considerado modernista de 2ª geração. II. Nota-se a valorização dos sentidos (sinestesias), as referências cromáticas e a ideia de sonoridade – o que caracteriza o texto como antirromântico. III. É um texto em prosa poética (ou poema em prosa), próprio do Simbolismo, no qual a história não é sua essência. O que importa é o grau de subjetividade imposto ao texto, assim como o sentimentalismo. Está (ão) correta (s): a) apenas I b) apenas II c) apenas III d) apenas I e II e) apenas II e III Questão 10. Observe o soneto: “Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava, O que a boca não diz, o que a mão não escreve? — Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve, Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava... O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava; A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... E a Palavra pesada abafa a Ideia leve, Que, perfume e clarão, refulgia e voava. Quem o molde achará para a expressão de tudo? Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta? E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo? E as palavras de fé que nunca foram ditas? E as confissões de amor que morrem na garganta?” BILAC, Olavo. Inania Verba. In: Poesia Completa. São Paulo: Nova Aguilar, 2000. Vários elementos contidos nesse soneto parnasiano remetem ao Simbolismo. Qual deles se mostra ausente? a) Abstracionismo. b) Maiúscula alegorizante. c) Musicalidade.
  • 7. d) Obsessão pelo “branco”. e) Uso de sinestesia. Questão 11. A ilustração (Auto-retrato Triplo – Norman Rockwell, de 1960.) refere-se a uma FUNÇÃO DA LINGUAGEM idêntica à do texto expresso na alternativa: a) “Eu vou deixar a medida do Bonfim / Não me valeu / mas fico com o disco do Pixinguinha, sim, / o resto é seu (...)” (Chico Buarque/Francis Hime, Trocando em Miúdos) b) “Eu preparo uma canção / em que minha mãe se reconheça / todas as mães se reconheçam / e que fale como dois olhos (...)” (C. Drummond de Andrade, Canção Amiga) c) “Uma tigresa de unhas negras / e íris cor de mel / uma mulher, uma beleza / que me aconteceu / esfregando a pele de ouro marrom / do seu corpo contra o meu / me falou que o mal é bom / e o bem cruel.” (Caetano Veloso, Tigresa) d) “A imagem mais viva do Inferno: / eis o fogo em todos seus vícios, / eis a ópera, o ódio, o energúmeno, / a voz rouca de fera em cio (...)” (J. C. de Melo Neto, Fogo no Canavial) e) E lá vai menino xingando padre e pedra / e lá vai menino lambendo podre delícia / e lá vai menino senhor de todo fruto / sem nenhum pecado sem pavor/ o medo em minha vida nasceu muito depois (Fernando Brant) Questão 12. Observe o trecho abaixo: “As palavras devem estar dispostas como se num tabuleiro para escolha, como o trigo para se formar pão; como os átomos para formar elementos. (...) devem se dispor como notas que formam músicas, sonatas, sinfonias. Mas o que são palavras, verdadeiramente? Apenas sons que se combinam ou vida eterna, além do homem?” R. Gama Marque a opção correta: a) O trecho acima, não literário, propõe que as palavras se articulam independentemente do ser humano. São eternas assim como é eterna a arte literária. O homem apenas as escolhe, cumprindo seu papel de artista. b) Embora literário, o trecho acima se fundamenta na informação: as palavras, à disposição do homem, servem para compor o texto literário, embora haja o questionamento sobre sua verdadeira função. c) O trecho, embora não literário, utiliza-se da metáfora e da comparação, como forma de ampliar os horizontes do ato de escrever, questionando a utilidade da literatura. d) O trecho, de essência barroca, questiona o fazer literário, mas evita levantar questionamento sobre a verdadeira utilidade das palavras. e) Fundamentalmente subjetivo, o trecho levanta questões como a metalinguagem e a intertextualidade, comparando o ato de fazer literatura ao ato de fazer música.
  • 8. Questão 13. Leia o trecho reproduzido a seguir. “A noite ia alta; a orgia findara. Os convivas dormiam repletos, nas trevas. Uma luz raiou súbito pelas fisgas da porta. A porta abriu-se. Entrou uma mulher vestida de negro. Era pálida; e a luz de uma lanterna, que trazia erguida na mão, se derramava macilenta nas faces dela e dava-lhe um brilho singular nos olhos. Talvez que um dia fosse uma beleza típica, uma dessas imagens que fazem descorar de volúpia nos sonhos de mancebo. Mas agora com sua tez lívida, seus olhos acesos, seus lábios roxos, suas mãos de mármore, e a roupagem escura e gotejante da chuva, disséreis antes – o anjo perdido da loucura.” (AZEVEDO, Álvares. “Último Beijo de Amor”. In: Noite na Taverna e Poemas Escolhidos. São Paulo: Moderna, 1994, p. 58.) O trecho transcrito acima pertence à obra “A Noite na Taverna”, de Álvares de Azevedo. Sobre essa narrativa, é correto afirmar que: a) a noite, extrapolando o aspecto natural, significa um meio psicológico e afetivo, correspondendo à visão lutuosa e desesperada do amor, ligado à morte, criando imagens satânicas. b) a noite, reproduzindo o aspecto natural, tangencia o satanismo, uma vez que a visão do amor desesperado e lutuoso destoa da concepção romântica característica do Mal do Século. c) as imagens satânicas, ligadas à morte, e à visão lutuosa, desesperada do amor, recriam essencialmente o aspecto natural da noite, originando o elemento feminino da narrativa. d) a visão lutuosa e desesperada do amor, destoando do meio psicológico e afetivo, liga- se à morte por intermédio das imagens satânicas originadas do elemento feminino da narrativa. e) a noite, reproduzindo o aspecto natural, não tangencia o satanismo, uma vez que a visão do amor desesperado e lutuoso destoa da concepção romântica característica do Mal do Século. Questão 14. Leia o fragmento de texto reproduzido a seguir. “─ Trabalha? ─ Sim, meu sargento – menti outra vez. ─ Onde? ─ Num escritório. ─ Estuda? ─ Sim, meu sargento. ─ O quê? ─ Pré-vestibular, meu sargento. ─ Vai fazer o quê? Engenharia, Direito, Medicina? ─ Não, meu sargento. ─ Odontologia? Agronomia? Veterinária? ─ Filosofia, meu sargento. Uma corrente tensa percorreu os outros. Esperei que atacasse novamente. Ou risse. Tornou a me examinar, lento. Respeito, aquilo? Ou pena? O olhar se deteve, abaixo do meu umbigo.
  • 9. Acendeu outro cigarro. Continental sem filtro, eu podia ver, o isqueiro em forma de bala. Espiou pela janela. Devia ter visto o céu avermelhado sobre o rio, o laranja do céu, o quase roxo das nuvens amontoadas no horizonte. Voltou os olhos para mim. Pupilas tão contraídas que o verde parecia vidro liso, fácil de quebrar.” (ABREU, Caio Fernando. “Sargento Garcia”. In: Morangos Mofados. Rio de Janeiro: Agir, 2005, p. 83-84.) O fragmento acima constitui uma passagem do conto “Sargento Garcia”, de Caio Fernando Abreu. Em relação a essa narrativa, é correto afirmar que: a) põe em cena um jogo de sedução em que se defrontam o símbolo da cultura repressora da época e o prazer da transgressão. b) põe em cena um jogo de sedução que enfatiza a cultura repressora em detrimento da cultura da transgressão simbolizada pelo prazer. c) enfoca um conflito entre gerações, que se diferenciam pela idade e pelos interesses profissionais. d) enfoca uma luta entre personagens de idades diferentes, que se identificam pelos mesmos interesses profissionais. c) não enfoca conflito entre gerações, que se assemelham pela idade e pelos interesses profissionais. Questão 15. Leia o fragmento de texto transcrito a seguir. Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas. Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São Paulo. Senhoras: Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre- nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós Imperator vosso, tais dislates da erudição porémheis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa pátina respeitável da tradição e da pureza antiga. (ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 31. ed. Belo Horizonte / Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 2000, p. 71.) Em relação à “Carta pras Icamiabas” (capítulo IX, do livro Macunaíma), fragmento reproduzido acima, é correto afirmar que o autor a) tem a intenção de, com humor, criticar aqueles que se propunham a romper com o modelo hegemônico da cultura ocidental. b) limita-se a reproduzir os registros da linguagem próprios à imitação do modelo colonizador. c) tem a intenção de, parodicamente, criticar a submissão cultural, que via o modelo europeu como único a ser adotado. d) insiste em reiterar os elementos próprios da dependência cultural a que estávamos sujeitos.
  • 10. e) não tem a intenção de criticar aqueles que se propunham a romper com o modelo hegemônico da cultura ocidental. Questão 16. Leia o poema abaixo, de Gregório de Matos Guerra. Retrato / Dona Ângela Anjo no nome, Angélica na cara, Isso é ser flor e anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente Em quem, senão em vós, se uniformara? Quem veria uma flor, que não a cortara Do verde pé, da rama florescente? E quem um anjo vira tão luzente, Que por seu deus não idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares Fôreis o meu custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares, Mas vejo que tão bela e tão galharda, Posto que os anjos nunca dão pesares, Sois Anjo que me tenta, e não me guarda. Considere as seguintes afirmações sobre o poema. I. O poeta explora o paralelo entre Anjo e Angélica e revela a condição perecível e doméstica da flor, permitindo que se perceba a uniformização pretendida pelo barroco, a qual estabelece regras poéticas rígidas. II. A mulher Anjo Luzente, no poema, encarna tanto o anjo protetor que livra “de diabólicos azares”, quanto a criatura feminina tentadora que provoca a imaginação e a sensualidade. III. A associação e o contraste da flor, que seria cortada do verde pé, com o Anjo luzente a ser idolatrado, indica o diálogo do poeta (vós) com o anjo enviado pelos céus para proteger os altares de sua esposa. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) I, II e III. Questão 17. O culto do contraste, pessimismo, acumulação de elementos, niilismo temático, tendência para a descrição e preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes, são características do: a) Barroco b) Realismo c) Rococó
  • 11. d) Naturalismo e) Romantismo Questão 18. Não é próprio do Romantismo: a) Explorar assuntos nacionais como história, tradições, folclore. b) Idealizar a mulher, tornando-a perfeita em todos os sentidos. c) Explorar assuntos ligados à antiguidade clássica, imitando-lhe os poetas e prosadores. d) Valorizar temas fúnebres e soturnos. e) Utilizar hipérboles para acentuar as epifanias literárias. Questão 19. Gregório de Matos, valendo-se do deboche, do riso e da extroversão, faz no poema abaixo um jogo com as palavras e as ideias. A OUTRA FREIRA QUE SATIRIZANDO A DELGADA FISIONOMIA DO POETA LHE CHAMOU DE PICA-FLOR. DÉCIMA Se Pica-flor me chamais, Pica-flor aceito ser, mas resta agora saber, se no nome, que me dais, meteis a flor, que guardais no passarinho melhor! se me dais este favor, sendo só de mim o Pica, e o mais vosso, claro fica, que fico então Pica-flor. Após a leitura do poema, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção. ( ) A começar pelo título, que menciona a expressão “delgada fisionomia” contexto do poema aponta Pica-flor como sinônimo de beija-flor. ( ) O teor do poema é claramente erótico, “pica” e “flor” são termos empregados par sugerir, respectivamente, os órgãos genitais masculino e feminino. ( ) O poeta aceita o apelido de Pica-flor e exalta a pureza da freira, chamando -a de “flor”, metáfora usada para as moças bondosas e puras. ( ) O verso “se me dais este favor” refere-se ao apelido criativo que a freira dá ao poeta pois, de fato, sua fisionomia lembra a de um beija-flor. a)V, F, V, F b)F, F, V, V c)V, V, F, F d)F, V, F, V e) V, F, F, F. Questão 20. Na Segunda metade do século XIX, surgiu um romance considerado de transição entre o Romantismo e o Realismo. Tal obra documenta, com boas doses de humor, os usos, os costumes e a linguagem popular do Rio de Janeiro da época do reinado de D. João VI. Trata-se de: a) Inocência
  • 12. b) A moreninha. c) Helena. d) Memórias de um sargento de milícias. e) A escrava Isaura.